MEU LIVRO DE VISITAS Abordagem sobre Relação entre a Bíblia e a História. Esta parte do diálogo visa discutir o alegado endosso histórico
da Bíblia. Minha afirmação é que a Bíblia possui endosso histórico parcial a partir do episódio
do cativeiro babilônico, muito pouco nos episódios narrados a partir do Êxodo, e
absolutamente nenhum para a Gênese. O Novo Testamento também recebe endosso parcial após
o Evangelho, para o qual a simples existência de cristo ainda é controversa, quanto
mais o milagres que teria protagonizado.
Desde o início
critiquei sua posição. Minha segunda resposta foi a reação natural à sua
crítica. Temas como a Torre de Babel, as Pragas do Egito, a Destruição de
Sodoma e Gomorra e eventos sobrenaturais na Bíblia é assunto para outra
discussão. Tais lendas não são tão mitológicas quanto se deseja
crer. Até se prove o contrário, tudo o que está descrito
na Gênese é lenda. Agora quanto a "lendas não mitológicas"...
Referências não são
apelos a Autoridade! Temos que admitir que somos meros intérpretes de fontes, e
nesse caso, convém citar as fontes. Com certeza não estamos nos referindo à
Verdade, mas quando afirmamos que tal ou qual coisa recebe o Endosso da
História, convém confirmar isso. O que é a História? De onde se pode
tirar essa idéia? Toda a Bibliografia
historiográfica atual, digo da História Contemporânea aceita nos círculos
acadêmicos, é claramente contária a essa afirmação. Me referia a afirmação de que a Bíblia, recebe o endosso
da História.
Eu cheguei a pensar que
você fosse defender pontos mais razoáveis da Bíblia, como o período Babilônico,
que de fato entra em consonância com a história. Mas não me leve a mal, usar
uma lenda babilônica para defender a idéia de que a História é favorável a
existência de uma quimera como a Torre de Babel foi demais! Concordo com
você na sua primeira colocação. O material da História são as fontes históricas
que subsidiam a veracidade dos fatos. A interpretação dessas fontes, no
entanto, é bem subjetiva. Às vezes, os historiadores vão além do seu papel e
passam a opinar sobre a validade da fé cristã. Lembre-se de que a História não
é uma ciência exata e que trabalha com conjecturas também. Principalmente no
que diz à Bíblia e à fé cristã, esta ciência já se posicionou. No que respeita
ao conteúdo religioso da Bíblia, tais como os milagres de Cristo, Sua morte
expiatória e ressurreição, além de eventos miraculosos narrados no
Antigo Testamento, nada ela pode declarar, pois não está em sua
alçada.
Ela pode declarar o que é endossado por ela ou não.
Esses eventos fantásticos com certeza não são.
Sobre muitos destes fatos, a História atual, influenciada
pelo naturalismo, atribui a causas naturais. Cristo morreu (é um
fato histórico) pelos nossos pecados (é uma revelação. A história nada tem a
dizer sobre isso). - I aos Coríntios 15:3 .
A existência de Cristo não é um fato histórico
indiscutível.
E Paulo ainda acrescenta a
fonte de sua informação revelativa, ao declarar ... segundo as
Escrituras. A história secular nada tem a dizer sobre
posicionamentos de fé.
Certo, mas volto a dizer, ele pode dizer o que é
endossado por ela ou não.
Não é porque não se achou ainda a Arca de Noé, uma
estrutura como a Torre de Babel ou vestígios de Sodoma e Gomorra que a Bíblia
seja indigna de confiança neste particular.
É porque além de não se ter achado qualquer evidência
que substancie a Gênese, ela é totalmente contrária as leis naturais, além de que
há evidências contra sua ocorrência pelo menos no período de tempo alegado e
defendido pelos criacionistas de Terra Jovem, pois existe toda uma miríade de
achados arqueológicos, antropológicos, paleontológicos e etc. que datam
muito anteriores a suposta criação da terra.
Muitas descobertas arqueológicas
têm vindo à tona, confirmando a veracidade das Escrituras. Isto é sintomático.
Não sei bem que descobertas seriam essas. Mas sem dúvida
deve haver muito daquilo que já é aceito pela História. Isso confirma ser a Bíblia
um livro com dados históricos confiáveis, a partir de determinados livros.
Por outro lado, com respeito a episódios como o Dilúvio de Gênesis,a
destruição de Sodoma eGomorra, as Pragas do Egito e a Torre
de Babel precisaremos discutir isso, pois há interpretações de
estudiosos a respeito da ocorrência desses eventos, contrariando a dita
História Contemporânea, tão confiável. Evidentemente, há interpretações de religiosos, fundamentalistas
bíblicos e etc, que quando profissionais das áreas de história, antropologia ou etc,
utilizam suas credenciais para fazer apologias a sua fé. Tal como o fazem os criacionistas
que tenham credenciais em ciência.
Os pensadores
modernos, como os radicais existencialistas, dizem que a Bíblia é uma coletânea
de Histórias, sem historicidade na sua maioria, acerca do modo do ser humano
entender-se a si mesmo. A fé cristã declara que dá testemunho daquilo que Deus
fez e fará no tempo e no espaço. O registro de tais eventos passados está, em
princípio, aberto à mesma verificação ou prova de falsidade que qualquer outro
registro histórico. Doutra forma, perderiam seu direito de serem considerados
eventos históricos.
Não necessariamente, há eventos que não podem ser em
sua plenitude verificados, creio que seja óbvio o porquê, mas podem sim ser
corroborados ou não por outras fontes. Nesse sentido, a Bíblia tem sérios
problemas, pois como já disse os eventos da Gênese são inaceitáveis para o
conhecimento contemporâneo, a única esperança dos apologistas bíblicos então
é a reinterpretação, em geral de forma alegórica, que é a mais sensata, ou a
confrontação direta com toda a Ciência atual, tentando validar eventos
miraculosos na contramão do progresso científico.
Hoje, ás vezes, se levanta a objeção de que o sobrenatural
não pode ser levado em conta pelo historiador moderno e crítico. Tudo tem de
ser interpretado em termos de um sistema fechado de causas finitas. Doutra
forma, a porta ficará aberta a toda superstição e fábula. O sobrenatural e o
milagroso são descontados logo de início. É claro que o historiador precisa de
critérios que o ajudem a fazer a triagem entre os fatos e a ficção. Adotar esta
linha demasiadamente rigorosa, no entanto, parece um conceito errôneo da tarefa
do historiador. resolve de antemão o que pode ou não pode ter acontecido
sem sequer examinar a evidência. Mas QUÊ EVIDÊNCIA há para se examinar?!?!
Descartar o sobrenatural antecipadamente é a única forma de se fazer história,
e construir qualquer tipo de conhecimento sério e confiável. Se isso tivesse
sido feito milênios antes, a Peste Negra não teria arrasado a Europa, mulheres não
teriam sido queimadas como bruxas, e hoje em dia, na África por exemplo, a AIDS não
estaria devastando tribos inteiras!
Você desenvolveu muito bem esse último parágrafo, com a exceção do "as vezes", e
das duas últimas frases. Tente oferecer um único argumento plausível para que o
fantástico não seja desconsiderado até que, pelo menos, seja impossível
explicar os fenômenos. O fenômeno da
história é a soma total dos eventos do passado. Mas a disciplina acadêmica que
chamamos de história não é um catálogo assim de eventos. Nem é
sequer, para empregar a frase célebre de Ranke, o registro de um evento
conforme realmente aconteceu. Primeiro o historiador não pode
voltar para o passado e ver as coisas por si mesmo (a não ser que tenha sido
uma testemunha ocular). Além disso, não anota tudo quanto descobre. Seleciona.
Forçosamente faz assim, para tudo caber num livro. Discrimina. Procura
descobrir causas e avaliar influências. Ao assim fazer, não está reconstruindo
o passado, pois o passado literalmente não pode ser reconstruído. O que ele faz
é mais como construir um modelo. Um modelo é uma representação dalguma outra
coisa que nos capacita a ver como era ou é aquela outra coisa. Parte da matéria
para o modelo talvez seja tirada de documentos que, segundo acredita o
historiador, contêm declarações originais ou relatos de testemunhas oculares
(embora talvez não lhes sejam disponíveis). Outras partes do modelo,
porém, serão da sua própria construção. São estas últimas
partes que não somente conservam juntos os fragmentos originais, mas que
determinam como tais fragmentos devem ser encaixados. Descrever a história
dessa maneira talvez sugira que é uma coisa altamente arbitrária, que
depende em boa medida das modas passageiras e caprichos dos historiadores
individuais. A qualidade do historiador depende não somentedo seu uso da
matéria como também da sua interpretação. Mas esta última não precisa ser algo
indevidamente imposto sobre aquela. Embora o historiador venha a fazer uso da
sua experiência para ajudá-lo a ter um conceito de uma personalidade ou de um
evento, sua própria situação não deve levá-lo a avaliar de antemão a questão. Perfeito! Excelente descrição do ato de historiar!
O filósofo
norte-americano da história, J.W. Montgomery, sugeriu que os fatos e as
interpretações são como pés e sapatos. A interpretação que o historiador traz
aos seus dados não deve ser nem demasiadamente apertada nem demasiadamente
solta. A lição poderia ser aplicada ainda mais. O historiador crítico é como um
vendedor de sapatos. Tem à sua disposição numerosos pares de sapatos. Sua
tarefa é olhar os dados diante dele e experimentar várias interpretações até
que ache uma que nem é grande demais nem pequena demais, e que é apropriada. Ou
seja: ser cuidadoso. Isto é especialmente importante na tentativa de descobrir
conexões e avaliar a relevância. Quando for confrontado pela pergunta de se um
evento específico aconteceu ou não, deve julgar a explicação mais provável à
luz dos dados diante dele, prestando atenção à fidedignidade dos dados e sua
consistência com seu modelo como um todo. Muito boa analogia. Vejo que você tem uma excelente
conceituação teórica do que seja História. Com essa mesma analogia, entenda
que aceitar a hipótese do sobrenatural seria o mesmo que um vendedor de sapatos
reservar em seu estoque sapatos de mais de 1m de comprimento esperando encontrar
freguezes gigantes, tal como os Nefilins.
Uma fé que
continua crendo independentemente da evidência não é uma fé que valha a pena
ter. A idéia bíblica da fé é a confiança em Deus por causa daquilo que Deus tem
feito e dito. Se pudesse ser demonstrado que não havia boas razões para
acreditar que Deus tivesse dito ou feito estas coisas, a fé seria vã e vazia.
Sou da opinião que fé independe de evidências. Aliás
até pelo contrário. Ninguém tem "FÉ" na existência da Lua, na Gravidade ou no
fato de que precisamos respirar, pois isso é evidente. A Fé é justamente
uma certeza sem evidências.
Se você se depara com uma caixa, a princípio não sabe se há algo lá dentro. Então
você supõe que possa haver, ou seja, você tem uma possibilidade. Se você a abre e
encontra algo lá dentro passa a ter uma certeza baseada numa evidência, na
experimentação direta.
A Fé é exatamente quando você, mesmo sem ter aberto a caixa, tem certeza de que há
algo lá. Se não for possível abrir a caixa, você nunca poderá comprovar, e portanto
sua fé poderá se manter sem confrontação. Assim é a crença em Deus, ou na Vida pós
Morte. Como é impossível prová-las ou desprová-las, a Fé faz algum sentido, pois é
a única forma de ter uma Certeza.
Mas se você abre a caixa e se depara com nada, ou abre mão de sua fé, ou faz
como os Criacionistas, olha para o vazio e diz que há algo lá, mas que está invisível,
intangível, fora do alcance da Ciência, a não ser de um ou outro cientista iluminado
que "provou", embora a prova não esteja disponível, que há algo lá. E então continua
com sua Fé, mesmo gritando contra evidência, pois ignora a evidência. A Fé continua
sendo a mesma coisa, uma Certeza sem Evidência.
Digo que não há nada de errado em ter fé em algo que não pode ser desaprovado. Como
a existência de Cristo, ou os milagres que ele protagonizou, ou a possibilidade do
Novo Advento, pois são coisas que não tem como ser desprovadas pelo menos agora.
Porém negar todos os dados da Natureza para sustentar uma Fé na Criação Divina em
6 dias há menos de 10 mil anos já é negar a Evidência para manter a Fé.
Como filósofo, sem muito bem que temos motivos de sobra para duvidar de nossos
sentidos, portanto, não é de fato absurdo que haja mesmo algo na caixa que não possa
ser provado, e até admito que possa haver motivos para crê-lo, mas acho completamente
impróprio querer que outras pessoas acreditem em algo para o qual você não tem
como provar, e muito mais usar de desonestidade para ludibriá-las. Ao dizer isso, não estamos vinculando a fé ao último livro do erudito que
porventura estivesse na moda na ocasião. Mas estamos dizendo que a erudição tem
um lugar apropriado. Seu trabalho é fortalecer a fé mediante sua demonstração
da verdade ( ou, se não puder fazer isso, deve dizê-lo abertamente e alijar a fé).
Foi basicamente o que Darwin, e outros evolucionistas,
fizeram e continuam fazendo. Não significa anular o Cristianismo, mas a literalidade
da Gênese foi completamente demolilda pela Ciência, e por qualquer forma de bom
senso.
Ao dizer isto, não estamos meramente continuando o que os próprios
escritores bíblicos estavam fazendo. A Bíblia não é uma caixa de promessas
cheia de pensamentos benditos. Grande parte dela é dedicada a argumentos,
demonstrações e apelos à história. Apelos a História pode até ser, mas me mostre uma única passagem bíblica que seja
uma argumentação racionalmente sustentável.
Não se trata de rechear,
pois pouco adianta, como você mesmo notou, encher de referências tendenciosas.
No caso eu exigi as referências por que você afirma que Algo tem
tal Postura, nesse caso, que a História endossa a Bíblia, o que vai largamente
contra tudo o que já li. Aí sim, creio que referências seriam muito válidas. Ok. Referências
tendenciosas podem vir de mim e de você.Tudo é uma palavra
ampla. Não creio que já leu TUDO a respeito, mas deve ter lido tudo que
está em consonânsia com seu ponto de vista. Também o que você diz vai de
encontro contra tudo o que eu já li, apesar de conhecer pensamentos
contrários. Não. Não li tudo que está em consonância com meu ponto de
vista. A diferença entre mim e você é que prefiro confiar numa argumentação racional
baseada em evidências, ou seja, Ciência, sem compromisso com conteúdos ideológicos.
Você quer apenas justificar sua fé na Bíblia. Eu não quero justificar um livro sagrado,
nem uma mitologia, eu confio apenas em minha própria capacidade de discernimento.
Claro que tenho minhas tendências e inclinações, minhas influências. Mas não sigo
nenhum sistema de pensamento pronto, eu mesmo faço o meu. Eu discordo de muitos
elementos evolucionistas, e tento ver a realidade sob minha própria forma de pensar,
mas também não tenho medo de mudar essa forma de pensar.
Te desafio a me mostrar uma sistema de pensamento que seja pelo menos 70% similar ao
meu. Mesmo que tente extrair partes de vários outros, posso te garantir que já teorizei
sobre coisas que jamais vi em qualquer lugar. Você por outro lado está compromentido com
um sistema de pensamento pronto, herdado de uma série de fontes que você mesmo cita.
Quando meu corpo físico falhar, talvez eu me depare com um Deus, e não tenho medo
disso, ou talvez exista apenas o Nada, o que também não me assusta. Claro que eu não
gostaria de um deus psicótico como pregam muitos fundamentalistas cristãos. Mas não
vejo nenhum motivo para temê-lo, pois ele á ilógico, e se eu basear a minha vida em
crenças racionalmente insustentáveis, e agressivas a minha intuição, então perderia
minha condição humana. Você chega a ponto de
afirmar que existe um papiro egípcio que descreve as 10 pragas de Moisés. Eu
jamais ouvi falar disso, aliás sempre ouvi o exato contrário, que egiptólogo
algum encontrou qualquer confirmação da estória de Moisés. É por isso que nesse
caso sim, recuso-me a discutir a questão sem um mínimo de referência. Caso
contrário posso começar a fazer qualquer afirmação sem qualquer cuidado. Tudo bem. A
informação sobre o papiro me foi passada por um amigo. Estou lhe solicitando a
referência. A confiabilidade histórica de Gênesis e Êxodo, no entanto,
não são derrubadas neste único particular. O Êxodo, descontando os milagres, é possível, mas a
literalidade da Gênese já está completamente derrubada há muito tempo. A questão
é ver se vale a pena pensar na possibilidade de tentar pô-la de pé.
Outra postura que considero
contra indicada. Porque meu texto não convence? Em que ponto os
argumentos falham? Eu cheguei a reproduzir um trecho da Enciclopédia Britânica
para demonstrar que o posicionamento da História Contemporânea não endossa a
Bíblia, e lembre-se que a Enciclopédia Britânica é simplesmente A Referência
Mais Respeitada pelo meio acadêmico. O que não convenceu? Eu ou a Enciclopédia
Britânica? Autoridade da Enciclopédia
Britânica. Não nego a importância da Enciclopédia Britânica; mas dizer que a mesma é
autoridade em assuntos teológicos, é exigir demais, pois a Bíblia não se estuda
através de Enciclopédias, mas sim através de Teologia. Mas não estamos estudando Teologia, estamos discutindo
a autenticidade histórica da Bíblia, e principalmente se a História lhe oferece
endosso, o que demonstrei não ser verdade.
2) A acusação de que Moisés não pode ter sido autor do livro de
Gênesis cai no ridículo. Dizem que a arte da escrita não era conhecida por Moisés
em seus dias e portanto não poderia ser ele o autor de Gênesis; tal é um disparate,
sendo que a arqueologia comprova que havia sim a escrita na época de Moisés. Também acho ridículo a afirmação de que alguém poderia
escrever sobre sua própria morte após ela ter ocorrido, que é o que teríamos que
admitir caso Moisés tivesse escrito o Deuteronômio. A escrita era sim conhecida
na época de Moisés, mas é provável que os hebreus não a dominassem.
Vejamos: a) Escavações arqueológicas em Ur, na antiga Caldéia, têm comprovado que
Abraão era cidadão de uma metrópole altamente civilizada. Nas escolas de Ur,
o meninos aprendiam leitura, escrita, Aritmética e Geometria. Três albabetos
foram descobertos: junto do Sinai, em Biblos e em Ras Shamra, que são bem
anteriores ao tempo de Moisés (1500 a.C.). Estudiosos modernos, baseados em
evidências irrefutáveis, sustentam que Moisés escolheu a escrita fonética
para escrever o Pentateuco. O arqueólogo W. F. Albright datou esta escrita
do início do século XV a.C (tempo de Moisés). Interessante é notar que essa
escrita foi encontrada no lugar onde Moisés recebeu a incumbência de
escrever seus livros (Êxodo 17:14) (Michelson Borges, A História da Vida,
p. 175). b)O Museu Britânico em Londres possui 81
exemplares das centenas de famosos tabletes de Tel el Amarna, que foram
descobertos em caracteres cuneiformes, e datam da época de Moisés e Josué.
São cartas escritas pelos oficiais na Palestina para o governo egípcio. c) Eis algumas declarações de famosos arqueólogos: Deve ser atestado categoricamente que nenhuma descoberta arqueológica
jamais contrariou a Bíblia (Nelson Glueck) Não pode haver dúvidas de que a arqueologia confirma a historicidade
substancial da tradição do Antigo Testamento. Descoberta após descoberta tem
estabelecido a precisão de inúmeros detalhes, e tem trazido um crescente
reconhecimento do valor da Bíblia como fonte histórica (W. F. Albright ). Neste mês, Julho de 2002, a popular revista SUPER INTERESSANTE
trouxe uma matéria de capa entitulada:
"BÍBLIA - O QUE É VERDADE E O QUE É LENDA Além de uma série de outras declarações nada agradáveis para os fundamentalistas bíblicos e
para as quais cita várias fontes de referências recentes. Ainda que a Super Interessante seja
mais uma revista de divulgação de temas científicos, e que goste de fazer um certo
sensacionalismo, ela reflete bem o contexto científico atual, com todas as suas propostas
distintas e conflitantes.
Ainda que todas as referências que você citou logo acima fossem plenamente aceitas no mundo
cinetífico, o que posso garantir que não são, elas estariam hoje em franca decadência em termos
de aceitação.
Eu tenho bons motivos para desconfiar que este W.F. Albright e Nelson Glueck são
religiosos. A Enciclopédia
Barsa, equivalente nacional à Enciclopédia Britânica, parece dizer o contrário
de sua posição, Marcus. No verbete Bíblia (Macropédia, vol. 2) está
assim expresso a opinião sobre: a) Arqueologia Bíblica: Até o
século XIX, o estudo da Bíblia sofreu limitações decorrentes de quase total
ausência de informações históricas extrabíblicas sobre os fatos narrados na
Bíblia. Com as descobertas proporcionadas por escavações arqueológicas, foi
possível compor um quadro geral mais nítido de todo o mundo antigo
contemporâneo da história de Israel e do cristianismo primitivo, isto é, desde
a civilização sumeriana, da qual saiu Abraão, até a época do helenismo e do
Império Romano, em que se expandiu o evangelho. b) Pentateuco. O
conjunto formado pelos cinco primeiros livros da Bíblia denomina-se Pentateuco
- em grego, livro em cinco volumes. Os judeus o chamam de Torá, palavra
hebraica que significa lei, diretiva, instrução - ou seja, o conjunto das
instruções ou leis de Deus, transmitidas ao povo israelita através de
Moisés, o grande fundador de Israel, como povo e como religião. Será que após toda essa nossa discussão você ainda acha que eu
sou algum trouxa?! Pelo que você mesmo reproduziu o verbete BÍBLIA apenas diz que
posteriormente foi possível compor um cenário mais claro da Bíblia, não está a
endossando ou aumentando sua credibiliade em nível algum.
No segundo está apenas definindo o termo Pentateuco segundo sua conceituação geral.
Você não está querendo me empurrar os dois parágrafos como se estivessem sequencialmente
relacionados não? Sobre Jesus
Cristo, a Barsa traz este comentário no volume 8: Poucos personagens
históricos exerceram sobre a história uma influência comparável à de Jesus
Cristo. Qualquer que seja a óptica religiosa, filosófica ou política que define
sua imagem - a de Filho de Deus, a de moralista sonhador ou a de revolucionário
-, o fato é que Jesus produziu uma das alterações mais profundas já ocorridas
na civilização, e levou a uma visão radicalmente nova do mundo e da
humanidade. E continua: Jesus
Cristo, ou Jesus de Nazaré, nasceu em Belém da Judéia, provavelmente entre os
anos 6 e 7 a. C. O comentário prossegue falando das fontes bíblicas e
extrabíblicas sobre Sua historicidade. Faz menção a Flávio Josefo (inclusive
menciona o argumento da interpolação cristã quanto aos milagres e ressurreição
de Jesus mencionados nos escritos de Josefo), a Tácito, ao Talmude de Jerusalém
e ao de Babilônia, que confirmam a existência histórica de Jesus de
Nazaré. Poucos negam a existência de um Jesus histórico, que tal como
qualquer Ser Humano comum, teria poder para alterar a história. Isso nada demonstra além do
fato de que teria existido esse personagem, mas nada prova sobre seus milagres ou sua suposta
divindade. Se fosse assim, teríamos que admitir que a existência histórica de Maomé, esta sim
ABSOLUTAMENTE indiscutível, reforça a idéia de que ele realmente recebeu a comunicação
divina através do Anjo Gabriel.
Mesmo assim, a tendência contemporânea tem sido muito mais no sentido de evidenciar a
importância de Paulo de Tarso do que a de Jesus na divulgação do Cristianismo. Com certeza,
não fosse por Paulo, o Cristianismo não passaria de uma seita obscura que dificilmente seria
conhecida hoje além dos círculos acadêmicos.
Quando alguém fala que Jesus influenciou, ou causou tal ou qual efeito, está apenas
se referindo a doutrina que ele legou ao mundo, que poderia até mesmo ter sido
inventada pelos evangelistas. Todos nós conhecemos as estórias de Hércules, Édipo, Krishna,
Buda e etc. O fato delas teram causado grande repercussão não prova que estes personagens
realmente existiram. Sem dúvida as molduras
de meus argumentos refletem a Alta Crítica, que aliás é exatamente o que está
escrito na Enciclopédia Britânica. Quando a refutação na obra cristã citada,
esta obra é aceita no meio acadêmico? Poderia ao menos citar o autor? E em se
tratando de obra cristã ela não seria tendenciosa? E sendo assim
não reforça meu argumento de que só quem defende a veracidade Bíblica é quem
está sentimentalmente comprometido com ela? A Enciclopédia
Britânica apenas reproduz o que está em voga no mundo acadêmico. Apesar de
respeitável, ela não não se constitui autoridade para determinar se isto ou
aquilo é história ou não, no tocante aos eventos sobrenaturais
contidos na Bíblia.
!!!??? MAS...
Então afinal: QUEM CONSTITÚI TAL AUTORIDADE?!?!?
Se o Mundo Acadêmico e a mais aceita publicação científica do mundo não servem para
definir o que é História em termos Acadêmicos e Científicos, então afinal o que você está
chamando de História?!?!
Em especial "no tocante aos eventos sobrenaturais contidos na Bíblia"?! Quer dizer que não
devemos dar atenção ao fato dela não endossar os milagres bíblicos? E quanto aos milagres de
Buda, que ela com certeza também não endossa? Também não devemos considerar?
Afinal que espécie de critério você está usando? Ela apenas adota a postura de historiadores céticos,
uma vez que sofreu forte influência iluminista e se apóia no racionalismo.
Pudera. Não se esqueça que a Enciclopédia Britânica é cuidadosa quanto
trata dos elementos sobrenaturais na Bíblia. Usa termos genéricos, como
provavelmente, acredita-se, para os cristãos. E deveria fazer o quê?! Acreditar em todos os milagres?!
Voltamos ao começo, o que deu origem a toda esta página de discussão. O fato de você
afirmar que "A Bíblia recebe o endosso da História". Não sei mais de que história você está
falando. Acabamos de concordar que o mundo acadêmico e científico, o qual baseia nosso
sistema educacional e todo o conhecimento secular, não endossa a Bíblia.
Afinal que "História" é essa? Quanto ao livro
Evidências que Exigem um Veredito, Josh MacDowell é seu autor.
Editado pela Editora Candeia. A questão não é se a obra é aceita nos círculos
seculares de erudição, mas se ela é consistente quanto à refutação dos
argumentos da alta crítica. Este livro tem permanecido como uma das melhores
obras na defesa da fé cristã. Percebo em você um sério preconceito. Belo escapismo. Acabou de admitir ser ele uma apologista cristão
comprometido com sua fé. Se ela não é aceita nos meios científicos, é porque não possui
estrutura para tal, é argumentativa e referencialmente fraca. Lembre-se que independente
de quem seja o autor ou de suas convicções pessoais, se um trabalho é suficientemente
sólido, ele será aceito.
Os próprios Henry Morris e Cia. não teriam títulos de PhD se suas teses não tivessem sido
aceitas academicamente independente de suas crenças pessoais, mas posso garantir que nenhuma
delas era de teor criacionista.
Você pode ser da opinião de que ele é consistente por defender a sua Fé, e pode considerá-lo
uma das melhores obras apologéticas cristãs, assim como um Ufólogo pode considerar o Eric Von
Daniken ou o J.J Benitez como os melhores e mais consistentes defensores da hipótese ufológica.
Se eu tiver um preconceito contra alguns indivíduos que defendem crenças e superstições as
quais não dou o menor crédito pelo fato de não serem sustentáveis, nem acrescentarem nada de útil
além de fanatismo, fundamentalismo e insensatez, que dizer de quem está totalmente comprometido
com as mesma e acusa todo o meio científico e acadêmico de ser parcial por não concordar com
elas?
Aceito qualquer raciocínio sólido independente da fonte, ou não concordaria com nada do que
disse Santo Agostinho ou Tomás de Aquino, assim como Newton e Kepler, que eram crentes. Até
hoje ninguém foi capaz de defender o Criacionismo, a Arqueologia Bíblica ou as demais crenças
cristãs satisfatoriamente sem cair na alegação de milagres e na irracionalidade. Portanto tenho
bons motivos para desconfiar de qualquer um que se proponha a defendê-los, pois teriam que
apresentar abordagens inteiramente novas, exatamente o contrário do que acontece. Todos são
crentes com inúmeros outros motivos para defenderem suas idéias do que a simples investigação
científica. Nesse caso não é uma
questão entre XR e Frank, trata-se de demonstrar objetivamente que tal ou qual
corrente defende tal ou qual ponto de vista. Nada pessoal. Finalmente, após 6 meses, econtrei tempo e disposição para finalizar
esta parte do diálogo.
Creio que está discussão em especial é a única em que a minha posição prevaleceu
independente da fé. Como tenho insistido desde o começo, tudo isso começou lá em suas
Primeiras Mensagens, onde você,
logo no começo do terceiro "parágrafo" de sua segunda mensagem, afirma: "Por mais que neguem os céticos, a Bíblia recebe o endosso da História."
Ao que imediatamente discordei, e que veio a dar origem a essa discussão.
Uma vez que consideramos como História aquela que aprendemos nas escolas, que está de acordo
com o conteúdo do Sistema Educacional Brasileiro, que por sua vez se harmoniza com a vigente
e hegemônica posição acadêmica e científica em TODO o Mundo, sua frase se torna indefensável, como
você mesmo admite em várias partes deste texto.
Dessa forma não é possível negar o fato de que derrubei essa afirmação, e por isso afirmo que
esse é o único tópico em todo o nosso diálogo no qual a razão está indiscutivelmente do meu lado.
Sua única contra argumentação seria definir essa "História" de modo diferente, o que lançaria
sua afirmação no vazio.
Como disse, não se trata de um discussão entre visões de mundo ou entre nossas opiniões pessoais,
ou mesmo do que é de fato mais correspondente À VERDADE seja ela qual for. Trata-se apenas de
demonstrar que tal corrente, a História, não defende seu ponto de vista.
Nada pessoal. E obrigado mais uma vez Frank.
Marcus Valerio XR |