Hipótese Cosmogênica

Há várias formas de se conceber a Cosmo Gênese, a criação do Universo, quer seja pela Mitologia, Filosofia, Teologia ou Ciência, entretanto é possível esquematizar a seguinte divisão:
1 - Sempre Existiu 1.1 - Estático, Estacionário
1.2 - Dinâmico, Cíclico

Considerando que o Universo existe, podemos imaginar que ele:

2 - Passou a Existir 2.1 - do Nada, Vazio Absoluto
2.2 - de Algo
Cada uma das 4 opções possui representantes.

O Budismo e o Jainísmo, assim como a visão Aristotélica e de vários filósofos Pré-Socráticos, são adeptos da hipótese de que o Universo é Eterno e Estável, ou seja, Sempre Existiu de Forma Estacionária. Como na opção 1.1 do quadro acima.

Para a opção 1.2 temos o Hinduísmo, outros filósofos Pré-Socráticos e alguns cientistas da atualidade adeptos do "Universo Pulsante", defendem que o Universo Sempre Existiu de Forma Cíclica, sendo continuamente criado, destruído e re-criado.

As religiões Monoteístas Médio-Orientais, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, são adeptos da opção 2.1 em que o Universo Passou a Existir do Nada, mediante a ação de um Ser Criador.

E a quase totalidade das mitologias Politeístas, assim como o Taoísmo e outros filósofos propõem que o Universo Passou a Existir a Partir de Algo, opção 2.2 do quadro anterior, quer seja esse Algo um tipo de Ovo Cósmico, um Caos Primordial, ou de um Super Átomo, como propõe a Teoria do Big-Bang.

Há muitas considerações a se fazer aqui. A primeira de que um Universo Estático e Estacionário ainda é Dinâmico, ele não pode ser Absolutamente imutável, assim como declara o próprio Budismo, que apesar de não haver Cosmogênese, declara que o Universo é Impermanente, ou seja, mutável.

Se o Universo é Eterno e mutável, decorre que seguramente cedo ou tarde qualquer tipo de possibilidade se realizará, ainda que seja a revogação de determinadas leis fundamentais. Também o simples fato de que haja a vida, em seus ciclos, levam a intuir que o Universo acaba passando por processos, desafiando sua Imutabilidade.

A idéia de um Universo a partir do Nada faz imediatamente necessária a intervenção de Algo externo ao Universo, geralmente Deus, pois no Nada absoluto não faz sentido que ocorra algo, ou algo surja. Sendo assim, não seria equivalente a dizer que o Universo veio de Algo?

Alguns físicos teóricos tem proposto a idéia de que o Universo tenha surgido de "Flutuações de um Vácuo Quântico", e tendem a considerar isto como um Nada. Mas isso não faz sentido, esse Vácuo Quântico necessariamente é Algo.

O que me parece é que o Universo que conhecemos não pode ter surgido do Nada Absoluto, Algo existia antes, quer seja o Caos, o Tao, o Vácuo Quântico, e sendo assim, de onde veio esse Algo?

Se o Universo foi Criado por intermédio de um Ser externo, de onde veio este Ser?

Me parece ser inevitável admitir que o Universo necessáriamente veio a partir de Algo, e que este Algo, veio de outro Algo, ou de um Algo constante, que só poderia ser eterno.

Sendo assim, me parece que melhor solução filosófica e fundir as opções 1.2 e 2.2 numa só, e afirmar que:

O UNIVERSO VEM A PARTIR DE ALGO, NUM CICLO INFINITO.

Repare que na opção 1.2 podemos encaixar a 2.2 sem contradição, pois se o Universo surge a partir de Algo e admitimos que ivariavelmente terá um fim, esse processo pode muito bem ser apenas um ciclo de um Universo Eterno e Dinâmico.

Há uma contradição aqui, uma tensão entre o conceito de ETERNO e o de Cíclico. Não é surpreendente, afinal até agora não parece ter surgido nenhuma forma de se examinar essa questão que não ponha claros limites à racionalidade.

Creio que a única solução é admitir esse PARADOXO, mas devemos cuidar para que o mesmo se mantenha o mais distante possível da razão, ou seja, que fique no ultimissíssimo estágio, ou primerissíssimo.

Dessa forma não entramos em conflito com o fato de termos um Universo Dinâmico e Mutável a nossa volta, nem lutamos contra a irrascível questão de o que havia antes deste Universo, ou do que haverá após.

Em seguida, temos que admitir que existe em Super-Algo além de nosso Universo sensível. Uma realidade suprema da qual emana o nosso Universo, e que fatalmente não pode ser abordada diretamente.

Chamo esse Super Algo de UNIVERSO, algo acima do nosso Universo relativo, um Macro-UNIVERSO.

Para ilustrar esse raciocínio, vejamos uma hipótese que poderia torná-lo viável e demonstrar algumas implicações.

Imaginemos o UNIVERSO INFINITO, ETERNO e ILIMITADO, o que existe em tudo, a matriz primordial. Vamos chamá-lo de UNI.

O UNI, esse Macro UNIVERSO não pode ser racionalizado, é nosso limite mental. Imaginemos aqui uma ínfima fração desse todo.

O UNI claramente é um SER, é algo que existe, que possui qualidades e propriedades ainda que incompreensíveis. Talvez um CAOS, mas com certeza algo.

Por algum motivo o UNI abre um Vácuo, um espaço onde irá realizar uma experiência temporal. Pensemos nisso Tridimensionalmente.

Não nos cabe tentar idealizar os motivos específicos disso, apenas supor uma natureza "dinâmica-fixa" nesse SER do UNI. Esse processo faz parte de sua natureza constante.

Esse Vazio é um Não-SER, um pleno NADA. Criado pela "Mutação Imutável" do UNI. Talvez haja um barreira que impeça o contato com o UNI.

O UNI lança então uma ínfima partícula de seu SER no Vazio.

Essa partícula não possui medida, visto que é parte de um Infinito, portanto seu potencial é ilimitado.

Não importa quão ínfima seja, ainda é infinitamente mais do que o Nada, separada do Tudo, que é o UNI, essa partícula logo realiza sua natureza primordial, logo após um momento de Singularidade, onde toda a potência do futuro Universo relativo está armazenada.

Esta se expande, visando preencher o vazio. É sua ação inevitável e incontida. Seria o nosso Big-Bang, que dá origem a nosso Universo Perceptível.

Sua tendência é a expansão, não uma "explosão" como costuma-se dizer, preenchendo o Vazio. (Aliás o termo Big-Bang foi cunhado por depreciadores desta hipótese.)

Resultando então num Universo cuja matéria é fundamentada numa ínfima parte do Infinito.

Imagine inúmeros destes Universos surgindo e desaparecendo no UNI, infinitos deles, uns nascem outros morrem, num DEVIR infinito. A maioria deles seriam incomunicáveis entre si, não nos possibilitando contactá-los. Muito provavelmente as leis naturais iriam variar de um para o outro.

Talvez alguns deles poderiam até se encontrar, misturando suas existências. Como seriam infinitos acontecimentos ao longo da Eternidade, e que nada há que nos induza a crer numa homogeneidade de leis, resulta que Tudo é Possível.


Podemos pensar também que esse Vazio se expanda junto com a matéria do Universo local, "inflando". Isso resultaria na minha variação favorita do Big-Bang, o "Big-Injection". Seria como se a partícula do UNI fosse injetada diretamente num "espaço" potencial.

Saber qual seria o destino da matéria no nosso Universo é bastante difícil. Talvez ele venha a se contrair de volta ao momento de singularidade, para então se expandir de novo, ou de algum modo se aniquilar e ser reabsorvido pelo UNI, talvez ele se expanda até um limite onde atija o UNI, ou talvez sofra aniquilações locais, como os Buracos Negros, que talvez enviem a matéria de volta à matriz primordial. O que parece muito provável é que esse Universo não irá durar indefinidamente, um dia deixará de existir pelo meno como ele é, voltando ao momento da criação, como propõe o Hinduísmo no processo chamado de Mahapralaya, que finaliza um "Dia de Bhraman". Mesmo o Cristianismo possui uma vertente teológica que propõe algo semelhante, trata-se da APOCATÁSTASE, do filósofo Orígenes de Alexandria. E muitos físicos ainda propõe um Universo Pulsante.

Pensemos nessa hipótese como um exercício filosófico, que demonstra que não é preciso dominar amplos conhecimentos para convergir com propostas semelhante as da Mitologia, Filosofia ou mesmo da Astrofísica.

Na próxima parte, vamos deixar a especulação do UNI e nos concentrar no Universo Local.

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