Oi Marcus,

Olá Mari, vamos nós outra vez!

Adoro opiniões diferentes ,pois são enriquecedoras . Como sempre digo , a dialética é a mola propulsora da evolução. Achei seu posicionamento bem fundamentado ,porém muito positivista.

Será que entendemos a mesma coisa por "Positivista"? Você diz isso com respeito a minha noção de um processo histórico que prevê eventos similares aos previstos por Marx?

Quanto à trilogia, analisei o terceiro filme muito superficialmente, e com base em previsões já realizadas.

Mas o terceiro filme, Matrix Revolutions, ainda é um mistério! Depois de ver o segundo que fui me convencer disso. Ele não foi nada previsível apesar da imensa boataria. Foi muito surpreendente. Por isso acho muito difícil deduzir a linha que o terceiro filme irá desenvolver. Também escrevi um trabalho que comentou algo sobre The Matrix, a monografia Heróis da Areia, e apesar de minhas observações serem diretamente afetadas pela perspectiva do segundo filme, nem me atrevi, ainda bem, a tentar deduzí-la. Da mesma forma como sobre meus comentários a respeito dos Episódio I e II de Star Wars.

A monografia está com o Paulo Coelho , ele é atarefado, mas não é incompetente, garanto que ele é leitor veroz de tudo o que cai em suas mãos , pois ele não dorme...

Pode ser. Mas duvido que ele tenha lido meu livro.

Quanto ao erro de digitação por você presumido, como todo gênio da UnB que presume acertadamente sobre tudo, você acertou! Fôra um erro de digitação. Como deixei para mexer no negrito ao final do texto, acabei esquecendo de colocar o negrito no "e". Apenas na qualificação do erro é que você errou. E você respondeu-me certíssimo:foi o capeta.

Como eu disse. Este foi o mais feliz erro de digitação que já vi em muito anos! "Capetalismo"! Ou será que foi um tipo "ato falho" freudiano?

Nossa , mas eu sou uma legítima pentelha... mas aqui estou eu de novo , para mais uma interpelação. Se estiver saturado , é só apertar delete, você não gastaria nem 0,5 calorias para isso. Mas por favor , não faça isso! Você não sabe como é difícil para eu ter a oportunidade de debater , primeiro que meus amigos inteligentes são todos tarados(desculpa o termo).

Eu jamais faria isso! Adoro dialogar.

Meu namorado é engenheiro civil e não sabe nem quem é Marx, só sabe calcular e construir. Meu pai está com uma senectude profunda e crônica ,que depois de tanto estudar na vida, passou a ser viciado em novelas de Globo e até chora se não ver. E como as mulheres não tem tantos neurônios:), retiro minhas amigas ,sobrando para mim ,você , que é bem esclarecido e conheço bem a procedência, e confio em suas idéias além de não concordar em 100%.

Acho legal é que você tem espírito esportivo sem se prender a futilidades. Li rapidamente uma parte daquele seu texto sobre ciúmes . Como pedagoga, penso que o ciúme é cultural mesmo , pois teve como princípio um fator biofisiológico , como , por exemplo , o fato de no Brasil o casamento ser monogâmico significa uma proteção da saúde humana , já que num país tropical onde há boa parcela da população que é literalmente ignorante quanto aos riscos de doenças que o ato de transar indiscriminadamente pode fomentar ; a ineficiência sólida dos anticoncepcionais ( quase todos tem efeitos colaterais gravíssimos , e o preservarivo , seja masculino ou fenimimo tem grandes chances de se romperem, além do fato de ser o Brasil também um país em que as pessoas preferem carnaval , a se instuírem , onde apenas uma reduzida elite médica detém importantes segredos técnicos como o fato de se ter chance de 90% de se contrair AIDS caso tenha uma relação sexual completa com mais de 1 parceiro , num período máximo de 15 anos , segredos de como o vírus efetivamente se instala no organismo humano , ou como obrigatoriedade do uso do KY antes de uma relação sexual.

Uau! Você disse um monte de coisas aqui. E não consegui separá-las.

Bem. Meu texto sobre CIÚMES foi escrito há alguns anos, e não esperava abordar diretamente a Monogamia, para o qual tive um diálogo pessoal similar, embora não sei se seja possível publicá-lo sem expor as partes envolvidas, e o acho até melhor que o sobre ciúmes.

Minha análise se resumiu mais ao sentimento generalizado de ciúmes e suas várias dimensões, e não me ocorreu uma abordagem da questão sanitária, embora ache que ela é por demais incidental. Acho que a preocupação sobre a saúde tem baixíssimo impacto sobre o sentimento de ciúmes, em especial no prisma que abordei, que foram o sentimentos de prioridade sexual, posse e afetividade, respectivamente como coloquei, PROTO-Ciúme, ETNO-Ciúme e ERO-Ciúme.

Num país em que as pessoas são assim desinformadas , como estimular que se tenha mais de um parceiro sexual e ao mesmo tempo? Seria um homicídio em larga escala, com pacientes com doenças fatais de contágio venéreo . Logo , para o bem geral da nação , sejamos monogâmicos , a Igreja Católica apóia e assim não irás para o inferno.

Primeiro. Não me ocorreu estimular comportamentos de ninguém, mas sim adicionar-lhes racionalidade com o objetivo principal de prevenir os problemas, não raro tragédias, que a confusão do sentimento de Ciúmes evoca em nosso complexo contexto cultural. Costumo sim fazer críticas à Monogamia, mas apenas como instituição cristã que se secularizou e tem força de lei, afetando diretamente a vida de pessoas que, mesmo de comum acordo, poderiam optar por uma experiência diferente.

Segundo. Não vejo como a Monogamia contribua para saúde pública, uma vez que é exatamente sua institucionalização que obriga as pessas a esconderem seus relacionamentos paralelos. Se tudo fosse mais aberto, a vigilância de ambas as partes poderia até aumentar a segurança sanitária.

Para citar um exemplo simples, os países islâmicos são em geral poligâmicos, e, com a exceção dos menos desenvolvidos e de maiores índices de pobreza e ignorância, não tem índices de disseminação de doenças venéreas maiores que os países cristãos monogâmicos.

Não acredito que o sentimento de ciúme sirva como mantenedor da Monogamia para efeitos de saúde pública. Primeiro, porque o ciúme ocorre na Poligamia praticamente da mesma forma, apenas enfocando mais, talvez, o que chamei de Etno-ciúme. Segundo, porque não me ocorre usar o sentimento de ciúme como um freio ao adultério, na verdade nem faz sentido.

Casos extra conjugais só fariam sentido naquela discussão quando flagrantemente descobertos, o que creio, não ocorra na maioria esmagadora dos casos, e dessa forma não há o sentimento de ciúme, que era o objeto daquele ensaio.

O velho código civil castigava os adúlteros femininos até mesmo após o advento da camisinha , agora resolveu, o legislador ,dar uma trégua. Ser fiel, sentir ciúmes , não é meramente cultural, mas uma necessidade de sobrevivência , os brasileiros precisam acreditar na fidelidade e sentir ciúmes!

Eu não trabalhei o assunto dessa forma. Não se trata de combater o ciúmes em si, mas o modo como suas diferentes manifestações se confundem e trazem muito sofrimento desnecessário. Acho que ninguém tem que acreditar em nada, simplesmente. Quem quiser ser fiel que seja, quem quiser sentir ciúmes que sinta. Mas que não o faça por pressão dos costumes.

Como futura advogada ,penso que ciúme é uma violação aos direitos fundamentais de ir e vir e de livre expressão, prevista no artigo 5º da Constituição Federal.

?! Mas Ciúme é um sentimento! Ele não pode violar lei alguma! É individual, íntimo, inviolável e por si só, inviolante! O que o Cíume pode é, associado a ignorância ou segestionabilidade dos indivíduos, ser a mola impulsora de uma série de ações que aí sim, podem incorrer em violações legais, e mesmo que não o façam, trazem sofrimento quase sempre evitável e dispensável.

Mas cá pra nós , será que está realmente na essência dos seres humanos ter que amar (lembre -se que amar também é uma criação humana, é cultural) uma única pessoa , para o resto de suas vidas?

A-há! Aí está a confusão. Ainda que Amar seja essencial ao Ser-Humano, o que para mim, É TOTALMENTE VERDADEIRO, o que isso tem haver como a MONOGAMIA PERPÉTUA! Ele não é parte integrante do Amor, e pode sim, e deve, ser vendida separadamente.

Porque nasci numa cultura monogâmica ,nunca tive facilidade de gostar realmente de dois ao mesmo tempo. Aliás o fenômeno é automático: quando noto que o cara só tem uma simples atração ou uma paixãozinha ( que de acordo com os psicólogoss , só dura no máximo 7 anos , pois é como o fogo que qualquer água apaga), já começo a desgostar dele. Sei que isso não é objeto para ser tratado aqui,...

Qualquer objeto pode ser tratado aqui.
Não creio que alguém sério deveria se atrever a quantificar a paixão, mas o interessante neste trecho é que você declara que sua dificuldade em "gostar" de mais de um um ao mesmo tempo é decorrente de sua formação cultural. É a isso que dirijo minha críticas.

...mas não mudei muita coisa , continuo a viver no mundo da lua ( depois te conto sobre meu desejo obcessivo de querer visitar a lua) ,ainda sou levada mais pelas minhas intuições do que pela minha racionalidade, o que é melhor que ser levada pelo instinto puramente.

Creio que você, e todo mundo, seja mais levada por intuições que por racionalidade. Principalmente os Filósofos! E instintos... Só podem levar animais, talvez nem a estes, puramente.

Por isso nunca entro pelo cano , criei uma auto cultura só para mim mesma. Até entendo que alguns homens tenham alta taxa de testosterona , e usam a mulher muitas vezes como objeto sexual, mas tento fugir disso, pois acho que tenho um valor maior. Mas vamos mudar de assunto , isso esta muito tosco e incoveniente, sobretudo torpe e patético.

Que inconveniente nada! Veja só quanta coisa interessante. Você afirmou que criou uma auto cultura, o que muitos julgam impossível. Mas pergunto. Nesta auto cultura a inclusão da Monogamia foi consciente?

Me divirto muito em conversar com as mesmas pessoas coisas que conversava a cerca de 5 anos atrás , depois de longa data sem se ver. Dá uma sensação de que as coisas e pessoas estão sempre evoluindo para melhor, mesmo que alguns piorem , outros estão mais intimiddos , outros desbocados( não aponte para mim e não denuncie que há uma doida estudando na UnB!). Senpre te admirei pela inteligência , mas me parece que atualmente , seus argumentos estão mais pertinentes e densos. Estais cursando Filosofia na UnB? Eu também estou estudando lá só pela manhâ , mas já estou colando grau no dia 22 de setembro , às 19:00 hs no Centro Comunitário, isso é um convite , queria chamar a Zeca , mas jogaram for o telefone dela fora...

Você está num idade boa para perceber essas mudanças no desenvolvimento pessoal das pessoas. Nessa fase de transição, os jovens mudam muito rápido. Não tenho certeza quanto a mim, mas creio que meus argumentos devem ter ganho mais um vocabulário técnico do que densidade. Ou pelo menos não tenho facilidade em perceber a mudança. Creio que ninguém tenha.

De qualquer modo noto uma diferença notável entre o que escrevia antes e o que escrevo agora. Mas creio que seja mais a formalização do que o conteúdo.

Estou sim na Filosofia da UnB. Teoricamente terceiro semestre, mas pessoalmente estudo Filosofia há muito mais tempo, e sou filósofo desde que me entendo por gente.

Quanto a colação, acho que dá para ir, mas a Zeca está em Monte Alegre. E já mora lá há uns dois anos. Aliás, caso ainda não saiba, o irmão dela, meu tio, faleceu no começo do ano.

Pois é , hoje estou com vontade de digitar... Não, é só porque eu estou mais uma vez movida pela mola propulsora da curiosidade, que é como uma energia, uma força ébria que me consome e logo após me fortalece , pois procuro saná-las com pessoas friamente selecionadas , assim usufruo de bom êxito, mesmo sem ter vivenciado muitos fatos, mas,diga-se de passagem, inteligentes são os que aprendem com os mais experientes , pois eles já traçaram tudo o que eu ainda nem pensei em traçar. Olha, não estou te chamando de velho , de modo algum! Nossa ,sei que estou sendo muito prolixa, mas é aquela mania minha de estar sempre viajando , mas até que retiro benefícios disso.

Ora, os mais experientes sem dúvida possuem muito a ensinar, mas eles não traçaram, e nem poderiam, todos os caminhos. Há sempre coisas novas a se descobrir, e se é importante absorver o que pudermos da experiência alheia, mais importante ainda é trilharmos a nossa própria e termos muito clareza quanto a isso, pois cada pessoa é única, e nem sempre, aliás quase nunca, a experiência de um serve para outro.

Um deles é que não existem fatos , mas interpretações , como dizia Kant.

Acho que quem usava mais essa frase era Nietzche, e podemos até usar uma frasesinha de efeito do tipo:
"O Fato, é que não existem Fatos. Somente Interpretações. É isso também é uma Interpretação,"

Interpretar é o ato mais sublime que possa existir , pois supera a mera explicação, a mera repetição , produz novas soluções para os problemas.

Muito bem dito.

Por isso gosto de viajar muito. Quem sabe no futuro os brasileiros não se dêem conta disso e se despreendam das garras inflexíveis da cultura e do ciúme para atingirem suas próprias felicidades . Digo próprias porque o que é felicidade é muito subjetivo, o que é felicidade para uns é comer doces , para outros é namorar muito, para outros é se instuir. Para mim felicidade é ver os que gosto felizes e estar sempre me superando com novos desafios e perspectivas. Eu , por exemplo,tenho meu próprio jeito de ser feliz, quero ser muito competente naquilo qee faço.

Por acaso, estou as voltas agora exatamente com a definição de Felicidade, no curso de Ética.

Acho que não quero casar( acho o casamento o artifício mais meramente cultural que existe) , pois nunca iria me entregar a uma rotina alienante , mesmo estudando muito, gosto de ter liberdade para ousar e soltar a franga com moderações.

Praticamente Todas as pessoas de minha idade que conheci diziam isso. Praticamente Todas casaram, até eu, ainda que por menos de 7 anos. Mas Casamento talvez seja mais do que mera instituição cultural. Acho difícil conceber a vida humana sem a idéia de conviver com alguém que se gosta. O problema é o mesmo da monogamia, quando se torna instituição social obrigatória, que não leva em conta a natureza e espontaneidade das pessoas.

Tenho critérios que adoto sempre quando escorrego na vida que são o da razoabilidade (afastar o absurdo , trabalhar com o passível de solução); o critério da previsão das consequências e o critério da Força Pedagógica ( força de estar sempre me instruindo). Estou lhe contando tudo isso, pois tenho(junto com uma amiga minha) planos de no futuro fundar uma escolinha que forme pessoas evoluíddas de fato , conscientes de uma excelente qualidade de vida , com yoga , importância da leitura , diálogo, respeito aos direitos humanos, estudem filosofia e líguas variadas, uma escola anti mercantilista. O projeto ainda está bem modesto, mas queria saber o que você acha, e se gostaria de participar. Sei que a Silvana adora alfabetização, poderia contar para ela também ,se ela quiser, é claro, poderemos incluí-la. Tenho muitos amigos realmente engajados com educação e estou bastante esperançosa , queria até que fosse no Lago Sul, por ser um local preservado e com muita área verde. Até o Filipinho poderia estudar lá!

Belo Projeto. Também tenho alguns parecidos. Aliás, projetos é que não me faltam. Difícil é realizá-los. Mas você diz muito bem o que se segue:

É ,sem sonhos não sairemos do canto ,né ? Um abraço da sua amiga

Tem toda razão. Todo projeto é um sonho. E sem Sonhos, a Realidade é uma Ilusão.

Mariana

Saturday, September 6th 2003 - 07:04:29 PM

Muito Obrigado.

Marcus Valerio XR
mv@xr.pro.br
11 de Setembro de 2003