HIPÓTESE BENEVOLENTE SOBRE A CRUZADA ANTI-REPRODUTIVA
Diante do fato matemático de que a população islâmica já vinha crescendo visivelmente desde sempre e
irá dominar a Europa em no máximo meio século, e em um ou dois o Ocidente, como explicar o
esforço sistemático,
constante e extremo de governos, oligarquias e lideranças ocidentais em diminuir ainda mais sua população?
Muitos tem elencado explicações invariavelmente malevolentes sobre as intenções
dessas elites que financiam movimentos antivegetativos, mas proponho aqui levantar a tese não de que vícios, mas de que uma virtude, se esconda por trás disso.
Passado a paranoia da Guerra Fria, deveria ter se tornado evidente que ao menos desde 1963 EUA e URSS jamais pretenderam realmente dar fim ao mundo num holocausto nuclear. Seus sistemas político-econômico-ideológicos, sendo ambos materialistas, queriam a vida neste mundo, não vendo ganho algum na devastação mútua.
O mesmo não podemos dizer de um mundo porventura dividido e disputado por civilizações que se identificam com as maiores, proselitistas e mais belicosas religiões de todos os tempos. Cristianismo e Islamismo. De posse de armas de destruição maciça, mentalidades pautadas pelo radicalismo religioso poderiam tender a ver, na destruição global, a chave da realização de suas sonhadas profecias apocalípticas, com direito a salvadores descendo dos céus para instaurar o paraíso na Terra.
Antevendo essa tragédia, certas plutocracias ao melhor estilo
Adrian Veidt podem muito bem ter visto uma única saída para evitá-la, enfraquecer essas tradições religiosas. Sendo mais fácil fazê-lo com a mais antiga, o Cristianismo passou então a ser alvo de uma estratégia de dissolução, levando às nações que o sustentavam a uma cada vez maior laicidade e relativismo, diminuindo a predisposição da civilização Ocidental para uma guerra generalizada contra seu inimigo histórico.
Mas grande parte da humanidade sofre do que chamo de PESSIMISMO ESSENCIAL, uma visão depressiva do mundo que normalmente é curada pela via da religiosidade, conferindo um pseudo otimismo e vitalismo artificialmente construído com base em crenças no sobrenatural. Remova essas crenças, e muitos caem num pessimismo inviabilizante que se manifesta das mais diversas maneiras, inclusive na forma de Anti-Humanismo.
Esse problema, porém, é a solução de um outro, visto que a oposição entre a civilização de tradição cristã e a islâmica não se resolve apenas com a retração do Cristianismo. Pelo contrário, se agrava, visto que o Islamismo tem muito mais aversão pelo secularismo que pelo Cristianismo.
Mas essa civilização laica, pragmaticamente ateia e secular, marcha pacificamente para sua própria extinção, visto que sem o suporte religioso, o pessimismo reinante aliado ao desmantelamento das tradições e aos recursos tecnológicos reduz as taxas reprodutivas para abaixo do mínimo necessário para reposição.
Assim, a decadência do Cristianismo está associada à morte vegetativa progressiva, pondo fim também ao secularismo e deixando o Islamismo sem um competidor à altura de seu plano de espalhamento global, o
Califado Universal.
Todas as investidas recentes do abortismo, ambientalismo, antinatalismo, direitos LGBTT, feminismo e outros, independente de suas intenções ou métodos, tem como consequência inevitável a redução das taxas reprodutivas. Se estamos mesmo sob uma estratégia hemisférica da dissolução da civilização ocidental, não poderia haver processo mais inteligentemente eficaz, além de produzir uma série de inequívocos avanços humanitários onerados apenas por distorções colaterais e pelo fato de serem efêmeros. Afora os benefícios diretos de conter o excesso populacional.
Ao final deste processo, mesmo que não represente a extinção da multicultura ocidental, esta deverá estar tão reduzida que seja inofensiva ao Islamismo, que já avança sobre a Europa a todo vapor. Isso afetará inevitavelmente também o judaísmo, que sem o suporte dos herdeiros do Cristianismo, por meio das democracias ocidentais, dificilmente terá condições de fazer frente ao crescimento islâmico mesmo de posse de armas nucleares.
Mas um Califado Universal não promete ser mais seguro que um mundo dividido entre Cristãos e Muçulmanos. Dificilmente não se dividiria entre facções radicais e continuaria ameaçando a paz mundial com as mesmas armas que herdou da ciência ocidental. E assim é necessário um processo similar ao ocorrido dentro do Cristianismo, tendo como alvo, desta vez, o Islamismo.
Já estamos vendo e é certo que no futuro veremos ainda mais todas as abordagens que reduzirão a potência ocidental a uma sombra do passado serem aplicadas também para causar o mesmo impacto dentro da civilização islâmica, enfraquecendo também as disposições que poderiam levar a um cataclismo. Provavelmente, as tradições sunitas serão as primeiras.
Talvez, a exemplo de algumas nações islâmicas mais seculares e moderadas, é possível que um futuro Califado Global conviva com o mínimo de segurança necessária com as demais civilizações que seguramente não serão reduzidas em grau similar ao Cristianismo, em especial China e Índia.
Mas também, ao reagir a um ataque secularista global, a civilização islâmica termine por se concentrar numa guerra ideológica interna, assim poupando-se de uma guerra global com armas de destruição maciça.
Se isso funcionaria é difícil saber. Mas parece uma explicação razoável, e benevolente, para o fato de plutocracias bilionárias financiarem em peso movimentos cujos resultados são invariavelmente anti-reprodutivos.
Mas há nítidos indícios de que ou esse plano não estaria correndo como o esperado, ou mesmo esteja objetivando algo muito mais perverso e difícil de justificar mesmo pela via de um Mal enorme com vista a um Bem ainda Maior.
É que se o objetivo for mesmo a redução da população em total, não há o menor sentido em fazê-lo justo nas classes mais abastadas e que menos precisam. Mas é exatamente o que temos visto. Um aborto em clínica clandestina não sai por menos de Mil Reais, e mesmo uma cartela de misoprostol demanda ao menos uns 200, sem qualquer garantia de eficácia. Isso não são custos acessíveis à população mais pobre, beneficiando somente a classe média cujo crescimento populacional já é declinante. Clínicas clandestinas de ligadura de trompas gratuitas seriam muito mais viáveis e efetivas.
Também não se vê iniciativas similares com a mesma força nos verdadeiros focos de crescimento populacional explosivo do mundo, como na África e na Ásia. A resistência do Islã fornece explicação apenas parcial, pois apesar da tradição islâmica ser ainda mais indulgente com o aborto que o secularismo ocidental, permitindo-o até o quarto mês quando entraria a alma no feto, as lideranças islâmicas sabem muito bem que sua maior arma é exatamente o crescimento populacional, e por isso inibem iniciativas anti natalinas por motivos puramente estratégicos.
Mas não é explicação suficiente. Muitos destes países mais pobres, inclusive nas próprias Américas, não seriam tão resistentes a tais políticas de contenção populacional. E que nos leva de volta à questão: Porque estas se concentram justo onde não são mais necessárias? Deixando de lado justo aqueles estratos da população que, na pobreza, se apegam ainda mais fortemente às tradições cristãs?
Não pretendo aqui elucidar essa questão. Mas flertar com a possibilidade de que um plano originalmente bem intencionado, ou ao menos messiânico, já foi subvertido e teve seu controle usurpado pelo simples fato do Caos sócio econômico e cultural frequentemente levar a melhor sobre os mais requintados engenhos, e agora caminha descontroladamente sem ver para onde vai e nem servir mais ao motivo pelo qual foi criado.
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