Observação: Este texto foi desenvolvido em paralelo com o texto sobre TELE TRANSPORTE, de modo que são relacionados. Num determinado momento, será aconselhável que você siga um link para um trecho deste outro texto que trata de uma das formas de Viagem Espacial.

Ao invés de "A Fronteira Final", talvez devêssemos considerar o espaço como a primeira grande fronteira real, pois toda nossa história e capacidade de deslocamento até hoje é insignificante diante dos desafios das viagens espaciais.

Ao longo das eras, desenvolvemos transportes animais, aquáticos, máquinas terrestres cada vez mais rápidas, transportes aéreos e por fim espaciais, já tendo começado a explorar nosso próprio sistema solar. Com esse histórico, muitos podem pensar que viagens para o espaço distante são apenas uma questão de tempo. Um passo natural a seguir. No entanto, nossas viagens espaciais até agora se deram dentro do mesmo sistema estelar, em distâncias meramente Interplanetárias. A partir daí, a nível Interestelar, as coisas são bem diferentes. As distâncias espaciais se tornam, literalmente, astronomicamente maiores que as que vencemos até hoje.

Tendo a Terra meros 13 mil km de diâmetro, não possuímos nenhuma distância superior a cerca de 20 mil km para ser percorrida. A distância entre o interior de Minas Gerais e o interior do Japão é a mesma tanto indo pelo Oceano Pacífico como pelo Atlântico e Índico.

A distância entre a Terra e a Lua é de cerca de 350 mil km, e já enviamos sondas a distâncias de cerca de 6 bilhões de kms, percorridas em décadas. Mas isso nada é comparado às distâncias interestelares facilmente cruzadas nos filmes de Ficção Científica. Entre outras coisas, Cem Bilhões de voltas em torno da Terra, que resultaria numa distância superior ao do tamanho do Sistema Solar, não são suficientes para nos levar nem mesmo a um décimo do caminho para a estrela mais próxima. E isso em séculos.

Ou seja. Não seria surpreendente se a soma das distâncias percorridas por todas as pessoas que vivem e já viveram na Terra, COMBINADAS, não superasse uma única distância interestelar!

Os mais ousados projetos de motores iônicos espaciais da atualidade não tem qualquer esperança de construir naves capazes de se mover a velocidades superiores 200 ou 300 mil km/h, o que faria viagens até a estrela mais próxima demorarem 15 mil anos.

Portanto, para viabilizar as famosas viagens espaciais da FC, é inevitável conceber métodos de deslocamento em velocidades colossalmente superiores, e o primeiro problema a ser considerado é o limite da...

VELOCIDADE DA LUZ

Outrora havia crenças de que não se poderia alcançar os "extremos" da Terra, que não se podia construir máquinas voadoras mais pesadas que o ar, que o organismo humano não poderia suportar velocidades superiores à do som. Assim, muitos pensam que afirmar que não se pode viajar a velocidades superiores à da luz seja apenas um preconceito de nossa época, do mesmo tipo dos anteriores.

Mas é um engano insustentável. Todas essas crenças eram baseadas em evidências fraquíssimas e em praticamente nenhuma ciência da natureza. Mas que não podemos superar, nem mesmo alcançar, a velocidade da luz, que é de cerca de 1 Bilhão e 80 milhões de km/h, ou 300 mil km/s, é baseada numa fortíssima teoria científica, exaustivamente testada e extremamente bem sucedida em ampliar nossos conhecimentos e capacidades tecnológicas.

Segundo a Teoria da Relatividade Geral, nenhum objeto físico pode se mover à velocidade da luz exceto se fosse transformado em energia, o que fatalmente o destruiria. A aceitação dessa limitação física é tão grande que praticamente inexistem autores de Ficção Científica que a desconsiderem.

Assim, resta então conceber meios de driblar essas limitações, ou aceitá-las, já que a física contemporânea não tem ajudado muito. Tal aceitação é muitíssimo limitadora, nos levando a conceber naves lentas que demoram centenas ou milhares de anos para atingir seus objetivos.

Neste caso, os autores podem trabalhar com algumas possibilidades, tais como:

1 - Naves Não Tripuladas. São as únicas que já são realidade, visto que já lançamos diversas sondas automáticas tanto para outros planetas quanto pelo sistema solar. A sonda Voyager II, lançada em 1977, já ultrapassou a órbita de Plutão. Mas além disso, também podemos considerar outros tipos de naves automáticas, com as mais diversas missões.

2 - Naves Geracionais. Seriam naves grandes, de preferências imensas, com vasta infraestrutura, provavelmente uma biosfera, e muitas pessoas que viveriam suas vidas e se reproduziriam ao longo do caminho, de modo que a geração que atingisse o local de destino teria nascido no espaço. Curiosamente, um dos usos mais interessantes desse conceito é aquele que só se revela ao final, como no caso de uma estória aparentemente passada num planeta, mas que ao final se revela uma imensa nave geracional.

3 - Tripulação em Criogenia ou Suspensão Temporal. Auto explicativo, propõe levar tripulações congeladas ou protegidas dos efeitos temporais por algum outro artifício que faça o tempo passar mais lentamente. Embora esta última seja mais complexa, podendo ser utilizada inclusive para a nave inteira. Isto é, os viajantes experimentariam uma passagem de tempo mais lenta que a ocorrida exteriormente. (Cabe observar que este NÃO é exatamente os caso dos filmes da série Alien, onde apesar de haver congelamento, as naves se deslocam acima da velocidade da luz, como pode ser claramente visto no livro Alien - O 8o Passageiro, que serviu de base para a construção do roteiro do filme. Bem como é facilmente dedutível pelas tempos de viagem descritos nos filmes.)

4 - Naves Semeadoras. Seriam aquelas que, não tripuladas, ao chegar no destino "criariam" os colonizadores, se for o caso. Poderia conter material genético congelado, ou mesmo informações para construção de seres vivos, inclusive pessoas, até mesmo com a vantagem de poder adaptá-los à novas condições ambientais.

Todas essas concepções, porém, têm em comum o fato de que os viajantes perderiam o contato com o mundo de origem, passando a agir por conta própria, sendo então, basicamente, êxodos espaciais, o que já passa a delimitar grandemente as características de uma estória.

QUEBRANDO A "BARREIRA" DA LUZ

Mas somente a concepção de naves bem mais rápidas pode satisfazer aqueles que querem desenvolver estórias mais dinâmicas, onde os viajantes vem e vão de seus sistemas estelares de origem. Por isso tem sido tão comum, na verdade predominante, que os autores de FC concebam naves mais velozes que a luz. Antes porém, vamos considerar concepções de naves capazes de se mover no limiar dessa velocidade.

O principal motivo que dificulta o desenvolvimento de velocidades tão extremas é basicamente energético. Não sabemos como poderíamos propulsionar naves a taxas tão elevadas. Mesmo considerando impulsões iônicas, propulsões nucleares ou velas solares, o fato, é que não sabemos nem por onde começar!

Se conseguirmos desenvolver formas revolucionárias de produzir energia em massa, que mudariam radicalmente nossas vidas, poderíamos minimizar esse problema. Mas ele não é o único, há também as questões relativas à inércia. Também não conhecemos estruturas que poderiam suportar uma aceleração até a velocidade da luz em tempos muito menores que um mês. Muito menos a estrutura física humana.

Curiosamente esse problema pode envolver a solução de um outro, que é a simulação de gravidade por aceleração. Em meu texto sobre GRAVIDADE ARTIFICIAL, considerei que uma das formas de simular gravidade seria exatamente numa nave capaz de acelerar à velocidades extremas, mantendo a aceleração numa taxa equivalente à da gravidade, ou maior ou menor, dependendo da situação. Deste texto, importo o seguinte gráfico.

A nave manteria aceleração de cerca de 9.8 m/s2, simulando gravidade, e a meio caminho poderia mudar de posição e passar a desacelerar na mesma taxa, caso a manutenção e conforto dos passageiros seja prioridade. No entanto, mesmo nessa aceleração, ainda levaria anos para atingir a velocidade da luz!, sem a manobra de desaceleração, claro, e sem considerar os problemas de aumento infinito de massa previsto pela Relatividade Geral.

Poderíamos, no entanto, usar acelerações bem maiores com naves não tripuladas, ou com passageiros super humanos. Mas como Ficção Científica costuma envolver posturas contrárias às da Navalha de Ockham, podemos também considerar algum tipo de sistema de neutralização da inércia, permitindo acelerações mais intensas sem causar danos às estruturas quer sejam biológicas ou não, e ao mesmo tempo driblar o problema do aumento progressivo de massa.

A seguinte, eu importo da concepção do Universo DAMIATE, exposta pela primeira vez na coluna lateral do Capítulo 4 do PLANETA FANTASMA.

VIAGEM HIPER VIBRACIONAL

Trata-se de uma tecnologia que permitisse induzir na estrutura física de toda a nave, incluindo a carga e seres vivos, uma "super condutividade" da força eletromagnética que mantém a matéria coesa. Tal alteração não resultaria em instabilidade nas funções físicas comuns, de modo que todos os fenômenos naturais permaneceriam normais a não ser pelo fato de que a energia cinética aplicada pelos impulsores da nave seria transferida para todas as outras partes de modo muito mais rápido do que ocorreria em situação convencional

Ou seja, a mesma impulsão brusca que danificaria a estrutura da nave, e cuja aceleração lesaria ou mataria seus ocupantes, poderia ser aplicada na nave que estivesse em estágio hiper vibratório, pois a "flexibilidade" das ligações eletromagnéticas permitiria que a energia de impulso fluísse, isto é, fosse transmitida para todos os pontos das estruturas à velocidades suficientemente elevadas para impedir danos. (PLANETA FANTASMA - Capítulo 4 - Viagem Espacial Hiper Vibratória. Coluna Lateral. Com adaptações.)

Com tal recurso a aceleração de naves à velocidades muito próximas a da velocidade da luz dependeria mais da produção de energia, embora possa-se considerar níveis de hiper vibração. E dessa forma, tal artifício seria equivalente a de fato transformar a nave em energia.

Ainda assim, dificilmente isso implicaria em atingir a velocidade da luz em si, pois pela Teoria da Relatividade Geral, quanto maior a velocidade, mais se gastaria energia, num proporção que fatalmente seria infinita. Analogamente, não é tão diferente de conseguir acelerar uma aeronave na atmosfera, onde a resistência do ar aumenta numa proporção superior à da velocidade.

Pode-se conceber outras formas de driblar o problema da inércia, mas ele tem que ser abordado, pois nenhum sistema de amortecimento puramente mecânico parece ser suficiente para viabilizar acelerações tão extremas em tempo menores do que ao menos alguns dias.

Esse problema não é novo. Júlio Verne já o enfrentou em sua Viagem à Redor da Lua, onde teve que conceber um sistema de amortecimento para que os astronautas não fossem esmagados pelo lançamento de sua "nave", que foi realizado nada menos que por um tiro de canhão.

Infelizmente não foi uma idéia bem sucedida, resultando num absurdo driblado pela licença poética.

ACIMA DA VELOCIDADE DA LUZ

Mas mesmo que atingíssemos a velocidade da luz, seria pouco. Demoraríamos décadas para chegar a qualquer dos vários planetas extra solares conhecidos, e por enquanto nenhum deles parece ser tão interessante quanto o nosso. Ela permitiria, entretanto, exploramos muito eficientemente nosso próprio Sistema Solar, visto que poderíamos cruzar quaisquer distâncias em poucos dias.

Mas para distâncias maiores, é impreterível se mover a velocidades muitíssimo superiores. E assim, é preciso conceber modos de superar tal limitação, e inicialmente, só há Duas Formas Lógicas de fazê-lo, embora possam se misturar. (E embora eu pretenda acrescentar uma terceira.)

Uma é se mover a Velocidades Superluminais, acima da luz, em geral por meio de burlar as leis físicas;

Outra é usar um Caminho mais Curto. Que pode ser simplesmente Pegar um Atalho, ou até mesmo "encurtar" o próprio caminho.

Veremos então algumas das mais usadas soluções no campo da FC. Mas antes é muito importante lembrar que a Teoria da Relatividade Geral na realidade não proíbe movimentos superluminais, e sim que entidades subluminais, a matéria, incluindo energia, com a qual interagimos, se movam acima da velocidade da luz, bem como entidades superluminais, como as teóricas partículas táquions, se movam a velocidades abaixo da luz.

Ou seja, a Física contemporânea prevê movimentos mais rápidos que a velocidade da luz, o que ela não admite é que a matéria comum possa fazê-lo.

DISTORÇÃO DE ESPAÇO

A famosa Dobra Espacial / Space Warp de STAR TREK, baseia-se em conceitos da mesma Teoria da Relatividade, em especial na previsão de que certos fenômenos literalmente "encolhem" o espaço e fazem o tempo passar mais devagar. A idéia é cercar a nave com um campo de distorção do "tecido" espaço-tempo, de modo a comprimir a distância, e ou aumentar a velocidade.

Matematicamente, foi conceitualizada e formulada com maior precisão pelo cientista mexicano Miguel Alcubierre, que propôs uma distorção que produziria uma espécie de onda no tecido espaço tempo que empurraria a nave. Nesse caso, a nave em si ficaria parada, o que se move é o próprio espaço em torno dela, e assim a "barreira" da luz não é violada, visto que o movimento superluminal em si é feito pelo próprio espaço, que não é matéria.

Esta seria então uma forma de Velocidade Superluminal que "dribla", embora não viole, as leis físicas, visto que a Teoria da Relatividade Geral não prevê qualquer proibição do tipo para distorções no espaço tempo. Algo similar ocorreria com o Teletransporte de Espaço, isto é, aquele que não move realmente a matéria, mas sim o próprio espaço, carregando a matéria junto, como na obra Campo de Batalha Terra de Ron L. Hubbard.

Como para todos os efeitos a nave em si está parada, o problema da inércia também não se coloca.

Mas também poderíamos pensar na distorção de espaço de uma outra forma, que por vezes também é sugerida por alguns autores. Como se na verdade fizéssemos o próprio caminho encolher. Ou seja, a Meia Dobra Espacial. Seria como se, ao percorrermos uma estrada, a parte por onde estamos passando ficasse menor. Se fosse um percurso de 100km, por exemplo, e nossa velocidade máxima fosse de 100 km/h, naturalmente demoraríamos 1 hora de viagem. Mas se criássemos um campo de distorção em torno de nosso carro que fizesse a estrada ficar com metade do tamanho, teríamos feito o mesmo percurso, na mesma velocidade, em meia hora! Quanto maior for o nível de distorção, mais encurtaríamos a distância.

Ou para ser mais exato, é como se a nave que utilizasse um fator de dobra que reduzisse o espaço para metade, estivesse percorrendo metade do caminho, chegando ao destino duas vezes mais rápido. Na concepção de Alcubierre, e de STAR TREK, não é bem assim que ocorre, pois o encolhimento do espaço que ocorre à frente acaba compensado pela amplificação que há atrás.

Há muitas dificuldades teóricas nessa concepção, mas ela é seguramente plausível, de acordo com nossos conhecimentos físicos atuais. Os maiores problemas seriam como gerar tal distorção, como impedir que a mesma afetasse outros corpos próximos, ou na concepção de mero encolhimento, o próprio interior da nave.

Alguns sugerem que somente algumas rotas específicas poderiam ser trilhadas, sendo impossível, ou perigoso, fazê-la próximo a centros gravitacionais muito fortes, como planetas e estrelas. O que apontaria para "caminhos" pré traçados no espaço interestelar.

ATALHOS ESPACIAIS

Portais espaciais são uma noção também já antiga na Ficção Científica. Este é da série de TV Buck Rogers no Século XXV, de 1979, baseada num personagem literário homônimo de 1928.

É a idéia de que, apesar de nossas limitações de velocidade, poderíamos achar "portais" que interligam pontos distintos do espaço, ou construí-los. As fendas espaciais, portais dimensionais, pontes de Einstein-Rosen, túneis de "minhoca" espaciais, etc.

Ou utilizaríamos dispositivos artificiais, como os Stargates, tema que é melhor desenvolvido no texto em paralelo sobre TELETRANSPORTE, onde explico esse conceito que se conecta diretamente com a concepção de Teleporte Super Dimensional.

Aqui, quero acrescentar outro trecho de minha concepção no Universo DAMIATE, que por sinal também está reproduzido no texto sobre Teleporte.

Quando a Galáxia se formou (...) a expansão não se deu de forma totalmente harmônica. Alguns pontos de concentração de energia insistiam em se manter coesos, nos primeiros instantes, não compartilhando da dispersão típica da demais e maior parte. Esses pequenos "nós" de matéria concentrada terminaram por gerar pequenos colapsos similares a buracos negros, porém, sob a pressão da expansão, alguns foram divididos em pares. Os que não o foram terminaram por ser vencidos pelos processos de expansão normal e foram enfim desintegrados, os que se dividiram passaram a resistir a pressão da expansão simplesmente trocando conteúdo um com o outro. Ou seja, ao serem submetidos à (...) repulsão (...) reagiam transferindo forças, energia e matéria de um para o outro, num incessante vai e vem, desse modo, "enganando" o processo de expansão.

À medida que o universo foi se expandindo e se acalmando, esses pontos de concentração acabaram gerando rupturas no tecido espacial normal, que ficaram conectadas, (...) Essa ligação, porém, não está no espaço normal, mas sim no hiperespaço, livre da ação das forças fundamentais e agindo como se fosse matéria expandida em estágio hiper vibratório, de modo que a distância entre um ponto e outro é, pelo hiperespaço, irrelevante, visto que qualquer fluxo de energia ou matéria em estado hipervibratório que se aproxima de um portal é simplesmente puxado para o lado oposto, esticado ao longo do trajeto se acomodando à hiper ligação e "escoando" pelo túnel até ser lançado do lado oposto. (PLANETA FANTASMA - Capítulo 4 - Viagem Espacial Hiper Vibratória. Coluna Lateral. Com adaptações.)

Um tratamento mais completo desse assunto está dado Aqui no texto sobre Teletransporte

Enfim, é importante lembrar que das duas formas lógicas supra citadas, a Meia Dobra Espacial e os Portais Espaciais são variações da idéia de pegar um caminho mais curto, com a diferença de que a primeira faz o caminho normal encolher. Já a concepção de Dobra Espacial de Star Trek / Alcubierre funciona na prática como a Velocidade Superluminal.

Um "Acelerador" Espacial na breve série de tv Space Rangers, de 1993, que teve apenas 6 episódios.

HIPER ESPAÇO

E por ter falado neste, vamos ao mais popular conceito utilizado na FC, que é o de Viagem Hiperspacial, idéia que se desenvolveu lentamente desde a primeira metade do século XX, mas seria popularizado por STAR WARS.

Fartamente difundida e utilizada por vários autores, inclusive Isaac Asimov, o conceito de Hiperespaço, no entanto, não tem respaldo em uma teoria científica, sendo uma idéia quase exclusiva da FC. Mas alguns autores a sustentam vagamente sobre o conceito matemático de quatro ou mais dimensões. Tal como fiz no texto TELETRANSPORTE, vou também aqui recomendar que se conheça esse conceito de Quarta Dimensão no texto BIG BANG para Principiantes, no vídeo Cosmos - O Limiar da Eternidade, ou no livro PLANOLÂNDIA.

Neste caso, o Hiperespaço seria, mais uma vez, uma forma de encurtar o caminho, porém, por outro lado, seria também um espaço alternativo onde as leis físicas fossem mais flexíveis, o que permitira por exemplo uma velocidade da luz muito maior. Ou seja, há então essas duas tendências na conceituação de Hiperespaço, que seguem as duas formas lógicas já referidas.

Primeiro, vamos ver sua concepção como, mais uma vez, uma espécie de "atalho".

Imaginenos que num planeta qualquer duas aeronaves precisem ir do ponto A ao B. Se uma delas pudesse cortar por dentro do planeta, por um túnel subterrâneo, evidentemente percorreria uma distância menor que aquela que voasse contornando o planeta. Podemos vir do Japão ao Brasil sobrevoando o planeta e acompanhando sua curvatura (cerca de 20 mil km), mas se fossemos por uma passagem subterrânea que atravessasse o centro da Terra, economizaríamos nada menos que 7 mil km!

Lembremos que durante muito tempo pensávamos que o mundo era plano. Ao menos até Aristóteles, provavelmente ninguém neste planeta conseguiria imaginar claramente que o mundo fosse encurvado, por isso a idéia de que seria possível cortar caminho por baixo da Terra pareceria inconcebível. Por analogia, podemos pensar algo similar. Nosso Universo parece algo tridimensional, com distâncias bem evidentes, onde o menor caminho entre duas estrelas seria uma linha reta. Mas a distância entre duas cidades afastadas uma da outra, na mente de nossos ancestrais, também pareceria uma reta, embora estivesse curvada sobre a circunferência planetária. Podemos então, por falta de algum conhecimento mais avançado, sofrer da mesma limitação, e não perceber que haja um modo de encurtar a distância entre dois sistemas estelares.

Assim como a Terra nos parece "plana", 2D, apesar de ser "esférica", 3D, nosso universo pode nos parecer 3D apesar de ter uma outra aparência na Quarta Dimensão. (Alguns físicos tem teorizados configurações bastante exóticas para a estrutura do tecido espaço temporal, bem mais distorcidas e confusas que a imagem ao lado.)

A luz da estrela B chega até a estrela A como se fosse uma reta para os seres tridimensionais, mas estaria seguindo "curvas" 4D. Se fosse possível penetrar nesta dimensão, o Hiperespaço, poderia-se cruzar a trajetória AB num caminho tetra dimensionalmente mais curto.

Em Babylon 5, é mais ou menos assim que o hiperespaço se comporta, como uma espécie de dimensão paralela menor, que abrevia distâncias, e que é acessível por portais artificiais fixos, ou portais gerados pelas próprias naves, em geral as maiores. E diferente das obras de Asimov, onde a viagem pelo hiperespaço é praticamente um teletransporte, sendo realizada quase instantaneamente, em B5 as viagens dentro do Hiperespaço podem durar vários dias.

Entre a Terra e Epsilon Eridani, 8,5 anos luz de distância, que é onde fica a estação, a viagem dura cerca de 3 dias. E também, mesmo naves pequenas e sem capacidade de penetrar no hiperespaço por conta própria, podem utilizar portais fixos, e podem mesmo ficar a deriva, impedidas de sair por algum problema técnico.

Mas, como já dito, o Hiperespaço também pode funcionar como a outra forma lógica de se conceber a viagem espacial, que é desenvolver Velocidade Superluminal. Ou seja, como uma dimensão onde a velocidade da luz seria muito maior, ou haveria algum fator que permitisse que fosse ultrapassada, ficando mais fácil impulsionar a nave a velocidades extremas. Podemos vislumbrar a seguinte analogia.

Nenhum submarino consegue chegar sequer a 90 km/h, pois a resistência na água é muito maior que a do ar, mas algumas lanchas barcos já atingiram cerca de 500 km/h, assim, um hipotético submarino que pudesse emergir e navegar acima da água utilizando esquis, ou seja, se transformasse num barco, se locomoveria muito mais rápido acima que abaixo d'agua. (Ainda que, por terem que ser mais resistentes, submarinos sejam bem mais pesados e robustos que barcos comuns, principalmente os mais rápidos, que são leves. Um barco submarino imaginário com as características descritas aqui exigiria uma engenharia mais sofisticada que a atualmente em uso.)

Da mesma forma, aeronaves são sempre mais rápidas que barcos. Um hidroavião, por exemplo, voa muito mais rápido do que navega. Assim, hipotéticos barcos aviões certamente também seriam assim. Se pudéssemos ter um submarino voador, tal qual o saudoso Subvoador da antiga série de TV Viagem ao Fundo do Mar, mais uma vez seria muito mais rápido no ar do que sob a água.

Com isso, entenderíamos porque alguns autores de FC gostam de usar o termo emergir do, ou para o, hiperespaço, e aliás, alguns utilizam o conceito com o nome de subespaço, pois seria uma dimensão onde a "resistência do espaço", ou a "barreira da luz", seria mais fácil de ser superada.

Ainda mais ilustrativo é pensarmos que um avião voando na estratosfera entre duas cidades qualquer estará percorrendo um caminho menor que um foguete que se mova entre as duas cidades cruzando a exosfera, pelo espaço. No entanto, o foguete chegará mais rápido, pois fora da atmosfera poderá desenvolver velocidades maiores por não ter que enfrentar a resistência do ar.

Atualmente, nossos aviões comerciais vão do Brasil ao Japão em no mínimo 22 horas, voando a cerca de 900 km/h. Mas num futuro próximo aviões hipersônicos que sobem até o espaço poderão fazê-lo em cerca de 4 horas, a velocidades aproximadas de 5.000 km/h. Tal velocidade é inviável de ser obtida na atmosfera, mas relativamente fácil de ser atingida no espaço. O mais importante, porém, é notar que o hipersônico percorrerrá uma distância maior, porém, a velocidade muito superior compensará o desvio.

Ou seja, nessa concepção de hiperespaço temos o inverso da concepção anterior. Aqui, o caminho não é exatamente mais curto, podendo até ser mais longo, mas pode ser percorrido mais rapidamente.

Ou seja, o Hiperespaço é um conceito bem flexível que permite várias interpretações, respeitando apenas os parâmetros básicos óbvios, de tratar-se de um tipo de espaço paralelo que permite cobrir distâncias muito maiores em menor tempo, e que geralmente requer algum tipo de dispositivo para ser acessado.

Antes de adentrar numa terceira possibilidade lógica, desenvolvida por mim, vamos apenas comentar um recurso estético que foi imortalizado por STAR WARS. A visualização de um "Salto" para o Hiperespaço, onde as estrelas aparentam se mover, literalmente "saltar" aos nossos olhos, como na famosa cena abaixo.

Porém, esse efeito me parece muito improvável. Se nos fosse possível "ver" frontalmente uma aceleração para velocidades muito acima da luz, mesmo milhões de vezes mais rápido, ainda assim não veríamos as estrelas se movendo em tamanha velocidade. Poderíamos, no máximo, ver a estrela para onde estamos indo se aproximando, mas as demais, no fundo, aparentariam movimento lento, ou mesmo imobilidade.

Penso que um efeito mais plausível seria o seguinte.

É possível que víssemos as estrelas brilharem com mais intensidade, dado que estamos indo mais rápido que a luz e, dessa forma, iríamos "acumulando" a luz que nos chega. Ao mesmo tempo, deveria haver um decaimento espectral para o violeta, pois esse comprimento de onda, sendo mais lento, se acumularia numa taxa mais alta. Se olhássemos para trás, além de vermos as estrelas se apagando, elas tenderiam a decair para o vermelho.

Ao invés disto...
...provavelmente isto.

Ou, assista a Carl Sagan-Cosmos-Traveling-Speed of Light para uma interessante especulação a respeito de como seria a visão de algo se movendo à velocidade da luz, com direito a efeito túnel.

Mas isso é apenas uma especulação visual estética. Na realidade seria muito difícil que nos fosse possível "ver" alguma coisa, até mesmo porque a manobra para o hiperespaço costuma ser vista como uma saída do espaço normal.

MACRO DIMENSÃO I

Uma das maiores conquistas de um escritor de FC é ser original, e por isso mesmo a maioria dos autores tem a sua própria visão de Hiperespaço. Assim, pretendi desenvolver também uma abordagem original, mesmo que já tenha visto uma ou outra idéia que se aproxime.

Trata-se de, efetivamente, desenvolver uma terceira forma de viagem espacial que não seja, literalmente, nem Encurtar o Caminho, ou pegar um Atalho, nem a Velocidade Superluminal.

Mais uma vez, desenvolvi essa idéia preliminarmente no PLANETA FANTASMA, o que por sinal atrasou um bocado o lançamento do capítulo 4, visto que eu queria apresentar uma abordagem nova e coesa de Hiperespaço.

Pode ser difícil imaginar uma alternativa a tão limitadas possibilidades, mas, sendo honesto, ela seria equivalente ao encolhimento de caminho da Meia Dobra Espacial, porém, no sentido inverso, AUMENTANDO O TAMANHO DA NAVE. Ou seja, o caminho seria feito mais rapidamente não porque ficou mais curto, mas porque a nave ficou gigante!

Imaginemos que uma pessoa corra dando passos de 1m, e assim demora 100 passos para cobrir 100m. Mas se ficasse de repente 20 vezes maior, daria, evidentemente, apenas 5 passos.

Essa idéia mexe com algumas outras previsões de teorias científicas atuais, como as "micro dimensões" da Teoria das Cordas, que aqui, devidamente invertidas, se tornariam macro dimensões. Bem como a previsão da Teoria da Relatividade de que um objeto acelerado a velocidades próximas a da luz aumentaria de massa, e possivelmente também de tamanho, a proporções que por fim inviabilizariam que continuasse sendo acelerado.

Além disso, também aplica de uma forma bastante direta o conceito matemático geométrico de Quarta Dimensão, que como foi frisado no texto sobre Teletransporte, não tem que ser necessariamente a dimensão do Tempo, ou o Tempo em si.

Pelo conceito matemático de 4 dimensões, sabemos que:

0 D = Ponto;

1 D = Linha / Reta;

2 D = Plano / Quadrado;

3 D = Volume / Cubo;

4 D = Hipercubo.
Também conhecido como TESSERACT.

Cada dimensão adicional é como uma ampliação das anteriores.

No entanto, observe que a cada dimensão, aumenta-se grandemente a anterior. O ponto não foi apenas duplicado, mas aumentado centenas de vezes, o mesmo se deu com a linha e o plano. Lembrando que devemos ignorar as aparentes dimensões do ponto, como se ele fosse uma esfera, ou da linha, como se fosse um cilindro, etc.

O fato é que aumentamos o cubo para uma representação de Hipercubo que aparenta ter o dobro do tamanho, apenas para se ter uma noção didática. Se seguirmos o mesmo padrão, o hipercubo deveria ser centenas, milhares de vezes maior que o cubo. Na realidade, seria infinitamente maior, mas podemos nos contentar com um punhado de zeros à direita.

Cada vez que entra numa dimensão superior, o objeto é forçado a assumir uma dimensão nova que equivale a uma ampliação incalculável de seu tamanho original. Assim, se uma nave entrar na Quarta Dimensão, ela tenderia a aumentar milhares de vezes em relação ao seu tamanho tridimensional.

Assim, essa concepção de Hiperespaço, como uma Quarta Dimensão Espacial, nos leva a idéia de uma MACRO DIMENSÃO, ou um Macro Espaço, onde os objetos provenientes de dimensões inferiores obrigatoriamente assumiriam um tamanho relativo muitíssimo maior, conservando todas as suas demais propriedades intactas.

Se uma nave se movendo a um décimo da velocidade da luz demoraria 50 anos para chegar na estrela mais próxima, se ela entrasse na Macro Dimensão, mesmo que mantendo sua velocidade relativa, e aumentasse ao menos mil vezes, faria a viagem em menos de um mês.

A questão toda passa a ser: Como penetrar nessa dimensão?

Aparentemente, seria necessário encontrar uma ruptura, uma abertura que permitisse o acesso, tal como um portal natural. Da mesma forma como o mundo tridimensional parece poder conter infinitos mundos bidimensionais sobrepostos, talvez a Quarta Dimensão, ou o Macro Espaço, conteria infinitos universos tridimensionais. Assim, qualquer acesso a uma dimensão superior só poderia provir desta dimensão superior.

Ou talvez seria possível forçar uma passagem. Se os habitantes de um hipotético mundo 2D conseguissem concentrar uma quantidade significativa de matéria num único "ponto" de seu universo, talvez chegasse a um limite onde essa matéria forçaria o escape para a terceira dimensão. Assim, promover um acesso ao hiperespaço implicaria em promover um artifício, possivelmente algum tipo de "buraco negro" que geraria um colapso no espaço normal forçando a passagem para a Macro Dimensão.

CLAVE ESPACIAL

Em inglês, eu daria a esse conceito o nome de Space Wedge, ou Hyperspace Wedge. Mas, convenhamos, a tradução literal "cunha espacial" é no mínimo deselegante. Por isso, após testar terminologias como chave, optei por CLAVE, para dar um proposital tom mais exótico, "musical" (típica e irresistível analogia da Teoria das "Cordas"), e ainda se assemelhar a palavra clava, dando idéia de algo que "força" uma passagem para o Hiperespaço.

Assim, uma nave teria que, após acelerar o suficiente, de preferência com um sistema de Hiper Vibração, lançar um tipo de "bomba" à sua frente, que ao "explodir", causaria um colapso no tecido espacial, permitindo a nave adentrar na Macro Dimensão.

Se houvesse seres 2D fazendo algo equivalente, é provável que nós, seres 3D, sequer os percebêssemos, visto que seriam microscópicos. Aliás, é uma das possibilidades sugeridas pela Teoria-M e sua ordenação de dimensões. Assim, o que quer que haja no hiperespaço, é possível que sequer se dê conta de nossa intromissão.

Resta então, conceber como sair da Macro Dimensão.

MACRO DIMENSÃO II

A nave 3D estaria no espaço 4D por algum tipo de artifício. Quando isso fosse suspenso, desativado, a nave não poderia continuar no hiperespaço, sendo naturalmente jogada de volta ao espaço normal. Penso que tal artifício seria obviamente a Hiper Vibração, que permitiria a flexibilidade da matéria e a expansão obrigatória induzida pela Macro Dimensão. Na falta ou redução dessa flexibilidade, a nave não poderia mais se expandir, e impedida de manifestar sua característica 4D, não poderia mais existir nessa dimensão.

Claro que podemos pensar também que ela poderia ser aniquilada, ou definitivamente alterada de modo a não mais poder voltar ao espaço normal. Se pensarmos num ser bidimensional que penetrou na terceira dimensão e com isso adquiriu obrigatória tridimensionalidade, podemos concluir que tendo se tornado 3D, jamais poderia voltar a ser 2D, da mesma forma como é fácil perceber que nós jamais poderíamos nos tornar bidimensionais.

É por isso que insisto em acrescentar a Hiper Vibração, que permitiria uma simulação macro dimensional, e não uma verdadeira tetradimensionalização. De forma análoga, se o ser bidimensional não se tornasse realmente 3D, apenas simulando essa característica como forma temporária de se manter no mundo 3D, assim que tal simulação fosse suspensa, voltaria ao espaço 2D.

Lembrando da animação das dimensões acima, veja que usamos um padrão regular de expansão da dimensão zero para uma simulação de quarta dimensão, o Tesseract. Mas nada exige que um quadrado 2D teria que se tornar um cubo. Poderia apenas ganhar uma altura mínima. A animação na verdade representa qual seria o limite máximo de uma expansão regular. Haveria então um limite de expansão. Para a linha, seria o equivalente 2D de seu comprimento 1D. O Hipercubo seria o equivalente 4D de seu volume 3D. Ocorre que, ao que tudo indica, esse aumento tenderia ao infinito, a não ser que estabeleçamos uma medida referencial mínima dizendo que todo ente possui medidas supradimensionais fundamentais.

Assim, a entidade bidimensional não teria de fato "altura" zero, e sim mínima, e evidentemente regular. A linha também teria medidas mínimas de 2D e 3D, e o ponto, assim como todas a entidades de qualquer dimensão, teria na verdade todas as dimensões, mas todas mínimas.

Assim nós também teríamos todas as dimensões, porém só conseguimos perceber 3 porque só nelas possuímos uma medida significativa, sendo mínimos nas demais. Essa medida mínima seria do tamanho de uma "Partícula Fundamental", uma entidade quântica indivisível. Se fosse do tamanho de um Quark, então seria simples calcular o quanto seríamos maiores na quarta dimensão, bastando multiplicar nosso volume pela quantidade de quarks que temos de altura.

Um número que simplesmente não caberia aqui.

Mas, O MAIS IMPORTANTE, é que não conseguimos de modo algum visualizar a quarta dimensão efetivamente. O que podemos fazer é simulá-la, ou aplicar uma noção equivalente. Assim, uma nave tridimensional não se tornaria de fato tetradimensional ao adentrar a Macro Dimensão, mas sim, simularia essa nova dimensionalidade por meio de uma expansão irrefreada de suas dimensões naturais. De mesmo modo, um ser bidimensional não poderia nunca se tornar, de fato, 3D, mas poderia simulá-lo.

Exemplos de como entidades 2D podem simular efeitos 3D sem jamais assumirem de fato uma terceira dimensão. Ao lado, o quadrado que parece vir em nossa direção apenas está aumentando de tamanho. E, afinal, nesse exato momento você está diante de uma tela que embora simule maravilhosamente a tridimensionalidade, é, de fato, 2D! Os pixels luminosos que compõem as imagens, se vistos de lado, são praticamente bidimensionais.

Na verdade, qualquer das animações anteriores que simule tridimensionalidade é um exemplo de como o 2D pode simular o 3D. E com isso, basta lembrarmos o conceito anterior de que nosso universo 3D possa estar numa forma 4D que não conheçamos, da mesma forma como os seres bidimensionais podem acreditar estar num mundo plano, embora este seja curvado na terceira dimensão.

Além disso, algo similar ocorre até mesmo com nossa experiência normal. Embora sejamos tridimensionais, nossa visão funciona como se fosse 2D, simulando tridimensionalidade. Essa simulação envolve inclusive aumentar ou diminuir o "tamanho" visual de objetos de acordo com a distância. Nossa própria noção de tridimensionalidade é baseada mais numa manipulação perceptiva de duas dimensões, a ponto de podermos até nos enganar quanto ao real tamanho de objetos dependendo da distância.

Enfim. Talvez não se justifique tanta preocupação em como sair da Macro Dimensão visto termos que apelar a conceitos tão exóticos. Mas não custa nada ao menos apontar os problemas potenciais e possibilidades solucionais.

Para finalizar essa parte, quero apenas apontar uma consequência bizarra da possibilidade de se ascender a uma dimensão superior, que seria o fato dos seres 3D voltaram "invertidos", isto é, no caso de um ser humano, voltar totalmente "espelhado", com órgãos internos todos no lado oposto, bem como sua percepção e lado dominante trocado.

Embora perfeitamente são e íntegro, quem é canhoto poderia voltar destro, com o coração batendo no lado direito, com aquela cicatriz na perna direita no lado esquerdo, etc. A explicação para isso é simples.

O objeto 2D, enquanto no mundo bidimensional, só pode se mover, girar ou aumentar num único plano, em torno de um eixo Z, altura, imaginário. Somente passando para a terceira dimensão poderia girar também em outros dois eixos, X e Y, podendo voltar invertido no plano / eixo original.

Pelo mesmo princípio, um objeto 3D só pode se mover, girar ou aumentar em torno de 3 eixos: X, Y e Z. Mas na quarta dimensão poderia girar em torno de um adicional eixo W, que lhe permitiria, por meio de um movimento análogo a "virar do avesso", se inverter no mundo 3D!

E, claro, isso também poderia acontecer a teleporters.

FINALIZANDO

Sem pretender esgotar o assunto, e recomendando a leitura do texto paralelo TELETRANSPORTE, o tema das Viagens Espaciais é bem mais vasto, abrangendo outras possibilidades interpretativas, baseadas ou não na física contemporânea.

O mais importante é notar que é preciso recursos muitíssimo mais avançados do que os atuais para lograr viagens interestelares. Recursos estes que certamente não se limitariam apenas à questão das viagens espaciais.

Séres como Alien ou Battle Star Galactica parecem incrivelmente contraditórias ao apresentar tecnologias de deslocamento superluminal, bem como Gravidade Artificial, e ao mesmo tempo tecnologias tão primitivas em quase todos os outros aspectos, sem dar qualquer justificativa para isso.

Se as viagens interplanetárias já tem sido realidade, as interestelares são um sonho bem longínquo, e as intergalácticas são tão mais improváveis que a própria FC tem sido modesta em abordá-las. Apesar de bordões comerciais tolos que vivem falando em estórias intergalácticas, o fato é que bem poucos autores realmente levam suas estórias num âmbito tão amplo, até pelo simples fato de que apenas uma galáxia com seus bilhões de sistemas estelares, é muitíssimo mais que suficiente para ocupar as mais férteis mentes.

A Via-Láctea tem mais de 100 Mil Anos-Luz de diâmetro. Para que um dia possamos singrar a galáxia de um extremo ao outro em menos de um dia, como se faz em STAR WARS (que se passa em uma outra galáxia, muito distante, porém totalmente equivalente à nossa), teríamos que nos mover quase 40 milhões de vezes mais rápido que a luz, e apesar de todas as idéias apresentadas, não há esperança de que qualquer pessoa da atual ou da próxima geração tenha sequer perspectiva de quando isso poderá acontecer.

No entanto, nossa mente é um universo à parte, ainda mais vasto e complexo que uma galáxia, e sonhar com a exploração da galáxia é, sobretudo, explorar a criatividade, desafiar a imaginação.

Isso podemos fazer. Que as viagens interestelares sejam uma alegoria das viagens intra cognitivas, nos levando ao auto conhecimento, e sempre que possível, indo onde jamais se esteve antes.

Marcus Valerio XR

Maio e Junho de 2011
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