Marcus Valerio XR
Finalmente a moto de Alice foi atingida em cheio, no motor, por um raio intenso. O barquinho lateral foi então atingido por um dos cabos do robô, o quarto ione foi localizado.
Agora todos os 4 meninos eram lentamente arrastados rumo ao robô que flutuava a alguns metros do solo, intensificando o escudo e parando de atirar. A garotas por sua vez, após um breve incremento nos ataques, tiveram que diminuir seus disparos, sob pena de atingir os iones.
Por uns instantes houve uma breve calmaria e então o robô se adiantou aos garotos, deixando-os dezenas de metros atrás, e pousou na estrada, onde nenhuma das motos ainda permanecia embora todas apontassem suas armas para ele.
Elas se preparavam para uma cartada final. Velita acionava um lança mísseis poderoso que poderia matar até mesmo algumas delas, mas não tinha escolha, outras moças apontavam seus lança foguetes mais potentes, e Alice tentava a todo custo abrir uma caixa. Mas ambas perderam as esperanças quando viram algo ser apontado para elas. O Dispositivo Anti-Vida.
- Grande Deusa...
- Não!

De repente o Dark Force surgiu rugindo a uma velocidade estúpida, mal puderam as garotas vê-lo rumo ao robô quando de repente, a menos de 30m ele simplesmente explodiu atingido por um raio.
O veículo foi completamente desintegrado antes de atingir o escudo do robô, porém diversas esferas de metal se espalharam no ar e se chocaram contra o hemisfério invisível, provocando diversas fagulhas.
Então o robô ativou um intenso campo eletromagnético, e logo todas as armas e equipamentos das garotas foram neutralizadas. Nem uma arma de bolso funcionaria. E o robô pode tranquilamente desativar seu escudo. De repente, uma pequena descarga elétrica no interior do bulbo negro do Anti-Vida começou a se formar.

Só então as moças viram Dai-Haime de pé na estrada, as mãos a frente, concentrando uma bola de energia alaranjada. Algumas intencionaram atirar nele, mas suas armas não funcionaram. Duas delas correram em sua direção para atacá-lo, em parte pensando se aquele robô lhe pertencia.
Mas ele não podia lhes dar qualquer atenção, se aquele Anti-Vida fosse ativado ele também morreria. Um aumento de intensidade na bola de fogo e o grito. - Parem!!! Ele está nos ajudando!!! - De outra das moças, deteve as atacantes.
E então, enquanto a fumaça e fuligem da explosão ainda não haviam se dissipado, e enquanto esferinhas de metal ainda interferiam na recepção do robô, Dai-Haime jogou sua única cartada.
- HAAAAAAAA!!!!!
Uma rajada de intensa energia alaranjada atingiu o robô em cheio antes que ele pudesse, percebendo a situação, reativar seu escudo. Equipamento eletrônico algum era eficiente em detectar poderes metanaturais, assim como máquina alguma jamais foi capaz de captar uma presença em astral. O robô fora tapeado. O plano do super Metanatural deu certo.
Em chamas, emitindo um clarão e um estrondo, a máquina de combate recuou. O Anti-Vida foi imediatamente destruído segundos antes de emitir sua onda mortal, o campo de neutralização eletromagnética se desfez e as armas das garotas voltaram a funcionar.
Dai-Haime caiu de joelho no asfalto, recurvado, exausto por aquele que fora talvez seu maior esforço energético em toda a vida. O robô ainda funcionava, mas não por muito tempo, pois seu gerador de escudo também estava destruído.
- Atirem!!! - Gritou Alice. E então uma chuva de disparos acertou em cheio o alvo, aniquilando-o em poucos segundos.
- Cuidado com os Iones! - Lembrou Djane, e pouco a pouco as moças foram parando de atirar na massa enegrecida e inerte de metal ao chão.
Alice se levantou, ordenou que o Iones fossem pegos, orientou as meninas a se reorganizarem, e então veio caminhando até Dai-Haime, que ainda estava sentado no chão. Suspirando.
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- Mas o que você está fazendo aqui?! - Perguntou a líder.
Ainda respirando, ele tentou se levantar dizendo. - O que eu... Faço aqui?! Bem. Que tal...
- Nos salvando. - Interrompeu uma das moças, num tom sério.
Alice olhou para ela, para ele e olhou em volta, incrédula. - O que você veio fazer aqui realmente?!
- O que eu vim fazer?! - Ele gritou. - Eu pretendia... Eu vim aqui quebrar a sua cara e as dessas suas larápiasinhas sem vergonhas! - Ergueu o punho. - Vim pegar as minhas coisas de volta... Inclusive as peças do meu carro... Se bem que agora, não importa mais.- E olhou para a massa em chamas que um dia fora o Dark Force.
Então Velita, Xivia e outras o rodearam, ele mal se mantinha de pé.
- Então por que nos salvou?! - Perguntou uma delas.
Ele riu. - Eu acho... Que há uma pequena diferença entre querer acertar os narizes de algumas de vocês... E querer ver todas mortas. Não!?
- Ah! Não inventa! Você estava na linha de fogo do Anti-Vida, teria morrido também! Por isso não teve escolha em...
- Pense o que quiser! - Ele interrompeu a jovem.
- Veio buscar os iones? - Perguntou outra.
Ele abriu os braços. - Os iones?! Ha, ha, ha... Podem ficar com eles!!! - E começou a falar alto e rápido. - Eu não quero nem saber desses malditos iones! Nem saber quem é que está atrás deles!!! - Gritou apontando para o que restava do robô.
- A única coisa que eu quero é estar longe de vocês e deles quando esse... Quem quer que seja vier buscá-los de novo! Sabe-se lá com que outro robô! Ou seja lá...
Ele tentou se acalmar. Velita se aproximou, com uma expressão mais amigável, e perguntou - Quer o Detranium e os outros metais de volta?
Mais calmo ele respondeu. - Foram o adiantamento que eu recebi para resgatar os iones. Como não fiz o serviço, não me pertence. Podem ficar. Pois também não irei lá devolver isso a aqueles cretinos que bem podiam me avisar que... Mas pra quem será que eles estavam trabalhando?
Algumas garotas admiraram a honestidade, mas Djane era a única que lhe sorria. Ela sabia que ele ao vê-las em astral, e ver o Anti-Vida, podia facilmente ter desviado o carro, que ainda estava longe, saindo do alcance da onda de radiação letal.
- E agora? O que quer afinal? - Perguntou novamente Alice.
- Nem pense em me agradecer tá!? Se é isso que quer saber! Não quero mais nada, só vou me mandar daqui e... Quero dizer, me devolve meu sobretudo! - Apontou para Xivia que ainda vestia sua capa preta, com uma estrela verde girante nas costas.
- Vem tomar! - Desafiou-o a poderosa lutadora.
- Xivia! Devolva! - Ralhou Alice. Ela hesitou por uns instantes mas ante os olhares de confirmação de Velita e Djane acabou obedecendo e retirou o casaco arremessando para Dai-Haime, que o apanhou no ar e o vestiu. Então saiu andando rumo ao deserto.
- Olha! Foi muito bom conhecer vocês tá! Mas agora... Eu já vou indo. Aqueles ZIGs escaparam, o que significa que o sujeito que enviou isso aí sabe tudo o que aconteceu. Se eu fosse vocês, me escondia nas montanhas daquela direção. - Disse apontando para o horizonte. - Lá tem muitas cavernas, é mais difícil encontrar vocês pelo alto. Boa sorte! E tchau! Já perdi meu carro e não quero perder a vida!
Velita, Djane, Alice e algumas das outras garotas se entreolharam. Houve dúvidas mas decidiram ficar com os Iones. E concordaram que Dai-Haime tinha razão. Era melhor ir para aquela região.
Menos de uma hora depois 25 motos flutuantes, cada vez menos, saíam da estrada e entravam no deserto. Por sorte nenhuma das moças se ferira significativamente. Logo passaram pelo solitário Metanatural, agora um andarilho.
Dai-Haime começava a pensar melhor, era normal após um esforço Metanatural muito intenso ele ficar mentalmente desorientado. Foi então cercado pelo bando de motoqueiras.
- Quer uma carona Dai-Haime? - Perguntou Alice. - A pé você vai demorar um dia inteiro para chegar ao povoado mais próximo!
Ele parou, ficou a expressar uma discreta indignação. Mas nem tinha para onde ir, olhou a volta e ficou a avaliar a situação.
- Escolha uma. - Sugeriu Alice. Várias garotas estavam ansiosas para alojá-lo atrás de si. Ele examinava aqueles olhares famintos e não estava disposto a ter que ficar medindo forças sedutoras com aquelas moças. Por fim, fixou-se em Djane, e numa troca de olhares se entenderam. Ele subiu em sua garupa e ela, simpática, fixou seus grandes olhos nos dele e sorriu.
Alice parou ao lado deles e fitou o Metanatural, que disse. - Ei! Eu vi sua moto ser atingida no motor por um EletroLaser, como pode ainda funcionar?
Ela então, orgulhosa, abriu o compartimento e revelou o coração de sua máquina, um pequeno e arrojado dispositivo que pouco lembraria os velhos motores a explosão do século XX. Dai-Haime deixou cair o queixo. - Uau... Um motor Zenitron!
Alice então saiu em arrancada chamando todas as suas pupilas, e logo em seguida voavam baixo sobre o deserto, rumo as cadeias montanhosas. Dai-Haime estava constrangido de se agarrar a sua companheira, devido ao fato dos apoios da motos estarem ausentes, mas ela puxou suas mãos e as colocou em volta dela, como um abraço romântico, e disse. - Alice não vai dizer isso, portanto... Obrigada.
Marcus Valerio XR
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Nesse interim, na sala de estar de uma das altas torres residenciais de
Bel-Lar, um casal discutia.

- Mas minha amada... Eu juro que não sabia que elas iam aparecer justo na hora em que eu chegava...
------ - Não minta para mim! Não pense em me fazer de idiota!
- Eu!? Eu nem pensaria nisso minha adorada...
------ Um gesto da mulher deteve o abraço. Ela era um anjo, ou pelo menos parecia um. O rosto era de delicadeza quase infantil apesar do corpo medir mais de 2m de altura. Longos e lisos cabelos loiros escorriam por sobre um estranho vestido transparente e luminoso que cobria por completo todo o corpo, e por vezes parecia rígido como um cone radiado, e por outras flexível e leve. Porém de sua face angelical partia uma expressão irada.
------ - Eu já estou farta disso! Não vou tolerar mais suas aventurinhas...
- Mas que aventuras?!
------ O rapaz, moreno, de cabelos longos, menor do que ela apesar de sua estatura elevada, ergueu os braços em sinal de protesto, detendo a companheira. Ele já devia estar acostumado a essas crises de ciúmes, já devia saber que quando ocorriam, era melhor sair de perto dela por algumas horas e esperar tudo se acalmar. Antes do dia seguinte, ele tinha certeza, ela o receberia de braços abertos novamente, mas se ficasse ali, alimentando a discussão, esta poderia se arrastar por dias.
------ Portanto tudo o que ele precisava era de um motivo para se ausentar, apesar de que ela não parecia muito disposta a isso, bastava um discreto afastamento e ela partia em seu encalço.
------ - Não fuja! Volte aqui! Escute bem...
------ Então um dos monitores da casa acusou recebimento de uma mensagem, que não foi comunicada sonoramente pois o computador doméstico era programado para não interferir em certos momentos como aquele, quando as mensagens eram classificadas como não urgentes. Mas era talvez a chance que ele precisava.
------ Ignorando os protestos da companheira ele foi até o visor e num toque leu o resumo da mensagem, então, como se fosse a coisa mais importante do mundo, fez um gesto para que ela se detivesse, e acionou a reprodução integral.
------ A imagem surgiu mostrando o processo de entrada na atmosfera de um OVNI, algumas informações novas foram adicionadas, como a provável rota depois que o rastro desapareceu por completo na zona de proibição de vôo.
------ - Grande coisa! Um OVNIzinho qualquer!
- Você não entendeu! Isso é muito mais importante do que parece!
------ - O quê?! Isso?!
- Minha querida, o Pólo Sul está sob nossa jurisdição atualmente, e essa nave é invisível até mesmo para os sistemas Zenitron da antiga OPU! Melhor investigar.
------ Ele correu para outro cômodo apesar dos protestos e vestiu um casaco sobretudo azul marinho, colocou um visor no rosto e calçou luvas.
------ - Onde você vai! Nós não estamos de serviço hoje!
- Mas isso é importante meu amor. Tenho que verificar!
------ E então ele levitou e saiu flutuando pela porta, mas quando prestes a cruzar o limite da varanda a garota o agarrou pelo pé,
------ - Espere aí! Não está exagerando só pra fugir da discussão não é?
- Mas é claro que não querida. É que estou tendo uma intuição forte sobre o assunto.
------O rapaz fez-lhe uma expressão de súplica e ela o soltou. Se despediu novamente quando de repente a moça mudou de idéia.
------ - Mas como é que...
------ Mas era tarde, ele já havia se afastado e antes que ela pudesse voar em seu encalço ele desapareceu num suave Fade-Out, ficando então completamente invisível. A loira assumiu uma aparência ainda mais angelical, quando de repente seu vestido se abriu e se revelou na verdade um par de amplas asas transparentes e brilhantes, que lembravam as asas de um anjo de antigas mitologias. Mas ela ficou ainda mais furiosa, embora pudesse voar mais rápido do que ele, era impossível seguí-lo quando ele ficava invisível.
------ - Aaarrrghhh!!!! Seu... Você vai me pagar!!!
Marcus Valerio XR
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De volta ao espaço...

- NÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO!!!!
- ...
- !!!!
- EU NÃO POSSO ACREDITAR NISSO!!!
- ... !!! ...
- MEU ROBÔ DESTRUÍDO POR UM SUPER METANATURALZINHO!!!
- É... É... Senhor...
- Eu disse que ele era bom! Se tivéssemos deixado ele recuperaria o Ione!
- AH! MALDIÇÃO!
- Senhor... Porque não nos deixa resolver isso?
- VAMOS DESCER!
- Quê?! Mas esse é o pior momento para...
- AGORA!!!
- Sim Senhor!
- Senhor. Enquanto o senhor vai pra base deixe-nos pegar o Ione de volta!
- Sim. Não precisa se preocupar. O senhor tem coisas mais importantes para...
- ... NÃO TEMOS ESCOLHA. SÓ EU POSSO PREPARAR A ENTRADA NA BASE. ESTÁ BEM. VOCÊS BUSCAM O IONE!
Marcus Valerio XR
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Sentado num banco da praça...

------ Ser uma celebridade tem mil inconvenientes, pensava o rapaz. Agora mesmo, mais uma vez tivera que se afastar de um grupo de moças que o reconheceram e o seguiram, voou, ficou invisível e veio parar do outro lado do parque, acabando por se esquecer por completo do motivo, ou melhor, da desculpa que dera a sua noiva para se ausentar. Ainda teve sorte! Uma das garotas gritou de longe "Olha! É o Traigon!", dando a ele tempo de evitar um outro provável e abusado ataque que poderia deixar odores comprometedores em suas roupas, facilmente perceptíveis por sua ciumenta contraparte.
------ Então seu comunicar soou.
- Oi. Novidades?! - Perguntou.
------Pelo pequenino fone embutido no ouvido e pela tela interna de sua viseira, entrou em contato com um dos responsáveis pelo monitoramento espacial do dia, que respondeu. - Outra nave! Maior e mais rápida e também invisível, desceu no mesmo ângulo.
------ A imagem projetada no interior da viseira era percebida como uma tela flutuante a sua frente, nela pôde ver outra entrada não autorizada na atmosfera sobre a zona polar.
------ - Mas isso não é nada comparado a isto!
------ E surgiram então imagens de satélite, mostrando cenas do conflito entre as amazonas e Dai-Haime, e o robô de combate.
- O quê?! - Exclamou Traigon enquanto se levantava. Sua roupa azul marinha, uma espécie de capa sobretudo, esvoaçou quando ele subiu novamente ao céu rumo à sua base, enquanto conferia, incrédulo, as imagens no visor.
------Minutos depois entrava pela janela de uma das torres mais afastadas da cidade de Bel-Lar, onde seu interlocutor o esperava. Num visualizador tridimensional melhor e mais detalhado, reviram de novo as imagens da batalha.
- Mas isso é um Robô de Batalha Karion CT6 Série 9!!!
------- Série 8 para ser mais exato! - Respondeu o responsável.
- O que é que está fazendo aqui!?
------- Não tenho idéia. Não há registros de nenhum no Sistema Solar, nem mesmo nós ou as outras cidades temos desses.
- Então foi isso que entrou na zona polar, e foi destruído em terra... Provavelmente por um SuperMeta. Que foi...
------ - Pelos nossos registros deve ter sido aquele maluco nível SP-05 que você conhecia do centro de treinamento.
- Ah! O Dai-Haime? O que ele faz lá.
------ - Desde que parou de trabalhar oficialmente tem vadiado pelo mundo, há meses que está em KOLNEIA fazendo sei lá o quê.
- E a outra nave?
------ - Nenhum sinal desde que pousou. Assim como o robô, é totalmente indetectável.
- Droga! E eu pensei que isso só seria uma desculpa.
------ - Quê?!
- Nada! Cadê o resto do pessoal?
------ - Só contactei o XAINE. Você pode pegá-lo no caminho, quer que eu chame SEINEL?
------ Ele quase seu um salto para trás. - Não!!! Quer dizer... Deixa. Eu já vou indo.
------- Boa sorte.
- Me faz um favor... Se ela vier atrás de mim diga que fomos verificar alguma outra coisa noutro lugar e... Não pergunte nada sobre a nossa viagem tudo bem?
------ O responsável pela vigilância aérea se fez de pouco entendido mas nada perguntou. Traigon saiu novamente voando rumo a um subterrâneo da base. Minutos depois uma impressionante nave decolava.
Marcus Valerio XR
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Sob a luz do Sol no horizonte da planície, a pequena cidadela mais parecia um acampamento, com inúmeras barracas maleáveis porém grandes e confortáveis. As mulheres e crianças todas vestiam roupas brancas, alguns homens também usavam cinza ou preto.

- Irmãos... O Grande Dia se Aproxima.
Disse a voz grave do ancião. - Em breve o fogo de Deus irá queimar esse mundo, levando toda a maldade e ilusão. Nós que seremos glorificados, logo testemunharemos a recompensa por estarmos vigilantes e observadores das leis divinas.
Enquanto o "Grande Sentinela", o líder do grupo, discursava, dois outros senhores iam discretamente manipulando um pequeno equipamento estranho.
- O mal será vítima de violência maior que a que praticou! Todo aquele que não respeita as leis será varrido com...
Então uma ventania forte irrompeu com uma nave negra em forma de gota, planando na horizontal. As pessoas ficaram assustadas enquanto a nave se aproximava do solo e abria uma fenda luminosa.
Saíram dois homens, muito altos, esbeltos e de ótima aparência, embora a estatura de mais de 2m chegasse a assustar. Vestiam um colante negro e tinham poucos cabelos na cabeça, sua pele era ligeiramente cinzenta embora de feições claramente humanas.
- Viemos pegar de volta nosso segundo pagamento! - Disse um deles em tom de voz imperioso e profundo. Alguns dos anciãos tremiam, outros, mais corajosos, se aproximaram de modo ameaçador. - Mas... Nós preparamos o...
- Falamos da segunda parte! Interrompeu o homem cinzento. - Nós lhes demos a opção de deixar o resgate do Ione por nossa conta bastando apenas nos devolver uma pequena parte do pagamento! Mas você preferiram se encarregar disso e nós pedir ainda mais! Vocês são loucos?!
O Grande Sentinela enfim se levantou, se apossou discretamente de um pequenino objeto próximo ao estranho dispositivo que seus companheiros preparavam. Os homens cinzentos perceberam.
- Onde está o Urânio?! - Insistiram.
- Felizmente... Agora é tarde. - Disse em voz trêmula o Grande Sentinela.
Os homens cinzentos não demoraram a ligar os fatos. Como pagamento eles haviam oferecido metais caros, Ouro, Nióbio, Urânio e Detranium. Mas os Sentinelas preferiram Urânio! Sempre Urânio! Chegavam a aceitar valores menores em Urânio do que Detranium puro.
Haviam poucos reatores naquela região, e logo perceberam que não era necessário tanto urânio para abastecer o local. Quando puderam ver melhor o dispositivo, finalmente os homens cinzentos foram entender o que eles queriam dizer com o Grande Dia, o Fogo de Deus. Uma Bomba Nuclear!
- Vocês são mesmo loucos!!!
O Grande Sentinela acionou o mecanismo, ergueu os braços aos céus e começou a entoar cânticos religiosos. Os homens cinzentos rapidamente se comunicaram num linguajar estranho e quase inaudível e então sua nave emitiu um zumbido discreto e logo um Neutralizador de Fissão Nuclear entrou em ação.
A bomba não funcionou.
Alguns Sentinelas arregalaram os olhos, outros continuaram a olhar para o céu, e outros juraram que estavam sendo consumidos pela chama divina, mas o Campo Neutralizador intensificava a Força de Coesão Nuclear de átomos pesados, e a fissão não podia ocorrer.
O Grande Sentinela entrou em desespero. Como podia? Como poderia o instrumento do Fogo Divino falhar?
- Então era para isso que queriam tanto Urânio?! - Os homens cinzentos se perguntaram estupefados. Jamais pensaram que o fanatismo religioso naquela comunidade pudesse chegar a tal ponto. Como podiam se auto aniquilar e ainda inundar KOLNEIA de radiação com uma bomba de Fissão primitiva?
Então num acesso de loucura os Sentinelas que se vestiam de preto sacaram armas antigas, Lasers de mão, e começaram a abrir fogo a esmo, atirando para todos os lados, inclusive em seus próprios companheiros.
Os homens cinzentos quase não conseguiram se abrigar abaixo de sua nave ordenando o acionamento do escudo, e se repreendendo pelo fato de só terem ativado um pré-escudo quase que por acaso. Por muito pouco não foram mortos, e isso os deixou furiosos. Ordenaram então um contra ataque e logo uma dezena de ZIGs saíram da nave, pequenos robôs esferóides negros que abriram fogo contra todos os homens armados. Os raios avermelhados variam a cidadela e partiam pessoas e casas ao meio. Como se isso não bastasse alguns outros homens pegavam as armas dos companheiros caídos e passavam a atirar também. Chegaram a destruir dois ZIGs.
Em segundos o massacre havia parado, pouco mais da metade sobrevivera, os homens cinzentos ordenaram a nave para varrer a cidade com raios elétricos atordoantes, deixando a maioria das pessoas inconscientes.
Logo depois um ZIG trazia uma pequena caixa através de um cabo magnético, depositando-a nas mãos de um dos cinzentos, que a abriu e conferiu apenas um resto de ouro, mas nada mais de Urânio.
Praguejando eles voltaram para nave, haviam perdido tempo.
- Eu falei que era uma má idéia passar por aqui primeiro!
- Ah! Como eu poderia saber!? Só achei que não deveríamos aceitar esse tipo de desculpa! Nós pagamos para eles recuperarem o Ione e eles...
- Esquece isso! Vamos agora ao que interessa.
E a Nave sumiu no horizonte, deixando a cidade em chamas para trás.
Marcus Valerio XR
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Cruzando o deserto, as amazonas iam sempre que possível nas encostas do relevo, protegendo-se nas sombras, duas delas usavam compressores de ar para levantar poeira a frente, produzindo uma nuvem que dificultava sua visualização do alto.
Na garupa de Djane, Dai-Haime já estava descontraído.
- Qual seu nível de Metanaturalidade? - Ele perguntou.
- Não sei. Nem quero saber. - Ela respondeu. - Mas não sou SuperMetanatural como você.
Dai-Haime ficou pensativo, adivinhando os motivos dela.
- Por que está com elas? Elas estão tão aquém de você. Em tudo.
- Liberdade. Sempre fui bem desenvolvida intelectualmente, boa menina, estudiosa... Então decidi exercitar meu lado selvagem. Estou numa espécie de viagem de auto descoberta.
- Sei. Eu também não aquentei muito tempo o expediente de Super Metanatural registrado. As cidades grandes querem regular sua vida em detalhes. Preferi viver por conta própria do que servir a instituições. Principalmente nessa Era sem grandes problemas.
Com uma conversa que se desenvolvia em múltiplos caminhos, e ali sentado, abraçado à motoqueira, os corpos colados e a energia fluindo livremente, Dai-Haime já começava a se encantar com aquela mulher. Ela era tão diferente, profunda em sentimentos, sábia. Mas ele continuava intrigado.
- E Alice? Quem é ela?
- Uma líder nata, um ícone. As meninas a adoram.
- Mas eu diria que você talvez tenha mais influência do que ela, indireta talvez.
- E também Velita. Nós três formamos uma unidade, cada qual com sua função. Mas Alice canaliza nossa energia.
Então Djane se virou para encarar Dai-Haime.
- E há algo importante esperando por Alice, não sei o que é. Mas desde que a vi eu soube que ela tinha uma missão importante. Por isso decidi acompanhá-la.
- Que tipo de missão? De que nível de importância?
- Talvez de nível planetário.
- Nível planetário?! Deve ser difícil fazer algo desse nível aqui nesse fim de mundo. Talvez se ele vivesse numa das Cidades Médias.
Djane, se calou por um instante, pensativa, então continuou.
- E você? Por que aqui?
- Eu... Depois que cansei de ser Super Metanatural em Xantai, passei a viajar pelo mundo. Estou aqui há 5 meses. Há algo nesse lugar. Essas planícies, esse clima frio... É tão misterioso. Sabe, há centenas de anos era possível percorrer centenas de kms nesta região sem ver um único ser vivo macroscópico. Hoje está mais habitado, mas o encanto de uma terra selvagem... Permanece.
- Entendo... Juro que entendo. E porque acha que fazer serviços do tipo nos perseguir seria válido?
- Não acho... Mas é que um amigo meu, o Edikar, que mora no litoral oposto... Não sei. Ele insistiu tanto.
- Fala do Edikar Baren? O filantropo Metanatural?
- Sim! Esse mesmo! Eu devia saber. O Edikar conhece todos os metanaturais desta região. Ele conhecia aquele super Ione. Deve ser por isso.
- Esse Ione seria disputado pelas cidades utópicas. Mal posso crer que está aqui.
Dai-Haime, ao mesmo tempo excitado com o contato físico com a moça e pela conversa, também ficava cada vez mais curioso. - Tem alguma coisa muito estranha. Esse super Ione... Aquele rôbo... O que está acontecendo?
- Não sei meu caro. Mas creio que a resposta breve estará a nossa frente.
Então, de repente, algo cortou os céus causando um estrondo e um violento deslocamento de ar. Algumas motos desgovernaram e suas amazonas caíram. A pequena nave negra em forma de gota fez meia volta e então vários ZIGs foram ejetados.
Raios elétricos foram atingindo uma a uma as motos e desativando-as, as meninas abriram fogo mas era difícil atingir os rápidos ZIGs, que eram invisíveis ao direcionadores automáticos de disparo.
A confusão foi instaurada. Algumas ainda conseguiram se desviar e se abrigar em pequenas reentrâncias nas rochas. Um ZIG explodiu atingido por uma das armas da moças e então um zumbido grave e um chiado antecederam o desarme total dos artefatos que a garotas usavam. Momentaneamente ficaram indefesas.
Já precavidas desde o encontro com o robô, algumas delas sacaram armas não eletromagnéticas. Algumas eram armas de ar comprimido, outras de mola, e até algumas velhas armas de explosão.
O tiroteio que se formou deu uma breve vantagem às meninas, que conseguiram sair do acuamento e afastar os ZIGs, mas isso não impediu que a nave negra, voando baixo e completamente invulnerável, pairasse sobre a moto de Alice, a única que ainda funcionava apesar dos vários disparos neutralizadores da nave.
Pela segunda vez a líder tentara alcançar um abrigo, mas a nave destruíra a entrada antes. Alice disparou suas armas várias vezes sem efeito até que finalmente um disparo amarelo da nave fez o chão explodir derrubando a amazona ao chão.
Imediatamente o Super Ione foi revelado, estava embaixo de Alice, escondido sob uma capa. A nave pousou sobre ele e Dai-Haime, que se limitara a assistir o confronto, mesmo porque ainda estava se recuperando, chegava a torcer para a nave levar aquele Ione embora e deixar todas em paz.
Mas as garotas, acostumadas a sempre vencer suas lutas naquelas terras ermas, não pensavam da mesma forma, foram avançando cada vez mais destruindo um a um os ZIGs com uma eficiência notável, que fez Dai-Haime questionar se as unidades de combate das cidades utópicas eram mesmo tão bem treinadas quanto ele pensava.
Por fim elas concentraram fogo na nave, que já sem ZIGs, puxava o Ione lentamente com uma raio verde de tração. Uma bomba de mão lançada por uma das moças explodiu em cima do escudo esférico da nave e ela oscilou fazendo o Ione perder altura.
A nave então deixou o pequeno garoto voltar ao chão, embora o isolasse com um cone de energia repulsora que impediria que qualquer uma se aproximasse mesmo que conseguisse evitar os disparos que cobriam uma campo defensivo bem maior.
Enquanto isso Alice mexia novamente na mesma caixa que tentara usar na ocasião anterior, quando tudo parecia perdido, era uma peça necessária para montar seu desintegrador mas que insistia em não abrir. Então a nave se elevou no solo novamente, um zumbido mais intenso se fez ouvir e repentinamente um raio azul varreu o cenário causando uma destruição assustadora.
Em menos de dois segundos as garotas pararam de atirar, caindo ao chão em meio às pedras e a poeira. Metade delas ficara inconsciente com o choque elétrico dissipado pelo raio. Outras tinham queimaduras.
Demoraram meio minuto para conseguirem ter uma noção clara do que havia acontecido, e então, caminhando em meio a uma densa nuvem de poeira, veio Alice, frustrada. E disse em tom desanimado.
- Foi embora. Levou o Ione.
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Parte 3

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Contos de FC


Parte 5

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