Conversando com o Diabo

(Favor não confundir esta obra de Ficção com a realidade deste autor)

Introdução

Como pesquisador imparcial de Psicologia, Teologia e Filosofia, estive procurando durante muito tempo por religiões ocultistas, renegadas e marginalizadas. Entre todo um universo de xamanismo, cultos a divindades pagãs e sistemas de crenças contrários aos sistemas doutrinários dominantes, muito me chamaram a atenção as modalidades de religiões satânicas.

Ultrapassando as barreiras do preconceito, percebi em alguns grupos sérios de satanistas, principalmente os baseados na Bíblia Satânica de Anton de La Vey, uma conduta não muito religiosa mas sim filosófica, de uma exaltação da razão em detrimento da fé. Satan seria então apenas um elemento psíquico. Outras de cunho mais místico, chegam mesmo a considerá-lo uma entidade independente, ocorrendo até evocações e rituais de adoração icônicos.

Pelo meu ponto de vista creio que uma hipótese não exclui necessariamente a outra, aliás as considero complementares. Manifestações psíquicas ou espirituais não são muito diferentes para efeito prático em si, variando apenas na forma como são observadas e interpretadas. Entretanto passei a ficar cada vez mais intrigado pela possibilidade de existência de um ser como esse Satanás, Lúcifer, Mephisto ou seja lá que nome for. Compreender seu mecanismo psicológico, as razões que o levariam a ser como é, quais seriam suas verdadeiras idéias e intenções.

Seria o mal supremo ou estaria além do julgamento humano? Seria o oponente de Cristo ou apenas mais um instrumento na mão de Deus para punir o mal?

Passei a ficar obcecado por encontrar tal criatura e lhe fazer algumas perguntas, principalmente após ler o espetacular livro Conversando com Deus / Conversations with God de Neale Donald Walsch. Mesmo que de acordo com esse livro não exista tal criatura.

Medo eu não tinha, nunca tive. Tudo que estudei me leva a ter certeza que esse tal Diabo não têm poder sobre os que não se submetem diretamente a ele. Minha intenção é, e sempre foi, pesquisa, busca do conhecimento, e não querendo me fazer de advogado do diabo, gostaria muito de ouvir a sua versão da história. Isso colocando teologia cristã num plano de realidade mais tangível.

Pensando num nível mais abstrato, de pensamento e psicologia, o mito do diabo é tão forte no consciente e inconsciente humano, individual e coletivo, que com certeza sua personificação em diversas crenças torna-se um fenômeno plenamente investigável. Utilizando recursos de psicologia Jungiana, pretendia materializar esse arquétipo da forma mais fiel possível, mas usando não só o ponto de vista da maioria mas também daquelas minorias que o vêem de forma diferente, cruzando as informações e usando o discernimento racional mais imparcial possível para se chegar a um personagem convincente.

Durante esse tempo tive contato com algumas crenças satânicas, sempre na condição de simpatizante, principalmente via internet. Mesmo doutrinas evangélicas foram muito úteis, por trazerem algumas informações valiosas ou pelos menos indicações de onde e como localizar tais "heresias" e "blasfêmias".

Não escapei a críticas e advertências é claro, mesmo por parte de pessoas desvinculadas de qualquer religião. As tentativas de me desanimar, incluindo ameaças de danação eterna, como sempre só reforçaram minhas intenções e continuei tentando edificar esse personagem da melhor forma possível e sempre esperando, sinceramente, algum tipo de improvável contato mais direto.

Então um dia, quando eu nem estava em minha fase mais empolgada, simplesmente aconteceu...

Surpresa

Acabava de chegar em casa por volta das 18:20, estava sozinho, pensando apenas em pequenos problemas triviais, quando assim que terminei de trancar a porta senti um estranho calafrio. Foi algo tão diferente e intenso que pensei ter sido atingido por alguma rajada de vento gelado, mas todas as janelas estavam fechadas e não havia qualquer circulação de ar, a temperatura ambiente era quente, do tipo que sempre me faz tirar a camisa imediatamente ao entrar, mas dessa vez fiquei sensorialmente abalado.

Meus sentidos se aguçaram e embora o calafrio tenha passado, uma sensação de estranheza ficava cada vez mais forte. Ocorria no momento um silêncio total, como se toda agitação da cidade, os carros, as pessoas, desaparecessem.

Caminhei devagar ante a indefinível sensação, que por vezes chegava ao limiar do medo e por outras da excitação, não pensei no que vinha procurando ultimamente em primeiro lugar, e fui caminhando até meu quarto. A luz estava apagada mas o ambiente era claro, graças a luz do dia entrando pela janela em pleno horário de verão.

A medida que me aproximei comecei a perceber os primeiros detalhes. Havia alguém sentado na poltrona do quarto, e passo a passo fui avançando vendo cada vez mais o estranho a começar pelas pernas. De início vi um par de belos sapatos de couro bem encerados, brilhando como nunca pensei ser possível com uma reluzência intensa que contrastava o negro. Então distingui algo das meias que me pareciam cinzentas, mas era difícil ter certeza por que o alvismo da calça ofuscava.

Avancei mais rapidamente e vi uma calça social de costura impecável e de aparência mágica. Por fim, já farto da expectativa entrei bruscamente no quarto. Apesar da estranheza da situação pensei de início ser alguma visita inesperada que por um motivo ou outro ficara enquanto alguma pessoa da casa se ausentara brevemente. Não cheguei de fato a sentir qualquer ameaça e confesso que fiquei embaraçado com o que vi.

Era o homem mais bonito, deixando de lado o machismo que insiste em não ver beleza em homem algum, e elegante que eu já vira. Loiro, olhos azuis, barba feita com perfeição deixando apenas a típica tonalidade cinzenta daqueles que diferente de mim, a possuem completa. Vestia terno branco e fino, camisa cinza clara e gravata negra assim como o cinto e os sapatos. Me olhou imediatamente com um sorriso meio cínico que me fazia lembrar o de um certo apresentador de televisão de programas de auditório, Educadamente se levantou e numa perfeita voz de barítono disse suavemente. - Acho que você pretendia falar comigo.

O Diabo

Subitamente tudo me veio à lembrança, senti que era ele, mas tive medo ou vergonha de perguntar e disse apenas. - Você é... - E diante de minha incapacidade de expressar o que eu pensava ele simplesmente respondeu. - Sim, sou eu.

E então comecei o diálogo mais insólito de toda minha vida.

- Por que a surpresa? Ou acredita nessas tolices de que eu, diferente de um certo deus, não posso ler pensamentos?

- Eu não sei...O que dizer.

- Não se preocupe, é quase sempre assim.

Fechei os olhos e os abri de novo, diante da possibilidade de meu visitante sumir, mas ao abri-los me deparei com o mesmo sorriso, que dava um impressão de cinismo. Ele riu e só então caí em mim.

- Pensei que você seria diferente. Mas está reagindo como a maioria dos idiotas que me procuram.

- ...Me desculpe, é que...Não esperava dessa forma e nem tão cedo.

- Todo o dia é dia, toda hora é hora. Ou pelos menos pode ser.

- Mal posso crer nos meus olhos mas, eu esperava diferente.

- Um monstro com chifres, asas de morcego e cauda de seta?

- Não mas, mesmo assim me é surpreendente. Parece mesmo um anjo.

- Na verdade sou, de acordo com algumas de suas confusas teologias.

- ...Como posso ter certeza de que é mesmo você?

- Certeza absoluta eu não posso te dar, você sabe disso. Mesmo assim creio que ao final de nossa entrevista seu discernimento o deixará inclinado a crer em minhas palavras.

- Por que me procurou? Quero dizer, por que se revelou a mim?

- Das pessoas que me procuram a maioria quer obter alguma coisa, dinheiro, sexo, vantagens, e eu não sou fada madrinha de ninguém, e ao contrário do que muitos pensam não fico por aí fazendo pactos com qualquer interesseiro. A segunda maior parcela dessas pessoas pensa que pode me usar para inflar seu ego. Ficaria surpreso com as vezes que já ouvi indivíduos com problema de excesso de autoconfiança me desafiarem para duelos de espadas, lutas corporais, partidas de poker, xadrez e até relações sexuais inconcebíveis. Há uma outra parcela, geralmente de fanáticos religiosos que quer me destruir e finalmente há um pequeno grupo de pessoas com intenções mais respeitáveis como você, mas a grande maioria não passam como eu disse, de idiotas.

Eu gostei da sua proposta.

- Se importaria que eu o fotografasse ou filmasse?

- Ha ha ha. Pode gastar seu filme se quiser, só não vai aparecer nada. Você não está me vendo com seus olhos e sim com sua mente.

- Quer dizer que você é uma ilusão?

- Questione-se sobre o seu conceito de ilusão.

- Uma alucinação?

- Se considerar a definição clássica para alucinação, qualquer percepção não baseada em impressões sensoriais, sim. Mas o fato é que é assim que eu me manifesto, pois não tenho corpo físico definido e materializações consomem muita energia.

- Você é um espírito. E então qualquer um que me veja agora achará que estou falando sozinho?

- Exatamente.

- Importa-se se eu testar?

- Vá em frente!

Pequei minha filmadora VHS e tentei filma-lo, mas assim que reproduzi a fita constatei de fato que ele não aparecia.

- E por que essa aparência?

- Está mais de acordo com a visão moderna de anjo. Em outras épocas usei outras roupas, sempre na moda de preferência, mas ainda de uma forma excêntrica.

- E a aparência ariana?

- Sempre fui mais forte da crença da população européia, é natural que me manifeste de acordo com suas expectativas.

- Sempre usa essa aparência? Pode manifestar outras não?

- Posso usar a aparência que eu ou você queira. O que prefere? Isso?

Então aconteceu algo espetacular, ele assumiu a forma de uma belíssima loira com provocantes curvas e uma voz sensualíssima. Depois mudou para a aparência de um preto-velho.

- Ou gostaria de algo mais específico da cultura típica de seu país? Ou para não frustrar totalmente suas expectativas...

E humilhando qualquer computação gráfica de filmes de hollywood, se transformou num monstro que lembraria uma mistura do demônio interpretado por Tim Curry no filme Legend, e algum tipo de fauno ao estilo grego. Tentei não me mostrar impressionado mas não consegui.

- Pode voltar para a forma inicial por favor?

- Mas é claro. Pronto, assim está melhor. Na verdade eu apenas manipulo a forma como você interpreta minha imagem.

- Qual o seu nome real?

- As essências em si não têm nomes, usamos apelidos mais para facilitar nosso entendimento com as entidades inferiores. Tal como um certo deus de suas crenças, Eu sou o que sou.

- E o que têm a dizer sobre os nomes, Lúcifer, Mefisto, Satan, Samael e etc.

- Uma terrível confusão milenar. Muitas das entidades que possuíam identificadores semelhantes a esses foram mal identificadas, sendo misturadas umas as outras. Entretanto de todos esses nomes o que mais se aproximaria é Lúcifer.

- O anjo caído.

- De certa forma.

- Mas então há outros que poderiam ser considerados o que você é?

- Vários outros.

- E qual a sua diferença em relação a eles?

- Eu levei o rótulo que me deram mais a sério, sou quem melhor representa o demônio da teologia judáico-cristã no que se refere ao que ponho em prática.

- Você deve ter muitos afazeres não?

- Relativamente, mas não se preocupe com o tempo que levaremos nessa entrevista, ao contrário do que dizem de certos livros que você já leu, eu tenho certa autonomia no fluxo espaço e tempo.

A essa altura meu sangue frio já se manifestara, convidei-o para vir até a sala do computador e ele concordou que eu digitasse nosso diálogo uma vez que de nada adiantaria gravá-lo e mesmo tendo boa memória, eu não seria capaz de recordá-lo na íntegra.

Esse diálogo se deu durante toda a noite, varando a madrugada e até o raiar da manhã, minha disposição me surpreendeu pois mesmo após 17 horas ininterruptas de conversa, eu queria mais.

Infelizmente não posso representar o diálogo em sua fidelidade absoluta, minha velocidade de digitação jamais se compararia ao de nossa interlocução, mesmo assim garanto que as páginas a seguir não foram alteradas em sua essência.

Para uma melhor sequência de pensamentos, decidi dividir capítulos por assunto e não necessariamente pela ordem em que eles ocorreram. Creio que dessa forma o diálogo se torna bem mais fácil de ser acompanhado.

Quem é o Demônio

- Acho que a primeira e mais pertinente pergunta é, quem é você? E qual a sua história?

- Ótimo. Em primeiro lugar é preciso esquecer 90% de tudo o que se pensa saber a respeito do que eu sou ou represento.

Eu sou antes de tudo uma entidade espiritual, tenho uma alma assim como todos vocês, a primeira diferença é que eu não estou encarnado e nunca tive uma encarnação física humana normal em meu período de vida terrestre. Por vezes assumi corpos físicos mas apenas por pouco tempo, pois a sensação de estar preso a um corpo tão denso não é nada agradável para quem têm plena consciência do que é ser livre.

Em segundo lugar, a minha essência foi criada assim como a maioria de vocês no momento inicial da criação. De certa forma somos todos irmãos, todos filhos do mesmo princípio universal.

Em terceiro e mais importante. Eu não sou o mal puro, o príncipe das trevas, um demônio ou o Diabo propriamente dito. Sou apenas um espírito como todos vocês e decidi fazer o pleno uso de meu livre arbítrio, tenho minha própria vida e sigo meu próprio caminho sem dever nada a ninguém. Não tenho medo, ódio, nem desejo mal a quem quer que seja. Mas diferente do que todos pensam, estou disposto a ajudar todos aqueles que quiserem ser como eu. Totalmente livres.

Paradoxalmente há um outro ponto de vista. Eu sou de certa forma, uma criação de vocês! Sou o reflexo de sua própria rebeldia interior, seu desejo sufocado de romper totalmente tudo aquilo que os impede de ser e fazer o que vocês bem querem. Eu sou a personificação do grito de rebeldia de seu livre arbítrio, que ao longo da história tanto foi massacrado das mais variadas formas. Vocês deram as costas à aquilo que vocês mesmos sempre disseram que seu Deus lhes deu, a liberdade. Dizem que tem liberdade, que querem a liberdade, que a merecem, mas no fundo, jamais fizeram em larga escala outra coisa que não destruir a liberdade, a começar pela sua e consequentemente a dos outros.

Não são só vocês no plano físico, isso também ocorre na maioria dos planos espirituais. Mas eu, jamais me submeti a qualquer forma de opressão, sempre tive vontade e força para não me deixar dominar, ir aonde quiser, fazer o que achar melhor, por isso sempre fui temido e odiado, por que sou livre, e dessa forma sempre me julgaram perigoso.


- ...Bem, de fato não é muito diferente do que eu ou a maioria das pessoas esperaria ouvir. Evidentemente os religiosos dirão que tudo são mentiras ou distorções, e que usa promessas de liberdade para seduzir os seres humanos. Pessoalmente eu não faço qualquer julgamento mas o que você diria a mais para aqueles que mesmo após tudo o que disse, não mudariam nada a própria opinião radical e negativa a seu respeito?

- Absolutamente nada! Não devo nenhuma explicação a qualquer um. Quem quiser me ouvir que ouça, se não quiser tape os ouvidos, quem quiser acreditar em mim que acredite, ou continue acreditando na opinião da miserável maioria que jamais foi muito mais que um bando de animais.

Não estou nem um pouco preocupado com a opinião das ovelhas brancas, me interessam mais as ovelhas negras, aquelas que são livres.


- Vamos então voltar ao princípio de tudo. Como tudo começou?

- Não voltarei mais do que o necessário, a minha vida neste planeta. O nosso universo começou como a maioria pode intuir, através de um momento de súbita expansão, mas não devemos entrar neste detalhe por que eu mesmo não posso dizer muita coisa. Também não me pergunte nada sobre outros planetas porque embora eu saiba que só esta galáxia possui milhares de civilizações inteligentes, eu pouco sei sobre elas e por enquanto não me interessam.

Vamos voltar ao início da atual civilização humana neste planeta, também não pretendo entrar em detalhes sobre as civilizações anteriores.


- Poderia pelo menos dizer alguma coisa a respeito? Houveram Atlântida e Lemúria?

- Atlântida, Lemúria, Hiperbórea, Hi-Brazil, Ramayana, e etc. são só nomes. Que houveram civilizações anteriores a essa sim! Existiram! Eram muito diferentes? Em alguns sentidos. Atingiram níveis técnicos e espirituais mais avançados? Sim algumas atingiram. E isso é tudo que direi.

Posso dizer que minha história começou numa esfera espiritual que estava mais associada a Mesopotâmia e África, mas isso não me restringe a esses lugares pois também estive presente em muitas outras culturas.

Naquela época, cerca de 200 mil anos atrás, éramos responsáveis por dirigir o desenvolvimento espiritual das novas raças que habitavam o local. Éramos como lembram algumas mitologias, anjos, que trabalhavam para o desenvolvimento de um plano superior.

Os homo sapiens locais já estavam em plenas condições de receber essências mais evoluídas para encarnação.

Nosso líder entretanto tinha um plano que enfrentou muita oposição, queria guiar o desenvolvimento dessa raça de forma muito rígida, sob forte doutrinação. Seria uma manipulação direta que inclusive permitia contato entre os viventes encarnados e os dirigentes do plano físico.

Sempre fui contra isso, essas pessoas jamais teriam liberdade de escolha e direito de experimentar outras opções de desenvolvimento, não teriam o direito de olhar para o outro lado. A discussão entre conceder-lhes liberdade ou obediência dividiu nossa esfera espiritual, até que num dado momento eu e alguns de meus partidários decidimos agir diretamente, e encorajamos os primeiros homo sapiens a fazer uso de sua própria vontade acima de tudo.

Após milênios de distorções, más traduções, péssimas interpretações e alterações deliberadas com objetivos egoístas, esta história chegou até vocês na forma do ridículo mito de Adão e Eva e o fruto proibido.


- O seu líder então era, Deus?

DEUS

- Está mesmo na hora de falar sobre deus.

- Ótimo.

- Bem, como eu disse antes e você mesmo costuma dizer, é preciso separar os fatos e termos. Deus é de fato um péssimo termo, é confuso e dá margem a más interpretações. Pode ser considerado o Universo, o Logos criador, o Pai celestial, a entidade dirigente de um planeta, um espírito qualquer ou até mesmo uma personificação totêmica. Então vamos por partes.

O Universo é auto consciente ou dirigido diretamente por uma super consciência que a tudo controla, não sei exatamente qual é seu propósito maior porque isso está acima de minha compreensão. Mas sei que esse Universo não possui qualquer tipo de sentimento ou qualidade humana, nada que poderíamos identificar. Ele é absolutamente mecânico, e em nada é afetado de acordo com as ações dos seres que nele vivem não importa o seu nível de poder e influência. O Universo é inabalável.

Abaixo dessa hiper consciência existem diversas classes de entidades nos mais variados estágios evolucionais, tais entidades dirigem setores do universo de acordo com suas próprias convicções e não importam o quão divergentes sejam, para o Universo isso é irrelevante, pois como eu já disse nada do que fizerem, nem mesmo deuses com capacidade para destruir estrelas com civilizações inteiras, será capaz de afetar o plano maior universal.

Esses seres, a quem podemos chamar de dirigentes, provedores, demiurgos ou mesmo deuses, governam segundo suas próprias leis variadas porções do universo, que vão de galáxias a simples planetas, seguindo uma hierarquia espiritual ascendente.

O Deus único que a maioria dos ocidentais acredita, Judeus, Cristãos e Muçulmanos, de fato possui um representante real. Um Deus planetário, com influência restrita apenas a partes desse nosso planeta. De acordo com o ponto de vista, esse Deus recebeu o nome de YAHWEOUH, JEOVÁ ou ALÁ.

Ele existe sim! Mas a maior parte do que se pensa saber sobre ele não passa de pura mitificação. ELE NÃO É O DEUS SUPREMO DO UNIVERSO, NA VERDADE NEM SEQUER É UM DOS MAIORES. Só no nosso sistema estelar, há 5 outros bem mais poderosos e no nosso setor galáctico, que compreende cerca de 3 mil civilizações inteligentes, ele é um dos últimos na escala de importância.


- !!! Caramba!!! Isso é pesado hein? Agora entendo mais ainda por que os religiosos não gostam de você. Dizer isso do deus deles!

- Por mim eles podem dizer o que quiserem. Mas os fatos falam por si. Ele nunca conseguiu por ordem nesse planeta em dezenas de milhares de anos. Há mundos por aí com civilizações bem mais jovens que não mais têm guerras, fome ou problemas sociais, com tecnologia séculos à frente da nossa e já colonizando outros planetas. E nós? Nesse lastimável estado mundial que só não é pior graças a intervenção de alguns como eu.

Doa a quem doer, ele é um péssimo administrador planetário!


- Mas ainda assim é o ser supremo em nosso planeta?

- Na verdade não totalmente. De fato ele está muito acima da grande maioria de seres que habitam esse mundo, é relativamente onisciente e onipresente. Pode estar em vários lugares ao mesmo tempo inclusive aqui, nesse exato momento. É de fato é muito poderoso para seu nível evolucional.

- Pode estar aqui? Ouvindo este diálogo?

- Com quase 90% de certeza.

- E não se importa com o que estamos falando?

- Ele também não é tão primitivo assim. Pode não ser lá grande coisa mas é infinitamente melhor que essas monstruosidades que as crenças terrestres dizem sobre ele. Ele não vai punir ninguém que não acredite nele ou mesmo que o insulte, pois pelo menos hoje em dia, não têm orgulho que possa ser ferido.

- Quer dizer que afinal ele não é tão ruim assim?

- É uma questão relativa. Eu disse que comparado a maioria dos outros administradores planetários, pelo menos dos que tenho conhecimento, ele é pouco notável, mas é o que temos de melhor nesse planeta. De certa forma seu baixo nível de controle sobre este mundo lhe exime de boa parte da culpa, ELE NÃO PODE SER RESPONSABILIZADO PELAS ATROCIDADES QUE JÁ COMETERAM EM SEU NOME!

- E o que quer dizer sobre ele ser muito poderoso para seu nível evolutivo?

- Que para um ser não muito evoluído num plano divino, Ele têm excelente controle sobre a natureza física. É capaz de manipular fenômenos materiais com grande desenvoltura, é responsável pelas mutações genéticas que deram origem ao homo sapiens, e possui uma fortíssima presença energética no plano espiritual. E só essa é a razão pela qual ainda não foi despojado de seu cargo neste planeta.

Eu o comparo a um rei que embora seja um mal administrador, possui muito poder militar e bastante carisma perante sua população.


- O que você sente em relação a ele.

- Eu não O odeio! E nem Ele a mim. Mas sou de fato seu maior oponente, pois divergimos totalmente sobre a forma como a evolução de um mundo deve ser promovida. Na verdade tenho certeza que não fosse por mim, ele já teria sido deposto do controle sobre esse mundo, pois eu criei uma perturbação que se torna de certa forma estável. Sim, uma instabilidade estável, qualquer alteração radical na hierarquia espiritual poderia ter consequências desastrosas. De certa forma nós nos ajudamos, praticamente dependemos um do outro.

- Entretanto você parece as vezes demonstrar uma certa revolta sobre tudo.

- Como disse eu não odeio a Ele, mas uma coisa posso dizer que de fato me incomoda. São os inferiores que se fazem passar por Ele, os canalhas que usando seu nome praticam covardias e maldades. Nada me incomoda mais que a hipocrisia religiosa, rabinos, padres e pastores que em nada se relacionam com a trilha espiritual e mesmo assim ocupam cargos de respeito e veneração. A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA MEDIEVAL FOI A INSTITUIÇÃO MAIS MONSTRUOSA, MALIGNA E CRUEL QUE JÁ EXISTIU NESSE MUNDO. O dano que eles causaram precisará de séculos para ser reparado.

Muito me incomodam também as massas de ignorantes e estúpidos que preferem uma fé cega do que se dar ao trabalho de pensar, ou ter a coragem de procurar o caminho por si próprio. É graças a esses desgraçados que os vis usurpadores da divindade atingem o poder.


- Quero deixar claro a meus leitores que EU NÃO ME RESPONSABILIZO PELO QUE VOCÊ ESTÁ DIZENDO! Ainda que seja tentado a concordar.

- Sim é claro! Não é qualquer um que pode ir contra a corrente dominante de sua sociedade. É preciso muita coragem que talvez você não tenha. Mas ainda assim são essas pessoas que fazem a história.

- Bem. Vamos voltar um pouco. Você disse que ele não é necessariamente o ser supremo nesse planeta.

- Há outras entidades que por aqui passam, hibernam ou mesmo aqui vivem que são mais poderosas do que ele. Mas raramente interferem no que quer que seja. Alguns são antigos dirigentes, outros administram dimensões paralelas além dos que regem outros planetas do sistema solar, que possuem vida em outros planos. A maioria dessas entidades pode ser simplesmente ignorada.

- Mas não todas?

- Ocasionalmente outros seres desse nível vêm a nosso mundo fazer suas observações, e isso pode influenciá-lo. E aí está o ponto em que eu mais O admiro.

- Qual?

- Apesar de seu amadorismo em conduzir um planeta, Ele é muito dedicado, corajoso, persistente e bem intencionado. Não se intimida nem um pouco com entidades muito mais poderosas do que ele que por vezes ameaçam usurpar seu controle sobre o mundo. Ele pode cometer muitos erros, mas acabará acertando, na verdade ultimamente, temos começado a nos entender melhor.

- Repita o que você disse sentir eu relação a Ele.

- Eu O admiro, e O respeito. E insisto em dizer, Ele não pode ser o único culpado pelo atual estado planetário deste mundo, todos nós temos culpa, inclusive eu a as hierarquias superiores a ele.

- Pode explicar melhor sobre isso?

A Hierarquia Divina e o Plano Evolucional da Terra

- De certa forma posso dizer que Ele também deu azar. Toda vez que as coisas pareciam melhorar seus superiores mudavam as regras.

- Se ele possui tantos superiores por que sempre disse ser ele o Deus único e supremo?

- Primeiro. Ele nunca disse a maioria das coisas que estão escritas nesses fajutos livros sagrados que estão por aí. Segundo. Faz parte do procedimento normal que os administradores sejam considerados pelos seus povos primitivos como a hierarquia máxima, para simplificar as coisas. Aqueles que tiverem dúvidas e procurarem um conhecimento mais rebuscado, são os que já estão num nível de pensamento mais elevado mas como são minoria, não afetam no plano maior.

Mas voltemos ao assunto. Ele governa esse mundo há cerca de um milhão de anos e o Administrador anterior deixou para ele um verdadeiro caos. Uma guerra entre duas raças antagônicas cujas habilidades assombrariam esse mundo de hoje.


- Atlantes e Lêmurianos?!

- Mais ou menos. Não se empolgue tanto com as potentosas histórias que a Teosofia e Antropologia Gnóstica têm para contar, embora tenham um fundo de verdade bem mais explícito que os atuais livros sagrados por exemplo, eles também romancearam muito.

O importante é que Ele já recebeu um plano espiritual que estava um verdadeiro caos, eu me lembro dessa época quando eu ainda era um aprendiz, chegava a ser perigoso para nossa integridade espiritual.


- Quer dizer que você têm mais de um milhão de anos?!

- E você também! Só que não se lembra de nada.

- Depois quero falar mais sobre isso, principalmente reencarnação.

- Não se preocupe, não deixarei isso passar em branco.

Bem, nessa época tivemos um trabalho terrível para organizar as coisas, deter totalmente o plano evolucional que estava em andamento e começar outro que também não foi muito melhor. Tivemos que erradicar totalmente sinais da civilização anterior para que não interferissem no novo plano. Na verdade esse atual plano humano é Sua segunda tentativa.

Nesse plano atual como eu já disse, Ele, seguindo algumas orientações, pretendia criar um raça mais submissa, obediente, que seguiria com mais exatidão suas instruções.

Acho isso péssimo, é destruir totalmente a individualidade dos seres, seria como possuir um bando de super ovelhas mas ainda assim ovelhas, totalmente dependentes e incapazes. Nossa facção decidiu que não apoiaria esse plano evolucional e obtivemos respaldo de algumas hierarquias superiores.

De qualquer modo a vontade Dele prevaleceu e o processo foi iniciado, essa raça original contaria com grandes percepções extra físicas que a permitia estar em contado direto com os espíritos superiores e dessa forma sempre sob seu controle. A eles era proibido qualquer tipo de conhecimento que lhes desse qualquer independência ou poder e então lhes foi proibido o pensamento racional puro, a observação direta da natureza sem o filtro da doutrina e a intuição mais profunda que liga qualquer essência quase que diretamente com o plano superior do universo. E foi exatamente tudo isso que nós, eu e meus aliados, demos a eles.


- Como?

- Simplesmente os convencemos a tentar, e eles o fizeram. Todos os que experimentaram mudaram radicalmente pois passaram a ver tudo de um ponto de vista mais amplo e em breve entrariam num nível de desenvolvimento que poderia elevá-los ao estado de raça superior em pouco tempo. Mas quando tudo parecia ir bem, Ele, assumiu uma atitude radical. Simplesmente cortou toda a percepção extra sensorial humana, reduzindo-os a cegos para-psíquicos. De um dia para outro perderam a maior parte da capacidade de ver os espíritos superiores, de ver o plano não material. Perderam a presciência latente e a capacidade de se relacionarem vendo mais profundamente cada um, as emoções dos outros. E daí só vieram problemas.

Passaram a se isolar no seu egocentrismo, desprovido da capacidade telepática de "sentir" os semelhantes, passaram a ver o mundo físico através do filtro de seu ego, considerando apenas o seu ponto de vista. Se tornaram materialistas ou mitômanos, geralmente caindo para extremos.


- Isso desencadeou uma guerra no plano espiritual?

- Nunca ocorreu uma guerra no plano superior como suas mitologias e religiões pregam, não nessa época, houve apenas divergências, discussões e deliberações, mas jamais chegaram ao nível do que poderia ser considerado uma violência.

- Então nossas mitologias não acertaram nem nisso?! Que é um ponto bastante comum?

- Uma coisa não exclui a outra, o que para nós era uma simples divergência, para a interpretação distorcida delas podia ser uma guerra. Você mesmo já exemplificou isso com relação a um jogo de Xadrez.

- Sim. Se eu e você jogamos Xadrez para nós pode ser um jogo amigável, mas se supormos que as peças no tabuleiro tivessem sentimentos, para elas seria uma guerra terrível.

- É por aí. Mas não menospreze suas mitologias, apesar de terrivelmente distorcida a própria Bíblia possui muito fundo de verdade. A história da torre de Babel por exemplo.

- Essa você precisa explicar pois eu sempre achei a lenda da Torre de Babel a mais absurda de todas!

- Mas não é! Está apenas em sentido figurado. Apesar de terem perdido a maior parte de suas capacidades extra sensoriais, os humanos ainda guardavam uma certa percepção telepática linguística que os permitia captar mentalmente as idéias dos outros enquanto estes falavam, e até de animais e plantas. Nessa época era possível conversar com a natureza de forma bem mais direta.

Era possível então para duas pessoas, mesmo que viessem de duas tribos com linguagens diferentes, aprender quase instantaneamente o dialeto uma da outra. As pessoas se entendiam literalmente, por palavras. Podiam não se entender emocionalmente mas sabiam interpretar as intenções externas umas das outras.

Certa vez, um grupo de feiticeiros, pessoas que foram menos afetadas com o rompimento da percepção para-psíquica, se reuniram num imenso grupo com o objetivo de reunidos, edificarem uma corrente energética e espiritual na tentativa de atingir o plano superior.

Foram milhares de pessoas que comparadas as de hoje, eram muito sensitivas. De certa forma eles estavam numa fase de revolta contra o criador, como se tivessem sido abandonados.

A super concentração de energia mental que promoveram no intuito de serem captados pelo plano superior, foi interpretado posteriormente como uma torre. Entretanto um sentimento de rancor era evidente e as hierarquias superiores concordaram, inclusive eu, que era uma atitude perigosa demais, e então promovemos uma retaliação. Enviamos uma onda mental desestruturadora que demoliu a união energética deles e depois decidimos eliminar de vez sua capacidade telepática.

Então desprovidos desse dom, tornou-se impossível para eles compreenderem o idioma um do outro, e a separação entre as nações-tribos se tornou mais rígida.


- Quando isso ocorreu?

- Você quer uma data? Saiba que há distorções no fluxo de tempo da história. Naquela época ainda ocorriam com frequência planos dimensionais que concorriam paralelamente. Mas de qualquer forma, posso dizer que para efeito antropológico isso teria ocorrido há cerca de 122 mil anos atrás.

- Quê?! E isso sobreviveu na cultura humana?!

- Através de lendas mas sim, ocorreu! E foi na África.

- E você concordou com o que fizeram?

- Foi uma das poucas coisas em que concordamos desde nosso rompimento. Se esses feiticeiros tivessem atingido uma visualização no plano superior, o que era bem possível, seria difícil escapar de duas possibilidades divergentes. Poderiam então se reintegrar ao plano original, resgatar suas faculdades especiais e voltarem a seguir a evolução dirigida e bitolada para a qual foram preparados. Por outro lado poderiam desenvolver algum tipo de hostilidade com os planos superiores o que seria pior ainda.

Foi melhor cortar logo essa possibilidade e desde essa época houve um tipo de concordância silenciosa em disputar a supremacia da evolução humana.

Para mim foi ótimo, geramos concorrência e hostilidade entre os povos, o que reforça o instinto de disputa e sobrevivência, e os melhores se sobressaem. E é através dos melhores, destas pessoas que desafiam sua própria época, que a raça humana chegou onde está.


- E onde a raça humana está?!

- Melhor falarmos sobre isso depois, nos desviamos do assunto.

Como disse não houve necessariamente uma guerra celestial, essa interpretação foi desenvolvida posteriormente através de mitologias primitivas e religiões naturais, que viam nos violentos espetáculos físicos, razões suficientes para crerem em deuses monstruosos e sanguinários.

Durante muito tempo deixamos a raça humana à sua própria sorte, ELE pretendia desenvolver um novo plano evolutivo mas foi severamente proibido pelas hierarquias superiores, dessa forma nós demos uma pausa na interferência direta com exceção de alguns episódios isolados que prefiro não entrar em detalhes.

O centro de nossa atenção sempre foi o velho mundo mas a raça humana se espalhou por diversos pontos do planeta e graças a inúmeras mutações e adaptações foram surgindo as diversas etnias e culturas.

Enquanto estivessem num nível muito primitivo de vida não mereceram nossa atenção até que esse mesmo velho mundo, enveredou por um caminho que mais nos interessou.

Surgiram mitologias mais elaboradas e tentativas de compreender melhor o universo. Um dos últimos e melhores exemplos é a mitologia Egípcia, que deu origem a toda uma gama de doutrinas e disciplinas potencialmente poderosas.

Então nossa disputa começou, por um lado eu estimulava o Panteísmo, a adoração de forças da natureza e rituais que padronizavam comportamentos mais naturais. Por outro lado ele fortalecia uma crença num ser supremo que devia ser obedecido a todo custo, e houveram outros grupos que seguiram caminhos intermediários.

Mas ainda bem antes da história humana atualmente contável, ocorreu o dilúvio.


- E qual a exatidão bíblica a esse respeito?

- Mediana. Para começar as águas nunca cobriram toda a Terra, apenas as áreas baixas como a própria Mesopotâmia.

- Claro, não há água suficiente nesse mundo para elevar o nível do mar a mais que algumas dezenas de metros, nem derretendo todo o gelo do planeta. E quanto a data fornecida pelos judeus na Torah?

- Outra falha, este dilúvio ocorreu na verdade por volta de 13.900 anos atrás.

- E qual seu objetivo?

- Foi uma determinação de hierarquias superiores a ele, relacionado a formação geológica e a aspectos biológicos. Foi contra a nossa vontade, um atraso em nosso trabalho. Mas Ele, para não permitir que se julgasse que tal evento se dava sem seu controle, uma vez que precisava se mostrar como o regente supremo do universo, inventou aquela desculpa de que o objetivo era punir a humanidade e começar tudo de novo.

Na Mesopotâmia elegeu as pessoas que sobreviveram nas lendas como a família de Noé ou Gilgamesh, e os instruiu na construção da arca numa história que na bíblia se conservou de forma relativamente precisa. Foram de fato cerca de 40 dias a deriva, mas é claro que ele não levou todas as espécies animais existentes, apenas uma parte das que conhecia naquela região e muitos morreram no processo.


- E quanto aos tais gigantes que teriam existido na Terra?

- Lendas mal interpretadas. Naquela época de fato existiam remanescentes de antropóides mais avantajados que os homo sapiens, mas a maioria deles não perambulava pela Mesopotâmia e pouco importavam para qualquer efeito.

- De que tamanho?

- Alguns chegavam a quase 4 metros.

- Seriam descendentes dos Lemurianos?

- Lá vem você com suas crenças teosóficas.

- As vezes acho que você esconde algo nesse sentido.

- Admito que não posso revelar o que sei a esse respeito. Alguns conhecimentos sobre as civilizações anteriores seriam extremamente prejudiciais às Nossas intenções se chegassem agora ao campo científico aberto.

- E acha que o que dissesse aqui faria alguma diferença? Por que não apenas satisfazer a curiosidade de quem só quer escrever ficção científica?

- Embora poucos saibam há muitos cientistas sérios estudando sobre isso no momento, qualquer comentário pertinente pode resultar numa descoberta precipitada.

Mas atenderei o seu pedido com apenas 3 afirmações.

Primeiro. O que as suas ciências ocultas pensam saber a respeito dessas civilizações anteriores se constitui em mais de 60% de pura fantasia.

Segundo. Jamais existiu um outro continente além dos que se conhece. Apenas ilhas.

Terceiro. Existe uma comissão secreta científico militar entre a França, Inglaterra, Vaticano, Noruega e Estados Unidos da América que sabe muito mais sobre aquilo que poderíamos chamar de Atlântida do que a humanidade jamais sonhou. Eles têm provas indiscutíveis mas não têm a mínima intenção de revelá-las tão cedo. E eu e ELE concordamos plenamente com isso.


- Essa não! Uma conspiração ao estilo Arquivo X! Mas me diga uma coisa. Se existiam mesmo tais gigantes por que nunca foram encontrados fósseis que comprovassem sua existência.

- Eu já disse isso antes. Porque o desenvolvimento da nova raça humana obedece a algumas regras que incluem eliminar a maior parte das evidências das raças anteriores para não haver interferência cultural maior do que as lendas já trazem.

- Não me convenceu.

- Problema seu.

Estágio de Evolução Planetário

- Voltando a questão a respeito do nível da raça humana. Sobre onde nós estamos. Procede a classificação do Espiritismo Kardecista por exemplo? Onde há 5 níveis de evolução de planetas: Primitivo, de Provas e Expiações, de Regeneração, Ditosos e Celestiais.

- Esse também é um ponto de vista válido mas para exemplificar melhor prefiro adotar uma divisão mais detalhada. Há planetas habitados onde ocorrem grandes ecossistemas com vida biologicamente avançada mas sem vida dita inteligente, que é aquela capaz de alterar seu próprio comportamento transcendendo radicalmente seus instintos naturais em múltiplos sentidos.

Acima destes estão de fato planetas PRIMITIVOS, onde as espécies inteligentes já possuem livre arbítrio, sobrepujam os instintos naturais, mas ainda não possuem um senso intuitivo mais evoluído e ainda estão muito presos à sobrevivência. Algumas características desse nível são a falta de escrita, e embora haja mitologia não ocorre uma teologia, filosofia ou ciência elaborada. Não existem então grandes países, apenas tribos e clãs, pois ninguém possui sabedoria ou força necessária para controlar maiores grupos.

Tais coisas só ocorrem no nível INICIÁTICO, o surgimento da escrita e outras formas de transmissão de cultura desenvolve um progresso antes impossível, dessa forma as idéias se estruturam dando origem as ciências, religiões e códigos. É comum o surgimento de enviados, indivíduos com um nível evolucional mais adiantado que antes encarnaram em outros planetas mais evoluídos, ou mesmo intervenção direta de inteligências extra planetárias, em geral são eles que dão partida ao processo. Nesse período surgem as civilizações e o desenvolvimento pode se dirigir para rumos bastantes distintos como o tecnológico, o místico ou o artístico entre outros.

O fator mais comum que ocorre para a manifestação do próximo nível é o surgimento em massa de enviados oriundos de planetas superiores mas apenas através de encarnações, pois via de regra a intervenção direta fica muito restrita. Tais enviados não são globalmente evoluídos necessariamente, mas podem ser apenas adiantados em um ou outro aspecto. Eles dão partida a inúmeras novas e revolucionárias correntes que não raro se chocam diretamente, ou em cada época promovem grandes mudanças na estrutura das civilizações. Esse é o nível do DESENVOLVIMENTO, que teve início na Terra há cerca de 3.000 anos atrás e é caracterizado por fenômenos humanos que tendem a se alastrar em grande proporção como foram por exemplo o Budismo e o Cristianismo, ou indivíduos que promovem grandes anexações como Alexandre o Grande e Gengis Khan. E é o nível que a Humanidade terrestre está começando a concluir.

Há pouco tempo teve início o processo de influência cósmica que está dando partida na próxima fase para este mundo, que será o nível do CONSENSO. É a era de Aquário citada pelo místicos. Nessa fase as grandes correntes de pensamento e comportamento irão gradativamente diminuir suas divergências e o fundamentalismo e dogmatismo entrarão em processo de extinção. Muitos processos já foram iniciados sob esta influência embora a maioria não se aperceba de suas possibilidades. A Globalização em massa é um deles. Apesar do que ocorre e do que possa parecer, nesse estágio o desenvolvimento tecnológico não é vital, sendo possível que o planeta atinja esse nível bem mais pacífico, produtivo e equilibrado, até mesmo sem eletricidade. A Terra na verdade tem apresentado um desenvolvimento tecnológico bem adiantado em relação ao seu desenvolvimento consciencial, por isso esteve em vias de promover uma auto destruição genocida, risco que ainda não está eliminado. Tal progresso é raro em planetas no nível de Desenvolvimento. Nesse nível também a intervenção extra planetária direta será realçada mas ainda não de forma ampla.


- Então a Terra está entre o segundo e o terceiro nível. E quais existem além desses?

- Os próximos são o de escalada rumo ao verdadeiro entendimento global do funcionamento do universo. Um tipo de Desenvolvimento do Consenso esclarecido, a ASCENSÃO. Quando um nível alto e comum à maioria dos habitantes for atingido então a raça do planeta estará apta a ajudar diretamente no desenvolvimento de outros planetas. É só aqui que serão possíveis os deslocamentos espaciais físicos interestelares e diversas outras tecnologias que hoje são consideradas improváveis. Tal nível científico é incompatível com níveis evolucionais mais baixos porque acabariam por gerar dispersão e colapso no desenvolvimento planetário, isso se não servirem de meio para a auto destruição em massa.

- Equivalente ao que ocorreria se a Humanidade já tivesse tecnologia nuclear no Renascimento?

- Mais ou menos. Ocorreria muito provavelmente uma aniquilação inconsequente.

- E após o nível da ASCENSÃO?

- Evidentemente o do APOGEU. Que é o estágio máximo de uma civilização. Nesse nível ela atinge o maior grau de atividade e predominância em seu setor da galáxia, orientando e mesmo dando origem a muitas raças, liderando ligas extraplanetárias e tomando as diretivas de desenvolvimento tanto físico quanto extrafísico.

Consequentemente ocorre após isso o processo de acomodação e decaimento, não no sentido pejorativo da palavra mas apenas como um fenômeno natural para todas as coisas que existem na linha do tempo.


- Uma espécie de velhice?

- Não. A raça gradualmente atinge o nível de TRANSCENDÊNCIA do plano físico, não mais necessitando de existência corpórea densa. Passa a viver apenas nos planos superiores.

- Espere. Então a raça humana nasceu, teve a infância e o desenvolvimento estando agora saindo da adolescência, atingirá a idade adulta e mais produtiva nos níveis da ASCENSÇÃO e APOGEU, onde dirigirá ou mesmo criará outras raças. E finalmente cessará suas atividades.

De certa forma então, ela tal como qualquer ser vivo, Nasce, Cresce, Reproduz-se e Morre, mas assim como o ser humano passa pela infância mitômana, a adolescência contraditória, a pós adolescência construtiva, a maturidade produtiva e por fim o descanso na velhice.

- Bem. É sem dúvida uma boa analogia, basta acrescentar a TRANSCENDÊNCIA da morte.

- E agora uma pergunta mais crucial. A humanidade terrestre está onde devia estar? Poderia estar mais evoluída?

- Deveria estar! Como eu já disse ocorreram muitos atrasos que prejudicaram o histórico de desenvolvimento desse planeta. Basta ver que o risco de uma auto destruição em massa foi latente no período entre a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, isso é um estado que se deve evitar, coisa que ELE! Deveria ter feito melhor!

- Espere! Está confuso. Como o risco de uma hecatombe nuclear foi maior antes da Guerra Fria? Se o nível tecnológico está muito alto então por quê estamos atrasados? Não estaríamos adiantados?

- Não confunda as coisas. Antes de tudo eu disse que o risco de uma guerra nuclear antes da Guerra Fria era maior porque a Guerra Fria foi exatamente um pacto secreto de não agressão direta entre as duas superpotências de maiores arsenais nucleares. Durante a crise dos mísseis cubanos por exemplo, pouco antes de tal pacto, ocorreu o momento que mais se aproximou da hecatombe. Eu estava lá e acompanhei o processo, e garanto a você que havia indivíduos tão tensos que bastaria um beliscão para dar início ao desastre que apesar do que muitos podem achar, não me interessaria em nada.

E respondendo a pergunta mais importante. Não é o nível tecnológico que está muito alto! É o nível de consciência que está muito baixo! E graças a quem?

Houve um período muito promissor da história humana. Há cerca de 2.500 anos vários enviados surgiram na Terra, no oriente Sidarta Gautama, o Buda, deu início a um movimento de psicologia esotérica que até hoje configura a base da mais avançada das grandes religiões, também o Taoísmo de Lao-Tse. No ocidente surgiram vários filósofos gregos que começaram a estruturar o pensamento humano prometendo um avanço global científico, moral e ético. A filosofia grega deveria se alastrar pelo ocidente e o Budismo pelo oriente, que somado ao Taoísmo resulta num tipo de filosofia diferente. O encontro dessas correntes deveria ser pacífico e complementar e ocorreria no oriente médio, norte da África e Oeste da Ásia. Apesar das divergências iniciais, esse encontro daria início ao processo que elevaria o pensamento terrestre a níveis que superariam em muito o nível de consciência mundial de hoje. Tudo estava ocorrendo perfeitamente! Ia dar certo! A ciência avançaria nos moldes de uma filosofia de visão global, e a mística e metafísica impediriam o materialismo. Dessa forma hoje a humanidade deveria estar entrando em nível de ASCENSÃO, já conquistando o espaço exterior e interior e já promissora na processo do auto conhecimento.

Foi então que aconteceu a Maior Desgraça da História da Humanidade!

O Anticristo

- Essa não! Você está se referindo ao Cristianismo não?

- Mas é claro! O que poderia ser pior? Foi o surgimento do Cristianismo que interrompeu esse processo, bloqueando o pensamento em nome da fé e criando a terrível Igreja Católica Apostólica Romana, mergulhando o ocidente na Idade das Trevas, onde todo o progresso consciencial simplesmente regrediu a um estado pior que o da barbárie. Foi o Cristianismo que precipitou o surgimento do Islamismo que passou a se alastrar pelo oriente prejudicando também todo o seu desenvolvimento. O Budismo ficou restrito praticamente só à China e Japão, onde suas filosofias isoladas do resto do mundo eram inertes demais para efeito prático, resultando apenas num segmento social ascendente mas sem grande reflexo na demais humanidade. O próprio Budismo foi se deteriorando até se tornar uma religião muito ritualística, icônica e especulativa não muito diferente do Cristianismo medieval em sua essência, embora jamais tenha causado um dano tão monstruoso quanto o que foi feito pela Igreja Católica.

- Quer dizer então que a vinda de Jesus Cristo a Terra foi um retrocesso?

- Não. Quero dizer que o Cristianismo deu origem a um retrocesso evolucional a Terra.

- Isto está parecendo Nietzche em seu livro O Anticristo, que para quem não sabe é uma crítica violenta ao Cristianismo como instituição. Mas Nietzche não ataca a figura de Jesus Cristo em si, até pelo contrário. Ela ataca o que o Cristianismo se tornou nas mãos de Roma. Sua posição seria a mesma? Ou melhor perguntando, qual sua opinião pessoal sobre Jesus Cristo?

- Sobre quem?

- Jesus Cristo!

- Que Jesus Cristo?

- ??? Essa não! Não vai me dizer que...

- Acho que tenho uma má notícia para você. O Jesus Cristo em que você acredita jamais existiu.

- Mmmmmmmmmmmmmm. Pode começar a explicar.

- Explicar o quê? Basta um processo primário de raciocínio para se concluir a absoluta ausência de evidência sobre a existência deste personagem histórico. Bastam 3 observações para colocar sua existência em Xeque, talvez até Xeque-Mate.

- Quais?

- Primeiro. Tivemos na Terra nesse nível de Desenvolvimento Planetário vários profetas. Abraão, Moisés, Zaratustra, Sidarta Gautma, Lao-Tsé, Guru Nanak, Maomé e etc. etc. Todos esses possuem alguma evidência comprobatória pelo menos relativa, que é o fluxo de acontecimento da história que se daria de forma diferente caso não tivessem existido. Jesus não tem nenhuma.

- Espere aí. Como a existência de Jesus não alterou a história?

- O que alterou a história foi o cristianismo, plenamente edificado décadas após a morte de seu suposto profeta. A passagem de Jesus em si mesma nunca teve qualquer repercussão histórica. Todos os profetas deixaram sua doutrina em escrituras que lhes eram contemporâneas. O evangelho sobre Jesus foi escrito mais de 40 anos após sua morte, quando qualquer evidência de sua passagem já teria sido perdida ou seria totalmente incomprovável a não ser por documentos. Todos os documentos apresentados pela Igreja que poderiam atestar algum registro sobre Jesus Cristo foram descaradamente forjados, e mesmo que não fossem são vagos. Esse é o segundo motivo.

O terceiro motivo. Jesus viria a Terra como o profeta seguido a Moisés, seria então o rei dos Judeus, o Messias, seu libertador. Os Judeus o esperavam há séculos. Por que eles não o aceitaram?! Se são justamente os maiores entendidos no assunto. O Evangelho diz que ele não veio derrubar as leis da Torah, no entanto ele violou várias. Trabalhava todos os dias, protegeu a mulher adúltera indo diretamente contra a lei Judáica, ao se omitir em seu julgamento perante Pilatos de certa forma prestou falso testemunho. Diz que ele traria a espada, no entanto sua doutrina é anti violenta tanto a nível literal quanto figurativo. Ele nada têm haver com o livro Judáico, o Velho e o Novo testamento são essencialmente antagônicos a não ser nos livros não evangélicos que mesmo assim foram adulterados. Os Judeus estão certos nesse sentido. Aquele não era o Messias que eles esperavam.


- Mas por quê não poderia ser um outro messias?!

- Então por que os Cristãos insistem em associá-lo a tal?

- ...

Espere aí! Tem alguma coisa errada aqui. Primeiro, você disse que as correntes do oriente e ocidente deveriam se encontrar. Ao que me parece o Cristianismo atende essa característica, ele possuí uma forte base filosófica grega e ao mesmo tempo um esoterismo comparável ao do oriente. Segundo, você estava se referindo a Jesus sempre no Futuro do Pretérito, de repente passou a falar no Pretérito Perfeito.

- A-há! Pensei que você não ia notar! Quanto a sua primeira colocação. De fato o Cristianismo possui considerável influência da Filosofia Grega, e componentes místicos equivalentes aos orientais, principalmente aos do Budismo, são na verdade o que trás a mais revolucionária essência do Evangelho. MAS!!!

Há também uma forte influência da religião romana, similar a grega mas em nada relacionável a filosofia, e o pior, por quê há uma base Judáica tão forte?! Que em nada contribui tanto a nível filosófico quanto esotérico.

A resposta está relacionada ao fato de eu ter usado o futuro do pretérito para me referir ao personagem fictício, mas ter usado o pretérito perfeito para me referir a um certo galileu pregador que de fato existiu tendo inclusive sido crucificado, mas esse notável personagem real está tão longe de ser aquele que ficou nos testamentos, que não dá para dizer que é o mesmo.


- ...É, eu...Hã....

- Sim! O cristianismo seria uma tentativa de fundir correntes filosóficas entre ocidente e oriente, para isso apelou para um espetacular e genial cocktail, composto dos seguintes ingredientes:

Um certo profeta real que teve uma repercussão menor mas adequada.

Bases míticas de diversas religiões sintetizadas num personagem mais atual e convincente.

Metade dos elementos reais que figuraram a história de Buda.

Teologia organizada, Metafísica, frutos da filosofia grega.

Feitos fictícios mas apaixonantes que configurariam um herói.

Um rompimento com o que se esperaria de mais convencional, como um líder guerreiro violento.

Um caráter revolucionário e surpreendente.

E mais uma série de outros itens que devidamente misturados resultariam na mais espetacular corrente filosófica da história. Forjada! Mas bem intencionada e eficaz! Uma idéia fantástica e que tinha tudo para dar certo, só que acabou dando completamente, desastrosamente errado.


- E de quem foi essa idéia?! DELE ou sua?!

- Essa é a melhor parte!!! De nenhum de nós exatamente. Foi uma iniciativa humana e é por isso que não pudemos interferir, caso contrário não teríamos deixado ir por água abaixo. Foi a prova cabal que a humanidade estava evoluindo, conquistando o conhecimento. Para mim era um vitória mas para Ele apesar de fugir de seu conceito original, também era uma alegria! Tanto que deu até uma mãozinha.

- Mas e por que então deu errado?!

- Porque subestimamos a influência terrível do Ódio, do Medo, e da Ignorância.

- Sim?

- O cristianismo original, Evangélico, nos textos cujos maiores sobreviventes foram Mateus, Lucas, Marcos e João, estava contido o fundamento de toda essa nova e espetacular corrente que nem poderia ser chamada de religião. Ela libertava o pensamento mas ao mesmo tempo reforçava a necessidade da intuição, falava na integração das naturezas opostas humanas, na revalorização do elemento feminino não só através das mulheres mas também da própria feminilidade masculina, pelo despertar e reforço da compaixão, humildade e benevolência. Clamava pela liberdade em todos o níveis, por isso conquistou escravos, mulheres e pobres mas sem desprezar o ricos e poderosos que sentissem necessidade de algo superior. Era a mais perfeita mensagem integrativa até então e como tal, poderosamente envolvente e sedutora, capaz de despertar nos povos os mais nobres sentimentos.

O próprio povo romano conheceu isso de maneira radical, ao ficar impressionado com a atitude serena e firme dos cristãos em frente a morte, em frente aos leões. Era algo que despertava incrível força interior no ser humano e por isso acabou por se disseminar amplamente. Prevendo o inevitável, Roma não teve outro remédio a não ser se render a essa nova onda, mas é claro que não poderia deixá-la destruir sua estrutura de dominação e imperialismo. Por isso tiveram uma idéia no mínimo maligna.

O evangelho desperta os mais elevados valores no ser humano, e prega uma total abstinência da violência e da dominação sobre o próximo, mas como poderia um império ser mantido com uma filosofia destas?! Com que argumento moveriam seus exércitos e empunhariam a força?! Como continuar escravizando, pilhando, subjugando, se a doutrina maior lhes dizia exatamente que era isso que não deviam fazer?!

A solução foi evidentemente a manipulação, para isso contaram com toda uma estrutura para filtrar o Evangelho e dele extrair aquilo que lhes seria benéfico eliminando o que poderia lhes prejudicar, e assim sendo ficaram de fora 95% dos escritos dos evangelistas, que foram considerados Apócrifos. Para piorar corromperam os dois maiores traidores do Cristianismo original, Pedro e Paulo!

Esses dois tiveram o cuidado de extrair o pior do cristianismo ainda que mais por ignorância do que por má intenção. Se você observar no Novo Testamento verá que praticamente todas as passagens que pregam uma atitude radical contra outras culturas e outras doutrinas, que usam constantemente a ameaça ou induzem a criação de uma instituição religiosa dominadora são trazidas por esse dois Pseudo-Evangelistas, distorcendo a idéia original do Cristianismo e transformando definitivamente numa Religião.

Não é difícil reparar a diferença de conteúdo dos textos redigidos por Marcos, Mateus, João, Lucas e até Tiago com os desses dois deturpadores principalmente Pedro, a "Pedra Fundamental da Igreja". Os primeiros enfatizam fortemente o amor e a compaixão, os últimos enfatizam a pressão psicológica e a dominação. Nem preciso citar versículos, pegue o Evangelho agora e leia algumas passagens quaisquer comparando-as e verá isso quase que imediatamente.

Não parou por aí, na verdade nem sequer começou pois esses dois já estavam distorcendo a idéia original mesmo antes de se envolverem com os dirigentes de Roma. Para prosseguir com sua intenção deliberada de utilizar o Evangelho não como forma de libertação mas sim como mais uma de dominação, os romanos perceberam que mesmo as passagens mais propensas a uma indução do uso da força no Evangelho ainda eram pouco para justificar um novo sistema de opressão. Continuava a dúvida, tinham uma forma de seduzir os povos com o Evangelho, atraíndo-os pelo amor, mas como doutrinariam os que simplesmente se recusassem, os que contestassem, tivessem outras idéias ou mesmo aqueles que sentissem que ocorria alguma coisa errada com essa forma de se conduzir as coisas?!

Tiveram então uma idéia brilhante e ao mesmo tempo aparentemente absurda, e a forma como conseguiram fazê-la funcionar chega a ser macabra. Se aproveitaram da tênue relação entre a nova doutrina cristã e a velha doutrina judáica, e conseguiram através de muita força e pressão, fundí-las numa só religião, criando sem dúvida o livro sagrado mais confuso e antagônico de toda a história da humanidade!

Por um lado tinham o Cálice da vida na doutrina evagélica, simbolizado inclusive pela última ceia, com isso seduziriam e acalmariam os povos, mas por outro lado tinham a espada da velha religião dos hebreus para punir com a força aqueles que não se submetessem, sob a constante ameaça da "ira de deus" e da danação eterna. Tinham então uma religião que ora se baseava no Amor, ora no Terror. Se a evidente contradição fosse percebida bastaria lançar mão de algumas obscuridades em ambas as doutrinas, como dizer que Jesus veio não para abolir as leis dos judáicos, que era o que dava a entender, mas sim para aperfeiçoá-las e torná-las melhores, o que com uma pequena alteração ficou como cumprí-las e glorificá-las. Assim como tiveram o cuidado de ressaltar tudo o que pudesse dar a entender que Jesus seria de fato o novo profeta dos Judeus, forçando então uma relação entre as duas religiões. Mas me responda, se é assim por que os próprios Judeus não o aceitaram?! E por quê tiveram que alterar tantas partes do livro original judáico?!

Tanto de um quanto de outro, eliminaram tudo que pudesse deixar aquela farsa evidente demais, fizeram uma confusão capaz de iludir até os mais inteligentes que seriam assaltados no mínimo pela dúvida. Para eliminar qualquer foco de resistência conseguiram praticamente banir o raciocínio e substituí-lo pela fé, o que resultou na decadência da filosofia. Caçaram sistematicamente qualquer outra informação a respeito do cristianismo como por exemplo os Evangelhos Gnósticos, destruíndo-os impiedosamente. Através das palavras de Pedro, que contra todos os outros evangelistas de verdade, reiterou a submissão feminina, reduziram toda e qualquer forma de religião antiga baseada no culto à vida e às deidades femininas e maternas em nada mais que cultos obscuros que mais tarde foram difamados com o nome de bruxaria. As muitas líderes femininas do movimento cristão foram sufocadas assim como qualquer enfoque mais elaborado a respeito da valorização do Amor, Perdão, Compaixão e etc.

E assim, de maior esperança da humanidade o cristianismo foi convertido na maior desgraça, o Amor em Cristo pelo Cálice da Vida, passou a ser a Ira de Deus pela Espada da Morte.

Não consigo imaginar nada pior.


Religiões

Passei uns 3 minutos remoendo tudo aquilo, sem dizer uma palavra, até que...

- ...O que... Posso dizer?

- Você sabe disso! Sempre soube!

- É mas... Nunca pensei dessa forma. E quanto às outras religiões? Você se referiu ao Islamismo e ao Judaísmo, que estão diretamente envolvidos nessa questão. E quanto a eles?

- O Judaísmo não passa de uma mistura de crenças hebráicas, inclusive com muita influência Babilônica, primitivas, baseadas num modelo comum daquela época, de deuses guerreiros que disparavam raios e arrasavam cidades inteiras em benefício de seus seguidores. Mais tarde com a aparição de Moisés, na realidade um Egípcio autêntico como disse Freud, ele foi melhor organizado e reestruturado, principalmente em torno do Decálogo. De fato houve uma pequena intervenção DELE em favor de Moisés que era um sujeito excepcional, incrivelmente inteligente e com muitas habilidades pára psíquicas ainda latentes. Mas foi no final das contas um tremendo erro, e isso eu sempre disse.

- Ele fez mesmo todas aquelas coisas?

- Nada! Foram acontecimentos normais tais como pragas e fenômenos atmosféricos que por um acaso e uma mãozinha DELE coincidiram numa sucessão temporal bem maior do que os Judeus costumam dizer. A transformação do rio em sangue foi nada mais que uma ilusão de ótica, a morte dos primogênitos praticamente uma balela. De fato Moisés previu a morte do filho do faraó, vítima de uma virose comum assim como coincidentemente de alguns outros sacerdotes egípcios. Foram na verdade apenas alguns.

A travessia do Mar Vermelho é um fenômeno natural que acontece com frequência até hoje, quando uma parte de areia emerge devido aos movimentos hidrodinâmicos. Os egípcios chegaram dias depois dos hebreus as terem atravessado, sequer tentaram.

Todos esse feitos foram posteriormente exagerados e transformados em lendas para embasar a supremacia desse povo que até hoje têm fortíssima influência no mundo.


- Aliás você aniquilou qualquer possibilidade deste diálogo vir a ser um filme de Hollywood. Bem, e quanto ao Islamismo?

- Depois do desastre do Cristianismo Nós simplesmente desistimos. Isso mesmo! Demos um tempo! Deixamos a coisa correr com ainda menor interferência direta, mas alguns de Nós sempre acabam se envolvendo. De fato um daqueles que poderíamos chamar de anjos, entrou mesmo em contato com Maomé, revelando-lhe uma série de instruções que ficaram no Alcorão.

Esse anjo, que aliás eu mesmo aniquilei depois, tinha uma visão bastante radical das coisas, tendo sido repreendido até mesmo por ELE, mas aí o estrago já estava feito e como decidimos não mais intervir por um bom tempo, deixamos as coisas correrem por si só.

Foi outro desastre! Os muçulmanos cometeram os mesmos erros de sempre, caindo no dogmatismo e cegueira, entraram oriente adentro arrasando com diversas religiões que tinham muito mais chance de trazer alguma coisa mais construtiva. ELE até concordou que uma revelação tão severa poderia ser mesmo benéfica, mas depois de tudo o que ocorreu deu o braço a torcer. Foi outra desgraça!

Mas ainda assim eu digo que não foi tão lamentável quanto o Cristianismo, ainda que os próprios cristãos tenham detido seu alastramento, não fosse por isso o Islã já poderia ter engolido a Europa na Idade Média e consequentemente o mundo.


- Dentre todas as religiões então quais as que você considera melhores? Mais adequadas à evolução humana?

- Nenhuma! As religiões são doenças lamentáveis que corrompem e destroem o mundo e o ser humano. Por culpa delas este planeta está tão atrasado, e não duvide que elas, principalmente estas que acabamos de falar, acabem de fato pondo fogo em todo o mundo da forma que suas imbecis crenças em Juízo Final insistem em pregar.

É claro que há as menos piores, as chinesas por exemplo, mesmo assim o que há de melhor está em sua essência básica, aquela que ficou para trás sendo abafada posteriormente pelos ritualismos e cada vez piores reinterpretações.

Todas começaram relativamente bem, há no princípio de todo movimento que vêm mais tarde dar origem a uma religião, uma intenção nobre e construtiva, capaz de elevar de fato o ser humano, haja visto o cristianismo primitivo, mas com o tempo só tendem a piorar. Nem o Budismo escapou disto.


- E por falar em Juízo Final...

Continua na Parte 2

Marcus Valerio XR

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