rePENSANDO O FEMINISMO

Coletânea de Reflexões Tardias Sobre Feminismo
Publicadas Originalmente no Facebook

X Caracteres
O QUE É FEMINISMO ATUALMENTE?
PRIMEIRA - 31 de Julho de 2014

Diz-se que "O Feminismo é uma luta por Direitos Iguais". Mas num sentido legal não há um só direito que homens possuam e mulheres não, pelo contrário. Assim, o que se quer dizer são COSTUMES IGUAIS.

Quer seja que homens e mulheres se comportem da mesma forma e seus comportamentos sejam igualmente aceitos, e/ou que qualquer comportamento feminino seja tratado com o mesmo respeito.

Mas legislar comportamentos, opiniões e afetos só cabe a Estados brutalmente autoritários, de modo que somente uma revolução cultural, simbólica e estética poderia conseguir tal equalização de mentalidades, eliminando distinções comportamentais entre os gêneros e preferências por comportamentos específicos.

O problema é que o Feminismo parte da ideia de que os comportamentos humanos são Socialmente Construídos, e por isso mesmo insiste nessa transformação cultural crendo que mudar o universo simbólico, estético, linguístico, artístico etc, terá como resultado gêneros com comportamentos perfeitamente adequados a qualquer engenharia social prévia.

Mas os fundamentos comportamentais distintos dos gêneros tem evidente base física, pois seria absurdo esperar que um sexo com capacidade de engravidar, gestar e amamentar tivesse as mesmas propensões psíquicas que o sexo que além de nada ter disso, possui constituição física e potencial biogênico radicalmente diferentes.

Ainda que existam exceções e inversões individuais, as médias gerais permanecem. Comportamentos masculinos e femininos são essencialmente diferenciados entre si em todo e qualquer lugar do mundo, ainda que com variações, quer seja no presente ou no passado. E se algum dia não o forem no futuro, ou forem radicalmente invertidos, certamente o serão por alguma reengenharia física da espécie humana.

Por isso a busca por "direitos iguais" nada consegue além de algumas equalizações modestas, sendo completamente inútil para promover uma verdadeira indistinção entre os gêneros. E feministas como Simone de Beauvoir, Shulamith Firestone, Donna Haraway ou Sally Miller Gearhart sempre souberam disso.

SEGUNDA - 3 de Agosto de 2014

Um pilar teórico central do Feminismo de Segunda Onda, surgido por volta de 1960, é que se o Sexo é dado pela natureza, o Gênero, a parte psicológica, é socialmente construído. Masculino e Feminino seriam apenas imposições culturais que moldariam os comportamentos de cada gênero dentro de seus papéis.

Essa ideologia faz uma aposta convicta de que nada ou muito pouco existe de natural nos modos como homens e mulheres em geral se comportam. Meninos e meninas seriam desde cedo submetidos a todo um universo de símbolos, modelos e padrões de comportamentos que seriam responsáveis pelas diferenças de gostos, atitudes, sensibilidade e até pela heterossexualidade.

Mas não é preciso muito para saber que esse princípio, ainda dominante e sem o qual a maior parte do Feminismo perde o sentido, é absolutamente falso, basta contemplar a realidade da Transsexualidade e da Homossexualidade.

Transsexuais são pessoas que apesar de nascerem com um sexo, tem uma mente com o gênero oposto, mesmo que tenham sido criados dentro de moldes culturais rígidos que os tratam de acordo as expectativas. Se o gênero fosse uma imposição social, a transsexualidade seria impossível. Mas ela se explica pelo simples fato de que além do Sexo, o Gênero também se dá pela natureza, apenas nos raros casos dos transsexuais houve uma inversão, como também pode acontecer com a orientação sexual.

Na grande maioria dos casos tanto a Orientação Sexual quanto o Gênero correspondem perfeitamente ao Sexo. Transsexualidade, homossexualidade, e hermafroditismo são casos excepcionais que fogem à regra geral. Mas são todos fatos naturais que podem inclusive ser verificados no reino animal.

Daí se percebe a incrível inconsistência de um movimento que é capaz de proclamar ao mesmo tempo que a heterossexualidade é socialmente construída, Heteronormatividade, mas a homossexualidade é natural. Bem como apoiar os direitos dos transsexuais de escolher como quiserem os papéis do gênero oposto, e ao mesmo tempo combater esses mesmos papéis que tais escolhas afirmam.

TERCEIRA - 7 de Agosto de 2014

Costuma-se diluir críticas ao Feminismo alegando que não existe um, mas vários feminismos. Verdade que há notável variação e divergências, mesmo dentro da Segunda Onda. A mais expressiva e que tem real penetração política e organização internacional.

Mas há uma fundamentação comum perfeitamente coerente que pode ser facilmente rastreada a uma fonte em meados de 1960, aglutinada em torno da primeira e maior organização feminista do mundo, a National Organization for Women (N.O.W.) fundada no E.U.A. em 1966 pelas maiores expoentes do ramo e subsidiada por várias instituições financeiras bilionárias.

Impossível achar qualquer politica, campanha em larga escala ou conceito teórico amplamente difundido não baseado em algum nível nesta organização, que praticamente centraliza direcionamentos em temas como Estupro, Violência Doméstica, Assédio Sexual, Feminicídio, Disparidade Salarial ou qualquer outra pauta feminista relevante.

Ademais há um preceito teórico perfeitamente resumível e compartilhado por TODO e Qualquer feminismo que tenha de fato algum efeito social, cultural, jurídico ou legislativo. E este diz, basicamente: "As mulheres, como grupo, são sistematicamente oprimidas e exploradas pelos homens, como grupo, por meio de um sistema social ancestral e hierárquico denominado Patriarcado." (Patriarchy)

Qualquer instituição feminista minimamente relevante em qualquer lugar do mundo corrobora essa afirmação, e vê as questões supracitadas como aspectos duma estrutura de relação de poder que as utiliza como forma de oprimir as mulheres obrigando-as a se conformar a papéis de gênero artificialmente construídos.

O objetivo maior do Feminismo não é apenas lidar com tal ou qual questão em especial, mas sim, em última instância, destruir o Patriarcado, o que inclui derrubar a família patriarcal tradicional, vista como instância primordial do poder, 'archê', e solapar a Paternidade, fundamento primário do próprio conceito de 'páter'.

Isso foi declarado larga e explicitamente por fundadoras ou apoiadoras da NOW em livros, revistas, palestras e discursos registrados e acessíveis a qualquer um. E nenhuma pessoa deveria se declarar feminista ou pensar entender algo do assunto sem ter esse conhecimento mínimo.

QUARTA - 13 de Agosto de 2014

Como dito, os feminismos que compõem o Feminismo não são lutas isoladas por questões particulares, mas um esforço coordenado e dirigido que tem o objetivo primordial de combater o Patriarcado.

E este é entendido por meio de adaptação da visão marxista de Luta de Classes, que já havia sido adaptada por movimentos racialistas norte americanos como uma "Luta de Raças", que se subverte a essência do conceito original, ao menos lhe guarda notável semelhança, pois os africanos trazidos às Américas de fato foram uma classe trabalhadora explorada.

Mas na década de 60 as feministas, por meio de subversão ainda maior, passaram a delinear uma "Luta de Gêneros", vendo a história humana como oposição de interesses entre homens e mulheres onde os primeiros, assim como a Burguesia ou os Eurodescendentes, exploram as segundas de modo análogo à exploração de Proletários e Afrodescendentes.

Há uma similaridade parcial, o fato de homens ocuparem a maioria das posições de poder, mas até esta é repleta de contra exemplos, pois sempre ocorreu em toda parte mulheres em tais posições, ao passo que jamais houve negros em posição de poder no período colonial, proletários dirigindo grande indústrias nos tempos de Marx ou plebeus regendo feudos na Europa medieval.

No mais a analogia é puro disparate. São homens que, assim como os escravos e vassalos, se encarregam de trabalhos mais pesados, insalubres e perigosos, têm expectativa de vida menor e são a grande maioria das vítimas de acidentes e assassínios, quer em tempos de guerra ou de paz. Um burguês, no sentido marxista, jamais daria a vida por um proletário como homens sempre fizeram por mulheres, e enquanto a nobreza ou os senhores de escravos dominavam as riquezas deixando seus serviçais entregues à pobreza, homens, mesmo produzindo mais riquezas e ganhando mais dinheiro que mulheres, gastam muito mais com elas do que com si próprios.

Elas sempre foram as destinatárias dos mais caros presentes e luxos, o que praticamente nunca se vê no sentido contrário. Atualmente são as responsáveis por 2/3 do consumo, nossos centros comerciais tem a maioria de suas lojas voltadas ao público feminino, vindo as lojas mistas em segundo lugar e uma parcela ínfima de lojas exclusivamente masculinas. É possível dizer algo vagamente similar de proletários, escravos ou vassalos?

Embora haja pontos a considerar, como a Regulação Sexual, a ideia de um Patriarcado como opressão de gênero sistêmica ao molde de uma opressão de classe ou raça é uma insensatez atroz resultante de uma visão delirante da realidade. Ideia esta que, ao lado da Ideologia de Gênero como Construção Social, formam as duas pernas principais do Feminismo de Segunda Onda.

QUINTA - 19 de Agosto de 2014

Como antes explicado, há algo que mereça o nome de Luta de Classes ou Raças, pois tensões entre civilizações, povos, etnias, segmentos sociais etc, sempre existiram, as vezes de modo evidente e letal. Mas é absurdo falar em Luta de Gêneros, já que homens e mulheres coletivamente nunca se voltaram uns contra os outros em escala notável.

"Guerra dos Sexos" foi uma retórica feminista da década de 1960 e jamais passou disso. Nos embates entre países, grupos ou castas as pessoas ficam ao lado de suas famílias e mesmo uma forte tensão interna quase sempre é intra gênero. O grande tabu edipiano do filho matar o pai, o drama ancestral de Caim matando Abel.

Como seria diferente? Da atração natural entre os sexos e do amor quase incondicional de genitores pelas proles depende a existência das espécies, a humana inclusa. A mulher carrega o fardo esmagadoramente maior do ônus reprodutivo, mas em contrapartida o homem carrega a responsabilidade de se colocar na linha de frente ante qualquer ameaça à espécie, expondo-se mais aos perigos naturais, os riscos da caça, ataques de predadores ou inevitável competição intra humana que decorre dos mesmíssimos fatores associados à escassez.

Assim, embora meninos nasçam em proporção ligeiramente maior que meninas, somente 1/3 deles chegam à velhice, diferente delas. Distribuído no tempo, é um verdadeiro massacre que impede metade da humanidade de viver a terceira idade. Sempre foi preocupação da sociedade que as viúvas fossem assistidas após seus maridos finarem. E não por outro motivo que homens são 95% das vítimas fatais de acidentes de trabalho, especialmente na construção de moradias que na maioria das vezes pertencerão prioritariamente a mulheres. Vivem menos, trabalham mais e contribuem mais com a Previdência para que mulheres possam viver mais, trabalhar menos e usufruir mais dessa contribuição.

Mesmo assim historicamente nenhum gênero se sentiu escravizado, explorado ou oprimido, pois entendia a relação custo benefício destes papéis.

Diante disso, termos uma ideologia que em pleno século XXI declara que mulheres foram oprimidas por um Patriarcado que as escraviza, explora, estupra e mata, e o pior, que ainda são, mesmo na civilização mais abastada, liberal e igualitária de todos os tempos, é algo que mereça ser tratado como opinião respeitável?

SEXTA - 6 de Setembro de 2014

Estudar um sistema de pensamento atuante exige no mínimo examinar 3 instâncias:

1. Análise dos fundamentos teóricos erguidos por seus filósofos e ideólogos originais;

2. A organização para o agir efetivo no mundo, por meio de instituições que obedecem um comando geralmente hierárquico;

3. Os resultados no senso comum e sobretudo em adeptos não atrelados a tais organizações que podem militar em grupos celulares ou mesmo individualmente.

Urge verificar a consistência entre elas, e no Feminismo de Segunda Onda nota-se extrema afinidade explícita entre Primeira e Terceira, sendo na Segunda mais discreta.

As obras que realmente fundamentam esse Feminismo são unânimes em seu diagnóstico do Patriarcado como a origem de todos os males e em seu objetivo de desmantelá-lo por todas as formas possíveis e meios necessários. Para isso é crucial a destruição da família como a entendemos, patriarcal, por meio da fragilização do casamento, enfraquecimento da figura paterna, desvalorização da maternidade e deslocamento do foco feminino de seus papéis tradicionais para papéis tradicionalmente masculinos.

Mas isso tem um péssimo apelo à maioria da população, principal razão da massiva rejeição ao feminismo em especial por parte das mulheres. Assim, a militância organizada por instituições privadas mais cuidadosas financiadas pelas grandes fundações, a exemplo da própria N.O.W., minimizam ou mesmo eliminam esse discurso, que passa a ser focado nos "Direitos Iguais", "Libertação das Mulheres", combate à "Violência de Gênero" etc.

Já na terceira instância, sem precisar prestar contas públicas, ativistas independentes não precisam disfarçar suas pretensões, e em grau mais extremo isso pode ser visto na internet, onde às vezes anônimas, muitas feministas não apenas podem afirmar seu brado contra a família, a maternidade, o casamento, e com frequência externar ódio extremado por todo o gênero masculino.

E se a segunda instância é mais discreta, todas as políticas e influências simbólicas que desenvolveu com alegadas pretensões diversas foram e continuam sendo bastante eficazes em realizar exatamente os objetivos originais, resultando num aumento explosivo do número de divórcios, alienação parental, queda nas taxas reprodutivas, endosso a modelos "alternativos" de família e na desvalorização maciça da feminilidade tradicional, ao ponto de incentivar e banalizar o aborto, expressão máxima da rejeição à maternidade.

SÉTIMA - 27 de Setembro de 2014

Considerando as 4 grandes revoluções por direitos: trabalhistas, raciais, de orientação sexual e de gênero, notaremos na última uma peculiaridade única. Enquanto não se vê trabalhadores se mobilizando contra conquistas trabalhistas, segmentos étnicos contra atacando ações afirmativas ou homossexuais fazendo nítida oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, é flagrante que grande parte, muitas vezes a maioria, do antifeminismo é constituído por mulheres.

Historicamente, ao menos metade da literatura antifeminista foi redigida por mãos femininas, e hoje em dia elas continuam sendo não só lideranças importantes, mas até mesmo vozes do maior destaque no contrafeminismo. Ao mesmo tempo, a maioria das mulheres se mostra indiferente ou mesmo hostil ao feminismo.

Na verdade apenas uma minoria de mulheres, seguramente inferior a 1/5, de fato apoia claramente o movimento feminista atual. Assim, como explicar que as principais beneficiárias do feminismo seriam assim tão refratárias ao mesmo? Algo que não ocorre, ou ocorre em escala incomensuravelmente menor, nos casos dos movimentos homossexuais, raciais ou trabalhistas?

Uma explicação feminista é que o grau de opressão patriarcal sobre a mulheres é tão grande que se encontra internalizado, e que a maioria delas não sabe o que lhes é melhor, precisando então serem esclarecidas e libertadas pelas que se consideram lúcidas e capazes de fazê-lo.

Uma explicação contrária é que as mulheres simplesmente não se sentem sistematicamente oprimidas, reconhecem inúmeras vantagens em seus papéis femininos, gostam de ser como são e querem se casar e ter filhos. Mas é exatamente isso que feministas irão chamar de tal internalização!

Mas uma explicação mais objetiva é que apesar de sempre ter havido iniciativas feministas ao menos desde o século XIX, somente a partir da década de 1960 o Feminismo como o conhecemos ganhou enorme força global, e isso ocorreu porque o mesmo passou a ser subitamente financiado por fundações bilionárias controladas por elites norte americanas. Foi assim que um movimento nada palatável à maioria das mulheres, repudiado pela maioria esmagadora da população, sem qualquer fundamentação intelectual sustentável e com uma quantidade recorde de integrantes em condições psiquiátricas precárias conseguiu se tornar uma das maiores e mais poderosas forças políticas do século XX.

Exatamente por não atender a reivindicações e demandas femininas reais, e sim a interesses obscuros de uma Plutocracia Capitalista, o Feminismo de Segunda Onda é rechaçado justamente por suas supostas beneficiárias, só tendo mesmo apelo entre as poucas militantes que se submeteram a uma ideologia curiosa e hipocritamente temperada de anticapitalismo.

OITAVA - 16 de Fevereiro de 2015

Existem desde sempre iniciativas que podem ser consideradas pré-feministas, ou contendo elementos do tipo, com personalidades como Safo de Lesbos (VII aEC), Hypatia de Alexandria (IVdEC), Christine de Pizan (XIVdEC) ou Mary Wollstonecraft (XVIIIdEC). Mas como movimento ideológico é preciso rastrear duas tendências recentes:

- A marxista, em especial nas figuras de Bachofen, Marx, Engels, Bebels, Rosa Luxemburgo e que praticamente "morre" com Simone de Beauvoir;

- E a liberal que, como diriam os marxistas, é burguesa, estando basicamente centrada em questões das mulheres brancas de classe média a alta, passando por John Stuart Mill, Susab B. Anthony ou Emmeline Pankhurst.

Este último é o que se chama de Primeira Onda do Feminismo, cujos objetivos foram totalmente alcançados na civilização ocidental praticamente meio século antes do súbito surgimento da Segunda Onda, anos 60, que resgata elementos da tradição marxista, em especial seu caráter anti-reprodutivo, que no caso dos marxistas visava diminuir a mão-de-obra barata que beneficiava o modo de produção capitalista. Mas esta nova onda vai muito além.

O Feminismo de Segunda Onda é Total e Completamente ANTI-REPRODUTIVO!

Todas as suas bandeiras, SEM EXCEÇÃO, são direta ou indiretamente anti-reprodutivas e anti-família, quer seja provocando temor nos relacionamentos entre os sexos pelo medo de estupro ou de falsas acusações, quer seja desestimulando casamentos, incentivando o divórcio, alienação parental, desconfiança entre colegas de trabalho etc. Em suma, tentando deflagar uma Guerra dos Sexos.

Robin Morgan, Ti-Grace Atkinson, Adrea Dworkin, Sally Miller Gearhart, Mary Daly, Katherine McKinnon e várias outras autoras, muitas associadas ou mesmo ativistas da NOW, declararam aberta e francamente que o objetivo do Feminismo era destruir o casamento, a família, a paternidade e mesmo a maternidade, bem como qualquer forma de relação heterossexual. Embora os meios intelectuais mais eficientes para isso tenham sido dados por Kate Millet, Susan Brownmiller e Shulamith Firestone.

Tal proposta é evidentemente intolerável para a maioria das pessoas, especialmente mulheres, e por isso politicamente elas se articulam como luta pela igualdade de gênero, contra o estupro ou assédio sexual, contra violência doméstica ou outras bandeiras cuja aparência é integralmente apoiada por qualquer pessoa decente.

Mas meio século depois de uma luta sistemática e incrivelmente uni metodológica, é perfeitamente evidente, e as próprias feministas admitem abertamente, que progresso algum foi feito no sentido de reduzir esses crimes que se prometeu combater. Pelo contrário, alardeiam que estupros aumentaram enormemente, que mais mulheres são assediadas, oprimidas, agredidas e mortas, que é preciso mais esforços, leis, verbas e rigor sem qualquer sinal de nova abordagem.

Contrário a esse fracasso retumbante há o grande sucesso do objetivo real. A taxa de divórcios disparou, metade das crianças é criada longe de seus pais, menos pessoas se dispõem a casar-se e as taxas reprodutivas despencaram.

E isso só foi possível porque o Feminismo passou a ser repentinamente financiado com bilhões de dólares por elites econômicas por meio de suas Fundações "beneficentes".

Com tudo isso, não é perdoável que alguém conhecendo fatos perfeitamente acessíveis a qualquer investigação básica, finja acreditar que o objetivo deste Feminismo seja outro que não exatamente este que as autoras mais sinceras e radicais declararam desde o começo.

NONA - 15 de Outubro de 2015

Conservadores, em especial os considerados "machistas", partem do princípio da inferioridade feminina física e psicológica no que se refere a situações adversas, bem como em competências cognitivas para certos fins. Creem que mulheres são mais vulneráveis e frágeis, precisando de proteção especial contra certas condições, e quer seja numa presunção paternalista ou cavalheiresca, preferem evitar que elas se exponham a situações tidas como arriscadas.

O homem, segundo pensam, aguenta tudo. A mulher a tudo é vulnerável. Por isso está restrita a elas glória e benefício que alguns homens usufruem como recompensa por trabalhos árduos e arriscados, que exigem dedicação não adequada a quem melhor aproveita seu potencial cuidando de crianças ou do lar. Daí a tradicional educação que de cedo adapta meninas a papéis mais modestos e carinhosos, acostumando-as a proteções e restrições especiais.

Embora com nuances que dificultam percebê-lo, o Feminismo possui discurso incrivelmente parecido. Reitera que mulheres são mais vulneráveis, mais prejudicadas, as maiores vítimas, as mais oprimidas, as que tem menos oportunidades e as mais carentes. E por isso mesmo precisam de concessões especiais, cotas, proteções legais adicionais, mais verbas, mais políticas de saúde, segurança, educação, secretarias, ministérios, delegacias, leis etc.

A convergência entre Conservadores e Feministas pode ser denominada GINOCENTRISMO. Para os primeiros, a noção de que mulheres, como as rainhas do lar, devem ser o destinatário primordial dos esforços masculinos. Devem ser sustentadas e protegidas, postas em primeiro lugar na fila de preferências e sobretudo devem ser salvaguardadas com a própria vida, e ao custo da vida de quaisquer homens que ousem ameaçá-las.

Para as segundas a mesma coisa, com a diferença de um discurso vitimista que exige privilégios e legislações especiais, pois onde conservadores viam a necessidade de homens proverem para mulheres diretamente, especialmente na forma de maridos, feministas o veem indiretamente, por meio de um aparato estatal impessoal cujo poder, no entanto, depende fundamentalmente de homens dispostos a usar a força.

Em suma, tradicionalmente a mulher deve ser protegida, por homens, em especial pelos seus pais e maridos, dos perigos do mundo exterior que incluem outros homens. Enquanto para o Feminismo deve ser protegida pelo Estado, de todos os outros homens, incluindo de seus maridos e pais.

Outrora, os corpos femininos eram conservados dos olhares masculinos pelas roupas e pela restrição em certos, e de certos, espaços. Agora, com os corpos cada vez mais expostos e cada vez mais em público, tem que ser conservados pelas leis. Pois apesar de lutar contra a tirania patriarcal, o Feminismo apela à tirania estatal ou cultural para repreender o simples olhar, quanto mais uma cantada, que um homem lance a uma das independentes e empoderadas (mas às vezes frágeis e puritanas) mulheres do Século XXI.

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