Marcus Valerio XR
Djane Mei removeu a viseira, estendeu as pernas e tocou o solo. À sua volta todas as motos paradas. Alice conversava com Velita tentando decidir para onde ir. Nova Altéia ficara a alguns kms atrás. Apesar do povo calmo e cortês não demoraram a perceber que procurar as peças mais necessárias ali seria inútil.
Compraram alguns mantimentos, trocaram bugingangas, algumas garotas transaram com uns rapazes, outras desapareceram quase o tempo todo, e foi só. Nenhum problema, tudo tranquilo.
Djane era negra, com cabelos soltos e naturais, embora de comprimento médio. Percebia Alice cansada, querendo evitar mais problemas, por isso hesitava em comunicar-lhe seus pressentimentos. Era um dilema, pois aquela sensação quando vinha sempre era justificada. Suas intuições eram em geral infalíveis. Sentia-se na obrigação de conversar com sua líder, mas pensou melhor deixá-la desfrutar da breve tranquilidade do momento.
O foco de distúrbio, aquele algo, ou pelo menos parte dele, que estava perturbando sua sensitividade estava ali. Com elas. Ela passou os olhos pelas garotas e fixou-se em duas motos bem lá atrás. Era evidente que estavam com mais peso do que aparentavam, mas como desrregulagens não eram raras, a maioria não reparava.
Uma das motos era usada por duas moças. A jovem de cabelos verdes, Siana Nein, nunca caíra nas graças de Djane, ela não era de confiança. Cruzaram-se os olhos, Siana estremeceu, sabia da fortíssima percepção da veterana. A outra, Xiria, não era Dariana. Era uma Genônica amante. Mulheres produzidas por manipulação genética para serem as perfeitas "prostitutas", ou concubinas. Elas eram estéreis, extremamente saudáveis, muito sensíveis ao prazer, quase não sentiam dor e eram psicologicamente inclinadas a serem totalmente submissas ao cliente que as encomendasse. Mas algumas se rebelavam. Xiria era um caso.
De feições orientais, Xiria engoliu em seco quando viu Djane encará-las. Se ela descobrisse ia contar a Alice, e elas estariam encrencadas. Fora dela a idéia de trazer os Iones escondidos no compartimento da moto. Estava sendo difícil mantê-los trancados ali dentro, usando toda e qualquer parada para levá-los para fora para esticarem o corpo, sem serem notados. Pouco antes de chegarem à cidade os dois da outra moto quase abriram a porta por dentro. E o pior, até agora mal tiveram tempo para usufruir deles.
Alice se aproximou de Djane, acariciou-lhe os cabelos e perguntou o que havia de errado. Djane disfarçou, sorriu para sua amiga e líder. Disse alguma trivialidade. Por acaso Alice olhou para as motos suspeitas deixando Siana e Xiria arrepiadas.
Então um pequeno OVNI passou no céu, que estava um pouco mais escuro que o normal, deixando a vista várias estrelas, várias naves no espaço e estações. Mas esse objeto passava baixo, a menos de mil metros de altura desafiando a Lei de Cobertura. Já era o terceiro que viam em dois dias. Muito estranho.
Não por muito tempo, após ser autorizada por Alice, uma das garotas acionou sua arma. O disparo saiu de um bracelete no antebraço da moça. Uma pequena carga de energia vermelha subiu ao céu. A explosão foi breve. O pequeno objeto, provavelmente um mini robô de reconhecimento, foi desintegrado, mas algumas das moças acharam ter visto outro estranho disparo alguns minutos antes errar o alvo, e não souberam dizer o que era nem de onde viera.
Djane porém estava alheia a isso tudo. Imersa em pensamentos, ela sabia que algo estava ali, com elas, mas não era esse algo que a preocupava, mas a relação desse algo com um evento futuro muito mais aterrador.
Havia também outro algo, a alguns kms delas talvez. Mas ela não se sentia ameaçada por esse, nem mesmo pelo que estava ali, no grupo.
O outro algo porém, o que estava oculto no futuro. Esse sim. Era tenebroso.
Marcus Valerio XR
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Minutos antes o Dark Force rasgava o solo. Dai-Haime estava furioso. Irritado com a simples lembrança daquela gente fanática. Não conseguia entender por que aqueles tipos o incomodavam tanto.
- Pessoalzinho nojento. Não se pode nem ter um visual chocante decente que eles ficam logo... Arrghh! DAMIATE é que estava certo em exterminar essas pragas!
Estava também com o rosto dolorido, dado a máscara de energia psíquica que usara para esconder a face. "Será que precisava mesmo?" Pensou. Aquele povo não devia nem ter tele comunicação.
Estava intrigado também em como eles poderiam ter arranjado tanto Detranium. Se eram tão ricos assim por que viviam ali? Naquelas condições quase miseráveis. Começava a desconfiar de alguma coisa.
Para piorar agora havia uma bifurcação na estrada e o computador mostrava que as amazonas não estavam em Nova Altéia. Parou o carro. Abriu a porta, saiu e respirou o ar frio do local. Contemplou o deserto.
Para onde iria agora? Os dados não estavam indicando nada. Elas deviam ter despistadores pois os satélites de observação não as captavam. Fechou os olhos e se concentrou tentando sentir presenças humanas naquele vasto deserto.
De repente algo veio pelo céu. "Mas o quê?!" Ele pensou indignado. Quem seria o idiota que punha a vida dos outros assim em risco, desafiando a Lei de Cobertura? Se as armas Zenitron se ativassem os resultados costumavam ser imprevisíveis.
- Em mesmo vou derrubar essa porcaria! - Exclamou, em parte satisfeito por ter uma chance de extravasar sua irritação.
Subiu em cima do carro. Se concentrou, juntou as mãos em frente ao peito e as separou como se segurasse uma bola invisível. Um pequeno fogo logo começou a crescer. Então estendeu os braços ao céu e a bola flamejante subiu como um meteoro.
Mas o objeto estava a cerca de um km de altura, logo percebeu que ia errar. Se concentrou e corrigiu o curso da bola de fogo mas era tarde, ela passou por um triz do OVNI.
- Desgraçado!!! Dessa vez não escapa! - E enquanto o objeto passava por sobre a estrada ele se concentrou novamente. Já quase sumia de vista e Dai-Haime esperava de propósito apenas para ter o prazer de acertá-lo quando parecesse estar fora do alcance.
Porém, um pequeno raio vermelho atingiu o OVNI primeiro, desintegrando-o.
Dai-Haime desativou a bola de fogo em suas mãos. Não parecia ter sido um sistema de defesa Zenitron. Seriam elas? Tão perto que...
- Essa não!!! - Só então percebeu que entre ele e o local de onde viera o disparo estava uma zona proibida. Um local onde não era permitido nem mesmo se aproximar. Colocar o pés ali era morte certa. Os sistemas de defesa, funcionando sem nenhuma finalidade, destruiriam qualquer coisa.
"Droga!" Teria que dar a volta. Entrou no carro e arrancou tendo agora certeza de qual caminho pegar. Era só contornar a pequena área montanhosa. Só podiam ser elas.
Marcus Valerio XR
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Enquanto isso, no espaço.

- MAS AFINAL O QUE ESTÁ ACONTECENDO!?!?
- Bem... Senhor... Surgiu um contra tempo e...
- QUE CONTRA TEMPO?!?!
- Os aldeões... Eles foram atacados por... Umas vândalas que raptaram
- O QUÊ?!?!
- Veja aqui senhor. Nesta imagem.
- POR QUE NÃO ME DISSERAM ISSO ANTES?!?!
- Bem... Nós...
- Não queríamos incomodá-lo. Preferimos resolver esse pequeno problema antes que...
- EU NÃO DEVIA TER ELOGIADO VOCÊS!!! DEIXE-ME VER ESSA... O QUÊ?!?! QUEREM ME DIZER QUE MEU IONE VAI SER DEVORADO POR ESSAS MALDITAS NINFÔMANAS DARIANAS!?!?
- Não se preocupe senhor... Logo logo ele vai ser resgatado.
- Sim. Temos um indivíduo muito competente trabalhando no caso. Veja! Ele está alcançando elas agora mesmo.
- Ainda estamos no prazo senhor.
- MALDIÇÃO!!! SE ALGUMA COISA DER ERRADO EU JURO QUE MATO TODAS DAQUI MESMO.

A energia vermelha se moveu por sobre os homens que, assustados, tentavam acalmar seu chefe. De repente uma série de controles foram ativados. Vários sistemas de armas preparados. LASERs, desintegradores, apontando para o local onde estavam as amazonas, os Iones e Dai-Haime.
- Se-Senhor. Se atirarmos seremos detectados pelos sistemas de defesa das Cidades Utópicas!
- E há Espadas Espaciais aqui perto.
- AARRGGHHH!!!

Todo o pequeno ambiente da nave tremeu, por um instante as imagens da superfície da Terra desapareceram, sofrendo interferência de uma energia muito maior, mas logo voltaram.
- ESTÁ BEM!!! COMO AINDA ESTAMOS NO PRAZO IREI ESPERAR. MAS SE ATRASAR UM SÓ SEGUNDO...
- Não se preocupe senhor!
- Está tudo sob controle.

A energia vermelha, por vezes rosada, se retirou do ambiente e os homens respiraram aliviados. Por que aquele maldito contra tempo?! Por que aquelas malditas mulheres tinham que aparecer para complicar o andamento do processo?
Em dois dias a base secreta abriria um acesso. Tudo estava muito bem cronometrado. Ninguém no mundo parecia saber da existência daquele super Metanatural curandeiro. Por que tinha que acontecer isso logo agora?
Marcus Valerio XR
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As motos estavam todas paradas formando um enorme círculo. Como uma caravana, com a exceção de duas, que se retiraram com o pretexto de dar uma volta no local para reconhecimento. O que era estranho pois levavam exatamente as motos que pareciam mais pesadas, enquanto seria mais coerente usar as mais leves.
Algumas garotas acenderam uma romântica fogueira no centro da caravana. Alice se deitou em seu banco e tentou dormir. Outra garotas fizeram o mesmo mas a maioria ainda estava desperta.
Agora o céu estava escuro, revelando as estrelas, as estações espaciais, os satélites e, o que pareciam ser algumas Espadas Espaciais. Era difícil se acostumar a estar sendo observada do espaço por ultra olhos que poderiam ver as células de um órgão interno através de qualquer tipo de roupa. Em retaliação, algumas meninas usavam seus visores ultra ópticos para bisbilhotar o céu, e viam muitas naves interessantes, inclusive seus ocupantes. Algumas delas as vezes chegavam a namorar visualmente os astronautas.
Velita Karmeni, a engenheira do grupo, testando seu visor ultra potente, jurava ter avistado uma distorção visual, típica de naves que se escondem sob campos de deflexão ótica. Era curioso. Aquilo seria considerado uma ameaça pelo sistema de defesa planetário central ou pelas Cidades Utópicas. Será que as Espadas Espaciais no local tinham algo a ver com isso? Tentou não se preocupar embora tenha alimentado a esperança de ver alguma ação no espaço.
Djane Mei não relaxava. Pressentia algo. Na verdade já sabia. Mas agora aqueles Iones escondidos nas motos não eram mais sua principal preocupação. Sentiu que alguém se aproximava. Muito rápido.
Pedia a Velita para amplificar os sensores e ela captou algumas distorções. Sem dúvida algo com sistemas de ocultamento se aproximava. Muito rápido!
Uma das garotas, que estava seminua e descalça, captou pelas vibrações do solo a aproximação de um veículo de rodas, numa velocidade espantosa.
Deram o alarme. Alice acordou num salto. As garotas acionaram suas armas. As duas motos que estavam afastadas voltaram. Agora todas já ouviam o ruído. Logo viram uma nuvem de poeira surgir por cima de um morro, contornando a área proibida.
O veículo parou quase de repente. E parecia fitá-las com os faróis em forma de olhos amarelos e malignos. Diversas armas foram sintonizadas em direção ao alvo. Nada que se assemelhasse às antigas pistolas. Na verdade eram, em geral, braceletes fixos no braço ou antebraço, que dirigidos pelos rastreadores dos visores, lançavam Micro Mísseis que perseguiam o alvo.
Mas o veículo desativou seu ruidoso motor, e sua porta se abriu deixando escapar uma densa fumaça branca. De repente, um homem alto, trajado de preto, saiu de dentro da névoa.
- Muito boa noite senhoritas! Meu nome é Dai-Haime, e fui contratado para recuperar 4 rapazes que vocês capturaram. Portanto para evitarmos desentendimentos sugiro que me passem eles e irei embora deixando vocês em paz.
Desta vez ele não usava o efeito de distorção visual no rosto, deixando transparecer uma face morena, tipo hindu embora de feições não tão típicas. Algumas garotas gostaram do que viram. Surgiram murmúrios de "gatinho" ou "gracinha", mas Alice ordenou silêncio. E gritou em resposta.
- Pois veio ao lugar errado! Meu nome é Alice Bahaba, e não temos nenhum rapaz conosco! Deixamos todos para trás há dias!
Djane se virou e encarou as infratoras, que engoliram em seco, mas Dai-Haime chamou a atenção de novo, com uma voz de volume redobrado, e ligeiramente distorcida.
- Bem... Nesse caso parece que temos um problema! Pois as informações que tenho dizem o contrário! Ora vamos! Deixem de enrolação e me entreguem esses garotos! Não quero ter que usar a força!
Talvez se ele não tivesse dito a última frase o desfecho poderia ser diferente. Mas aquilo provocou uma onda de excitação nas moças. Era agora evidente, pela aura, que ele era Metanatural, o que as deliciava ainda mais. Mas nem todas, algumas mais experientes estavam preocupadas.
Alice gritou novamente.
- Já disse! Não temos ninguém! E se disser de novo que estamos enrolando vou perder a minha paciência!
Dai-Haime fez um sinal de reprovação com a cabeça. Então num movimento lento de braços, como um ritual, suavemente levitou a cerca de meio metro do solo. Todas puderam notar uma quase invisível esfera de energia se formar em volta dele.
- Acho que você deveria se preocupar é com a Minha paciência! Escutem moças! Tive um dia cheio. Não quero brigar com vocês mas se não...
De repente, e ninguém jamais soube se por acidente ou intenção, uma das garotas disparou uma carga de energia azul. A pequena bolinha elétrica deixou o bracelete quase na altura do ombro e descreveu uma rapidíssima curva atingindo a barreira invisível em torno de Dai-Haime.
Quando Alice ia perguntar quem havia atirado, as outras foram na onda. De repente dezenas de cargas de energia foram lançadas. Alguma amarelas, outras vermelhas mas a maioria azuis.
O escudo de Dai-Haime se iluminou e o espetáculo de luzes superou a iluminação da fogueira. Antes que Alice ordenasse cessar fogo, uma explosão de luz, som e vento abafou quase todo o ruído. Algumas moças ficaram tontas, umas até caíram, e o ataque cessou.
Mas quando se pôde olhar novamente, Dai-Haime tinha o braço erguido rumo a fogueira. Pronunciou uma palavra incompreensível e ameaçadora, e o fogo antes calmo, passou a se agitar e se mover, até praticamente assumir uma forma.
De repente havia um pequeno ciclone flamejante subindo ao céu e formando uma bola pirotécnica. Então houve uma expansão violenta e para todos os lados pequenas chamas foram lançadas.
O ataque não foi perigoso, somente um exibicionismo. Mas de nada adiantou, as meninas voltaram a abrir fogo intensificando o ataque, e logo Dai-Haime estava oculto por luzes ofuscantes novamente.
Uma pequena bola de fogo veio do espetáculo luminoso que era o escudo do Metanatural, e atingiu o bracelete lançador de uma das moças destruindo-o instantaneamente e fazendo-a removê-lo apressadamente devido as chamas.
Não foi um ataque a esmo, atingira não por acaso a arma mais potente que estava sendo usada, que lançava cargas amarelas.
Então em sequência mais 3 bolas de fogo acertaram com perfeita precisão as armas de mais 3 das garotas, forçando-as a se abrigar atrás da motos, o que nada alterava a iniciativa de ataque pois suas armas, uma vez tendo identificado o alvo, enviavam as cargas automaticamente independente de estarem na linha de fogo. As pequenas chispas de energia demoravam um pouco mais realizando uma curva maior, mas acertavam o alvo do mesmo jeito.
Então uma bola de fogo muito maior surgiu como um foguete acertando e empurrando uma das motos. No impacto 3 moças foram arremessadas longe, o que desarmou bastante a ofensiva. Agora o ataque sobre Dai-Haime estava bem menos intenso.
Alice percebeu que deviam mudar de tática. Ordenou que subissem nas motos e se movessem. E logo as moças foram montando em seus veículos flutuantes e passaram a tomar direções diversas. Umas sumiram deserto a fora mas logo retornavam para atacar, outras passaram a contornar o Metanatural. E algumas ficaram de frente, preparando armas muito mais pesadas.
De repente o Dark Force, o carro de Dai-Haime, começou a se mover. O modo de combate foi acionado e o veículo saiu em perseguição de algumas motos que haviam se afastado um pouco mais.
Uma bola de fogo ainda maior e mais intensa foi lançada contra outra moto mas a hábil amazona se desviou. Outra moto se desviou de outra bola de fogo, então Dai-Haime começou a se mover.
A próxima bola de fogo atingiu a moto de Velita em cheio, empurrando-a contra outra moto e causando quase um efeito dominó. Logo em seguida o Dark Force retornou e disparou um LASER que destruiu o disco gravitacional de outra moto.
Dai Haime agora não flutuava mais, estava de pé, no chão com os braços em forma de defesa, gerando um escudo de energia. Só agora elas viam o curioso pentagrama a girar nas costas de sua capa sobretudo. Por entre suas mãos outra bola de fogo surgiu progressivamente. Alice então posicionou sua moto e disparou fogo com um potente LASER embutido.
O raio atingiu o escudo com um brilho intenso. Um violento deslocamento de ar chegou a desequilibrar algumas motos. Dai-Haime parecia ter ficado paralisado. Como se concentrasse toda sua energia na defesa.
O Dark Force investiu rumo à moto de Alice, outra moto entrou na frente e ele a abalroou deixando-a para trás a rodopiar. Porém antes que se posicionasse um outro LASER de outra moto atingiu o veículo negro, obrigando-o a fazer uma manobra defensiva. O superaquecimento obrigou Alice a desligar seu LASER. Houve uma breve quietude. Um silêncio. Onde devia estar Dai-Haime só havia uma nuvem de fumaça. Até o Dark Force subitamente parecia estar prestando atenção em seu dono, enquanto a fumaça se desfazia.
Pouco a pouco se pode ver a cena. Dai-Haime estava de pé. Os olhos brilhando. Seu escudo estava sem dúvida menos intenso, como se enfraquecido. Mas a pose do Metanatural não parecia menos ameaçadora.
De repente a quietude foi quebrada por um grito incompreensível de Dai-Haime seguido por um brusco e repentino ciclone que surgiu rapidamente a sua volta.
As moças foram pegas desprevenidas. Em segundos a ventania giratória arrastou as motos, muitas viraram, chocaram-se umas com a as outras, várias garotas caíram, e ao chegar ao chão ficavam protegidas contra o vento que pareciam atuar apenas a partir de alguns decímetros acima do solo, de modo que suas motos eram arrastadas para longe.
Era esse o objetivo de Dai-Haime, colocar suas oponentes no solo. Quando o vento cessou de repente várias delas estavam se levantando, enquanto suas motos ainda eram empurradas.
Então Dai-Haime avançou contra uma derrubando-a com uma rajada de ar, depois saltou contra outra dando-lhe o mesmo tratamento. A terceira garota reagiu com um bastão de luta, mas após alguns movimentos Dai-Haime também a pôs a nocaute.
Então uma das motos voltou, seguindo um programa automático, se posicionou em frente ao Metanatural e arrancou como tentando atingi-lo. Bateu em seu escudo e resvalou mas recuou e investiu de novo. Dai-Haime criou uma imensa bola de fogo e disparou. A moto tentou se desviar mas foi atingida de lado, porém, num ângulo de 45 graus, de modo que a bola flamejante resvalou a atingiu uma das garotas em cheio.
"Ah Não! Mas que droga!!!" Ele pensou. Até agora todos os seus ataques haviam sido evidentemente não letais. Ele atingiu pontos não muito perigosos, empurrava, desorientava, punha a nocaute, mas era só. Dessa vez a moça estava gravemente ferida.
As outras imediatamente fizeram uma barreira em torno dela, motos se posicionaram como um escudo e ouvia-se várias vozes de desespero, além dos gritos de dor.
A batalha teve uma trégua. Alice, ainda em sua moto, encarou Dai-Haime, e ele disse. - Isso não precisava ter acontecido!!! Será que esses rapazes valem pela vida de sua colega?!?!
- Eu, já, disse, que não temos nenhum Ione conosco! Deixamos todos na estrada!!! - Alice deu as costas, sentindo que o rapaz não a atacaria agora e se dirigiu para ver sua pupila.
Ela agonizava, algumas meninas tentavam usar alguns equipamentos médicos mas não pareciam estar ajudando. Então Dai-Haime gritou.
- Alice!!! Me deixe ajudá­­­-la!!!
Ela fingiu que não ouviu. Mas ele insistiu.
- Eu sou Metanatural! Posso tentar curá-la!
A líder olhou para ele, e depois para Djane, que confirmou com a cabeça. Então ela deu ordem para as moças abrirem passagem. Dai-Haime se aproximou, com o escudo ainda ativo. Algumas garotas não estavam dispostas a deixá-lo passar, Alice teve que repetir a ordem. Ele então chegou perto da vítima. Ela estava muito mal. As queimaduras no rosto, pescoço, colo e braços eram leves, primeiro e segundo graus no máximo, mas o problema foi a intensidade do calor e o choque térmico.
Com ainda algum receio de ser atacado pelas costas, ele modulou seus níveis de energia de modo a reduzir o escudo ao mínimo, e então estendeu as mãos sobre a moça.
- Se alguém me atacar agora ela pode morrer! - Advertiu em tom sério. E então se concentrou. Logo uma tênue energia começou a emanar de suas mãos. O poder de cura, latente na grande maioria dos metanaturais.
A jovem reagiu, mas não parecia ser suficiente. Estava mais ferida do que parecia. Dai-Haime se esforçou ainda mais, ela deu alguns sinais animadores mas logo depois começou a desfalecer. Apesar de Metanatural ele não era especializado em cura. Então se levantou.
- A situação é grave! Não vou conseguir sozinho. Escutem bem. Entre os rapazes que vocês sequestraram há Iones não? Eles podem me ajudar.
Alice se aproximou furiosa quando então uma das garotas gritou.
- Eu vou buscá-los!
Alice parou de súbito. - O quê?! - Mas a moto já disparara rumo ao deserto.
- O que ela disse?! - Repetiu Alice, confusa. Djane chegou para ela e sussurrou alguma coisa, que a deixou boquiaberta e furiosa.
Enquanto isso Dai-Haime lançava mais energia de cura na moça agonizante, tendo esperança de evitar sua morte até que a ajuda chegasse.
Não demorou. Logo a moça de cabelos verdes voltava. Dois rapazes agarrados na garupa atrás dela, outros dois na frente. Ela os havia deixado no deserto. Parou a moto e pôs todos os 4 no chão, puxando-os para junto de Dai-Haime.
Alice, estava em choque, não sabia se morria de raiva ou se agradecia. Dai-Haime os chamou e pediu ajuda. Eles se entreolharam e logo entenderam o que deviam fazer.
Os 5 se ajoelharam, e mais 3 outras garotas, que também possuíam alguma Metanaturalidade, vieram ajudar.
A forte dose de energia vital começou a atingir a moça, que reagiu de imediato. Logo sua respiração ficou mais intensa, Dai-Haime pode sentir seu coração pulsar com mais força. E então notou que o poder de cura era muito maior do que esperava.
Muito mais! Uma energia restauradora intensa como ele nunca havia visto antes. Parou, se levantou e ficou olhando os 4 Iones trabalharem. As outras moças também pararam. Impressionadas.
Pouco a pouco as queimaduras foram sumindo, e o aspecto da moça voltou a ser saudável, até que ela despertou. Os iones pararam. O brilho branco foi sumindo de suas mãos suavemente.
Parecia que os 4 haviam trabalhado com a mesma intensidade, mas Dai-Haime, que tinha uma visão mais apurada, percebeu que não. Todos ajudaram mas um deles, um magrinho, de cabelos castanhos e feições ligeiramente orientais, poderia ter feito tudo sozinho.
Dai-Haime ficou a fitá-lo boquiaberto. - Mas isso é... Incrível. - Era sem dúvida o curandeiro mais poderoso que ele já vira. Três ou 4 outros na Terra se igualavam. Mas aquele rapaz era desconhecido, e com aquele poder, valeria muito em qualquer lugar.
"Será que é isso?! É por causa deste rapaz que aqueles fanáticos... Pelo Universo! Ele deve valer uma fortuna! Seria disputado pelas Cidades Utópicas."
A moça se levantou e suas colegas a abraçaram chorando de alegria. Enquanto Dai-Haime mergulhava em pensamentos. Não era o único, Alice e Djane também estavam impressionadas. Sabiam o que aquilo significava. Alice até se esqueceu da bronca que ia dar nas infratoras. Mas então, como tendo chegado a uma súbita conclusão, o rapaz se dirigiu a Alice.
- Bom! Tudo isso podia ter sido evitado. Agora eu vou levar esses Iones e se ninguém mais me importunar eu juro que esqueço aquele arranhão no meu carro!
Alice não sabia o que responder. Tentou dizer que não sabia que eles estavam ali, mas o quê era pior? Passar por uma mentirosa ou por uma líder sem controle de suas pupilas? Então, uma voz decidida gritou.
- Espere aí!!! - Era Xivia Pesel. Desceu da moto. Tinha os cabelos curtos, pintados de um amarelo artificial, quase brancos. Era robusta, evidentemente forte, e se aproximava de Dai-Haime com ar soberano.
- Já que é assim! Que tal nos os disputarmos!?
- O quê?! - Respondeu Dai-Haime. E ela continuou.
- A maioria de nós não sabia que eles estavam aqui. Foi coisa daquelas duas. - E apontou para Siana e Xiria, as espertinhas.
- E daí?! - Perguntou Dai-Haime.
- E daí que não pode nos culpar. Vamos começar de novo. Foi um mal entendido. Que acha de disputar-mos esses Iones numa luta franca!? Corpo a corpo!
Dai-Haime ficou a encará-la intrigado. Era evidente que ela era forte, devia ser uma lutadora eficiente. Ele se sentiu tentado.
- Eu te desafio! Ou está com medo de mim! - Insistiu Xivia.
- Sem eu usar meus poderes, eu suponho. - Disse o Metanatural.
- Claro. Ou acha que não dá conta comigo?
Era um desafio peculiar. Ele sabia da responsabilidade em jogo. Não era hora de se deixar levar por um ego masculino e infantil. Mas havia um detalhe. Dai-Haime estava muito esgotado energeticamente. O esforço de cura consumiu muito seus poderes. Demoraria para se recuperar. Se entrasse em combate contra todas elas de novo talvez não fosse capaz de vencê-las, e detestaria ter que fugir.
Considerou bastante. A moça era muito forte, isso ele percebia, mas ele também era. Sua força era aumentada pela Metanaturalidade, além de seus reflexos e sua auto cura automática e instantânea. Ele também era, mesmo sem usar poderes mais elaborados, um lutador formidável.
Além da oportunidade de decidir a questão sem ter que apelar para um novo confronto violento contra todas as moças e suas motos, havia também um certo ego a ser satisfeito. Ele quis lutar com ela. Ficou subitamente excitado com a idéia.
Xivia era muito bonita. Corpulenta embora insinuante. Tinha 1,81m. Bem mais baixa que ele, que tinha 1,91, mas ela era sem dúvida mais pesada. Tinha seios fartos e braços que pareciam ao mesmo tempo fortes e suculentos. Ele continuou a encará-la, e a via cada vez mais abrir um sorriso.
Olhou para Alice e ela confirmou que caso ele vencesse poderia levar os Iones.
- Tudo bem! Eu aceito!
Marcus Valerio XR
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Índice


Parte 1

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Contos de FC


Parte 3

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