Marcus Valerio XR
O dia já começava a clarear e as garotas formavam um círculo amplo, os Iones estavam sentados numa das motos, como se fossem um prêmio em exposição. Havia uma empolgação geral. Xivia tirara o casaco de mangas curtas, ficando somente com um colete que deixava parte de sua barriga a mostra, e os seios bem apertados. Amarrou uma faixa na cintura, usava uma calça comprida justa, se empinava toda. Parecia querer se insinuar.
Dai-Haime tirou o sobretudo, e a estrela verde girante se desligou, ficando apenas com uma camisa branca justa, de gola e mangas compridas. De imediato as moças se surpreenderam, ele era muito mais magro do que parecia. Embora fosse atlético e evidentemente ágil. Se era maior que sua oponente em altura e envergadura, era claramente mais leve. Xivia era densa, com músculos não muito destacados, mas ainda assim claramente forte.
Alice sobressaiu-se no grupo e gritou. - Ok! Podem começar. Valendo 4 Iones!
Todas começaram a gritar, e os rapazes cochichavam entre si. Era verdade que divergiam de opiniões. Pelo menos um deles gostava da idéia de ficar com aquelas amazonas. Mas dois com certeza queriam voltar para sua comunidade, incluindo o super curandeiro.
Dai-Haime e Xivia começaram a se mover calmamente, caminhando. Ele se aproximou dela e ouviu.
- Vamos! Comece!
- Comece você! - Respondeu ele, e completou. - As damas primeiro.
Ela não tinha idéia do que isso significava, nunca ouvira coisa parecida. Naquele mundo, naquele tempo, as relações entre os sexos mudaram radicalmente. Não havia mais sexo frágil, nem sexo desejado propriamente dito. Somente quem estudava história antiga tinha noção do que fora a sociedade há cerca de dois mil anos.
Xivia então socou, mas somente num movimento de advertência. De imediato ele percebeu que ela era muito mais rápida do que esperava. Era melhor tomar cuidado.
Quando a moça avançou ele agiu. Aplicando chutes muito rápidos que ela se esquivou graciosamente, e depois contra atacou com socos. Ele defendeu-os rapidamente e abriu distância. Mas sentiu que sua adversária superava sua expectativa.
Se aproximou dela de novo num movimento confuso e desferiu um forte soco que foi prontamente agarrado no ar pela mão da moça, ele atacou com o outro braço mas ela também o aparou na palma da mão. Então Xivia começou a forçar-lhe os braços para fora como meio de demonstrar sua força.
Dai-Haime ficou espantado, fez uma série de movimentos elaborados de torção e se livrou saltando para longe da oponente. Percebeu então que ela tinha uma força sobrenatural. Era melhor não se aproximar dela. Tinha que compensar na velocidade e esperteza.
As garotas gritavam e torciam, só Alice, Velita e Djane se mantinham comportadas, observando a cena. Alice pensava se agora que Dai-Haime percebera a força não natural de sua oponente não se sentiria autorizado a usar seus poderes.
Mas ele parecia muito determinado em sua auto afirmação como lutador. Avançou contra ela em golpes muito rápidos, acertou-lhe um chute forte nas costas que a desequilibrou mas ela não parecera sentir dor com o impacto. Então ele aplicou uma ampla rasteira em giro mas ela mal pulou, apenas ergueu os pés com precisão exata, e de volta desferiu-lhe um soco na têmpora antes que ele se levantasse do chão.
Apesar do impacto ele se afastou de novo. Por enquanto estavam empatados, um a um, como dissera uma das garotas.
Então ela se empolgou, partiu para cima do adversário tentando agarrá-lo mas ele conseguiu se esquivar a aproveitando o descuido da moça acertou-lhe um chute direto no rosto. Ela recuou, deu um chute em abertura, ele defendeu sentindo a violência do impacto, empurrou-lhe a perna desequilibrando­-a e então acertou outro chute em seu abdômen que a derrubou no chão. Mas ela se ergueu rápido.
Crendo ter conseguido uma vantagem, atacou com um perfeito soco similar ao de Karate, aproveitando todos os movimentos do corpo e conseguindo colocar toda a sua força em seu punho. Mas Xivia estava alerta, agarrou-o pelo braço e o levantou no ar jogando-o de costas contra o chão.
O impacto foi forte, ele ficou tonto mas ela preferiu se afastar dando a ele tempo de se recuperar. As moças diziam que apesar de ele ter acertado 3 ataques e ela apenas dois, ainda estavam empatados, pois aquele último golpe valera por dois.
Mas para Dai-Haime a situação era um pouco pior, diria ele 4 a 3 para ela. Se levantou ainda sentindo nas costas o baque com o solo. Começou a ficar preocupado. Ela até agora não dera sinais de fadiga e ele já se sentia menos do que era.
Tentando não pensar atacou de novo. Tencionou usar uma tática estranha, era evidente para todas que ele percebera a força superior da adversária, mesmo assim ele se aproximou dela, dando-lhe chance para agarrá-lo, porém com movimentos de esquiva de tronco que lembrariam os melhores lutadores de boxe, aplicou uma sequência rápida de socos em curva e diretos em sua adversária.
Pela primeira vez Xivia recuou e sentiu seriamente o ataque do adversário. As moças começaram a gritar ainda mais alto, incentivando sua colega. Ela investiu de novo mas foi barrada por um preciso chute que lhe acertou o rosto novamente. Pela primeira vez escorreu sangue, pelo nariz.
Ela voltou a recuar e pareceu ficar furiosa, lambeu o sangue com a língua. Dai-Haime por sua vez não estava tão empolgado quanto parecia. Algo lhe dizia que ela ainda não lutara de verdade e já estava pensando em apelar para seus poderes.
Então ela avançou de novo, dessa vez ele não conseguiu detê-la, foi jogado no chão, levantou a tempo de evitar ser pisado. Executou um salto mortal para trás que arrancou vivas da platéia, e ao cair de pé chutou em círculo desequilibrando Xivia novamente, mas se apoaindo com as mãos no chão ela lançou as pernas contra as dele, colocando-o em situação instável de novo. Então se levantou e num momento de desorientação do rapaz ela acertou-lhe um direto no tórax e dois seguidos no rosto.
Dai-Haime caiu de joelhos, estava em má situação. Sua cabeça parecia querer explodir, as vertigens eram violentas. Ela só não finalizara a luta porque não quis. Na certa se exibia. Os gritos das garotas agora enchiam seus ouvidos de tontura.
Havia muita coisa em jogo, foi uma péssima idéia. Aquilo era trabalho! Não era brincadeira. Não podia perder. A contra gosto tomou uma decisão.
Ainda sem distinguir direito o mundo a sua volta, se concentrou e levitou. Precisava se afastar dela, ganhar tempo para ativar seus poderes. As meninas não pareceram se importar, pelo contrário, gostaram de vê-lo flutuar no ar. Ele subiu, uns 6 ou 8m de altura. Não voava, mas podia levitar ocasionalmente.
Mas pouco adiantou, ainda tonto sentiu ser agarrado em pleno ar. Xivia, num salto venceu os cerca de 7m que o separavam do solo. Se embolou com ele sentindo o campo de neutralização da gravidade e seu peso extra os trouxe lentamente de volta ao solo. Então ela lhe aplicou um estrangulamento por trás.
A última coisa que ele pensou foi em como fora estúpido. Viu o céu ainda escuro ao alto, e apagou.
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Dia claro. As garotas faziam cerco ao inconsciente Metanatural como abutres em torno da carniça. Começaram a disputar quem teria o privilégio depois de Xivia, a vencedora, mas logo Alice veio cortar-lhes o barato.
- Ninguém vai ficar com ele!!! Ele é perigoso! Vamos amarrá-lo e deixá-lo aqui! - Ordenou orientando as moças. Sabia como proceder para imobilizar um Metanatural. As mãos deviam ser afastadas o máximo possível e envoltas em borracha. Enfiaram seus punhos em bolas de cola, e o prenderam no pára-brisas de seu próprio caro. As pernas também foram presas próximas ao pára-choque. Puseram uma mordaça e uma venda. E deixaram-lhe sem camisa. Só então viram tatuagens estranhas em sua pele, principalmente em torno do tórax.
As moças se deliciaram com a cena. Ele recuperara a consciência mas estando vendado, amordaçado e amarrado, era vítima de provocações e carícias abusadas, sempre quando fora do alcance dos olhos de Alice.
Enquanto isso outras vasculhavam o interior do Dark Force, depois de Velita ter tido um bom trabalho para desativar o computador e quebrar a segurança. Logo uma delas veio correndo à líder e gritando. - Olha só! Urânio!
Alice arregalou o olhos. "Uau!" a quanto tempo ela esperava por isso? Foi correndo à sua moto e tirou uma enigmática caixa. Digitou uns códigos num teclado numérico e ao abrir tirou uma arma cujo formato lembraria o das antigas pistolas terrestres, embora maior, muito mais arrojada em termos de design, com um cabo que ligava a coronha a um cinto com um pesado gerador.
Era um Desintegrador portátil. Ela o carregava há bastante tempo mas nunca o usara, pois não dispusera de Urânio. Checou o sistema e viu que as placas eram compatíveis. "Maravilha!"
O Nióbio foi dividido entre as moças, para recarregar alguns aparelhos, então Velita notou que uma delas brincava como que parecia ser uma moeda sem importância. - O que é isso? - Perguntou a moça, que arremessou a medalha cinzenta para ela.
- Pela Deusa!!! Eu não acredito! Detranium!!!
Alice e algumas outras olharam imediatamente. - Detranium?!? Deixe eu ver!
- Mas onde é que ele arranjou isso?! - Perguntou uma das meninas.
- Sei lá. - Respondeu Alice, mas isso vale uma fortuna.
- Para que serve isso? - Perguntou outra das moças. Alice balançou a cabeça em sinal de reprovação à ignorância da menina. - Isso aqui minha querida, é simplesmente o metal mais resistente do Universo. Quer dizer...
- Foi forjado por aqui? - Perguntou uma loirinha de rostinho de anjo.
Velita respondeu. - Não existem forjas de Detranium na Terra. Com certeza foi feito em outro planeta. Aliás, Detranium não é exatamente forjado. Para nós não tem utilidade prática, só se tivéssemos muito. Mas em qualquer cidade isso deve valer cem vezes seu peso em ouro.
Continuaram rapinando o Dark Force. Tiraram várias peças e equipamentos. Então Alice chegou ao homem amarrado e lhe disse. - Isso é pra pagar o prejuízo que você nos deu! - Ela não entendeu o que ele murmurava, mas não se atreveria a tirar-lhe a mordaça, pois numa palavra ele poderia causar algum efeito sobrenatural.
Enquanto isso ele se torturava mentalmente. "Porque fui ter essa maldita idéia! Que droga. E agora?! Quando eu me soltar elas vão estar longe! Maldição!"
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Enquanto isso, no espaço...

- QUE DESCULPA VOCÊS VÃO ME DAR AGORA?!?!
- É... Senhor isso é totalmente inesperado e...
- Calma senhor. É que...
- PARA MIM CHEGA. VOU MANDAR BUSCAR ESSE IONE AGORA MESMO. E PREPAREM PARA ENTRADA NA ATMOSFERA.
- Mas senhor! É muito precipitado! Se entrarmos agora podemos ser detectados!
- NÃO TEMOS MAIS TEMPO! A BASE VAI ABRIR DAQUI A MENOS DE 20 HORAS!!!
- Está bem. Senhor.
- Irei pessoalmente atrás do...
- NÃO!!! DEIXE ISSO POR MINHA CONTA. VOCÊS JÁ TIVERAM SUA CHANCE. VÃO SER DESCONTADOS POR ISSO!

A energia vermelha se retirou para outra sala e os homens quase arrancavam os cabelos, que não tinham. Um deles estabeleceu contato com uma cidade na superfície. E um ancião atendeu. Era um dos patriarcas dos Sentinelas do Grande Dia, que levou uma tremenda bronca. Então viram um som estranho na nave. Uma das comportas se abriu e um cilindro foi lançado na atmosfera.
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Meia hora depois de ser abandonado Dai-Haime se livrou das amarras. Praguejou contra o Sol no rosto e a cola pegajosa que lhe agarrava nos punhos. Olhou a volta e viu uma das motos abandonada, e depenada. O Dark Force também não parecia muito melhor. Elas haviam retirado a fonte de energia, todas as baterias, e várias peças. Mas como ele já esperava, elas não foram capazes de perceber um compartimento especial.
- Ah suas vagabundas! Vocês me pagam!!!
Entrou por baixo do veículo e pressionou alguns pontos estratégicos. Uma caixa comprida surgiu, ela a retirou. Abriu-a e começou a retirar várias peças sobressalentes.
Sacou uma pequena pastilha de plutônio e algumas ferramentas. Rapidamente religou vários contatos destruídos nos sistemas do veículo. Adicionou uma fonte de energia auxiliar, reparou vários itens e por fim, em menos de 40 minutos ativou o carro e saiu em perseguição as amazonas.
Elas não esperavam que ele se soltasse tão rápido. Muito menos que conseguisse consertar o veículo. Claro que agora não havia mais computador, nem modo de combate, nem arma ou recurso avançado algum, mas o Dark Force ainda funcionava. Quase tão rápido quanto sempre fora.
De tudo o que lhe acontecera o que mais lhe irritava era o roubo de seu sobretudo. Rasgando a estrada ele sumiu no horizonte com fúria redobrada.
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O céu era de um ciano intenso, num dia claro como nunca, onde pouquíssimas nuvens suaves pareciam flocos de algodão. A belíssima praça estava repleta de pessoas, a maioria jovens e crianças saudáveis e bonitas a brincar nos impecáveis jardins e nos brinquedos que pareciam recém saídos de fábrica, ou correndo com arrojadas bicicletas pelos niveladíssimos e bem acabados passeios.

A cidade em volta se destacava paradisíaca e imponente. Uma façanha arquitetônica com o que havia de mais avançado na tecnologia do planeta. Naves graciosas, sutis e silenciosas cruzavam os céus sem gerar nenhum tipo de poluição. Aliás, imperava na cidade sons suaves, músicas ao fundo, o cantar de alguns pássaros e as muitas vozes e risadas de pessoas, ou um ou outro choro de criança.
Assim era Bel-Lar. A Cidade Utópica do hemisfério Sul Oriental. O apogeu da humanidade terrestre em termos de civilização, ainda que em parte as custas do menor desenvolvimento de outras cidades do planeta.
As Cidades Utópicas eram fechadas apesar de imensas. Era quase impossível um estrangeiro conseguir uma cidadania definitiva. Tentavam a todo custo evitar qualquer coisa que pudesse por em risco a estabilidade social.
Não havia violência, pobreza ou os típicos problemas das Cidade Médias, apenas ocasionalmente um ou outro jovem no calor dos hormônios aprontava alguma bagunça, mas nada grave.
Da varanda de um dos prédios um homem curtia o visual e a tranquilidade, apesar de estar, poderia-se por assim dizer, trabalhando. Uma esfera flutuante de uns 20cm de diâmetro de aproximou dele e disse ter uma mensagem.
Ele pediu para ver e logo uma imagem surgiu no ar a sua frente. Apesar de estar diretamente sob a luz do Sol, e imagem era completamente nítida. Era como se um quadro pintado estivesse se movendo a sua frente, destacando em perfeito contraste o negro do espaço e a curvatura azulada do planeta, enquadrando o Pólo Sul.
"Detectamos uma entrada não autorizada na atmosfera. O veículo não pôde ser identificado mas o deslocamento de ar foi explícito, indicando uma nave de pelo menos 60 m3 e 9 toneladas." Disse a curiosa voz da esfera flutuante.
O homem pensou naquilo. Era muito estranho. A nave provavelmente era invisível. Pediu outra informação e a esfera afirmou que algumas naves de patrulha já estavam captando indícios de uma outra nave invisível bem maior que sobrevoava o Pólo Sul.
Não era, apesar de tudo, nenhum motivo para alarde. Entradas não autorizadas eram relativamente comuns e só recebiam atenção maior quando ofereciam algum risco. Mas algo tornava aquela situação inédita. Por que em KOLNEIA?
De qualquer modo ele repassou a mensagem a alguns colegas e todos decidiram esperar. Não devia ser nada importante.
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Enquanto isso Dai-Haime queimava a estrada. Não tinha nenhum sensor funcionando mas não precisava, ele agora conhecia as moças, seria capaz de rastreá-las pela aura. Principalmente a super mulher que o derrotara numa luta, pois tivera contato físico com ela.
- Você não perdem por esperar suas... Esperem só até em por as mãos...
De repente um violento deslocamento de ar sacudiu o carro, algo passara por cima dele voando bem rápido, embora tenha diminuído a velocidade brevemente permitindo-o então visualizá-lo.
- "Mas o que é aquilo? Parece um..."
Então dois pequenos OVNIs auxiliares também cruzaram sobre ele, indo se reunir ao objeto maior que agora ele via.
- Um robô de combate?!
O objeto avermelhado, vagamente antropóide, acelerou estrada a frente, sumindo.
- "Ah... Essa não. Esse robô está preparado para... Ah não!"
Então ele checou vários controles em seu carro e conseguiu acionar um piloto automático analógico, que não teria dificuldades em manter o carro naquela imensa reta.
- Só tem um jeito de eu descobrir.
E então deitou a poltrona e relaxou como se fosse dormir.
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Vinte e nove motos cruzavam a estrada flutuando a menos de um metro do solo, com a exceção de duas que usavam rodas. Numa delas 4 moças grandes se espremiam desconfortáveis, fazia parte da punição dada pela líder por terem realizado tamanha afronta.
Os 4 Iones estavam divididos nas motos de Alice, Velita, Djane e Xivia, que não se aguentava mais de excitação, mas tentava manter a mesma postura controlada das outras 3 líderes do grupo.
As 4 infratoras por sua vez estavam até aliviadas apesar do incômodo, pois na verdade esperavam uma bronca muito maior, ou mesmo algo pior. Talvez o fato de um dos Iones ser tão valioso tivesse compensado. A que estava mais atrás não suportava mais as reclamações de sua colega da frente pedindo para não apertá-la, e decidiu se virar de costas. Então, enquanto olhava para trás, viu algo suspeito.
Mais um pequenino objeto voador, semelhante ao que uma delas derrubara pouco antes de lutarem contra o estranho Metanatural, surgia no horizonte, e estranhamente não era captado pelos sensores das motos.
Pelo rádio ela comunicou Velita, que era a especialista técnica. Esta olhou para trás e viu o OVNI, reduziu a velocidade e ficou atrás do bando. Amplificou e variou as frequências de captação de seus sensores, mas apesar do objeto estar ali, nenhum sensor captava o que quer que fosse. Avisou então a líder.
- Alice! Isso é muito estranho. Um ZIG deste tamanho não pode gerar uma campo neutralizador tão poderoso, deve estar sendo coberto por outra coisa.
- Que coisa? - Perguntou Alice, e ela respondeu. - Não sei! Nem temos como saber. Deve ser totalmente invisível a...
De repente o estrondo quase ensurdeceu todas. O violento deslocamento de ar fez motos se chocarem umas com as outras, as que estavam em rodas só não caíram graças aos equilibradores automáticos. A poeira levantada por uns instantes chegou a nublar o céu. E elas nem puderam ver o que fora aquilo.
Velita se adiantou e se equiparou com Alice, a nave, ou o que quer que fosse sumiu estrada adiante. Não! Surgiu de novo! Estava voltando!
Bem mais devagar o objeto voador foi se aproximando, de longe parecia uma nave de design arrojado, em tons vermelho escuro e vinho, mas então ela se reposicionou e puderam ver.
- O quê?! - Espantou-se uma das garotas.
- Pela Deusa... - O sangue de Velita gelou.
- O que foi?! - Gritou Alice. - Que tipo de robô de combate é esse!?
Mas Velita fez um sinal para o grupo se deter e gritou. - Não podemos enfrentar essa coisa! A única chance é nos espalhar para que algumas escapem!
Alice ficou espantada com o súbito conformismo da amiga, que normalmente era intemerata, mas apoiou a decisão. A maioria das garotas porém não estava acostumada com aquilo, não lhes era comum fugir da ação.
O robô se aproximava. Podia-se distinguir braços e pernas embora pouco caracterizadas, era um modelo apenas remotamente antropóide, os mecanismos se dispunham de modo a imitar cabeça, tronco e membros.
O grupo todo parou, fez meia volta ou se espalhou num amplo círculo. Então um raio azulado atingiu uma das motos paralisando-a. Era a de Xivia. As garotas ativaram seus lançadores de micro mísseis mas estes simplesmente negavam o alvo, não o viam, e então tiveram que apontá-los e disparar manualmente.
Uma saraivada de disparos eram detidos por um escudo esférico invisível em torno do robô que contra atacou com outro disparo que atingiu a moto de Djane.
- Os Iones!!! - Gritou Alice. - Escondam os Iones!
Imediatamente elas colocaram os garotos nos bagageiros, ou fecharam a janela do pequeno barquinho lateral onde iam.
O robô aparentemente ainda não tinha visto os outros dois nas motos de Alice e Velita, e se aproximava numa postura de reconhecimento apesar dos disparos que recebia, que eram porém detidos pelo escudo como um para brisas de carro detêm gotas de chuva.
Duas motos dispararam com canhões pesados, o robô sentiu o impacto mas somente a ponto de avançar mais devagar e então passou a flutuar mais alto.
- Ele vai nos matar! Assim que capturar os Iones seremos liquidadas!!! - Gritou Velita, que nunca em toda a sua vida estivera tão assustada.
Não era para menos, como engenheira e profunda conhecedora mecatrônica com especialidade em equipamentos de combate, ela sabia reconhecer uma máquina verdadeiramente letal. Só não conseguia imaginar quem naquela região poderia ter um robô como aqueles.
Recuada e protegida pelas outras, Djane tinha um pressentimento estranho, então olhou para o céu, e viu um fantasma.
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Flutuando no ar, invisível a olhos não desenvolvidos, o corpo astral de Dai-Haime presenciava a cena. Um robô de combate avançava contra as amazonas, mas não um robô qualquer. Ele mal podia acreditar no que seus olhos etéreos "viam". Desde quando havia máquinas como aquela em operação na Terra? Nem as cidades utópicas tinham algo igual!
Ele viu quando dois dos Iones foram agarrados por cabos flexíveis que em sua extremidade de dividiam em várias garras que os puxavam ignorando a tentativa das garotas em cortá-los com lâminas.
De repente um disparo azul paralisava outra moto e outro cabo agarrou e arrancou a porta de um compartimento de carga, revelando o outro Ione, que logo foi agarrado. Só restava achar o quarto.
Dai-Haime sabia que o robô só se continha para não por em risco os Iones que resgatava, assim que os tivesse, provavelmente usaria armas muito mais devastadoras, ao passo que mesmo os Lasers mais potentes das motos das mulheres não podiam causar-lhe danos significativos.
Mísseis foram lançados por duas das amazonas e o robô se viu forçado a recuar um pouco, na verdade ele parecia mais preocupado com a segurança dos Iones do que elas, por isso agia com cautela. Porém quando ele se elevou mais ao alto, Dai-Haime teve o derradeiro choque. Um dispositivo se destacou de suas costas, lembraria a forma de uma antiga lâmpada incandescente terrestre, um bulbo de vidro, embora totalmente negro, era a ponta de um dispositivo de metal dourado que daria idéia de um aguilhão elétrico.
" - Aaahh... Pelo... Uni... Pelo Universo!" Mesmo no plano astral ele gelou, e olhou para as moças, percebeu então que uma delas, uma negra, parecia capaz de vê-lo.
" - Não pode ser! É um... Anti-Vida!!!"
Um dispositivo Anti-Vida! Ele tinha certeza! E a moças sequer poderiam vê-lo de onde estavam. Aquilo era terrível, de imediato ele se deixou puxar de volta ao corpo, despertando no banco do Dark Force. Fazia muito tempo que ele não realizava uma projeção astral, era até impressionante que o fizesse tão rápido.
Mas agradecia ao Universo por tê-lo conseguido, pois se aquele Anti-Vida fosse acionado, todas elas seriam mortas instantaneamente, sem chance de ressuscitação.
- Só há uma coisa a fazer! Só tenho uma chance!
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