Há muito tempo que pretendi lançar esse texto, mas a medida que pesquisei o assunto, acabei chegando a uma abordagem mais ampla do que meramente questionar o porquê da atração feminina por tipos violentos, cujos resultados largamente divulgados na mídia parecem mais amplificar do que reduzir. Concluindo que o assunto é muito mais vasto e impactante do que pode parecer. Também inclui a indignação de muito homens sobre uma alegada preferência das mulheres pelos tipos ditos "cafajestes", em geral proclamadas por abordagens anti-feministas frequentemente confundidas, as vezes injustamente, com mera misoginia. Bem como da crítica ao fascínio feminino pelo poder masculino mais que pela mera beleza ou caráter. Tudo isso pode ser resumido em HIPERGAMIA: Tendência em buscar um par que seja "melhor" situado do que si próprio, o que praticamente só ocorre por parte das mulheres. Mas a maioria dessas abordagens, em geral por homens, parecem carregadas de problemas. Não me preocupa tanto a preferência de certa parte das mulheres por indivíduos nada promissores em termos afetivos, pelo fato de serem frequentemente promissores em termos meramente sensuais. É tão direito das mulheres quererem caçar o prazer descompromissado quanto dos homens, conquanto não se iludam com a tolice de achar que um casanova incorrigível seja, no fundo, um homem em busca da parceira ideal. Nem se surpreendam com o fato de que isso dificultará que encontrem um parceiro estável quando a beleza começar a lhes faltar. Acuso também muitos desses críticos de se esquecerem que para cada Bom Rapaz que sofre por nada conseguir com a amada que se entrega ao garanhão que a despreza, há também uma Boa Moça que por falta de beleza sofre por não conseguir a atenção desse Bom Rapaz. E deixarei para depois a atração feminina por homens poderosos, influentes e famosos, por que isso no mínimo faz sentido do ponto de vista biológico e ou cultural, sendo a contrapartida da atração masculina pelas mulheres simplesmente belas. Mas de todas as atitudes que merecem o título de 'erradas', se destacam aquelas que promovem o exato contrário do que pretendiam, e o mau hábito de boa parte das mulheres em ser atraídas pelos tipos malignos é muito mais do que uma simples questão ética ou prática, costuma ser frequentemente um erro fatal. Nesse exato momento uma ou mais moças estão iniciando relacionamentos com indivíduos que terminarão matando-as após anos de maus tratos e humilhações. Muitas delas não poderão alegar que foram enganadas por um farsante que posava de bom moço. Muitas têm plena consciência das atitudes possessivas e agressivas deles, que até as atrai. E outras estão se envolvendo deliberadamente com criminosos que terminarão arrastando-as para a tragédia. SEM SENTIDO NATURAL NEM CULTURALQue mulheres se sintam atraídas pelos famosos garanhões é algo compreensível do ponto de vista biológico tanto quanto os homens se sentirem atraídos pelas mais bonitas. A natureza nos condicionou a apreciar aspectos que sugerem vantagens evolutivas. Beleza corpórea seria boa saúde para reprodução, força e vigor sugere genética forte capaz de sobreviver e se replicar. Mesmo homens violentos com os outros homens ou espécies indicam uma coisa que a evolução privilegia, capacidade de vencer concorrentes e ganhar no jogo reprodutivo. Homens ricos também simbolizam isso, recebendo um tremendo reforço dos fatores culturais. Nesse nível, as mulheres dão maior sofisticação a impulsos originalmente naturais, reconhecendo inconscientemente que estes também carregaram genes mais promissores além de serem mais capazes de otimizar o sucesso da prole. Como somos equipados com precárias reações irracionais selecionadas evolutivamente, cometemos erros de avaliação, mas a mulher que se apaixona por um cafajeste, mesmo que não tenha o benefício de um marido fiel caso engravide, ao menos tem a "promessa" implícita da qualidade genética. Assim, todas essas atitudes têm alguma "lógica" subjacente, de ordem natural ou cultural, da mesma forma que a atração masculina por mulheres bonitas, amáveis, carinhosas e fiéis, para garantir sua prerrogativa reprodutiva, ou mesmo fortes e imponentes, que prometem ser mães capazes de garantir a sobrevivência da prole. Se apaixonando por um criminoso, a mulher pode estar reagindo a condicionamentos que induzem admiração por indivíduos poderosos, embora essa aparente vantagem de ordem biológica costume ser facilmente neutralizada pela ordem social, que termina por despotencializar esse indivíduo. Mas apesar disso, quando uma mulher se interessa por um ginocida, um assassino de mulheres como o Maníaco do Parque (que depois de preso recebeu diversas cartas de amor) parece obedecer a motivações absurdas, porque isso não tem fundamento biológico e nem cultural. Para se reproduzir, a mulher tem que sobreviver. Se interessar por um indivíduo com propensão para matá-la, ou matar crianças, não vai trazer vantagem seletiva. O inverso faria sentido! Se homens ficassem interessados em mulheres bonitas que depois matam seus amantes, isso teria ao menos a lógica da Viúva Negra, pois o indivíduo só morreria depois de cumprir a missão que a natureza lhe incumbiu. Mas como se encarrega de mais de 99% do trabalho reprodutivo, os instintos femininos selecionados foram os favoráveis a auto preservação e obtenção de um parceiro provedor e protetor. Se interessar por ginocidas culturalmente também não faz sentido, visto que a sociedade pune imediatamente as mulheres que demonstram qualquer preferência por criminosos. Nosso maior exemplo é o da jornalista Marisa Raja Gabaglia, que chegou a ser famosa, trabalhando inclusive na Globo, mas depois caiu no completo ostracismo por ter se apaixonado pelo criminoso condenado Hosmany Ramos, mesmo sendo ele um rico cirurgião plástico. E se este não era um ginocida, a retaliação social contra estes e contra infanticidas é ainda maior. ESTÉTICAÉ o ramo da filosofia que estuda o conceito de beleza. O que nos atrai? Por que gostamos de algo? O que é o belo? A psicologia, biologia e sociologia tem dado ótimas contribuições e podemos hoje entender que como quase qualquer outra coisa, o senso de beleza obedece a princípios biológicos e culturais, porém de forma muito mais dinâmica e sutil. Homens se atraem pela proporção cintura fina e quadris largos porque tais características favorecem a reprodução. Entre outras coisas, quadris largos sugerem uma bacia mais adequada para o parto, e a cintura fina é um sinal de que a mulher não está grávida, disponível a fecundação. Mas a base biológica não esgota a apreciação. Mesmo outras mulheres e homens homossexuais acham beleza nessa relação, que se torna uma referência estética cultural que transcende a natureza. Essa transcendência também pode se aplicar a ordem cultural, de modo que a simples apreciação em si se torna independente, persistindo mesmo quando age contra qualquer vantagem biológica ou social. Como exemplo, podem ser vistos largamente na internet desenhos pornográficos e fotos manipuladas de mulheres com seios absurdamente gigantescos, muito além da mais avançada plástica estética, e que não seriam viáveis nem biológica e nem culturalmente, sendo repudiados pela maior parte da sociedade. Mas isso não elimina a apreciação puramente estética por parte de alguns, porque esta já se desvencilhou de suas bases originais, podendo até mesmo se opor a elas. Assim, podemos entender essa atração feminina pelos criminosos nesse sentido. Mesmo um ginocida ainda pode emanar uma "aura" de poder, frequentemente vista por muitos como o poder de vida e morte sobre suas vítimas, e essa noção terminar por sobrepujar até mesmo a idéia de auto preservação. Há outra perspectiva, onde haveria uma espécie de sonho de vencer o mal no indivíduo em questão, regenerá-lo, trazer à tona o que ele tem de bom. Talvez ele seja uma mera vítima de uma má criação, podendo reagir positivamente à alguém que o ame de verdade. Em suma, uma estética de A Bela e a Fera. Domar o poder pela sedução. Em contrapartida, esse indivíduo perdeu seu poder, e é possível que sentimentos de ordem maternal e protetora levem mulheres a se apaixonar por homens que estejam em situação de vulnerabilidade, como as famosas relações enfermeira e paciente, Nightingale Effect, que são o contrário da Hipergamia. E também não podemos desconsiderar o simples desejo de notoriedade. Principalmente no caso de criminosos famosos, causando vontade de atrair atenção a qualquer custo, "Falem mal mas falem de mim!", ou simplesmente contrariar a família ou a sociedade. Excluo aqui a mera loucura, pois os casos acima ocorrem numa proporção muito elevada para serem considerados uma simples e exótica exceção. HIPERGAMIAMas o maior problema não é essa minoria menos significativa, e sim sua continuidade com outras situações análogas. Além desta que efetivamente busca e consuma relacionamentos com assassinos da pior estirpe, há uma minoria maior que não o faria, mas aceita buscar criminosos condenados menos perigosos, e há também uma minoria ainda maior que aceita criminosos impunes, e uma ainda maior que simplesmente aceita homens potencialmente criminosos. Está última pode até não ser mais uma "minoria". Uma ingênua jovem pode pensar: "Se há quem queira até o Maníaco do Parque, que mal há em namorar um simples traficante?" Ou pode achar que há um bom motivo para tantas mulheres procurarem criminosos ou apenas homens perigosos. Ele poderia ser um protetor, que afugentaria outros homens mal intencionados. Ninguém teria coragem de "mexer com o seu companheiro, e assim, nem de mexer com ela". Ademais, nos círculos economicamente mais pobres, o criminoso costuma ser o Homem Alfa, o que se destaca marcando um território, cujo poder está acima dos demais, ativando o instinto hipergâmico feminino. Evidentemente, a possibilidade que um indivíduo assim acabe vitimando a própria companheira é esmagadoramente maior do que a de impedir que ela seja vitimada por outros. Muitas pessoas confundem bravura com vilania, a ponto de pensar que um homem que bate na esposa seria também um que a defenderia de agressores! Tal ingenuidade, vulnerabilidade a manipulação, e 'companheirismo' inconsequente, podem ser vistos nesses espetaculares depoimentos de brasileiras que se envolveram com criminosos, onde também fica evidente a correlação direta com a admiração pelo poder masculino e a necessidade de ser dominada e protegida. Enfim, mesmo não envolvendo criminosos, a GRANDE MAIORIA das mulheres ainda nutre um interesse excessivo e cada vez mais incompatível com a época, por homens que de algum modo sejam mais poderosos que elas, dependendo do grau de poder, tal indivíduo tem tanto apelo que supera até as menos flexíveis exigências femininas. Ao mesmo tempo que as mulheres ficam indignadas com traição e promiscuidade, milhões de tietes fazem fila por uma oportunidade de se entregar a seus ídolos, evidentemente sabendo que eles não nutrirão por elas nenhum tipo de deferência. Um homem suficiente famoso e poderoso não precisa oferecer fidelidade, e as vezes nem mesmo respeito ou carinho. Há sempre o desejo daquelas que pensam em fisgá-lo para elas em definitivo, mas isso não muda seu passado promíscuo que tratou mulheres como objetos descartáveis. Trata-se de um sonho hipergâmico. A mulher que conquistasse esse ídolo não apenas obteria um homem 'superior' capaz de lhe garantir o melhor, em termos materiais, para ela e sua prole, mas também superaria as concorrentes, ostentando o cobiçado prêmio. No absoluto inverso do que ainda sentem muitos homens em relação às mulheres, elas jamais se preocuparam em ter um parceiro virgem ou com pouca experiência sexual, por que isso é, tanto a nível biológico quanto cultural, absolutamente desinteressante. A capacidade de ser o mais promíscuo possível sempre foi um sinal masculino de poder claramente reconhecido pelas mulheres. Ou não existiriam casanovas. A fidelidade só será exigida após o comprometimento. Do lado masculino, permanece a intocável preferência pelas mulheres bonitas. Fama, dinheiro, posições de poder etc, contam minimamente, as afinidades contam bem mais, mas a beleza, é A PRINCIPAL característica a ativar o interesse masculino. Se Karla Homolka, co-autora de assassinatos, torturas e estupros cometidos pelo marido, também recebeu cartas de admiradores, é pelo único motivo de na época ela ser linda!
SUBMISSÃOEsse modo primitivo de Hipergamia, pode muito bem ser um resultado da agressividade original dos machos, que nos primatas costumam ser bem maiores que as fêmeas. Uma abordagem violenta, sem nenhuma preocupação em ser carinhoso e muito menos romântico, só deixava às fêmeas 3 opções: reagir, fugir ou se submeter. As que reagiam em geral eram mortas, as que fugiam, mesmo que conseguissem se reproduzir com machos menos violentos, terminaram por gerar descendentes incapazes de se disseminar tão bem quanto os machos mais violentos. Portanto, a postura submissa foi evidentemente favorecida pela seleção natural. Não só isso, a postura de gostar da postura agressiva foi mais favorecida ainda! Embora isso não tenha significado a extinção das outras posturas, ajuda a explicar porque entre as fantasias sexuais femininas mais comuns estão a de ser dominada, e fazer sexo com um estranho, visto que com frequência o macho alfa aparece sem aviso numa localidade qualquer, podendo então afugentar ou eliminar os outros machos locais, inclusive os Alfas anteriores. Com isso, não é de se estranhar que tais instintos ainda estejam fortemente embrenhados na mentalidade humana, e mais um motivo para que não façamos julgamentos de valor. PSEUDO CONCLUSÃOCom isso, podemos entender que a apreciação feminina pelos tipos perigosos é só uma faceta da Hipergamia, dentro da apreciação pelos tipos poderosos. E que o fascínio pelos ginocidas e infanticidas, mesmo indo contra os instintos biológicos e os preceitos culturais, também pode ser explicado por esse mesmo princípio, porém adicionando o componente da transcendência estética, que termina por confundir e superar a biologia e a cultura. A própria idéia de "salvar" o criminoso, regenerá-lo e torná-lo um homem bom, é outra faceta desta mesma Hipergamia, que tem como objetivo principal utilizar o poder masculino em benefício da reprodução, garantindo a proteção e prosperidade da descendência. Além da vitória simbólica da sedução sobre o poder. É claro que tudo isso obedece a elementos inconscientes, moldados por milhares de anos de evolução cultural, apoiados em milhões de anos de evolução hominídea, sobre bilhões de anos de evolução biológica.
Mas o pouco conhecido e debatido conceito de Hipergamia ainda é a chave disso, e para não nos alongarmos mais, deixaremos um análise mais detalhada do mesmo para o próximo texto.
Hipergamia II - Atração Imoral
8 de Setembro de 2011
1. Como mostra a pesquisa Situação da População Carcerária Feminina no Brasil, a maioria das prisioneiras tem filhos e morava com eles, apesar de serem civilmente solteiras, e foram condenadas por tráfico de drogas, embora ocupando posição secundária na hierarquia, evidentemente porque que a maior parte apenas auxiliava seus namorados ou maridos, sugerindo que jamais teriam se envolvido no crime por conta própria. 2. As pesquisas The average family size of jail inmates e More on jail inmate fertility dão números a algo que parece bastante óbvio a qualquer observador comum. Ir para a cadeia é mais um auxílio do que um empecilho para aumentar o apelo de homens perante mulheres. Ainda que não se deva desconsiderar o quanto relacionamentos em que o homem passa muito tempo fora de casa são estáveis. Embora a pesquisa dê uma margem pequena de filhos de criminosos em relação aos homens normais, há que se lembrar que eles certamente tem mais filhos do que declaram ou sequer sabem. 3. Há muito material na internet sobre isso, mas considero especialmente interessantes When good women love criminals e Manipulation and Self Deception When Women Love Criminals, de onde me inspirei para parte de minhas observações aqui contidas. Mas este, a meu ver, comete alguns erros conceituais que parecem minimizar o problema, ou lhe atribuir causas meramente culturais, ignorando por completo o contexto da Hipergamia, bem como o que comentei acima sobre Karla Homolka. Dentre todas as formas de sintetizar essa questão, talvez nenhuma seja tão clara e precisa, ainda que hilária, quanto a do tragicômico O Homem Comum, que diz: Sou favelado e sei que, sendo honesto, jamais terei aquilo que os playboys do asfalto tem: mulher. Então viro bandido e traço todas as gostosas do morro. As vezes sobem umas patyzinhas que curtem uma moda de “mulheres de classe média dando pra bandidos do morro”. O Homem Comum, em 'Reflexões Masculinas'. O que nos faz pensar que, além do fato das mulheres que se envolveram no crime o terem feito devido a seus parceiros, por outro lado, quantos homens não se envolveram no crime apenas para terem acesso à mulheres? O texto cobre em poucas e toscas palavras todas as formas básicas de homens Alfa pelo ponto de vista de um homem de baixo nível, mostrando inadvertidamente uma ponta da seriedade do problema, visto que grande parte, talvez a maioria, das atitudes masculinas, em especial as criminosas, podem ter como única motivação permitir seu acesso às mulheres. Como seria uma sociedade onde as mulheres só se interessassem, e ficassem loucas, por homens honestos, trabalhadores, gentis, éticos e bondosos? | |||||||
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Atração Imoral |