ARTE

O que é Arte?

Ao fazer essa pergunta à pessoas sem grande intimidade na área artística, é provável que se encontre dificuldade em obter uma resposta satisfatória e hegemônica, ainda assim, porém, creio que obteremos alguma coisa. Mas se a fizermos a um grupo de artistas, de preferência com formação acadêmica superior, garanto que, pela minha experiência, obter qualquer entendimento torna-se praticamente impossível.

Em meus anos de estudo no departamento de Artes da Universidade de Brasília, pude acompanhar acirradas disputas intelectuais a respeito da definição do conceito de Arte, de suas aplicações, características e extensões. As opiniões variam desde "tudo aquilo que não possui valor prático", a "tudo o que você quiser que seja".

Como filósofo e particularmente interessado na precisão das definições, nenhuma das respostas jamais me satisfez. Tão pouco as encontradas nos dicionários, em geral enormes, e enfocando principalmente o ponto de vista técnico ou prático, mais próximo do Artesanato ou do "conjunto de técnicas de execução de algo".

Pela minha própria investigação através de minha Filosofia EXERIANA, cheguei a conclusão que:

ARTE É UMA FORMA INDIRETA (OU NÃO IMEDIATA) DE TRASMISSÃO DE EMOÇÕES.

Ou

UMA FORMA DE EXPRESSAR EMOÇÕES SUPRA PESSOALMENTE.

Ou

A MATERIALIZAÇÃO DAS EMOÇÕES.

INDIRETA porque diferente da comunicação pessoal comum, onde podemos nos expressar emocionalmente, a Arte em geral não visa apenas um interlocutor com o qual estamos em contado direto, ela busca atingir um público alvo bem mais abrangente e em geral de forma unilateral.

NÃO IMEDIATA porque o produto artístico produzido normalmente será contemplado indefinidamente. O artista realiza seu trabalho num momento, e o público o contempla em outro.

E quanto ao EMOCIONAL, creio ser evidente que a Arte é uma atividade predominantemente passional.

A EMOÇÃO é o conteúdo a ser transmitido, o meio é a matéria, quer seja a tinta, o barro, ou o som, que se propaga através da matéria, ou o próprio corpo humano. Sendo assim a ARTE é uma forma de se materializar emoções.

O que mais me atrái nesta definição é que ela elimina a possibilidade de se excluir qualquer forma artística baseada em preconceitos ou gosto pessoal. Se o artista se expressa, está fazendo arte.

Dos 4 grandes pilares da cultura humana ARTE, MÍSTICA, FILOSOFIA e CIÊNCIA, a Arte é muito provavelmente a que há mais tempo é regularmente praticada pela humanidade. Aliás, podemos encontrar arte mesmo entre os animais, ou pelos menos é o que nos parece as interessantes pinturas feitas por gorilas e outros primatas.

Temos nas pinturas rupestres a mais antiga expressão cultural humana, e é possível que o nascimento da humanidade tenha sido o nascimento da capacidade de se expressar artísticamente ainda que de forma primitiva.

A Arte toca a todos nós, pois somos seres emocionais, eu pelo menos jamais encontrei algum Ser Humano que não demonstre apreciar alguma forma de música, um desenho ou mesmo um filme. Como um elemento indispensável da cultura humana, as diversas formas artísticas evoluíram com a história, desmembrando-se em categorias bem definidas.

É comum ouvirmos sobre as 7 artes, que seriam a Música, a Pintura/Desenho, a Escultura, a Dança, a Literatura, o Teatro e o Cinema. Essa classificação é bastante simples e razoável, podendo até mesmo ser hierarquizada.

É muito difícil saber qual seria a mais antiga forma de arte, podemos isolar algumas. Não poderiam ser obviamente o Teatro, pois este é uma expressão cultural que só viria a surgir numa civilização mais avançada, ou a Literatura. A Dança embora muito antiga, em geral depende necessariamente da Música, e estas últimas junto as Artes Plásticas, Bidimensional e Tridimensional, formam sem dúvida os modos mais antigos do Ser Humano materializar suas emoções.

Mesmo assim, eu arrisco concordar com aqueles que dizem ser a Música a Primeira das Artes, pois é a única que encontramos disponível no mundo animal ainda que seus executores não a produzam com um objetivo apenas emotivo, e sim muito prático. Essa expressão então acompanhou a transição que deu origem ao Homo Sapiens, e a princípo tem sobre as artes visuais e táteis, Desenho/Pintura e Escultura, a vantagem de não necessitar de nenhum outro instrumento que não o próprio corpo, em especial o aparelho fonaudiológico, para ser executada. E como da Música para a Dança quase não haja por vezes separação, estas seriam as expressões mais antigas.

Porém como já vimos, desde tempos muito remotos encontramos a Arte Plástica Bidimensional, como nas pinturas rupestres, e posteriormente a Tridimensional, as esculturas.

Sendo assim arrisco a seguinte ordem de surgimento, e assim denominação ordinal das Artes:

Primeira

MÚSICA

Segunda

DANÇA

Terceira

PLÁSTICA BIDIMENSIONAL
(Desenho/Pintura)

Quarta

PLÁSTICA TRIDIMENSIONAL
(Escultura)

Creio ser notório que enquanto podemos ter alguma idéia do surgimento das Artes Plásticas, graças a achados arqueológicos, o mesmo praticamente não se dá com as duas primeiras artes, ainda que muitas das pinturas rupestres retratam o que parecem ser pessoas dançando. Visto que encontramos proto formas de dança nas manifestações dos primatas, sempre acompanhadas de gritos, não é muito ousado inferir que Música e Dança, ainda que em formas muito primárias, sejam as artes mais antigas.

Daí para frente todas as artes que surgiram dependem em algum grau das anteriores, e as duas próximas são difíceis de ser ordenadas.

A literatura obviamente depende do surgimento da escrita, sendo então em comparação com estas anteriores, muito mais tardia, por volta de 4000 aC como todos sabemos, ao passo que as anteriores, mesmo as plásticas, remontam a períodos mais antigos.

Muitos dizem que o Teatro então seria uma forma posterior, por depender da Literatura. Tenho minhas dúvidas, pois o simples contar de histórias, mesmo na tradição oral, por vezes assume formas bastante teatrais. É claro porém que a escrita acrescenta uma nova forma de se produzir a representação cênica.

Dessa forma, considero:

Quinta

TEATRO ou Literatura

Sexta

LITERATURA ou Teatro

Sétima

CINEMA

Que o Cinema seja a sétima é óbvio, ele surgiu em meados de 1900 dC. Já o Teatro, ainda que na forma moderna dependa necessariamente de um texto, possui, como eu já disse, raízes mais primitivas, embora eu aceite também o ponto de vista que propõe a inversão de sua posição com a Literatura.

Esta última adentra já numa dimensão nova. A princípio um Texto é uma forma gráfica de se representar sons, e como todas as escritas primitivas são em geral Ideográficas, representativas, na forma de desenhos mais ou menos abstratos como os Hieroglifos Egípcios ou os Kanji Chineses, é evidente que elas dependem da Arte Plástica Bidimensional.

Porém elas traduzem a princípio Sons, servindo primeiramente de modo prático. Aliás é óbvio que todas as artes foram inicialmente atividades práticas para posteriormente se desenvolverem passionalmente. Mas ao criar-se as primeiras escritas, seus caracteres como o próprio nome "Ideograma" sugere, remetem a idéias, não necessariamente sons.

Portanto a escrita pode nos fornecer um meio inédito de tramissão de idéias de modo indireto, sem a necessidade de outras formas de comunicação como o Som, ainda que seja necessário um certo conhecimento da linguagem falada para sua plena apreciação. Mas também um meio direto de transmissão de conteúdos difíceis de serem expressos de outra forma. Como numa conexão mais íntima entre a mente do escritor e a do leitor, sem a interferência do meio físico sônico.

A escrita faz muito mais que desenvolver a comunicação, ela desperta uma nova dimensão mental no Ser Humano. Uma que é capaz de trabalhar num nível mais abstrato e mais ágil. Não é a toa que pessoas inteligentes em geral gostem de ler, pois lendo podemos ser muito mais críticos, possuímos mais tempo e oportunidade para refletir, detendo a leitura pelo tempo que quisermos e retomando-a em seguida. Muito diferente do que numa comunicação oral onde muitas vezes a situação nos impede de deter o orador para solicitar um tempo para reflexão.

Além disso ela estimula um outro grau cognitivo, o que relaciona idéias com símbolos de forma cada vez mais complexa dependendo do nível comunicativo

Por esse motivo considero que o analfabeto adulto, e lamento muito dizer isso, possui um nível mental humano a menos, não desenvolvido, adormecido. E digo de forma ainda mais dura, é sim, de algum modo, menos humanizado. Razão pela qual considero inaceitável por exemplo o "Voto do Analfabeto" (Opinião que, atualmente relativizei, por um motivo de ordem ética e constitucional. - 20/11/11), ou qualquer reticência quanto a erradicar por completo o analfabetismo, ou num modo de dizer mais preciso, o Agrafismo, considerando as demais escritas não alfabéticas.

E isso se aplica também, em graus relativos, a todas as formas de semi analfabetismo, ressaltando porém que me refiro a uma forma de desenvolvimento humano não diretamente relacionada a qualquer idéia de superioridade "moral", "espiritual", mas sim Racional.

Tenho mais a dizer sobre isso em minha monografia O CAOS E OS ANJOS.

Voltando ao assunto deste Texto, o surgimento da escrita viria possibilitar formas muito inovadoras de expressão emocional. Não só a narração em forma escrita de uma história, prosáica, mas também a poética, que abre possibilidades muito ousadas de pensamento e emoção.

O Teatro, como já vimos depende também em alguma grau das formas artísticas mais primitivas, principalmente em seu modo moderno, que exige não só um texto, mas um cenário plástico, por vezes música, ou apresenta danças.

Mas em sua forma primitiva poderíamos até colocá-lo, quem sabe, antes das Artes Plásticas, pois basta a capacidade comunicativa mais complexa, a fala, surgir no primitivo Homo Sapiens, para que lhe seja possível ao contar um história, acrescentar alguma dramaticidade.

Porém essa forma primitiva de proto-Teatro talvez seja tão difusa, e perdida no passado ainda que possamos observá-la em sociedades primitivas contemporâneas, que fica difícil abordá-la por esse prisma, o que acaba nos levando quase que invariavelmente a considerar como Teatro apenas as formas mais modernas, cujas estruturas básicas surgiram na antiga Grécia. Esta forma sim, depende da Literatura e consequentemente da Escrita.

Esta não é a única complicação no que se refere a um relacionamento preciso entre a ordem de surgimento das Artes e suas definições. A própria Dança parece desafiar a definição de Arte que proponho, pois sua transmissão parece ser a princípio, muito direta, entre o dançarino e o espectador. E de fato o é se consideramos as formas mais primitivas de Dança.

Porém, voltando a apelar para as formas modernas, a Dança não é apenas o apelo direto de alguém ao se expressar corpóreamente. Pois é também uma arte passível de trasmissão e aperfeiçoamento.

Exemplificando, eu posso até encenar uma dança para um objetivo direto de transmissão emocional, violando a idéia de que a Arte seria uma maneira Indireta de se comunicar emoções, ou uma materialização emocional.

Por outro lado, eu posso criar uma dança específica e treinar outras pessoas para representá-la, e assim ela assume cada vez mais a caracterísitica artística indireta, podendo ser representada por terceiros para públicos distintos. Podendo mesmo ser registrada gráficamente, aumentando sua propriedade de materialização. O fato é, que a Dança, assim como o Teatro, podem ser representadas de forma indireta entre Autor e Expectador, transformando o Artista no próprio meio físico da transmissão, o que acrescenta uma outra dimensão de valor humano diferenciado, o da Interpretação, que pode ser notada também na Música.

Cada Dançarino, Ator teatral ou Músico, pode acrescentar sua própria personalidade à obra, tornando essas formas artísticas mais dinâmicas. Notamos então uma diferença entre as Artes Plásticas e Literatura, comparadas a Música, Dança e Teatro.

ESTÁTICA
DINÂMICA
PLÁSTICA BIDIMENSIONAL
MÚSICA
PLÁSTICA TRIDIMENSIONAL
DANÇA
LITERATURA
TEATRO
CINEMA

Como podemos notar, as Artes Plásticas são em Geral estáticas, assim como a Literatura a não ser que seja recitada, o que a aproxima do Teatro. Porém este, a Música e a Dança, sempre são dinâmicas por serem representadas por humanos, embora possam estar em sua forma escrita. Uma Partitura é apenas um meio de se facilitar o registro e a transmissão de uma música, ela sequer pode tornar rígida a interpretação. A verdadeira Música é um evento Sonoro, razão pela qual considero que o músico que só toque de ouvido é muito mais músico do que o que só toque por partituras.

A Dança é ainda mais dinâmica, pois sua representação gráfica, que já é rara, jamais poderia captar o mesmo grau de precisão das partituras musicais. A Dança é um fenômeno de dinamismo extremo, ainda maior que o Teatro, onde a simples existência de um texto atenua esse caráter dinâmico, embora sempre haja espaço para um toque pessoal do ator, ou em certos casos oportunidade para o Improviso.

O Cinema é claramente o que mais mistura o Dinâmico e o Estático. Ele possui ainda mais níveis de produção que o Teatro, que precisa de um Texto, um Desenho que idealize a cenografia, posteriormente a parte escultural, e etc.

O Cinema exige texto, storyboards, produção plástica, interpretação, gravação e pós produção. Após pronto o Filme é uma obra estática, porém sempre é possível a refilmagem, onde novas interpretações podem ser dadas pelos atores, diretores e etc.

É claro que qualquer Arte pode ser dinamizada ou estatizada, mas em geral ocorrem os casos sugeridos acima.

O Cinema é muito mais do que um Teatro filmado, algo que muitos críticos cinematográficos jamais entenderam. Um filme com maus atores e um mau roteiro porém recheado de ótimos efeitos especiais não é menos Cinema do que um filme que seja o contrário, ainda que o valor artístico tenha se concentrado numa outra categoria.

Razão que influencia o fato de que não vejo nenhuma justificativa objetiva para a separação entre Cinema de Arte e Cinema Comercial. Primeiro por que quase nenhum filme é exibido gratuitamente ou mesmo por um preço de custo, segundo por que mesmo que um filme seja produzido com objetivos meramente comerciais, e no mesmo não tenha sido depositado muito "esforço artístico", sempre haverá o espectador que o verá como uma experiência emotiva legítima, onde se estabelece uma conexão indireta entre o produtor e o espectador.

Portanto essa separação a meu ver, não passa de uma forma alegórica de dizer o que uma determinada elite "intelectual" aprecia ou deixa de apreciar, ou o que uma massa populacional aprecia, e consome, ou não.

O parâmetro mais apropriado para o Comercialismo cinematrográfico seria o que ocorre naqueles filmes, em geral de público alvo juvenil, que são acompanhados por uma enxurrada de produtos paralelos relacionados como camisetas, brinquedos, videogames e etc. Mas mesmo isso não anula o valor artístico da produção.

 

Temos a partir daí, novas Artes? Creio que sim. Já é comum ouvirmos que a FOTOGRAFIA seja a OITAVA ARTE. O que suscinta a discussão se não deveria ser a Sétima, pois a tecnologia necessária para o Cinema é basicamente fotográfica.

Porém é fato que a Fotografia teve um desenvolvimento artístico mais tardio que o Cinema. Todas as Artes como já disse, iniciam como uma atividade prática. Desde os gritos e danças primitivas com objetivos de acasalamento, quanto a captura de imagens como meio mais preciso de se registrar a realidade. A Fotografia é também plenamente estática.

Isso associado ao fato de que já se tornou trivial chamar o Cinema de Sétima Arte, me faz considerar que a posição de Oitava é adequada a Fotografia.

E a partir daí?

Em meu modo de ver jamais deixaremos de criar novas formas de expressão artística, embora invariavelmente nos apoiemos nos modos mais antigos. Proponho as seguintes novas Artes, em sua forma Chronológica.

Oitava
FOTOGRAFIA
Nona
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Décima
VIDEOJOGOS
Décima Primeira
COMPUTAÇÃO GRÁFICA (3D)

As Histórias em Quadrinhos, embora pudessem ter surgido muito antes do Cinema, e de fato em certas ocasiões surgiram mas não vingaram, até hoje não são devidamente reconhecidas como forma artística. Elas são muito mais que simples desenhos, são uma fusão entre Literatura e Desenho, porém com modos próprios de se expressar.

As primeiras Histórias em Quadrinhos (HQs) eram muito dependentes do texto, como podemos ver em qualquer exemplar antigo. Cada quadrinho, em geral em formas bem padronizadas, era precedido de um breve enunciado.

Hoje em dia podemos ver conceitos totalmente diferentes principalmente em certas "Novelas Gráficas" mais requintadas. Algumas chegam a quase prescindir do texto. Os "quadrinhos" assumiram formas inusitadas e a arte utilizada nos desenhos é cada vez mais arrojada, usando as mais diversas técnicas plásticas.

As HQs assumiram uma linguagem própria, um modo único de representar seu objetivo. Elas não são simples textos desenhados ou quadros de um filme capturados.

Ainda mais controverso são os Videojogos. Embora sejam uma modalidade lúdica de caráter esportivo, eles possuem cada vez mais um fusão de técnicas que os tornam "filmes interativos" ou "quadros vivos". Tal como o Cinema, misturam ténicas como música, efeitos sonoros, gráficos animados e estáticos, roteiro, jogabilidade e dificuldades estratégicas e sensomotoras específicas.

Quem os aprecia não hesita em considerá-los uma forma de Arte, e talvez sejam os únicos que já surgiram com uma intenção lúdica e não exatamente prática, além de acrescentarem uma dimensão inédita, a Interatividade.

A Computação Gráfica Tridimensional, por estranho que pareça mais recente do que os Videogames, é também muito mais do que um Cinema Virtual. Ela permite possibilidades inéditas de expressão artística, é um fenômeno de resultado Estático/Dinâmico, tal como um filme de Cinema.

Essa expressão artística sofre de uma problemática de definição. O termo é impreciso. A princípio, muitas coisas podem ser consideradas Computação Gráfica, mesmo que o Computador seja um mero veículo de facilitação de uma impressão. Porém me refiro a uma forma mais específica, as Animações Tridimensionais.

E isso levanta uma discussão acerca de um outra possível forma de Arte que viria a acrescentar ainda mais confusão a essa crescente ordenagem. Os Desenhos Animados.

Seriam as Animações uma mera parte do Cinema? Me parece que não, pois estes possuem uma forma de produção muito específica, diferente da cinematográfica. Não se usam atores, a não ser nas vozes, e o elemento primordial é o Desenho. Mas acrescenta-se outro fato notável, trata-se de Dinamizar o Estático.

As possibilidades se complicam se tentarmos consideras outras formas secundárias como a Televisão, cujas produções costumam seguir uma linguagem claramente diferente, por vezes pouco mais que um Tele Teatro. Isso sem adentrar as formas ainda mais mistas e complexas, como os filmes que misturam desenhos animados e Computação Gráfica Tridimensional.

Como podemos ver, fica cada vez mais complexa a definição e classificação das mais diversas formas de Arte. Mas como filósofo, um de meus deveres é tentar por Ordem no Caos, portanto proponho a seguinte classificação.

ARTES ESTÁTICAS, de Apreciação "ESTÁTICA" ( ou DINÂMICA Não-Ordenada)

PLÁSTICAS BIDIMENSIONAL (Desenho, Pintura, Gravura), TRIDIMENSIONAL (Escultura), FOTOGRAFIA.

Pois todas são um fenômeno material estático. O único dinamismo que possuem é o fato de que não é possível que as apreendamos cognitivamente sem um breve intercurso temporal, pois passamos os olhos em uma figura, assim como em uma escultura, que precisamos apreciar de vários ângulos. Todavia elas em si são matéria estática. A Fotografia inclusive pode ser uma forma de estatizar o dinâmico, paralisar a realidade. A apreciação dinâmica das mesmas inclusive, não seque uma ordem específica, podemos olhar as partes da obra na sequência que desejarmos embora seja comum seguirmos padrões como o de observar da Esquerda para a Diretia e de Cima para Baixo.

ARTES ESTÁTICAS, mas de APRECIAÇÃO DINÂMICA LINEAR.

LITERATURA, HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

O Material em si é estático, mas sua apreciação é necessariamente dinâmica, seguindo uma ordem pré-estabelecida. Embora possam ser decompostas, somente o dinamismo pode revelar seu pleno efeito artístico.

ARTES TOTALMENTE DINÂMICAS

MÚSICA, DANÇA, TEATRO

São aquelas que não existem estáticamente, nem mesmo podemos decompor suas partes em unidades artísticas menores sem alterar-lhes a natureza. Poderíamos até paralizar o dançarino, mas ele se tornaria uma escultura. São fenômenos necessariamente temporais, cuja estatização é, em essência, impossível. Mesmo uma partitura precisa ser "lida" para que a Música exista, e ao existir ela se torna, ao contrário da categoria anterior, uma expressão física de outra natureza.

ARTES ESTÁTICO-DINÂMICAS

CINEMA, DESENHO ANIMADO, VIDEOGAMES, COMPUTAÇÃO GRÁFICA

São aquelas que são armazenadas numa matéria estática, mas são em si fenômenos dinâmicos embora possamos paralizá-las, decompondo-as em partes que embora mudem de natureza, possuem uma relação muito mais direta com sua característica dinâmica. Ou seja, podemos isolar um instante de um Filme, uma animação, obtendo assim um Quadro estático, enquanto o normal seria uma sequência de quadros dinâmicos. Todas dependem de um meio físico de armazenamento, diferente das imediatamente anteriores embora não tenham sentido pleno quando não como um fenômeno temporal. Nelas pode-se inclusive, numa técnica mista, acrescentar a Interatividade, que embora seja possível nas anteriores, neste caso o dinamismo seria mais restrito devido a natureza estática do material que a armazena. Seja ela um filme ou um Software.

Visualizando:

ESTÁTICAS
ESTÁTICO DINÂMICAS
DINÂMICO ESTÁTICAS
DINÂMICAS
Desenho/Pintura

Escultura

Fotografia
Literatura

HQs
Cinema

Animação

Videojogos

CG 3D
Música

Dança

Teatro

Os grupos mistos naturalmente se confundem. Perceberemos também que qualquer nova forma de Arte invariavelmente entrará num grupo misto, mais provavelmente no Dinâmico Estático. Pois este é o terreno mais apropriado para a mistura de formas anteriores.

 

Mas tudo isso é apenas uma forma de se analizar o inanalizável. Diferente da Ciência e da Filosofia, áreas Analíticas da Cultura Humana, a Arte e a Mística são de Natureza Sintética, o que sempre as tornará mais difíceis de serem compreendidas e estudadas. Mais explicações na FILOSOFIA EXERIANA.

O mais importante para a Arte é o Sentir. É o Emocional.

Aquilo que todos vivenciamos, mas ninguém consegue realmente explicar.

Marcus Valerio XR

24 de Outubro de 2001