MEU LIVRO DE VISITAS

DreamBook

Marcus Valerio XR

Abordagem sobre Relação entre a Bíblia e a História.
FRANK DE SOUZA MANGABEIRA

framan7@uol.com.br

Em resposta a FRANK - XR 3

Citações de meus textos anteriores em VERDE.
Comentários de Frank em
AMARELO.
Meus comentários atuais, como sempre, em CIANO.

CONCLUÍDO.
27/07/02


Esta parte do diálogo visa discutir o alegado endosso histórico da Bíblia. Minha afirmação é que a Bíblia possui endosso histórico parcial a partir do episódio do cativeiro babilônico, muito pouco nos episódios narrados a partir do Êxodo, e absolutamente nenhum para a Gênese. O Novo Testamento também recebe endosso parcial após o Evangelho, para o qual a simples existência de cristo ainda é controversa, quanto mais o milagres que teria protagonizado.

Desde o início critiquei sua posição. Minha segunda resposta foi a reação natural à sua crítica. Temas como a Torre de Babel, as Pragas do Egito, a Destruição de Sodoma e Gomorra e eventos sobrenaturais na Bíblia é assunto para outra discussão. Tais lendas não são tão mitológicas quanto se deseja crer.

Até se prove o contrário, tudo o que está descrito na Gênese é lenda. Agora quanto a "lendas não mitológicas"...

Referências não são apelos a Autoridade! Temos que admitir que somos meros intérpretes de fontes, e nesse caso, convém citar as fontes. Com certeza não estamos nos referindo à Verdade, mas quando afirmamos que tal ou qual coisa recebe o Endosso da História, convém confirmar isso. O que é a História? De onde se pode tirar essa idéia?

Toda a Bibliografia historiográfica atual, digo da História Contemporânea aceita nos círculos acadêmicos, é claramente contária a essa afirmação.

Me referia a afirmação de que a Bíblia, recebe o endosso da História.

Eu cheguei a pensar que você fosse defender pontos mais razoáveis da Bíblia, como o período Babilônico, que de fato entra em consonância com a história. Mas não me leve a mal, usar uma lenda babilônica para defender a idéia de que a História é favorável a existência de uma quimera como a Torre de Babel foi demais!

Concordo com você na sua primeira colocação. O material da História são as fontes históricas que subsidiam a veracidade dos fatos. A interpretação dessas fontes, no entanto, é bem subjetiva. Às vezes, os historiadores vão além do seu papel e passam a opinar sobre a validade da fé cristã. Lembre-se de que a História não é uma ciência exata e que trabalha com conjecturas também. Principalmente no que diz à Bíblia e à fé cristã, esta ciência já se posicionou. No que respeita ao conteúdo religioso da Bíblia, tais como os milagres de Cristo, Sua morte expiatória e ressurreição, além de eventos miraculosos narrados no Antigo Testamento, nada ela pode declarar, pois não está em sua alçada.

Ela pode declarar o que é endossado por ela ou não. Esses eventos fantásticos com certeza não são.

Sobre muitos destes fatos, a História atual, influenciada pelo naturalismo, atribui a causas naturais. Cristo morreu (é um fato histórico) pelos nossos pecados (é uma revelação. A história nada tem a dizer sobre isso). - I aos Coríntios 15:3 .

A existência de Cristo não é um fato histórico indiscutível.

E Paulo ainda acrescenta a fonte de sua informação revelativa, ao declarar ... segundo as Escrituras. A história secular nada tem a dizer sobre posicionamentos de fé.

Certo, mas volto a dizer, ele pode dizer o que é endossado por ela ou não.

Não é porque não se achou ainda a Arca de Noé, uma estrutura como a Torre de Babel ou vestígios de Sodoma e Gomorra que a Bíblia seja indigna de confiança neste particular.

É porque além de não se ter achado qualquer evidência que substancie a Gênese, ela é totalmente contrária as leis naturais, além de que há evidências contra sua ocorrência pelo menos no período de tempo alegado e defendido pelos criacionistas de Terra Jovem, pois existe toda uma miríade de achados arqueológicos, antropológicos, paleontológicos e etc. que datam muito anteriores a suposta criação da terra.

Muitas descobertas arqueológicas têm vindo à tona, confirmando a veracidade das Escrituras. Isto é sintomático.

Não sei bem que descobertas seriam essas. Mas sem dúvida deve haver muito daquilo que já é aceito pela História. Isso confirma ser a Bíblia um livro com dados históricos confiáveis, a partir de determinados livros.

Por outro lado, com respeito a episódios como o Dilúvio de Gênesis,a destruição de Sodoma eGomorra, as Pragas do Egito e a Torre de Babel precisaremos discutir isso, pois há interpretações de estudiosos a respeito da ocorrência desses eventos, contrariando a dita História Contemporânea, tão confiável.

Evidentemente, há interpretações de religiosos, fundamentalistas bíblicos e etc, que quando profissionais das áreas de história, antropologia ou etc, utilizam suas credenciais para fazer apologias a sua fé. Tal como o fazem os criacionistas que tenham credenciais em ciência.

Os pensadores modernos, como os radicais existencialistas, dizem que a Bíblia é uma coletânea de Histórias, sem historicidade na sua maioria, acerca do modo do ser humano entender-se a si mesmo. A fé cristã declara que dá testemunho daquilo que Deus fez e fará no tempo e no espaço. O registro de tais eventos passados está, em princípio, aberto à mesma verificação ou prova de falsidade que qualquer outro registro histórico. Doutra forma, perderiam seu direito de serem considerados eventos históricos.

Não necessariamente, há eventos que não podem ser em sua plenitude verificados, creio que seja óbvio o porquê, mas podem sim ser corroborados ou não por outras fontes. Nesse sentido, a Bíblia tem sérios problemas, pois como já disse os eventos da Gênese são inaceitáveis para o conhecimento contemporâneo, a única esperança dos apologistas bíblicos então é a reinterpretação, em geral de forma alegórica, que é a mais sensata, ou a confrontação direta com toda a Ciência atual, tentando validar eventos miraculosos na contramão do progresso científico.

Hoje, ás vezes, se levanta a objeção de que o sobrenatural não pode ser levado em conta pelo historiador moderno e crítico. Tudo tem de ser interpretado em termos de um sistema fechado de causas finitas. Doutra forma, a porta ficará aberta a toda superstição e fábula. O sobrenatural e o milagroso são descontados logo de início. É claro que o historiador precisa de critérios que o ajudem a fazer a triagem entre os fatos e a ficção. Adotar esta linha demasiadamente rigorosa, no entanto, parece um conceito errôneo da tarefa do historiador. resolve de antemão o que pode ou não pode ter acontecido sem sequer examinar a evidência.

Mas QUÊ EVIDÊNCIA há para se examinar?!?!

Descartar o sobrenatural antecipadamente é a única forma de se fazer história, e construir qualquer tipo de conhecimento sério e confiável. Se isso tivesse sido feito milênios antes, a Peste Negra não teria arrasado a Europa, mulheres não teriam sido queimadas como bruxas, e hoje em dia, na África por exemplo, a AIDS não estaria devastando tribos inteiras!

Você desenvolveu muito bem esse último parágrafo, com a exceção do "as vezes", e das duas últimas frases. Tente oferecer um único argumento plausível para que o fantástico não seja desconsiderado até que, pelo menos, seja impossível explicar os fenômenos.

O fenômeno da história é a soma total dos eventos do passado. Mas a disciplina acadêmica que chamamos de história não é um catálogo assim de eventos. Nem é sequer, para empregar a frase célebre de Ranke, o registro de um evento conforme realmente aconteceu. Primeiro o historiador não pode voltar para o passado e ver as coisas por si mesmo (a não ser que tenha sido uma testemunha ocular). Além disso, não anota tudo quanto descobre. Seleciona. Forçosamente faz assim, para tudo caber num livro. Discrimina. Procura descobrir causas e avaliar influências. Ao assim fazer, não está reconstruindo o passado, pois o passado literalmente não pode ser reconstruído. O que ele faz é mais como construir um modelo. Um modelo é uma representação dalguma outra coisa que nos capacita a ver como era ou é aquela outra coisa. Parte da matéria para o modelo talvez seja tirada de documentos que, segundo acredita o historiador, contêm declarações originais ou relatos de testemunhas oculares (embora talvez não lhes sejam disponíveis). Outras partes do modelo, porém, serão da sua própria construção. São estas últimas partes que não somente conservam juntos os fragmentos originais, mas que determinam como tais fragmentos devem ser encaixados. Descrever a história dessa maneira talvez sugira que é uma coisa altamente arbitrária, que depende em boa medida das modas passageiras e caprichos dos historiadores individuais. A qualidade do historiador depende não somentedo seu uso da matéria como também da sua interpretação. Mas esta última não precisa ser algo indevidamente imposto sobre aquela. Embora o historiador venha a fazer uso da sua experiência para ajudá-lo a ter um conceito de uma personalidade ou de um evento, sua própria situação não deve levá-lo a avaliar de antemão a questão.

Perfeito! Excelente descrição do ato de historiar!

O filósofo norte-americano da história, J.W. Montgomery, sugeriu que os fatos e as interpretações são como pés e sapatos. A interpretação que o historiador traz aos seus dados não deve ser nem demasiadamente apertada nem demasiadamente solta. A lição poderia ser aplicada ainda mais. O historiador crítico é como um vendedor de sapatos. Tem à sua disposição numerosos pares de sapatos. Sua tarefa é olhar os dados diante dele e experimentar várias interpretações até que ache uma que nem é grande demais nem pequena demais, e que é apropriada. Ou seja: ser cuidadoso. Isto é especialmente importante na tentativa de descobrir conexões e avaliar a relevância. Quando for confrontado pela pergunta de se um evento específico aconteceu ou não, deve julgar a explicação mais provável à luz dos dados diante dele, prestando atenção à fidedignidade dos dados e sua consistência com seu modelo como um todo.

Muito boa analogia. Vejo que você tem uma excelente conceituação teórica do que seja História. Com essa mesma analogia, entenda que aceitar a hipótese do sobrenatural seria o mesmo que um vendedor de sapatos reservar em seu estoque sapatos de mais de 1m de comprimento esperando encontrar freguezes gigantes, tal como os Nefilins.

Uma fé que continua crendo independentemente da evidência não é uma fé que valha a pena ter. A idéia bíblica da fé é a confiança em Deus por causa daquilo que Deus tem feito e dito. Se pudesse ser demonstrado que não havia boas razões para acreditar que Deus tivesse dito ou feito estas coisas, a fé seria vã e vazia.

Sou da opinião que fé independe de evidências. Aliás até pelo contrário. Ninguém tem "FÉ" na existência da Lua, na Gravidade ou no fato de que precisamos respirar, pois isso é evidente. A Fé é justamente uma certeza sem evidências.

Se você se depara com uma caixa, a princípio não sabe se há algo lá dentro. Então você supõe que possa haver, ou seja, você tem uma possibilidade. Se você a abre e encontra algo lá dentro passa a ter uma certeza baseada numa evidência, na experimentação direta.

A Fé é exatamente quando você, mesmo sem ter aberto a caixa, tem certeza de que há algo lá. Se não for possível abrir a caixa, você nunca poderá comprovar, e portanto sua fé poderá se manter sem confrontação. Assim é a crença em Deus, ou na Vida pós Morte. Como é impossível prová-las ou desprová-las, a Fé faz algum sentido, pois é a única forma de ter uma Certeza.

Mas se você abre a caixa e se depara com nada, ou abre mão de sua fé, ou faz como os Criacionistas, olha para o vazio e diz que há algo lá, mas que está invisível, intangível, fora do alcance da Ciência, a não ser de um ou outro cientista iluminado que "provou", embora a prova não esteja disponível, que há algo lá. E então continua com sua Fé, mesmo gritando contra evidência, pois ignora a evidência. A Fé continua sendo a mesma coisa, uma Certeza sem Evidência.

Digo que não há nada de errado em ter fé em algo que não pode ser desaprovado. Como a existência de Cristo, ou os milagres que ele protagonizou, ou a possibilidade do Novo Advento, pois são coisas que não tem como ser desprovadas pelo menos agora.

Porém negar todos os dados da Natureza para sustentar uma Fé na Criação Divina em 6 dias há menos de 10 mil anos já é negar a Evidência para manter a Fé.

Como filósofo, sem muito bem que temos motivos de sobra para duvidar de nossos sentidos, portanto, não é de fato absurdo que haja mesmo algo na caixa que não possa ser provado, e até admito que possa haver motivos para crê-lo, mas acho completamente impróprio querer que outras pessoas acreditem em algo para o qual você não tem como provar, e muito mais usar de desonestidade para ludibriá-las.

Ao dizer isso, não estamos vinculando a fé ao último livro do erudito que porventura estivesse na moda na ocasião. Mas estamos dizendo que a erudição tem um lugar apropriado. Seu trabalho é fortalecer a fé mediante sua demonstração da verdade ( ou, se não puder fazer isso, deve dizê-lo abertamente e alijar a fé).

Foi basicamente o que Darwin, e outros evolucionistas, fizeram e continuam fazendo. Não significa anular o Cristianismo, mas a literalidade da Gênese foi completamente demolilda pela Ciência, e por qualquer forma de bom senso.

Ao dizer isto, não estamos meramente continuando o que os próprios escritores bíblicos estavam fazendo. A Bíblia não é uma caixa de promessas cheia de pensamentos benditos. Grande parte dela é dedicada a argumentos, demonstrações e apelos à história.

Apelos a História pode até ser, mas me mostre uma única passagem bíblica que seja uma argumentação racionalmente sustentável.

Não se trata de rechear, pois pouco adianta, como você mesmo notou, encher de referências tendenciosas. No caso eu exigi as referências por que você afirma que Algo tem tal Postura, nesse caso, que a História endossa a Bíblia, o que vai largamente contra tudo o que já li. Aí sim, creio que referências seriam muito válidas.

Ok. Referências tendenciosas podem vir de mim e de você.Tudo é uma palavra ampla. Não creio que já leu TUDO a respeito, mas deve ter lido tudo que está em consonânsia com seu ponto de vista. Também o que você diz vai de encontro contra tudo o que eu já li, apesar de conhecer pensamentos contrários.

Não. Não li tudo que está em consonância com meu ponto de vista. A diferença entre mim e você é que prefiro confiar numa argumentação racional baseada em evidências, ou seja, Ciência, sem compromisso com conteúdos ideológicos. Você quer apenas justificar sua fé na Bíblia. Eu não quero justificar um livro sagrado, nem uma mitologia, eu confio apenas em minha própria capacidade de discernimento.

Claro que tenho minhas tendências e inclinações, minhas influências. Mas não sigo nenhum sistema de pensamento pronto, eu mesmo faço o meu. Eu discordo de muitos elementos evolucionistas, e tento ver a realidade sob minha própria forma de pensar, mas também não tenho medo de mudar essa forma de pensar.

Te desafio a me mostrar uma sistema de pensamento que seja pelo menos 70% similar ao meu. Mesmo que tente extrair partes de vários outros, posso te garantir que já teorizei sobre coisas que jamais vi em qualquer lugar. Você por outro lado está compromentido com um sistema de pensamento pronto, herdado de uma série de fontes que você mesmo cita.

Quando meu corpo físico falhar, talvez eu me depare com um Deus, e não tenho medo disso, ou talvez exista apenas o Nada, o que também não me assusta. Claro que eu não gostaria de um deus psicótico como pregam muitos fundamentalistas cristãos. Mas não vejo nenhum motivo para temê-lo, pois ele á ilógico, e se eu basear a minha vida em crenças racionalmente insustentáveis, e agressivas a minha intuição, então perderia minha condição humana.

Você chega a ponto de afirmar que existe um papiro egípcio que descreve as 10 pragas de Moisés. Eu jamais ouvi falar disso, aliás sempre ouvi o exato contrário, que egiptólogo algum encontrou qualquer confirmação da estória de Moisés. É por isso que nesse caso sim, recuso-me a discutir a questão sem um mínimo de referência. Caso contrário posso começar a fazer qualquer afirmação sem qualquer cuidado.

Tudo bem. A informação sobre o papiro me foi passada por um amigo. Estou lhe solicitando a referência. A confiabilidade histórica de Gênesis e Êxodo, no entanto, não são derrubadas neste único particular.

O Êxodo, descontando os milagres, é possível, mas a literalidade da Gênese já está completamente derrubada há muito tempo. A questão é ver se vale a pena pensar na possibilidade de tentar pô-la de pé.

Outra postura que considero contra indicada. Porque meu texto não convence? Em que ponto os argumentos falham? Eu cheguei a reproduzir um trecho da Enciclopédia Britânica para demonstrar que o posicionamento da História Contemporânea não endossa a Bíblia, e lembre-se que a Enciclopédia Britânica é simplesmente A Referência Mais Respeitada pelo meio acadêmico. O que não convenceu? Eu ou a Enciclopédia Britânica?

Autoridade da Enciclopédia Britânica.

Não nego a importância da Enciclopédia Britânica; mas dizer que a mesma é autoridade em assuntos teológicos, é exigir demais, pois a Bíblia não se estuda através de Enciclopédias, mas sim através de Teologia.

Mas não estamos estudando Teologia, estamos discutindo a autenticidade histórica da Bíblia, e principalmente se a História lhe oferece endosso, o que demonstrei não ser verdade.

2) A acusação de que Moisés não pode ter sido autor do livro de Gênesis cai no ridículo. Dizem que a arte da escrita não era conhecida por Moisés em seus dias e portanto não poderia ser ele o autor de Gênesis; tal é um disparate, sendo que a arqueologia comprova que havia sim a escrita na época de Moisés.

Também acho ridículo a afirmação de que alguém poderia escrever sobre sua própria morte após ela ter ocorrido, que é o que teríamos que admitir caso Moisés tivesse escrito o Deuteronômio. A escrita era sim conhecida na época de Moisés, mas é provável que os hebreus não a dominassem.

Vejamos:

a) Escavações arqueológicas em Ur, na antiga Caldéia, têm comprovado que Abraão era cidadão de uma metrópole altamente civilizada. Nas escolas de Ur, o meninos aprendiam leitura, escrita, Aritmética e Geometria. Três albabetos foram descobertos: junto do Sinai, em Biblos e em Ras Shamra, que são bem anteriores ao tempo de Moisés (1500 a.C.). Estudiosos modernos, baseados em evidências irrefutáveis, sustentam que Moisés escolheu a escrita fonética para escrever o Pentateuco. O arqueólogo W. F. Albright datou esta escrita do início do século XV a.C (tempo de Moisés). Interessante é notar que essa escrita foi encontrada no lugar onde Moisés recebeu a incumbência de escrever seus livros (Êxodo 17:14) (Michelson Borges, A História da Vida, p. 175).

b)O Museu Britânico em Londres possui 81 exemplares das centenas de famosos tabletes de Tel el Amarna, que foram descobertos em caracteres cuneiformes, e datam da época de Moisés e Josué. São cartas escritas pelos oficiais na Palestina para o governo egípcio.

c) Eis algumas declarações de famosos arqueólogos:

Deve ser atestado categoricamente que nenhuma descoberta arqueológica jamais contrariou a Bíblia (Nelson Glueck)

Não pode haver dúvidas de que a arqueologia confirma a historicidade substancial da tradição do Antigo Testamento. Descoberta após descoberta tem estabelecido a precisão de inúmeros detalhes, e tem trazido um crescente reconhecimento do valor da Bíblia como fonte histórica (W. F. Albright ).

Neste mês, Julho de 2002, a popular revista SUPER INTERESSANTE trouxe uma matéria de capa entitulada:

"BÍBLIA - O QUE É VERDADE E O QUE É LENDA
A arqueologia investiga as provas históricas dos relatos bíblicos. E, baseada em descobertas recentes, afirma:
* Os patriarcas Abraão e Moisés jamais existiram
* O êxodo nunca aconteceu
* Os reis David e Salomão não passavam de pequenos líderes tribais"

Além de uma série de outras declarações nada agradáveis para os fundamentalistas bíblicos e para as quais cita várias fontes de referências recentes. Ainda que a Super Interessante seja mais uma revista de divulgação de temas científicos, e que goste de fazer um certo sensacionalismo, ela reflete bem o contexto científico atual, com todas as suas propostas distintas e conflitantes.

Ainda que todas as referências que você citou logo acima fossem plenamente aceitas no mundo cinetífico, o que posso garantir que não são, elas estariam hoje em franca decadência em termos de aceitação.

Eu tenho bons motivos para desconfiar que este W.F. Albright e Nelson Glueck são religiosos.

A Enciclopédia Barsa, equivalente nacional à Enciclopédia Britânica, parece dizer o contrário de sua posição, Marcus. No verbete Bíblia (Macropédia, vol. 2) está assim expresso a opinião sobre: a) Arqueologia Bíblica: Até o século XIX, o estudo da Bíblia sofreu limitações decorrentes de quase total ausência de informações históricas extrabíblicas sobre os fatos narrados na Bíblia. Com as descobertas proporcionadas por escavações arqueológicas, foi possível compor um quadro geral mais nítido de todo o mundo antigo contemporâneo da história de Israel e do cristianismo primitivo, isto é, desde a civilização sumeriana, da qual saiu Abraão, até a época do helenismo e do Império Romano, em que se expandiu o evangelho.

b) Pentateuco. O conjunto formado pelos cinco primeiros livros da Bíblia denomina-se Pentateuco - em grego, livro em cinco volumes. Os judeus o chamam de Torá, palavra hebraica que significa lei, diretiva, instrução - ou seja, o conjunto das instruções ou leis de Deus, transmitidas ao povo israelita através de Moisés, o grande fundador de Israel, como povo e como religião.

Será que após toda essa nossa discussão você ainda acha que eu sou algum trouxa?! Pelo que você mesmo reproduziu o verbete BÍBLIA apenas diz que posteriormente foi possível compor um cenário mais claro da Bíblia, não está a endossando ou aumentando sua credibiliade em nível algum.

No segundo está apenas definindo o termo Pentateuco segundo sua conceituação geral. Você não está querendo me empurrar os dois parágrafos como se estivessem sequencialmente relacionados não?

Sobre Jesus Cristo, a Barsa traz este comentário no volume 8: Poucos personagens históricos exerceram sobre a história uma influência comparável à de Jesus Cristo. Qualquer que seja a óptica religiosa, filosófica ou política que define sua imagem - a de Filho de Deus, a de moralista sonhador ou a de revolucionário -, o fato é que Jesus produziu uma das alterações mais profundas já ocorridas na civilização, e levou a uma visão radicalmente nova do mundo e da humanidade. E continua:

Jesus Cristo, ou Jesus de Nazaré, nasceu em Belém da Judéia, provavelmente entre os anos 6 e 7 a. C. O comentário prossegue falando das fontes bíblicas e extrabíblicas sobre Sua historicidade. Faz menção a Flávio Josefo (inclusive menciona o argumento da interpolação cristã quanto aos milagres e ressurreição de Jesus mencionados nos escritos de Josefo), a Tácito, ao Talmude de Jerusalém e ao de Babilônia, que confirmam a existência histórica de Jesus de Nazaré.

Poucos negam a existência de um Jesus histórico, que tal como qualquer Ser Humano comum, teria poder para alterar a história. Isso nada demonstra além do fato de que teria existido esse personagem, mas nada prova sobre seus milagres ou sua suposta divindade. Se fosse assim, teríamos que admitir que a existência histórica de Maomé, esta sim ABSOLUTAMENTE indiscutível, reforça a idéia de que ele realmente recebeu a comunicação divina através do Anjo Gabriel.

Mesmo assim, a tendência contemporânea tem sido muito mais no sentido de evidenciar a importância de Paulo de Tarso do que a de Jesus na divulgação do Cristianismo. Com certeza, não fosse por Paulo, o Cristianismo não passaria de uma seita obscura que dificilmente seria conhecida hoje além dos círculos acadêmicos.

Quando alguém fala que Jesus influenciou, ou causou tal ou qual efeito, está apenas se referindo a doutrina que ele legou ao mundo, que poderia até mesmo ter sido inventada pelos evangelistas. Todos nós conhecemos as estórias de Hércules, Édipo, Krishna, Buda e etc. O fato delas teram causado grande repercussão não prova que estes personagens realmente existiram.

Sem dúvida as molduras de meus argumentos refletem a Alta Crítica, que aliás é exatamente o que está escrito na Enciclopédia Britânica. Quando a refutação na obra cristã citada, esta obra é aceita no meio acadêmico? Poderia ao menos citar o autor? E em se tratando de obra cristã ela não seria tendenciosa? E sendo assim não reforça meu argumento de que só quem defende a veracidade Bíblica é quem está sentimentalmente comprometido com ela?

A Enciclopédia Britânica apenas reproduz o que está em voga no mundo acadêmico. Apesar de respeitável, ela não não se constitui autoridade para determinar se isto ou aquilo é história ou não, no tocante aos eventos sobrenaturais contidos na Bíblia.

!!!??? MAS...

Então afinal: QUEM CONSTITÚI TAL AUTORIDADE?!?!?

Se o Mundo Acadêmico e a mais aceita publicação científica do mundo não servem para definir o que é História em termos Acadêmicos e Científicos, então afinal o que você está chamando de História?!?!

Em especial "no tocante aos eventos sobrenaturais contidos na Bíblia"?! Quer dizer que não devemos dar atenção ao fato dela não endossar os milagres bíblicos? E quanto aos milagres de Buda, que ela com certeza também não endossa? Também não devemos considerar?

Afinal que espécie de critério você está usando?

Ela apenas adota a postura de historiadores céticos, uma vez que sofreu forte influência iluminista e se apóia no racionalismo. Pudera. Não se esqueça que a Enciclopédia Britânica é cuidadosa quanto trata dos elementos sobrenaturais na Bíblia. Usa termos genéricos, como provavelmente, acredita-se, para os cristãos.

E deveria fazer o quê?! Acreditar em todos os milagres?!

Voltamos ao começo, o que deu origem a toda esta página de discussão. O fato de você afirmar que "A Bíblia recebe o endosso da História". Não sei mais de que história você está falando. Acabamos de concordar que o mundo acadêmico e científico, o qual baseia nosso sistema educacional e todo o conhecimento secular, não endossa a Bíblia.

Afinal que "História" é essa?

Quanto ao livro Evidências que Exigem um Veredito, Josh MacDowell é seu autor. Editado pela Editora Candeia. A questão não é se a obra é aceita nos círculos seculares de erudição, mas se ela é consistente quanto à refutação dos argumentos da alta crítica. Este livro tem permanecido como uma das melhores obras na defesa da fé cristã. Percebo em você um sério preconceito.

Belo escapismo. Acabou de admitir ser ele uma apologista cristão comprometido com sua fé. Se ela não é aceita nos meios científicos, é porque não possui estrutura para tal, é argumentativa e referencialmente fraca. Lembre-se que independente de quem seja o autor ou de suas convicções pessoais, se um trabalho é suficientemente sólido, ele será aceito.

Os próprios Henry Morris e Cia. não teriam títulos de PhD se suas teses não tivessem sido aceitas academicamente independente de suas crenças pessoais, mas posso garantir que nenhuma delas era de teor criacionista.

Você pode ser da opinião de que ele é consistente por defender a sua Fé, e pode considerá-lo uma das melhores obras apologéticas cristãs, assim como um Ufólogo pode considerar o Eric Von Daniken ou o J.J Benitez como os melhores e mais consistentes defensores da hipótese ufológica.

Se eu tiver um preconceito contra alguns indivíduos que defendem crenças e superstições as quais não dou o menor crédito pelo fato de não serem sustentáveis, nem acrescentarem nada de útil além de fanatismo, fundamentalismo e insensatez, que dizer de quem está totalmente comprometido com as mesma e acusa todo o meio científico e acadêmico de ser parcial por não concordar com elas?

Aceito qualquer raciocínio sólido independente da fonte, ou não concordaria com nada do que disse Santo Agostinho ou Tomás de Aquino, assim como Newton e Kepler, que eram crentes. Até hoje ninguém foi capaz de defender o Criacionismo, a Arqueologia Bíblica ou as demais crenças cristãs satisfatoriamente sem cair na alegação de milagres e na irracionalidade. Portanto tenho bons motivos para desconfiar de qualquer um que se proponha a defendê-los, pois teriam que apresentar abordagens inteiramente novas, exatamente o contrário do que acontece. Todos são crentes com inúmeros outros motivos para defenderem suas idéias do que a simples investigação científica.

Nesse caso não é uma questão entre XR e Frank, trata-se de demonstrar objetivamente que tal ou qual corrente defende tal ou qual ponto de vista.

Nada pessoal.

Finalmente, após 6 meses, econtrei tempo e disposição para finalizar esta parte do diálogo.

Creio que está discussão em especial é a única em que a minha posição prevaleceu independente da fé. Como tenho insistido desde o começo, tudo isso começou lá em suas Primeiras Mensagens, onde você, logo no começo do terceiro "parágrafo" de sua segunda mensagem, afirma:

"Por mais que neguem os céticos, a Bíblia recebe o endosso da História."

Ao que imediatamente discordei, e que veio a dar origem a essa discussão.

Uma vez que consideramos como História aquela que aprendemos nas escolas, que está de acordo com o conteúdo do Sistema Educacional Brasileiro, que por sua vez se harmoniza com a vigente e hegemônica posição acadêmica e científica em TODO o Mundo, sua frase se torna indefensável, como você mesmo admite em várias partes deste texto.

Dessa forma não é possível negar o fato de que derrubei essa afirmação, e por isso afirmo que esse é o único tópico em todo o nosso diálogo no qual a razão está indiscutivelmente do meu lado. Sua única contra argumentação seria definir essa "História" de modo diferente, o que lançaria sua afirmação no vazio.

Como disse, não se trata de um discussão entre visões de mundo ou entre nossas opiniões pessoais, ou mesmo do que é de fato mais correspondente À VERDADE seja ela qual for. Trata-se apenas de demonstrar que tal corrente, a História, não defende seu ponto de vista.

Nada pessoal. E obrigado mais uma vez Frank.

Marcus Valerio XR

27 de Julho de 2002
(desculpe a demora)


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