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Cintia
-
São Paulo
-
1992
Estudante
c i n t i a _ _ t o m a z
h o t m a i l . c o m
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Oi Marcus
Estava lendo sobre viajar no tempo.
Existem os paradoxos se conseguíssemos viajar para o passado, a cada vez que se viajasse iríamos alterar nosso futuro de alguma maneira, e consequentemente teríamos mais de um eu em uma única linha, isso entraria em conflito, ter mais de um eu em uma linha, certo?! acredito que poderíamos viajar para o passado sem alterar o futuro/presente, como se fossemos "fantasmas" podendo apenas ver o que se passou em determinada época, sem alterá-lo, isso seria teoricamente possível?!Até mais. Obs. Não sei se a mensagem foi enviada duas vezes, porque deu um problema aqui na internet.
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Domingo, 8 de Novembro de 2009 |
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Tema: Viagem no Tempo, Paradoxos
Número de Caracteres
- Mensagem: 523
- Resposta: 683
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Olá Cintia, obrigado por sua mensagem.
Considerando que deve ter lido Viagens no Tempo e Paradoxos Temporais, vejo que entendeu o problema, só faltando acrescentar que é essa sobreposição de "eus" é apenas uma das formas de evidenciar a contradição.
Quanto a sua questão, SIM. É perfeitamente possível, logicamente dizendo, uma viagem como a citada por você, embora ela não fosse exatamente uma "viagem", e sim uma visualização do passado. Já trabalhei com essa possibilidade em dois contos
Seculários de um Homem Milenar e
Além da Ressurreição. Além de que há muitas reflexões nesse sentido no livro virtual
Os Crononautas, que elabora toda uma teoria de viagem ao passado.
Dou destaque especial para Além da Ressurreição, onde uma possibilidade tecnológica de viagem virtual ao passado é descrita em detalhes.
Amigavelmente
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18 de Novembro de 2009 |
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Mario Campos de Jesus
- 1963 -
Seropédica-RJ
Tecnico em Contabilidade
217,
[217.1,
217.2,
217.3],
228,
362
575
579,
622,
690,
739,
742,
748,
750,
751,
756
mariocamposdejesus
u o l . c o m . b r
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Marcus, gostaria muito de vê-lo comentar estas três soluções para o problema do crime organizado/tráfico de drogas nas comunidades carentes: - Retirada dos moradores destes locais e construção de novas casas para os mesmos, reorganizando a seguir a estrutura urbana, e em se tratando de morros reflorestando-os; ocupação destas comunidades pelo estado permanentemente, com toque de recolher e outras restrições ao ‘ir e vir’; continuar o combate que já vem sendo feito enquanto aguarda-se pelos efeitos em longo prazo da educação como uma das principais formas de atacar as causas.
Pode parecer que fujo ao tema do sítio, mas como se pode filosofar sobre qualquer coisa e este assunto, francamente, é deveras tão importante ...
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Quarta, 28 de Outubro de 2009 |
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Tema: Tráfico de Drogas, Crime Organizado, Política Social, Estado Policial
Número de Caracteres
- Mensagem: 613
- Resposta: 3.440
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Olá Mario. Claro que isso é um tema válido.
Vou então organizar visualmente suas 3 propostas. Da próxima vez faça isso por mim, por favor.
1 - Retirada dos moradores destes locais e construção de novas casas para os mesmos, reorganizando a seguir a estrutura urbana, e em se tratando de morros reflorestando-os;
2 - ocupação destas comunidades pelo estado permanentemente, com toque de recolher e outras restrições ao ‘ir e vir’;
3 - continuar o combate que já vem sendo feito enquanto aguarda-se pelos efeitos em longo prazo da educação como uma das principais formas de atacar as causas.
A 3 é o que se tem feito, e a 1 já foi feita diversas vezes com resultados variados, mas sempre temporários e limitados. O problema todo é a 2, que praticamente implica numa espécie de "Campo de Concentração Semi-Aberto". A questão fica sendo: O que fazer com aqueles que queiram deixar essa nova comunidade e voltar para outras comunidades carentes?
Como num estado democrático de direito a restrição ao ir e vir só e admissível para criminosos devidamente enquadrados, decorre que uma plena aplicação desse item 2 só seria mesmo plausível num estado de exceção, o que não é tão improvável que aconteça em algum momento se houver uma escalada da violência.
É, certamente, uma abordagem, mas acho que é radical demais, visto exigir uma ruptura da ordem social normal. Seria plausível numa ditadura, mas creio que também teria um efeito temporário ou demasiado longo. O maior problema, porém, é que mais uma vez essa abordagem não me parece atacar a causa primária do problema, mas sim apenas os seus sintomas.
Essa causa é o consumo. Tenho dito em
A Droga da Incoerência,
Droga de Elite, no post de
8 de Novembro de 2007, chamando atenção especial para a Mensagem 631. E mais que o consumo, a predisposição ao entorpecimento, e em especial o seu estímulo.
O fato é muito simples. Enquanto houverem pessoas dispostas a consumir, fatalmente haverá quem forneça. O ÚNICO meio de se enfrentar a causa é o desestímulo ao consumo, o que deve ser feito não apenas pela repressão ou por campanhas, mas principalmente pela mudança de mentalidade por meio de uma transformação cultural, o que significa alterar símbolos e valores de modo a não mais glorificar o entorpecimento. Podendo também associar a sobriedade à força, à justiça, sucesso e felicidade e remodelar preconceitos ainda arraigados sobre as "vantagens" do consumo de drogas.
Para evitar a já apontada Incoerência, é completamente imprescindível que tal abordagem atinja principalmente o consumo de álcool, ao menos no nível que já tem sido feito com o cigarro. E além de tudo isso, ainda sou favorável ao exato contrário do que o governo tem tentado estabelecer. Creio que se deve agravar a penalidade para portes de drogas e inclusive para o consumo. Desta vez, fico do lado da oposição.
Mas também acho que o narcotráfico já é um sistema muito bem estruturado para ser eliminado simplesmente pelo combate às causas. A administração dos fundamentos do problema só é suficiente quando não deixamos que ele se desenvolva, mas quando ele já atingiu níveis elevados, precisará de tratamento específico. Tal como apenas a reeducação alimentar não é mais suficiente para quem já atingiu níveis elevados de diabetes, exigindo a administração de insulina.
Portanto há sim que se combater o narcotráfico pela força, infelizmente, e pela inteligência. O meu plano para isso, prefiro não comentar agora.
Amigavelmente
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16 de Novembro de 2009 |
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Bruno Salvador de Almeida
- 1982 -
Rio de Janeiro
Tec. de reevolução de contratos imobiliarios
685
l u b r u l u c
o i . c o m . b r
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Caro Marcus,
Terminei de ler seu ultimo ensaio e posso dizer que foi um dos melhores que já li. Sou freqüentador assíduo dos seus sites, apesar de ter assinado poucas vezes o seu livro de visitantes. O que mais me faz ter vontade de lê-los e a simplicidade com q são abordados os temas, de forma clara e objetiva, para que pessoas “leigas” entendam e possam comentar, sem ter medo de estar falando alguma bobagem.
Tem uma parte desse texto que diz : "Em outras palavras, quanto mais conhecimento se adquire, mas se fica consciente da própria ignorância, levando a sentir vontade de se progredir ainda mais. E o oposto também acontece. A maior mazela da ignorância é a incapacidade de reconhecê-la em si próprio."
Eu sempre me perguntei sobre isso, o conhecimento, e acho q não existe forma melhor para as maiores dificuldades na vida. Com certeza depois desse texto virão pessoas levantado questões à respeito de outro trecho seu e já debati muito sobre isso Tb.
"Já houve alguém que, após ter tido uma filha salva por algum recente avanço medicinal, tenha em retribuição doado dinheiro para instituições de pesquisas ou financiado a formação de estudantes nas áreas de ciências ou medicina? Enquanto isso, igrejas recebem milhões em doações por qualquer benefício que o avanço científico e tecnológico tenha trazido em suas vidas. Os humanos, os pesquisadores, o método científico, fazem o trabalho. Mas a glória é de Deus! Pra depois virem dizer que NÃO DEVEMOS BRINCAR DE DEUS!!!"
Sempre vão ter pessoas falando que tais cientistas só conseguiram isso por intermédio de Deus. Já vi gente falando q só não foi encontrado a cura da AIDS e do câncer porque DEUS não quis. Bom, aguarde que vai aparecer algumas questões sobre isso.
O engraçado é que li esse ensaio depois de ler um livro que você citou em um dialogo, à muito tempo atrás, e fiquei com esse nome na cabeça. O livro era O Mundo Assombrado pelos Demônios de Carl Sagan e achei excelente o modo como são abordados os temas e como ele defende o método científico p/ tentar abrir um pouco a nossa mente contra pseudociências e charlatões em geral.
Essa outra questão do SENTIDO DA VIDA também se ouve bastante nas ruas e gostei muito do modo como abordou. Esses assuntos ainda darão muito o que falar.
Bruno Almeida
Terça, 20 de Outubro de 2009
Eu estava dando uma olhada em alguns links seus e me veio uma duvida. Você fez ou faz parte de alguma associação ou coisa do tipo (ex. ATEA)? Eu estou perguntando isso, porque ainda não vi em nenhum desses sites nenhum link para os seus. Sei que os seus não são especificos sobre isso e também sei q sua postura é agnostica, mas sempre quis saber se já te convidaram ou se você já colaborou com alguma coisa em relação a isso.
Bruno Almeida.
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Sexta, 23 de Outubro de 2009 |
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Tema: Gênio, Inteligência, Conhecimento, Ciência, Religião, Preconceito
Número de Caracteres
- Mensagem: (1.878 + 358) = 2.236
- Resposta: 2.665
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Oi Bruno. Obrigado por escrever novamente.
Aproveito para contar um caso. Uma ex namorada minha tinha uma mãe diabética, cujas restrições alimentares eram bem severas. Certo dia ela foi a um evento religioso onde foi ministrada uma sessão de cura(Numa igreja católica!), e um padre metido a santo garantiu que ela estava curada. Foi direto para o banquete comer tudo o que não podia, com plena convicção do milagre. Resultado? 15 dias na UTI. Escapou por pouco!
Só um exemplo de coisas que acontecem com frequência. Observe que nem mesmo nesses casos costuma haver qualquer reflexão que leve a uma valorização ou admiração da avanço científico e tecnológico. No máximo há um agradecimento aos médicos.
Em geral isso não resulta de uma postura deliberadamente anti conhecimento, mas por vezes da pura e simples letargia consciencial, daquelas que levam muitos a esquecer que aquele procedimento medicinal que salvou tudo simplesmente não existia antes, e foi obtido as custas de muita pesquisa, dedicação e investimento.
Se um dia os governos decidirem cobrar impostos das igrejas, o que seria seguramente justo no caso daquelas redes bilionárias, acho que o dinheiro deveria ir em grande parte para instituições científicas e verbas para saúde, visto que essas vivem tendo que arcar com estragos causados pelos excessos de certos religiosos.
Eu até me inscrevi na ATEA, visto que ela se propõe a distinguir Ateus e Agnósticos, ainda que com certa sobreposição. O fiz porque compartilho do desejo de que o preconceito contra o ateísmo, e também contra o agnosticismo, seja combatido, mas na verdade fiz a inscrição há meses e nunca mais nem tinha voltado ao site.
Quanto a sites ateus não terem links para o meu, é uma longa história. Boa parte destes sites derivam de iniciativas antigas, ainda do século passado, de comunidade e grupos de "Céticos" e Racionalistas, participei destes grupos e acabei sendo visto como religioso teísta, por posturas como não concordar que "está provado que não existe Deus, vida pós-morte ou mundo espiritual", ou por discordar que o pai que diz à criança que a vovó foi para o céu está cometendo um crime comparável às cruzadas ou a inquisição. Houve também muita pressão para convencer que o agnosticismo era apenas um primeiro passo para o ateísmo.
Para piorar, também notei que esses grupos de militantes ateus materialistas eram, curiosamente, de ideologia política econômica fortemente direitista, alguns neoliberais convictos, o que, confesso, na época me deixou bastante confuso, visto que estava acostumado à associação entre ateísmo e esquerda. Chegou-se ao ponto de, numa certa feita, alguém ter a coragem de dizer que a vontade de enriquecer era único motivador para alguém estudar ciência!
É claro que grande parte desses sites ateus sequer me conhecem, mas minha ruptura com alguns desses grupos mais antigos por me recusar a transformar o Livre Pensamento em mais uma ideologia de grupo, não tenho dúvida, resultou em certa antipatia que explica parte dessa omissão.
É assim que acontece com quem insiste em ter pensamento independente e se ver livre de ideologias de grupo. Ser chamado de ateu pelos crentes, e de crente pelos ateus.
Amigavelmente
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13 de Novembro de 2009 |
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Carlos Bezerra de Lima Júnior
- 1988 -
João Pessoa-PB
Estudante de filosofia
k o n d l i k e
g m a i l . c o m
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Meu nome é Carlos Bezerra de Lima Júnior, tenho 21 anos e estudo filosofia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com enorme interesse em metafísica hindú e solipsismo. Pretendo dedicar minha carreira a este estudo, além da teosofia ocidental e oriental.
Conheci recentemente a UnB e gostei muito. Pretendo ainda voltar à Brasília em breve e, talvez, a depender da nossa interação, discutir pessoalmente contigo alguns assuntos.
É exatamente isso o que pretendo através deste e-mail - começar essa discussão através da internet. Te importas?
Pois, não li tudo o que escreveste, mas mais a parte que me suscitou interesse imediato. Então sugira-me mais leituras a partir dos pontos em que achares que faltou leitura minha, ok?
Então deixe-me começar com uma dúvida simples acerca do solipsismo:
Em Hermenêuticas Solipsistêmicas tu citas diversas vezes Freud, o que me lembra até a especulação da mecânica quântica da Consciousness causes collapses on the wave function theory, pois, eis minha dúvida: uma vez que a ciência se vale como método analítico e sintético através dos sentidos e da inteligibilidade humana, como podemos dar a ela legitimidade ou validade enquanto instrumento de descrição da realidade? Imagino que isso seja impossível - salvo através de uma leve hipótese, a dizer, por exemplo, "se a ciência de fato acertar". Mesmo assim é uma hipótese, não tem efetividade argumentativa que não seja evasiva e desonesta.
Ora, o próprio Freud - como ele descreveu o inconsciente, o que deu base? Da mesma forma Copérnico, Einstein. Se discordares de mim, por favor fale algo sobre ciência e solipsismo. Eu agradeço.
É sempre um prazer encontrar com pessoas dispostas a enfrentar essas discussões. Admiro tua perspicácia desde que li teus textos, me senti um pouco sabotado, pois encarei algumas idéias as quais já tinha pensado um pouco, mas sem desenvolvimento como por ti foram expostas.
Tenho ainda mais quisitos à disposição de debates. Aguardo apenas uma comunicação tua.
Meus respeitosos cumprimentos,
Carlos
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Sábado, 10 de Outubro de 2009 |
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Tema: Solipsismo, Consciência, Mente, Ilusão, Ciência, Fenômeno Mental
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.707
- Resposta: 2.139
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Olá Carlos.
Obrigado por sua mensagem e será um prazer debater sobre o assunto, inclusive pessoalmente, quando for possível.
Sobre sua dúvida, lembre que eu digo
"...parece cair por Terra qualquer possibilidade de superar essa dúvida por qualquer dado que nos venha por meio dos sentidos, o que inclui a experiência e o próprio método científico. Razão esta pela qual posso dizer sem hesitar que os Empiristas jamais superaram esse problema. Todo e qualquer dado que proceda dos Fenômenos, é inútil para derrubar a Barreira de Ilusão, vide aforisma eta."
E o que diz esse aforismo?
"Eta:
Chamo "Barreira de Ilusão", ou "Abismo Fenomênico", a possibilidade de todo o "fenômeno" ser uma "ilusão onírica", uma projeção de um nível inconsciente da própria mente. Tal obstáculo faz com que qualquer "dado" do mundo, "ABSOLUTAMENTE E SEM EXCEÇÃO concebível!", possa ser "Auto-Ilusão". Quer seja sensações e evidências empíricas, experiências, raciocínios, e etc." O que certamente se aplica à ciência e qualquer outra forma de evidência, teoria ou experiência empírica.
Isso, contudo, não afeta o fato de que essas abordagens são racionais e podem fortalecer alternativas hermenêuticas ao Solipsismo. Elas NÃO PODEM refutar o Solipsismo, mas podem aumentar a probabilidade e confiabilidade de uma das rotas de fuga, no caso, principalmente nas que apostam na materialidade do mundo.
Não é um simples caso de "se a ciência de fato acertar", mas sim se ela é suficientemente coerente para fazer com a que a racionalidade da hermenêutica que aposta nela seja suficiente para declará-la como uma alternativa séria.
Todas as descrições de realidade, sejam de que natureza forem, podem ser vistas apenas como métodos da mente para interpretar seu universo fenomênico. Mesmo uma mente solipsíquica poderia criar todo um mundo ilusório repleto de ciências avançadas e complexas teorias como parte de seu universo fenomênico pessoal.
Enfim a relação sobre Ciência e Solipsismo não é essencialmente diferente da entre Religião e Solipsismo, ou da própria Filosofia e Solipsismo, exceto pelo fato de que é esta última que detecta o problema em si, enquanto as demais tendem a ignorá-lo. Mas fenomenicamente são equivalentes.
A ciência pode ser vista apenas como mais uma dos artifícios da mente para se auto iludir, ou, caso o Materialismo esteja correto e a ciência descreva de fato a realidade, ainda assim isso jamais nos permitiria saltar o Abismo Fenomênico ou penetrar a Barreira de Ilusão, restando sempre a dúvida.
Esteja à vontade para dialogar mais.
Amigavelmente
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12 de Novembro de 2009 |
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Mario Campos de Jesus
- 1963 -
Seropédica-RJ
Tecnico em Contabilidade
217,
[217.1,
217.2,
217.3],
228,
362
575,
579,
622,
690,
739,
742,
748,
750,
751
mariocamposdejesus
u o l . c o m . b r
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Marcus, hoje (09/10/2009) no noticiário matinal, eu vi uma reportagem sobre as explosões que os cientistas pretendem fazer na Lua para recolher as partículas que voarão, para análise. Espero, claro, que já tenham calculado bem se isso não poderá vir de alguma forma a abalar a estabilidade do nosso planeta.
Isso me levou a refletir sobre esta busca incessante da ciência por vidas fora da Terra. A velha dúvida. ‘Estamos sós’?
Então tive uma idéia. Será que não existem em algum lugar do Universo, em algum planeta ou até mesmo na Lua, civilizações inteiras, só que invisíveis para nós a olho nú?! Uma população microscopia?! Esclarecendo que estou me referindo a seres racionais. Isso não explicaria o porquê de nunca as termos encontrado e nem elas a nós? Pois fica parecendo que a nossa busca só é inútil porque restringimo-nos a ‘alguém do nosso tamanho’.
Em parte esta idéia partiu de algo que li em seu sítio quando você disse que se insetos sentissem, pensassem, refletissem, tivessem consciência, também seriam “humanos” (Mensagem: 1.048 - Resposta: 2.365).
Neste exato momento que escrevo me veio uma ‘micro’ preocupação de que essas explosões promovidas por cientistas na lua podem estar destruindo estas nano-civilizações. Mas talvez isso não seja imoral, porque quando curamos uma infecção também estamos exterminando seres vivos (as bactérias); mas aí é outra questão, pois não intenciono aqui tratar de aspectos éticos.
Então se começarmos a procurar ‘direito’, talvez encontremos o que procuramos. E aí viria a calhar um cuidado com estas atitudes fisicamente invasivas nas pesquisas, como estas das explosões lunares. E finalmente poderíamos abrir mais o espectro desta investigação da razão da existência do Universo.
Sexta, 9 de Outubro de 2009
Marcus, estou reproduzindo aqui a minha conversa com o Fernando Ventura, pois é relacionada a mensagem de 09/10/2009 às 09h47m. Fique a vontade para intervir.
" - Mario, o que eu quis dizer é que você exagerou quando passou a considerar a possibilidade de civilizações microscopicas, etc. Inclusive na lua! Olha só, se lá não tem nem vida convencional, normal, como a daqui da terra, quanto mais esta vida diminuta e fantasiosa. Imagino que este passibilidade não sai do terreno imaginativo, ficticio, uma viagem, totalmente impossivel cientificamente, fisicamente, quimicamente, acho que até filosoficamente. O Tal livro do Hercolubus o planeta vermelho é um livro que diz que um planeta irá se chocar com a Terra destruindo tudo por aqui! FIcção Pura, como tal divertido, mas não pode ser levado a sério. Não quero me entrometer nas conversas do outros, mas assim como um motorista alerta outro no transito sobre uma manobra arriscada, te alerto de que vc está fantasiando demais. é claro que eu gostaria da mesmo forma que outros me avisassem de minhas falhas lógico-argumentativas. Até mais, espero que não leve a mal."
- Não, não levo a mal. Até gostei, pois adoro discutir minhas idéias. Concordo contigo, Fernando. Depois que você me interpelou comecei a pensar melhor, e posso ter exagerado na imaginação e estar penetrando no campo da ficção. Mas mesmo assim gostaria de explicar como cheguei a isso.
Como o Universo é infinito e cheio de mistérios e às vezes parecendo desnecessário tanta imensidão para abrigar somente seis bilhões de terráqueos (partindo do pressuposto que o Universo só faz sentido para seres racionais), fica a impressão que podemos esperar muitas surpresas. Coisas incríveis mesmo, para nós hoje. Não se esqueça que é justamente a audácia imaginativa que possibilita as descobertas científicas. E quem sabe se esta idéia não induziria a uma variação do foco das pesquisas ensejando a descoberta de algo até então inimaginável?
Nós já estamos começando manipular a nanotecnologia. Quanto conseguirmos teremos um movimento intencional, racional neste nível, com “máquinas/seres vivos” se reproduzindo, interagindo com o meio e entre eles, a partir do nosso comando, e mais adiante, quem sabe, com a ‘inteligência artificial’, espontaneamente. E Como o Universo (ou Deus) é mais capaz ainda que nós eu repito: porque não? Como sabemos ao certo que não?"
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Quarta, 14 de Outubro de 2009 |
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Tema: Vida, Inteligência, Cérebro, Complexidade, Ficção Científica, Isaac Asimov, Nemesis
Número de Caracteres
- Mensagem: (1.460 + 2.000) = 3.460
- Resposta: 1.335
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Oi Mario. Bem, parte concordo com ambos.
Não posso negar a possibilidade de vida inteligente ser microscópica. Alguns autores de FC já pensaram sobre isso, como Isaac Asimov em NEMESIS. No caso, tratava-se de um "coletivo" de indivíduos que integravam uma única mente, como se cada pequeno microorganismo fosse um 'neurônio', e assim, a biomassa invisível fosse um imenso cérebro sutil.
Mas como disse o Fernando, isso está no terrenos das meras possibilidade que no momento ficam melhores em livros de FC. Nossos conhecimentos atuais claramente associam inteligência a complexidade concentrada. Nós, os humanos, somos definitivamente as entidades mais complexas conhecidas no universo, e nossa inteligência está na incomparável complexidade neural de nosso cérebro, que para ser possível exige uma massa e extensão mínimas. Não parece possível, por exemplo, que um cérebro do tamanho de uma azeitona seja capaz de apresentar inteligência comparável à nossa. Que dizer de um microscópico.
Claro que, além da possibilidade de tal complexidade ser não-concentrada, como em Asimov, também podemos pensar em outras, até mesmo apelando para conceitos tidos como imateriais. Mas, mas uma vez, tudo indica que por enquanto isso seja ficção. Possível! Mas improvável.
Agora, Mario, a mensagem onde eu disse
E o que caracterizaria mais essencialmente a humanidade? É exatamente a capacidade de sentir, pensar, refletir, ter consciência de si. Assim, se insetos pudessem fazer isso, eles também seriam "humanos"., foi a
753. De onde diabos você tirou essa numeração maluca na linha 19?!
Amigavelmente
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29 de Outubro de 2009 |
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Josué Coimbra Xavier
Goiânia-GO
1973
Professor e Músico
Religião: Evangelho de Cristo
c o i m b r a . j o c o x a v i e r
g m a i l . c o m
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Terça, 6 de Outubro de 2009 |
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Tema: Clube Bilderberg, Governo Mundial, Conspiração
Domínio do Mundo, Caos
Número de Caracteres
- Mensagem: 207
- Resposta: 9.380
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Caro primo. Desculpe fazê-lo esperar tanto.
Bem, o que é a verdade? Nem Jesus respondeu. Como podemos saber se o que se diz sobre o Clube Bilderberg é verdade? Como saber se não é apenas uma grande estratégia de marketing para vender livros? Ou até mesmo, apenas uma fachada falsa para desviar a atenção de algum grupo real de conspiradores que, estes sim, detenham de fato o poder e sejam absolutamente secretos?
Não temos como saber. É possível até mesmo que o próprio Clube Bilderberg seja uma ficção. Se tamanha manipulação da mídia é possível, como o texto afirma, então como confiar no que quer que seja? Tanto a manipulação poderia ser para ocultá-lo, quanto para fazer acreditar que exista.
Aqui, já estou apelando para nossa única companheira fiel na busca da verdade. A Razão. Podemos desconfiar das evidências, pois podem ser ilusórias, fraudulentas, equivocadas. É possível até mesmo que tudo o que digam sobre alguma coisa qualquer seja falso. Se fôssemos desde pequenos submetidos à inúmeras e fartas falsas evidências de que existe um país fictício, desde material escolar, filmes e até notícias falsas, e se toda pessoa que porventura descobrisse a verdade fosse comprada ou morta, como então poderíamos ter certeza? Como saber que não fazem, de fato, isso?
A única coisa que temos é nossa racionalidade, com ela podemos descobrir a única evidência absoluta de falsidade, a contradição, ou ao menos notar dificuldades intrínsecas num discurso, que o tornam auto destrutivo. É o que podemos ver nesses textos sobre o Clube Bilderberg, que até admitem isso.
A primeira coisa que chama atenção é o tom sensacionalista. Depoimentos sérios, esclarecedores e criteriosos jamais são feitos nesse tom, que é típico de comerciais, especialmente aquelas estilo Polishop, ou de discursos sabidamente paranóicos como os que envolvem ETs no governo ou seitas satânicas em livros de Harry Potter. Pense bem, se você fosse denunciar algo desse tipo, não começaria com uma abordagem cautelosa que inspirasse confiança? Ou preferiria aquele que vai afastar os leitores sérios e atrair os malucos de plantão?
O próprio Daniel Estulin declara ter sido vítima de assassinatos que não ficariam bem nem em filmes de Hollywood. A pergunta que fica é, como alguém que denunciaria uma organização tão poderosa, capaz de controlar o destino do mundo, conseguiria ficar vivo? Eles criaram os Beatles, promoveram o 11 de Setembro, elegeram Obama, e não conseguem matar um escritor famoso?!
Aliás, dê um pulo no site dele e o que você verá é a propaganda do livro com link para compra on-line.
Que o clube Bilderberg exista não parece motivo de desconfiança. Elites sociais sempre se envolveram em sociedades fechadas, possivelmente algumas secretas, mas outras pseudo secretas, como Maçonaria, Iluminati, Caveira e Ossos etc. (Curioso chamarem de secretos grupos que qualquer um sabe que existem! Deveríamos chamá-las Sociedades Discretas.)
Além disso, não há bons motivos para duvidar de intenções suspeitas, pois
"Esse interesse de dominar o mundo não é novidade na história da Humanidade. Outros já tentaram antes."
A questão é saber se eles conseguem, e então, minha tendência é acreditar que não. NENHUM GRUPO, POR MAIS PODEROSO, COESO E ABRANGENTE QUE SEJA, TEM PODER PARA DETERMINAR O MUNDO À SUA VONTADE!
Eles tentam, e conseguem influenciar, sem dúvida promovem eventos, dirigem tendências e determinam alguns elementos, mas o todo sempre escapará a seu controle. INEVITAVELMENTE!
Isso ocorre por vários motivos, mas quero destacar os seguintes.
1 - O mundo, o universo, é uma constante tensão entre Caos e Ordem, nenhum dos dois pode ser total, por isso qualquer forma de determinismo é impossível, ao menos para os seres humanos. A "marca registrada" da espécie humana é sua capacidade comprovada de alterar seu modo de vida. Pode-se conduzir um estado de coisas por algum tempo, mas cedo ou tarde ele cairá, em geral cedo. Seria necessário um grau de conhecimento e precisão inalcançáveis, devido ao fato de diversos fatores radicalmente determinantes não poderem ser plenamente conhecidos.
2 - Talvez mais difícil do que gerir o caos material, seja controlar o caos mental da humanidade, e seus egos dissonantes. Seria possível que numa reunião com as 130 maiores pessoas da humanidade, incluindo reis, príncipes, governantes, mega empresários etc, todos eles pensarem igual?! Não há divergência entre tantas personalidades exóticas e individualistas? Todos concordam com os mesmos pontos da agenda? É evidente que há choques de interesses, e pontos de discórdia inevitáveis que levarão a dissidências e conflitos, inviabilizando qualquer grande planejamento de longo prazo.
3 - Ainda mais difícil do que tudo isso, seria controlar os bilhões de seres humanos que não participam desse seleto clube. Há uma imensa quantidade de tolos que podem ser manobrados, e provavelmente a maior parte da humanidade é relativamente fácil de ser dominada. Mas a quantidade de pessoas e gênios indomáveis seguramente supera a casa dos milhões. Exemplos não faltam. Não há tentativa de estabelecer ordem e controle mesmo por parte de grupos e governos poderosos com pleno apoio de diversos setores da sociedade, que não seja afinal desafiada por ações individuais e coletivas impossíveis de serem extintas. Ou não existiria crime, pra começar. Veja os governos totalitários do mundo. Sempre há os que furam as barreiras, as informações sempre vazam, as conspirações sempre são expostas, e nenhum deles durou muito tempo, ou ao menos tiveram que se modificar.
4 - Como se tudo já não bastasse, a tecnologia ainda é anti concentradora. Note que quanto mais a tecnologia evolui, mas aumenta o individualismo e a liberdade. A paranóia de achar que tecnologia permitirá o controle total dos cidadãos só é possível a quem nunca percebeu o fato óbvio de que na realidade o que ocorre é o contrário. Para cada tecnologia de controle surge uma contra tecnologia de reação. Por acaso a Internet é o mundo do controle privado das empresas ou governos sobre os cidadãos? Não. É o Reino da Pirataria! Onde a liberdade digital come solta desafiando as leis internacionais que tentam proteger os "direitos" dos poderosos! É a frente de liberdade de expressão que não respeita nenhum tipo de coerção. A cada dia surgem novos hackers, novos vírus, novas formas de furar bloqueios, quaisquer que sejam. Toda e qualquer tecnologia ostensiva só pode ser eficiente no controle da sociedade se contar com o apoio irrestrito da maioria dos cidadãos, caso contrário, é inútil. O que nos leva ao próximo ponto.
5 - A massificação mental da população é cada vez mais difícil! Sim! Por estranho que possa parecer. Outrora podia ser possível fazer uma cidade inteira pensar exatamente da mesma forma sobre algo, provavelmente devido ao controle tirânico de informação, ao isolamento e dificuldade de comunicação. Atualmente, é praticamente impossível obter consensos até mesmo numa sala de aula. Cada vez mais as opiniões divergem, visto terem mais acesso a informação. Tentativas de mudar a natureza humana, por meio de manipulação cultural, sempre foram feitas, mas a medida que a tecnologia, a ciência e o pensamento em geral progrediram, foi ficando cada vez mais difícil, e mesmo quando é relativamente bem sucedido, o é num âmbito restrito, num país por exemplo. Mas um grupo para conseguir "dominar o mundo" teria que massificar todos os países, todas as culturas. Pode-se até globalizar algumas coisas, mas é impossível padronizar o pensamento em todo o globo pelo simples fato de que as condições de cada local serem diferentes.
Se fosse possível levar níveis bem próximos de educação, desenvolvimento social e recursos econômicos e científicos a todas as pessoas, então ficaria mesmo muito mais fácil padronizar o pensamento. Note que não há caso onde dois grupos sociais de condições distintas pensem da mesma forma. A massificação de pensamento é uma característica de um grupo já social e economicamente massificado. Mas se uma organização pretende dominar o mundo, no mínimo terá que dar algo real em troca antes, que não me parece ser o caso dos exemplos conspiratórios que temos.
Tudo isso vai de encontro a uma das frases mais ousadas do texto.
"...os estudos realizados pelo Clube Bilderberg demonstram que conseguiram diminuir o coeficiente intelectual médio da população." Isso é só um pequeno exemplo de um tipo de patologia mental que afeta boa parte da humanidade. Que batizei de Complexo de Paraíso Perdido. A afirmação embute claramente a noção de que antes, o coeficiente intelectual médio da população era maior. Afora o simples fato de provavelmente ser impossível medir isso, ficará a pergunta de quando esse coeficiente foi notavelmente maior.
Nas décadas de 60 ou 70 onde metade apoiava fervorosamente uma guerra estúpida como a do Vietnam e os pacifistas achavam que era preciso ser drogado para ver a estupidez disso? Na época dourada das ditaduras militares que pipocavam em todo o ocidente financiadas pela CIA, e dos países por trás da Cortina de Ferro? Quando se acreditava que uma revolução traria o paraíso para a Terra? Ou quando pensou-se que o fim da URSS resolveria todos os nossos problemas? Quando havia o Muro de Berlim? Quando, ó céus, no ponto de vista desta criatura o nível intelectual médio da população, onde quer que fosse, era maior?
Teorias da Conspiração são um subproduto do Conservadorismo e do Reacionarismo, que ao ver a inevitável mudança do mundo, quer se apegar ao passado assim como o faz o adolescente que quer continuar criança quando chega à puberdade, ou a pessoa de meia idade que quer ser eternamente jovem. Para sustentar essa neurose, inventa todo o tipo de paranóia para levar os outros a acreditar que devemos a todo o custo deter qualquer forma de mudança para manter as coisas como sempre foram, como se estas sempre tivessem sido maravilhosas.
Para isso, não basta apontar inimigos reais ou ao menos prováveis, é preciso criar um único inimigo hiper poderoso, para que seja possível focar toda a atenção e concentrar todo o ataque. Porque isso torna tudo muito mais simples. Basta destruir o inimigo. É como nas estórias fantásticas. Basta destruir o Um Anel, basta matar o Lorde das Trevas, basta vencer um Duelo ou destruir a Estrela da Morte.
Mas o mundo não é simples assim. Não há um único inimigo, exceto sentimentos abstratos. Há vários. Temos diversas forças se degladiando no mundo, nesse exato momento. Temos a cultura democrática ocidental, o cientificismo, o materialismo, o conservadorismo cristão, o fundamentalismo islâmico, a contra cultura, a esquerda revolucionária, a social democracia, o neoliberalismo e etc.
É UM CAOS! Não pode ser obra de um só grupo. Diante desse fato, o paranóico de plantão inventa uma delirante rede de intrigas e teorias conspiratórias tentando convencer que tudo é resultado de uma complexa e diabólica trama. Se tudo segue uma linha coerente de eventos, ótimo, se não, faz se de conta que tudo é deliberado. Ou seja, uma hipótese infalseável, que o teórico da conspiração pode confortavelmente sustentar independente de quais sejam os fatos.
Poderia dizer mais. Mas fico por aqui. Obrigado primo, e espero mais participações suas.
Amigavelmente
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28 de Outubro de 2009 |
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Fernando Ventura Bispo Santos
Araguaina-TO
-
1975
Funcionário Público
-
Cristianismo
625, 633,
635, 657,
665, 674,
681, 695,
699, 715,
745
a t t h o s m a t h e u s
g m a i l . c o m
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Olá grande Marcus como sempre li os teus dois ensaios últimos e tambem como sempre apreciei muito. O tema do
Gênio do Mal, ou cientista louco, não foi novidade para mim pois já tinha lida uma materia numa antiga revista superinteressante que tratava do mesmo assunto, nela são exemplificados comos genios do mal, o doutor silvana inimigo do capitão Marvel, doutor destino inimigo dos 4 fantasticos e Lex Lutor, "a maior mente criminosa". Você se esqueceu de citar o Cêrebro companheiro do pink.
Mas uma frase sua me deixou intrigado: "Batman jamais atacou as causas, e sim os sintomas, numa guerra sem fim." Como batman atacaria as causas da criminalidade? Talvez sendo um senador democrata que pretendece demolir as instituições americanas, que na cabeça de tais democratas seria a origem da criminalidade?
Ora Marcus o mundo não é um sujeito, não é autoconsciente, e como tal é amoral, não existe o mundo mal que muitos pretendem mundar, é claro que muitas facetas do sistema contribuam para alimentar forças crimino-impelentes, mas no fundo no fundo o mal, a criminalidade, só existe e so parte do sujeito, que como tal é e sempre será um individuo, que responde única e exclusivamente por suas ações.
São estes que os Super-herois prendem e punem, pois mudar o mundo cabe aos legisladores, cientista, etc. Quanto ao restante, o conceito do conhecimento ser a origem do mal, só existe conhecimento no sujeito, o mal parte do sujeito, o sujeito surge com o conhecimento, então, O CONHECIMENTO É A ORIGEM DO MAL, a maça, a caixa de pandora. Ao sugir o sujeito, surge a posibilidade de o maldito praticar ações voluntarias que prejudiquem outros. é isso ai!
A proposito, espero que não tenha sido uma invasão de privacidade, se for me desculpe, mas vi as fotos de teu casamento no perfil de tua esposa no orkut. Seja Feliz! Até mais!
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Sábado, 3 de Outubro de 2009 |
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Tema: Conhecimento, Mal, Super Heróis, Batman, EUA
Repressão, Desigualdade, Enriquecimento, Competição
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.521
- Resposta: 9.575
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Oi Fernando...
Desculpe demorar pra responder mas eu queria terminar a série do "Gênio" primeiro, com o
O Gênio na Lâmpada, e ainda tive alguns problemas técnicos com o servidor.
Em parte já escrevi algo que responde sua pergunta, mas não está aqui no site, e sim num blog, em
Bruce Wayne deveria ter se tornado Batman?, nos comentários ao texto. A crítica que eu faço não é contra o BATMAN, o herói, mas sim a Bruce Wayne, o milionário. Reproduzo parte dela aqui.
Não seria o próprio Batman a causa do surgimentos de vilões muito piores do que os que existiam antes dele? Muitas estórias sugerem que sim.
Além do mais, a questão pode ser colocada na dicotomia Progressistas x Conservadores. Os últimos partem do princípio que o crime é principalmente resultado da escolha livre dos indivíduos, que sendo naturalmente maus, merecem ser violentamente reprimidos. Essa visão justificaria justiceiros.
Mas o os Progressistas acreditam que o crime é principalmente causado por questões sociais, e nesse caso o Batman seria muito imoral, pois nada faria para combater as autênticas causas da criminalidade, atingindo apenas os sintomas.
É claro que os motivos da criminalidade são mais complexos, e sempre envolvem os dois lados. Assim podemos ver que Bruce Wayne falha em sua parte, porque atacar problemas sociais não pode ser feito por mera caridade financeira, envolvendo necessariamente uma abordagem política do problema, ou um envolvimento direto com as instituições de caridade que sustenta, de modo a garantir sua eficiência.
Ou seja, minha preocupação não é tanto pela política profissional, principalmente a partidária, mas política no nível direto, isto é, aquela entre o indivíduo e a sociedade. Portanto, sua crítica, aparentemente automática, sobre o partido democrata e instituições americanas não se aplica diretamente ao meu caso, soando olavocarvalhiana demais.
Ademais, a própria Graphic Novel
O Cavaleiro das Trevas já mostra a relação entre Batman e o Coringa, de modo que o primeiro termina sendo a causa do segundo. Ou seja, é a volta de Batman que trás de volta seu arquinimigo. Também no DVD dos Contos do Cargueiro Negro (Watchmen)
há um ótimo pseudo documentário que entrevista os personagens da estória, e o ex vilão Morlock explica porque os supervilões seriam um resultado inevitável do surgimento de super heróis.
Sua crítica seria mais aplicável a outro texto meu. Também usei para Ameaça do Gênio o conceito de Sub-Herói, que está melhor explicado em Heróis da Areia, de onde tiro minha própria citação.
"Porém, todos esses heróis, inclusive o Super-Homem, possuem um elemento que os diferencia radicalmente dos heróis clássicos, (...) não vêm para revolucionar a sociedade, não se propõem a mudar a ordem de coisas, pelo contrário, eles vem para ajudar a mantê-las! Combatendo justamente as perturbações desta ordem que emergem na figura dos sempre reprováveis criminosos.
(...) mas não resisto a comentar que nisso está oculta a pressuposição da sociedade norte-americana em se considerar um tipo de expoente em termos de civilização, algo que não deve ser mudado, uma visão que se torna quase insuportável quando constatado que os fundamentos desta sociedade implicam numa desigualdade que majoritariamente produz os próprios efeitos que estes heróis se propõem a combater, e desta forma, eles acabam por se tornar mais um instrumento de repressão do sistema social."
Ora, a questão não é achar que existe um MAL maior intencional respondendo por tudo, bem como discordo que o Conhecimento seja a origem Essencial do Mal. Creio que ele apenas permite a origem cognitiva do Mal, isto é, como a própria Bíblia diz, o Conhecimento do Bem e do Mal. Os animais também sofrem, e muito, mas não tem consciência nem conceito de Mal. Os humanos além de sofrer, conseguem conceituar o sofrimento, e dar um significado mais amplo ao mesmo, o que pode atenuá-lo ou piorá-lo. Alguém pode estar sentindo uma dor mas pensar que aquilo é para o bem dela, atrelando-a uma satisfação que alivia a dor em si. Ou pode torná-la ainda pior adicionando a idéia de que seja um sinal de uma doença muito grave, preocupando-se antecipadamente com sua saúde.
Na minha concepção, a idéia de Mal surge do sofrimento em si, que existe na natureza. Praticamente todos os males de origem humana que nos afligem tem origem em impulsos naturais. Grande parte do Bem também tem origem natural, mas os humanos conseguem passar para um nível de complexidade maior, criando conceitos e exercendo boas ações que estão além do alcance dos animais, por falta de conhecimento, claro.
Por exemplo, está totalmente além do alcance animal criar uma vacina para impedir que se contráia doenças, inclusive para ser aplicada em animais. Também está totalmente fora do alcance deles criar uma arma biológica para exterminar espécies inteiras.
Portanto, só o conhecimento permite elevar o Bem e Mal a tal nível. Porém, eles não são equivalentes, há uma assimetria.
É que criar a arma biológica é, no fundo, uma exponenciação de um potencial natural, que é o matar. Nesse caso, esse conhecimento só está hiper amplificando esse impulso agressivo original, impulso este que originalmente podia ser útil para manter a própria sobrevivência. Por outro lado, a vacina vai muito além disso, pois pode envolver uma noção de proteger espécies alheias inteiras num nível que transcende a mera sobrevivência, estando atrelado a princípios morais, noções de deveres e virtudes que não podem de modo algum ser acessíveis a instintos ou "proto mentes" animais. Assim, o Ódio tem base natural direta e limitada, apenas podendo ser elevado a níveis extremos, mas o Amor, além de sua base natural, pode ser estendido num nível muito além da base natural.
Assim, embora o conhecimento amplifique o potencial para o Mal, ele amplifica ainda mais o potencial do Bem, tanto que nossa civilização cresceu cada vez mais e atingiu níveis de sofisticação intelectual, ética e científica anteriormente impensáveis. As nossas dificuldades derivam principalmente de que nossas heranças naturais ainda são fortíssimas, tanto para o Bem quanto para o Mal, mas o último é sempre mais fácil, por isso a tendência à corrupção.
O que explica a grande quantidade de mal em nosso mundo não é nossa tendência maligna predominante, seja lá o que isso for, mas o puro e simples fato de que piorar é sempre mais fácil do que melhorar. E ainda assim, progredimos espantosamente nossas noções de Bem e Justiça.
Voltando ao caso dos super heróis, pensemos na ótica da repressão. Ora, a eficiência de curto prazo de ações duras e diretas contra criminosos é indiscutível, e é completa insensatez achar que podemos dispensá-la. Por outro lado, isso nunca solucionou em definitivo o problema, é sempre apenas um controle paralelo, que diminui os sintomas, caso contrário, deveria haver pelo menos um único exemplo de alguma civilização que tenha conseguido extinguir ou ao menos reduzir drasticamente a criminalidade por meio da simples repressão. Óbvio que inexiste.
As sociedades mais ordeiras e pacíficas do mundo e da história são claramente caracterizadas por uma estrutura social coesa e abrangente, que não existe apenas para beneficiar os segmentos já privilegiados da população. Isso inclui fomentar o desenvolvimento, gerar empregos, garantir as liberdades, fornecer seguridade social e toda sorte de ações já bem conhecidas. O objetivo principal é reduzir a desigualdade de oportunidades, porque há uma relação direta entre esta e o crime, tanto que países muito pobres mas com baixos índices de desigualdade costumam ser menos violentos que países mais desenvolvidos mas com taxas de desigualdade maior.
O Brasil é um dos melhores exemplos disso, o índice de criminalidade é maior justamente onde a desigualdade é maior, Região Sudeste. Tanto a Região Sul quanto a Norte e Nordeste, tem taxas menores porque mesmo sendo a primeira mais rica e as segundas mais pobres, a desigualdade é menor. E curiosamente, os nichos onde há grande violência, principalmente no interior, podem ser detectada desigualdades grotescas, entre, por exemplos, grandes fazendeiros com mentalidade de "coronéis" coloniais, e pessoas em condição de escravidão. Em suma, onde há muita riqueza e muitos pobres, é praticamente inevitável haver taxas altas de criminalidade.
Mas isso é chover no molhado, o ponto que eu quero destacar não é esse, mas sim do ponto de vista de mentalidade, valores e noções de virtude que são reforçadas em especial na mentalidade norte-americana. Trata-se da cultura da competição, da hiper valoração da conquista de riqueza. Não há a menor dúvida de que é fortíssima nos EUA a idéia de que ser rico é incomensuravelmente mais importante do que ser qualquer outra coisa, incluindo ser ético.
Por exemplo, os europeus ainda tem noções de nobreza que permitem a pessoas menos ricas se sentirem mais valorizadas que pessoas mais ricas. Possuem valorações de intelectualidade que garantem algum prestígio social. No Japão, por exemplo, um professor tem mais respeitabilidade social do que um empresário riquíssimo mas que só tem ensino médio. Na China, nada é mais forte do que a noção de Honra. No Brasil, um Pai de Santo pode ser pobre, mas pode conseguir o respeito, e até o temor, até de um ACM!
Nos EUA isso é radicalmente minimizado. É o país de prosperidade financeira. Muitas forças tentam atenuar isso, mas ficar rico ainda é prioridade ABSOLUTA. E apesar de paralelas noções éticas, a idéia de que qualquer meio justifica esse fim é fortíssima. Alguém poderia querer dizer o mesmo do Brasil, mas note que aqui ninguém é chamado de "perdedor" só porque se contentou com uma vida mais simples. É possível brilhar no Carnaval e continuar morando na favela. Não se deixe enganar. Nossa mentalidade é bem diferente, e só não é mais porque já absorvemos grande parte de cultura norte americana.
Claro que isso também se reflete de diversas outras formas, como a superação nos esportes ou a conquista da fama na arte, mas tudo tem como objetivo final a ascensão social por meio do acúmulo de riqueza. Com essa pressão para ser bem sucedido, muitos jovens não suportam a possibilidade de "fracasso", e recorrem a qualquer método para superar sua condição financeira. Isso associado aos outros problemas, tem um resultado explosivo, principalmente se lembrarmos que é um país com fraca previdência social e baixo suporte público, intensificando a sensação de que o fracasso financeiro acarretará a ruína pessoal, incluindo a perda da própria casa. Isso é levar a competitividade brutal da natureza à Economia, com a diferença que na natureza criatura nenhuma pode dispor de todo os ecossistema para subjugar as outras, coisa que os mais ricos podem fazer no mundo humano. E nem sequer falei na cultura de adoração de violência, armas de fogo, posse de novas terras etc, que são apenas decorrências ou agravantes.
Quando citei o exemplo do Batman, pensei não somente na questão de desigualdade social, falta de oportunidades e herança violenta típica não somente dos EUA, mas da maioria dos países. Mas principalmente na tensão resultante de duas forças opostas que se digladiam na mente dos indivíduos. A realidade de suas limitações materiais, e a violenta fixação de uma quase obrigatoriedade de enriquecimento a qualquer custo.
Uma coisa é você querer enriquecer por vontade própria. Outra é você se sentir obrigado a isso, para não carregar para o resto da vida a pecha de LOSER.
Amigavelmente
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20 de Outubro de 2009 |
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Ulisses Fernandes Alves
- 1984 -
Uberlândia - MG
Estudante
u l i s s e s a l v e s 2 0 0 4
y a h o o . c o m . b r
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Olá Marcus,
Gostaria de comentar à respeito do seu texto Em Defesa da Humanidade. Em relação à sua afirmação "A HUMANIDADE é a ÚNICA coisa que faz sentido no Universo, a salvo possíveis outros seres senscientes análogos, aos quais o conceito de humanidade certamente poderá ser estendido. Ela é SIM ESPECIAL. É SIM A MAIOR realização de uma natureza evolutiva!" tenho algumas perguntas a fazer:
1) Tendo em mente que num futuro, mesmo que seja longínquo, todo o universo irá sucumbir devido a 2ª lei da termodinâmica, o que adiantará o fato de haver existido seres consientes neste universo? Que diferença terá se neste mesmo universo houvesse existido seres consientes ou não se no final das contas tudo findará?
2) Este sentimento de que somos especiais e de sem nós o universo não teria sentido não é fruto de nossa própria auto estima como espécie? (quero dizer com isso que se fossemos insetos também nos exaltaríamos como a máxima realização do universo, mesmo que tais insetos fossem incapazes de realizar várias atividades, como por exemplo, escrever um livro)
Quero deixar claro que também tenho este sentimento que vc expressou em seu texto. Entretanto, quando medito sobre o assunto fico pensando sobre as proposições acima.
Grato pela atenção
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Segunda, 28 de Setembro de 2009 |
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Tema: Humanidade, Antropocentrismo, Auto Estima, Fim do Universo, Existência
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.048
- Resposta: 2.365
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Olá Ulisses. Seja bem vindo e obrigado pelas perguntas.
1) Se o fim do universo acarretar o fim de qualquer forma de sensciência, então é claro que num sentido maior, não faria diferença a nossa existência. Mas mesmo se assim fosse, você abriria mão dela? Alguém deixa de querer viver apenas por pensar que um dia se extinguirá? Uma coisa não deixa de ser importante por ser temporária, aliás, tende a ser até o contrário, afinal, costumamos dizer que o que é bom dura pouco. E também não mudará o fato de que, ainda que transitória, a humanidade continuará sendo o apogeu da complexidade e sofisticação do universo.
Mas e se o fim do universo não eliminar nossa existência? E se continuarmos a existir, mentalmente, num mundo não físico?
Não há como negar essa possibilidade. Hermêuticas Solipsistêmicas.
2) Certamente que sim. O antropocentrismo é naturalmente resultado de um egocentrismo (Num sentido benéfico: Saber que todos os fenômenos que experimentamos são filtrados pelo nosso Eu, e que para cada pessoa, sua mente é o ente mais importante que existe, pois sem ela, nada mais poderá ser experimentado.) Da mesma forma, a auto estima como espécie só pode ser resultado da auto estima como indivíduo. Qualquer pessoa que desqualifique a espécie humana, NECESSARIAMENTE, desqualifica a si mesmo, a não ser que não se considere humano.
E o que caracterizaria mais essencialmente a humanidade? É exatamente a capacidade de sentir, pensar, refletir, ter consciência de si. Assim, se insetos pudessem fazer isso, eles também seriam "humanos".
Não há a menor dúvida que um discurso antropocêntrico parte de um valor subjetivo, de uma auto valoração consciente, e que não pode ser justificado fora de nós mesmos. Mas é exatamente neste ponto que está a coerência do discurso. Se valorizar para justificar a própria existência, e a própria dignidade, e em última instância, a própria felicidade.
Por outro lado, discurso como o do VHEMT são contraditórios por que invalidam a própria base em que se apóiam, fazendo afirmações claramente humanas que se pretendem fora do ponto de vista humano. É a diferença entre alguém dizer:
1 - Acredite no que digo, pois sou uma pessoa honesta.(Pode até ser falso, mas ao menos a frase é coerente.)
2 - Acredite no que digo, pois sou uma pessoa mentirosa.(Faz sentido?)
É exatamente isso que o VHEMT faz. Enquanto o antropocêntrico diz que a humanidade é valiosa baseado em uma auto valoração, o anti-humanista diz que a humanidade não é valiosa baseado em uma negação do próprio valor, que automaticamente nega o valor do que diz.
Daí, atribuir valor à coisas que só podem ser conhecidas e valoradas pela sua própria mente, como se esse valor fosse uma obra divina já pronta e independente, e ainda por cima desvalorizando essa capacidade de sentir esse valor externo, é só a coroação da insensatez.
Amigavelmente
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4 de Outubro de 2009 |
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Weiner Assis Gonçalves
- 1938 -
Goiânia-GO
Aposentado
599, 637, 640
w g . a s s i s
h o t m a i l . c o m
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Caro Marcus Valerio XR
Depois de longa data sem participar, mas continuando a ser frequentador assiduo de seu Site, estou de volta, buscando um pouco de saber junto a esse Filósofo Professor ou é Professor Filósofo?
Meu desconhecimento em relação ao nosso universo e a minha incapacidade de poder ter uma imaginação mais coerente no que se refere a “infinito” me leva buscar junto a si uma melhor definição. Imagino que o nosso universo é finito, talvez por sabermos onde ele se inicia e termina dá uma sensação de ser infinito. Assim, penso que o seu centro não pode ser “toda parte”, mas a probabilidade é que seja no epicentro (!?) da grande explosão que deu seu início, salvo se determinados corpos atingiram velocidades diferenciadas. Conjeturando, penso que no infinito externo ao nosso universo, esteja repleto de partículas (replicantes), eternas, que formaram e/ou formam outros universos. Antecipando os agradecimentos acompanhado de um abração.
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Segunda, 21 de Setembro de 2009 |
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Tema: Universo, Cosmologia, Big-Bang, Infinito,
Número de Caracteres
- Mensagem: 803
- Resposta: 2.832
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Olá Sr. Weiner. Bem vindo de volta.
Filósofo, professor, professor-filósofo ou vice versa, pouco importa. Mas, obrigado pela consideração.
Bem, literalmente UNIVERSO significa tudo que existe, e num certo sentido, por definição, não poderia haver coisas fora ele, nem mesmo partículas. Assim, você deveria incluir toda a infinitude de partículas replicantes eternas nesse Universo, o que o tornaria infinito.
Pode-se, claro, usar a palavra noutro sentido, e considerar que existam outros universos, e até um Multiverso. Mas essencialmente, são distorções do conceito original. Na realidade, defendo que Universo Finito é uma contradição, não devido aos termos, mas algumas consequências que podem ser apontadas por uma observação cuidadosa. Vou exemplificar a partir de um raciocínio similar desenvolvido, que eu saiba, primeiramente por Giordano Bruno (1548-1600) em sua obra
Sobre o Infinito, o Universo e os Mundos.
Imagine o universo como uma esfera, havendo então um limite que o separa do vazio. O que aconteceria se uma nave avançasse para esse limite? Ela o atravessaria entrando no vazio? Se sim, não haveria de fato limite, apenas um 'vazio' esperando ser preenchido. Assim, além desse 'universo' menor, haveria um infinito espaço vazio. Mas a definição de Universo pode exigir que incluamos também esse vazio, e assim sendo ele seria infinito.
Mas e se a nave não pudesse cruzar esse limite? Digamos que ela fosse detida, de algum modo. Então haveria uma barreira delimitando o universo. Mas uma barreira é algo que separa duas coisas. Haveria o dentro e o fora, e esse fora seria então o quê? Mais vazio infinito, ou mais alguma coisa, talvez um outro universo maior, que por sua vez também teria seu limite, infinitamente.
A única forma de pensar um universo finito seria a forma einsteiniana, Curvo e Fechado. Isso significa que a nave nunca encontraria um limite, mas sim acabaria "saindo" e "voltando" por outro local. Seria como percorrermos a superfície da Terra, nunca achamos um fim, e acabamos dando a volta, retornando ao local de saída. Com essa idéia, falar de um universo finito parece fazer mais sentido.
Mas apenas parece. Porque sabemos que no caso da Terra, há algo em torno do qual ela se fecha, bem como está rodeada, e então o mesmo ocorreria com o Universo. O que haveria "além" dessa "esfera"?
Além do mais, como a mesma teoria einsteiniana coloca limites para o deslocamento da matéria e da energia, o resultado prático, para todos os efeitos, e também a infinitude, pois a nave demoraria muito bilhões de anos para "voltar" ao mesmo local de onde saiu, e tudo estaria tão diferente que provavelmente seria impossível reconhecê-lo com o mesmo local, e ele seria tomado por algo novo, e a nave continuaria vagando, sempre encontrando coisas novas.
Nessa mesma imagem do universo como a superfície de uma esfera, imagine que a epicentro da expansão seria o centro da esfera. Mas na realidade, pense nos povos primitivos que não tinham noção da esfericidade da Terra nem da Gravidade, e por isso jamais pensariam em apontar para baixo para indicar o ponto de origem.
Assim somos, nós, não temos como apontar o epicentro do Big-Bang, ele estaria além de nossa dimensão. E isso pode ser melhor entendido no ótimo texto
Big-Bang para Principiantes. E um texto grande, mas primorosamente claro, agradável e ilustrado, e vai esclarecer muito suas questões.
Amigavelmente
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1 de Outubro de 2009 |
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Mario Campos de Jesus
- 1963 -
Seropédica-RJ
Tecnico em Contabilidade
217,
[217.1,
217.2,
217.3],
228,
362
575,
579,
622,
690,
739,
742,
748,
750
mariocamposdejesus
u o l . c o m . b r
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Obrigado, Marcus, pelos esclarecimentos sobre o assunto da Eutanásia. A seguir descrevo uma objeção minha ao Feminísmo do seu ponto de vista.
Em nome do não machismo você defende a possibilidade de uma Deusa e não de um Deus. Não seria então o outro extremo, o feminismo? Nunca entendi que para não ser machista tem que ser feminista. Não é o mesmo preconceito sob o ponto de vista contrário? Como os negros reivindicarem um privilégio por serem negros para compensar uma possível discriminação racial. Talvez o problema esteja restrito ao vocabulário com artigos e gêneros distintos, inadequado para se referir ao Ser Maior. No mais, aquele que não tem comprometimento com religiões pode ver o (a) Criador (a) acima deste conceito de gênero, pois como ele (a) é único (a), o pai (mãe) de todos, não se valendo de alguém do sexo oposto para nos gerar, ele (a) é em última análise um ser que possuiria os dois sexos ou nenhum dos dois (assexuado). Concorda? Assim o ideal é não sermos nem machistas e nem feministas, e então trocar o nome do movimento das mulheres contra o machismo de “feminismo” para “movimento de igualdade sexual”; seria mais adequado? Pois, insisto, o termo feminismo por si só já sugere uma ação discriminatória mesclada de auto-afirmação tácita de inferioridade ao se julgar, as mulheres, merecedoras de uma atenção especial, o que é contraditório ao movimento que na sua essência busca a igualdade entre os sexos.
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Quarta, 16 de Setembro de 2009 |
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Tema: Femismo, Feminismo, Machismo, Masculinismo, Religião, Espiritualidade, Deusa, Feminino, Vida
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.195
- Resposta: 7.410
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Olá Mário. Obrigado por essa instigante mensagem. Peço, porém, que sempre indique em que texto você está se baseando, pois embora em reconheça de fato já ter proposto uma Divindade Feminina, não consegui descobrir onde eu disse isso neste site, exceto nos livros de FC ALICE 3947 e Planeta Fantasma.
Ok. Em primeiro lugar é preciso tomar cuidado com certos termos. Embora em geral sejam contrapostos, note que há uma curiosa assimetria na dicotomia Machismo e Feminismo. É que a raiz do primeiro é "macho", e a do segundo "feminino". Na realidade, seus opositores simétricos seriam respectivamente Femismo (ou Femeísmo) e Masculinismo, referentes a "fêmea" e "masculino". Essa simples curiosidade já ajuda a explicar porque Machismo e Feminismo não são equivalentes, pois embora muitas pessoas se assumam como Feministas, eu incluso, ninguém se assume seriamente como machista.
Feminismo nada mais é do que a proposta de equivalência de direitos e deveres entre os sexos, como outras da onda histórica da Luta pela Igualdade, que dominou o Século XX. Como vê, o preconceito contra o feminismo pode ser visto como mais uma das reações machistas, cujo opositor, o Femeismo ou Femismo, esse sim pode ser considerado equivalente inverso, com crenças como o da superioridade das mulheres sobre os homens, ou androfobia, ou misoandria etc. Também não confundir com o
"Marianismo", que é a crença na superioridade "espiritual" das mulheres, que acaba servindo de reforço ao machismo, ao pregar que faz parte da experiência feminina suportar uma carga de injustiça e deveres maiores que as dos homens, devido a sua natural integridade e virtude maiores. O típico "elogio" que no fundo serve para justificar a opressão.
Esclarecido isso, solicito que repense a idéia de feminismo nesse sentido que você mesmo sugeriu, a luta pela equivalência, que evidentemente está longe de se realizar plenamente no mundo.
Sem dúvida é em grande parte nesse sentido que já corroborei a idéia de uma Deusa, tendo inclusive flertado com a Wicca (que acabou resultando em grandes decepções). Também havia uma característica de resgate do passado, uma idéia antiga que foi popularizada pelo historiador da arte Merlin Stone no livro de 1976 When God Was A Woman, que mostra fortes evidências de vastas religiões centradas em deusas na pré-história. Posteriormente, tais religiões, que divinizavam a Mãe-Terra e a Lua como entidades femininas, foram sendo aos poucos invadidas por panteões masculinos resultando nos conhecidos politeísmos da antiguidade, até por fim serem erradicadas sob os monoteísmos masculinos, que sacramentaram o androcentrismo além de qualquer paralelo. Essa abordagem é primorosamente elaborada no livro
O Cálice e a Espada de Riane Eisler, que mostra a gradativa transição de sociedades de pacíficas de parceria, centrada em cultos à deusa que em geral eram igualitários em termos de gênero, para sociedades guerreiras de dominação patriarcal, onde deuses cada vez mais masculinos e violentos vão assumindo o poder.
Bom lembrar que nessas religiões antigas bem como nas Wicca moderna, apesar do enfoque em Deusas, há também a participação da divindade masculina, de modo que em geral o que se vê são sistemas religiosos normalmente igualitárias, que enfatizam a parte feminina do divino apenas por esta ser mais diretamente acessível, assim como geralmente à a mãe para a criança. Por outro lado, os sistemas monoteístas que possuímos hoje em geral excluem completamente a parte feminina do divino, relegando-a no máximo à santas piedosas. A relação entre esse feminismo religioso igualitário e esse machismo religioso dominador, que vê o feminino como submisso, não poderia ser mais clara.
Nesse sentido, propor divindades femininas daria força a essa revolução de pensamento igualitária, tanto que hoje tem-se tentado desenvolver uma Tealogia, que seria a Teologia com enfoque feminino da divindade. Na realidade, minha intenção de criar um outro site de Teologia é, em grande parte, estimular essa abordagem.
Mas há outros motivos para considerar uma divindade feminina. Embora não seja difícil pensar que Deus em si seria neutro ou sintético, se tivéssemos que escolher um gênero para ele, afirmo que seria o exato contrário do que historicamente fizemos. Uma Divindade Suprema Feminina faz muito mais sentido do que uma Masculina. Primeiro, porque costumamos dizer que essa divindade gerou o universo, e o fenômeno de gerar algo é, em si, feminino. A masculinidade, em termos biológicos, surge tardiamente na natureza, como uma mera forma de acelerar a variação genética. Observe que nos animais mais primitivos, a fêmeas são bem maiores que os machos, em alguns casos, centenas de vezes maiores. Isso porque em termos reprodutivos o trabalho continua sendo quase totalmente atribuição das fêmeas.
O que é necessário de um macho para viabilizar a reprodução? Somente o sêmen. O que é necessário de uma fêmea? Praticamente o corpo inteiro. É extremamente comum uma criança ser criada somente pela mãe, e muito menos comum apenas pelo pai. Embora o astro rei seja imenso, psicologicamente a Terra é maior, e estamos muito mais próximos dela, dia e noite.
A vida pode existir, se reproduzindo, sem machos, via partenogênese ou autofecundação. Mas não pode existir sem fêmeas. É POSSÍVEL UM MUNDO SÓ DE MULHERES! Reproduzindo-se por meio de trocas de material genéticos entre seus óvulos. Mas é impossível um mundo só de homens.
Somando isso ao fato de que a relação criança e mãe é sempre menos pautada na tensão e competição do que a relação entre criança e pai, poder-se-ia, ao estimular a crença numa deusa, desenvolver uma religiosidade muitíssimo menos compatível com guerras santas, punição perpétua no inferno, intolerância e irresponsabilidade social.
Apesar de costumar-se dizer que Deus, em nossa cultura, é neutro, isso é flagrantemente falso sob qualquer ponto de vista mais acurado sobre as tradições abraâmicas. Não se trata apenas de chamá-lo de Pai ou Rei, ou mesmo da figura masculina de Jesus Cristo, Maomé, ou da pura e simples observação do machismo esmagador dessas tradições. Mas trata-se da óbvia inversão de tudo o que acabei de dizer, ao pregar que o homem é criado primeiro, e somente depois a mulher (de uma parte do homem) quando o biologicamente verdadeiro é o absoluto contrário. Trata-se de considerar as entidades divinas, os Anjos, não como seres supostamente sem sexo, mas flagrantemente masculinos, o que é evidenciado por toda a simbologia associada, a começar pelos elementos Fogo e Ar, e a Espada, todos símbolos místicos da masculinidade, vide meu texto Filosofia Elemental.
Bom. Mas já explanei demais sobre o assunto. Ainda tenho muito o que pensar sobre isso, um dos motivos pelo qual meu projeto de criar um outro site, domínio "xxx".TEO.BR nunca saiu do "papel". Mas o que desenvolvi no Universo DAMIATE, como Ficção Científica, já serve para dar uma idéia. Veja Xantaísmo, ou procure o termo XANTAI na coluna lateral do Capítulo 03 do Planeta Fantasma.
Mudando de assunto, obrigado pelo alerta sobre o vírus. E quanto a suas mensagens sobre sua posição religiosa antiga, sugiro então anexar em todas elas avisos e links diretos para o texto 30 ANOS PROFESSANDO A FÉ EVANGÉLICA. Digo isso porque remover as mensagens antigas simplesmente poderia ser visto como um falseamento de sua mudança de posição, pois não haveria evidências do pensamento antigo.
O que acha?
Amigavelmente
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29 de Setembro de 2009 |
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Mario Campos de Jesus
- 1963 -
Seropédica-RJ
Tecnico em Contabilidade
217,
[217.1,
217.2,
217.3],
228,
362,
575,
579,
622,
690,
739,
742,
748
mariocamposdejesus
u o l . c o m . b r
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Marcus, o que quis dizer é que seu argumento a favor da eutanásia tem dois problemas. Primeiro que desligar os aparelhos de um paciente com morte cerebral não é eutanásia. E segundo que é justamente ‘quando tivermos tecnologia suficiente para manter vivos os corpos de bilhões de pessoas’ é que teremos maiores motivos para mantê-los assim, pois aí é que estaremos mais próximos da cura.
Quanto aos cerebralmente mortos, que não é o caso da eutanásia, concordo que é complicado, pois não sabemos se a sua consciência já o teria abandonado, ou se não, se seria possível restaurá-la ao “consertar/ressuscitar” o cérebro. E isso pode passar pela questão da meta continuidade mental também. Mas por enquanto contentamo-nos com o romantismo de ‘saber’ que suas vidas continuam com o aproveitamento de seus órgãos para transplante.
Já quanto à eutanásia hoje, por enquanto só vejo uma solução: médico, família e paciente examinarem juntos o caso e este último sempre ter a palavra final, ou seja, se não der para convencê-lo do parecer dos médicos juntamente com a família ele é quem decidirá. Mas tenho uma preocupação. Quando for impossível ao paciente manifestar-se temo que se cometa uma arbitrariedade, pois insisto que a decisão final sobre uma vida deveria sempre caber ao próprio e quando impossível fosse optar-se sempre pela permanência da vida, custasse o que custasse.
Aí você concorda que o problema é sim ético e não técnico? Mas em alguns casos, admito, podem ser os dois e por isso, tal qual você, vejo que o assunto pode abrir muito mais nuances e que cabe ainda pensar bastante sobre. Como, por exemplo, os que não morreram cerebralmente ainda, mas que tem as suas funções neurais muito ou totalmente comprometidas.
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Domingo, 13 de Setembro de 2009 |
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Tema: Ética, Eutanásia, Medicina, Tecnologia, Ressurreição
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.441
- Resposta: 3.011
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Olá Mario...
Acho que houve uma pequena confusão aqui. É preciso distinguir duas coisas que acabaram se misturando.
Em sua mensagem anterior você citou uma passagem minha e a comentou, e aí houve a primeira confusão.
Vejamos, em minha passagem havia
”(Já imaginou quando tivermos tecnologia para mantermos qualquer CORPO humano vivo indefinidamente? (...) chegaríamos a um estágio em que teríamos que manter vivos os CORPOS de bilhões de pessoas cerebralmente mortas simplesmente porque "não devemos" desligar os aparelhos!)”
Logo em seguida, você comentou "Eu acho que quando tivermos tecnologia suficiente para manter qualquer SER humano vivo indefinidamente,"
Reparando nos grifos, vemos a primeira confusão, pois não falei de SER HUMANO, mas somente do CORPO. Curiosamente, nesta mensagem atual você também já se referiu a 'corpo'. É uma confusão comum, mas mesmo uma passagem sutil de uma para outra pode causar problemas. Por isso sugeri que lesse a 706, onde o tema foi tratado com maior cuidado. Mas pelo jeito isso parece ter induzida a outra confusão, que nos leva ao outro ponto.
Esse outro ponto é que precisamos separar o que temos sobre Eutanásia AGORA, e o que teremos NO FUTURO. Meu argumento a favor da Eutanásia está focado numa perspectiva futura, que no caso certamente envolverá situações onde mesmo com morte cerebral, o corpo poderá ser mantido funcionando. Na realidade isso já começa a acontecer, mas em âmbito muito limitado e temporário para gerar problemas notáveis.
Portanto, o PRIMEIRO problema que você aponta
"...desligar os aparelhos de um paciente com morte cerebral não é eutanásia."
não se aplica, pois o que eu disse é que SERÁ no futuro. Já o segundo 'problema' eu admiti na mensagem anterior, ao dizer
"...deveríamos manter o corpo vivo na esperança de surgir uma nova tecnologia capaz de reanimar o cérebro. Mas como também está dito nessa mesma resposta 706, é uma situação bem diferente, acrescentando que enquanto manter o corpo vivo é uma questão puramente mecânica, reativar o cérebro para a ser uma questão lógica neural. Podemos até fazê-lo funcionar novamente, mas os conteúdos seriam os mesmos? Aquela pessoa realmente estaria ali? Ou simplesmente ativaríamos um computador neurobiológico similar ao de um zumbi?"
Aí, deixei a questão em aberto. Se for possível reanimar o cérebro e conservar as funções mentais intactas, então é claro que não deveríamos praticar a eutanásia, a não ser a pedido do próprio paciente, que como eu já disse, não vejo motivo para não ser feito. Lei meu conto de ficção científica Além da Ressurreição, onde penso sobre a evolução da conservação da vida, passando pela imortalidade, até a possibilidade de ressuscitar os mortos.
Na condição atual, coloco que a eutanásia no caso de não contar com a autorização explícita do paciente é a única que é realmente problemática. (Não consigo imaginar porque alguém que queira suicidar se isso for uma vontade clara, deveria não ser atendido, muito menos alguém que queira uma eutanásia para aliviar o sofrimento.) Por enquanto, o único critério que penso é que a eutanásia deveria ser permitida no caso de pacientes comprovadamente sem chance de recuperação para um estado de vida ao menos semi-independente. Inevitavelmente isso se aplicará quase que exclusivamente aos idosos, pois os jovens sempre poderão contar com a possibilidade de tecnologias futuras reverterem seu quadro, mas para os idosos seria tolice esperar que uma estupenda e revolucionária tecnologia surgirá de repente nos poucos meses que lhe restam.
Mas, repito, é um caso a ser melhor pensado.
Amigavelmente
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16 de Setembro de 2009 |
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Paulo Gabriel Galindo Ribeiro
-
São Vicente
-
1994
Estudante
Secular
696,
703,
712,
717,
737,
741
p a u l o _ 1 5 0 9
h o t m a i l . c o m
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Oi Marcus.
Voltando aquele assunto da existência de Jesus Cristo ser um “consenso acadêmico”, devo confessar que estou um pouco frustrado. Isso porque, sinceramente, acho que você não entendeu uma vírgula do que eu quis dizer nas mensagens anteriores. No entanto, não sou (ou não me considero, ao menos) presunçoso ou arrogante o bastante para não cogitar que o problema afinal esteja comigo; também gostaria de insistir nesse tema, e por isso vou fazer uma ultima tentativa de abordar o assunto, colocando a questão da forma mais clara possível, e espero que desta vez não haja possibilidade de ambigüidade ou mal-entendidos. Todavia, peço um esforço de sua parte também.
Bom, primeiro preciso saber a sua posição.
Vou começar por partes, e dependendo da sua resposta á essa pergunta, acredito que até mesmo não seja preciso levar o assunto adiante. A questão é essa:
Você diz no texto O Código dá 20 que não há NENHUMAZINHA EVIDENCIA da existência de Jesus Cristo. Mas aí, o que você quer dizer com “existência de Cristo”? Isso quer dizer que você acha que não há evidencias para a existência do Jesus dos Evangelhos, aquele guri que faz milagres e se proclama Deus, ou você quer dizer que não há nenhum personagem histórico que poderíamos identificar como um “Jesus” qualquer – assim apoiando a tese do Jesus Mítico? Quer dizer, você está dizendo que não é provável que um Jesus “Bíblico" tenha existido, ou está falando sobre um personagem histórico mais “geral”?
Você é um proponente da teoria do Jesus Mítico? O que passagens como a desse texto significam?
Se essa pergunta já foi direta ou indiretamente respondida, de uma forma que eu pudesse perceber, peço desculpas. No entanto, eu acho que isto é necessário porque queria obter uma confirmação, para evitar qualquer resquício de duvida quanto á sua posição nesse tema.
Espero que possa responder!
Sinceramente,
Paulo.
PS.: Eu não queria comentar sobre isso, visto que gostaria de começar pelo zero, ignorando tudo o que já foi dito até aqui. No entanto, simplesmente não posso me conter em não comentar a sua afirmação de que a existência de livros que refutem alegações de que Jesus não tenha existido já é suficiente para desbancar que a mesma é um consenso. Isso é ridículo e absurdo, Marcus. Não há centenas, milhares, talvez milhões de pessoas que questionam a factualidade do Holocausto, da ida do homem á Lua, da TEORIA DA EVOLUÇÃO, etc.? Isso evidencia que tais eventos/teorias não são consensuais entre os estudiosos? Pelo amor de Deus! Você poderia até dizer que tais exemplos não são relevantes visto que tais coisas não são questionadas por “acadêmicos”, “cientistas”, etc., mas então, meu caro – É ESSE EXATAMENTE O CASO DA TEORIA DO JESUS MITICO! Ela NÃO É aceita pela Mainstream Scholarship, assim como o criacionismo não é aceito pela comunidade cientifica, e os Holocaust-deniers não são levados com o mínimo de seriedade por parte de historiadores. Ela só é promulgada á nível popular, não é apoiada por experts na área.
Chega. Se não isso aqui vai acabar virando um comentário da sua resposta.
OBS.: Duas coisas sobre postar aqui nesse Dreambook. Porque quando eu coloco meu nome "Paulo Galindo", na mensagem publicada sempre apareçe o nome inteiro? Gostaria que deixasse da forma como eu escrevo, Marcus.
E não tem algum modo de escrever em itálico ou negrito aqui?
Abraços!
Sábado, 29 de Agosto de 2009
Caro Marcus.
Desculpe voltar a te encher a paciência com isso tão cedo, visto que você nem respondeu a minha ultima carta, mas, relendo o meu post, acho que deixei escapar uma “idéia” potencialmente bombástica, com relação aquela sua afirmação de que a existência de textos que refutem alegações de que Jesus existiu já são suficientes para “desbancar” a proposição de que a mesma é um consenso.
O ponto é: seguindo esse seu raciocínio, então a própria existência do EVO, ou pior, de qualquer publicação “anti-criacionista” em grande escala, como o
Teaching about Evolution and the Nature of Science da
National Academy of Sciences,
já é suficiente para invalidar o fato de que a evolução é consensual entre os biólogos! Claro, porque se trata de uma "CONTROVÉRSIA", onde há muita disputa entre os dois lados!
:O
Pergunto-me se você estava realmente sendo serio quando escreveu aquilo.
Deixe-me aproveitar e comentar outra impertinente afirmação sua, quando você diz que a existência de Cristo “não é problema algum para os não-cristãos”. Isso pode ser factualmente provado como errado, como minha própria experiência em fóruns ateístas (já fui ateu) pode atestar. Uma das idéias mais populares nesses ciclos é a teoria do Jesus mítico. E é facilmente verificável que quase TODOS os sites “céticos” promulgam essa teoria também.
Pode não ser um problema pra você, Marcus (e pelo visto É), mas certamente é um problema para a quase totalidade dos “céticos” contemporâneos (leia-se materialistas-ateistas-cientifistas, não aqueles que aderem ao Ceticismo Filosófico como você). Alias, a própria afirmação em si já é “tola”, porque os “não-cristãos” são um grupo tão vasto e diversificado que seria impossível dizer que, no “geral”, eles concordam ou não em algo (a não ser algo muito banal que por definição qualquer “não-cristão” aderiria, como por exemplo negar a divindade de Jesus) – agora, se você estiver falando da Mainstream Scholarship, não hesito em dizer que atirou em seu próprio pé!
Deixe-me também frisar que quando digo “não existência de Cristo” é obvio que estou me referindo á Teoria do Jesus Mítico, e quando digo “consenso acadêmico” estou referindo á Mainstream Scholarship, não á todos os universitários do globo. Não sei se você ainda não “sacou” esses pontos básicos.
Por ultimo, o tal artigo da Wikipédia que você citou só prova o meu ponto mais ainda. Veja que naquele “chart”, na parte da Mainstream Scholarship, está escrito: “A historical human behind the Jesus of the NT Canon existed”. Pergunto-me se você lê não só os meus posts, mas também os próprios links que cita.
A existência de Jesus é um “consenso acadêmico” porque a “academia” relevante em questão é a “Mainstream Scholarship” (daqui em diante referida como “MS”, porque já esta ficando desnecessário)! PRONTO! Era esse o argumento!
O pessoal que apóia a teoria do Jesus Mítico NÃO SÃO historiadores.
Mas sinceramente, Marcus, tudo isso que estamos discutindo não passa de uma conversa evasiva sobre um ponto evasivo. Na mensagem 737 (e na anterior, que você apagou), o ponto sobre o “consenso acadêmico” (leia-se: aceitação de um Jesus histórico pela MS) era somente uma forma de te “pressionar” a oferecer algum argumento contra a existência de Cristo, visto que eu suspeitava (e ainda suspeito) que você é um proponente do Jesus Mítico! Veja que a própria pergunta "O que você acha do consenso acadêmico?" já é, em si, meio que desprovida de sentido (como você vai "achar" algo sobre um consenso? "Achar" o quê?). Isso até é perdoável, visto que a mensagem por si só poderia deixar a impressão de que eu estava perguntando isso "literalmente", mas você, que tinha lido a mensagem anterior deletada, achei que deveria perceber!
Eu escrevi aquilo nem sabendo que ia ter tanto problema. ERA SÓ PRA VER SEUS ARGUMENTOS!
MAS ATÉ AGORA NÃO VI NENHUM, e ao invés disso, ficamos num “debate” enfadonho e desnecessário sobre um “consenso acadêmico”, que ainda por cima é totalmente banal.
Ah, CHEGA. Já escrevi demais. Você não precisa responder á essa mensagem. Mas é que a confusão (talvez em parte gerada por mim) foi tão grande que é impossível não comentar sobre essas coisas, ainda mais pra mim que escrevo compulsivamente. Em qualquer caso, desculpe por esse post megalomaníaco. Vejo que atirei no meu próprio pé, dizendo que não ia comentar sobre a sua resposta.
Agora cabe á você provar se eu atirei em meu pé em outras coisas! ;)
Sinceramente,
Paulo.
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Quinta, 3 de Setembro de 2009 |
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Tema: História, Consenso Acadêmico, Jesus Cristo,
Jesus Histórico, Teoria do Jesus Mítico
Número de Caracteres
- Mensagem: 6.510 (2796 + 3711)
- Resposta: 8.579
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Olá de novo Paulo.
Bem, a pergunta principal desta mensagem já foi sim respondida ao final de minha resposta anterior, onde digo
"Pra concluir, minha opinião pessoal é que existiu sim um Jesus histórico, provavelmente com esse mesmo nome e que deve ter
protagonizado alguns dos eventos descritos nos evangelhos. Não vejo porque isso seria um problema digno de atenção.
Mas creio que o grau de mitificação foi tão grande que penso que
as propostas de que foi apenas um mito típico do modelo Saga do Herói
tem muito mais a nos dizer do que qualquer possível personagem histórico. Pois a estória de Jesus é uma manifestação de
uma estrutura mítica clássica exaustivamente repetida em outras estórias como o de Hércules, Orfeu, Moisés, Artur, Sigfried,
Paul Muabid, Luke Skywalker ou Harry Potter."
Pra deixar mais sintético do que isso, sou uma mistura de Mainstream Scholarship com Christ Myth theory.
E que mensagem foi essa que você diz que apaguei?! A única que o fiz foi a última, de 8 de setembro, mas minha resposta anterior, Mensagem 741 é de 20 de Agosto. Entre ela e estas duas, 29 de Agosto e 3 de Setembro, não apaguei
mensagem alguma!
Pergunto por que já aconteceu do Dreambook ter alguns problemas e perder certas mensagens. E não, infelizmente não há como alterar os estilos de fonte. Melhor usar maiúsculas para destacar.
Seu outro comentário, sinto dizer, peca pelos mesmos defeitos que ao início da primeira mensagem você espera se eximir. Comparar a questão que levantei sobre o consenso a respeito da existência de cristo com a questão do Criacionismo, Conspiração da Viagem à Lua, ou Negação do Holocausto não procede porque nenhuma desta é defendida por correntes acadêmicas legítimas, como você mesmo apontou. Criacionismo só existe em faculdades teológicas, igrejas ou no máximo na cabeça de um ou outro acadêmico, mas nunca como uma corrente intelectual que dispute hegemonia na academia, nem mesmo sequer como uma teoria exótica. Conspiração de Viagem à Lua muito menos, é idiota demais para ser levada à serio até mesmo por qualquer pessoa com um mínimo de senso crítico. Pelo menos da forma como é apresentada.
Negação do Holocausto é coisa de anti-semita, nada mais suspeito. O que há de sério são revisores do holocausto, aí sim, entre os acadêmicos, apenas contestando a precisão dos números e algumas questões paralelas, e no máximo reduzindo a quantidade de mortos. Embora nesse caso, o assunto seja suficientemente tabu para gerar muitos outros problemas.
O caso da Teoria do Jesus Mítico é totalmente diferente. Ela é defendida sim por historiadores e acadêmicos sérios, sendo uma corrente de pensamento intelectual legítima. E não pense que os departamentos de história podem monopolizar as opiniões históricas, isso não funciona na Academia, visto que ela é fortemente interdisciplinar. Ninguém tem que ser "iniciado" para poder emitir opiniões, sustentar teses ou estabelecer teorias.
Vamos deixar alguns pontos mais claros.
Primeiro: Estou entendendo por ACADEMIA o universo intelectual compartilhado pelas grandes universidades. No caso do Brasil, inevitavelmente iremos pensar nas federais, com suas conexões com as grandes universidades estrangeiras. Não me refiro a uma universidade em si. Não adianta todos os historiadores de uma única Universidade terem um consenso sobre algo que isso não o tornará consenso acadêmico, e considerando que estou falando de um universo global, fica evidente porque consenso é algo muito complicado.
Segundo, lembre-se que CONSENSO, como eu o defini, NÃO É Hegemonia, NÃO É Mainstream Scholarship! Definir consenso dessa forma é simplesmente contraditório!
Etimologicamente falando (e vi que você ignorou minha argumentação linguística) 'consenso' é um ponto pacífico qualquer entre as partes, algo que não se discute. Um consenso entre mim e você não pode ficar em questão. Hegemonia, ou opinião dominante, é distinto.
O problema é que você parece ter isolado mais sua afirmação, pois onde antes falava "Academia", agora já esta focando nos departamentos de História. A pergunta não foi entre os historiadores, mas sim na Academia. Se o
Christ Myth theory não lhe convenceu que há acadêmicos sérios envolvidos na questão, então melhor reavaliarmos nossas referências.
Há uma grande lista de intelectuais que aparentemente rejeitam um Jesus histórico no link
Jesus Nunca Existiu – Uma idéia maluca?. Pessoalmente não gosto deste texto, me soa radical demais, mas ele cita até alguns historiadores.
Para não apelar para uma busca exaustiva de referências, apenas se concentre no maior e mais confiável parâmetro de qualidade intelectual, a pura e simples racionalidade. Teorias de Jesus como Mito em geral são no mínimo coerentes, sem contradições, e sem informações deliberadamente erradas. Isso é simplesmente impossível com o Criacionismo, pois não existe nenhuma publicação criacionista que não contenha incompetências primárias sobre ciência, abusos de terminologias ou referências equivalentes. No máximo, pode-se discutir Filosofia da Ciência. Mas aí será só isso. Ainda a um longo passo de Criacionismo.
Quando apontei sua citação como exemplo de não-consenso, achei que tivesse ficado claro que apontava para o fato de que há discussão acadêmica sobre o tema. O simples fato de haver um Mainstream Scholarship indica isso, uma "linha" principal e hegemônica, que por definição admite streams diversas, por isso ela é main. É muito diferente de um caso consensual. Você acha que o heliocentrismo é mainstream? Não, é o único stream!
É oposto ao Criacionismo, que é uma controvérsia fundamentalmente popular, e presente na educação básica. A teoria conspiratória da viagem a Lua é um burrada que não merece nem resposta de um cientista sério, e o Holocausto é tabu demais até para se avaliar a extensão de qualquer contenda.
Portanto, como um argumento central, note isso: Enquanto os exemplos que você citou são discussões que embora sejam populares, não são acadêmicas, ou muito vagamente, a questão da existência de cristo é contrária. E acadêmica e popular, porém em redutos intelectuais. Se você participa de discussões do tipo deve ter notado que o nível de seus debatedores não pode ser comparado com o nível médio dos criacionistas. Se não, acho que você está dando muito azar.
Só na onda do O Código da Vinci, fui em dois eventos na UnB sobre o tema onde visões mitológicas de cristo são flagrantes, embora em geral misturadas com o Jesus humano histórico. Nunca ocorreu nada parecido com os temas citados por você em comparação.
Mas um ponto que preciso enfatizar mais é sobre o cuidado com essa afirmação. Na verdade, é minha preocupação principal ao ver alguém dizer que a existência histórica de Jesus é comprovada, que é respaldada ou é consenso.
É que de nada adianta você pensar que ser intelectualmente honesto é o suficiente para evitar não apenas os maus entendidos, mas principalmente o crescimento da desonestidade intelectual. É preciso ser, além de honesto, muito cuidadoso, e mesmo estratégico. Se alguem historiador Judeu de renome que nada acredita sobre Cristo simplesmente dizer que há boas evidências para crer na existência de Jesus, afirmação que pessoalmente não discordo, visto que ele seguramente estará falando do Jesus histórico, NÃO TENHA A MENOR DÚVIDA de que a afirmação será descontextualizada pelos apologetas para se tornar uma corroboração de teologia cristã, incluindo todos os milagres.
É por isso que eu não posso simplesmente dizer que algo desse tipo sem grandes "poréns", porque fatalmente irão se aproveitar disso para descontextualizar o que eu digo sem precisar editar minhas palavras. Não pense que numa discussão com cristãos eles irão apontar esse Jesus Histórico sem segundas intenções.
Bem, como você admitiu a partir da linha 123, sua pergunta foi basicamente para me testar, e sinceramente não tenho muito tempo para isso. Se quisesse perguntar algo que o fizesse diretamente. Só que no caso não parece haver o que comentar. "O que acho da hegemonia sobre a existência do Jesus histórico?" Seria essa a pergunta? O que haveria para responder? É como perguntar sobre a existência de qualquer outro personagem! A única coisa que eu diria é que é preciso tomar cuidado para não confundir o histórico com o teológico. Por isso a única coisa que achei interessante de comentar na sua pergunta foi sobre a questão do 'consenso'.
Para não deixar dúvida desta vez. Vou repetir. Creio que deva ter havido um Jesus histórico. Alguns estudiosos chegam a dizer que havia dezenas de profetas no mesmo tempo local, e Jesus seria apenas um deles. A própria Bíblia se refere a alguns outros 'concorrentes' de cristo. O problema é que isso não explica todos os elementos que vieram a ser teologicamente desenvolvidos. O simples estudo da história jamais nos dará a chave para a compreensão dos elementos simbólicos envolvidos. Somente o estudo dos mitos, por meio da antropologia, simbologia, misticismo e filosofia da religião, entre outros, poderá nos mostrar como o Jesus real foi transformado no Jesus divino. Nesse ponto, uma abordagem mítica é muito mais produtiva.
Isso você verá em Heróis da Areia.
Enfim, o único tiro no pé que você teria dado seria colocar tanta certeza de que sua comparação com criacionismo ou conspiração da Lua seria suficiente para mostrar que minha colocação foi ridícula e absurda, e destruiria completamente o argumento, quando você sequer parece ter atentado para o significado do termo mainstream scholarship. Que volto a afirmar, não confunda com consenso!
Além do mais, a própria historicidade de Jesus em si já é uma vastidão de opiniões distintas, desde aquelas que sustentam que os milagres foram truques efetivamente realizados, bem como as pregações ocorreram basicamente da forma como estão no Evangelho, até aqueles que fazem uma conexão tão vaga que às vezes mal sobra o nome. E dentro dessas visões históricas muitos também incorporam elementos míticos. Por isso mesmo, falar em consenso, mesmo aqui dentro, é no mínimo vazio, visto que o denominador comum seria tão insignificante quanto o de um personagem histórico que sustente o mito de Merlin.
Por isso, não é questão de consenso, e sim de bom senso. Seja menos pretensioso da próxima vez. Por favor.
Amigavelmente
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14 de Setembro de 2009 |
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Mario Campos de Jesus
- 1963 -
Seropédica-RJ
Tecnico em Contabilidade
217,
[217.1,
217.2,
217.3],
228,
362,
575,
579,
622,
690,
739,
742
mariocamposdejesus
u o l . c o m . b r
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Quarta, 26 de Agosto de 2009 |
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Tema: Ética, Eutanásia, Medicina, Tecnologia, Ressurreição
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.047
- Resposta: 1.224
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Olá Mario...
Muito interessante seu argumento. Você selecionou essa frase de minha resposta a mensagem
543, tente indicá-la mais explicitamente da próxima vez, me poupando o trabalho de procurá-la.
Porém, evidentemente você não tomou conhecimento da resposta à mensagem
706, que a partir da linha 35 tratou especificamente deste tema e onde deixei claro que não se trata de manter
um ser humano vivo, mas sim de manter o corpo funcionando enquanto o cérebro já está morto.
Nesse sentido, só há vida no sentido puramente biológico, não no sentido mental, que é o que interessa.
Mas há uma consequência interessante de seu argumento, que poderia ser a idéia de que deveríamos manter o corpo vivo na
esperança de surgir uma nova tecnologia capaz de reanimar o cérebro. Mas como também está dito nessa mesma
resposta 706, é uma situação bem diferente, acrescentando que enquanto manter o corpo vivo é uma questão puramente mecânica, reativar o cérebro para a ser uma questão lógica neural. Podemos até fazê-lo funcionar novamente, mas os conteúdos seriam os mesmos? Aquela pessoa realmente estaria ali? Ou simplesmente ativaríamos um computador
neurobiológico similar ao de um zumbi?
É certo que há mais o que se explorar sobre o tema, e é por isso que nunca redigi um ensaio completo sobre isso. Recomendo que leia a mensagem 706 e pense um pouco sobre essas questões derivadas. Pode ser bastante interessante, envolvendo o questionamento da relação mente e cérebro.
Amigavelmente
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10 de Setembro de 2009 |
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Marcus, quanto às suas indagações sobre Transcomunicação Instrumental:
1 -“Se tais vozes ou imagens são captadas por aparelhos de gravações comuns, então podem ser captadas pelos nossos sentidos comuns. É frequentemente frisado na TCI que não se trata de usar aparelhos de altíssima sensibilidade ou níveis perceptuais além do alcance humano. Assim, se tais mensagens podem ser captadas diretamente, porque então os espíritos parecem só enviá-las indiretamente? Porque exigir equipamentos tecnológicos num mundo onde por dezenas de milhares de anos estes não existiram?"
Resposta: Marcus que é uma maneira, de aspecto científico eletrônico –moderno- que vem corroborar com as idéias espíritas e espiritualistas. Contudo Marcus, não há exigência de equipamentos para a comunicação deles Pois, se sabe que há pessoas sensitivas que podem com facilidade contactá-los. A exigência que talvez exista, é tornar as comunicações espirituais em meios eletrônicos comuns e assim, tornar o meio científico acadêmico, mais aberto a essa realidade.
2- “Se minha falecida mãe, que era espírita por sinal, quisesse se comunicar comigo não seria mais prático fazê-lo diretamente do que somente no dia em que eu ligar um gravador? Ou melhor ainda, não seria muito melhor fazê-lo por meio não físico, e sim puramente mental. Um sonho por exemplo. Para que apelar para a matéria, e toda a barreira de ilusão que a separa da mente, se pode-se ir direto à própria mente?"
Resposta: Óbvio que sim Marcus. Mas, neste caso seria necessário termos alguma mediunidade sensitiva, ou, audiente ou falante, vidente ou mesmo sonâbulos. No meu caso, nos primeiros meses após o desencarne de minha mãe, eu tinha sonhos claros com ela frequentemente, Depois de um certo tempo, digamos assim, após 04 meses não mais sonhei.
Quanto ao caso de comunicação por meio físico; como já lhe disse, isto serve para respaldar a existência da espiritualidade no meio acadêmico materialista.
Abraço
Paulo Cesar - DF
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Segunda, 24 de Agosto de 2009 |
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Tema: Espiritismo, Transcomunicação Instrumental,
Barreira de Transcomunicação, Evidência científica
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.066
- Resposta: 2.038
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Oi Paulo.
Observe. Para ser aceita como uma realidade cientificamente válida, um fenômeno precisa de uma evidência física. O espiritismo vinha se afirmando na base de alegações de mediunidade, que para um observador externo é indistinguível de uma encenação, delírio, ou qualquer outra forma de engano. O médium é um ser humano, o que aniquila qualquer pretensão de
objetividade no estudo.
Então, segundo o que diz, a transcomunicação seria a forma de gerar essa evidência física, não diretamente subjetiva como
o é qualquer alegação de mediunidade. Isso porém exigirá um método mais rigoroso, pois normalmente o que se obtém são vozes que muito bem podem ser feitas por pessoas, conscientemente ou não, que estão bem encarnadas, por sinal. Além disso, existe sempre o risco de captação de alguma onda de rádio sutil, de algum som distante, de uma gravação prévia que não foi totalmente apagada, etc.
Então só há uma forma, realizar algumas experiências em laboratórios com rigoroso isolamento acústico e eletromagnético, e com
dispositivos digitais isentos de dados prévios ou interferências. Como uma sala de estúdio fechada, devidamente controlada,
onde coloca-se por exemplo um gravador de MP3 sozinho, vazio, com todas as precauções para evitar erros.
Depois disso, se forem obtidas gravações, que registre-se a experiência e repita-a nas mesmas condições até haver grande margem de probabilidade de veracidade. Com o método devidamente especificado, resta então enviar as informações para outros laboratórios para reproduzir as experiências.
É provável que você já tenha se informado de algo semelhante a esse procedimento, e então peço que me dê a referência para uma estudo mais aprofundado. No site do www.ipati.org certamente nada tem de interessante,
eu já procurei, mesmo porque este está mais interessado em sua missão ética e mensagem espiritual do que em fornecer evidências científicas. Mas no Transcomunicação.NET há vários ARTIGOS que parecem muito interessante. Só não tenho tempo de ler todos. Recomendo que você dê uma olhada.
Estive lendo alguns até mesmo com instruções par produzir uma "massa de ruído" de fundo, ou o tal "ruído branco", que seria
uma matéria prima em cima da qual os espíritos poderiam produzir sons por meio de modulações paranormais. Juro que se me convencer pretendo até fazer algumas experiência caseiras, para ver se pelo menos eu começo a achar o fenômeno mais provável.
Amigavelmente
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9 de Setembro de 2009 |
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Rodrigo Marques - 1972 - Angra dos Reis - RJ
Administrador
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Cético
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y a h o o . c o m . b r
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Caro Marcus, mais uma vez estou aqui para fazer as minhas perguntas de praxe, desta vez sobre heroínas:
1 - Andei relendo a sua monografia Heróis da Areia e me ocorreu uma dúvida:
Ali fala-se claramente nas sagas heróicas como um elemento masculino por excelência. Sendo assim pergunto se não há sagas
heróicas femininas, em que uma mulher é a heroína protagonista? Como se estruturaria uma estória assim? Os livros da série
Crepúsculo
seriam um tipo desses, já que a personagem principal, Bella Swan, apesar de ser salva pelo mocinho,
Edward Cullen, como uma donzela, tem a coragem de se aproximar dele e de sua família mesmo sabendo do risco que corre?
2 - Na referida monografia fala-se muito do complexo de édipo e seu efeito nos homens. Uma heroína teria de ter o complexo
de Electra, de "matar" a mãe? Nas descrições do seu livro As Senhoras de TERRANIA, no reino de
Teron, sugere que exista um conflito mãe/filha assim, entre as duas Rakelas?
3 - Nos quadrinhos, minha principal referência nesse assunto, as heroínas sempre estão mais ou menos a reboque dos homens,
acho que a única a ter certa independência seja a Mulher Maravilha, talvez por ter sido a primeira personagem deste tipo.
Tal fato ocorre porque uma heroína recebe um tratamento muito masculino, já que nessa mídia elas são necessariamente
guerreiras, usam da violência para resolver os problemas?
Muito obrigado e até logo.
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Segunda, 24 de Agosto de 2009 |
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Tema:
Saga do Herói, Heroínas, Saga da Princesa, Arquétipos, Masculinidade, Feminilidade,
Crepúsculo, TERRANIA
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.161
- Resposta: 7.000
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Olá Rodrigo. Obrigado por essa interessante mensagem.
Bem, em minha página principal no periódico de AGOSTO de 2009 eu já adiantei que a heroína
de Crepúsculo segue o
arquétipo da 'Princesa', e não a 'Saga do Herói', embora evidentemente haja similaridades e intersecções.
A principal distinção, penso eu, é que a saga Masculina é basicamente uma história de conquista, enfrentamento de uma
força opositora e opressiva que deve ser derrubada, e a consequente instauração de uma nova ordem. Para fazer isso o
Herói deverá, entre outras coisas, se completar, unindo-se a sua contraparte feminina. Isso tem vários níveis e implicações,
inclusive uma que só será obtida após a vitória total, mas a mais importante é aquela que irá dar uma nova força ao
Herói, quer seja curá-lo, dar-lhe um novo poder, ou qualquer outro meio de cumprir sua missão.
A Saga do Herói, no entanto, não resume toda a essência arquetípica masculina, pois há também aquilo que podemos chamar de
Saga do Mago, do Rei, e outras, embora ela seja claramente a mais evidente. A 'Saga da Princesa' é a contraparte da Saga do Herói, e é claro que também há as sagas da Feiticeira e da Rainha, pelo menos. A Princesa não lida diretamente com os elementos combativos, mas sim com os elementos que suportam e fortalecem o herói.
1 - Isabella Swan é o melhor exemplo. Note que ela não é uma heroína de ação, daquelas que apenas reflete a saga masculina em seu ANIMUS (a parte psíquica masculina da mente feminina) e que constitui a maioria das heroínas que conhecemos. Seu
grande desafio é, literalmente, psicológico. Pois embora estejamos falando de psicologia, é claro, os símbolos masculinos
são em geral fisicamente literais. No caso da princesa, os próprios símbolos são psicológicos. A ação principal irá se
desenvolver em seu interior, e não por meio de viagens a locais distantes, batalhas contra dragões ou duelos de espadas.
Como diz Robert A. Jonhson em seu livro
SHE, "a princesa nunca sai do Castelo do Graal", ela é, na verdade, o próprio Graal. É ela que dará
força ao herói, protegê-lo das forças contra as quais ele é impotente, em geral psíquicas. Ela que lhe dará sentido
existencial, e embora em si a princesa não tenha um poder físico efetivo, ela tornará o herói muito mais forte, em
algum momento importante de sua jornada, bem como estará protegida pelo próprio herói devido ao encanto irresistível com
que o domina.
S P O I L E R S ! ! !
Bella Swan parece apenas uma moça normal a não ser pelo fato de ser irresistível ao herói, e não ser acessível ao seu
poder específico, a telepatia. Eduard Cullen pode ler os pensamentos de qualquer um, menos os dela. Isso significa que, do ponto
de vista dele, ela é muito especial. Como a estória de
Crepúsculo é profundamente
romântica e do ponto de vista feminino, e no caso, arquetípica, Eduard Cullen é simplesmente o homem perfeito. O príncipe
encantado. Ele não tem nenhuma falha, mesmo seus poucos erros são cometidos por excesso de virtude, devido a sua
incompatibilidade com a imperfeição do mundo. A insistência nisso é tanta que em alguns momentos, em especial a partir do
segundo livro, chega a ser esboçado um tipo de Argumento Ontológico da Existência de Edward,
que de tão perfeito, TEM QUE EXISTIR!
O grande desafio de Bella é primeiro mostrar que é pura, que no caso embora coincida, evidentemente nada tem a ver necessariamente com castidade. É a pureza de sentimento. Bella nutre um Amor Incondicional por Edward, a única forma de estar à sua altura, visto estar sempre frustrada por parecer insignificante perto dele. Esse amor lhe permitiria sacrificar a própria vida por ele.
Uma das características da Saga da Princesa é que o Herói não é o único a cortejá-la. Ela também será tentada por outros
amores quase tão bons quanto o do príncipe encantado, mas resistirá ao máximo para se manter simbolicamente imaculada e ser exclusiva de seu príncipe. O outro pretendente de Bella é Jacob Black, que é mais humano, menos perfeito, e por isso mais
real e mais próximo. Ela vive então num dilema, ela também ama Jacob à sua maneira, mesmo sem poder correspondê-lo plenamente, e não terá escolha a não ser deixá-lo sofrer pelo fato de não poder abrir mão do Príncipe Encantado, ainda que
este esteja longe, numa cruzada, enquanto o outro pretendente está ali, disponível. Lembre que no segundo livro Edward está ausente durante a maior parte, numa missão pessoal para eliminar a ameaça que atenta contra a vida de Bella e seus amigos.
As duas características mais interessantes vem no quarto livro, após a tardia noite de núpcias, quando ela engravida
e dá a luz a um ser especial. Isso representa o destino de quase toda união entre o Herói e a Princesa, gerar um descendente
que terá um papel fundamental na nova ordem de coisas, ainda que em geral as estórias terminem sem mostrar isso,
apenas apontando-o. Em Amanhecer Bella finalmente descobre seu poder, e qual é? Gerar um escudo de proteção! Com o qual Edward,
sua família e todos os seus amigos estão prontos para enfrentar a batalha final, que acaba sendo muito mais psicológica
do que física, como seria de se esperar numa saga desse tipo.
Àqueles leitores que se decepcionaram com o final pela falta de uma autêntica batalha mortífera, digo que nada seria mais
esperável de uma saga vista pela ótica feminina, que, simbolicamente, não tolera perdas diretas mesmo que essas possam ser
evitadas a preços muito altos. É típico da princesa estar disposta a se arriscar, se ferir gravemente e mesmo morrer por
seus entes queridos mesmo que estes sejam superseres quase indestrutíveis que no máximo veriam como um aborrecimento aquilo
que ela vê como uma ameaça. É típico da feminilidade conservar o estado de coisas.
Naquela situação final, diante do exército dos Volturi, uma luta frontal seguramente causaria muitas mortes em sua própria
família e amigos, e a princesa não pode tolerar isso. Pode-se questionar que não ter derrubado a ordem estabelecida constitui
a manutenção de um estado de coisas que causa milhares de mortes de inocentes por ano, mas essa é a principal diferença
entre os arquétipos feminino e masculino. O primeiro conserva, une, mantém, o segundo transforma, muda e separa. Se fosse
um estória escrita sob uma ótica masculina (o que independe do sexo do escritor), o final seria a queda do domínio
dos Volturi e o estabelecimento da ascensão de uma nova ordem, que prometia ser mais benéfica que a anterior, pois os Cullen
estariam em posição de iniciar uma nova era de convivência não predatória entre vampiros e humanos.
Antes que se repreenda o modo feminino, devemos lembrar que, porém, nada garante que essa nova ordem de fato faria o esperado, as coisas poderiam desandar e até mesmo piorarem. Aí está a outra grande diferença correlata entre o Feminino e
o Masculino. O primeiro prefere manter a situação como está, mesmo que seja ruim, para evitar o risco de que piore, o segundo
prefere revolucionar, na esperança de melhorar.
Fim dos Spoilers.
Evidente que a saga ainda pode continuar, e a autora pode acrescentar elementos novos. Atualmente ela escreve uma outra
versão da estória pelo ponto de vista de Edward. Isso exigirá uma mudança radical de eixo, pois ela terá que pensar pelo
ponto de vista masculino.
2 - O Complexo de Electra normalmente não costuma surgir nas sagas heróicas "femininas". O que normalmente ocorre é apenas a
roupagem revestida do Complexo de Édipo, Freud tinha razão neste ponto, pois o mito grego de Electra nem sequer parece
se aplicar ao caso. Como você observou, normalmente o que ocorre é uma saga do herói de saias. O desafio primordial da princesa não é exatamente superar a mãe, mas se purificar e demonstrar sua capacidade de sacrifício, seu mérito para receber o príncipe encantado. Isso exige uma auto crítica severa e um certo martírio interior para eliminar seus defeitos. Não é a toa que Bella Swan tem uma introspecção tão dura e problemas de
auto estima apesar de suas muitas qualidades. No reino de TEROM não há um conflito entre
mãe e filha, a não ser no nível que sempre ocorre entre uma mãe normal e uma filha adolescente.
3 - Sim. É basicamente isso. A produção de super heróis é fundamentalmente masculina. As heroínas são apenas superficialmente
femininas. Não é a toa que o público é esmagadoramente masculino. Sagas femininas, para mulheres, são de ordem completamente
diferente. Você encontra muitas nas bancas, mas geralmente não estão em quadrinhos.
Amigavelmente
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9 de Setembro de 2009 |
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Fernando Ventura Bispo Santos
Araguaina-TO
-
1975
Funcionário Público
-
Cristianismo
625, 633,
635, 657,
665, 674,
681, 695,
699, 715
a t t h o s m a t h e u s
g m a i l . c o m
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Oi de novo Marcus, o que vc tem a dizer do argumento de Santo Anselmo com respeito a prova da existencia de Deus, que junto com o argumento teleológico são os dois únicos fios que prendem os teístas a alguma articulação lógica para provar o que não se pode apreender pelos sentidos fisicos:
"Pois bem, Senhor: tu que dás a intelecção da fé, concede-me na medida em que sabes convir-me, que eu inteleccione que tu
existes, como nós o acreditamos, e que és isso mesmo que nós acreditamos. Nós realmente acreditamos que tu és alguma coisa,
maior do que a qual nada se pode pensar. Porventura não existe uma realidade dessa natureza, pois que "o insipiente disse no
seu coração - Deus não existe?" (Salmo 13,1). Mas evidentemente, esse mesmo insipiente ao ouvir isto mesmo que eu digo -
alguma coisa, maior do que a qual nada se pode pensar-, intelecciona o que ouve, e o que intelecciona está na sua
inteligência, embora ele não inteleccione que isso existe. Com efeito, uma coisa é estar certa realidade no intelecto,
outra coisa inteleccionar que essa realidade existe. Assim, quando um pintor pensa antecipadamente no que vai fazer, tem-no
de facto no intelecto, mas ainda não intelecciona que existe o que ainda não fez. Mas depois que o pintou, não só tem no
intelecto, mas também intelecciona que existe o que já fez.
Tem por conseguinte de reconhecer o mesmo insipiente que - alguma coisa, maior do que a qual nada se pode pensar - existe ao
meno no intelecto, pois que ao ouvir isto, intelecciona-o, e tudo o que intelecciona existe no intelecto. E indubitavelmente,
- aquilo, maior do que o qual nada se pode pensar - não pode existir apenas no intelecto. Com efeito, se ao menos existe só
no intelecto, pode pensar-se que existe também na realidade, o que é ser maior. Por conseguinte, se - aquilo, maior do que o
qual nada se pode pensar - existe apenas no intelecto, - aquilo mesmo, maior do que o qual nada se pode pensar - é - aquilo
mesmo, maior do que o qual [ alguma coisa ] se pode pensar. Ora isso é evidentemente impossível. Existe pois
indubitavelmente, tanto na inteligência como na realidade, - alguma coisa, maior do que a qual não se pode pensar [ nada ]."
até mais!
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Quinta, 20 de Agosto de 2009 |
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Tema: Existência de Deus, Argumento Ontológico, Argumento Teleológico
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.797
- Resposta: 2.091
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Oi Fernando...
Já tratei indiretamente o argumento ontológico em minha monografia
DEUS ME LIVRE - Não à Perfeição. Disto podemos resumir que a
falha do Argumento Ontológico, segundo minha opinião, está no conceito de perfeição. Diferente de outras críticas ao
argumento ontológico, que podem ser vistas no ótimo texto
Religião, razão e fé ? tarefas e desafios da tolerância,
penso que a falha do argumento de Anselmo é a mesma de Descartes, acreditar que temos uma idéia de Perfeição, ou
coisa similar.
Mas não creio que tal idéia exista de fato, não creio que ela faça sentido. "Perfeição", nesse contexto, é apenas uma
palavra relativa, ou um conceito vazio. Relativa se usada no sentido de "tendência à". Ou seja, como a palavra "Grande".
Temos uma linha unidimensional que tende ao grande e ao pequeno, mas todos são conceitos relativos. Não existe o Grande
Absoluto além do qual não se pode aumentar mais. Afirmar que existe um limite absoluto, é simplesmente negar o infinito.
É dizer que existe um número máximo além do qual não se pode adicionar +1. E esse número não é o infinito em si, pois sempre
pode-se adicionar +1 ao infinito.
Por outro lado é uma palavra vazia no sentido de ser uma qualidade suprema, algo como "Triângulo Redondo". Assim nós
NÃO TEMOS UMA IDÉIA DE PERFEIÇÃO! Tanto quanto não temos uma idéia de "Triângulo Redondo". É impossível imaginá-lo! Nós
podemos apenas colocar as palavras juntas, mas isso não significa que podemos fundir os conceitos sem que um destrua o
outro. Da mesma forma, podemos usar a palavra 'perfeição' nesse sentido, de algo além do qual nada se pode acrescentar,
mas isso é tão sem sentido quanto.
Aplicando isso diretamente ao caso, o atributo de perfeição divina, especialmente nesse sentido absoluto, é sem sentido.
Apenas um tipo de exaustão mental, daquela que se cansou de imaginar coisas cada vez maiores, e pôde se acomodar com um
limiar absoluto além do qual não se pode pensar.
Poder-se-ia dizer que mais perfeito que um Deus que tem o atributo da existência é um que tenha ao mesmo tempo o da
não-existência, gerando o resultado de que Deus existiria e não existiria ao mesmo tempo. Ou podemos inverter o conceito,
dizendo que o não existente é de fato maior do que o existente, exatamente por não estar sujeito a dinâmica do existente,
e ser, portanto, indestrutível.
Enfim, creio que o Argumento Ontológico é um puro e simples exemplo de confusão linguística.
Quanto ao texto do Olavo
Por que não sou um fã de Charles Darwin
poste a pergunta lá no EVO.
Amigavelmente
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2 de Setembro de 2009 |
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Jean Tedesqui - 1991
-
Rio de Janeiro
Estudante
-
Católico
j k . t e d e s q u i
g m a i l . c o m
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Eu somente queria que vc caro Marcus, me esclarecesse uma coisa sobre o seguinte tópico "Problemas com viagens no tempo".
Nele vc cita a seguinte informação: "Uma pessoa não pode alterar o passado de forma drástica, porque o passado já esta
concluído e o minimo que poderia ocorrer seria o retorno do viajante do tempo para uma seguinte dimensão parecida com a do
viajante, ou sua ocasional perda de memória". Mas porém, vc parece concordar plenamente que é perfeitamente possivel
alterar o futuro através de uma viagem no tempo, então existe uma certa descordância própria e um pouco confusa por seus
próprios dizeres. Imagine o seguinte caso: Um viajante do tempo volta pouco antes de ocorrer uma tragédia, com um dos
objetivos de evitar que a tal tragédia ocorra. Então a tragédia estaria "localizada" no futuro equivalente a esse viajante
do tempo. Então seria perfeitamente plausível que o viajante pudesse interferir no que seria o futuro pra ele em aquele
exato momento, porém seria o passado do momento original em que ele se transportou através do tempo, sendo assim a tragédia
ocorrida poderia ser alterada e sem deixar "marcas" no espaço-tempo e imagino que consequentemente, o mesmo passaria com o
viajante do tempo. Então por fim, não seria possivel alguém voltar no tempo para fazer uma grande alteração no passado??
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Quinta, 13 de Agosto de 2009 |
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Tema: Viagem no Tempo, Paradoxos Temporais, Determinismo,
Universos Paralelos
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.111
- Resposta: 2.073
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Prezado Jean. Obrigado por sua mensagem sobre o texto
Viagens no Tempo e Paradoxos Temporais, que infelizmente nunca concluí.
Mesmo assim, acho que ele tem todos os elementos necessários para responder sua questão, o que me leva a deduzir que
você simplesmente não entendeu as implicações.
Vejamos. Em local algum eu afirmei que é possível "alterar o futuro". Disse apenas que é possível viajar para o futuro, só.
Alterá-lo não me parece fazer sentido, visto que não existe um futuro pronto. Não sabemos o que acontecerá, é algo em
aberto, e se não está definido, não tem como ser 'alterado'. A não ser que você esteja falando num determinismo, que
não seria o caso.
Isso por si só já elimina a sua questão. Mas para deixar mais claro, normalmente, quando se trata dos problemas da viagem
no tempo, refere-se aos Paradoxos, que só existem em viagens para o passado. Ocorre que costuma-se pensar o tempo no sentido
de um futuro indefinido, mas um passado já determinado. Ou seja, o futuro ainda não ocorreu e por isso não sabemos como
ele é, nem faz sentido a idéia de 'alterá-lo', porque ainda não há o que alterar. Mas o passado já está consumado,
sabemos o que ele foi, e é isso que não pode ser alterado.
Além de tudo isso, me parece que você ainda confundiu futuro com pontos distintos do passado. Se viajo para o passado para
alterá-lo, tudo o que eu estarei alterando é o passado, não faz sentido ter alterado o futuro por que, como vimos,
este não existe ainda. E mesmo o futuro daquele passado continua sendo passado, ou no máximo presente.
Exemplificando: Digamos que hoje, 28/08/09 viajei para o passado em 20/10/01, e lá fiz alterações. Deixando por um lado
o absurdo paradoxal típico da situação, eu teria alterado toda a linha do tempo subsequente que só vem até o meu presente.
03/04/05, 11/12/08 ou 27/08/09, embora estejam à frente de 20/10/01, continuam sendo passado, e como tal eventos fixos.
Enfim, recomendo ler o texto de novo, com mais cuidado, e prestar especial atenção a questão dos Universo Paralelos,
do Determinismo e os gráficos ilustrativos.
Amigavelmente
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28 de Agosto de 2009 |
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Olá Marcus, boa noite.
É com muito prazer que volto a me corresponder contigo!
Queria apenas nesta missiva, dar-lhe um pouco de esclarecimento sobre o o teu último argumento, que foi seguinte:
"Em minha hipótese do Monismo Mentalista, seria absurda qualquer evidência física do mundo Mental puro porque este,
por definição, não pode ser detectado de maneira alguma por qualquer meio físico, sendo única e exclusivamente um fenômeno
mental, só sendo detectável, talvez, por outras mentes. Mas isso é uma outra estória."
No entanto Marcus, as pesquisas paranormais estão evoluindo grandemente, graças a pesquisadores que lidam com a Transcomunicação Instrumental, em que o Brasil tem como seu maior espoente a pesquisadora SONIA RINALDI.
O site do Instituto de Pesquisas Avançadas em Transcomunicação Instrumental é: www.ipati.org
Observe a missão deste Instituto:
Nossa Missão
"Nesses quase 20 anos de trabalho junto à Espiritualidade, especificamente na área da Transcomunicação Instrumental, lentamente fomos definindo o caminho, os objetivos, as buscas...
Hoje nos é claro que nossa pesquisa tem por meta levantar evidências da sobrevivência após a morte e fazer isso de forma controlada para que possa enfrentar análises e investigações científicas. Entendemos que o fenômeno em si é só metade da trajetória. Se ele não for autenticado, não valerá tanto.
Assim, temos um objetivo humano, que poderia ser traduzido em auxiliar aqueles que perderam um ser querido – sem esquecer
daqueles que estão do Outro Lado igualmente com suas dores e saudades, mas, principalmente, compartilhar com o objetivo dos
nossos Superiores de trazer a comprovação da sobrevivência e, quem sabe, oferecer um novo rumo à Humanidade....."
Portanto, vale à pena estudarmos e acompanharmos tais evidências e estudos científicas da espiritualidade humana e consequentemente de todos os seres vivos!.
Grande abraço!
Paulo Cesar - DF
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Quarta, 12 de Agosto de 2009 |
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Tema: Transcomunicação Instrumental, Monismo Mentalista,
Dualismo Espírito/Matéria, Barreira de Transcomunicação
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.618
- Resposta: 3.827
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Oi Paulo...
Aí que está o ponto. A hipótese que levantei inviabilizaria exatamente qualquer resultado objetivo no sentido da comunicação
com espíritos. Eu a redigi, há muito tempo, num glossário de hipóteses com a seguinte forma:
"BARREIRA DE TRANSCOMUNICAÇÃO: Considerando a possibilidade de ser o Mundo Físico um domínio controlado por uma instância
extrafísica e com um propósito específico similar às doutrinas espiritualistas, essa hipótese preconiza a existência
necessária de um bloqueio entre este mundo material e o espiritual. Esse bloqueio seria fundamental para a validade da
existência carnal como veículo de evolução espiritual ou resgate kármico. Caso tal barreira fosse violada e o indivíduo
encarnado tivesse consciência significativa do propósito de sua existencial material, a validade de sua experiência
estaria comprometida devido a interferência na forma como a mesma é experienciada. Ou seja, a experiência carnal só
seria inteiramente válida dentro da característica de inconsciência dos reais motivos por trás dos eventos, o que seria
afetado por uma comunicação com o transcendente. (...)" (Há mais no texto original, bem como outros conceitos
que podem interessar.)
A essa idéia, pode-se acrescentar que o problema não seria haver consciência em si do mundo espiritual, mas sim haver
evidência física objetiva, isto é, realmente científica. Mas o ponto que quero colocar na verdade é outro, que a constituição
do universo é absolutamente fundamental para a viabilidade desta hipótese. O universo é formado por uma única substância,
monismo? Ou por duas, dualismo Espírito/Mente e Matéria?
Se for duas, esqueça a TCi, se for um única substância, então admitiremos que os fenômenos materiais e os espirituais são
constituídos de uma mesma substância fundamental, que é a hipótese inicialmente defendida pelo Kardecismo, o
"Fluido Universal", ou similar. Porém, mesmo assim, haveria graus de detecção distintos, que ocorrem até mesmo no âmbito
puramente físico. Por exemplo, é impossível fotografar um átomo, bem como pesar uma molécula ou mesmo fazer qualquer
registro de uma partícula fundamental.
Se o entes mentais forem ainda mais sutis que as partículas mais fundamentais da matéria, então seria impossível detectá-los
por instrumentos. Seria perfeitamente possível fazê-lo por meio de médiuns, visto que estes possuem o mesmo princípio
sutil mental, e assim, só a mente poderia detectar outra mente diretamente.
Quanto ao site recomendado, sinto muito, mas não há ciência alguma ali, é uma instituição que está claramente comprometida
em:
"...levar o consolo a quem perdeu alguém e está sofrendo, e mediante resultados devidamente documentados, disponibilizar
material de pesquisa para que a Área Científica faça todo tipo de análise e investigação.(...)
...já atendemos a algumas centenas de pessoas, sobretudo pais que perderam filhos. Mesmo a parte investigativa também
tem cunho filantrópico, pois a comprovação de que a morte não é o fim é o alento que tantas pessoas buscam."
Ou seja, se levar consolo a pessoas que perderam seus entes queridos, isso pode ser objetivo sem nenhuma necessidade de
evidência científica, nem mesmo coerência. Basta convencer a pessoa. Não é preciso ser real para ser reconfortante.
Sinceramente, mas não será nesse site da Sônia Rinaldi que você encontrará embasamento científico para a TCI.
Um site bem melhor é Transcomunicação.NET, que tem uma nítida
preocupação metodológica, é muitíssimo mais cauteloso, comedido, e por isso mesmo mais convincente.
Não serei eu a depor contra ou a favor do fenômeno, mas há ao menos uma coisa que acho muito estranha.
Se tais vozes ou imagens são captadas por aparelhos de gravações comuns, então podem ser captadas pelos nossos sentidos
comuns. É frequentemente frisado na TCI que não se trata de usar aparelhos de altíssima sensibilidade ou níveis perceptuais
além do alcance humano. Assim, se tais mensagens podem ser captadas diretamente, porque então os espíritos parecem só
enviá-las indiretamente? Porque exigir equipamentos tecnológicos num mundo onde por dezenas de milhares de anos estes não
existiram?
Se minha falecida mãe, que era espírita por sinal, quisesse se comunicar comigo não seria mais prático fazê-lo diretamente
do que somente no dia em que eu ligar um gravador? Ou melhor ainda, não seria muito melhor fazê-lo por meio não físico,
e sim puramente mental. Um sonho por exemplo.
Para que apelar para a matéria, e toda a barreira de ilusão que a separa da mente, se pode-se ir direto à própria mente?
Amigavelmente
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21 de Agosto de 2009 |
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Mario Campos de Jesus
- 1963 -
Seropédica-RJ
Tecnico em Contabilidade
217,
[217.1,
217.2,
217.3],
228,
362,
575,
579,
622,
690,
739
mariocamposdejesus
u o l . c o m . b r
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Olá, Marcus. A sua conversa com o 741 me inspirou a escrever o texto a seguir:
Gostaria que Jesus Cristo fosse real, pois boa parte de seus ensinamentos e exemplos são úteis para nossas vidas, a exceção
da aparente ameaça infernal contida no Novo Testamento, que não creio vir de alguém enviado pelo criador do universo que
estava a pregar uma mensagem de amor (e não de vingança), suscitando assim uma aceitação dos preceitos por medo e não por
reconhecimento do seu valor. É uma pena que o testemunho da existência dele só está contido na bíblia, que se diz inspirada
por Deus, mas os homens que escreveram isso não apresentam qualquer prova a não serem as suas próprias palavras, deixando
muitos de fora da revelação devido as limitações óbvias deste sistema de divulgação. Os próprios contemporâneos dele não
confirmam a sua origem divina, a saber, o povo Judeu que não o reconheceu como o Messias do Altíssimo, vindo a matá-lo
(e convenhamos que eles sim seriam as melhores das testemunhas). A despeito dos milagres espetaculares ocorridos naquela
época a História simplesmente não informa um fato extraordinário sequer realizado por um cidadão judeu tido como enviado
de Deus. Então você pode crer em Jesus Cristo como o filho de Deus, sem dúvida, mas não tem como obrigar as outras pessoas
a fazer o mesmo a partir de seu testemunho; e, no entanto a bíblia coloca como condição primordial o crer para se livrar da
tal tortura perpétua. Um grande problema, esta obrigação de crer, que levarão muitos a se perder, de acordo com a bíblia,
como se não ter certeza da existência de algo significasse necessariamente desprezar este algo; fazendo-nos questionar como
um deus perfeito pode ficar inerte frente a esta situação eminente de perda irreversível de uma imensa quantidade de seres
para o vil castigo sem fim, quando tem todo o poder para evitar isso com uma revelação mais clara; mas prefere deixar, por
um motivo inexplicável, nas mãos de seres imperfeitos (os pregadores) a vida de incontáveis outros seres imperfeitos.
Um detalhe que me ocorreu exatamente agora: Se desse tudo certo, ou seja, o povo Judeu tivesse crido na profecia da vinda do messias e o aceitasse, não o entregando aos romanos, como aconteceria então a sua morte expiatória? E se ele não fosse morto como ficaria então a redenção da humanidade sem o seu sacrifício de sangue? E para finalizar mais uma pergunta: Porque os supostos milagres ocorridos hoje nas igrejas evangélicas não são noticiados pelos telejornais, uma vez que qualquer repórter se interessaria em divulgá-los, por no mínimo serem um grande furo de reportagem? Imaginem na mídia um laudo médico atestando uma doença terminal e outro em seguida a cura! Quem não se dobraria a isto, se fosse comprovado???
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Quarta, 12 de Agosto de 2009 |
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Tema: História, Consenso Acadêmico, Jesus Cristo,
Jesus Histórico, Evidências de Milagres
Número de Caracteres
- Mensagem: 2.298
- Resposta: 1.853
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Olá Mario...
Sua mensagem serve como excelente exemplo dos problemas ocorridos pela colocação da questão como o Paulo Galindo 741 fez,
que aproveito para comentar aqui, e não na mensagem dele.
É que ainda que fosse um consenso de que houve um Jesus histórico, isto é, um homem normal que fez alguns feitos modestos
(em comparação com o que se escreveu) e que depois foi tornado um Deus por escritores subsequentes, isso em nada
serviria para dar qualquer sustentação factual ao cristianismo. Tanto quanto o fato de que a existência factual de um rei
bretão medieval chamado Artur serviria para corroborar a existência da espada Excalibur, do mago Merlin ou das magias da
feiticeira Morgana.
E pra piorar, esse 'consenso'... (Caramba! Depois de ver tanta incerteza no mundo intelectual, acho que desenvolvi uma
alergia a essa idéia de "Consenso Acadêmico"!). Bem, pra piorar, essa hegemonia é desavergonhadamente usada como
'prova' de que a Bíblia é um relato histórico exato, e que tudo o que está lá é um fato estabelecido. A situação é tão
grave que quase todos os apologetas cristãos chegam ao ponto de usar a própria Bíblia como evidência de sua própria
validade histórica! Como se o fato de ter acertado em um ou outro ponto a tornasse automaticamente infalível.
Comentando sua afirmação, eu também não teria problemas com o Jesus dos Evangelhos, incluindo alguns dos apócrifos,
principalmente porque o grau de simbolismo de suas palavras permite várias interpretações, e a punição perpétua no
inferno é só uma das interpretações de baixa qualidade.
E opinando sobre sua pergunta final, é exatamente o escape sistemático de qualquer evidência ou teste probatório que torna
possível as religiões e qualquer forma de mito. Pois se fossem se submeter a um escrutínio detalhado, seria cientificizados,
e estudaríamos tais 'milagres' em departamentos de Parapsicologia das universidades, que logo se tornariam ciência
natural eliminando qualquer teor mítico. Se os Judeus aceitassem Jesus como o Messias, simplesmente teria havido um
violenta guerra de extermínio que poderia ter resultado na morte em massa de Judeus e ou na queda precipitada do Império
Romano, e definitivamente, não haveria Cristianismo.
Amigavelmente
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20 de Agosto de 2009 |
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Paulo Gabriel Galindo Ribeiro
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São Vicente
-
1994
Estudante
Secular
696,
703,
712,
717,
737,
p a u l o _ 1 5 0 9
h o t m a i l . c o m
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Oi Marcus.
Bom, não esperava que você não soubesse que a existência de Jesus é universalmente aceita entre os estudiosos;
surpreendente porque é evidente (ou pelo menos achei que fosse) que você tem vastos conhecimentos históricos, ou pelo menos
deveria ter algum desenvolvimento nessa área á ponto de saber algo tão banal.
Eu achei que isso não fosse necessário, mas como você faz questão de alguma evidência, o máximo que posso fazer é citar
alguns estudiosos que afirmam que a hipotése da "não-existência" de Jesus é totalmente sem base. Vejamos estes:
"Until recently, the mainstream of New Testament scholarship has not had a large influence on research into Jesus in
sources outside the New Testament. However, one long-running and often noisy side current has had such an influence.
This is the controversial question, Did Jesus really exist? Some readers may be surprised or shocked that many books and
essays — by my count, over one hundred — in the past two hundred years have fervently denied the very existence of Jesus.
Contemporary New Testament scholars have typically viewed their arguments as so weak or bizarre that they relegate them to
footnotes, or often ignore them completely." (COM ATENÇÃO ESPECIAL Á ESSA ÚLTIMA FRASE!).
"Today nearly all historians, whether Christians or not, accept that Jesus existed and that the gospels contain plenty of valuable evidence which has to be weighed and assessed critically. There is general agreement that with the possible exception of Paul, we know far more about Jesus of Nazareth than about any first- or second-century Jewish or pagan religious teacher.”
"The theory of Jesus' nonexistence is now effectively dead as a scholarly question."
Questions on Paul, Jesus, and Middle Platonism
Precisa dizer mais? Desculpe, Marcus, mas você está na contra-mão.
Em todo caso, você poderia mostrar o que está errado com essas citações ou o uso delas pelo autor do artigo que estou
citando, é claro. Se você quiser ver um extenso refutamento dessa "tese" por si só (independente de quem a apoie ou não)
veja aqui: Did Jesus exist?.
Ou talvez o problema possa residir na possível confiança excessiva que eu concedo á esse apologista. Mas em todo caso isso
não refuta os argumentos dele, e você que está em posição contrária tem que argumentar alguma coisa. Enfim, fique livre pra
comentar.
Acho que é so, e agradeço pela dedicação em responder.
Amigavelmente,
Paulo.
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Terça, 11 de Agosto de 2009 |
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Tema: História, Consenso Acadêmico, Jesus Cristo,
Jesus Histórico, Teoria do Jesus Mítico
Número de Caracteres
- Mensagem: 2.025
- Resposta: 6.588
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Prezado Paulo...
Eu jamais duvidei que você fosse capaz de citar textos que vêem a existência de cristo como fato incontestável, assim como
jamais duvidaria que se seja capaz de citar textos que vêem a Criação Divina, a existência do ET de varginha ou do
Respiracionismo como fatos incontestes. Mas eu continuo achando que você me subestima, e as vezes parece apenas estar
me testando.
Minha pergunta foi: DE ONDE VOCÊ TIROU A IDÉIA DE QUE A EXISTÊNCIA DE CRISTO É UM CONSENSO ACADÊMICO?!
Eu sabia muito bem o que estava fazendo ao lhe perguntar isso, por que o problema todo está na idéia de
"Consenso Acadêmico"! Depois de 16 anos numa universidade, uma das coisas que aprendi é que é um dos piores lugares do
mundo para achar consensos. Por um motivo simples. Os termos latinos consensus e sensus communis não
são similares por acaso, ambos implicam a idéia de uma 'acordo entre partes', e ambos estão na relação inversa ao grau
de sofisticação do conhecimento. Ou seja, quanto mais se aprofunda, se expande e especializa uma área de conhecimento
qualquer, mais questões surgem atingindo todos os aspectos, incluindo os mais essenciais, e menos consenso se obtém.
A maioria das pessoas leigas fica surpresa quando sabm o que se questiona nos níveis mais sofisticados de uma
carreira acadêmica. No departamento de história da UnB, por exemplo, conheci pós-graduandos que punham em questão até
mesmo a validade da história em si como um relato de fatos, considerando-a uma mera literatura oficial.
Por isso, não me leve a mal quando penso que você não só está se precipitando, mas até mesmo apelando para uma exibição
de conhecimentos que não tem, tentando simular uma segurança e consistência simplesmente impossíveis para alguém na sua
idade. Na verdade, tenho um correspondente que aposta que você é um cristão disfarçado, inclusive criacionista, apenas
tentando fortalecer ao máximo os seus argumentos. Pessoalmente, confio em sua disposição e acho mesmo que você antes seria
um não cristão disfarçado de cristão de disfarçado. Mas vamos deixar isso de lado e ir direto ao assunto.
Quando falamos em 'consenso' estamos nos referindo não a uma
opinião majoritária, mas a uma opinião 'totalitária', compartilhada por todo um grupo. Portanto, teria que acontecer de você
mostrar não apenas alguns, e muito menos um, autores amplamente aceitos nos círculos universitários apresentando idéias
amplamente aceitas. Não se trata disso. Você teria que mostrar evidências de um tema que NÃO É PROBLEMÁTICO! Onde NÃO HÁ
disputa! E que está presente na totalidade dos livros básicos.
A consequência mais óbvia disso é que a principal evidência de um bom candidato a Consenso Acadêmico é a total falta de
produção de textos disputando sobre o assunto. Ninguém vai publicar livros refutando alegações que questionem a existência
de Dom Pedro II, Napoleão, Carlos Magno ou Xerxes, porque NINGUÉM QUESTIONA SUAS EXISTÊNCIAS! (Ou quase ninguém!)
Portanto, o texto que você citou, se for realmente significativo, é tudo o que eu preciso para desmontar sua afirmação de
que a existência de Cristo é um Consenso Acadêmico, porque se fosse, esse texto não existiria! Você acha que faziam textos
como esse na Europa Medieval? Claro que não! Porque ninguém se atrevia a duvidar da existência de cristo naquele contexto.
Mas eu entendo o que você quer dizer. Você estaria dizendo que a existência de cristo é uma Opinião Hegemônica na
Academia, isto é, compartilhada pela maioria. Tudo bem, SÓ QUE NÃO É!
Eu acho que um bom texto sobre isso é verbete na Wikipedia
Christ myth theory, que por si só já resolve nosso
assunto. Destaco, principalmente, a evolução histórica do tema. É ÓBVIO que a existência de cristo só foi questionada antes
da Hegemonia do cristianismo, e depois. Portanto, não há necessidade de explicar porque esses textos críticos só surgem a
partir do século XIX.
Desse ponto há algo que tem que ser considerado, é que realmente parece haver uma ilusão de que a existência de cristo é
mesmo um ponto pacífico, visto que toda produção intelectual até o século XIX a considerará como fato, a grande maioria do
século XIX também, e ainda grande parte do século XX. E mesmo hoje, o assunto é tabu. Não são poucos os
professores de história que evitam tocar no assunto devido a presença de religiosos em suas turmas. E considerando que
as Universidades que temos são resultantes de uma tradição fundada na Idade Média, e não em escolas como
a Academia de Platão, aliás muitas foram de fato fundadas na Idade Média, não é surpresa que mesmo hoje o tema continue
sendo delicado.
Sem contar a questão: O QUE É EXISTÊNCIA HISTÓRICA DE CRISTO?
Se for um visão tradicional sustentada na Bíblia, que era a visão oficial até o século XIX, então definitivamente NÃO
É UM FATO HISTÓRICO. A disputa em torno da existência histórica de cristo é sobre um personagem humano que realmente
teria protagonizado uma série de fatos notáveis que posteriormente foram mitologizados, e receberam acréscimos não
apenas na parte dos milagres e na parte de fundamentação, mas mesmo em elementos de situações comuns.
Na realidade, essa visão é sim hegemônica (não consensual) na academia, isto é, Cristo foi um homem comum dentre muitos outros profetas
da época, que por uma série de motivos depois foi tornado um Deus por escritores cuja maioria jamais o conheceu. O supracitado
artigo da wikipedia a chama de Mainstream Scholarship, para diferenciá-la do Cristianismo Conservador e, por
outro lado, da Teoria do Jesus Mítico, que nega até mesmo que tenha havido qualquer personagem histórico humano.
A disputa acadêmica evidentemente é entre um Jesus humano posteriormente divinizado, ou mitos posteriormente humanizados.
A disputa entre o Jesus humano e o Divino, na atualidade, só ocorre mesmo dentro das denominações acadêmicas cristãs,
e, É CLARO, os apologetas cristãos adoram nublar essa diferença, dando a impressão de que um cristo nascido de um
virgem e que andou pela águas é uma possibilidade levada a sério em qualquer universidade laica do mundo.
Você, que já tem boa familiaridade com criacionismo, não deve se surpreender, mas devo confessar que fico
decepcionado pelo fato de você nem sequer capturar essa discussão, mas sim ter citado uma fonte puramente apologética!
Tão confiável quanto Michael Behe. Você realmente acha que a opinião do teólogo metodista
Robert E. Van Voorst é realmente imparcial sobre o assunto?
E ainda por cima citando um texto do Christian Think Tank!?
Qual o próximo passo? Usar o ICR como autoridade para enunciar consensos acadêmicos sobre
a inexistência de vida fora da Terra?
Mas o mais importante, é que existindo uma disputa intelectual entre um Jesus Humano e um totalmente mitológico, então,
consequentemente, NÃO EXISTE CONSENSO.
Pra concluir, minha opinião pessoal é que existiu sim um Jesus histórico, provavelmente com esse mesmo nome e que deve ter
protagonizado alguns dos eventos descritos nos evangelhos. Não vejo porque isso seria um problema digno de atenção.
Mas creio que o grau de mitificação foi tão grande que penso que
as propostas de que foi apenas um mito típico do modelo Saga do Herói
tem muito mais a nos dizer do que qualquer possível personagem histórico. Pois a estória de Jesus é uma manifestação de
uma estrutura mítica clássica exaustivamente repetida em outras estórias como o de Hércules, Orfeu, Moisés, Artur, Sigfried,
Paul Muabid, Luke Skywalker ou Harry Potter.
Resumindo. Ainda que fosse um consenso, a existência de um Jesus histórico não é problema algum para não cristãos, que só
rejeitarão a visão tradicional de que tudo o que esteja na Bíblia seja verdade histórica. Mas ocorre que, ainda assim,
esse Jesus histórico sequer é um consenso. E afinal, 'Consenso Acadêmico' é um conceito muito estranho. Na área de
humanas, claro.
Espero que depois de alguns anos na universidade você comece a constatar isso por si próprio.
Amigavelmente
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20 de Agosto de 2009 |
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