IMPRENSA DE "FAMÍLIA"

"Mídia é dominada por 9 ou 10 famílias e tem candidato, diz Lula."

São famílias discretas, suas vidas particulares não vêm a público. Rostos e nomes pouco conhecidos apesar de controlarem os maiores meios de comunicação.

Há setores de tendência à Esquerda que apóiam o governo (Ex: As revistas Carta Capital e Fórum, ou o jornal Caros Amigos.), e setores de tendências à direita que apóiam a oposição, e COMO SEMPRE somente as esquerdistas assumem claramente seu lado, de modo que a tendência ao "anonimato" é praticamente um monopólio da direita.

Esquerdistas, como é típico, são social, étnica e culturalmente fragmentados. Diversas partes da sociedade ainda que alinhados com uma ideologia. Já setores de mídia direitistas vêm de classes altas tradicionais.

Alguns apelidaram essa parte da mídia conservadora de PIG (Partido da Imprensa Golpista), termo que não uso por não gostar de depreciações. Tal rótulo originalmente agrupava 5 grupos de mídia que se destacam principalmente por suas produções em papel impresso.

As revistas IstoÉ, Época e Veja, e os jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo.

Mas a IstoÉ mudou de lado, passando a apoiar o governo e acirrando ainda mais sua rivalidade com a Veja. Curiosamente, das 5 acima, a da família Alzugaray é a única que ainda não possui uma longa tradição, como também acontece a todos os outros órgãos de mídia do país. Somente as 4 abaixo são verdadeiras dinastias.

Família
MARINHO

A mais conhecida, e possivelmente por isso a menos incisiva, com um tipo de oposição mais sutil. Irineu Marinho (1876-1925) era dono do Jornal O GLOBO, seu herdeiro ROBERTO Pisani MARINHO (1094-2003) criou também a TV Globo. Atualmente as organizações Globo, incluem tvs por assinatura, NET e SKY, a rádio CBN e a revista Época. Administrada por Roberto Irineu Marinho (1947-) Presidente, João Roberto Marinho (1953-) Vice-Presidente e José Roberto Marinho (1955-) Empresário. Impossível não notar a homogeneidade dos nomes, como na nobreza.
- - - - A oposição rádio televisiva é sutil, por vezes imperceptível ou inexistente. Mas nas eleições de 2006 houve nítida política de ocultar notícias desfavoráveis ao PSDB e dar prioridade às desfavoráveis ao PT, como relatam os jornalistas Rodrigo Vianna e Luiz Carlos Azenha. Veja também O papel da Globo nas eleições. O Jornal Nacional favoreceu a campanha de Fernando Collor a ponto de editar o último debate entre ele e Lula de modo a desfavorecer o atual presidente. O próprio Collor deu uma entrevista onde admite a ajuda da Globo, e fala sobre a intimidade entre suas famílias.
- - - - Na Época se nota a mesma sutileza, nunca ataca diretamente o governo, nem defende abertamente a oposição. Aborda os temas de modo a induzir o leitor a tirar conclusões pré determinadas. Compensa publicando reportagens com viés oposto, para um mínimo de imparcialidade. Exemplo notável foram as reportagens sobre o passado de Dilma Rousseff, 16 de Agosto de 2010, que hora faz insinuações insidiosas, hora traz entrevista com pessoas que a defendem, pretendendo inserir "questões" na mente do leitor que criam uma obscuridade perturbadora em seu passado.
- - - - Como deve obedecer critérios mínimos de jornalismo, pouco haveria que criticar visto ser isso comum a órgãos de imprensa, não fosse a insistência em se fingir de imparcial, como já comentei em O Quarto Poder.



Família
MESQUITA

Júlio César Ferreira de Mesquita (1862-1927), fundou o jornal O Estado de São Paulo em 1875, herdado por Júlio César Ferreira de Mesquita Filho (1892-1969), que chegou a flertar com Carlos Prestes, depois por Júlio César Ferreira de Mesquita Neto (1922-1996), que chegou a flertar com Lula. Completando a ambiguidade da história da família Mesquita, Ruy Mesquita (1925-) entrevistou Fidel Castro, por quem foi muito elogiado.
- - - - Isso não impede que o jornal mais conhecido pelo nome de O Estadão tenha feito campanha constante contra o governo Lula em prol do governo do PSDB, que governa São Paulo há 16 anos. Não fico a vontade para falar mais sobre esse jornal por sempre ter vivido em Brasília e, por motivos óbvios, não ser um leitor regular do mesmo.
- - - - Bom que tenha assumido publicamente seu posicionamento político em resposta ao desafio feito pelo Presidente Lula. Dignitate Quae Sera Tamem. Que porém gerou o lamentável episódio da demissão da psicanalista Maria Rita Kehl, após esta ter publicado uma matéria favorável ao governo, na contra mão da linha editorial do jornal. O que apenas confirma a linha partidária assumida pelo jornal.



Família
FRIAS

Comprado por Octávio Frias de Oliveira (1912-2007) em 1962, o jornal Folha de São Paulo é um dos mais fortes opositores do governo, e evidentemente apoiadores do PSDB. Pelo mesmo motivo anterior também não sou um conhecedor desta publicação, me abstendo de comentar mais.
- - - - Mas além do jornal, apelidado de Folha, o grupo de mesmo nome também detém o Instituto Datafolha e os provedores UOL e BOL, e embora sua história também apresente oscilações ideológicas, atualmente seu posicionamento conservador está assumido, principalmente por episódios isolados como o da ditabranda, onde tenta resgatar uma imagem positiva para a Ditadura Militar (que outrora defendeu embora depois tenha se arrependido), o que foi muito criticado, e posteriormente defendendo-a a ponto de taxar críticos mais exaltados de "cínicos" e "mentirosos", e, é claro, anonimamente! Como é típico da direita.
- - - - Atualmente o grupo é presidido por Otávio Frias Filho, sendo Luis Frias o diretor da Folha, que segue a linha tortuosa do jornal conterrâneo de bradar pela liberdade de imprensa, embora não tenha sofrido coerção alguma, e ao mesmo tempo censurar publicações menores quando lhe convém, como a versão original da paródia Falha de São Paulo. Blog que foi fechado por via judicial.



Família
CIVITA

A Editora Abril foi fundada por Victor Civita (1907-1990) e hoje reúne várias publicações, mas a mais agressiva publicação anti governo é promovida por sua principal revista, a veja. Roberto Civita (1936-) herdou a empresa e enfim passou sua direção a seu filho Giancarlo Civita (1965-). Eles detêm 70% de seu capital, enquanto os outros 30% foram comprados pelo órgão de mídia Sul Africano NASPERS, com o qual tem nítida afinidade ideológica. O Naspers é favorável a etnia branca da África do Sul, conhecida como "afrikaner", e apoiou abertamente o Apartheid. (A possibilidade de abrir o capital de grandes órgãos de mídia nacional para estrangeiros foi concedida pelo governo FHC.)
- - - - Diferente dos jornais citados, a veja eu conheço muito bem, desde o tempo que disputava anti esquerdismo com sua extinta rival Visão, de Henry Maksoud.
- - - - Se o assunto não envolve política e economia, as matérias são tão "boas" quanto as de outras, mas diferente da principal concorrente, a veja não tem nenhum resquício de escrúpulo em explorar qualquer factóide, tenha fundamento ou não. Sem freios, moral, NEM DECÊNCIA ALGUMA! É tão DESCARADAMENTE MENTIROSA E HIPÓCRITA que o leitor que não o notar está aquém da capacidade crítica. Basta olhar as capas!
- - - - Quando Diogo Mainardi afirma "Creio em tudo o que contam de ruim a respeito de Lula.", não está fazendo apenas um preciso auto diagnóstico de miséria mental, mas sim expondo o parâmetro operacional que tem determinado a produção não apenas desta revista, mas do reacionarismo que já abriu mão por completo do senso crítico e do interesse em analisar fatos.
- - - - Já abordei algumas reportagens da veja, em Heróis Capitais, O Brasileiro sem Cabeça de Cabeça para Baixo, no horrendo ocorrido episódio Che Guevara, estrelando Reinaldo Azevedo, uma das mais tristes baixarias que já vi, e em ensaio recente sobre outro tema pelo mesmo autor em Terroristas X Ditadores.
- - - - Sai caro por ideologia acima do jornalismo, pois veja coleciona gafes. Como bajular a economia americana para depois admitir sua maior crise (Eu Salvei Você!), elogiar José Roberto Arruda (DEM)* pouco antes do escândalo brasiliense, ou fazer marketing da competência administrativa de Dubai para depois admitir sua falência, entre muitas outras. *(Arruda que por sinal seria vice do Serra não fosse o escândalo. "Vote num careca e leve dois!")
- - - - A veja não tem a menor vergonha em usar jogadas políticas mesmo quando elas vão contra as próprias tendências liberais da revista. Como dar ênfase à posição anti-aborto para atacar a candidata do PT, quando no entanto sempre foi favorável ao mesmo, como se vê em reportagens como Eu Fiz Aborto de 1997 ou ABORTO - Os Médicos Rompem o Silêncio, de 2009, que curiosamente sumiu do site da revista, mas é possível fazer o download Aqui.

Há outras, mas são essas 4 famílias, Civita, Frias, Marinho e Mesquita, a oposição de mídia sistemática ao governo Lula, flagrantemente alinhadas ao PSDB / DEM, embora sonhem com imparcialidade. Centradas em São Paulo, são tradicionais, de ascendência Ibérica e Italiana, e ricas. "Consultas" à revista CARAS (dos Civita) as mostram pomposamente em festas junto aos maiores líderes destes mesmos partidos.

Selecionam deliberadamente uma interpretação da realidade e a divulgam com toda ênfase possível, "formando" opiniões, e como era de se esperar, influenciam mais São Paulo que o resto do país. TODAS são social e economicamente conservadoras, apoiando "liberalismos" cujo resultado é a concentração de renda nas mãos dos mais ricos. Apoiaram a ditadura de 64 e apóiam a mesma mentalidade reacionária. Em nome "da democracia" e "Liberdade de Imprensa".

Parece que um dos maiores jornalistas de todos os tempos disse a seguinte frase: “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma” – Joseph Pulitzer (1847-1911). A julgar pelo sucesso da difamação covarde e da calúnia anônima, especialmente a perpetrada pela classe supostamente mais esclarecida que usa internet, esse tempo decorreu.

Marcus Valerio XR
16 de Outubro de 2010

Exorcizando o DEMo
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O Terceiro 'Golpe'