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Imaginemos uma nave que pese algumas toneladas. Em seu interior um sistema que ao ser acionado
reduza gradativamente a força gravitacional, suponhamos que sejam os 3 hemisférios escuros ao
seu fundo.
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Num nível suficiente a nave começará a flutuar devido ao
empuxo, ou, num planeta sem atmosfera, dado a "força" centrífuga da rotação planetária, se suficiente.
Não seria necessário sequer a anulação total da gravidade.
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Se a nave quiser subir mais rápido, ou no caso de ambientes sem atmosfera, necessitará de
alguma outra forma de impulsão, que devido ao baixo peso causado pelo anulador gravitacional
será pouco dispendioso, mesmo jatos de ar comprimido poderiam ser suficientes.
O sistema porém garante apenas o deslocamento vertical, para se mover horizontalmente a nave
também necessitaria de direcionadores. Impulsores de ar ou foguetes poderiam empurrar a nave
na direção necessária. Outra idéia interessamte, no caso de vôos atmosféricos, são os Indutores
de Vácuo, que, na direção desejada, causariam um tipo de colapso molecular no ar afim de abrir
um vazio, que atrairia a nave em sua direção.
Muitas obras de FC apresentam concepção similar, assim como as modernas mitologias ufológicas.
Poucos porém percebem um óbvio problema com essa idéia. Se o sistema fica na parte inferior da
nave, podemos inferir que tudo o que lhe esteja acima será afetado, incluindo sua carga e
tripulação. Portanto, mesmo voando em um planeta, tudo no interior da nave estaria sob o efeito
da microgravidade. E mais, outras naves que a sobrevoassem pouco acima também poderiam ser
afetadas.
Outro problema é que dependendo da amplitude do campo de anulação, até o empuxo poderia
ser inviabilizado, pois o ar também seria afetado pelo campo. Num túnel vertical estreito por
exemplo, o empuxo poderia ser anulado, exigindo outra forma de impulsão.
Insisto que uma boa obra de FC não tem que ser tão minuciosa em detalhes, mas deve se
precaver de cometer erros tolos de contradição como estes.
Ainda assim o sistema seria muito versátil. Para descer, bastaria reduzir o nível da anulação.
O que num sistema onde não houvesse anulação gradativa, mas sim um corte brusco na gravidade,
só seria possível subir ou descer repentinamente, pois para estabilização no ar seria necessário
uma redução não total da gravidade.
Para uma máxima eficiência, esse sistema teria que estar sempre associado a outros
métodos de impulsão, e seu modo de operação seria muito similar ao dos dirigíveis, uma vez que
a nave se tornaria então um tipo de balão.
Também podemos conceber esse efeito para personagens com Super Poderes.
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Imaginemos um ser que desenvolva a capacidade, não interessa aqui de que natureza, para anular
ou atenuar a gravidade em torno de si mesmo.
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Ele também poderia flutuar apenas pelo empuxo, ou poderia ao mesmo tempo que reduz a gravidade
promover uma impulsão vertical, dando um salto.
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Isso por si só não permitiria um vôo propriamente dito, mas já seria uma habilidade bastante
útil. Com uma redução gravitacional suficiente, o personagem poderia dar saltos de altitude
indefinida, ou cair de grandes alturas e atenuar a queda.
No filme chinês
O Tigre e o Dragão
, embora não se especifique isso, os personagens parecem
possuir exatamente esse tipo de habilidade, reduzindo seu peso de modo a promover grandes saltos.
Por fim, para que idéias como essa sejam usadas em obras de FC e Fantasia de modo coerente,
basta que se tenha um noção de quais são os parâmetros do sistema. Coisas simples como:
Quanto tempo ele demora para anular totalmente a gravidade, quanto ele pode anular, consumo
de energia e etc.
Mas, para um autêntico vôo, esse sistema, que chamarei agora em diante simplesmente de
Levitação, ainda deixa a desejar, portanto examinaremos o que
costuma ser entendido mais comumente como Anti-Gravidade.
INVERSÃO GRAVITACIONAL
Uso a palavra Anti-Gravidade de uma forma genérica, para significar qualquer das possibilidades
apresentadas aqui, porém esse termo em si não faz muito sentido.
Anti-Gravidade propriamente dita seria uma força equivalente a gravitacional, mas capaz de
repelir, e não atrair os corpos. Ao que tudo indica isso simplesmente não existe na natureza,
nem mesmo em forma de Anti-Matéria, pois os Grávitons, partículas que supostamente transportariam
a Força Gravitacional, são neutros, isto é, não existem Anti-Grávitons.
Portanto, para ser melhor concebida, seria um artifício que invertesse a Força Gravitacional
existente, e não que criasse uma outra força.
Aqui também teríamos o dilema de se seria possível apenas uma inversão brusca, o que daria
num sistema de pouca versatilidade, ou gradativa, e neste caso, seria na verdade um efeito
contíguo à Levitação, que após atingir 100% de anulação da gravidade, passaria a produzir a
inversão.
O raciocínio então não muda muito. Se o processo se desse de forma rápida, a nave, ou o
Super Ser poderia disparar para o alto com muito maior velocidade, ou melhor dizendo, com a
mesma velocidade permitida pela aceleração da gravidade, iria "cair para cima".
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Na Terra, essa capacidade permitiria um descolamento vertical acelerado a
9.8m/s2, ou seja, atingiria quase 10m/s(36km/h) em menos de um
segundo e assim sucessivamente, até que a resistência do ar, que também aumenta ao quadrado,
determinasse a velocidade terminal. No caso da Terra, cerca de 250km/h.
O problema é que mais uma vez isso só permitiria movimento vertical. Para se mover na
horizontal seria necessário outra formas de impulsão, ou pelo menos recursos aerodinâmicos para
utilizar o ar para manobrabilidade. Uma forma de fazer isso seria utlizar asas.
Como a personagem poderia regular e intensidade da gravidade, positiva ou negativa, poderia
usar o ar para se alinhar horizontal e diagonalmente, ou utilizar outros modos de impulsão,
especialmente no caso de aeronaves.
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Do mesmo modo que a Levitação, a Inversão também afetaria todo o interior de uma nave, a não
ser que exista um método de isolamento do efeito, o que apresenta ainda mais problemas. Com isso
seu uso para vôos comerciais por exemplo poderia ficar comprometido.
Com uma inversão total da gravidade, a nave subiria como se estivesse caindo de "cabeça para
baixo", isso seria sentido pelos passageiros e objetos no interior do veículo. Seria absurdo
imaginar uma nave que inverta, ou apenas neutralize a gravidade, voando livremente enquanto seus
passageiros se comportam como se estivessem a bordo de um avião qualquer, pois eles estariam em
microgravidade. Tudo flutuaria a bordo da nave.
Em termos de nosso paradigma físico atual, não é muito difícil idealizar a Levitação, pois
bastaria, de algum modo, deter a ação dos Grávitons, dissipá-los, desviá-los etc, de modo que
não conduzam a força gravitacional ao objeto. Porém pensar na inversão é bastante complicado.
A Gravidade não funciona como o Magnetismo.
Alguns autores concebem a idéia de que a nave poderia se isolar da Gravidade da Terra, e
sintonizar a de um outro astro, para ser atraída por este. O problema é que a gravidade de
qualquer outro astro é muito debilmente sentida na Terra, mesmo a da Lua. Seria necessário
então um processo de amplificação de gravidade.
E nada ainda supera o problema deste sistema depender de outros recursos para permitir
direcionamento horizontal. Alguns supõem então que além de neutralizada e invertida, a gravidade
poderia ser também desviada, o que permitira movimentos não verticais.
Porém, até aí já acrescentamos várias hipóteses em cima de hipóteses, em Ciência essa
proliferação de suposições é indesejável, pois seleciona-se em geral a Teoria com menor número de
hipóteses, a Teoria mais simples.
É por isso que proponho então um outro modo de conceber a Anti-Gravidade, tomando emprestado
a idéia de que a Gravidade possa ser desviada. Ora, se isso for possível e de modo ilimitado,
então simplesmente não há necessidade de inversão. Pois poderíamos usar a:
DEFLEXÃO GRAVITACIONAL
Se a idéia de inverter a gravidade me parece excessivamente improvável, a de defletí-la,
desviá-la, me parece algo mais plausível. Há várias formas de deflexão na natureza, de campos
magnéticos a feixes eletromagnéticos. A própria luz pode ser defletida entre outros meios pela
própria Gravidade, num fenômeno chamado "Deflexão Gravitacional da Luz".
Mas o que me refiro aqui é à deflexão da própria Força Gravitacional. Trata-se de um
hipotético meio de fazer com que a Gravidade, ao invés de atrair os corpos diretamente, os
atraia obliquamente, em curva, em ângulos maiores de 0 grau.
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Algum processo faria com que o vetor de atração gravitacional se desviasse, causando uma
atração em curva que quanto mais acentuada maior aproveitamento teria. Ao atingir 90o
o resultado seria similar ao de entrar em órbita, ou seja cair infinitamente pela tangente do
planeta.
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Mesmo um ângulo de 45o já permitiria, por exemplo, um excelente método de tração para
um veículo terrestre, desviando a atração planetária.
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Numa Deflexão desse nível seria como se o carro estivesse descendo um declive de 45o.
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Ângulos de 90o, ou mesmo um pouco inferiores, já permitiriam que aviões voassem
na atmosfera mesmo com pouca envergadura, com a mesma aceleração da gravidade. Aerodinâmicas
mais arrojadas poderiam extender os limites da resistência do ar, que determina a velocidade
final de corpos em "queda" livre. Ou poderia-se usar outros tipos de impulsores a fim de
desenvolver velocidades maiores.
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É provável que o ângulo reto (90o)
seja o máximo possível para a
Deflexão, mas se forem possíveis
ângulos maiores, até mesmo a 180o,
poderemos obter o mesmo efeito da
"inversão" gravitacional sem os
problemas teóricos da idéia de uma
Gravidade Repulsora.
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"VÔO LIVRE"
Levitação e Deflexão Gravitacional
Mas talvez a aplicação mais interessante da Deflexão caia sobre personagens com Super Poderes
de vôo. O personagem NEO do filme Matrix Reloaded por exemplo, apresenta um estilo de vôo
que seria muito próximo do que se esperaria de alguém que dominasse a Deflexão Gravitacional. Uma
dessas características seria que o personagem dificilmente poderia parar no ar, a não ser que
pudesse girar o ângulo da deflexão em torno de si muitíssimo rápido e em voltas completas.
A velocidade com que o personagem pode mover o ângulo da deflexão é crucial, e dependendo de
sua limitação, os resultados podem ser muito interessantes.
Um personagem que defletisse a gravidade de modo lento, uns 5 segundos para uma inversão em
180o, teria que decolar correndo. A medida que o ângulo fosse se acentuando, ele seria
puxado adiante como se estivesse a descer uma ladeira. A não ser que use asas ou outros recursos
de impulsão, somente ao atingir ângulo reto deixaria de tocar o chão, e só acima disso, poderia
ganhar altura.
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O problema é que nesse caso seria muito difícil pousar, na realidade quase impossível em
planetas como a Terra. Lembremos que o personagem voaria numa velocidade determinada,
correspondente à aceleração da gravidade e a resistência do ar. Na Terra, sua média estaria por
volta de 200 a 300km/h.
Uma vez voando alto, ele teria que descer para voar rente ao chão, e então desviar a atração
da gravidade bruscamente de modo a frear-se. Num caso onde o personagem demorasse mais de dois
segundos para uma deflexão completa isso seria impossível, Se variasse o ângulo na horizontal
ficaria voando em círculos sem nunca variar a velocidade, e tentar cair no chão a 200km/h seria
desastroso, se variar o ângulo na vertical, em um segundo subiria 50 metros.
Portanto o personagem teria que ser muito rápido na variação do ângulo. Mas bolar situações
em que um aprendiz ainda não controle muito bem sua habilidade pode ser bastante divertido.
Outra decorrência, vantajosa, da Deflexão Gravitacional, é que o personagem poderia
literalmente andar nas paredes e no teto, mesmo que variasse o ângulo lentamente, uma vez que
cairia para o lado ou para cima, sendo amparado pela estrutura.
Note que mesmo os cabelos estariam pendendo no sentido da deflexão, portanto a personagem
não se sentiria de cabeça para baixo, e sim apenas veria o mundo invertido. Um técnica de
combate desenvolvida sobre esta habilidade seria extremamente eficaz. Caso a personagem possa
envolver um adversário no campo da deflexão, poderia surpreendê-lo, levando-o contra a parede
ou o teto. Há um exemplo destes em meu livro de FC virtual
ALICE 3947.
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Mas uma mais completa eficiência seria obtida combinando-se as possibilidades de Levitação
e Deflexão Gravitacional. Dessa forma, os problemas oriundos da decolagem e pouso mediante
variações angulares lentas seriam eliminados, pois o personagem poderia defletir a gravidade ao
mesmo tempo que a atenua, e depois liberá-la mantendo o ângulo da deflexão. Portanto, um
autêntico poder de Vôo livre e versátil exigiria a combinação de Levitação e Deflexão, ou uma
capacidade de Deflexão de alta velocidade de variação angular.
Lembremos que a simples Levitação não permite direcionamento de vôo, nem mesmo a inversão,
e para fazê-lo, já seria necessária a deflexão. Porém, se a deflexão for possível juntamente
com a levitação, pode-se simplesmente dispensar a inversão.
AMPLIFICAÇÃO GRAVITACIONAL
E por que falar em intensificação da Gravidade se a idéia é exatamente o oposto?
Porque uma vez que tenhamos a Deflexão, aumentar a gravidade permitiria maior velocidade de
deslocamento. Lembremos que a deflexão permitiria um vôo limitado pela aceleração da gravidade
local, se a aumentarmos, aumentamos a velocidade final.
Dessa forma, a capacidade de Vôo mais versátil e eficiente seria a que reuniria as 3
possibilidades:
- A Levitação (Neutralização Gravitacional)
- A Deflexão, e
- A Amplificação
Com isso, o veículo, ou o personagem, neutralizaria a gravidade para flutuar, defletiria a
atração, e então a liberaria, posteriormente a intensificando.
Insisto em chamar a atenção para a idéia de que essas 3 possibilidades juntas me parecem
bem mais plausíveis do que a possibilidade de uma Inversão de Gravidade. Pelo nosso paradigma
da Física atual, podemos entender as possibilidades com a hipótese dos Grávitons, partículas
que transportariam a força gravitacional.
A Levitação simplesmente neutralizaria, ou dissiparia, a ação dos grávitons, o que não é
difícil de imaginar uma vez que há vários meios de anular outras forças naturais.
A Deflexão desviaria a trajetória dos grávitons, o que também é plausível uma vez que
ocorrem várias formas de desvios na natureza, inclusive do Espaço-Tempo.
E a Amplificação promoveria uma intensificação na atividade gravitônica.
Por outro lado, o que faria a Inversão? Faria sentido que os grávitons passasem a repelir
ao invés de atrair? Lembremos que os grávitons não tem carga positiva ou negativa, não
existem Anti-Grávitons.
CONCLUSÃO
Por fim, espero que essa breve explanação sobre hipóteses fantásticas tenha sido ao menos
agradável. Embora eu acredite nas possibilidades, não tenho qualquer ilusão quanto a suas
probabilidades, e por enquanto uma divagação como essa só tem lugar na Ficção Científica, ou
quando muito, na Fisica Teórica de vanguarda.
Não foram aqui consideradas outras formas de impulsão tão ou mais interessantes, como a
Impulsão Iônica, que já está em utilização, Impulsões eletromagnéticas ou outras possibilidades
teóricas que poderiam resultar em efeitos similares aos da manipulação gravitacional.
Quis falar em Anti-Gravidade porque já é um termo comum entre qualquer apreciador de FC ou
entusiasta científico. Ultimamente já tem sido realizados estudos e experiências científicas em
busca de efeitos anti-gravitacionais, normalmente no sentido de neutralização.
Não quis aqui também, entrar no mérito de como se dariam tais processos mais detalhadamente
em seu funcionamento, mas apenas avaliar as consequências práticas de tais possibilidades, que
muitas vezes são negligenciadas nas obras de FC chegando a gerar resultados rídiculos. Meu
texto sobre Gravidade Artificial fala mais especificamente sobre
alguns destes problemas.
Portanto, voltemos agora a por os pés no chão. Espero que tenha feito boa viagem.
Marcus Valerio XR
Setembro de 2003
- Desenho original de HEART WORK (arte de teor erótico).
Click AQUI
para uma versão grande.
- Desenhos originais de Hajime Sorayama, representando as naves venusianas do ufólogo George Adamsky.
- Uma mistura de duas Lamborghinis, uma Diablo e uma Contach.
- Um caça espacial Colonial Viper, da série de TV Battlestar Galactica.
Todas as imagens foram editadas ou criadas por Marcus Valerio XR, utilizando os programas
gráficos Adobe Photoshop, 3D Studio Max e Poser 4.