Em 1937 a nação foi aterrorizada com a notícia de que estávamos prestes a sofrer uma revolução comunista, e com isso, Getúlio Vargas aplicou um golpe de estado e implantou sua ditadura, de Direita. Não demorou para que se soubesse que a tal ameaça comunista era uma fraude, ficção do Plano Cohen, visando criar um pretexto para instabilidade política e justificar o golpe.

Em 1964, mais uma vez, outro golpe militar usou como pretexto a ameaça comunista para justificar a implantação de outra ditadura, de Direita, claro. Por sinal com a participação do mesmo Olímpio Mourão Filho que forjara o Plano Cohen.

Mais uma vez a ameaça era fajuta. O que havia era o governo democraticamente eleito de João Goulart realizando medidas que desagradaram os setores conservadores da sociedade. Todas as iniciativas de guerrilha de esquerda começaram somente depois da ditadura, promovidas por estudantes e cidadãos em geral indignados com o golpe.

Elas se espalhavam em células isoladas que ao todo mal chegaram a dois mil indivíduos, ao longo de 5 anos, que com frequência brigavam entre si, e foram completamente desmantelados com pouco mais de 400 mortes. Portanto, assim como 3 décadas antes, o tal suporte internacional de grandes forças comunistas não passava de fantasia.

E hoje, 25 anos depois do fim da ditadura, noutro governo de esquerda democraticamente eleito, ouvimos a mesma ladainha. De que estamos ameaçados de ser submetidos ao comunismo totalitário!

E desta vez? É verdade?

Sempre houve iniciativas comunistas isoladas no Brasil, mas nunca tiveram força para nada mais do que uma ou outra baderna. E basta uma para que setores mais reacionários vejam motivos para voltar a governar o país na base do autoritarismo. Quando ACM implorou por um Golpe de Estado em 2006, fato que por sinal não foi noticiado na mídia, usou como pretexto a bagunça que o MST aprontou no congresso, esta sim, amplamente divulgada.

Mas não há mais Guerra Fria. Os EUA não estão preocupados em deter o avanço do comunismo na América Latina, e sim o do fundamentalismo islâmico na Europa. Cuba não dá conta nem de segurar sua própria população, e tem que aguentar um embargo econômico e uma praia com vista para uma base militar americana. E a China, além de não dar a mínima para nós exceto como mercado consumidor, está muito mais interessada em superar os EUA como maior economia mundial.

Na década de 30 houvera pelo menos a Intentona Comunista, e na de 60 havia ao menos a aterrorizante URSS. Mas e hoje? Há o quê?

O Foro de São Paulo? Não passa de um primo pobre da Internacional Socialista, sem chance de se tornar um Pacto de Varsóvia. Tem um Rafael Corrêa que mal dá conta dos golpes militares que sofreu e tomou até uma lata de gás lacrimogêneo na cara. Hugo Chaves late alto, mas morde? Também sofreu uma tentativa de golpe, teve que aguentar um desaforo colombiano em seu próprio território, e mal consegue controlar sua própria população. E o camisa 10 Evo Morales está mais interessado em chutar o saco de seus adversários em peladas "amigáveis".

Poder para estabelecer uma ditadura de esquerda no Brasil não existe, jamais existiu. Nem que as FARC largassem suas plantações de coca e viessem dar uma ajudinha, e o MST fosse totalmente militarizado, ainda assim não totalizariam sequer 50 mil pessoas, a maioria mulheres. Isso não é um décimo do contingente do Exército Brasileiro!

Os conspiracionistas chegam a alegar que a imprensa está sendo cerceada pelo governo, apesar da revista veja dizer o que quer do jeito que bem entende, da própria revista Época admitir a inexistência de qualquer ação contra a imprensa de oposição, e justamente a Carta Capital ter sido a única que sofreu de fato alguma investida concreta. De que Lado está a Imprensa? Até agora, censura mesmo só a que a Folha de São Paulo fez contra um blog independente. Sem contar a que a Globo move até hoje contra o documentário Além do Cidadão Kane.

Em paralelo, circula na internet a maior campanha difamatória de toda a história virtual, atacando o governo atual e a sua candidata de todas as formas concebíveis. A candidata Dilma já foi acusada de assassinato, lesbianismo, de ter feito declarações anti cristãs, e Lula foi acusado de ter censurado textos de Arnaldo Jabor e até de ter causado a demissão de Alexandre Garcia da Globo!

Ademais, não satisfeitos com o fiasco do vexaminoso CANSEI, novos "movimentos da sociedade civil" no mesmo espírito dos que antecederam a Ditadura Militar começam a se mobilizar nas ruas de São Paulo, financiados pelas mesmas entidades que trocam favores com a mídia de oposição, apelidada de PIG (Partido da Imprensa Golpista) por alguns esquerdistas mais exaltados.

Em resumo, quase todos os passos para fomentar um novo golpe militar já foram dados, se valendo, como sempre, da fraude para fazer valer suas intenções. Uma vitória do PSDB jogaria um balde de água fria nessa animosidade, apesar de não haver diferença significativa no fisiologismo político ou na situação social. Mas uma nova vitória do PT fomentaria ainda mais essa ânsia reacionária de não aceitar o jogo democrático.

E nunca é demais lembrar que, no último século NUNCA uma Revolução de ESQUERDA se levantou contra um Regime Democrático! Elas sempre derrubam ditaduras ou monarquias! E que, por outro lado SEMPRE Golpes de Estado de Direita derrubam Regimes Democráticos! Com a desculpa de protegê-los de revoluções de esquerda!

Incapazes de contestar os números do governo atual, impotentes para deter a ascensão de classes pela redução da pobreza, impedidos de negar o crescimento do Brasil no cenário internacional e a auto estima do povo, e ameaçados de não conseguirem, pelo voto, reverter a política econômica para privilegiar as mega corporações e uma minoria milionária, aumentando a desigualdade com o neoliberalismo, os reacionários de plantão apelam para mentira e a fraude, na esperança de que pela terceira vez em menos de um século, um Golpe Militar, de direita como sempre, implante uma nova Ditadura em nome da Democracia.