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O dia já começava a clarear e as garotas formavam um círculo amplo, os Iones estavam sentados numa das motos, como se fossem um prêmio em exposição. Havia uma empolgação geral. Xivia tirara o casaco de mangas curtas, ficando somente com um colete que deixava parte de sua barriga a mostra, e os seios bem apertados. Amarrou uma faixa na cintura, usava uma calça comprida justa, se empinava toda. Parecia querer se insinuar.
Dai-Haime tirou o sobretudo, e a estrela verde girante se desligou, ficando apenas com uma camisa branca justa, de gola e mangas compridas. De imediato as moças se surpreenderam, ele era muito mais magro do que parecia. Embora fosse atlético e evidentemente ágil. Se era maior que sua oponente em altura e envergadura, era claramente mais leve. Xivia era densa, com músculos não muito destacados, mas ainda assim claramente forte.
Alice sobressaiu-se no grupo e gritou. - Ok! Podem começar. Valendo 4 Iones!
Todas começaram a gritar, e os rapazes cochichavam entre si. Era verdade que divergiam de opiniões. Pelo menos um deles gostava da idéia de ficar com aquelas amazonas. Mas dois com certeza queriam voltar para sua comunidade, incluindo o super curandeiro.
Dai-Haime e Xivia começaram a se mover calmamente, caminhando. Ele se aproximou dela e ouviu. - Vamos! Comece!
- Comece você! - Respondeu ele, e completou. - As damas primeiro.
Ela não tinha idéia do que isso significava, nunca ouvira coisa parecida. Naquele mundo, naquele tempo, as relações entre os sexos mudaram radicalmente. Não havia mais sexo frágil, nem sexo desejado propriamente dito. Somente quem estudava história antiga tinha noção do que fora a sociedade há cerca de dois mil anos.
Xivia então socou, mas somente num movimento de advertência. De imediato ele percebeu que ela era muito mais rápida do que esperava. Era melhor tomar cuidado.
Quando a moça avançou ele agiu. Aplicando chutes muito rápidos que ela se esquivou graciosamente, e depois contra atacou com socos. Ele defendeu-os rapidamente e abriu distância. Mas sentiu que sua adversária superava sua expectativa.
Se aproximou dela de novo num movimento confuso e desferiu um forte soco que foi prontamente agarrado no ar pela mão da moça, ele atacou com o outro braço mas ela também o aparou na palma da mão. Então Xivia começou a forçar-lhe os braços para fora como meio de demonstrar sua força.
Dai-Haime ficou espantado, fez uma série de movimentos elaborados de torção e se livrou saltando para longe da oponente. Percebeu então que ela tinha uma força sobrenatural. Era melhor não se aproximar dela. Tinha que compensar na velocidade e esperteza.
As garotas gritavam e torciam, só Alice, Velita e Djane se mantinham comportadas, observando a cena. Alice pensava se agora que Dai-Haime percebera a força não natural de sua oponente não se sentiria autorizado a usar seus poderes.
Mas ele parecia muito determinado em sua auto afirmação como lutador. Avançou contra ela em golpes muito rápidos, acertou-lhe um chute forte nas costas que a desequilibrou mas ela não parecera sentir dor com o impacto. Então ele aplicou uma ampla rasteira em giro mas ela mal pulou, apenas ergueu os pés com precisão exata, e de volta desferiu-lhe um soco na têmpora antes que ele se levantasse do chão.
Apesar do impacto ele se afastou de novo. Por enquanto estavam empatados, um a um, como dissera uma das garotas.
Então ela se empolgou, partiu para cima do adversário tentando agarrá-lo mas ele conseguiu se esquivar a aproveitando o descuido da moça acertou-lhe um chute direto no rosto. Ela recuou, deu um chute em abertura, ele defendeu sentindo a violência do impacto, empurrou-lhe a perna desequilibrando-a e então acertou outro chute em seu abdômen que a derrubou no chão. Mas ela se ergueu rápido.
Crendo ter conseguido uma vantagem, atacou com um perfeito soco similar ao de Karate, aproveitando todos os movimentos do corpo e conseguindo colocar toda a sua força em seu punho. Mas Xivia estava alerta, agarrou-o pelo braço e o levantou no ar jogando-o de costas contra o chão.
O impacto foi forte, ele ficou tonto mas ela preferiu se afastar dando a ele tempo de se
recuperar. As moças diziam que apesar de ele ter acertado 3 ataques e ela apenas dois, ainda
estavam empatados, pois aquele último golpe valera por dois.
Mas para Dai-Haime a situação era um pouco pior, diria ele 4 a 3 para ela. Se levantou ainda sentindo nas costas o baque com o solo. Começou a ficar preocupado. Ela até agora não dera sinais de fadiga e ele já se sentia menos do que era.
Tentando não pensar atacou de novo. Tencionou usar uma tática estranha, era evidente para todas
que ele percebera a força superior da adversária, mesmo assim ele se aproximou dela, dando-lhe
chance para agarrá-lo, porém com movimentos de esquiva de tronco que lembrariam os melhores
lutadores de boxe, aplicou uma sequência rápida de socos em curva e diretos em sua adversária.
Pela primeira vez Xivia recuou e sentiu seriamente o ataque do adversário. As moças começaram a gritar ainda mais alto, incentivando sua colega. Ela investiu de novo mas foi barrada por um preciso chute que lhe acertou o rosto novamente. Pela primeira vez escorreu sangue, pelo nariz.
Ela voltou a recuar e pareceu ficar furiosa, lambeu o sangue com a língua. Dai-Haime por sua vez não estava tão empolgado quanto parecia. Algo lhe dizia que ela ainda não lutara de verdade e já estava pensando em apelar para seus poderes.
Então ela avançou de novo, dessa vez ele não conseguiu detê-la, foi jogado no chão, levantou a tempo de evitar ser pisado. Executou um salto mortal para trás que arrancou vivas da platéia, e ao cair de pé chutou em círculo desequilibrando Xivia novamente, mas se apoaindo com as mãos no chão ela lançou as pernas contra as dele, colocando-o em situação instável de novo. Então se levantou e num momento de desorientação do rapaz ela acertou-lhe um direto no tórax e dois seguidos no rosto.
Dai-Haime caiu de joelhos, estava em má situação. Sua cabeça parecia querer explodir, as vertigens eram violentas. Ela só não finalizara a luta porque não quis. Na certa se exibia. Os gritos das garotas agora enchiam seus ouvidos de tontura.
Havia muita coisa em jogo, foi uma péssima idéia. Aquilo era trabalho! Não era brincadeira. Não podia perder. A contra gosto tomou uma decisão.
Ainda sem distinguir direito o mundo a sua volta, se concentrou e levitou. Precisava se afastar dela, ganhar tempo para ativar seus poderes. As meninas não pareceram se importar, pelo contrário, gostaram de vê-lo flutuar no ar. Ele subiu, uns 6 ou 8m de altura. Não voava, mas podia levitar ocasionalmente.
Mas pouco adiantou, ainda tonto sentiu ser agarrado em pleno ar. Xivia, num salto venceu os cerca de 7m que o separavam do
solo. Se embolou com ele sentindo o campo de neutralização da gravidade e seu peso extra os trouxe lentamente de volta ao solo. Então ela lhe aplicou um estrangulamento por trás.
A última coisa que ele pensou foi em como fora estúpido. Viu o céu ainda escuro ao alto, e apagou.
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