Em Defesa do PATRIARCADO

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A humanidade tem o mau hábito ingrato de venerar falsos ídolos. Enquanto artistas ou atletas que serão apagados da história na próxima geração são celebridades, homens e mulheres que trazem contribuição inestimável ao bem estar humano são ignorados. Muitos apreciam as trajetórias de malfeitores como Al Capone ou Bonnie & Clide, mas poucos se interessam pela vida e obra de James Clark Maxwell ou Marie Curie.

A Ciência, por mais vidas que salve a cada avanço, invés de ser digna de gratidão, é mais facilmente temida e odiada, a julgar pelo modo como é retratada em nossas produções cinematográficas, sempre como a responsável por grandes desastres.

Não é de admirar então que outra das mais primordiais instituições sociais da história, capaz de levar a humanidade da selvageria à civilização, esteja sendo há meio século repudiada como se fosse a geratriz de todos os males.

O Feminismo de Segunda Onda, a partir de 1960, declarou guerra ao conceito de Patriarcado, acusando-o de nos retirar de um paraíso para um inferno perpétuo de opressão, com a forçada comparação da condição feminina em relação ao homem, com a condição de escravos em relação a seus senhores.

Mas somente uma completa insensatez ou extrema má fé pode achar que os opressores delegariam para si mesmos as tarefas mais perigosas e pesadas, vivendo menos e se sujeitando a todos os riscos enquanto as supostas oprimidas ficavam na segurança de seus lares. E como se estas, gestando ou amamentando crianças, estivessem ansiosas para se aventurar num mundo inóspito e selvagem, trocando de lugar com os seus “opressores”.

PATRIARCADO é um conceito que ao menos num ponto é pacífico, trata-se de um sistema social onde a função paterna é reconhecida e valorizada, e ao assumir a Responsabilidade por uma família, se torna inevitável que sobre a mesma tenha alguma Autoridade, pois esses valores jamais podem ser desassociados sem produzir terrível injustiça. Hoje a autoridade do marido sobre a esposa não mais se justifica porque ele não é mais legalmente responsabilizado pela segurança dela, nem por suas eventuais dívidas ou crimes, mas vivendo num mundo muito mais perigoso que o atual, a sobrevivência era preocupação prioritária, e suprir essa função sempre coube aos machos da espécie, não somente por sua maior desenvoltura física, mas também pela sua dispensabilidade em termos reprodutivos.

A morte de uma dezena de homens não causa a perda de potencial reprodutivo da morte de uma única mulher, e se houve sociedades que colocaram suas mulheres em risco tanto quanto seus homens, seguramente não duraram muito tempo.

Assim, o Patriarcado é o modelo de sociedade onde os homens abrem mão de sua liberdade e irresponsabilidade para trabalhar não somente para si próprios, mas em prol de uma ou mais mulheres em especial, e das proles destas, e a principal coisa que pedem em troca é a fidelidade sexual como forma de garantir sua patrilinearidade.

Que obrigações os homens selvagens teriam com uma comunidade? Eles poderiam muito bem correr errantes com suas lanças, caçando e trabalhando em pequenos grupos apenas para si mesmos, copulando com mulheres que encontrassem pelo caminho, sem se preocupar em proteger indefesos e vivendo o presente. Mas não é o que ocorre, os homens se associam com as mulheres, formam laços, protegem idosos e crianças, e durante muito tempo isso foi feito de uma forma difusa, sem que soubessem exatamente quais eram os seus descendentes.

Este fora um modelo social viável, mas em algum momento o apego aos próprios descendentes, talvez identificados com traços de similaridade, tornaram a Paternidade Difusa em Paternidade Específica, e muitos decidiram dar atenção especial àqueles que eram sua própria prole, bem como às mães destes. Seguramente a Paternidade Difusa conviveu com a Específica durante muito tempo, mas não demoraria a ficar evidente as vantagens da última. Principalmente Para As Mulheres!

O que uma mulher prefere? Que todos os homens tratem indiscriminadamente todas as mulheres como iguais, ou que algum lhe dê atenção especial? Ainda mais num contexto de luta pela sobrevivência, ela tende a preferir que ele concentre esforço e engenho nela. Não foram os homens que impuseram a fidelidade às mulheres, mas sim estas que não demoraram a perceber as vantagens de ter um companheiro exclusivo, que sempre colocaria ela e seus filhos em primeiro lugar. Até hoje ainda são as mulheres as mais interessadas em compromisso!

Os rebentos de um pai responsável recebiam tratamento especial, mais dedicação, proteção, melhor treinamento, e mesmo com sua morte, seus objetos pessoais eram herdados por suas mulheres e descendentes, que ficavam mais abastados. Foi uma delirante inversão achar que a propriedade privada deu origem ao Patriarcado! O contrário! Foi o reconhecimento prévio da paternidade e a dedicação dos pais que com o tempo resultou na propriedade privada acumulativa. Retroalimentando a necessidade de confirmação da linhagem, e tornando mais rigorosa a necessidade de fidelidade.

E isso não significou uma imposição arbitrária, pois todas as sociedades sempre tiveram a figura das mulheres sexualmente livres. A diferença é que estas não recebiam a proteção especial que os homens forneciam às mulheres comprometidas, que ficando em nítida vantagem, não por outro motivo prosperaram se tornando maioria. Eis o ”duplo padrão”!

Esse contrato social ao menos por um bom tempo foi livre e mutuamente benéfico, exigindo sacrifícios de ambos os lados, e se tornou tão bem sucedido que com o tempo as mães se tornaram as principais guardiãs da instituição, exigindo o mesmo comportamento comprometido e responsável de suas filhas. Como não iriam querer para elas o que as próprias desejaram?

Não a toa jamais houve civilização matriarcal, pois isto significa um estado praticamente natural onde as partes não assumem compromissos e onde os homens ficam livres para agir como bem quiserem, invés de se empenharem por suas famílias. Houve tribos ou aldeias “matriarcais”, mas as primeiras sociedades patriarcais logo prosperaram e as sobrepujaram, levando-as à extinção. Mesmo hoje há no máximo favelas ou guetos “matriarcais”. Mas todas as grandes sociedades são patriarcais, e somente a ignorância pode pensar que países desenvolvidos onde a instituição do casamento tenha desandado aboliram o patriarcalismo, ainda que o tenham prejudicado, pois este apenas mudou da figura direta para a figura indireta de um Estado Paternalista. Os homens continuam realizando a maior parte dos serviços de infraestrutura e assumindo as funções mais perigosas, além das ciências e tecnologias de ponta, e na maioria das vezes ao menos pagando suas pensões.

Odiar o Patriarcado, apregoar-lhe a origem de todos os males e considerar que o mesmo existe para oprimir mulheres concedendo privilégios a um gênero que até hoje vive menos, morre 10 vezes mais em acidentes de trabalho e continua se sacrificando em defesa do gênero feminino ao menor sinal de perigo, não é apenas uma profunda ignorância. É um atestado insofismável de ódio contra a própria civilização e a toda espécie humana.

Marcus Valerio XR

2 de Fevereiro de 2014

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