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Rodrigo Marques - 1972 - Angra dos Reis - RJ
Administrador
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Cético
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r o d m a r q 7 2
y a h o o . c o m . b r
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Olá Marcus, há quanto tempo hein! Venho agora comentar sobre
O Planeta Fantasma:
- Pelo que está escrito ali e em outros contos, poucas pessoas possuem a capacidade de teletransporte, que é uma habilidade
muito comum nas HQ´s, porque isso acontece?
- Uma outra variedade de poder comum em quadrinhos, metamorfose, também ainda não vi nas suas estórias. Seria possível um
metamorfo aparecer em algum? É claro que não seria possível alguém se transformar em alguma coisa com uma massa maior que
seu próprio corpo é claro, tipo o mutano dos Novos Titãs que tem o tamanho de um homem normal, mas se transforma em
dinossauro...
- As Seilans, mesmo involuntariamente conseguem seduzir a maioria dos homens e até mulheres que as vêem. Como você disse
que aceitaria sugestões para "O Planeta Fantasma", resolvi então dar uma: Não seria possível resistir ao poder delas
utilizando alguma droga ou mesmo cirurgia que afetasse as áreas do cérebro que cuidam dos impulsos sexuais e amorosos,
ou ainda alguma outra que impedisse a pessoa de se maravilhar com a beleza de alguma delas?
- Pelo que se leu nos capítulos já colocados no site, Terrânia não existe mais e a maioria das que escaparam foram as
feiticeiras loiras de magia branca ?
- Quem desafiou Damiate, Antares ou Zentaris? E porquê?
- Agora além de te cobrar as descrições de "As senhoras de Terrânia", vou querer saber também do destino dos RY´s de
Orizon (Seki morreu porquê? Doni sumiu como?), tanto dos quatro originais quanto dos que se seguiram depois, do desafio
da pergunta anterior e do enfrentamento Zentaris X Kaosmos...
Muito Obrigado e até logo.
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Segunda, 4 de Maio de 2009 |
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Tema:
Ficção Científica, Universo DAMIATE, Raio - Y
Planeta Fantasma, Teletransporte, Transmorfose
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.336
- Resposta: 4.765
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Olá Rodrigo, obrigado pelo interesse. Vamos lá.
- Na verdade Teletransporte não é tão comum dentro de cada universo ficcional. Conte, por exemplo, quantos personagens se
teletransportam em relação ao que voam no universo Marvel. A questão é que nesses casos, o teletransporte do Noturno não
impressiona mais do que a levitação telecinética da Jean Gray. No Universo DAMIATE levitação ou telecinésia são dons
metanaturais comuns, teletransporte é normalmente tido até como impossível. O primeiro motivo para isso é de ordem
dramática. A maioria das estórias que concebe teletransporte parece não fazer idéia do impacto que uma capacidade destas
teria, e muito menos dos problemas teóricos, técnicos, práticos, científicos e filosóficos que envolvem.
Por exemplo, quando alguém se teleporta, ele pode levar o quê? Qualquer coisa que esteja em contato com seu corpo, como
as roupas? Então o que aconteceria com o chão? Ao menos parte dele não deveria ser levado junto também? Se alguém se
teleporta de Brasília para São Paulo não deveria sentir de imediato o impacto da diferença de pressão atmosférica?
E pense no caso do Noturno dos X-Men. Qual é seu limite se teleporte? Pelo que parece, seria muitíssimo mais prático
que ele levasse os demais membros da equipe para longas distâncias, nem que fosse um a um, por meio de "saltos" sucessivos,
do que colocar todo mundo dentro do Pássaro Negro.
Concebe-se dois tipos de teletransporte, esse, similar ao do filme
Jumper, se dá por meio de um
atalho espacial, algum tipo de distorção no continuum espaço tempo que se baseia no mesmo fundamento dos Portais Espaciais
referidos na coluna lateral do Capítulo 4 do Planeta Fantasma. É também
esse o teletransporte que ocorre com os metanaturais do Universo DAMIATE, e por aí você já pode imaginar na quantidade
de energia mentônica necessária para forçar uma distorção tão maciça em torno do próprio corpo físico, e do corpo astral
remoto, porque o teleportador tem que enviar seu corpo astral para o local de destino para fazer a conexão, o que já
pressupõe uma difícil habilidade em astral denominada Transição Instantânea, além de uma aura tremendamente forte.
A outra forma de teleporte é o transporte de partículas, estilo Star Trek, que também uso no conto
Além da Ressurreição, onde se pode ver as implicações teóricas ultrapassarem até
mesmo as mentes mais férteis. Recomendo o livro
A Metafísica de Jornada nas Estrelas, de Richard Hanley, para se
ter uma idéia do quão complexo são os temas do teletransporte de partículas. Apesar disso, essa forma também existe no
Universo DAMIATE, só que somente para objetos, visto que a desintegração evidentemente destruiria a aura e sua ligação
com o Astral. Mas isso também vai ser abordado daqui a pouco tempo.
- Existe transmorfose no Universo DAMIATE, mas como é um fenômeno que pressupõe uma base física morfável, ela não é
diretamente acessível a supermetas antropônicos ou a qualquer espécie que tenha uma anatomia física rígida, isto é,
incapaz de se transformar significativamente. Isso exigiria recursos não metanaturais, e sim anatômicos, disponíveis em níveis
limitados para certos genônicos, antróides fotossilicônicos, e em níveis extremos somente para certas criaturas
"protoplásmicas" das quais uma faz parte da equipe de SuperMetas de Bel-Lar, mas que preferi não desenvolver ainda
enquanto não aperfeiçoar melhor sua concepção.
Mas é importante, como você já adivinhou, lembrar que as implicações desse fenômeno também são muito complexas, e que a
quase totalidade das obras de FC nunca passou nem perto de contemplar.
- Ocorre no Universo DAMIATE uma superioridade da mente sobre o cérebro muito incisiva. Embora drogas possam
sim ser usadas para aumentar a resistência a ataques telepáticos, ou à sedução seilan, elas nunca serão tão eficientes
quanto a proteção telepática em si, porque a ação direta da mente sobre o corpo pode sobrepujar barreiras físicas. Além do
mais, as Seilans operam sobre o núcleo da mente humana, a Vontade, intervenções cerebrais ou químicas que impeçam a
manifestação dessa vontade seriam extremamente nocivas, ou mesmo inviabilizantes. É correlato ao nosso contexto atual de
uso de drogas para o tratamento de certos comportamentos. Embora eficientes, cobram um preço em efeitos colaterais
indesejáveis, além de que a força de vontade pura e simples continua sendo a melhor alternativa. Portanto, a melhor forma
de resistir às seilans não pode ser atacar os sintomas, que seriam as manifestações no comportamento, mas sim as causas,
que são a ação telepática direta. Por isso a proteção das Espadas Espaciais e de Telepatas, principalmente assexuados,
bem como técnicas de defesa mental, ainda são a opção mais confiável.
- TERRANIA continua existindo, o que deixou de existir foi a civilização que lá habitava, que saiu do planeta. E é claro,
SEILA herdou algumas tradições em detrimento de outras, que só sobrevivem de modo muito mais restrito, tendo algumas
sido sim, extintas.
- Antares desafiou DAMIATE, chegando a entrar em conflito em algumas ocasiões, Zentaris também teve suas desavenças, embora
menos graves. Pretendo explicar no decorrer do PLANETA FANTASMA.
- Estou agora trabalhando atualmente em algumas modificações na página de
As Senhoras de TERRANIA, o que inclui novas descrições dos reinos. Quanto ao destino dos
RYs, parte será revelado no próprio PLANETA FANTASMA, e estou escrevendo
outro livro virtual que trás ainda outras informações. Já o embate Zentaris e Kaosmos é uma idéia razoavelmente bem
definida em minha mente, mas ainda não penso em escrevê-la. Tenho outras coisas na fila. Mas não se acanhe em cobrar.
Mais uma vez obrigado pela mensagem.
Amigavelmente
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8 de Maio de 2009 |
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Wesley Rocio - 1980 - Guarapari-ES
Image Maker
Agnostico
f o t o r o c i o
t e r r a . c o m . b r
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Olá Marcus,
A muito tempo frequento seu site mas nunca participei do livro de visitantes. Sou fã de ficção científica e adoro seus contos, ainda não tive tempo de ler seus livros virtuais.
Eu assisti recentemente "O dia em que a terra parou" e recordei de um conto seu, agora não me recordo o nome, em que o que procede é parecido; a humanidade perde a eletricidade. Pois bem, será que isso é possível? O eletromagnetismo não é uma lei natural aplicada em todo o universo? Sem o eletromagnetismo não seria inviável a existência da vida e até mesmo da matéria?
No mais parabéns Marcus seu site é excelente e confesso que sou seu fã, eu sei que você já deu vários argumentos quanto a isso, mas gostaria muito de ver uma coletânea de contos ou alguns dos seus romances editados em papel, pois acho péssimo ler no computador, eu já imprimi vários textos para ler na mão e pela qualidade seus textos mereciam uma belíssima edição, talvez até ilustrada.
Obrigado pela sua dedicação a nós leitores.
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Sexta, 17 de Abril de 2009 |
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Tema: Ficção Científica, O Dia em que a Terra Parou,
O Pulso Ainda Pulsa, Eletromagnetismo, P.E.M.
Número de Caracteres
- Mensagem: 815
- Resposta: 2.627
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Caro Wesley...
Obrigado por sua participação, e espero também que goste dos Livros Virtuais tanto quanto dos
contos, dos quais
O Pulso Ainda Pulsa, é o conto ao qual você se referiu, que teria um evento similar
ao acontecido na nova versão de
O Dia em que A Terra Parou, embora também nesta antiga.
Você levantou interessante questão: Até que ponto ondas de interferência eletromagnética podem neutralizar dispositivos
eletro e eletrônicos, sem interferir em organismos vivos, no campo magnético terrestre ou em outras forças naturais?
A princípio, nossos dispositivos eletro eletrônicos trabalham com frequências eletromagnéticas muitos distintas das
necessárias para o funcionamento de nossos organismos. Apesar de, fundamentalmente, ambos utilizarem eletricidade, as
funções biológicas, o fazem mediante processos químicos, em níveis ínfimos comparados ao da maioria dos dispositivos
artificiais. Já estes, necessitam de componentes metálicos em ampla escala, o que torna a influência do magnetismo
muitíssimo mais efetiva.
Basta lembrar que embora tenhamos ferro em nosso organismo, ele não é imantável, sendo insensível até mesmo ao mais
poderoso eletroímã (ao contrário do que gostam de dizer os vendedores de colchões magnéticos e similares).
Portanto, para que fosse capas de afetar os organismos vivos, um Pulso eletromagnético teria que possuir uma amplitude
e intensidade provavelmente impossíveis para as fontes geradores que conhecemos, isto é, estrelas, grandes massas metálicas
(como o núcleo terrestre), bombas nucleares, armas de P.E.M.
Pulso Eletro Magnético) e etc.
Mesmo assim ainda não temos muito conhecimento sobre os efeitos de exposições prolongadas à campos magnéticos intensos
sobre seres vivos. É certo que estamos submetidos a altas doses de ondas de rádio, TV, telefonia etc há muitas décadas,
mas evidentemente não pode ser comparado a um P.E.M. Que embora intenso, normalmente é breve.
Em minhas obras de ficção científica, entretanto, trabalho exatamente com essa idéia. O
Campo de Contenção Eletrocinética
Indutor de Contenção Eletrocinética (uma forma
mais avançada de P.E.M.), pode inibir até mesmo explosões químicas, e causar congelamento devido a reduzir a atividade
de agitação molecular típica do calor. Ele possui alguma relação com o Anti-Vida, que basicamente seria uma espécie de
P.E.M. que "desliga" organismos vivos, causando morte instantânea e irreversível.
Você vai ler sobre eles principalmente em
ALICE 3947 e PLANETA FANTASMA.
Quanto a estabilidade da matéria, creio que esta já não seria afetada por qualquer forma de P.E.M. ou I.C.E., porque ao que
tudo indica nada disso afetaria as constantes naturais.
Enfim, não é de hoje que procuro editoras para publicação impressa de minhas obras, mas estou cada vez mais convencido de
que elas não são muito diferentes das máfias das gravadoras, e com o advento da internet, tendem a ser cada vez menos
necessárias. Ainda assim, pretendo imprimir uma tiragem limitada de As Senhoras de TERRANIA
e disponibilizá-las para venda direta. Se possível ainda este ano.
Mais uma vez, obrigado por sua mensagem.
Amigavelmente
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8 de Maio de 2009 |
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Fábio Duarte Ribeiro - 1986
Machado-MG - Universitário
Teísta
706, 709, 711, 714
f a b i o d r i b e i r o
y a h o o . c o m . b r
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Olá de novo Marcus, tudo ok! dessa vez, queria pedir uma opinião sua sobre uma experiência a mim relatada e acho que para você não deve ser um assunto desconhecido, pois também já deve ter ouvido falar. Tenho dois grandes amigos cristãos, um católico e outro evangélico, que afirmam ter passado por uma experiência muito interessante. Eles me disseram que ambos, mas não juntos, em local e data distintos, receberam a unção do espitito santo, e que seus corpos reagiram a tal manifestação através de mudanças de temperatura corporal, alteração no batimento cardíaco, tremor, choro, e o mais interessante de todos, suas línguas em determinado instante, se tornaram orgãos autônomos, onde falavam uma língua desconhecida e não humana, que segundo religiosos, costumam chamar de "lingua dos anjos". Sinceramente, não tenho dúvidas de que eles realmente se envolveram em algum tipo de transe, mas será mesmo que algo sobrenatural, divino, realmente foi responsável por isso, ou tudo não passou de um experiência pscicológica muito forte? Eles áte me convidaram para participar, mas acho que não possuo fé o bastante para entrar em transe, mesmo que eu me esforce. Mas no entanto surge uma questão bastante complicada! Digamos que eu aceite o convite, se eu entrar em transe, como saberei com certeza se foi algo divino, ou se foi mera atividade mental? Afirmar tanto a primeira quanto a última, com "provas" acho que seria imnpossível, pois é muito subjetivo, acho que depende de qual seria realmente o meu objetivo em aceitar o convite. Se eu for sem fortes intenções de comprovação, e com fortes convicções que manterei contato com o sobrenatural, com certeza acreditarei na primeira possibilidade, mas no meu caso, apersar de que até posso sentimentalmente estar contido de certa convicção, naõ posso negar também um certo grau de desconfiança, por isso, acho que não dará resultado comigo. Tenho receio de contestar essa experiência com eles pelo fato de serem meus amigos, podendo até ofende-los, porque também não posso provar que estão equivocados e porque não quero quebrar o encanto de algo que pelo menos por enquanto está sendo bom para eles, não quero bancar o "destruídor de sonhos" se é que são realmente "sonhos" pois nós sabemos que num universo infinito, "TUDO É POSSÍVEL" Um abraço! Até mais ver!
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Domingo, 12 de Abril de 2009 |
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Tema: Experiência Mística, Psicologia, Religião, Certeza, Fenômeno, Ceticismo, Glossolalia
Número de Caracteres
- Mensagem: 2.311
- Resposta: 1.884
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Oi Fábio, bem vindo novamente.
É raro receber uma mensagem assim, que contém em si própria as respostas à todas as questões que levanta. Na verdade,
praticamente não há o que responder visto que você já delineou quase tudo.
Você realmente jamais terá como ter certeza se a experiência que teve corresponde àquilo em que acredita. A isso chamo de
Barreira Fenomênica, aquilo que te separa de uma ligação direta e inequívoca entre o Eu e o
conteúdo essencial do fenômeno. O máximo que se pode e ter uma convicção relativa baseada no nível de consistência entre
os diversos fenômenos que você experiencia, isto é, tanto o possivelmente sobrenatural quanto os mais comuns.
Pela consistência, é muito mais provável que todo esses fenômenos sejam apenas experiência psicossomáticas auto induzidas,
visto que isto está de acordo com vastos conhecimentos de nossa psicologia, psiquiatria, neurologia etc. Mas certeza?
Esqueça!
Como proceder com seus colegas é algo para o qual não me atrevo a dar uma resposta, vai depender da maior de todas as
virtudes, o Bom Senso. Pode ser o caso de incentivar-lhes a serem mais críticos ou não. Eu não interferiria na crença de
um ex criminoso ou ex drogado que está se regenerando na Igreja, por exemplo.
Quanto à Glossolalia, o "Falar em Línguas", é algo que melhor fariam os crentes se dessem menos ênfase. A idéia se baseia
no fenômeno de Pentecostes descrito nos Atos dos Apóstolos Capítulo 2, que deixa claro o que significa o falar em
"novas línguas". Trata-se de romper a "barreira linguística" imposta ao homens após a destruição da Torre de Babel, de
modo que qualquer povo da Terra, não importa o idioma, entenderia a pregação do apóstolo que estivesse investido do "Dom
de Línguas".
Se é por ignorância, compreende-se, mas quem pensa que aquela versão adulta de "tati-bi-tati" é algo que tenha
haver com isso, já é caso de estupidez crônica!
Amigavelmente
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26 de Abril de 2009 |
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Paulo Gabriel Galindo Ribeiro
-
São Vicente
-
1994
Estudante
Secular
696, 703, 712
p a u l o _ 1 5 0 9
h o t m a i l . c o m
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Olá, Marcus.
Deixando um pouco de lado esse assunto da onipotência, que foi extensamente discutido nas nossas mensagens anteriores,
quero agora comentar sobre uma tese histórica que me parece muito interessante e queria saber sua opinião a respeito dela.
Na verdade, quanto ao assunto anterior, estou preparando uma nova mensagem, que servirá não só como um resumo do nosso
dialogo, mas também como uma abordagem aonde eu creio que o problema poderá ser delineado e talvez até definitivamente
resolvido.
Bom, deixando isso de lado agora, mesmo porque já estou escrevendo um novo texto sobre o assunto, passemos ao tópico do
qual quero falar. Existe um apologista cristão chamado James Patrick Holding, que defende uma hipótese histórica sobre a
ressurreição de Jesus Cristo. Segundo ele, os primeiros cristãos, nos primórdios do movimento cristão, não poderiam ter
se convertido á essa nova religião, pois ela continha uma serie de elementos doutrinários que entraram em confronto direto
com as concepções e idéias do mundo antigo. Dessa forma, uma religião tão absurda como o cristianismo não poderia ter
sobrevivido naquele contexto histórico, e mais importante de tudo, não poderia ter conseguido tantos convertidos em tão
pouco tempo. Assim, ele propõe que a única razão plausível pela qual o cristianismo cresceu tanto e em tão pouco tempo
é que tinha testemunhas verdadeiras e irrefutáveis da ressurreição de Jesus Cristo, evento que, segundo ele, seria a única
coisa que convenceria as pessoas do mundo romano da divindade de Jesus e tornaria verdadeira a religião cristã.
Ele intitulou essa hipótese de “A Fé Impossível”,
nome esse porque, segundo ele, as propostas do cristianismo eram tão
absurdas que jamais seriam aceitas pelas pessoas do mundo antigo a não que houvesse um evento que a comprovasse alem de
qualquer duvida (que, como já dito, ele identifica com a ressurreição de Cristo), portanto seria literalmente uma
“A Fé Impossível”, isto é, uma crença dificílima de obter qualquer
credibilidade, que só seria obtida mediante um evento
extraordinário, que evidenciasse a realidade desse próprio sistema de crenças.
Bom, como percebo que já estou embromando, faz-se necessário aqui uma aplicação do próprio Holding, de modo a não colocar
nada na boca do autor e deixar até você fazer sua interpretação, Marcus. Por isso agora abordarei alguns aspectos da sua
tese “A Fé Impossível”
que acho relevantes para promover um bom comentário desse texto.
Lá vão as citações em inglês!
Como dito, a teoria do Holding é basicamente que o cristianismo fez tudo errado que podia para ser uma religião que
atraísse seguidores, e que, na verdade, se alguém fosse inventar uma religião naquele contexto social, jamais iria incluir
nessa doutrina essas concepções totalmente absurdas. No entanto, ele argumenta, o cristianismo fez todas essas coisas e subsistiu como movimento, mesmo tendo tantas barreiras sociais, que, se não houvesse um evento comprobatório, iria indubitavelmente morrer.
Ele então oferece 17 fatores sociais pregados pelo cristianismo que seriam totalmente inaceitáveis no mundo helênico,
que porem sobreviveu como parte integral do sistema e a cada dia foram conquistando mais crentes.
Como exemplo, vejamos apenas o primeiro, que segundo o próprio Holding é o mais relevante. Ele argumenta: porque diabos
alguém acreditaria num homem crucificado? E pior, num homem crucificado que se proclama Deus!
“As Martin Hengel has amply shown us in his monograph, Crucifixion, the shame of the cross was the result of a fundamental
norm of the Greco-Roman Empire. Hengel observes that "crucifixion was an utterly offensive affair, 'obscene' in the
original sense of the word." (22) As Malina and Rohrbaugh note in their Social-Science Commentary on John [263-4],
crucifixion was a "status degradation ritual" designed to humiliate in every way, including the symbolic pinioning of hands
and legs signigfying a loss of power, and loss of ability to control the body in various ways, including befouling one's
self with excrement. The process was so offensive that the Gospels turn out to be our most detailed description of a
crucifixion from ancient times - the pagan authors were too revolted by the subject to give equally comprehensive
descriptions - in spite of the fact that thousands of crucifixions were done at a time on some occasions. "(T)he cultured
literary world wanted to have nothing to do with [crucifixion], and as a rule kept silent about it." (38) It was
recognized as early as Paul (1 Cor. 1:18; see also Heb. 12:2) that preaching a savior who underwent this disgraceful
treatment was folly. This was so for Jews (Gal. 3;13; cf. Deut. 21:23) as well as Gentiles.”
The Impossible Faith
Enfim, no mundo antigo, a crucificação era a pior forma de punição possível, uma vergonha sem comparação. Fundar uma
religião em cima de um homem crucificado era a ultima coisa que alguém poderia ter pensado, e uma coisa mais inconcebível
ainda seria dizer que esse homem era Deus! Sendo assim, porque conquistou tantos seguidores?
Ele então conclui:
“There can be only one good explanation: Christianity succeeded because from the cross came victory, and after death came
resurrection! The shame of the cross turns out to be one of Christianity's most incontrovertible proofs!”
The Impossible Faith
Na verdade, há muito mais que poderia ser dito sobre isso, mesmo sobre esse primeiro item. Mas como é muito longo, e como
minha intenção aqui só foi apresentar um exemplo/resumo, então acho melhor que, se você quiser compreender melhor,
é melhor ler o texto por si mesmo. Há uma versão em português do mesmo
(www.tektonics.org/lp/portu.html),
mas que decidi não usar por que achei imperfeita a tradução, principalmente levando em conta o estilo e a retórica do
Holding.
Não sei se essa minha mensagem é valida, visto que não trata diretamente de nenhum dos temas de seu site, mas de qualquer
forma vou arriscar, pois é a primeira vez. Mas queria saber se você se incomoda com as extensas citações em inglês. É que
simplesmente não há conteúdo relevante na Web brasileira. Aqui só se tem “ceticos” e “teologos” muito medíocres.
Queria também saber se você não se incomoda em comentar teses de terceiros, como evidentemente foi o caso aqui. Enfim,
queria saber se você se incomoda com o procedimento usado nessa minha mensagem. Mas saiba que não será sempre e nem mesmo
freqüentemente, só quis o seu comentário sobre essa tese porque ela me parece especialmente interessante, porque se
podermos provar a ressurreição de Cristo, então a fé crista é provada por tabela.
A única forma de combater a teoria do apologista seria dizer que existem inúmeros exemplos de cultos absurdos que tem um
grande numero de seguidores, mas ele, que não e bobo, já trata dessa hipótese no começo do artigo, dizendo que não há
paralelos adequados, e no final contrasta o caso cristão com o islâmico, etc, mas mesmo assim conclui que nenhum desses
casos se iguala ao cristianismo, por causa dos fatores sociais, que segundo ele, não são aplicáveis ao caso de alguém
inventar uma religião absurda hoje, e nem foi o caso de Maomé. Quer dizer, parece uma idéia absurda, mas que se você
examinar bem, é bem plausível.
O texto não é muito grande, o cara dá 17 fatores que considera que faria a religião cristã morrer caso não se pautasse em
cima de um evento que realmente tivesse acontecido – a ressurreição de Cristo. Enfim, é longo sim, mas como é composto
basicamente de exemplos, então no final realmente não se torna um texto grande, visto que ele fala basicamente a mesma
coisa o tempo inteiro, apenas com enfoque á diferentes fatores. Dessa forma, um comentário sucinto da sua parte, na minha
opinião, se torna viável sem dificuldade (pois afinal, eu não poderia exigir de você que comentasse um livro de 300 paginas,
não é? Rsrsrs).
Enfim, o que acha?
Amigavelmente,
Paulo.
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Segunda, 30 de Março de 2009 |
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Tema: Teologia, Fé, Fé Impossível, Racionalidade, Prova Sociológica da Ressurreição
Número de Caracteres
- Mensagem: 6.588
- Resposta: 9.290
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Caro Paulo.
Em primeiro lugar, sua mensagem está perfeitamente de acordo com os temas deste site. Aliás, diferente do que ocorre no
EVO.BIO, praticamente qualquer coisa pode ser abordada aqui, desde que haja um mínimo de
relevância racional. Eu mesmo digo que filosofia pode ser aplicada à tudo. É claro que dificilmente me preocuparei
em comentar a final do campeonato carioca, ou se foi gol ou não, mas posso, certamente comentar aspectos racionais do futebol,
se a arbitragem deveria ser mudada, ou se as regras são coerentes, etc.
Similarmente, dificilmente me interessaria discutir quem sai ou não deve sair no paredão do Big Brother, mas eu posso
sem problema algum discutir questões éticas e comportamentais envolvidas, ou aspectos psico sociológicos do programa, etc.
Portanto, se é para uma abordagem filosófica, racional, crítica, etc, pode trazer o tema para cá que não tem erro. Por enquanto,
a única exceção são os temas do EVO, que devem ser levados para lá.
Sobre o argumento, sua essência básica é velha conhecida minha,
já o discuti bastante ao vivo, e gosto muito do teólogo
Renold J. Blank,
que é O MAIOR defensor dessa tese no Brasil.
Por aqui é mais conhecida pelo nome de Prova Sociológica da Ressurreição, e você pode ver uma
breve apresentação em
Será que Haverá Vida depois da Vida?, que evidentemente
vai lhe ser extremamente familiar.
Para mim, este argumento é um exemplo perfeito de uma Falácia para o qual não existe um nome, e que na verdade eu nunca vi
ser comentada. Eu a batizei de INVERSÃO DE PARADOXO! Tem como principal efeito surpreender
o adversário expondo uma contradição, porém, de um modo diverso, de modo que fica difícil detectar de imediato onde está
a falha do raciocínio visto que ele próprio parece a estar assumindo.
Para construir uma Inversão de Paradoxo você deve detectar uma contradição qualquer no sistema de crenças que você pretende
defender, contradições existem aos montes no Cristianismo, mas a maior parte delas é vista como irracionalidade típica que
tangencia o sobrenatural, ficando mais fácil de ser aceita. Mas se a contradição não é teológica, mas sim histórica, aí
a situação é muito mais grave, e você tem uma vulnerabilidade terrível em seu sistema.
Antes que um oponente explore essa vulnerabilidade, você mesmo a aborda, e tenta transformar o defeito em virtude.
Como nesse caso específico a maioria das pessoas não tem bons conhecimentos históricos, podem ser rapidamente convencidas,
e mesmo aquele que tem, terá que explicar os fatos, parecendo estar na defensiva.
Vejamos. Como é possível fazer uma afirmação factualmente contraditória, isto é, que contradiga os fatos? Se você diz que
no dia 21 de Abril de 2009 um gigantesco OVNI sobrevoou o Brasil, isso carecerá de evidências, mas não significa que contradiga
fatos porque há motivos para que algo assim não seja visto. Talvez seja invisível, ou tenha voado em nuvens de tempestade.
Mas e se você disser que nesse mesmo dia, um OVNI gigantesco foi visto por milhares de pessoas em todo o Brasil? Aí sim
você estará sendo contradito pelos fatos, porque afirma algo verificável. Como então ninguém se lembra disso?
Por que nenhum meio de comunicação tocou no assunto? Onde estão as fotos? Etc.
Se você agora voltar a atenção para o caso da Ressurreição, pronto! Como é possível que um fenômeno espantoso como a
ressurreição tenha acontecido largamente, abertamente, evidentemente, e não tenha deixado uma marca indelével na história?
Não foram só os apóstolos que viram, a própria Bíblia descreve testemunhas entre os militares romanos. Na verdade Mateus
descreve fenômenos inacreditáveis na própria crucificação [Mt 27:51-54], incluindo uma autêntica invasão de Mortos-Vivos!
Os demais evangelistas também confirmam que a Sol ficou escuro por 3 horas!
Fica então estabelecida uma contradição do relato cristão com os fatos históricos. Eventos espetaculares ocorreram,
estupendos, sobrenaturais, que teriam sido vistos por milhares de pessoas de todas as estirpes, incluindo as autoridades.
E mesmo assim, NINGUÉM TOCOU NO ASSUNTO?! Não houve nenhum registro oficial, nenhum édito, nenhum relato paralelo,
nenhum único escrito?!
Diante desse obstáculo aparentemente intransponível, o que pode-se fazer? Inverter a contradição, e preencher o que ela
tem de falho com algo aparentemente satisfatório, a idéia de que foi exatamente a espetacularidade desses eventos que
deram força ao cristianismo.
É claro que esse sofisma normalmente funciona mais por que a maioria das pessoas ignora o fato básico de que os "relatos"
alegados dos eventos, os evangelhos, foram escritos DÉCADAS mais tarde. Como se nós presenciássemos um fato estupendo hoje
e só fôssemos escrever sobre ele 30, 50, 70 anos depois! Esse sofisma também omite o fato de que o cristianismo foi uma
religião obscura durante séculos, e só se tornou uma grande potência religiosa praticamente 300 anos depois!
O texto The Impossible Faith espertamente omite todos esses detalhes, porque eles chamariam atenção para a vulnerabilidade
em si do argumento, além de inverter por completo algumas circunstâncias, como o fato de ter sido exatamente o apelo à
mulheres e escravos que garantiu a disseminação do cristianismo. Ora, as mulheres são mais da metade da população, e os
escravos chegavam a ser maioria em diversas cidades do tempo e local em questão. Com isso, porque diabos seria surpreendente
que uma religião que lhes fosse favorável não fizesse sucesso?!
É claro que ela seria perseguida, e claro que de fato o foi, mas não deteve seu crescimento, da mesma forma como
perseguições, reações, ditaduras e contra revolução alguma conseguiu deter o avanço das ideologias de esquerda no mundo.
Por que pela segunda vez na história um pacote de idéias vinha em favor da grande massa desprivilegiada da população
com chances reais de sucesso.
O argumento também está constantemente apelando para a própria Bíblia para se auto sustentar, e tudo isso
desvia atenção do fato de que se tais eventos estupendos tivessem de fato ocorrido, o Cristianismo deveria ter
se tornado uma religião gigantesca muitíssimo mais rápido. Jerusalém inteira deveria ter se convertido no mesmo dia, mas
curiosamente, os apóstolos preferiram sair pregando de boca em boca, sem registrar nada, sem nenhum apoio de outras
fontes de evidência!
Todas as supostas evidências textuais só foram surgir décadas depois de haver qualquer chance de confirmar os fatos
supostamente ocorridos, quando não havia mais nenhuma evidência física, nem testemunhal direta.
Os próprios evangelhos canônicos foram selecionados dentre dezenas de outros que contavam histórias muito diferentes,
no ano 325!
E não esqueçamos,
o Cristianismo foi se disseminar pelo mundo como grande religião, somente após se tornar um poder político do império,
3 séculos depois. Aí sim ele pegou, quando já tinha uma poderosa máquina estatal para impô-lo se necessário pela espada.
E ainda com tudo isso, estamos nós aqui hoje contestando a própria existência de cristo! Como explicar isso então?
Descontando a falácia embutida de que o grande sucesso de algo só possa ser justificado sobrenaturalmente, como se Paulo
Coelho tivesse mesmo que ter poderes mágicos para ser o escritor que é, ainda temos uma subestimação da capacidade
humana de revolucionar, criar conceitos, convencer, fazer milhares, milhões, acreditarem de todo o coração em coisas para
as quais não há uma única evidência, e, AO MESMO TEMPO, uma superestimação da capacidade dos povos antigos em sustentarem
um ceticismo forte e coerente, como se eles fossem grandes inteligências que não se deixariam enganar por nada que não
tivesse um fundamento sobrenatural real.
Parece ausente a noção pura e simples de que a crença religiosa depende de muitas coisas, mas praticamente nunca de
evidência. É um apelo à necessidades primárias associada a vulnerabilidades cognitivas. Nunca, JAMAIS, uma única pessoa
se converteria a uma religião apenas pelo fato de que esta tem evidências fortes a seu favor, visto que a própria Fé,
que não tem nada de impossível, é essencialmente pautada pela falta de evidência. Uma pessoa pode passar anos da vida
em contato com as mais espetaculares evidências em favor de uma religião qualquer, mas ela só vai se converter mesmo
se estiver num momento de vocação, inspiração ou vulnerabilidade, e houver uma pressão social sobre ela.
Esse argumento ainda é suicida, pois se pode impressionar quem tem preguiça de pesquisar por si próprio,
por outro lado chama atenção dos mais espertos para uma das maiores, talvez a maior, vulnerabilidade histórica do
cristianismo, o fato de contradizer exatamente a absoluta ausência de suporte histórico. Ela chegou a comparar com uma
tentativa de iniciar uma "falsa religião" ufológica hoje em dia, sugerindo que ninguém o faria fornecendo afirmações
testáveis que pudessem ser desmascaradas. Mas além do fato de que o verdadeiramente interessado, e interessante, fiel
nunca se preocupa em testar as alegações
(Já viu o recém convertido fazer perguntas difíceis? Quem o faz é o incrédulo!),
só se esqueceu de dizer que as alegações feitas pelo cristianismo já não podiam
ser testadas, ao menos quando a religião realmente pegou. Talvez seja exatamente a falsidade dos fatos que explique porque
ela demorou tanto para ser bem sucedida. Por que quase ninguém parece tê-la levado à sério enquanto os eventos ainda
estariam quentes?
Holding ainda explora a questão da incredulidade. Como se uma reversão radical de
noções não fosse exatamente o que uma situação de caos social costuma esperar, ao menos temporariamente. Por uma questão
de simples dialética conceitual, todo estado de coisas carrega em si o potencial para realizar o seu contrário, ou não
existiriam revoluções.
O contexto em questão está recheado de conceitos potencialmente inversíveis, como a estrutura de dominação social, a
racionalidade grega, os símbolos e mitos, e tudo isso é apenas matéria prima para ser aproveitado tanto no sentido de
reforço quanto de reversão, e o cristianismo usou as duas formas, tanto cooptando conceitos tradicionais com nova roupagem,
quanto invertendo outros.
Talvez mais interessante seja refletir por que, com tantas características revolucionárias, o cristianismo acabou se tornando
o contrário do que pretendia. De libertador dos escravos, virou legitimador do feudalismo e do escravismo colonial, de
emancipador das mulheres, virou mais um opressor, inclusive atribuindo-lhe à culpa pela queda do paraíso. De doutrina
da paixão e da não-violência absoluta, se tornou uma das religiões sob a qual mais se matou em toda a história.
O autor de The Impossible Faith parece ter ficado bastante
impressionado com
a disparidade do cristianismo em relação às tradições locais. Deveria se interessar em explicar por que então, já que crê
que seu sucesso memético se deva a um fundamento sobrenatural real, ele se corrompeu historicamente, se tornando de doutrina
de amor e luz, o que de fato era, numa instituição política de intolerância, medo, e opressão, em total disparidade com
sua essência.
Amigavelmente
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26 de Abril de 2009 |
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Aline
-
Brasília-DF
-
1985
Estudante de Psicologia
Consultora Empresarial
a l i n e _ c a s t 1
h o t m a i l . c o m
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olá Marcus..estou impressionada com seu site. Há mais ou menos uma semana venho pesquisando sobre ficção científica, então hoje, por sorte, vim parar aqui. Adorei tudo que li, mas confesso que não entendo muito sobre ficção. Seu site me abriu um pouco os olhos e iluminou meus pensamentos. Então gostaria de perguntá-lo: Você acha que a ficção científica representa uma crítica à sociedade? Você me indicaria algum livro ou filme que tivesse uma fundamentação teórica correta?
Desde já, Obrigada pela sua atenção.
E, parabéns pelo site, acaba de ganhar uma nova admiradora de seus conhecimentos.
Abraços
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Domingo, 8 de Março de 2009 |
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Tema: Ficção Científica, Crítica Social
Número de Caracteres
- Mensagem: 508
- Resposta: 2.316
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Seja bem vinda Aline...
Obrigado por sua mensagem, será um prazer respondê-la.
Ficção Científica, sendo o que chamo de Ficção Supra Realista Racional, PODE ser uma
crítica social, entre outras coisas. Como exemplo, temos obras como
Admirável Mundo Novo,
GATTACA ou
1984,
que também tem um
Filme.
Mas a crítica social apesar de ser marca registrada de grandes autores, a começar por H.G.Wells, não é um componente
imprescindível. O próprio Júlio Verne não dava importância a ela.
Isso ocorre porque como digo no texto sobre Ficção Científica, ela não só não é
exatamente um "gênero" como sequer exige qualquer elemento específico a não ser o fato de ser FICÇÃO, com elementos que
reconhecidamente estão além de nossa realidade atual, mas que são racionalmente válidos, isto é, tem que se justificar
condicionalmente.
Daí, se ela vai fazer um crítica social, política, religiosa, uma abordagem psicológica ou filosófica, ou o que quer
que seja, é totalmente secundário. Continuará sendo Ficção Científica.
Quanto a fundamentação teórica, depende de a que âmbito você se refere. No caso da crítica social, fica difícil visualizar
algo que possa ser considerado "correto" em termos de teoria sócio política. Seria muito mais fácil reconhecer uma
fundamentação teórica científica.
Pode-se então considerar obras que tenham base em conceitos atualmente aceitos pela física contemporânea.
Nesse caso, os livros de
Arthur C. Clarke
são os mais rigorosos que conheço, entre os grandes autores.
Encontro com Rama
é especialmente cuidadoso em todas as suas concepções.
Porém é necessário lembrar que isso, por si só, não faz com que uma obra seja boa. Considero que uma justa relação entre
o grau de Supra-Realismo e a Racionalidade é que torna uma obra de FC bem sustentada, e nem toquei na questão relativa
à competência literária em si.
Enfim, há muito mais o que considerar num obra de Ficção Científica.
H.P.Lovecraft,
embora seja considerado um autor de terror e fantasia, tem diversas estórias que tendem muito mais à FC, e seu forte está
no clima de tensão e suspense se defrontando com a descoberta científica e ocultista, abordando sempre uma mistura de
Teosofia com Ciência.
Marion Zimmer Bradley
também escreve FC, em especial nos livros da série DARKOVER, e sempre enfatiza as questões feministas.
Por sua vez
J.J. Benitez está sempre
às voltas com a temática ufológica, e por falar nisso
Operação Cavalo de Tróia
possui uma base teórica implacavelmente detalhista e cuidadosa, embora não sustentada pelas teorias científicas atuais,
e escreve seu livro com um grau de cuidado que fica parecendo um documentário jornalístico, causando uma sensação de
realismo impressionante.
Acho que por enquanto é só. Espero que tenha sido útil. Aguardo novo contato.
Amigavelmente
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6 de Abril de 2009 |
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Fernando Ventura Bispo Santos
Araguaina-TO
-
1975
Militar (Na Ativa)
-
Cristianismo Xantainiano
625, 633,
635, 657,
665, 674,
681, 695,
699
a t t h o s m a t h e u s
g m a i l . c o m
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Oi "George" Marcus, estou acompanhando a sua bela história de Ficção Científica,
O Planeta Fantasma,
a musica de fundo e magnifica! também penso em escrever um dia algo parecido neste estilo Star Wars, (space Opera)...
quanto a teoria do mentalismo e do menton, é muito sofisticada, se não me engano o
"Mestre Sith" já falou algo parecido em algum lugar, e nas palavras dele, mais ou menos " se o mundo é fisico gerando
o mental ou mental gerando o fisico resta saber, mas sujeito e objeto são apenas abstrações, acho que vc é de Zenitron
e Olavo de Seilan, vc fisicalista e Olavo mentalista. Desculpa falar tanto nele! Voce teria algumas dicas genericas para
o trabalho filosofico, quer dizer, como refletir etc, tipo esta diga aqui :
Confissões de um brontossauro
[Olavo de Carvalho, 24/08/2003]
Digestão intelectual
[Olavo de Carvalho, 10/07/2003]
até mais Marcus!
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Quinta, 5 de Março de 2009 |
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Tema:O Planeta Fantasma, Ficção Científica, Star Wars
Zenitron, Seila, Olavo de Carvalho, Prática Filosófica
Número de Caracteres
- Mensagem: 10.180 [original], 723 [textos removidos]
- Resposta: 2.415
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Olá Fernando...
Obrigado por suas palavras sobre o O Planeta Fantasma, e vejo que andou
lendo com atenção alguns conceitos.
Quanto ao Olavo ser Seilan, tenho dúvidas. Ele poderia ser seguramente Xantaísta, mas Seila exige um comprometimento
religioso e político extremamente anti-individualista. Não pude explorar isso ainda nos textos on-line, mas asseguro
que SEILA é definitivamente um Nacional Socialismo, no mais pleno dos sentidos de cada palavra, com um Estado onipresente
que se articula de modo claramente Fascista.
A grande diferença é que se trata de um Fascismo / Nacionalismo / Socialismo de teor TEOCRÁTICO, e GINOCRÁTICO. Pode ser
estranho encaixar o Olavo num sistema desses.
Ele também só poderia ser um mentalista no sentido de reduzirmos o espiritualismo ao mentalismo, aí sim. Quanto a mim,
claramente eu não sou um Fisicalista. E na verdade, nem ZENITRON o seria, no sentido que conhecemos hoje. Pois esse
Fisicalismo atual não admite uma emergência de fenômenos mentais. Seria mais, exatamente, um Emergentismo. Que é uma posição
filosófica menos disseminada que o Fisicalismo.
Mesmo no sentido Zenitron, também não sou um Fisicalista. Na verdade continuo sendo um Cético. Não penso poder ser possível
afirmarmos qual é a estrutura do universo. Além do mais, embora ache esse emergentismo muito atraente, também tenho um
grande apego ao Mentalismo puro.
Quanto a dicas sobre prática filosófica, tenho sim. E as colocarei na forma de aforismos.
1.
Quem acha que para filosofar é preciso primeiro ler uma bibliografia mínima, NÃO VAI filosofar!
2.
Um autêntico filósofo já filosofa muito antes de sequer saber o que é filosofia.
3.
Quem acha que para filosofar não é preciso ler coisa alguma, irá filosofar MAL!
4.
Filosofia pode ser sobre ABSOLUTAMENTE Qualquer Coisa! Não há objeto que não possa ser alvo de reflexão filosófica.
Nem mesmo a cor da calcinha da fulana do BBB! Mas não quer dizer que seja fácil fazer alguma atividade filosófica decente
partindo disso.
5.
Quem é seguidor de linha filosófica tal, ou autor tal, defendendo integralmente, e coerentemente, tudo o que essa tradição
postulou, é SIM um Filósofo. Mas jamais será um Grande Filósofo. Não entrará para história, porque esta é feita pelos que
impõem sua individualidade sobre o mundo, e não que a submetem à uma tradição qualquer.
6.
Uma filosofia plena exigirá o máximo sincronismo entre 4 coisas. A Ação Concreta, o Discurso Aberto, o Pensamento Claro,
e o Sentimento Profundo (em grande parte inconsciente). Quando todas essas dimensões, duas externas e duas internas, estiverem
em harmonia, tem-se um ser humano pleno, e no caso de um filósofo, autenticidade. Qualquer ruptura entre o discurso e a ação é
hipocrisia. Entre o discurso e o pensamento é falsidade, entre o pensamento e sentimento é psicose.
Acho que já está bom. Aguardo mais comentários sobre o O Planeta Fantasma.
Amigavelmente
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1 de Abril de 2009 |
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Fábio Duarte Ribeiro - 1986
Machado-MG - Universitário
706, 709, 711
f a b i o d r i b e i r o
y a h o o . c o m . b r
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Olá Marcus, como vão as coisas? Espero que bem! obrigado mais uma vez por me responder, pesso desculpas por minha ansiedade e impaciência, afinal sempre tem algo interessante a escrever.Quanto a maneira hostil que me espressei em minha penultima mensagem, devo adimitir que foi desnecessário, foi impulsivo, algo pessoal, sem querer me espelhar, mas muita gente não importa nem um pouco se são ofensifos ao espor suas opiniões e críticas, mas admito que não foi sábio de minha parte.Li sua monografia " Élica x Retigião" e queria deixar aqui um ponto de vista ou melhor dizendo, uma possibilidade:
Sua obra defende claramente a idéia de desvinculação entre ética e religião, e que a maneira mais eficaz e simplificada de
uma religião pregar uma ética ao invés de uma moral, seria através do cumprimento da "Regra de Ouro", que se realmente
fosse colocada em prática, resolveria inúmereos problemas em nossa sociedade, e qualquer pessoa de caráter e sanidade
mental não duvidoso concordaria com isso.
Infelizmente o que a história nos mostra, e até mesmo nos dias de hoje, é o
contrario, desnecessário a citação de alguns exemplos do passado e do presente, mas a postura dos cristãos mais radicais
independente de sua época tem sido em minha concepção, egoísta! Vou explicar: Você já deve saber disso é claro, mas ao
seguirem os preceitos bíblicos, eles não seguem uma ética, mas uma moral, mas porque??? Pelo grandioso prêmio prometido por
Deus aos que seguirem seus preceitos, que seria exerianamente falando a meta continuidade mental ou vida após a morte com
Cristo como dizem os cristãos!
Convenhamos, Háveria algo mais desejável que isso? Quem de nós, mesmo que não acredite, não
desejaria? Como voçê ja defendeu em sua teoria, tudo é possível, mas voltando ao raciocínio, sera que algum ser humano
conseguiria tal graça com atitudes egoístas? Egoistas?!?!?! Ora, Provocar guerras, extermínio, perseguições, opressão,
abominar o homossexualismo, rebaixar a mulher, interferir de maneira hostil na cultura de um povo, em fim, casando medo,
sofrimento, e constrangimento as pessoas em pról de um benefício individual que seria "ir para o céu" em meu conceito seria
o maior exemplo de egoísmo ja demonstrado! Será que se não fosse mencionado na bíblia puníçao e vida eterna os "fiéis"
teriam motivação para tais Bizzarises? O que leva um cristão a defender tão cegamente sua "verdade"? Além de egoismo,
há covardia, de abrirem mão de sua liberdade de pensamento e comportamento ético pelo inocente temor que há, de sofrer
perpetuamente ou da inexistência e de não acançarem o tão sonhado "paraíso".
Eles não tem a CORAGEM fazer o bem que se
justifica por si mesmo, mas sim querem algo em troca, quando nada mais estão que realizando um pseudo bem. E se na verdade
isso, não for um teste elaborado por Deus para testar o grau de egoísmo de cada individúo, um genial artifício utilizado
por Deus e sua equipe celestial para comprovar se temos a CORAGEM de praticar a ética, o verdadeiro bem, enfrentando todas
as ameaças e promessas de punições?
Mesmo que todos esses preceitos fossem realmente elaborados maquiavélicamente pela
igreja Católica Medieval, isso não comprometeria a finalidade de tal teste de caráter. Para mim, ética, caráter, e justiça
são imutáveis, só podem realmente assumir outra forma nas profundezas do abismo da ignorância.
Caro Marcus queria uma opinião sua a repeito do que escrevi.
Até a próxima!!!
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Terça, 5 de Março de 2009 |
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Tema: Ética, Religião, Regra de Ouro, Moral, Egoísmo
Corrupção Espiritual
Número de Caracteres
- Mensagem: 2.864
- Resposta: 5.102
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Caro Fábio. Olá novamente, obrigado pela nova mensagem e não se preocupe com o mal entendido.
Meu texto
RELICA & ÉTIGIÃO
pelo jeito foi bem estudado por você, que captou bem a importância do ponto principal, a
"REGRA DE OURO", que é, a meu ver, O PRINCÍPIO ÉTICO UNIVERSAL.
Sensíveis a essa intuição, os sistemas religiosos não poderiam deixar de contemplá-la, mas como você mesmo lembrou,
dificilmente conseguem.
Minha explicação para isso é simples. A Regra de Ouro não é essencial às religiões, ela pode ser negligenciada à vontade
sem afetar o núcleo verdadeiramente essencial, como está explicado no texto. Aproveito aqui para frisar um ponto que creio
ser importantíssimo.
"...não é a Religião que torna as pessoas melhores, mas sim que boas pessoas costumam se identificar com sentimentos
religiosos e procurar religiões. Bem como pessoas de impulsos éticos fortes, mas que não conseguem pô-los em prática,
assim como pessoas que querem se livrar de seus maus hábitos, conseguem nas religiões encontrar o incentivo necessário
para uma transformação positiva." [Página 13]
Como você bem detectou, muitos religiosos estão seguindo um preceito Moral, isto é, restritos ao limitado âmbito
espaço-temporal de seu grupo social. Para seguirem um preceito verdadeiramente Ético, deveriam ter preocupações de
teor universal. Que não se deve matar ou roubar (exceto em casos específicos) é um preceito ético, universalmente presente
em qualquer cultura humana em qualquer tempo ou local. Mas que não se deva usar cabelo comprido é algo que só diz respeito
a alguns locais.
Mas o ponto interessante que quero colocar é que a maioria dos religiosos, como você apontou, apresenta um comportamento
egoísta, não só no sentido de não apenas lutar pela própria salvação e de seus próximos, mas principalmente por sofrerem
daquilo que chamo de CORRUPÇÃO DA ESPIRITUALIDADE.
Isso significa pessoas que não estão nem sequer tão preocupados com um plano sobrenatural, mas sim com o plano material,
apenas usando o plano divino como meio de obter vantagens materiais. O verdadeiro sentimento religioso deveria ser mais
voltado ao transcendente, e não a retornos imediatos na vida terrena.
Num Primeiro Tipo, temos aqueles que desde os tempos bíblicos não estão preocupados com os mistérios altíssimos nem como
atribuições de caráter universal, mas sim, apenas com sua própria pele, ou a de seu rebanho. Vemos no Primeiro Testamento
que o Deus de Israel não dá a mínima para qualquer preceito ético, visando pura e simplesmente proteger o povo israelita.
Ou seja, o povo adora o deus não por este ser bom, mas porque realiza seus desejos. Lhes dá terra, comida, ajuda nas batalhas
e etc. Hoje em dia temos, principalmente entre os Pentecostalistas, aqueles que estão somente procupados com a resolução de
seus problemas financeiros, ascensão profissional, carros de luxo e roupas de grife. Ou, num estrato mais modesto,
apenas em melhorar de vida.
Isso tudo foi exemplo do Primeiro Tipo, passemos a um Segundo Tipo que é aquele onde embora a
pessoa esteja sim atrás de um conforto material, este tem razão mais afetiva do que econômica. Refiro àqueles que sofrem
pela perda de entes queridos, pelo sofrimento alheio, pelas agruras reais do mundo, aqueles que de fato são bons motivos
para deixar alguém deprimido. Nesse caso, busca-se a espiritualidade como uma forma de fugir ao sofrimento, buscar um
conforto, uma reparação.
Evidentemente é algo compreensível e perdoável, claro, mas mostra mais uma vez que a pessoa não está em busca do divino
pela atração do divino em si, mas para fugir de algo, ou buscar algo que aparentemente só a divindade pode oferecer.
E nem falei naqueles casos de sujeitos deliberadamente corruptos que apenas usam a religião para práticas
anti-éticas. Esse Outro Tipo seria o nível mais baixo, mas não posso considerar como corrupção
espiritual porque nessa situação não há espiritualidade alguma.
Em minha sincera opinião, creio que A VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE, que pode levar alguém a se tornar
um verdadeiro religioso, é aquele que busca o transcendente não por uma falta terrena, mas por um excesso. Isto é, não é por
estar precisando de algo, mas porque está oferecendo algo. Ele o faz porque percebe que o mundo em si não é o bastante,
sente que há algo mais, um motivo oculto por trás de tudo, e busca também um ideal de pureza e amor.
No fim, podemos até fundir alguns desses tipos. É certo que costuma haver um limite difuso entre essa espiritualidade
verdadeira e as formas de corrupção espiritual, mas valerá aquele que realmente define a experiência do indivíduo, e sem
a qual ele não teria religiosidade alguma.
E o problema está justamente na dificuldade de distinguir, principalmente em si mesmo.
E voltando ao tema ético, e exatamente nesse tipo mais puro de espiritualidade que creio poder emergir noções eticamente
válidas, pois elas terão caráter fatalmente universal.
A maior evidência de que isso raramente ocorre entre os cristãos é sua aceitação passiva de conceitos absurdos como
Punição Perpétua no Inferno para pessoas que nem sequer cometeram atos anti-éticos, mas sim tiveram a coragem de exercer
sua liberdade mental e não raro com grandes feitos éticos. O cristão que se conforma com a idéia de que uma pessoa assim,
totalmente bem intencionada e prestativa, irá ser perpetuamente torturado no inferno, já se auto destruiu como ser eticamente
sensível e racionalmente pensante. Não passa de um moralista, e como você mesmo disse, egoísta. Caso contrário, procuraria
de todas as maneiras descobrir se isso realmente é dito pela Bíblia, e se achar que for, irá inevitavelmente rejeitar
o sistema, ou, se achar que assim não é, irá lutar para mostrar uma interpretação mais justa.
Curiosamente, isso é evidência, ao menos parcial, da questão da corrupção espiritual no próprio texto bíblico, quando os
primeiros cristãos, sendo brutalmente perseguidos e ainda fiéis à não-violência, se "vingavam" de seus perseguidores
simplesmente imaginando punições indizíveis que eles iriam sofrer.
Fico por aqui, espero voltar a esse tema em breve.
Amigavelmente
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1 de Abril de 2009 |
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Xenon M Gilgul
-
1944
-
Rio de Janeiro-RJ
Funcionário do Governo
Pesquisador da Verdade Transcendental
710,
645,
651,
655,
694,
698
x e n o n m e n t a l i s t a 2
y a h o o . c o m . b r
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Referência: 710
Caro Marcus:
Desculpe o apressadinho, rs, rs. Vou estudar seus conceitos MENTÔNICA, ou MENTONISMO.
Desculpe mais uma vez, porém o termo ‘mentalismo’ não está consagrado, pois não se encontra em compêndios científicos nem nos dicionários (Aurélio e Michaelis). Procurei também ‘mentalism’ em dicionários de Inglês e também não achei (Oxford e Webster).
Mentalismo e ilusionismo não são sinônimos porquanto expressam idéias díspares, logo, nada me impede de dizer que mentalismo não é ilusionismo. Também não encontrei esta palavra no dicionário de sinônimos e antônimos (Ediouro).
Aliás, sequer o sentido dado nas ciências da área psi se encontra nos dicionários pesquisados. O sentido de mágicas de palco largamente visto na net é fruto de marketing.
Simples retórica e palavras inamistosas não enriquecem um debate sério, apenas magoam desnecessariamente. Sou profundamente grato por você me obrigar, com sua verve de Mestre, a refinar meus estudos e minhas perspectivas.
Quanto aos termos “mentalismo” e “mentalista” cujos significados esotéricos eu disse serem mais difundidos, há algo de sutil na minha proposta de pesquisa, que talvez eu não tenha deixado claro, logo, a culpa desse DESENTENDIMENTO é minha mesmo:
Com efeito, meu caro, se esses termos JÁ ESTIVESSEM tão claros na NET no sentido esotérico e metafísico, simplesmente NÃO HAVERIA NECESSIDADE das minhas tentativas de esclarecimentos a respeito e muito menos do meu pedido inicial da sua lúcida análise em nossos primeiros contatos, daí, foi que indiquei que é preciso direcionar a pesquisa, visando aprofundar a idéia em apreço. É como na defesa de tese, certamente você tem que pesquisar noutras paragens, senão, seria apenas ‘copia e cola’ e não uma tese sua.
Os autores que citei falam sobre o poder da mente desde há muito, foi SÓ ISTO que eu quis enfatizar: O TEMPO, isto é, com todo respeito, não se trata de novo conceito ou neologismo. O significado original é MILENAR e se refere ao Princípio do Mentalismo. Se tais autores já usassem o termo ‘mentalismo’ eu não precisaria de ajuda, claro. Mas seus livros com toda certeza falam de mentalismo sim, pelo fato inconteste que refletem e referem constantemente os princípios de Trismegisto; e o primeiro deles se chama exatamente Princípio do Mentalismo.
“A compreensão deste Princípio hermético do Mentalismo habilita o indivíduo a abarcar prontamente as leis do
Universo Mental e a aplicar o mesmo Princípio para a sua felicidade e adiantamento. O estudante hermetista ainda
não sabe aplicar inteligentemente a grande Lei Mental, apesar de empregá-la de maneira casual."
Aliás, W. W. Atkinson (1862 -1932) é considerado um dos três iniciados que compilaram ‘O Caibalion’, obra
baseada nos preceitos herméticos do mundo ANTIGO.
Prentice Mulford (1834 x 1891) foi o pai de todo o movimento ocultista da América do Norte, sendo sua obra
“Nossas Forças Mentais”, o principal livro da psicologia moderna, na qual se basearam a Ciência Cristã,
o Novo Pensamento, o Cristianismo Esotérico, a Nova Psicologia e muitos outros ramos do mentalismo.
Nada a ver com prestidigitação.
Este mestre
"foi o primeiro a mostrar o lado prático e utilitário dos conhecimentos ocultos e das forças mentais,
ensinando-nos a empregá-las na vida, para realizar nossas aspirações e obter maior felicidade.
Sem esta aplicação e adaptação à nossa vida pratica, as sublimes concepções filosóficas da Índia e os admiráveis
conhecimentos do antigo ocultismo ocidental teriam pouco valor para o homem, porquanto seriam inúteis para a
melhora de sua sorte e para seu progresso neste planeta".
"A misteriosa lei da força de atração move todas as coisas e todas as pessoas de acordo com seus desejos e
convicções mais fortes, e, lhes atrai as coisas más, ou as coisas boas, conforme o estado de sua mente".
O resumo do livro “Pensamento em Mutação – A Trajetória de uma Editora” traz como Resultados da pesquisa para
'mentalismo':
Página 13 -
O primeiro livro da Editora, que marcou a sua fundação, foi Magnetismo Pessoal, de Heitor Durville, que já abordava o tema Mentalismo. ...
Página 21 -
Por lançar assuntos tão controversos (como espiritualidade oriental, medicina homeopática, mentalismo, magnetismo, magia, ciências herméticas e sociedades ...
Página 50 -
... que se tem notícia no Brasil de um romance ocultista. novo pensamento, o cristianismo esotérico e a Nova Psicologia, entre outros ramos do mentalismo. ...
Página 54 -
... sobre magia; de William Atkinson, sobre mentalismo; e de Heitor Durville e V. Turnbull, sobre magnetismo pessoal. ...
Página 65 -
... Pensamento é uma ação imediata e pragmática no sentido de as pessoas usarem os princípios básicos da psicologia experimental, das leis do mentalismo e ...
Página 80 -
... se fosse lançado hoje, essa vendagem já seria considerada um marco para obras de auto-ajuda. O trabalho de Arthur ocupa o mesmo patamar do mentalismo ...
Página 81 -
mentalismo de Prentice Mulford, Wilkinson e Peale, e, o que também é importante, o livro agrada até os dias de hoje.) Hei de Vencer está repleto de ...
Página 106 -
Logo após 1965, os catálogos das Editoras constituem-se da seguinte forma: a Pensamento mantém 428 títulos, em áreas tão variadas como mentalismo, sucesso, ...
Se formos pesquisar a fundo o que dizem todas essas páginas citadas, veremos que em nenhuma delas há o conceito
de mágicas de palco; o mentalismo aí referido é o que a Editora descreve como:
“o objetivo desses livros lançados pela Pensamento é uma ação imediata e pragmática no sentido de as pessoas
usarem os princípios básicos da psicologia experimental, das leis do mentalismo e do Novo-Pensamento, de Prentice
Mulford, para melhorar a si mesmas, suas relações e o meio em que vivem”.
Gabriel H. W. autor de ‘Poder, influência e controle sobre as pessoas” (1962) é citado por Silvério da Costa Oliveira em seu atual “Catálogo bibliográfico sobre o sucesso”. Também não usa a palavra ‘mentalismo”, é claro, mas seu discurso é claramente voltado para o desenvolvimento do poder da mente por meio de mentalizações. Vi a ligação do seu conceito de alcançar um “Poder Próprio independente de qualquer coisa que você diga” como uma perfeita ilustração do Princípio do Mentalismo posto em prática por meio de mentalizações.
Quanto a Lauro Trevisan, eu disse que tirei dele o nome para a minha página, me referindo ao meu subtítulo “A Ciência do Poder da Mente” o que está evidenciado no título do seu mais importante livro “O Poder Infinito da Sua Mente” e nas suas afirmações ao longo do livro, e também nas de Joseph Murphy, referentes às Leis da Mente:
Joseph Murphy: O Poder do Subconsciente.
“Creio que é perfeitamente possível explicar as leis básicas e fundamentais da vida e da mente na linguagem comum de todos os dias”.
“Deve também estar consciente de uma das leis básicas da mente: a mente subconsciente é submissa a qualquer sugestão”.
“A aplicação prática das leis de sua mente, conforme indicamos em cada capítulo deste livro, fará com que você passe da pobreza para a abundância, da superstição e ignorância para a sabedoria, da dor para a tranqüilidade, da tristeza para a alegria, da escuridão para a luz, da discórdia para a harmonia, do medo para a fé e confiança, do fracasso para o sucesso, libertando-o da lei das probabilidades. É certo que não pode haver bênçãos mais maravilhosas do que estas, de um ponto de vista mental, emocional e material.
A maioria dos grandes cientistas, artistas, poetas, cantores, escritores e inventores possui um profundo conhecimento do funcionamento das mentes consciente e subconsciente”.
Lauro Trevisan:
O Poder Infinito da sua Mente.
“Mas a lei do "Pedi e Recebereis" é uma lei universal e, conseqüentemente, infalível. Assim como são infalíveis as leis universais da física, da química, da mecânica, da eletricidade, da astronomia, etc, assim também são infalíveis as leis da mente. Então, veja bem, tudo você pode pedir e tudo você pode conseguir”.
Diga-se de passagem, para quem gosta de diplomas, que Lauro Trevisan é formado em Filosofia com pós-graduação, Psicologia, Teologia, História, Exegese, Ascese, Jornalismo, cursos de Parapsicologia, Análise Transacional, Controle da Mente, os Nove Domínios da Consciência, Método Chapiro de Administração, Psicanálise, Pedagogia, etc.
Quanto ao site de Lauro Trevisan, não é que ele não esteja disposto a ajudar, simplesmente aquele site não responde a ninguém. É apenas comercial destinado a venda de livros, por isso é que não houve resposta. Além disso, o Livro de Visitas foi invadido por “hackers” e está desativado.
* * * * *
O que me aconteceu foi o seguinte: Primeiro tive uma experiência exitosa na minha vida, que mudou completamente ao mudar meus pensamentos derrotistas. Mas, como sempre fui um literato, fiz uma ligação entre os estudos herméticos, a Cabala, Psicologia, etc, e a propalada “auto-ajuda”, verifiquei então que esta última funciona com base no que dizem os primeiros. Foi um insight, portanto, carente de ajuda na sua divulgação. Mas veja bem: a idéia, esta ligação, é nova, MAS A PALAVRA, NÃO, ela já existe há séculos devido ao Princípio do Mentalismo de Hermes Trismegisto. Portanto, não há necessidade de se criar novo termo mas de, corajosamente, corrigir seu uso indevido.
Atrevo-me, inclusive, a supor que no dicionário ficaria assim: mentalismo 1 (conceitos em psicologia); mentalismo 2 (conceito esotérico, hermético); mentalismo 3 (QUEIRA VER ILUSIONISMO E PRESTIDIGITAÇÃO).
Mais tarde criei minha Página para ajudar outras pessoas como eu fui ajudado. Muito mais tarde dei com a sua bela Página e gostei da sua disposição em debater assuntos ligados ao seu conhecimento. Pedi sua ajuda, fui atendido e por ter ficado feliz e admirado com sua coragem, transmiti nossos diálogos a terceiros. Não foi por ser ‘carente de aprovação’, transmiti os diálogos por ter admirado sua coragem. Tudo ia bem até que aquele sujeito EXTRAIU uma frase minha DO CONTEXTO (elogioso) em que eu a inserira, com isso provocando desgastes infrutíferos bem ao gosto dele, tipo ‘os jogos da vida’ em Análise Transacional”.
Sem pessoais, tenho certeza, pois seu estilo é elegante, aguardo ansioso sua resposta.
Muito obrigado,
Xenon.
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Terça, 3 de Março de 2009 |
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Tema: Mentalismo, Ilusionismo, Mágica, Hermetismo,
Esoterismo, Definições
Número de Caracteres
- Mensagem: 8.540
- Resposta: 5.340
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Prezado Xenon...
Creio que estivemos tendo duas discussões que parecem estar se confundido.
A Primeira é quanto a impropriedade do termo
'mentalismo' no sentido de ilusionismo. Você está aqui novamente citando diversos exemplos de como essa palavra é melhor
empregada descrevendo um sistema conceitual místico filosófico. Quanto a isso, eu já concordei com você há muito tempo.
Também não gosto da apropriação do termo por parte de ilusionistas, assim como também não gosto da apropriação do termo
'ceticismo' por parte dos materialistas, ou que o termo 'materialista' seja entendido no sentido de um hedonismo capitalista.
Mais uma vez, CONCORDO que Mentalismo como sendo Ilusionismo é uma significação lamentável. Só discordo no sentido de
preferir que Mentalismo seja visto como a doutrina que prega a realidade de um plano mental, quer seja monista, ou dualista,
que é algo um pouco mais restrito do que o significado que você tem defendido, embora lhe sirva de base.
A Segunda é quanto ao fato de QUAL SIGNIFICADO ESTÁ MAIS DIFUNDIDO. E nesse ponto discordamos,
mas em parte devido a confusão desta com a primeira questão. Em sua Mensagem Anterior, você propôs
4 itens. Não comentarei os demais, com os quais concordo ou não vêem ao caso. Mas CONTINUO DISCORDANDO do primeiro, o que
caracterizou toda a minha resposta. Reproduzindo-o com grifos, você disse:
"1 – O significado de “mentalismo” como mágicas e ilusionismo, NÃO é o mais difundido.
O mais difundido é o significado
esotérico do termo que vai ligado ao hermetismo e à cabala com base no Princípio do Mentalismo que diz “O Todo É Mental”,
conhecido há milênios antes de Cristo, basta dirigir as pesquisas para leis herméticas."
Atente que estou focando a questão da DIFUSÃO, isto é, o quanto o termo é utilizado, NUMERICAMENTE. Numericamente, a maior
parte do uso do termo 'materialista' é no sentido de uma postura que só se preocupa em adquirir bens materiais,
(veja este exemplo aqui)
o fato de
isso nem sequer fazer sentido, e de na filosofia significar simplesmente a postura de que toda natureza se reduza ao ente
'matéria', não muda o fato de que o sentido equivocado seja o mais frequente. De pouco adianta 100 filósofos o empregarem
corretamente se 10 mil populares o empregam erroneamente. São esses últimos que determinarão a difusão e popularidade
do termo.
É claro que se eu direcionar as pesquisas para filosofia, o termo virá em sua acepção correta, bem como 'Idealismo' nada terá
a ver com pessoas que tem grandes aspirações éticas, nem 'ceticismo' terá a ver com posturas materialistas, atéias e
anti-religiosas dogmáticas. Mas isso não muda o fato numérico da difusão maior errônea do termo. Ainda que TODOS os dicionários
e enciclopédias apliquem o termo corretamente.
Note que em seus contra argumentos, quando não está mostrando que o significado hermético é mais apropriado, você está
citando exemplos de uso deste significado no restrito âmbito místico. Eu também posso citar miríades de exemplos do uso
dos termos acima em suas acepções apropriadas. Mas isso não muda o fato de que a difusão maior dos termos está num outro
sentido.
Mas há um ponto que agora entendi melhor. Você quis dizer que o termo já era empregado nesse sentido hermético muito antes
de ser apropriado pelos ilusionistas. Assim, posso admitir então que o termo foi historicamente "corrompido" pelo mau
uso. Assim como 'idealismo', após séculos de uso devido, 'vazou' para o jargão popular num sentido distorcido mais próximo
ao de ideologia. Mesmo assim, isso não muda o fato de que tal vazamento, ao popularizar o termo ainda que num sentido
equivocado, o difundiu como nunca antes. Difundiu o termo, não o conceito original.
Enfim, como você deve ter notado, toda a minha argumentação girou em torno da palavra 'difundido'.
Mas agora vamos ao que interessa. Sua proposta de redefinição do termo tem carência de mais um elemento, pois além do
significado psicologista, há o filosófico, que é distinto. Na psicologia significa uma postura melhor entendida como
oposto ao behaviorismo, em especial o ontológico. Ou seja, a idéia de que os processos psicológicos devem ser entendidos
como relacionados a fenômenos mentais, e não apenas físicos ou mesmo cerebrais.
Portanto, o behaviorista ontológico afirma que não existe mente, e sim somente o cérebro físico implementando comportamentos
materiais. O mentalista, nesse sentido, dirá que isso não é suficiente para explicar o comportamento. É preciso postular
uma mente, quer seja meramente funcional, informacional ou ontológica.
No meu sentido favorito, trata-se de uma doutrina oposta ao materialismo, postulando a existência de uma substância mental.
Se ela compartilhar a existência com a material, temos então um dualismo Mente-Matéria, se ela for a única substância
existente, teremos um Monismo Mentalista, que é minha visão de universo favorita, e me parece que também a sua.
Dê um pulo na
página de assinatura do Livro de Visitas do EVO.BIO
para ver que estas opções constam nas opções de "Posição sobre o UNIVERSO".
Também pode haver um monismo com dualismo de propriedades, isto é, só há uma substância, mas ela assume duas propriedades
básicas distintas. No caso da minha MENTÔNICA, existe uma substância chamada Menton, que assume as propriedades de Mente
e Matéria.
Portanto, acho que num dicionário deveria caber ao menos 4 significações. Já na wikipédia, tenho certeza de que se você
alterar o verbete de um modo mais modesto, ele será aceito. Isto é, você deve admitir que o termo ilusionismo está difundido,
mas acrescentar que o termo "original" e mais apropriado é outro, bem como adicionar as demais significações, e pode
até criticar a acepção de ilusionismo inclusive mostrando como se deu a apropriação do termo, caso você possua evidências
que o corroborem. A wikipedia não pode se tornar um terreno de propaganda, e acho que eles fizeram bem em remover sua
primeira intervenção, pois você simplesmente chegava alterando a definição e afirmando que "Mentalismo não é ilusionismo..."
colando as declarações de seu site.
Enfim, reitero que posso ajudar a divulgar uma significação mais correta do termo Mentalismo, mas para isso, devemos sempre
lembrar que o uso mais comum do termo não pode ser ignorado. É exatamente reconhecendo-o como o mais difundido, que podemos
mostrar a importância de divulgar uma significação melhor.
Amigavelmente
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27 de Março de 2009 |
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Paulo Gabriel Galindo Ribeiro
-
São Vicente
-
1994
Estudante
Agnóstico
696, 703
p a u l o _ 1 5 0 9
h o t m a i l . c o m
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Olá, Marcus!
Retomando agora o nosso diálogo sobre a monografia
Deus Me Livre, queria esclarecer primeiro algumas coisas que eu considero
mal-entendidos em relação ás nossas mensagens anteriores, e então podemos retomar o debate á partir destes pontos.
Nessa mensagem, só vou falar da onipotência.
Quando eu disse que você usou uma definição errada de onipotência, eu não quis dizer exatamente que você estava errado por
fazer isso, mas apenas que não podemos acusar o oponente de dizer uma coisa que ele não disse, ou seja, você acusa o
teólogo de dizer que Deus é “absolutamente onipotente” quando na verdade ele não disse isso, ele diz apenas que Deus é
limitado ao logicamente possível. Mas agora eu entendo melhor seu ponto de vista. O que você quer dizer afinal é que
onipotência implica NECESSARIAMENTE em “poder absoluto”, do contrário não seria onipotência, e então dessa forma o teólogo
se contradiz afirmando ao mesmo tempo duas coisas opostas: que Deus é onipotente e que ele não pode violar a lógica,
ou seja, ele não pode ter os dois, ou é um ou é outro. Como o segundo parece mais razoável, visto que se Deus possui uma
onipotência absoluta ele pode violar o principio de não-contradição, e como você corretamente disse, esse principio é
“absolutamente fundamental para nossa pura e simples possibilidade de pensar”, então é melhor negar o primeiro. Tudo bem.
Mas o ponto que quis fazer na mensagem anterior foi que em ultima instancia o teólogo, se não afirma, ao menos NÃO PODE
afirmar, ou seja, se fomos procurar por uma resposta lógica ao problema da onipotência, ele invariavelmente vai ter que
dizer que Deus é limitado ao logicamente possível.
É aí onde quero chegar. No seu outro trabalho
A Liberdade e os Hemisférios, é dito:
“Há alternativas que aparentemente possibilitam conciliar a ONIPOTÊNCIA com a LIBERDADE (Livre-Arbítrio incluso),
mas TODAS ELAS SEM EXCEÇÃO implicam em realtivizar a Onipotência. Porém relativizá-la é de certa forma negá-la, pois
qualquer concessão na mesma a faria deixar de ser OMNI!
Isso poderia ser razoavelmente solucionado simplesmente substituindo o termo Onipotência para algo como “Plenipotência”,
ou “Suprapotência”, ou similares, mas a maioria dos teólogos não parece disposto a abrir mão do termo Omni mesmo que o
negue com sua relativização.”
Mas então fica a pergunta: se afinal substituíssemos o termo “onipotência” por “plenipotência” ou “suprapotencia”,
você aceitaria o deus cristão, ou teria algum outro atributo dele que seria incompatível com uma divindade que você acharia
racionalizável? Note que eu não estou dizendo “aceitar” no sentido de você se converter e virar um cristão! Estou dizendo
“aceitar” no sentido de esse Deus ser uma entidade “filosoficamente válida” para você. E então?
Mas a questão, Marcus, como você mesmo disse na sua primeira resposta, tem várias nuances. Algumas delas eu quero discutir
com você, e ver o que você acha. O que acontece é que historicamente onipotência foi definida como tudo que Deus pudesse
fazer, mas que estivesse de acordo com sua “personalidade” e essência. Por exemplo, Deus não poderá mentir ou matar, por
exemplo, porque isso vai contra sua natureza moral. Deus seria teoricamente um ser moralmente perfeito, ele não poderia
errar em questões morais. Dessa forma, “Deus não pode mentir” não seria uma limitação, mas sim uma ausência de limitação.
Se dissermos para um ser moralmente perfeito, por exemplo, que ele não pode mentir, não estaríamos fazendo nada alem de
atestar sua característica, ou seja, uma coisa que por definição ele não pode fazer. Na teologia cristã, onde Deus é um ser
todo-poderoso, e um ser moralmente perfeito, segue-se que ele não pode mentir, por exemplo, mas não porque isso é uma
limitação á seu ser, mas porque é uma coisa, que, por definição, esta fora dele, isto é, não faz parte de sua essência,
logo o poder dele é “ilimitado” no sentido de que ele não tem limitação fora de si mesmo: como dito antes, não se trata de
uma limitação, e sim uma ausência de limitação. Não seria lógico dizer que Deus é limitado na área moral porque ele não
pode mentir, e sim que, se ele pudesse mentir ai sim seria uma limitação, pois alem de não fazer parte de sua essência,
seria visto, pelo menos por nós, como uma fraqueza, quer dizer, um todo-poderoso pode mentir? Não, não pode, porque a
mentira seria uma característica de criaturas limitadas, como por exemplo, nós.
No link que eu te mandei na
mensagem anterior está escrito quase que exatamente essas coisas, apesar de eu não ter adaptado
nem traduzido de lá, pois a digressão acima foi o melhor resumo que pude fazer dos argumentos teológicos que defendem a
onipotência clássica, de acordo com tudo o que estudei sobre esse assunto até agora. Veja:
"The inability to lie or do cruelty or be treacherous or to will Godself out of existence is generally understood
(in the technical literature) NOT as a liability/limitation, but as the ABSENCE of a liability/limitation. Hence it is
inaccurate to phrase it in a 'limitation' form. [Sorta like "God doesn't have the ability to forget something": this
isn't a limitation at all, but the absence of a limitation.]"
Dessa forma, a onipotência de Deus não é afetada, porque todos os outros os seres do universo estão ABAIXO dele, isto é,
nem em teoria poderia existir um ser mais poderoso que Deus, que é basicamente a mesma coisa que falei sobre a pedra na
primeira mensagem. Logo, como todos os seres do universo são “menos potentes” que ele, então logicamente qualquer
habilidade que esses seres tiverem, será menor que as habilidades desse Deus, ou seja, todo ser será necessariamente menos
poderoso que ele, logo, parece ridículo dizer que nós podemos mentir e Deus não pode, porque nós somos “menores” que ele,
logo qualquer “habilidade” que tivermos que Deus não tem, não podemos concluir por isso que nós temos uma capacidade que
ele não tem, nós temos é uma LIMITAÇÃO, ou seja, uma FALTA de capacidade em relação á capacidade de Deus. Enfim, o que eu
quis dizer com isso é que é impossível, baseados em coisas como “não mentir”, “não esquecer”, dizer que Deus tem uma
incapacidade, ou pior, dizer que nós temos uma capacidade que ele não tem! Não tem nenhum respaldo filosófico.
E então, Marcus? O que você pensa disso? Você acha que é uma noção válida esse negócio de “essência” de Deus? Á mim parece
pelo menos sofisticada! Deixo outra citação em inglês resumindo essa posição:
“In addition, most theists hold that there are certain things God cannot do because of his nature. Being morally perfect,
he cannot commit an act of senseless cruelty, for example. God's omnipotence must then be understood as the power to do
whatever is logically possible and consistent with God's own essential characteristics. Similar restrictions may have to
be placed on the concept of omniscience.”
Mais você poderia dizer: “E porque ele não pode escolher violar sua essência?” Ora, ele não pode porque ele só pode fazer
atos que estejam de acordo com sua essência – ele simplesmente NÃO VAI “escolher” mentir, por exemplo, porque isto estaria
violando sua essência, ou seja, ele não estará fazendo uma “tarefa” que esteja de acordo com ele mesmo. Mas ainda poderia
ser objetado: “E porque a essência dele não pode violada?” Ora, simplesmente porque se isso acontecesse, ele deixaria de
ser um ser ontologicamente consistente. Fora que, como já dito, NEM EM TEORIA ele pode “escolher” tal coisa. O apologista
cristão Glenn Miller explica isso muito bem:
“* This last point can also be seen in the conclusion you draw from this: "an omnipotent being must be able to do anything
it chooses, anytime, anyplace." That is essentially the same position as "perform any task consistent with His character
and essence." In other words, when you use the word "chooses" you ground that task UPON a "character and essence". And it
is this position which is the one embodied in the philosophical technical terminology about "not being able to lie"--
God simply will never choose to lie.”
So, Marcus, what you have to say about those arguments? ;)
Só quero deixar claro novamente que não estou tentando refutá-lo, só quero uma conversa saudável sobre um tema complexo.
Mesmo porque eu nem poderia! Você obviamente tem uma bagagem cultural e uma experiência com filosofia que obviamente não
se compara á minha, não só pela minha idade, mas porque eu tenho uma certa dificuldade de expressar minhas idéias, fico
dando voltas e voltas em cima da mesma coisa e o discurso não avança. Bom, mas espero que dessa vez tenha me feito entender.
Uma ultima coisa. Um fato que achei muito interessante sobre sua primeira mensagem, Marcus, é como você soube contornar,
com sua perspicácia filosófica de sempre, o argumento teológico de que Deus obviamente não poderia fazer algo que fosse
envolvesse um estado contraditório de coisas, como por exemplo, conceder o livre-arbítrio a um ser e ao mesmo tempo não
conceder. Não: não é possível dizer que Deus não possa fazer tais coisas, porque tais coisas, por definição,
são impossíveis, intrinsecamente impossíveis, com diria o C.S. Lewis. Mas me impressionou como você conseguir dar a volta
nesse argumento e manter a objeção, quer dizer, ninguém esta dizendo que Deus pode ou não fazer isso, mas, por ser
onipotente, de acordo com o próprio teólogo, então, ele deveria teoricamente poder fazer isso; é verdade que tais coisas
são intrinsecamente impossíveis, mas se Deus é onipotente, então ele deveria poder fazer tal coisa.
Pior! Poderíamos dizer, usando a terminologia de Aristóteles, que Deus tem a POTENCIA para fazer coisas contraditórias,
de acordo com o cristianismo, mas que não pode converter essa potencia em ATO, não porque ele *não pode*, porque se ele
é onipotente, ele pode!; mas porque simplesmente não podemos pensar como esse ato se poderia dar, já que viola a nossa
“simples e pura” capacidade de pensar! E veja que isso se encaixa perfeitamente, quer dizer, Deus tem a potencia =
onipotente! Ou seja, pelo menos a “potencia” ele teria que ter! Do contrario não seria onipotente, pois teria que ter
TODAS as potencias, não somente as *logicamente possíveis*!
Mas o que me espanta em tudo isso é a segurança dos filósofos da religião e os teólogos em relação á esse problema,
por exemplo, se você pergunta isso pra o J.P.Holding (TEKTON) ou até mesmo o próprio
Glenn Miller
(A Crhistian Thinktank) é capaz deles rirem da sua cara! Mas agora eu quero ver o que eles iriam responder se
alguém viesse com o seu argumento!
Enfim, pode-se dizer que derrotamos a onipotencia (!), mas existe um ultimo obstáculo, alem é claro dos argumentos que
apresentei acima em relação á Deus não poder mentir, etc. Mas o pior de tudo é que eu mesmo que inventei esse argumento!
Como você, Marcus, eu também elaboro soluções para os próprios problemas á que estou combatendo, ou seja, eu argumento á
favor de meu ponto de vista opositor! O argumento é esse: e se considerássemos a PRÓPRIA RAZÃO como fazendo parte da
essência desse Deus? E, se assumindo como corretos os argumentos de que Deus não poderia contradizer sua própria natureza,
“essência”, então conseqüentemente ele não poderia violar a racionalidade, já que essa faria parte de sua essência?
Então ele não poderia violar o principio de não-contradição e nem qualquer outro principio lógico, porque então estaria
atacando a sua essência, sendo assim não poderia ser nem teoricamente possível que ele violasse a racionalidade? Á mim
parece um bom argumento.
Então, Marcus, será que podemos refutar isso? Se você conseguir, definitivamente é um mestre! Não estou te desafiando,
mas gostaria muito de ver um contra-argumento seu em resposta á isso! Se conseguir, adeus onipotência!
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh, essa eu quero ver!
Amigavelmente,
Paulo.
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Sexta, 27 de Fevereiro de 2009 |
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Tema: Teologia, Livre Arbitrio, Liberdade, Onipotência, Contradição,
Fé, Racionalidade
Número de Caracteres
- Mensagem: 9.805 (Originalmente 10.097)
- Resposta: 8.700
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Olá Paulo.
Em primeiro lugar, sua mensagem passou do limite de 10 mil caracteres, mas como foi pouco e o assunto é interessante,
cortei aquela observação final, bem como otimizei os links, reduzindo o tamanho do texto, embora tenha ficado com
uma diagramação pesada. Peço que evite passar do limite de novo, pois como estou fazendo no
EVO.BIO, pretendo tornar essa regra mais inflexível.
Quanto a sua primeira pergunta, ela já está claramente respondida na conclusão da monografia
Deus Me Livre - MEU DEUS, onde chego ao termo final da divindade
que me parece filosoficamente defensável. Não é simples questão de Onipotência, mas principalmente de remover
atributos irracionais como Imutabilidade e Perfeição. Em síntese, esse ser divino teria que ser dinâmico, em constante
aperfeiçoamento.
É muito difícil acomodar essa divindade ao cristianismo a não ser, em primeiro lugar, abrindo mão dos elementos proféticos.
Pois toda a monografia foi uma apologia da Liberdade, e as profecias só são possíveis com Presciência, o que significa
determinação do futuro. Curiosamente, embora Onipotência seja o tema central em torno do qual tudo gira, para o estabelecimento
de uma divindade mais plausível não seria o caso de exatamente renegá-la, mas sim atentar para seu significado com
maior precisão sem acrescentar elementos que a estendem desnecessariamente.
Falo da Onisciência. Ora, se um Deus é onisciente, o que inclui ser presciente, significa que ele está 'atualizando'
(transformando potência em ato) sua potência. Ou seja, ele não apenas tem o poder de saber tudo, mas ele está de fato
usando esse poder, e sabendo de fato tudo. Nesse exato momento, ele determina o universo, e destrói a liberdade.
Mas, como visto no primeiro capítulo de A Liberdade e os Hemisférios
(ENFIM UMA SOLUÇÃO), um ser onipotente pode abrir mão dessa onisciência, ele continua sendo capaz de saber tudo, mas
prefere não "olhar" para o futuro e deixá-lo indeterminado, libertando suas criaturas.
Enfim, é fato que a Onipotência, em seu sentido pleno, é absurda, mas isso não quer dizer que ela não possa existir, afinal,
'absurdo' é simplesmente algo incompreensível, irracional, que "soa mal aos ouvidos", mas nada nos garante que todo o
universo deve se submeter a critérios racionais pelo simples fato de que nós não conseguimos ir além desses critérios.
A Onipotência é auto contraditória, em seu sentido pleno, mas, novamente, isso depõe apenas contra nossa capacidade de
entendê-la, e mais ainda contra essas estranhas iniciativas que insistem em dizer coisas irracionais ao mesmo tempo que
tentam racionalizá-las dizendo que estão além da razão.
Como temos espaço, podemos apelar para uma ilustração que, espero, resolva a questão. Lembrando que toda essa discussão
tem como objetivo original solucionar o Problema do Mal sem abrir mão das OMNI atributos divinos, e o faz atribuindo o
surgimento do Mal à Liberdade das criaturas.
Observe que se considerar apenas dois dos elementos envolvidos, sem olhar para o terceiro, a composição faz sentido
tridimensionalmente. Mas o todo, não dá. Entenda a tridimensionalidade como sendo a racionalidade. Problemas dos termos
à parte, não é difícil conceber um universo onde haja um Deus Onipotente e Onisciente, mas nesse não haverá Liberdade,
e tudo será determinado por Deus, inclusive o Mal.
É possível a Onipotência com a Liberdade, se Deus abrir mão de atualizar o poder de saber tudo em Onisciência factual.
Pois ele não poderia ser responsabilizado por não saber quais as escolhas futuras de suas criaturas, e assim não poderia
escolher quais deveriam ser criadas ou não.
Já vimos que, na realidade, a simples existência de Onisciência e Liberdade já é complexa, embora tenha solução sim, pois
as criaturas poderiam ter feito sua escolha antecipada, e o ser onisciente sempre soube destas. Mas se ele não tem
onipotência, então pode não ser responsável pelo mal causado por essas criaturas.
Agora junte os 3 e fica impossível sustentar tudo junto. A maioria dos que acreditam nisso só o faz porque se recusa a
olhar a composição por completo, sempre enfocando apenas parte. Você mostra que embora dois vértices façam sentido, o
terceiro não faz, e o apologeta simplesmente esquece o primeiro e passa a considerar só os outros dois. Mas quando
finalmente vê o todo... Sem chance.
Quanto a questão de Deus não poder violar sua essência, não podendo mentir, etc. Bem, toda vez que você ouvir isso nesses
termos, pode advertir a seu interlocutor que está entrando no pantanoso e escorregadio terreno das asneiras. Esses comentários
citados, por exemplo, não apenas são uma apologia do non-sense como do ad nauseam, visto que estão voltando
à estaca zero.
Ora, lembre-se que uma das preocupações de minha monografia era quanto a liberdade da própria divindade. Mas um ser que
NÃO PODE mentir significa o quê? Que ele não é tecnicamente capaz, ou apenas que é eticamente capaz? Na verdade, toda
essa abordagem que você apresentou entre as linhas 48 e 144 parece ser resultado da confusão típica entre descrição
e prescrição misturada ao já persistente paradoxo liberdade e onipotência, cuja última já é, por si própria, contraditória.
Ocorre que SIM, se Deus não pode mentir para não violar a sua essência, então ele não tem Liberdade, é tão escravo quanto
suas criaturas, escravo de sua própria onipotência, com o agravante de que sabe disso, e da contradição intrínseca de
ser onipotente sem poder deixar de sê-lo nem ser livre. Mas se Deus não mente porque ESCOLHE não mentir, então sim ele é
livre. Como você mesmo notou, está em meu poder mentir, mas eu escolho não fazê-lo porque quero ser uma pessoa honesta.
Ora, Deus também poderia mentir, roubar, matar, etc, a hora que quisesse, mas ele escolhe não fazê-lo.
Notou que esses desastrados teólogos apenas agravaram ainda mais o Problema do Mal? Ora, a doutrina do Livre-Arbítrio
nada mais faz do que justificar a justiça divina, porque se não somos livre para escolher, como poderíamos ser punidos?
Mas se Deus não for livre para fazer outra coisa além do "correto", então que mérito ele tem? Ele não seria Bom, apenas
não teria escolha, seria tecnicamente incapaz de fazer o mal, e não há virtude alguma nisso.
Mas como se isso também não bastasse, esses teólogos trapalhões ainda puxaram briga com um conceito ainda mais caro e
fundamental da tradição cristã. A FÉ (no mais elevado sentido).
Ora, é exatamente pelo fato de Deus, se quiser, poder violar suas promessas e romper seus pactos a qualquer momento que
precisamos ter fé. Se ele não pudesse trapacear, por estar comprometido com sua própria essência, então podíamos ficar
seguros de que está mecanicamente obrigado a fazer o que esperamos, assim como estamos seguros que gelo no fogo vai
derreter. Não é preciso fé para isso.
Acontece que Deus PODE SIM, a qualquer momento, mudar de idéia de nos ferrar. Ele pode, se quiser, decidir jogar no inferno
o mais santo dos fiéis e ninguém tem direito algum de reclamar disso. Mas porque achamos que ele não fará isso?
Porque confiamos nele. Temos Fé! Sabemos que, embora seja capaz, ele não vai nos enganar porque confiamos em sua bondade
e justiça. Amarrar Deus a um compromisso essencial que o impede de fazer o que quer por auto coerção é não apenas
declarar a nulidade da liberdade e da ética, mas também da fé! É simplesmente inacreditável que alguém pense dessa forma
e ainda se declare cristão. Como eu vivo dizendo, a única coisa que explica isso é o gosto pela contradição.
Enfim, uma coisa é eu me determinar por escolha. Decidi ser uma pessoa confiável, e então não quebro minhas promessas.
Mas eu posso sim, a qualquer momento fazê-lo. Não sou determinado pela minha "natureza", mas pela minha consciência, ou
melhor dizendo, pela minha Intencionalidade e Livre Arbítrio. Pode ser um pouco sutil, mas considero importante notar
a diferença entre essas formas de auto determinação.
E não adianta simplesmente inverter a noção de limitação como quem diz que "o gelo não é frio, o fogo é que é". Se
a teologia diz que Deus concedeu Livre Arbítrio a suas criaturas, possibilitanto-as escolher entre o Bem e o Mal.
Então como diabos Deus também não poderia fazê-lo? Como poderia dar uma coisa que não tem?
Pense um pouco antes de sair dizendo que a Onipotência foi derrotada. No máximo, podemos dizer que mostramos que um
certo conceito não faz sentido, e é só. Posso ter deixado escapar numa ocasião, há 6 anos atrás, que não existe, ou
não pode existir, onipotência. Mas hoje sou menos presunçoso que isso. Digo apenas que o conceito não tem sido devidamente
tratado, que é mal aplicado, talvez não seja usável, etc. Mas como cada dia me sinto mais inclinado a uma Filosofia do
CAOS, vejo que pressupor que a razão, que nada mais é do que uma instância de ordem, seja superior a tudo o mais que exista
no universo, é algo que não está de acordo com uma postura cética.
Podemos não ser nada sem a razão, podemos depender dela em todas as instâncias do conhecimento, mas daí a querer ir além
disso é, como eu disse há mais de 10 anos, "querer que uma pessoa de algumas dezenas de anos, ainda que baseado em
conhecimentos de algumas dezenas de séculos, querer ditar as regras à um universo de incontáveis centenas de eras."
Com esse parágrafo anterior, aliado a anterior crítica da essência auto limitadora, você já deve ter deduzido minha
resposta a sua última questão. Mas ainda vale acrescentar algo que também é consenso entre os teólogos.
Deus não é racional. Porque razão pressupõe carência. Isto é, é preciso não saber algo, e por meio de processos
cognitivos, que se dão no tempo, passar a saber. Mas um ser ONISCIENTE sabe tudo! Não precisa pensar! E como ainda
por cima é eterno, estando fora do tempo, não usa processos temporais. Portanto, não é racional.
É claro que podemos sim construir um teísmo racional. Sem problema. E colocar as coisas dessa forma que você falou.
Mas isso implicaria em não tolerar, de modo algum, contradições, e isso destruiria toda a teologia cristã instantaneamente.
Mas por mais que eu seja um apologeta da racionalidade, também gosto de pensar que além do universo do
Tecnicamente Possível, existe o Fisicamente Possível, e além desse o Logicamente Possível. Mais além desse, temos
o Poeticamente Dizível. Isto é, "círculo quadrado" não faz sentido, é ilógico, mas podemos dizê-lo.
Mas e se além de tudo isso, existir o universo do Indizível, do Impensável, do "Inintuível"?
Amigavelmente
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20 de Março de 2009 |
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Fábio Duarte Ribeiro - 1986
Machado-MG - Universitário
Teista indefinido panteísta (Em Defesa do Agnosticismo)
706, 709
f a b i o d r i b e i r o
y a h o o . c o m . b r
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Caro Marcus, acho que não respondeu minha ultima mensagem porque ela não atendeu seus requisitos de postagem, mas tudo bem, pelo menos voce a leu, eu entendo perfeitamente seus motivos, o erro foi meu de não ter prestado a devida atenção. Dessa vez, não sei se o tema abrange diretamente alguma de suas obras, mas queria que me esclarecesse uma dúvida, a respeito dos egípcios, de como em uma época remota, com sua óbvia escasses tecnológica e científica, essa civilização foi capaz de edificar as pirâmides? Há especulações de intervenção extraterrestre, sobrenatural e etc. Qual sua opinião?
Um abraço! Aguardo sua reposta!
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Quarta, 18 de Fevereiro de 2009 |
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Tema: Egípicos, Construção das Pirâmides, Tecnologia,
Número de Caracteres
- Mensagem: 524
- Resposta: 1.240
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Olá de novo Fábio...
Como deve ter visto, sua mensagem foi respondida sim, peço mais paciência daqui em diante.
Não vejo porque tantas pessoas se impressionam com a construção das pirâmides em seu aspecto tecnológico. Ora, porque será
que pirâmides são comuns em civilizações antigas? Há mais de uma resposta, mas uma delas seguramente é que são fáceis
de serem construídas. Elas são estruturas quase maciças e tendo a base muito maior que o topo, são estáveis.
É muitíssimo mais difícil construir prédios altos e verticais, como os de hoje. Não é a toa que os edifícios que temos a
partir do século XX seriam completamente impossíveis de serem construídos por qualquer civilização antiga. É claro que
a construção das antigas pirâmides não deixou de ser um desafio para àquelas civilizações, mas lembre que elas demoravam
décadas para serem terminadas, usando milhares de trabalhadores.
Pela sua própria forma, permitem que cada andar sirva de base para a construção do próximo, diferente de edifícios verticais
onde é preciso construir andaimes paralelos. Para perceber o quanto uma pirâmide é simples de ser edificada basta lembrar
que ela não tem como tombar, exceto que sua altura seja maior que a base, o que não é o caso de nenhuma das antigas e
grandes pirâmides.
Enfim, não superestime a engenharia dos egípcios por isso. Foi um grande feito, e merece nossa admiração, mas nada que
justifique levar em conta hipóteses mais ousadas que a simples competência e esforço humanos.
Amigavelmente
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7 de Março de 2009 |
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Xenon M Gilgul
-
1944
-
Rio de Janeiro-RJ
Funcionário do Governo
Pesquisador da Verdade Transcendental
645,
651,
655,
694,
698
x e n o n m e n t a l i s t a 2
y a h o o . c o m . b r
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Caro Marcus:
Verifiquei que minha mensagem não foi respondida. Gostaria de saber se o seu senso de justiça me permitiria comentário
sobre suas palavras na resposta 676 que diz:
“Bom ver também que o Verbete na Wikipedia já foi corrigido de acordo com uma definição que tanto eu quanto o Xenon não
achamos apropriada, mas que tenho que admitir que é o significado mais difundido do termo. Ele havia simplesmente se
apropriado do termo para redefini-lo para o sistema dele, e eu pedi-o que o desfizesse. Não sei se foi ele que fez, mas ao
menos está feito.
Esse é um hábito que considero extremamente reprovável, tudo bem dar um novo significado para um termo, ou enfatizar um
significado minoritário, mas daí a sair dizendo que as demais significações estão erradas, principalmente quando já são
consagradas, é querer reescrever a história. Já vi mais de uma vez situações similares e volta e meia estou brigando
contra isso”
Não foi bem assim que o fato aconteceu, dessa forma, peço registro das seguintes correções:
1 – O significado de “mentalismo” como mágicas e ilusionismo, NÃO é o mais difundido. O mais difundido é o significado esotérico do termo que vai ligado ao hermetismo e à cabala com base no Princípio do Mentalismo que diz “O Todo É Mental”, conhecido há milênios antes de Cristo, basta dirigir as pesquisas para leis herméticas.
2 – Eu não “me apropriei” do termo. Quem se apropriou desses termos foram os mágicos de palco. Os termos “Mentalismo” e “Mentalista” são utilizados com o sentido de mudança REAL das condições de vida das pessoas, pela mudança dos seus pensamentos, há mais de um século. É só estudar autores antigos como WILLIAM WALKER ATKINSON, GABRIEL, H. W, PRENTICE MULFORD, etc, porém, há os autores mais modernos que difundiram esses termos, como Joseph Murphy e Lauro Trevisan. Aliás, é deste último que extraí o nome da minha Página.
3 – A difusão do sentido de espetáculos para esses termos é apenas uma questão de marketing bem dirigido pelos interessados, o que é reprovável, pois afasta as pessoas de estudos mais sérios sobre o tema.
4 – A Wikipédia não permitiu a publicação dos meus verbetes baseada APENAS na opinião de alguns analistas brasileiros, isto, a meu ver, reflete APENAS a visão particular deles e não a visão da enciclopédia. Prova disso é que a Wiki em espanhol aceitou os meus verbetes.
Mais uma vez conto com o seu senso de justiça para que meu nome não fique ligado a uma impressão tão negativa da sua parte e dos seus muitos leitores.
Um grande abraço do seu amigo e admirador,
Xenon.
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Terça, 24 de Fevereiro de 2009 |
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Tema: Mentalismo, Ilusionismo, Mágica, Hermetismo,
New Thought, Esoterismo
Número de Caracteres
- Mensagem: 2.107
- Resposta: 4.860
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Caramba. Outro apressadinho!
Prezado Xenon. Assim como eu disse na mensagem abaixo, eu só realmente descartei uma mensagem
se ela ficar pra trás no Livro de Visitantes, este aqui, e não no Dreambook. No caso, eu já tinha removido
a sua do dreambook porque já a havia inserido no código de resposta e estava pensando no que responder, só que demorei
mais do que esperava e acabei viajando.
Curiosamente, eu não iria dizer muita coisa sobre ela, visto que você apenas expressou sua concordância e entendimento
do texto, caindo na Categoria 8 das situações em que normalmente não respondo, no caso, a categoria boa. Mas eu ia aproveitar
para comentar um pouco mais sobre essa polêmica que você levantou agora, de forma explícita, então, preferi substituir
a mensagem, vamos lá.
Discordo totalmente de sua afirmação. Pelo que sei, o termo mais difundido sempre foi e continua sendo no sentido de
Ilusionismo. Infelizmente. Minha experiência pessoal já me deixou isso claro, mas podemos apelar para uma pesquisa simples
na web.
Não sei se podemos confiar tanto assim no Google, mas devo dizer que ele foi implacável na constatação de que o uso mais
difundido de Mentalismo é sim o tradicional, a não ser na Língua Portuguesa, e graças a você, pois todos os textos
que encontrei com mentalismo em outra acepção são seus. Em inglês, o resultado é bem outro.
Os autores que você citou tornaram isso ainda mais flagrante.
No maior site sobre William Walker Atkinson, o
williamwalkeratkinson.wwwhubs.com, a palavra Mentalism
nem sequer aparece, e em todas as dezenas de textos do site, só há duas ocorrências da palavra Mentalist, uma das
quais na acepção tradicional e somente uma na acepção que você defende, e mesmo assim de um modo obscuro. A mesmíssima
coisa acontece em seu verbete na Wikipedia em inglês.
Já no site de Prentice Mulford, nem sequer isso
acontece, bem como na wikipedia, e o mesmo ocorre também para
Gabriel H.W., que também não retornou resultado relevante algum associado a mentalist ou mentalism
De Joseph Murphy, que por acaso já li dois livros, também nunca tinha visto a palavra "mentalismo", e onde ela aparece
normalmente quase sempre é na significação clássica de ilusionismo, ou a associação está sendo feito por um terceiro.
Já no caso de Lauro Trevisan, o que encontrei pode até ser um pouco constrangedor. Pois o único resultado que o Google
fornece, para o site www.laurotrevisan.com.br é o de um recado onde alguém diz
"Encaminhei um texto pedindo apoio para divulgação da idéia de que Mentalismo não é ilusionismo, mas ao invés de um
apoio ou orientação, o meu recado sumiu.", e por sinal, esse resultado já não mais aponta para link algum, ou seja,
também sumiu. Pelo jeito, Lauro Trevisan não está disposto a ajudar.
Outro resultado que aparece muito, em todas as situações citadas, é o da série de TV norte americana
The Mentalist, sobre um ilusionista que ajuda a polícia na
solução de casos complicados graças a suas técnicas de observação que eram antes usadas para truques de mágica. Há também
muitos anúncios de mentalistas profissionais oferecendo seus serviços em truques com cartas de baralho e shows de mágica
ao vivo.
Bem. Os autores que você citou estão todos associados ao movimento
New Thought, cujos textos mais acessíveis também não mencionam
"mentalismo".
E enfim, eu não achei um único texto onde a palavra Mentalismo está associada à sua acepção, que não seja de sua própria
autoria. E considerando que praticamente já obteve maioria nos resultados mais imediatos do Google, creio que está desenvolvendo
um bom trabalho no que se refere a se apropriar e redefinir o termo.
Portanto, a não ser que me mostre evidências que sustentem sua afirmação, de que o sentido
"...mais difundido é o significado esotérico do termo que vai ligado ao hermetismo...",
não posso concordar com você. E se para isso eu tiver que
"...dirigir as pesquisas para leis herméticas.", aí, sinto muito, mas já começa a ficar
difícil levar a sério.
Os resultados mais difundidos, POR DEFINIÇÃO, são justamente os não direcionados! E se eu direcionar a pesquisa para
"mágica e ilusionismo", não vale? Pois mentalism e hermetic voltaram 2.720 resultados e
mentalism e hermetism 2.500, somados pouco mais de 10 mil. Já
mentalism e ilusionism voltaram 33.100 e mentalism e magic 171.000!!!
Então como pode ser mais difundido o significado hermético?
Isso sequer faz sentido, visto que, mais uma vez POR DEFINIÇÃO, hermético é necessariamente uma coisa pouco difundida!
Eu lamento que o termo tenha sido apropriado por mágicos e ilusionistas, se é que o foi, e eu realmente
preferiria que ele existisse numa outra acepção. No caso, de um modelo de natureza que pressuponha que tudo no universo
pode ser reduzido a entes mentais, o oposto de Fisicalismo / Materialismo. Mas não é o caso! O termo mais difundido é sim
o de ilusionismo. E mesmo na filosofia e psicologia, mentalismo tem a acepção de teorias que apenas postulam o ente
mental de forma extra comportamentalista, se aproximando na verdade de um dualismo.
Se você quer redefinir o termo, tudo bem, mas não venha dizendo que o significado original esteja errado, tenha sido
cooptado, e muito menos que o mais difundido não seja o que é. ILUSIONISMO!
Não tente falsificar a história. Se quiser mudar mude, lute por isso, mas não finja o que não é.
O conselho que eu dou é para de afirmar "Mentalismo não é Ilusionismo", porque isso é como sair dizendo por
aí que "Mágica não é Ilusionismo" e tentando redefinir o termo num sentido de magia que a maioria das pessoas só leva
a sério no cinema. Tente substituir para algo do tipo "Mentalismo, num sentido mais original, é..."
Ou, talvez, melhor. Crie um neologismo. Dependendo de qual for, pode ter um ótimo efeito. Se quiser pode até usar os
que eu criei: MENTÔNICA, ou MENTONISMO. Aí, pode apostar que vou te ajudar.
Amigavelmente
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28 de Fevereiro de 2009 |
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Fábio Duarte Ribeiro - 1986
Machado - MG
Universitário
706
f a b i o d r i b e i r o
y a h o o . c o m . b r
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Caro Marcus, Obrigado por responder minha mensagem, dessa vez, quero deixar apenas uma curiosidade, e se alguém, qualquer um que quiser fazer alguma crítica, para mim não haverá problemas.
Porque os cristãos admiram e se prostam diante de uma cruz? Será que já pararam para pensar o que foi uma cruz? Para mim, nada mais foi que um instrumento de tortura e sacríficio utilizado pelos judeus no tempo de Jesus! Eu mesmo já me comportei assim , e talvez você tambem! Porque ajoelhamos, pedimos, agradecemos, oramos, carregamos no pescoço, no retrovisor do carro, e a firmamos na torre das igrejas? Quando vejo uma cruz acompanhada da figura de Jesus, até que faz sentido, mas somente uma cruz, não faz sentido , é como adorar uma cadeira elétrica que foi utilizada mara matar um revolucionário que viveu no século passado por exemplo, e que tivesse idéias ousadas que pregasse o amor, libertação, compaixão e justiça, e que entrassem em conflito com um sistema de
governo, fundindo os adjetivos, injusto! . É claro que em nossa época existe uma liberdade de pensamento incomparável ao tempo de jesus, e talves uma condenação a cadeira elétrica a alguém com idéias novas não se aplicaria , mas mesmo assim a analogia é compatível. Finalizando, acho que os cristãos mantém essa postura por imaturidade na própria fé. Espero não ter ofendido ninguém, se ofendi, não me importo, é apenas o que penso! Caro Marcus, se quiser acrescentar algo... Um braço! Até...
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Quarta, 18 de Fevereiro de 2009 |
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Tema: Cristianismo, Idolatria, Cruz, Simbolismo, Reverência
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.210
- Resposta: 2.120
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Prezado Fábio...
É uma ótima pergunta, e eu jamais deixaria de respondê-la. Você poderia ter esperado um pouco mais antes de postar outra
mensagem, pois somente quando eu respondo uma mensagem posterior sem responder uma anterior, e que esta de fato não
será respondida.
Mas vejamos. Os cristãos reverenciam a Cruz por dois motivos. Primeiro, porque é inerente ao ser humano adorar alguma coisa,
e os símbolos visuais são irresistíveis. Portanto, o Cristianismo precisava de um símbolo forte, e já vimos que o
"Peixe", que era o símbolo original, não pegou.
Segundo, porque o cristianismo, após sua instituição maior pela Igreja Católica de Roma, que de fato viria a instituir a
"Cruz" como símbolo, é uma revolução completa de toda a mentalidade do mundo antiga, deixando valores, ícones, percepções
e conteúdo estéticos, de "pernas pro ar", como disse um certo anti-guru meu.
Os antigos veneravam símbolos vitais, as formas eróticas, a abundância de alimentos, a beleza física, o sexo, e tudo o mais,
que são nada menos que afirmações dos impulsos vitais, da plenitude, do prazer, do apego à vida terrena, isto é, à vida
que de fato conhecemos. O cristianismo, ao pregar o desapego ao material e o apego ao espiritual, renegou tudo isso, e
fez uma mudança de visão de mundo para uma direção diametralmente oposta.
Portanto, o que passou a ser venerado foi a morte, a morte do corpo. Por isso os símbolos de martírio, dor e sofrimento.
Uma mulher bela, ou grávida, ou o sexo, que são símbolos da vida mundana, passaram a ser especialmente desprezados,
e o que passou a ter valor foram imagens de coisas que representavam o oposto, isso é, o abandono da vida material.
A cruz, então, é não só a imagem do sacrifício de cristo, mas um símbolo de tortura e morte que é a antítese de tudo aquilo
que nossos impulsos desejam, que é vida e prazer. Ao adorá-la, o cristão está, simbolicamente, demonstrando seu desapego
pelo mundo material e sua veneração pela passagem que o levará ao mundo espiritual.
A cruz tem também uma conotação mais sutil, mas que se relaciona ao anterior. Ela é o encontro de duas linhas. A horizontal
representa o mundo físico, a vertical representa a ascensão para o mundo espiritual. Onde elas se encontram, é que ocorre
a morte em vida, e o nascimento da vida espiritual, que pode ser interpretado simbolicamente, como um evento psicológico
íntimo, uma transformação comportamental, ou literalmente, como já foi dito.
Agora sou eu que espero não ter ofendido ninguém. Se ofendi, me importo, e só posso pedir que reflita um pouco.
Amigavelmente
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28 de Fevereiro de 2009 |
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Samuel Leme
-
1988
São Paulo - SP
Ilustrador
Agnóstico
s a m u e l s h e e p
g m a i l . c o m
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Olá, Marcus!
Gostaria de fazer um breve comentário sobre o seguinte trecho do texto
Em Defesa da Humanidade:
"[...] Ela é SIM ESPECIAL. É SIM A MAIOR realização de uma natureza evolutiva!
Sem seres senscientes, humanos, para viver neste Universo, ele seria um completo desperdício de Cosmos, e melhor seria ser
revertido ao Caos. Um mundo como o nosso, que não tivesse a possibilidade de ser objeto de relação com seres
auto-conscientes seria tão inútil e dispensável quanto o é um corpo humano sem cérebro. [...]"
Bem, primeiro noto que, dentro da perspectiva de não haverem seres senscientes, não se pode sequer afirmar que o universo
seria um desperdício. Do contrário, comete-se erro semelhante ao daqueles que afirmam que o universo voltaria à uma espécie
de "glória primordial" se a humanidade desaparecesse. No caso, eu entendi que você quis dizer que sem nós ele não poderia
ser considerado útil/inútil, belo/feio, etc; mas, pareceu haver uma tentiva de fundar o valor da sensciência, objetivamente,
como se a capacidade de valorizar e utilizar fosse importante em si.
Mas, entendo que a humanidade só pode ter valor para si, e, como não existe "a humanidade", e sim uma miríade de indivíduos
diferentes, cada um doando um valor diferente de acordo com tábuas de valores particulares - então, não se pode falar em
nada de objetivo e necessário.
Portanto, somos a maior realização, e especiais, apenas em relação à alguém que valorize o fato de sermos senscientes e
capazes de valorizar e utilizar o universo. Este último, por sua vez, continuará sendo indiferente à nós, e completamente
alheio às nossas valorizações e utilizações, da mesma forma que se não existíssemos; com seres senscientes ou não, ele fica
na mesma rs...
Um abraço,
Samuel Leme.
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Terça, 17 de Fevereiro de 2009 |
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Tema: Humanidade, VHEMT (Movimento Humano pela
Extinção Voluntária), Antropocentrismo, Sensciência
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.468
- Resposta: 2.440
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Prezado Samuel...
Obrigado por sua interessante mensagem sobre esse texto que, pensei, seria bastante incômodo aos apologetas da extinção
humana. Curiosamente, eles se calaram. E sei muito bem que vários deles o leram.
Você evidentemente tem toda a razão, seguramente falar na inutilidade de um universo sem sensciência é tão sem sentido
quanto falar em sua utilidade, beleza ou glória, visto que tudo isso são conceitos que só podem existir para os seres
senscientes. Ou seja, remova a sensciência, e todos os conceitos desaparecem, utilidade incluso.
Mas talvez você tenha subestimado o nível de antropocentrismo do texto, que é algo ainda mais radical do que pode parecer
à primeira vista. Em especial, os últimos parágrafos, onde avisei que haveria uma apologia antropocêntrica, mas talvez
devesse ter avisado que seria um desvio poético da racionalidade anterior. Quis dizer que seria inútil para nós, pelo
simples fato de que não teríamos existência, pressupondo, é claro, que tudo o que existe possui alguma necessidade.
Há um paradoxo incluso, mas não passa muito da provocação logo no começo do texto:
"Claro que tudo isso é um ponto de vista antropocêntrico, mas quem tiver algum outro tipo de ponto de vista que não parta
de sua condição humana, não hesite em me apresentar."
Enfim. Nós somos "antropocêntricos", num sentido mais fraco, porque é impossível não sê-lo, visto que qualquer possibilidade
de pensamento e discurso pressupõe nossa humanidade. O que podemos é não ser antropocêntricos num sentido pleno, que é o
de assumir e, sobretudo, gostar disso. Portanto, qualquer discurso que se pretenda anti-atropocêntrico, no fundo, não
passa de uma contradição, pois destrói a base de valor na qual se constrói. É como falar dizendo que tudo o que se fala
é inválido. É como dizer em voz alta "Eu não estou falando agora.". É como negar o princípio de não-contradição.
A consequência é tão profunda, que até a você terminou por escapar essa contradição inerente, pois quando afirma
"...não se pode sequer afirmar que o universo seria um desperdício.", você está fazendo
uma afirmação com sentido, mas como já vimos, a ausência de sensciência anularia o próprio sentido, e sendo assim, a sua
afirmação está tão sem base quanto a minha ou quanto a dos apologetas da "glória" independente da sensciência. Ou seja,
você tão pouco pode afirmar que "não se pode afirmar".
A nossa única vantagem sobre os adeptos do VHEMT e similares, é que nós nos demos conta disso!
Porém, talvez, faça sentido uma valoração objetiva da sensciência, com algo importante em si. Mas não afirmarei isso agora,
é preciso alguma reflexão a mais. Mas fico com seu último parágrafo.
"Portanto, somos a maior realização, e especiais, apenas em relação à alguém que valorize o fato de sermos senscientes e
capazes de valorizar e utilizar o universo."
Ou seja, apenas em relação a nós mesmos. Não faria sentido ser diferente.
Obrigado.
Amigavelmente
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28 de Fevereiro de 2009 |
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Tema: Escola Nova Acrópole, Filosofia à maneira Clássica, Platonismo, Neoplatonismo,
Teosofia
Número de Caracteres
- Mensagem: 207
- Resposta: 2136
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Caro André...
Já frequentei a Nova Acrópole, tendo feito dois períodos de cursos. Trata-se, na verdade, de uma escola de Teosofia,
que é por sua vez um tipo tardio de neoplatonismo. A "maneira clássica" trata-se de uma tradição específica,
com inspiração na Academia de Platão, e que evidentemente está comprometida com uma visão de universo particular. Em
especial, o dualismo, a existência de um mundo "Espiritual", reencarnação, idéias inatas, categorias universais de pensamento
e todo o demais legado do discípulo de Sócrates.
Porém, sua base fundamental tende a ser Helena Petrovna Blavatsky, que sintetiza uma série de conteúdos de diversas
tradições numa versão contemporânea de neoplatonismo que, se por um lado resgata a maior parte dos ensinamentos platônicos,
por outro expande e aprofunda o esoterismo que lhe era latente, apontando então todas as correlações com demais sistemas
místicos, o que sugere uma universalidade de certas crenças. Daí, deduz-se ter encontrado uma fonte única e fundamental
de todas as grandes doutrinas místicas e filosóficas, cuja origem é rastreada passando pelo Egito, Índia, e até nas
míticas Atlântida e Lemúria, e muito mais.
Minha opinião. Entenda-a como um escola doutrinária que irá formar o aluno numa mentalidade específica, dentre outras
possíveis, e avessa, até mesmo hostil, à linhas como existencialismo, estruturalismo, marxismo, e mesmo outras versões
de misticismo como gnosticismo, e também à religiosidade tradicional. Nesse sentido, são bem sectários e dogmáticos,
extremamemente conservadores a ponto de terem discursos anti-democráticos, defendendo um modelo de estado, ao melhor
estilo platônico, claramente aristocrático com implicações inegavelmente fascistas.
Tive uma notável contenda lá, quando decidi criticar publicamente, com panfletos, um texto que considerei, e considero,
simplesmente execrável, que era basicamente uma apologia do conservadorismo androcrático que invertia totalmente
qualquer noção sã de realidade. Uma esquizofrenia completa, destoando dos demais textos que eram, em sua maioria,
bastante sensatos. Cheguei a pensar que era um engano. Mas não, rendeu uma boa polêmica dentro da escola.
Portanto, se você já é um platônico, provavelmente vai se dar bem. Se é teósofo, estará em casa. Se é um iniciante em
filosofia, não recomendo, pois você será simplesmente doutrinado. E se é qualquer coisa estranha a essas tradições,
esqueça, não vai gostar.
Se for fã de qualquer linha filosófica dos Século XIX e XX. Passe longe!
Amigavelmente
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27 de Fevereiro de 2009 |
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Fábio Duarte Ribeiro - 1986
Machado - MG
Universitário
f a b i o d r i b e i r o
y a h o o . c o m . b r
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Marcus Valério, li todos os seus textos, e me identifiquei bastante com o su maneira de enxergar o mundo. Também sou uma
pessoa muito crítica, e me considero de certa forma um filósofo, apesar de não ter cursado filosofia, pois reflito sobre
quase tudo que está a minha volta. Achei ótimo o conteúdo dos seus textos, seus argumentos e suas hipóteses apesar de não
estabelecerem uma verdade absoluta sobre os temas abordados, e isso seria impóssível como você mesmo disse e eu concordo e
sei que também não é sua intensão impor uma verdade como fazem os fundamentalistas, possui elementos essênciais para uma
boa tese, que são, coerência, racionalidade e bom censo. Se já esteve, eu não sei, mas alguma vez ja se interessou em
aparecer na mídia? tipo em um daqueles programas de tv que debatam temas polêmicos? Se é que seria do seu interesse,
não sei...!Bem em fim queria dar um ultimo recado, será que poderia produzir um texto expondo sua opinião sobre a eutanásia?
Aguardo sua resposta! um abraço!
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Quinta, 5 de Fevereiro de 2009 |
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Tema: Mídia, Programas de TV, Debates, Eutanásia
Número de Caracteres
- Mensagem: 826
- Resposta: 4037
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Bem vindo seja, Fábio. Obrigado por sua mensagem e incentivo.
Sim. Seria interessante ir a um programa de TV ou Rádio. Mas é preciso observar algumas condições. Os bons programas tem
poucos entrevistados, e os debates devem ter um mediador neutro, inteligente e eficiente em conduzir a discussão. O que
devemos dizer, é raro. Também depende muito de com quem se vai debater. Existem muitas pessoas com as quais é impossível
uma discussão civilizada. Ou você se cala, e se dá por vencido pela força bruta, ou tem que gritar e xingar ainda mais
alto.
Para mim, o sistema ideal num debate seria onde cada parte tivesse um tempo definido limite, mas fosse acumulado para as
próximas falas o tempo que deixou de usar. Por exemplo. EU começo com 2 minutos de fala exclusiva, que não pode ser interrompida,
devidamente contados com um relógio visível à todos, ao fim dos quais meu áudio é simplesmente cortado, mas que também
posso terminar antes do prazo. Digamos que o tenha feito 15s antes do fim. A vez é então passada para VOCÊ, com as
mesmas características. Mas quando eu voltar, terei então 2'15" de tempo. Ou seja, a pessoa que sabe sintetizar bem o
assunto é recompensada com tempo adicional. E o mais importante, o sistema não pode deixar que quem esteja na vez seja
interrompido.
Nunca vi nada parecido em lugar algum. Os programas de debate que costumamos ver dependem muito da qualidade dos
debatentes, que quando são bons, é claro, superam qualquer limitação. Muitos mediadores também não ajudam, as vezes
tomando partido escandalosamente de um dos debatedores. E quando há desequilíbrio entre as partes em termos de polidez
e cortesia, o que fatalmente acontece é que o grosseiro toma o tempo todo pra si, porque interrompe o bem educado o
tempo todo, em geral aos gritos.
Realmente eu devo um texto sobre a Eutanásia, mas posso deixar aqui minha opinião em linhas gerais. A princípio não vejo
nenhuma possibilidade racional de condenar o suicídio esclarecido, isto é, a pessoa que numa decisão bem pensada decide
dar cabo da própria existência minimizando ao máximo o impacto sobre a vida alheia.
Se a eutanásia for a pedido do paciente, no caso de doentes sem chance de recuperação e em estado de perpétuo sofrimento,
não há possibilidade racional de considerá-la anti-ética. Algo similar pode se dar mesmo no caso de não ser a pedido
do próprio paciente, no caso de este estar constantemente inconsciente, e, mais uma vez, não tiver chances de recuperação.
A questão da possibilidade de recuperação pode deixar dúvidas no caso de pacientes jovens, mas não no caso de pessoas
idosas que já estejam no limiar de sua existência. Em síntese, creio que nesses casos, principalmente no caso de idosos
enfermos que dependam de aparelhos, a eutanásia será válida sempre que for a pedido do paciente, ou que este não esteja
mais consciente e sem chance de reabilitação.
O problema todo passa, então, a ser técnico, e não ético. Como podemos saber que há ou não chance de reverter o quadro
de deterioração?
Apesar de tudo isso, e de toda a polêmica envolvida, tenho um argumento que creio ser capaz de encerrar a questão, nesse
caso mais específico. É que em pouco tempo, não se tratará mais de uma questão de podermos ou não, de optarmos ou não.
Cedo ou tarde, chegaremos numa situação de que não teremos escolha, e estaremos tecnicamente praticando eutanásia em massa.
Todos os dias.
É simples. Cada dia surgem novos equipamentos capazes de manter os órgãos vitais funcionando. Cada vez há mais recursos
de ressuscitação e cada vez mais métodos de prolongamento da vida corpórea. Porém, no que se refere a "vida" cerebral,
as coisas são muito mais complicadas. Manter um coração ou um pulmão funcionando é uma questão puramente mecânica,
mas manter um cérebro funcionando ainda está além de nossa capacidade, e talvez sempre esteja.
Num futuro não muito distante, chegará o momento em que teremos tecnologias capazes de manter praticamente qualquer corpo
moribundo vivo, mas sem chance de viabilizar suas funções cerebrais. Ou seja, acabaremos por chegar numa situação onde,
mantida a proibição da eutanásia, seremos obrigados a manter centenas, milhares e até milhões de corpos em funcionamento,
sem nenhuma chance de vida consciente.
Seria um gasto estupendo de recursos, e completamente inútil. Imagine toda a verba da saúde sendo gasta com máquinas que
mantém, ou exercem a função de órgãos vitais, apenas para manter ativos corpos de uma população idosa que não para de
crescer! Nesse ritmo, chegaria ao ponto de que a maior parte da população estaria lá, ligada em máquinas, corpos sem
qualquer vida consciente, desperdiçando recursos materiais.
Portanto, diferente da questão do aborto ou do homossexualismo, a Eutanásia irá se impor por questões práticas, cedo ou
tarde, quer gostemos ou não. E é melhor nos prepararmos desde já para evitar essa situação.
Amigavelmente
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7 de Fevereiro de 2009 |
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Edmilson Carneiro Santana de Aguiar
1959
Rio de Janeiro
Professor de Física
-
Batista
693
e d m i l s o n
u s p . b r
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Prezado Marcos Valerio, sua pergunta foi muito oportuna, através dela posso trazer mais esclarecimento sobre meu trabalho,
vou responder com uma ilustração: Imagine se o fóton fosse um velocista muito veloz, e corresse em cima de um enorme tapete
e sua passada medisse um metro, sendo que, em cada passada o tapete escorregasse um milímetro para traz. Agora imagine se
fossem mil corredores, isto significa então que eles não sairiam do lugar porque o tapete escorregaria um metro para traz
a cada passada desses corredores. É mais ou menos isso que suponho ocorrer em um buraco negro. Sendo um buraco negro um
corpo excessivamente massivo, deve emitir uma quantidade muito grande de fótons, fazendo com que o espaço ao seu redor seja
puxado para ele como um enorme ralo e a todo corpo que passe por sua volta. Até mesmo a luz dependendo, do raio de sua
trajetória, sofrerá algum desvio ou mesmo mergulhar no buraco negro.
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Quinta, 29 de Janeiro de 2009 |
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Tema: Física, Gravitação, Teoria Gravitacional,
Buraco Negro, Anti-Gravidade
Número de Caracteres
- Mensagem: 766
- Resposta: 923
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Olá Professor Edmilson...
Muito obrigado por responder minha questão colocada na Mensagem 693 sobre sua
teoria gravitacional, que pode ser lida em
Uma Nova Hipótese Para o Fenômeno da Gravidade.
Pensei então numa analogia com as praias, onde a forças de tração contrárias como as ONDAS e os REPUXOS. Muitas
vezes as ondas superam os repuxos e nos empurram de volta a praia, outras vezes os repuxos vencem e nos levam
mar adentro.
Parece-me que o buraco negro seria então um caso de vitória esmagadora dos repuxos sobre as ondas. Ou seja, as
"ondas" não estão conseguindo trazer os fenômenos eletromagnéticos porque o repuxo está forçando tudo a voltar.
Creio ser uma explicação convincente.
Isso me lembra certas propostas que visavam unificar as Forças Eletromagnética e Gravitacional. No seu caso, seria
então a redução da última a primeira? Ou sua mera desclassificação como força?
E se não é uma força como a Eletromagnética e as Nucleares, parece-me não haver nenhum meio pensável de anulá-la,
a mão ser anulando também toda a força eletromagnética.
Seria possível um sistema anti-gravitacional?
Amigavelmente
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4 de Fevereiro de 2009 |
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Diego Barros Maia
-
1982
-
Brasília-DF
Estudante e Servidor Público
Espiritualista
501
532
560
567
604
630
631
d b m a i a
y a h o o . c o m
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Olá Marcus, como está você? Espero que tenha conseguido se recuperar dos últimos acontecimentos. Torço de verdade para que você esteja bem!
Hoje escrevo mais para bater um papo com você do que propriamente para contribuir com alguma coisa, por isso, não há problema se você não postar uma resposta a esta mensagem (até porque acho que você já não ia mesmo, pois ela não atende às regras de postagem, hehehe!), mas seria muito bom que vc me respondesse pelo menos por e-mail.
Você já viu "O Dia em que a Terra Parou"? Se não, viu, veja! Há muito lá que me lembra o seu excelente conto: "Os progenitores". Confesso inclusive que se o seu conto virasse um filme, desbancaria qualquer outro filme que já foi lançado sobre o tema. Por falar em contos seus, muito obrigado por se lembrar de mim em relação ao seu mais novo conto "O planeta fantasma". Assim que tiver algum tempo disponível lerei e compartilharei minhas impressões contigo.
Uma coisa que gostaria de te perguntar, já a algum tempo: Em algumas mensagens você disse que, entre os motivos para você deixar de ser Gnóstico, estaria a leitura do livro: Hercólubus, ou planeta vermelho, do tal Mestre Habolú. Livro este que na sua opinião, foi uma das coisas mais debilóides (hahaha) que você ja leu. Gostaria de saber o por quê. Eu nunca li este livro, mas nas minhas buscas espirituais já ouvi falar bastante sobre o Hercolubus. Dessa forma, fiquei curioso para saber sua opinião sobre este assunto.
Assim que tiver mais um tempo irei postar aqui para desenvolver um dos assuntos da minha última mensagem: a insensibilidade humana quanto à forma de tratar os animais. Gostaria apenas de adiantar uma pergunta, até mesmo para que eu entenda melhor a sua posição antes de escrever: É realmente necessário o sofrimento animal para reduzir o sofrimento humano, principalmente no tocante à alimentação?
Um forte abraço!
Diego
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Segunda, 26 de Janeiro de 2009 |
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Tema: FC, O Dia em que a Terra Parou (Spoilers!),
Hercólubus, Ética e Animais
Número Aproximado de Caracteres
- Mensagem: 1.555
- Resposta: 4.050
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Bem vindo de volta Diego...
Eu não poderia deixar de responder essa mensagem, visto que faz perguntas e toca temas centrais deste site.
Ademais, já faz tempo que você não aparece por aqui. Mais de um ano!
Obrigado pelos votos de melhoras. Sim. Já assisti a nova versão de
O Dia em que A Terra Parou, por sinal sua mensagem foi o incentivo que faltava para ir vê-lo.
A seguir SPOILERS!!!
No geral, é bem próximo ao original, com adaptações de época em geral bem vindas. No original não é dada explicação
alguma para o fato de Klaatu ser humano, e o modo como se apresentou quase justifica ter tomado um tiro. As adaptações
pareciam inevitáveis. Os alienígenas no filme original não tinham preocupação ambiental, e sim com a propensão humana
à violência que poderia, ao ameaçar outras civilizações, resultar na extinção da espécie humana. Se não viu a versão de
1951, recomendo. Muita coisa na versão nova só é compreensível para quem viu a original.
Como você citou meu conto Os Progenitores, cheguei a pensar por um tempo que a
humanidade fosse esterilizada, mas pensando bem, isso não eliminaria a ameaça, pois o humanos ainda poderiam ameaçar o
planeta, talvez até por vingança. No final, parece que o filme teve mais haver com
O Pulso ainda Pulsa. E é no final que ficou a única falha grave do filme. No original,
a "Terra parou" por meia hora, mas neste, o efeito parece ter sido definitivo. Não entendo como isso poderia ajudar a
humanidade a melhorar!
Fim dos Spoilers!!!
Sobre o famigerado livro em questão, peque de graça em
Hercólubus ou Planeta Vermelho (download em PDF),
e não dê mais dinheiro para essa lamentável amostra do que a mente humana pode fazer de pior. Já disse alguma coisa
anteriormente, mas para que ninguém perca tempo, posso parafraseá-las aqui:
"...a mais IMBECIL, ESTÚPIDA, RETARDADA e DEBILÓIDE coisa que já li em toda a minha vida!!! Ou então uma genial obra de humor.
Depois de tomar contato com esta pérola do No-Brain, fiquei até com vergonha de dizer que um dia frequentei um escola
dirigida por este cidadão que só pode estar completamente fora de si ou tirando um enorme sarro de todas a mentes sãs."
111
"...não dá pra levar com um mínimo de seriedade. É absolutamente estúpido! Nunca tinha vista tanta imbecilidade e demência numa
obra só! Sinto Muito! Mas é tragicômico! Está abaixo da crítica!
Isso simplesmente demoliu de vez a visão que eu possuia dessa gnose moderna de tradição colombiana."
122
"...simplesmente indefensável, razão pela qual acho pouquíssimo provável que alguém em sã consciência se proponha a advogar
que ele seja mais que uma piada ou uma completa sandice.
É realmente muito difícil de acreditar que corpos celestes maiores que o planeta Júpiter estivessem a caminho da Terra e
ainda não fossem claramente vistos a olho nu. Pequenos planetóides é possível, mas algo 6 vezes maior do que o maior
planeta do sistema solar?!?!
A descrição de vida em outros planetas é impossível de ser lida sem uma reação emotiva intensa, quer de diversão quer de
piedade, como a dos venusianos que vivem num mundo onde não existe nenhum perigo, e mesmo assim andam com escudos de
invulnerabilidade e armas capazes de desintegrar uma montanha!"
250
Por sorte nunca me apareceu nenhum pseudo-místico / pseudo-exotérico vidente crente paranóico defendendo esse livrinho,
e quase certamente eu não responderia sua mensagem, mas para se ter alguma idéia do nível de um típico crente
hercolubiano, veja esta mensagem
Um Protesto a Favor do Hercólubus, no ótimo
site de Astronomia para o qual tenho um link na página principal.
O mais trágico de tudo e saber que esse micro compêndio de asneiras está sendo distribuído em metade do mundo, nos mais
diversos idiomas. Se é que isso é verdade. Não me surpreenderia se não fosse, mas seria otimismo demais.
Enfim, faça o download da coisa e tenha sua própria experiência, mas vou logo avisando: E rir ou chorar!
Quanto a sua última questão, eu realmente sou da opinião de que deveríamos ser todos vegetarianos. Creio que num estágio
ético mais avançado, será espontâneo o abandono da matança sistemática de animais para satisfazer nossos gostos. No entanto
é fato que se alimentar de animais é simplesmente inevitável em diversos contextos.
Os esquimós por exemplo não tem como plantar, não tem o que colher, não tem outra opção. Nos desertos muitas vezes ocorre
a mesma coisa, é fácil entender que em muitos contextos abater e se alimentar de um animal é muito mais fácil, prático
e rápido do que procurar vegetais. Principalmente para os nômades, comer animais, apesar da dificuldade da caça, é em
muitos casos até mesmo mais seguro, visto que muitos vegetais podem ser indigestos e venenosos, o que nunca é o caso de
aves e mamíferos.
Por isso, os hábitos carnívoros da humanidade são compreensíveis, devido a nosso histórico evolutivo. Mas discutiremos isso
em sua próxima mensagem.
Amigavelmente
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3 de Fevereiro de 2009 |
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Paulo Gabriel Galindo Ribeiro
-
São Vicente
-
1994
Estudante
Agnóstico
696
p a u l o _ 1 5 0 9
h o t m a i l . c o m
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Olá de novo, Marcus!
Recentemente li sua resposta á minha última (e primeira!) mensagem no seu site.
Como sempre, seus discursos são um misto de
lucidez e acuidade filosófica. Bom, indo direto ao assunto, só quero deixar claro algumas coisas.
Parece que você, assim como boa parte dos "céticos" que abundam por aí hoje em dia na Internet, parece ter uma certa
dificuldade em lidar com temas teológicos, pois você confunde de certa forma os termos geralmente colocados nessas
discussões e acaba por distorcer seu significado, ainda que partindo de uma dúvida (e subsequente abordagem) honesta.
Vejamos um exemplo. Na Deus Me Livre, você diz:
"Nesse sentido, o Livre Arbítrio em Agostinho, e em quase toda teologia
cristã, é anulado por dois fatores, primeiro por ser condicional, "Eu lhe dou a opção de escolher X ou Y, mas se escolher
Y vai sofrer tais e quais consequências que eu mesmo determino".
Aqui duas coisas precisam ser ditas. Primeiro:
você confunde LIBERDADE com LIVRE-ARBÍTRIO. Ainda que não pareça essas duas coisas são distintas na teologia cristã.
LIBERDADE para NÃO servir á Deus ninguém tem, porque de acordo com o cristianismo todos nós temos que louvar e glorificar
o Criador e sermos submissos ás suas leis. LIVRE-ARBITRIO se refere á escolha que PODEMOS fazer entre servir e não servir
á Deus, mas seremos punidos se escolhermos NÃO, porque o propósito do ser humano é servir á Deus. Enfim, temos
Livre-arbítrio, ou seja, a capacidade de escolher, mas não LIBERDADE, porque somos determinados á servir á Deus.
Nenhum filósofo cristão jamais defendeu o "livre-arbítrio" nesse sentido amplo que você defende, mesmo porque isso gera
idéias contraditórias, como seu próprio texto afirma! Enfim, temos o livre-arbítrio de escolher "x" ou "y", mas não
liberdade, porque temos que escolher "y" de qualquer forma. Acredito que o tal livre-arbitrio refere-se simplesmente á
nossa capacidade de escolher entre um e outro, mas não na nossa liberdade em poder escolher a opção errada sem arcar com
as conseqüencias. Em suma, você tem a CAPACIDADE de escolher acreditar que "2+2=5", mas isso não significa que esteja
correto, e nem que você deva acreditar nisso. Não sei se me expressei bem, mas acho que deu pra entender. Objeções são
bem vindas! :D
Segundo, agora em relação ao conceito de onipotência. Achei particularmente lúcido o seu discurso sobre contradição e
não-contradição, apesar de estar evidentemente um pouco confuso! :) Mas tenho uma objeção. Como esclarecido no texto em
inglês que lhe enviei, a contradição da onipotência não se sustenta muito bem além da mera confusão linguistica. Veja isso:
"Omipotence is maximal power. Some philosophers, notably Descates, have thought that omnipotence requires the ability to
do absolutely anything, including the logically impossible. Most classical theists, however, understood omnipotence as
involving vast powers, while nevertheless being subject to a range of limitations of ability, including the inability to
do what is logically impossible, the inability to change the past or to do things incompatible with what has happened,
and the inability to do things that cannot be done by a being who has other divine attributes, e.g., to sin or to lie."
(Álias, o artigo inteiro é muito interessante, dê uma olhada...)
Ou seja, o termo "onipotência" na teologia clássica nunca foi cunhado para se referir á uma espécie de "PODER ABSOLUTO",
mas sim á uma espécie, de poder muito grande, porém limitado em vários aspectos, como mostrado na citação acima.
E onde isso nos leva? Inevitavelmente á conclusão de que a sua objeção contra a "teologia tradicional" não é válida, não
porque o problema que você apresentou é solúvel, não, de fato é uma contradição insolúvel, mas sim porque a tal "teologia"
nunca disse tal coisa! Ela nunca definiu onipotência do jeito que você faz! Você poderia de fato objetar contra a definição
de Descartes ou outros filósofos, mas não da "teologia tradicional" que é justamente o que você esta atacando!
Eu realmente queria dizer mais sobre esse assunto da onipotência, mas se for assim, essa mensagem vai ficar muito grande.
Então, fica pra próxima. No entanto, queria fazer uma última observação sobre a sua resposta á minha primeira mensagem.
Eu não traduzi os termos "nothing" e "anything" não por causa que eles não tem tradução, e sim por causa se eu fosse
traduzi-los obviamente eu iria traduzir o texto inteiro, mas naquele texto simplesmente não dava pra traduzir esses termos
sem PERDER A CAPACIDADE ARGUMENTATIVA DO TEXTO, que foi o que eu disse na outra mensagem! Tente traduzir anything e nothing
naquele texto e verá que o texto perde todo o sentido! É lógico que uma pessoa razoavelmente "versada" em inglês como eu,
Marcus, iria conseguir traduzir uma banalidade daquelas! Se eu não soubesse ler inglês não teria o mandado o texto em
primeiro lugar! Mas é que no contexto aquelas palavras perderiam o sentido! Se não conseguir entender o porquê mesmo depois
de ler o texto, eu explico. Mas agora eu já enrolei demais.
Enfim, Marcus, apesar de você apresentar uma boa argumentação e ser eficaz em refutar alguns conceitos realmente
contraditórios, não tem muitas objeções sólidas contra a teologia tradicional, visto que atribui á ela conceitos que a
mesma não advoca, como os exemplos que mostrei: Livre-arbitrio=Liberdade, e onipotência como "poder absoluto". Ou seja,
você poderia se lançar contra várias perspectivas filosóficas e teológicas, mas não contra a "teologia tradicional"
propriamente dita.
Não quero que pense, porém, que estou aqui como um apologeta do cristianismo ou de qualquer forma de teologia, mas sim
somente como um jovem que se interessa por questões filosóficas e gostaria se saber resposta de um grande filósofo á elas!
Amigavelmente,
Paulo.
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Sábado, 24 de Janeiro de 2009 |
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Tema: Teologia, Livre Arbitrio, Liberdade, Onipotência, Contradição,
Paradoxo da Pedra
Número de Caracteres
- Mensagem: 4.840
- Resposta: 4.700
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Caro Paulo...
Obrigado por mais essa mensagem que envolve a monografia Deus Me Livre, o que
já caracteriza um diálogo. Há basicamente 3 pontos em suas colocações.
No primeiro que é a distinção entre Liberdade e Livre Arbítrio, creio que você não absorveu devidamente a monografia,
visto que na mesma há um capítulo inteiro, LIBERDADE E LIVRE ARBÍTRIO,
somente para estabelecer essa diferença. Você poderia até discordar da minha distinção, mas é muito estranho que afirme que
eu trate os termos da mesma forma, como o faz nas linhas 17-19 e 91. Na verdade, nem isso você faz, pois parte de sua
explanação sobre tal distinção é perfeitamente redutível à minha, visto que no meu texto original, entre outras coisas,
afirmo claramente:
"..."Livre Arbítrio" merece uma explanação maior uma vez que muitos inclusive o identificam como a própria Liberdade.
(...) o Ser Humano pode perder a Liberdade, ao ser prisioneiro ou escravo, mas não perde o Livre Arbítrio, (...)
Livre Arbítrio é então um fator necessariamente humano, sendo a faculdade mental de julgar, discernir, escolher no que
acreditar, independente de a quais fatores físicos, ou psicológicos coercitivos esteja submetido."
Ao mesmo tempo, você afirma aqui ao lado, nas linhas 25-27, que temos ESCOLHA, que é evidentemente uma operação psicológica,
mas que não temos Liberdade por estarmos determinados, ou seja, não podemos converter efetivamente tal escolha em ação
externa.
Porém em outro aspecto sua distinção não só se afasta da minha como de qualquer tipo de teologia comum, mesmo porque é nada
menos que a demonstração da contradição resultante entre um suposto "direito" de escolha e uma simultânea
imposição arbitrária. Ora, teologia alguma que defenda o Livre Arbítrio, e aqui podemos nos referir principalmente à duas
grandes tradiçãos, Católica / Romanista e Protestante / Arminianista, poderá admitir a falsidade do conceito, mas o que você
faz nas linhas 22-24 é basicamente parafrasear a minha citação em 12-16, que em síntese aponta o absurdo do conceito. A
incoerência de uma escolha forçada.
O Segundo, sobre a Onipotência, creio que não absorveu devidamente minha
resposta à mensagem anterior, não sendo sem motivo que confessou uma certa confusão.
A citação que você faz a partir da linha 46 é o exemplo claro do que falei. Os teólogos realmente não assumem esse conceito
de Onipotência pura, e sim essa Onipotência limitada. Mas tudo o que faço é mostrar que tal onipotência restrita é
absurda! É exatamente o problema! Até mesmo disse:
"Dizer QUE DEUS PODE FAZER SÓ O QUE É LOGICAMENTE POSSÍVEL é subordiná-lo ao princípio da não contradição, e, portanto, ao
império da racionalidade. Eu entenderia isso por parte de quem proponha deuses mais filosóficos, mas inacreditavelmente
isso COSTUMA SER PROPOSTO EXATAMENTE PELOS DEFENSORES DO DEUS MITOLÓICO DO CRISTIANISMO TRADICIONAL, que é expert em
contradições por excelência." Ao mesmo tempo que afirmam que ele está além da razão, tentam subordiná-lo
à razão, mas se você os força a enfrentar as antinomias conceituais, a começar por essa da Liberdade e da Onipotência,
mais comumente entendida como Livre Arbítrio e Onisciência, eles finalmente irão admitir que isso está além do entendimento
racional, tendo que ser aceito pela fé! E, voltando, ao mesmo tempo que dizem que Deus está além do entendimento racional,
dizem que ele está sujeito ao princípio de Não-Contradição! Limitando sua Onipotência!
Repito-me: :"Só sendo contraditório mesmo."
Enfim, eu não disse que os teólogos assumem abertamente o conceito de Onipotência Pura, mas sim que eles se contradizem
ao utilizá-lo mas não assumi-lo, que é exatamente o que sua citação mostra. Só mesmo os filósofos parecem perceber a
enrascada conceitual que isso resulta.
E o Terceiro. Um de nos dois não absorveu devidamente o funcionamento da língua inglesa. Você disse:
"Eu não traduzi porque há alguns termos como anything e nothing, que não podem ser
traduzidos corretamente sem perder a capacidade argumentativa do texto, tornando a compreensão difícil.
E eu respondi "...é claro que dá pra traduzir anything e nothing.
A última por simplesmente "nada", a primeira, quanto no afirmativo, por "qualquer coisa", ou "alguma coisa", e quando no
negativo por "coisa alguma"." E claro que eu estava me referindo ao fato de que tais termos não o impediriam
de traduzir o texto.
E continuo dizendo. Com adaptações, o trecho citado é perfeitamente traduzível.
"Um Deus todo poderoso pode fazer ou produzir qualquer coisa, mas não faz sentido dizer que ele possa fazer ou produzir um
nada. Um estado de coisas logicamente contraditório não é uma coisa afinal, e sim NADA.
Indo direto ao ponto, 'uma pedra pesada demais para Deus levantar' é na verdade 'uma pedra pesada demais para um ser que
pode levantar qualquer coisa', assim sendo auto contraditória. Um 'círculo quadrado' e '2+2=5' são da mesma forma estados
de coisas contraditórios. Assim sendo, são todos nadas. E não faz sentido que nada se torne alguma coisa simplesmente porque
alguém põe a frase "um deus todo poderoso poderia" na frente dela [...] O argumento [...] é um tipo de Falácia das
Premissas Contraditórias. Em Lógica, uma contradição é necessariamente falsa, e um argumento com uma premissa falsa nada pode
nos dizer a respeito da veracidade ou falsidade da conclusão [...]. Isso significa que o argumento cético se anula e
volta à estaca zero."
Já fiz uma disciplina de tópicos especiais em Filosofia da Religião que tratou exaustivamente disso. É
consenso que o argumento da pedra realmente é fajuto. Só acho que uma Onipotência limitada é tão fajuta quanto.
Amigavelmente
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2 de Fevereiro de 2009 |
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José Bosco Júnior
1961
-
Brasília-DF
Cirurgião Dentista
j o s e b o s c o j r
h o t m a i l . c o m
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Marcus, em seu site sobre o Evolucionismo X Criacionismo você diz que o Evolucionismo não depõe contra o Cristianismo.
Você não acredita que fora de uma leitura literal do Gênese não cabe a vinda de um "redentor" dos pecados de toda a humanidade?
Apenas dentro de um modelo cosmológico em que fomos criados perfeitos a partir do nada e em que fomos providos de todas as necessidades e inseridos em um "paraíso" é que poderia surgir a sublevação contra o Criador devido ao nosso livre arbítrio e em consequência, o "pecado".
Em um modelo cosmológico evolucionista não cabe o conceito do pecado e consequentemente a figura de um "redentor" é dispensável.
O que você pensa disso?
Um grande abraço e parabéns pelos sites.
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Sábado, 10 de Janeiro de 2009 |
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Tema: Evolucionismo, Criacionismo, Cristianismo, Teologia, Salvação,
Literalismo, Simbolismo
Número de Caracteres
- Mensagem: 595
- Resposta: 4.404
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Caro João Bosco...
De fato, não creio em qualquer necessidade de uma leitura literal da Gênese para sustentar a teologia tradicional. De fato,
deveria ser eu a perguntar por que a mesma seria necessária. Se você observar o Evangelho, notará que ele é auto-suficiente,
contendo toda a doutrina necessária para que um cristão siga seu caminho. O restante do Novo Testamento é basicamente uma
extensa história dos primeiros cristãos e sua luta para disseminar a Boa Nova, trazendo esclarecimentos e orientações
específicas para cada local. Exceção, é claro, do Apocalipse, que pode ser visto quase como uma extensão do Evangelho de
João.
O Velho Testamento dá o embasamento histórico e mítico, mas quanto mais recua no passado, mais se desloca do primeiro
para o segundo. Curioso é que até cerca de um século atrás a idéia de que a Gênese era fundamentalmente simbólica era
um consenso. A literalidade é uma invenção Norte-Americana do início do Século XX, com o advento do Fundamentalismo,
que foi basicamente uma reação política ao Liberalismo Cristão.
Há vários níveis de entendimento em qualquer texto, mas nos textos religiosos costuma haver mais ainda. Tomemos por exemplo
qualquer parábola de Jesus. Muitas fazem alegorias, com a parábola das sementes [Mateus4/Marcos13/Lucas8].
Por acaso há necessidade de que a estória contada corresponda a um fato real? Jesus teria que, obrigatoriamente, estar
revelando eventos fisicamente acontecidos? E o mais importante, o fato de tais eventos nunca terem se dado exatamente
dessa forma, por acaso invalida o conteúdo moral da parábola?
Mudando de contexto, pense no conto de fábula da Cigarra e da Formiga. A criança que a ouve, inicialmente, pode interpretá-la
literalmente, porque este é o primeiro nível de entendimento, uma estorinha da formiginha que no final se deu bem e da
cigarra que se deu mal. Mas depois, devido a falta de conteúdo da criança, o narrador pode ajudá-la explicando a
"Moral da Estória", para que ela penetre num outro nível de entendimento, mais avançado.
É o mesmo caso ocorrido na parábola citada acima, onde Jesus acaba tendo que explicar a parábola para pessoas que não
conseguiram sair do nível primário de entendimento. Isso porque o importante não é a forma, e sim o conteúdo.
Eu vejo na Gênese no mínimo 3 níveis de entendimento além do primário, isto é, o literal, e aquele que fica preso à
literalidade é como o endurecido da parábola do semeador, fica preso no nível infantil de entendimento. Mesmo os
teólogos mais literalistas são obrigados a lidar ao menos com um segundo nível, porque sua interpretação diz coisas
que não são óbvias, como por exemplo, afirmar que a serpente é Satanás.
Ou seja, é impossível não interpretar a Gênese, como espero ter deixado bem claro no meu texto
Um Desrespeito à GÊNESIS. Mas não basta ficar no segundo nível, é
preciso ir além. Devidamente analisada, a gênese também é uma parábola sobre a condição humana, nosso desenvolvimento,
nossos impulsos e modo como estamos em constante conflito entre os valores da liberdade, da segurança, da paz e da aventura.
Indo mais longe ainda, é um retrato da incompatibilidade da mente humana com o equilíbrio perfeito, nossa necessidade de
oscilar entre extremos, o que inevitavelmente gera toda a perturbação que tem sido nossa história, onde o "pecado" é uma
forma de designar nossos impulsos para fora do equilíbrio. Mesmo estando em paz e em segurança em nossa casa, quem de nós
resiste a se aventurar nas ruas, passear, mesmo sabendo que isso tem sua cota de risco, aborrecimento e cansaço?
E depois da aventura, finalmente queremos voltar para o sossego, o descanso. A superlação dessa necessidade de "balançar"
entre os opostos resulta, em níveis extremados, numa série de tensões que, associadas a outros defeitos da nossa personalidade,
tem como consequência o problemas do mundo, entre outras coisas.
Portanto, não há necessidade alguma de que uma estória seja literal para que o conceito de pecado faça sentido e seja
aplicável à condição humana. Não há necessidade de que uma religião seja verdadeira. Negar a queda do
paraíso não transforma nossa vida num Jardim do Éden, bem como crer no plano de salvação não resolve todos os nossos
problemas.
Em um modelo cosmológico evolutivo cabe sim a idéia de pecado, pelo simples fato de que todo o ser humano tem uma noção
bastante forte de valores morais. Jamais existiu qualquer cultura humana sem uma noção clara de Bem e Mal, de Certo e
Errado, Recompensa e Punição, Virtude e Vício. Independente de qual seja nossa crença, continuamos precisando de força
para agir corretamente, de inspiração para fazer o Bem e de perseverança para tornar o mundo melhor. E qualquer coisa
que nos traga essa força é sempre bem vinda, como qualquer coisa que venha roubar essa força é sempre lamentável.
É uma pena que as pessoas, muitas vezes, se deixam mais piorar do que melhorar pelas religiões. E só por isso já é
evidente o tamanho da encrenca. O quanto realmente precisamos de coisas nas quais nos apoiar e nos redimir.
Se a simples descrença num modelo religioso literalista esvaziasse o conceito de pecado e tornasse a redenção dispensável,
quão fácil não seria acabar com todos os problemas do mundo!
A Cortina de Ferro já teria tornado metade do mundo um Paraíso!
Amigavelmente
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31 de Janeiro de 2009 |
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Caro, Marcus...
A sua resposta dada a minha mensagem 689 me fez refletir sobre a forma como eu deveria ter me expressado sobre o tema “igualdade”. Eu não expliquei direito a minha crítica a dar as “oportunidades mais igualitárias possíveis”.
Equalizar oportunidades ignora que muitas pessoas, devido a algum problema de doença ou deficiência, têm dificuldades para converter essas oportunidades naquilo que elas desejam. Se estas pessoas têm estas dificuldades devido a coisas que não estão sob seu controle, porque então não focar nos FINS e não nos MEIOS? Acho que, em alguns trechos de seu texto, você comete o mesmo erro de Rawls.
Toda esta confusão surge porque tanto você como Rawls não fazem a distinção entre “capacitações” e “funcionamentos”,
que é o ponto principal da crítica que Amartya Sen faz ao americano. Thomas Kang, blogueiro especialista no pensamento do
filósofo indiano, trata desta questão com competência maior do que eu conseguiria:
“functionings são as realizações (por exemplo, estar bem nutrido, estar livre de doenças, etc.), enquanto que capabilities
são os conjuntos de vetores de functionings, que refletem a liberdade de uma pessoa para escolher entre diferentes tipos de
vida (constituídos pelas functionings).”
Você diz que a igualdade só pode a levar mais igualdade. Igualdade de quê? A igualdade de uma cesta de bens previamente definida como boa por um tecnocrata de Estado Babá? A verdade é que requerer objetivos específicos para a ação social que são independentes de valores individuais é o mesmo que tentar se colocar acima dos demais. Se o paradoxo das liberdades (você se refere a liberdades formais, não ao conceito que utilizarei mais adiante) que você citou leva a um menor nível de felicidade dos indivíduos, como eles não reconheceriam isto? Se num país as pessoas sofrem com a ausência de obrigatoriedade de diversas habilitações (por exemplo, carteira de motorista), porque elas não tomariam providências na esfera política para acabar com estes excessos libertários?
Não podemos “pajear” as escolhas dos indivíduos. Entretanto, podemos ampliar suas oportunidades de escolha e decisões substantivas a fazer. O que se pode fazer é eliminar as “capacitações que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente sua condição de agente”. É isto que deve ser equalizado. Para alcançar isto, cinco MEIOS são necessários: (a); liberdades políticas; (b) facilidades econômicas; (c) oportunidades sociais; (d); garantias de transparência (liberdade de lidar uns com os outros sob garantias de dessegredo e clareza); (e) segurança protetora (liberdade para escapar da fome involuntária, subnutrição e morbidez evitável).
Eu não disse que tinha dúvida se dever-se-ia buscar a igualdade, mas sim que se estas cinco liberdades instrumentais garantissem capabilities numa magnitude satisfatória a todos os indivíduos de um país X onde ideais esquerdistas não são valorizados, teríamos um caso onde a questão do aumento da igualdade não é mais uma prioridade. Afinal, este paradoxo mostra que não se pode equalizar aquilo que não é valorizado.
Mudando de assunto, passemos a minha crítica ao uso das palavras “social” e “sociedade”. Você cita que o objetivo de uma república é construir uma “sociedade justa”. Entretanto, é possível que numa sociedade onde a ausência de criminalidade “coexista” com o livre-mercado surjam coisas indesejáveis, como desemprego involuntário e fome involuntária. Mas será que as pessoas vítimas desses males poderão ser consideradas vítimas da “sociedade injusta”? O que você pode estar tentando me convencer é que ausência de caridade é uma injustiça. Isto é óbvio, porque não há como pensar em busca por uma “sociedade justa” sem pensar na existência de injustos. Afinal, não existe um organismo que podemos chamar de sociedade. O que existe é apenas um agrupamento de homens que vivem de acordo com uma lei que lhes é comum. Seguindo a lógica do seu conceito, eu mesmo poderia ser chamado de injusto. Explico. Eu sempre tive fobia de seringas e agulhas, e só me imaginaria doando sangue a um parente muito necessitado. Também ouço falar por aí que os bancos de sangue sofrem muito com a falta de doadores. Ainda assim, não acredito que alguém poderia chamar eu e outros não-doadores de “injustos”. Ou se poderia, ter-se-ia que demonstrar porque eu tenho a ver diretamente com o sofrimento de pessoas que perdem sangue ou porque a caridade para desconhecidos é uma obrigação moral perfeita. O que eu quero dizer é que as regras da sociedade que limitam as ações dos indivíduos podem ser mais justas ou menos justas, mas os representantes da sociedade só são injustos se cometem crimes.
Se for uma necessidade que todos tenham condição de existência digna, é bom deixar claro que esta não pode ser resumida apenas ao atendimento de necessidades de renda e de estômago. Defender sacrifícios das pessoas de forma a obrigá-las a virarem indivíduos de segundo classe, isto é, defender atos de coerção que não são previsíveis constitucionalmente e a violação de seus direitos quando o Estado bem entender, é apenas apoiar um típico pensamento da mentalidade socialista. Considerar isto justo deveria não só levar a defesa da legitimidade da descriminalização da estatização de empresas (“dilema de Flint”), mas também do furto praticado contra elas, como no caso de um pai que surrupia dinheiro de um caixa para financiar o tratamento da doença do filho, ou ainda, da descriminalização da invasão de propriedades alheias por um MST que faz pressão pela reforma agrária. Percebi em resposta anterior que a dignidade dos “mais poderosos” ou dos que são sacrificados pelo bem dos mais desfavorecidos ocupa um espaço muito pequeno na sua fita métrica utilitarista-deontológica.
Muitas vezes, a problemática de injustiça é inserida no contexto de que em alguns lugares a miséria supostamente estaria ligada a “reprodução” de mão-de-obra barata. Embora haja salário abaixo da produtividade do trabalho pelo mundo afora, não se pode cair na crença na capacidade de empresários determinarem salários de forma unilateral. Se isto fosse verdade, então é um mistério o fato de atualmente os trabalhadores desqualificados de Cingapura (país onde nunca existiu salário mínimo e sindicatos fortes) não estarem recebendo salários no nível suficiente apenas para se evitar a morte. Também, eu não posso imaginar como uma empresa em particular poderia não estar com a sobrevivência em risco pagando salários médios 40% ou 50% superiores ao de seus concorrentes, ao querer não se adaptar as forças de um processo social de racionalização referente a fins. Eu também não sei por que a situação em que uma pessoa comum paga um preço muito baixo por um produto de baixa qualidade numa feira popular é chamada de “soberania do consumidor”, ao passo que quando um grande empregador contrata mão-de-obra barata é chamada de “exploração”.
E quanto à problemática de se tentar construir uma “sociedade solidária”? Se realmente a “sociedade” deseja distribuir benfeitorias, não há necessidade alguma de governo. Ninguém impede você e nem os outros milhões de dar seus bens aos pobres ou fundar uma mega-ONG para praticar outros atos de solidariedade genuína (e não falsas solidariedades, como no caso em que a generosidade é praticada, em grande parte, com o chapéu de não-voluntários). A única razão que me faz desacreditar na solução libertária é o reconhecimento do fato de que a caridade interfamiliar é uma exceção (e não uma regra).
Além disso, a nossa “caridade coercitiva” é fraca porque quem tem mais mobilização e barganha política não ajuda o
suficiente. É aí onde se percebe que simplesmente colocar várias responsabilidades nas mãos do Estado por si só não vai
trazer a mudança ideal. Veja o link do documento postado na
mensagem 679. Na parte 6 deste documento publicado em 2002, o economista Ricardo Paes de
Barros diz que é estimado que menos de ¼ dos recursos das políticas sociais brasileiras beneficie efetivamente a população
pobre. O problema não é de tamanho de recursos, mas de focalização (princípio que estabelece que alguém não terá acesso a
um benefício caso sua renda esteja acima de um dado patamar). A focalização é a explicação de o Bolsa Família fazer tanto
com tão pouco. Por isso que é tão necessário que os cidadãos defendam não só mais progressividade tributária, mas
reivindiquem que seus representantes adotem programas sociais menos burocratizados e mais focalizados, caso se opte em
manter o atual volume de recursos investidos na política social. Afinal, lágrima de intelectual não enche barriga de pobre.
Para fechar nossa discussão, aí vai um trecho de uma reportagem boa da Veja feita em 2002, que muito provavelmente ainda
reflete a situação atual:
“Do total de recursos gastos com educação, por exemplo, 60% se destinam às universidades estatais, onde estudam os mais
favorecidos. O programa de bolsas de estudo do governo segue no mesmo caminho. Apenas 0,3% do dinheiro fica com os 20% mais
pobres. Os 20% mais ricos embolsam 34% do total. No caso da saúde, a esmagadora maioria dos recursos fica com a medicina
curativa e a menor parte dirige-se aos gastos preventivos. Uma parcela ínfima das despesas sociais vai para o saneamento,
forma importante de melhorar a expectativa de vida ao nascer e reduzir a mortalidade infantil. A Previdência Social, lembra
o professor, é o exemplo mais grave. Só 7% do dinheiro gasto com o sistema de pagamento de aposentadorias fica com os 20%
mais pobres. Os 20% mais ricos recebem 30% do total.”
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Sábado, 3 de Janeiro de 2009 |
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Tema: Economia, Liberalismo, Capitalismo, Intervencionismo, Estatismo,
Igualdade, Liberdade, social, justiça.
Número aproximado de Caracteres
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- Resposta: 8.260
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Oi Gustaf...
Vamos então dar prosseguimento ao assunto das mensagens anteriores. Antes de tudo, percebi que poderia ter me expressado
de uma forma um tanto mais direta e sintética em minha resposta anterior, visto que
abordamos a questão de direitos fundamentais,
Se concordamos que existem certos direitos humanos básicos invioláveis, então podemos por a questão da violação de contratos
de um modo que me parece bem coerente.
No caso de uma pessoa em condição econômica delicada, certas dívidas podem ser perdoadas, ao menos temporariamente, caso a
obrigação de cumpri-las atentasse contra seus direitos fundamentais. Ora, o endividado em situação de carência que não
tivesse condições de saldar o empréstimo bancário deveria ser tratado como? Deveria ser preso? Deveria ficar sem moradia,
sem roupa, sem comida, ou seus filhos sem educação básica?
Na impossibilidade factual de honrar a dívida, obrigá-lo a tal seria violar seus direitos fundamentais, o que, por outro
lado, jamais aconteceria com o banco ou instituição financeira. Mesmo que a instituição em
si vá à falência, os direitos fundamentais de seus proprietários não serão ameaçados. Assim, não há outra alternativa a
não ser o perdão da dívida, se quisermos honrar nossos preceitos humanistas atuais.
Esse tema se conecta à sua mensagem atual na frase que começa na Linha 95, onde de fato pode-se inferir a "dignidade" dos
"mais poderosos" realmente está ocupando um lugar menor na balança pelo simples fato de que não está ameaçada, como a dos
"menos poderosos". O direito destes últimos às necessidades primárias seguramente é maior que os direito dos primeiros ao
gozo de grandes lucros que invariavelmente são usados na satisfação de necessidades terciárias.
Desse exemplo, vou tentar enfocar a discussão em idéias que EU defendo, discussão essa que espero não tenha
sido "fechada" (Linha 146) por uma citação da revista Veja.
Peço então que tente focar mais no que eu realmente proponho, visto que tudo começou com textos meus, em especial
Igualdade e Liberdade e
Fraternidade, onde falo no "Paradoxo das Liberdades".
Primeiro de tudo, eu recomendo que você procure uma originalidade maior, pois tenho notado que está muito apegado a sistemas
de pensamento alheios, importando frases completas e inalteradas do contexto original e aplicando-os numa discussão que,
creio, não as comporta bem. Sendo um estudante perspicaz e promissor como é, não se deixe esmagar pela pressão doutrinária
de departamentos ou tradições teóricas.
Volto a insistir que eu não sou Rawls, pouco tenho haver com ele. Na verdade só comecei a lê-lo ano passado, não me
identifiquei, e nada alterou de meu pensamento. Quanto a ele eu não sei, mas eu não faço distinção entre functionings
e capabilities porque acho tal distinção, na melhor das hipóteses, estéril, na pior, apenas uma forma rebuscada de
dizer que o Estado deve apenas servir aos já privilegiados.
Se não deveria se preocupar em buscar melhorar os functionings (em minha opinião, um termo equivocado, anti-intuitivo
e totalmente desnecessário), como espera melhorar as capabilities, que acho melhor traduzível por "capacidades", se
estas últimas dependem das primeiras? Ora, os functionings em questão, termo que me parece intradutível, pode ser visto
como todos os bens obtidos na escala de necessidades humanas, que é bem melhor definida pelos antigos, a começar por
Aristóteles. Ou seja, tudo o que se tem, atualmente. As capacidades seriam usadas para se obter novos bens, ou seja,
potenciais.
Em síntese, o que essa distinção propõe é que o Estado garanta o que já está, de certa forma potencialmente dado. Ora, quanto
mais "capacidades" alguém tem, é porque acumulou mais functionings, e ninguém fez isso mais do que os mais ricos.
Por outro lado, os que tem o mínimo de functionings, praticamente não tem capacidades, e se o Estado nada deve fazer
para reverter isso, então, mais uma vez, deve servir apenas de reprodutor da situação vigente. Voltando ao que eu disse na
mensagem 689, embora não "produza", ele perpetua, garante e sacramenta a desigualdade.
Portanto, eu não entendi direito, ou acho que não havia a menor necessidade de inventar uma distinção nova apenas para
defender o mesmo conservadorismo pseudo-liberal.
Notei, pelo dito a partir da L.24, que você interpretou de outro modo minha afirmação sobre a homogeneidade da Igualdade.
"Igualdade de quê?", de qualquer coisa! Exemplo. Dois rapazes dividem um apartamento.
Há comportamentos, usos, poderes, etc, distintos. Então você determina que eles devem agora ter o mesmíssimo espaço.
Caso obedeçam, o que acontecerá? Eles se tornarão mais iguais. Determine então que tenham os mesmos horários, não havendo
resistência, se comportarão de forma mais igual. Depois determine que eles vistam as mesmas roupas, usem o mesmo corte de
cabelo, ouçam as mesmas músicas etc. O que acontecerá? Ora, ficarão mais e mais iguais! Óbvio!
Não há limite para isso, você pode ir aumentando o nível de igualdade até o ponto de eles serem indistinguíveis, e ainda
poderia ira além, obrigando-os a ocupar um espaço cada vez mais próximo, a pensarem da mesma forma, até a respirarem no
mesmo ritmo. Isso tudo apenas mostra que não há limite nos níveis de igualdade. Ela fica, de fato, pelo próprio conceito,
CADA VEZ MAIS IGUAL!
Isso não acontece com a liberdade, você só pode aumentá-la até certo ponto, além do qual atinge-se um limiar que pode ser
visto como um pareto-optimal, onde qualquer tentativa de aumentá-la irá, na verdade diminuí-la. No mesmo exemplo,
além de um certo grau de liberdade, não haverá mais como os rapazes no apartamento serem ainda mais livres sem começarem a
diminuir um a liberdade do outro. Você pode até aumentar mais a liberdade de um, mas somente diminuindo a do outro, e
após certo ponto, até mesmo a de um só será auto-destrutiva, visto que o outro, ao se voltar contra ele, pode acabar com ela.
Tudo isso apenas para mostrar que Igualdade é um conceito estável, Liberdade não. Isso DE MODO ALGUM, é apologia da
Igualdade, antes O CONTRÁRIO, igualar as pessoas além do nível de suas necessidades é simplesmente horrível. Estou apenas
dizendo que Igualdade é um conceito internamente coerente. E se a Liberdade é potencialmente auto-destrutiva, o que fazer
para conservá-la? Adicionar igualdade, que não só é internamente estável como ajuda a estabilizar externamente.
Igualdade, para efeito de busca de felicidade, não tem relação direta alguma. Liberdade sim. Portanto, a pessoa é, ou ao
menos pode ser, mais feliz quanto mais livre. Mas como garantir essa liberdade? Impedindo que ela se auto-destrua, e como?
Adicionando Igualdade.
É óbvio que nossa sociedade possui um nível de desigualdade além do desejável, então, é óbvio que a mesma deve ser revertida.
Como fazê-lo? Dentro do que estamos discutindo, parece haver dois meios, pela via da Liberdade e pela via da Igualdade.
A primeira, como eu disse é instável, a segunda estável, e, historicamente, nota-se que a primeira foi muito mais perseguida
que a segunda, o que explica porque há tanta desigualdade no mundo.
Historicamente também podemos invocar o exemplo dos países ditos comunistas, ou de níveis mais leves de esquerdismo. É justo
reclamar de muita coisa nesses países, mas há algo que não se pode negar, eles realmente diminuíram a desigualdade. O que
novamente mostra a estabilidade do conceito.
Se políticas de esquerda são, para o bem ou para o mal, mais capazes de reduzir a desigualdade, então é evidente que devem
em algum grau ser consideradas. Não precisamos seguir caminhos perigosos, temos exemplos bons e relativamente seguros como
os Estados do Bem Estar Social.
Chegando ao ponto nevrálgico, temos o papel do Estado. Interventor ou não? Acho que essa é nossa discussão. Para discordar
de mim, até aqui, creio só haver 3 meios. Deve-se discordar da tese de que a Liberdade é instável e que precise da Igualdade
para se estabilizar, ou que a desigualdade atual não precise ser revertida, ou que a forma de reduzir a desigualdade atual
deva ser o caminho do Estatismo Progressista, atrelado a idéia da Liberdade. Penso que nossa divergência deve estar focada
nesse último ponto, embora ainda não me tenha ficado claro. Peço, portanto, que ilumine onde exatamente está a questão, para
que possamos debater de modo mais objetivo. Se for em outro ponto, não se acanhe, não vejo problema nenhum em discordar dos
demais, ou de algum outro mais fundamental.
Nosso diálogo já me parece desfocado, e se isso não for feito, tende a ficar mais confuso. Mais uma vez vou frisar que
não estou colocando a questão em termos de justiça. Se observar bem, note que todas as vezes que usei o termo foi para
dizer que não estou me centrando nele, ou para fazer citações laterais. Penso, principalmente, na possibilidade de estender
ao máximo a capacidade de plena realização humana, para o máximo possível de indivíduos. Se isso é o justo, e você quiser
usar o termo justiça nesse sentido, tudo bem, mas cuidado para não, daí, cair em armadilhas conceituais paralelas.
Essa capacidade de realização visa a felicidade, não só de cada um, mas de todos. Um grande cientista não se beneficia
sozinho, mas também beneficia muita gente. Quanto mais pessoas tiverem condições de serem grandes cientistas, maior é a
qualidade destes.
Se iniciamos um corrida onde todos os pilotos tem carros nas mesmas condições, e houver honestidade, ninguém negará que o
vencedor tende a ser o melhor. Se de cada corrida tiramos os vencedores e colocamos em outras corridas, e assim por diante,
é óbvio que iremos cada vez mais selecionar pilotos melhores.
Mas e no caso de, desde o começo, os pilotos terem carros tão distintos quanto um Fiat 147 e uma Ferrari F-40? Podemos
garantir que os pilotos vencedores são de fato os melhores, ou apenas os privilegiados?
Sinceramente, nosso estado de coisas atual se parece mais com qual situação?
Amigavelmente
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30 de Janeiro de 2009 |
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