Não Pode @ HOMOSSEXUAL Ser LIVRE?
Ao ver que o cantor italiano Giuseppe Povia enfureceu a comunidade homossexual com a música
Luca era Gay, não pude me conter e decidi
publicar preocupações que venho tendo há muito tempo sobre o radicalismo do movimento geralmente identificado com siglas
cada vez mais complexas em defesa dos direitos dos homossexuais. Bem como também comentar uma estranhíssima postura
contraditória que costuma estar no cerne deste movimento.
Sempre fui um Simpatizante do movimento GLS, GLBT, GLTTB, LGBTS, LGBTTTA ou seja lá qual for a
última designação. E embora tenha amigos homossexuais e esteja pronto a defender qualquer
segmento social minoritário contra abusos que venha a sofrer, faço isto, além de motivos empáticos, principalmente por uma
questão de racionalidade, porque é irracional ser homofóbico assim como ser racista, anti-semita, machista, anti-ateísta
e qualquer coisa similar.
A mesma racionalidade me obriga a apontar a situação inversa, quando um grupo social maioritário vem a ser vítima de abusos
cometidos por minorias, bem como quando se decide que a razão pode ser sacrificada em nome do politicamente correto ou de
qualquer ação afirmativa.
Para começar en passant, aponto a inacreditável incompetência da maior parte das fontes de informação na internet,
quer sejam jornais ou blogs, pelo péssimo hábito de repassar notícias pelo processo copy / paste sem a menor
disposição em checar as informações em outras fontes, averiguarem por si próprios, ou se dar ao trabalho de pensar se o que
estão reproduzindo faz sentido.
A maioria das notícias na web onde se pode tomar conhecimento deste caso afirma que a música
"...diz que o homossexualismo "se cura", como se fosse doença," ou algo muito parecido. É impressionante o quanto
tal frase vem sendo repetida com algumas variações, para alegria de fundamentalistas religiosos e homofóbicos de
plantão, e para desespero de ativista homossexualistas e simpatizantes incautos.
Acontece que quem se deu ao trabalho de examinar a letra em questão notará que em momento algum a música diz isso.
PELO CONTRÁRIO, ela afirma claramente
"...Esta é a minha história, apenas minha história, Nenhuma doença, nenhuma cura...".
Se o autor em si falou noutra ocasião coisa diferente, não sei, mas a letra apenas conta um caso particular sem nenhum
julgamento de valor exceto sobre o próprio autoconhecimento do narrador.
A música ficou em segundo lugar no festival de Sanremo 2009,
mas não sem protestos. Entidades de ativismo homossexual decidiram
praticar atos de repúdio à letra, que, afinal, conta basicamente a estória de um homem que se apaixonou por outro homem
devido a fascinação por um certo modelo psicológico masculino, e que evitava mulheres devido a uma "fidelidade" inconsciente
à sua mãe, até que se apaixonou por uma mulher e se casou, se tornando então um "outro homem".
A letra, que é genial, tem uma abordagem em grande parte psicanalítica, apesar de declarar que o personagem não foi a
psicólogos e nem concordava com Freud. E ela no máximo pode ser usada em favor de linhas de pensamento que consideram
o homossexualismo uma doença que deve ser curada. No entanto, mesmo que assim seja, me preocupa
muito ver que em nome da igualdade, mais uma vez, movem-se forças contra a liberdade. Tema que me foi objeto em
Igualdade e Liberdade.
Ao defender o "direito de ser diferente" e ao mesmo tempo igualdade de direitos, ao exigir o respeito ao próprio modo de
vida, os homossexuais nada mais fazem do
que reivindicar o pleno respeito pela dignidade humana e a extensão maior da noção de diversidade e liberdade sexual.
Reivindicações logicamente decorrentes de qualquer reflexão séria sobre
direitos humanos e sobre princípios éticos básicos.
Até aí, qualquer oposição ao movimento não passa de conservadorismo, fundamentalismo religioso e atraso mental.
A homossexualidade em si faz mal a ninguém, e portanto em nada atenta contra qualquer valor ético ou bem universal.
Mas, como frequentemente tem acontecido, de uma simples condição humana, a homossexualidade tem sido transportada
para um movimento ideológico político, que após conseguir uma séria de justas conquistas cívicas, começa a extrapolar
e a praticar exatamente aquilo de que foi vítima.
A infame bipolaridade predominante nas transformações sociais humanas mais uma vez se manifesta aqui. Não há uma busca
gradativa e suave pelo equilíbrio, mas sim um movimento radical e antagônico que, chocando-se brutalmente contra seu
radical opositor, termina gerando um certo equilíbrio por acidente, condenado a longa instabilidade.
Ao tentar sabotar, na força bruta, a expressão de um artista que conta sua visão pessoal do assunto, o movimento ideológico
acaba se transformando de oprimido a candidato a opressor, pois a luta pela liberdade de expressão da homossexualidade não
pode legitimamente servir de veículo à opressão da liberdade de expressão que contenha alguma crítica ou comentário
desinteressante à ela.
Ainda que fosse pretensão de alguém criticar duramente a homossexualidade, caberia no máximo atos de protesto pacíficos,
mas parece que foram feitas várias tentativas de pressionar a diretoria do evento a prejudicar a livre concorrência,
e há quem aponte que foi isso que resultou na classificação em segundo lugar, com direito a um prêmio extra de consolação.
Além disso, a maioria das críticas, além de equivocadas, transpiram uma nítida predisposição em não aceitar
pontos de vista divergentes dos consensos obtidos pelo movimento homossexual nos últimos anos.
Entre estes está o de que homossexualismo não é uma doença, que não necessita de tratamento, que é condição inata e não
depende de escolha do indivíduo. Todos consensos politicamente corretos e certamente inofensivos, a não ser quando se tornam
dogmas padrão com pretensão de cientificidade que reagem agressivamente à afirmações contrárias como se fossem preceitos
religiosos de livros sagrados.
Embora não seja sustentável considerar a homossexualidade como uma doença, pessoalmente acho que isso sequer faz sentido,
isso não esgota a discussão, e devemos respeitar a opinião de quem proponha a tese contrária DESDE QUE pretenda apresentá-la
com argumentos, e não com as imposições irracionais típicas do fundamentalismo religioso ou do reacionarismo conservador.
Infelizmente, tal como ocorre em movimentos similares, a tendência é a reação ser a mesma quer seja contra a afirmação
insustentável e passional de um preconceituoso, quer seja contra uma argumentação bem articulada e objetiva, ocultando
as diferenças entre ambas e tentando igualá-las, em geral, pela violência verbal. E o pior, ao invés de analisar e rebater
o argumento com um contra argumento, a tendência é simplesmente rebatê-lo pelo apelo passional.
Algo similar se deu com a instituição do Sistema de Cotas para Negros, que critiquei em
A Pílula Dourada. Qualquer crítica ao sistema, até mesmo contra sua simples eficiência, costuma
ser recebida pelos ativistas como racismo. Bem como qualquer crítica à historiografia do holocausto, até mesmo contra
aquela que simplesmente confunde o número de mortos em campos de concentração com o número de mortos na guerra
(que tem o curioso efeito colateral de afirmar que nenhum judeu morreu nos campos de batalha ou nos bombardeios), costuma ser acusada de negar o holocausto, com consequências que, dependendo do país, podem dar até cadeia.
Enfim, o que temos é que em nome do Politicamente Correto se pratica uma série de atos politicamente incorretos contra a
liberdade de expressão.
Que queiram criticar a música de Giuseppe Povia é direito líquido e certo, mas que antes o fizessem com o diálogo, argumentos e antes
de tudo com a polidez que qualquer discussão civilizada exige. E havemos de convir que é exatamente o que manifestações de
multidões com faixas e cartazes são incapazes de fazer.
Dito isso, passo para uma crítica que tenho ao movimento homossexual, sobre sua fixação na idéia de que homossexualismo não
é uma questão de escolha. Segundo essa idéia, você nasce homossexual e pronto! Nada pode fazer a respeito.
Que isso corresponda a um fato real, não tenho muita dúvida. Creio que certamente um grande número de homossexuais, talvez
a maioria, de fato não tenham tão escolha. Da mesma forma como eu não tenho escolha em ser sensível ou não aos encantos
da feminilidade. Se alguém conhecer algum tratamento que me permita gastar menos tempo deslumbrado com a beleza da anatomia
das mulheres, não hesite em me avisar!
Acontece que existem também os Bissexuais, e é comum admitir que entre os próprios homossexuais há níveis de intensidade
distintas de desejos, assim como entre o heterossexuais. Há as mulheres sexualmente "frias" e recatadas com relação aos
homens, e há no extremo oposto as ninfomaníacas. Mas ambas são heterossexuais.
Assim, a heterossexualidade, a bissexualidade e a homossexualidade não são assim "preto no branco". São áreas tão cinzentas
quanto qualquer outra, e há quem diga, com boa possibilidade de ter razão, que na verdade a maioria da humanidade é bissexual.
Aí é que esta o ponto. Se é verdade que alguns não tem escolha, porque então todos tem que não ter?
Porque alguém que nasceu com tendências flexíveis para ambos os lados, não pode optar por ser um ou outro?
Que problema há em ser homossexual por escolha?!
Que mal pode haver em alguém dizer: Escolhi ser gay sim! E daí? Vai encarar?
É muitíssimo curioso que após um século de tantas lutas pelo direito de escolher, como o feminismo, o liberalismo político,
a flexibilidade das religiões, direito ao aborto, eutanásia, etc. Um grupo decida levantar a bandeira do "Não temos escolha!"
É difícil resistir a uma leitura pessimista disso. Parece haver um sentimento de culpa envolvido. Da mesma forma como o
criminoso violento tenta alegar insanidade para se livrar do peso moral da escolha de seus atos, os homossexuais neste caso
parecem querer usar o determinismo biológico para se "desculpar" por seu comportamento. E, ainda mais estranho, ao mesmo
tempo que não querem uma cura nem nada que os mude, e alegam que o homossexualismo não é doença.
Ocorre que as duas teses são praticamente exclusivas. Se a homossexualidade impede a escolha do indivíduo, então isso é
um ponto formidável para a tese de que seria sim uma doença, pois simplesmente tudo que nos impele a uma conduta irresistível
que tenha algum custo moral é fatalmente considerado como uma doença. É assim que os psicopatas se safam da pena máxima,
alegando um tipo de desvio comportamental inato, que por definição é doentio.
Ora, nem mesmo a heterossexualidade é considerada irresistível, visto que muitos heteros escolhem de livre vontade não terem
vida sexual. Mas se alguém diz que é homossexual por imposição de uma arquitetura genética, está simplesmente abrindo mão
do valor supremo do Livre Arbítrio. É, como costumo dizer, a negação da própria humanidade.
Mais uma vez. Que isso ocorra particularmente, assim como com o heterossexual fortemente ativo, não parece uma questão
problemática. Mas o que o movimento homossexual tenta fazer é empurrar essa situação para a maioria, ou toda forma de
homossexualidade, quando me pareceria muito mais digno assumir a escolha e lutar pelo direito de ser respeitado
não pelo que nasceu sendo, mas pelo que decidiu ser.
Posso estar deixando escapar algo, pois meu apreço pela liberdade, pelo autonomia da auto determinação humana, é bem grande.
Mas alguém que nasce com um forte talento musical não é obrigado a ser músico, bem como aquele que nasce com pouco talento
pode sê-lo. Acredito fortemente na capacidade do ser humano de impor sua vontade sobre a quase totalidade dos fatos
biológicos e culturais. Por isso, não consigo ver com bons olhos a insistência na idéia de que alguém deva insistir, lutar,
e ainda se orgulhar por ser apenas um resultado mecânico da loteria genética.
Por isso, da mesma forma como alguém deve poder escolher se gay, pode escolher não sê-lo. E pessoalmente acho que isso deve
ser uma tendência oculta predominante. Será muito mais fácil para um bissexual escolher a heterossexualidade numa sociedade
que repreende os homossexuais. Bem como até para os homossexuais de inclinação moderada, se esforçar no sentido contrário
para não confrontar a cultura em que vive. Mas à medida que as barreiras do preconceito vão sendo derrubadas, abre-se mais
espaço para a livre opção. E acho que é isso que deveria ser o âmago do movimento homossexual. Que já recebeu meu apoio
aqui no texto O Direito ao Legítimo Ataque, cuja segunda metade defende a PL 122/06 dos
ataques dos religiosos.
Isso sim é negar que seja uma doença, da mesma forma como não é uma doença decidir ser celibatário, pintor, comunista,
jogador de futebol ou agnóstico. Por que tudo são escolhas. Escolha esta que de fato não está disponível ao portador da
síndrome de Down, mal de Parkinson, La Tourret, cromossomo YY ou câncer hereditário.
Enfim, se Luca era gay e deixou de sê-lo, é escolha dele. E deve ser respeitada. Principalmente quando deixa claro ser
um caso específico, e não uma receita geral universalizante que tenta empurrar a igualdade até para quem quer ser diferente.
Segue abaixo a letra da música, e a tradução, para que se tire a própria conclusão. Comparei duas traduções e fiz minhas
próprias correções. Se alguém achar falhas, agradeço muito que me seja informado.
E sinceramente, a música é linda!
Marcus Valerio XR
24 de Fevereiro de 2009
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LUCA ERA GAY
Giuseppe Povia
REFRÃO |
Luca era gay
e adesso sta con lei
Luca parla con il cuore in mano
Luca dice sono un altro uomo
Luca dice: prima di raccontare
il mio cambiamento sessuale
volevo chiarire che se credo in Dio
non mi riconosco nel pensiero dell’uomo
che su questo argomento è diviso,
non sono andato da psicologi psichiatri
preti o scienziati
sono andato nel mio passato ho scavato
e ho capito tante cose di me
mia madre mi ha voluto troppo bene
un bene diventato ossessione
piena delle sue convinzioni
ed io non respiravo per le sue attenzioni
mio padre non prendeva decisioni
ed io non ci riuscivo mai a parlare
stava fuori tutto il giorno per lavoro
io avevo l’impressione che non fosse troppo vero
mamma infatti chiese la separazione
avevo 12 anni non capivo bene
mio padre disse è la giusta soluzione
e dopo poco tempo cominciò a bere
mamma mi parlava sempre male di papà
mi diceva non sposarti mai per carità
delle mie amiche era gelosa morbosa
e la mia identità era sempre più confusa
|
Luca era gay
e agora está com ela
Luca fala com o coração na mão
Luca diz: Sou um outro homem
Luca diz: Antes de contar
a minha mudança sexual
gostaria de esclarecer que creio em Deus
e não me reconheço no pensamento do homem
que se divide sobre este argumento.
Não fui a psicólogos, psiquiatras,
padres ou cientistas
fui lá no meu passado, escavei
e entendi tanta coisa sobre mim.
minha mãe me queria tão bem
um bem que se transformou em obsessão
cheia das suas convicções
eu não respirava por causa da sua atenção
Meu pai não tomava decisões
e eu não era mais capaz de lhe falar
estava fora o dia todo para trabalhar
e eu tinha a impressão de que aquilo não era verdadeiro.
Mamãe pediu a separação
quando eu tinha 12 anos eu não entendia bem
meu pai disse que era a decisão certa
e pouco tempo depois começou a beber.
Mamãe me falava sempre mal de papai
me dizia que não se casaria mais por piedade
das minhas amigas, tinha um ciúme doentio
minha identidade era sempre muito confusa.
|
REFRÃO(x2) |
sono un altro uomo ma in quel momento
cercavo risposte mi vergognavo e le cercavo di nascosto
c’era chi mi diceva “è naturale”
io studiavo Freud non la pensava uguale
poi arrivò la maturità
ma non sapevo che cos’era la felicità
un uomo grande mi fece tremare il cuore
ed è li che ho scoperto di essere omosessuale
con lui nessuna inibizione
il corteggiamento c’era e io credevo fosse amore
sì con lui riuscivo ad essere me stesso
poi sembrava una gara a chi faceva meglio il sesso
e mi sentivo un colpevole prima o poi lo prendono
ma se spariscono le prove poi lo assolvono
cercavo negli uomini chi era mio padre
andavo con gli uomini per non tradire mia madre
|
Sou um outro homem, mas naquele momento
procurava respostas me envergonhava procurava escondido
Havia quem me dissesse "é natural"
eu estudava Freud, não pensava igual
Depois chegou a maturidade
mas não sabia que coisa era a felicidade.
Um homem grande me fez tremer o coração
foi ali que descobri que era homossexual.
Com ele, não havia inibição
um cortejamento e eu acreditava que era amor
Com ele, fui capaz de ser eu mesmo
parecia uma competição de quem era melhor de cama.
Eu me sentia culpado, primeiro, e depois o prendia
mas se as provas desapareciam, eu o absolvia.
Eu procurava nos homens quem era meu pai
e andava com os homens para não trair a minha mãe.
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REFRÃO(x2) |
Luca dice per 4 anni sono stato con un uomo
tra amore e inganni spesso ci tradivamo
io cercavo ancora la mia verità
quell’amore grande per l’eternità
poi ad una festa fra tanta gente
ho conosciuto lei che non c’entrava niente
lei mi ascoltava lei mi spogliava lei mi capiva
ricordo solo che il giorno dopo mi mancava
questa è la mia storia solo la mia storia
nessuna malattia nessuna guatigione
caro papà ti ho perdonato
anche se qua non sei più tornato
mamma ti penso spesso
ti voglio bene e a volte ho ancora il tuo riflesso
ma adesso sono padre e sono innamorato
dell’unica donna che io abbia mai amato
|
Luca diz: Por 4 anos estive com um homem por amor
nuitas vezes nos traíamos
procurava ainda a minha verdade
aquele grande amor para a eternidade
Em uma festa, no meio de tanta gente
conheci ela, não se intrometia
me escutava, me despia, me entendia
lembro apenas que, no dia seguinte, eu senti saudade
Esta é a minha história, apenas minha história
nenhuma doença, nenhuma cura.
Caro papai, te perdoei
mesmo que não tenha voltado aqui.
Mãe, penso em você sempre
te quero bem ainda tenho o seu reflexo.
Mas agora sou pai e sou um apaixonado
pela única mulher que amei em toda a minha vida.
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REFRÃO(x2) |
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