HIPERGAMIA II
HIPERGAMIA 2.5 - Adendo 1
HIPERGAMIA III

ATRAÇÃO IDÓLATRA

O FASCÍNIO FEMININO PELOS ÍDOLOS

1 É como se as fãs fossem espermatozóides e Bieber o óvulo onde haverá uma "fecundação" histérica e pré-orgásmica de uma puberdade tão latente quanto vazia.

2 ...necessitam sentir a presença de alguém mais poderoso e mais sábio que as conduza e proteja (...). É esta fraqueza que as impele a lançar-se loucamente sobre homens famosos, cantores e artistas pois os mesmos comunicam ao inconsciente que são mais poderosos do que os homens comuns.

3 As fãs passam a brigar por essa pessoa, perdem amizades e são capazes de fugir de casa para ir a um show, são capazes de matar e morrer por certa pessoa. Só quem realmente é fã entende o que nós sentimos, todas as loucuras que fazemos por eles.

Desde que comecei a escrever sobre Hipergamia, Agosto de 2011, o volume de dados que venho levantando não para de aumentar. Quase me arrependo do modo precipitado como comecei a publicar as primeiras reflexões sobre o tema, que só começaram a se tornar consistentes um pouco adiante do processo, deixando omissas coisas importantes e interessantes.

Para satisfazer duas carências, decido incluir esse texto na série original, embora o ideal seria que estivesse entre Hipergamia II - Atração Imoral e Hipergamia III - Atração Social, visto abordar um tipo de Homem Alfa que foi apenas parcialmente comentado: O Ídolo. Em geral, um artista famoso capaz de ensandecer moças jovens. É certo que reúne características do Alfa tipo 3, Social, e tipo 2, Sedutor, mas seu poder de atração é distinto.

Embora o impacto social desse fenômeno seja mínimo comparado aos demais, não merecendo mais atenção de quem está preocupado com a estabilidade da civilização, e embora também pouco valha uma explicação direta em bases biológicas, sendo um caso possível somente no âmbito humano da cultura, há elementos que merecem ser abordados, satisfazendo então a Primeira carência que percebi em meus textos.

A Segunda é comentar sobre a estranhíssima insistência dos masculinistas e anti-feministas, que mesmo sendo os maiores entusiastas do tema da Hipergamia, perpetuam a crença de que o impulso sexual feminino seja mais fraco que o masculino, quando um exame pela viés hipergâmico pode sugerir o exato contrário, sendo essa aparente fraqueza apenas a característica primária da concentração erótica feminina num alvo único, como os próprios ídolos evidenciam. Isso mostra o quanto a força do conceito é má utilizada por seus maiores disseminadores, que continuam insistindo acriticamente numa idéia que não tem suporte na biologia, embora eles a tenham abraçado como maior arma em sua investida contra o feminismo.

MASCULINISMO À BRASILEIRA

Conheci o conceito de Masculinismo ainda no milênio passado, quando alguns o apresentavam como uma nova afirmação de valores masculinos em harmonia com o feminismo. Mas hoje, o Masculinismo é muito mais um Machismo Esclarecido, isto é, que utiliza argumentos ao invés de apenas se impor pela ignorância, mas que termina por, na maioria das vezes, reafirmar posturas conservadoras ou mesmo reacionárias. E ideologicamente direitista.

Como seria de se esperar, a maioria dos blogs masculinistas brasileiros são versões de blogs americanos. Muitos limitam-se apenas a traduzí-los sem sequer se dar ao trabalho de adaptá-los à realidade brasileira, cuja legislação de divórcio e pensões, por exemplo, é muito mais sensata que a norte americana, neutralizando a maior parte da justificativa das posturas anti-casamento.

Há, no entanto, um ícone do masculinismo genuinamente brasileiro, e de certo o maior responsável por evitar que os adeptos tupiniquins sejam apenas cópias pioradas de Angry Harry, Roissy, HookingUpSmart etc.

Trata-se de um certo Nessahan Alita, que escreveu uma série de livros explorando o Sofrimento Amoroso Masculino.

Embora frise não ter discípulos e avise estar aperfeiçoando sempre suas opiniões, fato é que tem sido seguido religiosamente por muitos que o consideram um verdadeiro guru. O que não surpreende, visto ser muitíssimo interessante e convincente em alguns pontos, tendo a peculiaridade de tocar leitores masculinos em suas desilusões amorosas, trazer à luz intuições, e sobretudo oferecer uma espécie de catarse.

Sua descrição de um Profano Feminino parece boa. Bem como o Masculino, o Feminino possui uma dimensão obscura que, quando ativa, causa muito sofrimento a seu parceiro afetivo, e Nessahan, que condena qualquer forma de violência, dá exemplos de como neutralizá-lo não só em benefício masculino, mas do relacionamento em si.

No entanto, há muita extrapolação, pois mesmo sendo integrante da Psique Feminina, e se manifeste inevitavelmente em algum momento, penso que tal lado obscuro não pode ser predominante sequer numa minoria das mulheres. Ou seja, NA, embora tente evitar generalizações e quantificações, não o consegue, e parece acabar reduzindo os relacionamentos a uma constante guerra desesperançada onde o objetivo é a superação do ego. 2

Parece-me que o autor, evidentemente um pseudônimo, assim como praticamente todos os seus seguidores e masculinistas em geral 4, teve experiências com um único tipo de mulheres, muito bonitas, jovens, imaturas e de comportamento volúvel, o que sugere que pode ter sido um mau hábito dele em investir somente neste perfil, descontado, claro, um tremendo azar.

Além de também ser extremamente repetitivo (seus livros dizem as mesmas coisas em inúmeras ocasiões diferentes, como se fossem uma coletânea de ensaios dispersos), quero chamar atenção para aquilo que, a mim, é um dos grandes equívocos do autor, que é afirmar, literalmente que "...o apetite sexual feminino é uma farsa."

A NEGAÇÃO DA LIBIDO FEMININA

No Capítulo 2 do livro O Profano Feminino, intitulado Por que elas não olham pra você, ocorre um formidável exemplo de como é possível partir de dados essencialmente corretos, passar por um raciocínio razoável com convicção extrema, e mesmo assim chegar a uma conclusão injustificada.

Urge citações. "...continuamente olhamos para elas nas ruas, desejando-as insanamente, e elas não estão nem aí para nós, nos ignoram.", que mesmo não sendo exatamente à minha experiência, não é questionável que homens notem bem mais as mulheres do que elas os notem. E embora com exagero, não chega a ser falsa a afirmação "...a natureza fez as fêmeas indiferentes aos machos e fez os machos desesperados pelas fêmeas." Mas a idéia de que "O desejo sexual feminino é muito menos intenso do que o masculino." reflete exatamente a falta que o Sintetizador Conceitual sob o rótulo 'Hipergamia' faz mesmo em um autor perspicaz.

Ele está ciente que "...uma fêmea do ser humano somente pode ser fecundada por um único macho no período de um ano. Em contrapartida, esse macho poderia fecundar quantas fêmeas no mesmo período?" E cita muitos dados nada duvidosos, como "Nunca ouvi dizer de uma só mulher que espiasse um homem no banho. Não há casos comprovados de mulheres que façam guerra com outros povos para tomar-lhes os machos."

NA não é modesto em sua pretensão de certeza, sobre os argumentos a favor do apetite sexual feminino, afirma com vemência "Vou, ainda assim, pisar e triturar mais um pouco até que os restos dessas mentiras desapareçam por completo." Apelando a outras evidências, como "O clímax dos romances cor-de-rosa são os beijos na boca sem graça, e não o sexo ardentemente selvagem." esta já parecendo anacrônica diante de romances recentes de grande sucesso escrito por mulheres, e nada tímidos.

Por fim, ante a objeção de que a suposta fraqueza da libido feminina seria resultante de repressão social, ele é categórico. "Tal repressão não existe ou, se existe, é exercida principalmente por pais e esposos, com o interesse específico de concentrar a libido feminina em um só homem, e não anula as tentativas de estímulo por parte da maioria dos demais machos humanos (...) deixemos uma mulher no meio de vários homens, preferencialmente semi-despida ou com uma roupa provocante, e verifiquemos se eles tentam reprimí-la ou incentivá-la (...) os machos humanos tentam mais estimular do que reprimir a sexualidade feminina,"

Em suma, temos as linhas gerais de uma opinião muito recorrente, bem argumentada, mas, a meu ver, incrivelmente errada!

VORACIDADE SEXUAL FEMININA

Embora nunca cite o conceito de Hipergamia, NA certamente o acolheria. Mas estranho é ver que suas idéias continuam sendo repercutidas acriticamente por seus seguidores mesmo tendo esses já integrado toda uma literatura sobre o tema. Para colocar em Xeque toda essa suposta apatia sexual feminina, invoco uma frase que erigi anteriormente: A Promiscuidade Masculina tende a POLIGAMIA, a Promiscuidade Feminina tende a HIPERGAMIA.

Agora apelemos ao trivial fato representado pela expressão popular do "marido que não dá no couro", alegando que frequentemente a disposição sexual feminina num relacionamento monogâmico estável é maior que a masculina. E por fim, apelemos ao tema título deste texto. Alguém já viu o equivalente masculino das tietes que choram, se desesperam, desmaiam e fazem toda sorte de loucuras por seus ídolos?!

Se o Xeque-Mate ainda não está claro, basta ver que o impulso sexual masculino é mais evidente por ser muito mais ostensivo, se espalhando por várias direções, voltado para fora de si, no impulso de se espalhar, 'disSeminar', uma vez que esse é o único papel masculino obrigatório na reprodução.

Já o impulso sexual feminino é seletivo, voltado para dentro, isto é, interiorizar a parte masculina para desenvolvê-la em si própria. Para isso, precisa primeiro escolher o homem que será seu objeto de atração, e devido à tendência hipergâmica, tende a se concentrar naqueles que mais chamam atenção. Enquanto isso não ocorrer, essa disposição sexual pode ser discreta, muitas vezes ausente, mas no momento em que eleger o seu Alfa, quer este seja apenas objeto de atenção dela, ou compartilhado por outras, seu impulso tende a aflorar com força total, frequentemente superando o masculino.

Portanto, ao passo que a sexualidade masculina é dispersiva em todos os níveis, trocando facilmente qualidade por quantidade, a feminina é concentradora, acumulando libido e liberando-a de uma só vez quando encontra o correspondente apropriado. Paradoxalmente, isso só não é mais evidente devido a populares argumentos equivocados a favor da libido feminina, onde mulheres, ao imitarem os homens, passam a impressão que sua sexualidade funciona da mesma forma. Como exemplo, shows de strip tease masculino para mulheres.

Mas enquanto qualquer cidade neste planeta com mais de 50 mil habitantes possuiu uma casa de strippers e ou bórdeis, prostíbulos para mulheres são inexistentes e casas de shows eróticos masculinos equivalentes para o público feminino são raríssimas, e funcionam de modo diferente. No Brasil, desde que foi aberto o Clube Das Mulheres, em 1990, a quantidade de outros estabelecimentos similares posteriormente criados é EXATAMENTE ZERO! (Não confundir com ocasionais festas que levam o mesmo nome, ou com o fato do mesmo clube costumar fazer shows em locais diferentes.) Ademais, reportagens como CDM rebola para manter a clientela, Com dançarinos quarentões, CDM atrai mocinhas e coroas e Dança, fetiches e sensualidade fazem a noite no CDM mostram que se trata de algo de outra natureza. Fenômeno que EM NADA se relaciona com a atração incondicional dos homens por mulheres bonitas, nem com o que as jovens sentem por ídolos.

Afora raras exceções como ninfomania, e essa aparência libertina fundamentalmente mimética, nada muda o fato de que mesmo dentro de uma vida sexual extremamente ativa e variada, o comportamento feminino ainda é hipergâmico o suficiente para, como se diz, "não dar pra qualquer um"! 5. A quantidade de homens que gostariam de, e poderiam, ter acesso a uma mulher sexualmente muito ativa ainda é muitíssimo maior do que a quantidade aos quais ela está disposta a aceitar.

O desentendimento entre os sexos nesse ponto é tão grande, que muitas mulheres ficam sinceramente perplexas com a existência da prostituição num mundo onde, pensam, existem tantas mulheres que querem fazer sexo de graça! Só que os critérios seletivos de praticamente todas as mulheres excluem a grande maioria dos homens.

Embora tenha se popularizado a prática feminina da promiscuidade polígama, a libido da maioria das mulheres aflora com força maior dentro de relacionamentos estáveis, ou dentro de relacionamentos eventuais com parceiros considerados de alto nível. Ou seja, numa relação com um homem visto na condição de alfalidade. E geralmente enfraquece quando essa condição deixa de se dar, quer pela monotonia ou pela possibilidade de um "partido" mais interessante.

Se assim não fosse, como explicar o fato de haver ainda tantos homens sem experiência sexual, quer seja por timidez, incompetência ou mera impaciência? Se as mulheres fossem tão voluntariosas para o sexo livre quanto os homens, homem algum jamais teria dificuldade em conseguir sexo, e não haveria os estereotipados homens virgens.

A maior expressão de uma promiscuidade genuinamente hipergâmica é a monogamia serial, a troca constante de parceiros temporariamente estáveis, o que num nível mais sério explica por quê mais de 3/4 dos divórcios é iniciativa das mulheres, principalmente após ter filhos, pois instintivamente o recado inconsciente é que o papel reprodutivo do companheiro já foi cumprido, e o impulso hipérgamo muda de alvo.

Algo totalmente equivalente ocorre por parte dos homens, que frequentemente tem o interesse diminuído na esposa após alguns anos, especialmente após os filhos, com a diferença crucial de que, sendo o papel reprodutivo fisiológico masculino insignificante em comparação ao feminino, o que aflora é mais o impulso polígamo de procurar amantes sem se desfazer de seu relacionamento original.

Não é por falta de libido que maridos perdem o interesse em suas esposas, mas sim por desvio da libido para outros alvos. O mesmo homem que mal tem disposição para uma relação sexual por semana com sua esposa, certamente teria para relações diárias com mulheres diferentes, desde que minimamente atraentes.

Por fim, lembremos que, como tudo, existem as exceções e inversões, que podem confundir mas não invalidar a regra geral. É fato também que há uma quantidade maior de mulheres sexualmente frias do que homens, mas isso sim, pode ser resultado mais de fatores culturais que biológicos. (Há 3 vezes mais freiras do que monges na igreja católica, e mesmo somando os padres, as mulheres ainda são mais que o dobro de homens neste clero.)

Nessahan Alita, mesmo tendo considerado a repressão sobre a sexualidade feminina por parte dos familiares, usou o exemplo da mulher ser sexualmente incentivada em meio a vários homens como uma evidência de que eles mais estimulam que reprimem. Quem quer que tenha frequentado carnaval já o deve ter visto com os próprios olhos. Mas ele se esqueceu de que no mesmo exemplo, substituindo os homens desconhecidos por parentes da mulher, a situação se inverte, e que a repressão cultural à libido feminina começa muito cedo, tendo então força modeladora já na infância. (E ele surpreendentemente não se ateve à fértil idéia de ...concentrar a libido feminina em um só homem,", pela qual poderia ter chegado ao conceito de Hipergamia.)

Por outro lado, os meninos são quase sempre incentivados em sua sexualidade, até mesmo como uma exigência severa, e não raro até mesmo por suas mães e demais figuras femininas da família. Com tudo isso, é possível que, intrinsecamente, a libido feminina seja até maior que masculina, mas parece o contrário devido à escassez de oportunidades sexuais que o alto potencial reprodutivo masculino somado ao alto critério seletivo feminino gera.

O principal motivo pelo qual os homens parecem sempre sedentos por sexo é o simples fato de que nunca o têm em quantidade satisfatória, pois apesar dos sexos serem numericamente equivalentes, a vida reprodutiva feminina dura metade da masculina, e comparados os potenciais e custos reprodutivos, menos de um décimo dos homens já seria mais do que suficiente para atender as necessidades reprodutivas da espécie. Assim, os machos existem em excesso, não sendo a toa que há tanta sobra de homens sem oportunidades sexuais. (Adendo de 11/11/12)

Assim, a questão não se reduz à mera determinação cultural, visto que todos esses padrões são invariavelmente apoiados sim em fundamentos fisiológicos. As culturas ensinaram que as meninas devem se precaver porque o ônus reprodutivo é todo delas, enquanto as aventuras sexuais masculinas podem escapar ilesas do encargo com os descendentes. Mas isso gera uma retroalimentação que termina por extrapolar seu âmbito inicial, dando a ilusão que a internalização da repressão também é de ordem biológica.

E como o impulso hipérgamo é mais discreto que o polígamo, as evidências biológicas podem sugerir corroboração desta crença. Mas ela apenas confunde a característica introversa da feminilidade com sua ausência, em comparação a característica extroversa da masculinidade. 6

MÊNADES

Voltando ao tema primordial deste texto, notamos que a hipergamia e seu potencial para liberar a libido feminina é a única explicação para o fenômeno da histeria das fãs em relação aos ídolos.

Não se vê o mesmo no sentido inverso. Homens podem ser fascinados por mulheres famosas, mas nunca se reúnem em bandos que choram e desmaiam por elas, incapazes de perceber outras mulheres ao redor. Até mesmo uma coadjuvante de fundo, se for suficientemente bonita, pode roubar a cena da artista principal, ao passo que mesmo homens lindos ficam completamente invisíveis às fãs de artistas famosos.

O mesmo ídolo que pode ter dificuldade em sair às ruas sem ser assediado pelas fãs, pode passar completamente desapercebido num outro país onde não seja famoso. Já uma mulher linda irá chamar atenção em qualquer lugar, ainda que, caso seja famosa, possa despertar maior comoção.

O que acontece com as tietes é que seu impulso hipérgamo é exponenciado, e canalizado num único alvo, e o fato de milhares de outras moças fazerem o mesmo tem efeito cumulativo. 7 Quanto mais elas se agrupam, mais o impulso é reforçado. Sua libido explode, atingindo níveis insuportáveis chegando ao ponto da síncope.

Não é possível isso ocorrer da mesma forma com os homens porque embora seu impulso possa ser canalizado numa única mulher, ele é praticamente insensível ao fato de outros homens estarem ao mesmo tempo fascinados por ela. Sem contar o fato óbvio de que essa mulher tem que ser necessariamente atraente para ele, falando diretamente aos seus instintos com um grau de enorme independência de outros fatores como fama ou poder.

A única forma de gerar um efeito similar num homem é exatamente a situação contrária, isto é, cercá-lo de várias mulheres extremamente atraentes, o que costuma ter um efeito desnorteante, e frequentemente imbecilizante, na maioria deles. Ou, para obter o mesmo efeito com uma única mulher, ela deve ser divinamente arrebatadora.

Se o impulso sexual feminino não fosse potencialmente tão ou mais forte que o masculino, como esse efeito extremo do fascínio por ídolos seria possível? Baseado em que tipo de suporte fisiológico isso aconteceria se, mesmo nas melhores perspectivas, as jovens sabem que não terão chance de sequer tocar seu objeto de desejo?

Ou alguém tem alguma dúvida de que, se tiver a oportunidade de realmente estar com o seu ídolo, a jovem não se entrega totalmente? Qual delas teria pudores de realizar qualquer exigência de seu ídolo? Alguém já ouviu falar de um único exemplar deste tipo de homem alfa sofrer alguma acusação de estupro? Mesmo sendo evidente que utilizam sua fãs para fins sexuais? (E quem negaria que pode ser um excelente negócio engravidar de um ídolo destes em plena era dos exames de DNA?)

Como a Poligamia Masculina é o par perfeito da Hipergamia Feminina, não poderia haver outro resultado que não o estupendo favorecimento sexual ao ídolo, que pode dispor de quantas tietes for capaz de dar conta, sempre havendo entre elas quantidade suficiente de moças bastante atraentes. O resultado incômodo, mas evidente, é que a fã no fundo sabe que, ao ser agraciada com alguns momentos com seu ídolo, não irá conquistar as benesses materiais que uma mulher hipergâmica mais inteligente conseguiria com um homem menos requisitado mas mais acessível (A não ser que engravide.), e isso curiosamente não as incomoda, pelo simples fato de que comunica instintivamente que ela já será agraciada com a superioridade genética de um macho alfa cuja competência em disseminar genes já está comprovada.

Só mesmo inúmeras fantasias e ilusões para impedir a percepção imediata desta obviedade. Se suficientemente "bom", o homem alfa não precisa oferecer fidelidade, companheirismo ou qualquer outra das qualidades frequentemente vistas como fundamentais, pois mesmo que elas sejam desejáveis, sua não satisfação não refrea o impulso hipérgamo. 8 Talvez isso hoje seja mais evidente, visto que outrora os produtores de ídolos deste tipo costumavam esconder os relacionamentos estáveis dos mesmos, no temor de que isso enfraquecesse seu apelo às fãs, mas ídolos recentes com relacionamentos estáveis assumidos, deixaram claro que isso não é um problema, não exercendo efeito significativo no assédio das fãs, que sabem que seu sonho de conquistar o ídolo é implausível, quiçá impossível.

Para completar essa contestação à tese da baixa libido feminina, pode ser contra argumentado ( penso que é o que NA faria) que esse arrebatamento não é de ordem puramente sexual, mas sim contaminado por desejos de disputa entre as moças, conseguir status por meio do ídolo, fazer inveja às rivais, compartilhar o poder etc, bem como o seriam suas mimeses polígamas. Mas como nenhum entusiasta da psicologia evolutiva poderá negar, todas essas peculiaridades são construídas sobre os impulsos biológicos reprodutivos, apenas assumindo configurações mais complexas no universo cultural, ganhando força exatamente pelo poderoso impulso libidinoso instintivo.9

Ou seja, mesmo os ditos elementos coadjuvantes ao mero interesse sexual que apontam nas mulheres, estão, no fundo, voltados à mesma finalidade primordial, ainda que um tanto mais sofisticados. Todos os ditos "interesses" materiais e sociais delas em seus parceiros tem origem neste impulso sexual que os críticos tendem a querer negar, sem se dar conta de que com isso, derrubam sua própria acusação de que mulheres são mais focadas em outras coisas que o interesse sexual em si.

De onde mais viria a vaidade feminina se não do desejo de ser desejada e admirada? E a qual finalidade estaria associado tal desejo? Se não, mesmo subrepticiamente, o reprodutivo?

Como todo fenômeno de ordem sintética, a Hipergamia tende a mesclar coisas de um modo que pode levar à confusão, exigindo algum esforço de compreensão para distinguí-las. Sobretudo, cria confusão nas próprias mulheres, que tem que lidar mais frequentemente com miríades de sentimentos e percepções contraditórias. 10

PALAVRA FINAL

Por fim, lembro que o principal motivo deste tipo de homem alfa não ter recebido maior atenção em meus demais textos é que ele se aplica a moças bem jovens. É raro que uma mulher adulta continue manifestando essa modalidade de hipergamia, e nesse sentido, a mesma tem irrelevante impacto social. Mas ela serve para mostrar mais de sua natureza, especialmente se lembrarmos que apesar de toda a pressão social, a vida reprodutiva feminina se inicia bem antes do que nossa cultura contemporânea se sente à vontade, mostrando mais uma vez que repressão cultural pode até moderar, mas não extinguir a herança genética evolutiva.

Importante também que nesse caso específico de Homem Alfa, a influência da cultura é muitíssimo mais determinante. Aliás, evidentemente tais situações não podem se verificar no contexto natural ou mesmo nas sociedades primordiais, devido a dependerem de recursos tecnológicos como mídia de massa. O arquétipo clássico do príncipe encantado é muito mais ancorado nos programas instintivos fisiológicos do que o ídolo contemporâneo que, sem as telecomunicações, jamais poderia ser tão amplamente conhecido.

Fica ainda uma terceira carência a respeito dos temas anteriores, que teria sim impacto social, embora num nível diferente, mas que tende mais a Homogamia que a Hipergamia, se aplicando quase exclusivamente às camadas intelectuais. Trata-se da propensão das mulheres de alta instrução, cientistas, filósofas, e acadêmicas em geral, de se relacionar com homens sempre de grau de instrução equivalente ou superior, onde o parâmetro de valorização é tão diferente de qualquer dos demais tipos de Homem Alfa que praticamente não mais merece plenamente esse nome.

Mas esse tema ficará para uma próxima oportunidade.

Hipergamia III - Atração Social

Marcus Valerio XR
30 de Junho de 2012


1. Regis tadeu, em Justin Bieber: fãs debilóides, pais "culpados" e omissos. Em geral, não gosto das opiniões de Regis Tadeu, na maioria dos casos, as vejo como totalmente insensatas e descabidas, inclusive as deste texto. Como quase todo crítico de arte, transforma o tipo mais frágil e relativo de opinião, o que se apóia somente na própria subjetividade, em parâmetro de Verdade Universal Absoluta, como denuncio no texto A Situação Crítica da Crítica. Porém, esta frase me soou inspiradora pela poesia da inversão, e por oferecer um aparente desafio a minha noção da natureza primordial das Forças FEMININA e MASCULINA. Mas além de se referir a um fenômeno minoritário, enquanto que na maioria dos casos são os homens que são atraídos pelas mulheres, minha teoria sempre previu inversões pontuais, que nesse caso pode ser entendida, simbolicamente, exatamente como um envio de Força Feminina em torno de um ídolo masculino, o que o reveste do poder de atração feminino, tendo o exato efeito cumulativo de, quanto mais concentrada, mais atrair, tal como um foco gravitacional.

2. Nessahan Alita, em A Guerra da Paixão. Da Trilogia Sofrimento Amoroso Masculino, o único que de fato recomendo é Como Lidar Com Mulheres, que peca apenas pela redundância. É neste que, a meu ver, as opiniões são mais acertadas e moderadas, não merecendo de modo algum o rótulo de misóginas. Em livros posteriores o autor parece radicalizar suas observações. No geral, as obras de Alita me parecem úteis para um certo tipo de público masculino, mas exigem, como o próprio autor adverte, uma fortaleza de caráter para evitar que sejam interpretadas como um manual de sedução, ou pior, ao invés de se limitar a evitar o sofrimento masculino, terminar por partir para provocar deliberadamente o feminino. Para resumir minha opinião sobre a trilogia, penso que NA acerta no diagnóstico do que chama de Profano Feminino, e no modo de lidar com ele, donde resulta seu valor, mas peca por hiperdimensionar sua ocorrência tanto na quantidade de mulheres onde o mesmo se manifesta, como em sua recorrência e intensidade. Ademais, embora eu aprecie o teor de auto aperfeiçoamento, e idéias da superação dos próprios defeitos psicológicos, parece-me que o autor acaba esvaziando o que há de mais fascinante nos relacionamentos, que é exatamente o arrebatamento emocional que, se excluído, os reduz "apenas" a sexo, o que só pode satisfazer exatamente os homens dominados por seus defeitos e limitações instintivas. Isso soa estranho uma vez que ele é um iniciado do Movimento Gnóstico colombiano de Samael Aun Veor, comprometido com teses teosóficas a respeito do universo, e sobretudo os princípios doutrinários da Morte Psicológica (superação dos egos em prol do despertar da consciência divina), Renascimento Alquímico por meio da Magia Sexual, e Sacrifício Pela Humanidade (divulgação inteiramente gratuita da doutrina), num espírito de compaixão similar ao do Budismo. Apesar de ser um tanto dissonante em relação à essa doutrina original, o próprio NA deixa claro que sua preocupação está associada à dificuldade de encontrar uma boa parceira que, do ponto de vista gnóstico, teria como função a prática Sexo Tântrico.

3. Trecho de depoimento de uma blogueira, disponível em apaixonadaporumrockstar, na página da banda Restart.

4. Em Heróis de Esquerda X Heróis de Direita, apresentei uma tese sobre a preferência do pensamento conservador pelo anonimato, como é o caso do Masculinismo, que rejeita a alegação de que o uso de pseudônimos visa protegê-los de um improvável estado totalitário futuro de esquerda, ou, nesse caso, de um hipotético Matriarcado onipresente que pode puní-los!

5. Algumas reflexões interessantes estão contidas na Mensagem 836, incluindo a evidência interessante fornecida pela proposta do blog 100 Homens, onde a autora se propunha a transar com 100 parceiros no prazo de um ano, mas a meta não foi atingida. Em parte, deve ter pesado a retaliação moral que a autora sofreu, mas é evidente que também se deve ao fato de que os tais parceiros também passam por filtros seletivos suficientemente rígidos para tornar difícil uma empreitada que qualquer profissional do sexo conseguiria num prazo menor mesmo cobrando. Também deve ter sido problemático o fato de que, se a autora adotou anonimato em seu blog, mas ao mesmo tempo recusava pretendentes por meio do único canal público de comunicação, então seu processo de escolha deve ter ficado bastante prejudicado pela necessidade de discrição.

6. Meu feminismo não é de gênero ou de sexo, e sim de Arquétipo, um Feminismo Metafísico, cujos princípios podem ser vislumbrados em Os GATOS e A Feminilidade, e Forças FEMININA e MASCULINA. Implica em dizer que a promoção da equalidade entre Feminino e Masculino deve se dar em algo muito mais primordial que entre papéis sociais ou sexos físicos, mas sobretudo entre as forças psíquicas primárias presentes em todo ser humano, equilibrando o YANG e o YIN.

7. A interessante pesquisa Who’s chasing whom? The impact of gender and relationship status on mate poaching, ainda que num âmbito restrito, corrobora o que intuitivamente é trivial, que as mulheres tendem a ter mais interesse num homem na medida em que o mesmo já despertou interesse de outra mulher. A pesquisa mostrou a dois grupos distintos de mulheres a imagem de um homem, com descrições básicas, tido como disponível, quantificando a predisposição delas em, hipoteticamente, flertar com o mesmo. Mas no outro grupo, a mesma imagem com a mesma descrição, apontando-o como comprometido, fez a predisposição praticamente quintuplicar! No caso, por parte das mulheres solteiras. O mesmo não ocorreu por parte dos homens, solteiros ou não, expostos a pergunta equivalente, nem por parte das mulheres casadas. Do ponto de visto hipergâmico, como sempre, os resultados são perfeitamente compreensíveis. As solteiras vêem no homem comprometido uma evidência de sua competência reprodutiva, por já ter conseguido uma parceira, mas para as comprometidas, a mesma competência já não é mais tão visada pelos simples fato de que instintivamente elas próprias já teriam obtido essa parceria reprodutiva. Infelizmente, faltou à pesquisa perguntar se os envolvidos tinham filhos.

8. Como reflete o texto Don Draper and Tony Soprano: How Can Women Love Misogyny?, e como já dito no início de Hipergamia II - Atração Imoral, homens alfa que geram forte atração nas mulheres são frequentemente misóginos, o que tende a gerar uma tensão com qualquer disposição feminista séria, da qual o correlato masculino parece livre. Isto é, quando homens sentem atração por mulheres que desprezam homens, como a estética das dominatrixes e femdoms, isso invariavelmente está restrito ao campo da fantasia, tendo pouco ou nenhuma reverberação no mundo real. O sucesso de Cinquenta tons de Cinza, por exemplo, não surpreende quem já intui situações como a sugerida no texto Do men or women have fantasies of dominance and submission? The results!, que confirma que embora a maioria das pessoas tenha antes fantasias de ser dominada do que de dominar, a dinâmica real da sexualidade acaba fazendo com que a maioria dos que fantasiem dominar sejam homens, para atender a demanda da maioria feminina que fantasia ser dominada. Isso tem conexão direta com situações reais e seguramente com a opressão tradicional sobre a mulher, e o feminismo tem tido bastante dificuldade em lidar com esses âmbitos públicos e privados, frequentemente subestimando o poder da estética, mesmo íntima, em influenciar a sociedade.

9. Talvez seja o caso de apontar que enquanto a Sublimação da Libido masculina costuma apresentar resultados bem distintos, por vezes completamente diferentes, de sua fonte erótica, a feminina tende a ficar mais próxima a ela, talvez merecendo mais a imagem de uma Liquefação, e ainda a serviço do sucesso reprodutivo, o que teria o recorrente efeito de dificultar sua percepção.

10. Outra pesquisa interessantíssima, oferece dados empíricos a respeito da inconsistência feminina entre o que declara e o que sente como desejável, em contraste com a consistência masculina. What Do Women Want? (O estudo ganhou uma resenha em português em O que querem as mulheres? Pistas de um plestimógrafo 31/07/13) Utilizou sensores elétricos para avaliar reações fisiológicas típicas de desejo despertadas por imagens específicas diversas em homens e mulheres, heteros e homossexuais, e compará-las ao que se declarava, obtendo frequentes respostas femininas que não condiziam com suas relações fisiológicas. (Além de muitíssimos outros dados intrigantes.) Essa inconsistência pode ser parcialmente explicada pela repressão cultural, mas penso que talvez diga mais respeito à natural tendência da feminilidade em sintetizar conteúdos distintos, misturando-os numa matriz difusa. Assim, mais uma vez, as típicas dificuldades, complexidades e impenetrabilidades da mente feminina, sustentadas tanto pelos homens quanto pelas mulheres, seriam antes de tudo resultantes do fato de que a natureza do feminino é agrupar, internalizar, concentrar e fundir os conteúdos e dissolvê-los numa matriz única, ao passo que a da masculinidade é separá-las, distinguí-las e isolá-las, o que, se torna mais fácil a distinção, por outro lado também dificulta a comunicação com a própria interioridade, devido a fragmentação e distância gerada.


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