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Ronald Rehn Loma
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1957
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Porto Alegre-RS
Publicitário
Cristão
r o n a l d . l o m a
g m a i l . c o m
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Estou escrevendo um livro denominado
A Besta de Dois Chifres,
no qual faço uma citação sua, por ter visto nela uma perfeita descrição do assunto a qual eu não me arriscaria a acrescentar nada. Apenas agora, um ano após ter feito a citação em meus manuscritos é que encontrei o seu site e começo a lê-lo com grande curiosidade.
O texto em questão é:
“Existem cerca de dois bilhões de Cristãos no mundo..."
Tirei a mesma de um fórum do
Orkut - Perguntas Cristãs Complicadas
mas já não encontro mais o tópico, nem achei eu seu site o texto para fornecer o endereço.
Se puder me informar a localização exata agradeceria.
A seguir a sinopse do Livro
SINOPSE
Um livro chocante, ousado, terrivelmente explícito na denúncia da maior e mais sutil mentira do diabo que permeia e contamina todo o meio evangélico vigente.
O livro é uma denúncia do uso idolátrico da “Bíblia” proporcionado por enganos arraigados profundamente na história do Cristianismo Moderno (Biblianismo) pelos quais a Bíblia é considerada Palavra de Deus, contra todas as evidências, testemunhos e ensinos de Jesus acerca de ser Ele mesmo a Palavra, o Verbo, o Caminho, a Verdade e a Vida.
Por afirmar sempre essas verdades, é que os fariseus e intérpretes da lei pegaram em pedras para apedrejá-lo, e por fim, crucificaram-no, numa defesa fundamentalista das Escrituras como voz de Deus e Palavra de Deus.
Hoje, a sacralização e canonização do Velho e do Novo Testamento, unidos em uma só mídia, denominada Bíblia Sagrada, carreou para o “Livro” que não é livro, mas uma coletânea, o status de Palavra de Deus, o que seria a voz de Deus, dando ao “livro”, características e predicados divinos, pelos quais se diz sem o menor discernimento: a “Bíblia” fala, a “Bíblia” diz, a “Bíblia” ensina, a “Bíblia” manda, a “Bíblia” condena.
A “Bíblia” virou um sujeito, que enquanto sujeito, não passa de uma entidade, um ídolo nefasto e perverso, pois desentroniza o Cristo e se estabelece como sendo o grande ditador, o grande ladrão e mercenário denunciado por Cristo, mas que pelos típicos enganos patrocinados pela bibliolatria vigente é dito ser o diabo. Este, no entanto, é tão somente, o grande beneficiado pelo estrago feito por esses enganos e mentiras por ele mesmo sugeridos.
O livro começa com um histórico da trajetória do autor e de seu discernimento da conjuntura evangélica brasileira, citando de passagem algumas denominações e práticas denominacionais sem maior preocupação com a condenação dessas práticas, mas na denúncia da origem sutil e maligna originadora das deturpações vigentes do Evangelho do Reino.
“Vejo que a Bíblia se tornou uma grande Besta, apocalipticamente falando. Uma besta com dois chifres. Um dos chifres é o
Velho Testamento, o outro, o Novo Testamento.”
As pessoas não seguem nem um nem outro Testamento. Tão pouco seguem a Cristo. Seguem a Besta, um misto dos dois,
um monstro híbrido, o que denominou Milk-Shake-Gospel: essa entidade em que se transformou o uso canônico,
idolátrico e conjugado desses dois testamentos como autoridade suprema do Cristianismo Moderno (Biblianismo) e histórico.
O caráter maligno dessa entidade é o fato de que a mesma desaloja do trono o Cristo verdadeiro e se coloca na posição de autoridade suprema, o que a indicia como sendo o grande ladrão, salteador, e anticristo infiltrado nos arraiais do cristianismo. O ídolo a cuja imagem é dado o poder de falar e matar, numa alusão ao instrumental do anticristo e falso profeta citado no Apocalipse.
Por isso é dito que a letra mata, mas o Espírito Vivifica, e por essas e outras é que Deus na presença dos discípulos, de Moisés e Elias, representando a Lei e os Profetas falou em voz audível: A ELE OUVI.
Autor: Ronald Rehn Loma
Telefone: 051 81833482
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Quarta, 09 de Abril de 2008 |
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Prezado Ronald...
O texto em questão é
É a Bíblia Divinamente Inspirada? Sinta-se à vontade para citá-lo, e agradeço
pela consideração.
Estou bastante impressionado e positivamente surpreso com sua iniciativa. Você parece ter sintetizado num ponto preciso
a maior parte, se não todo, o nosso problema com o fundamentalismo cristão. E embora eu ainda não tenha me dedicado o
suficiente ao assunto, sou inclinado a concordar com você.
A sacralização de toda a Bíblia em si, em claro detrimento da doutrina cristã que é exclusiva do Evangelho, tem sido a
grande vilã. Se todo o cristão concentrasse atenção exclusiva no Novo Testamento, metade de nossos conflitos entre
cristianismo e secularismo atuais deixariam de existir, se prestassem atenção exclusiva à doutrina da paixão de cristo,
O Evangelho, desapareceria a outra metade do problema.
Nunca tive uma predisposição em dirigir qualquer crítica à figura de cristo em si, embora acho que caibam, mas no geral
acho mesmo que a mensagem cristã é seguramente revolucionária, libertadora e merecedora do título de boa nova, embora
possa parecer radical. No entanto, essa inovação positiva foi sufocada pela interferência da demais doutrinas da bíblia.
Com que base evangélica poder-se-ia apoiar guerras, genocídios, caça às bruxas, intolerência religiosa ou étnica?
NENHUMA!
Mas com base no restante da bíblia, há vários versículos de apoio para cada uma dessas posturas.
Vejamos só. Todo cristão que se preze, deve e deveria ser contra toda a qualquer forma de guerra. Não é pelo
"Não Matarás", que se aplica somente ao povo judáico a não ser no caso da punição pelo estado teocrático.
Mas pela postura de absoluta não violência física, de Jesus Cristo, e de seus seguidores. Usar a passagem da
expulsão dos vendilhões do templo não funciona, pois naquela não houve violência física severa.
Portanto, como é possível um governo se mobilizar para guerrear contra um outro país, e ainda obter aprovação maciça
de uma população predominantemente cristã, incluindo apoio público explícito e televisionado de pastores cristãos na TV?
O único meio de justificar isso é com as inúmeras passagens do Velho Testamento que mostram o povo de Israel massacrando,
ou sendo massacrado, nações adversárias, comentendo toda forma de genocídio a mando direto de Deus, ou com a ajuda
direta do próprio Deus, entre outras coisas, usando armas de destruição em massa e guerra bacteriológica.
Portanto, só posso parabenizá-lo pela iniciativa.
Aguardarei ansiosamente o livro. Já tem previsão de publicação?
Amigavelmente
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25 de Abril de 2008 |
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Artur Santos
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1947
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Amadora-Portugal
Aprendiz de electricista e de "livre pensador"
Religião: Paralogismo comparado
590 , 592
a r t u r v e n t u r a s a n t o s
h o t m a i l . c o m
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Boa dia - caro Marcus.
Espero desta vez, estar a colocar a minha mensagem no lugar certo.
Vamos ver: Primeiro, crer na própria existência como uma realidade inquestionável não é uma postura dogmática, da mesma forma que não é ser dogmático crer que respirar é necessário, ou ter a postura de que não pular da janela do 10 andar direto no asfalto não é uma boa idéia.
Só é possível ser dogmático, nesse sentido, quando se estabelece fortemente uma crença que não é fortemente auto-sustentável. É ABSOLUTAMENTE INCONCEBÍVEL que EU não exista! Como posso então ser dogmático por acreditar na minha própria existência!?
Marcus; devo-lhe desculpas – concerteza - que exprimi mal o meu pensamento… Eu não estava querendo considerá-lo dogmático por ter fé absoluta na sua própria existência… Estava outrossim a afirmar, que você estava a ser dogmático quanto ao seu cepticismo, sobre a “verdadeira” natureza do real, como algo desligado e independente da sua auto-consciência. Verifico que exagerei. Pode crer, que estou muitíssimo satisfeito por você existir e ter a mais absoluta certeza desse facto.
Entretanto eu concordo consigo, que a “realidade exterior” não deve estar absolutamente desligada da nossa auto-consciência. Agora o que eu conjecturo, é que o Génio humano tem capacidade suficiente para conhecer, ou vir a conhecer a Natureza como ela de facto é, mesmo que a sua objectividade seja ilusória.
Por outro lado, eu consideraria que você teria inteira razão, se ao contrário você me considerasse a mim dogmático, por eu acreditar, que o ser humano é capaz de entender, o que a si se afigura como evidentemente impossível. Embora me pareça que você reforça a posição solipsista, como uma atitude dificilmente ultrapassável, o que me faz lembrar a mensagem de um usuário, que “humoristicamente” o desafiou a provar, que você não é o supremo solipsista, isto é, “Deus”, completamente desmemoriado de si mesmo…
É evidente que tem que haver uma ligação entre a ficção e a "realidade", mas felizmente sou do tipo de pessoa que, assim como Asimov, sabe diferenciá-las devidamente. Na verdade, creio que muitos escritores de ficção, em especial de ficção fantástica e científica, estão entre as pessoas mais bem resolvidas em relação a tal distinção, pois eles possuem essa abertura para o supra realismo, mas lidam como ela na forma de literatura, onde elas ficam muito bem localizadas e restritas.
Ainda assim, tive a “ideia clara e distinta”, que, quando você elaborou a filosofia “Exeriana”, não estava escrevendo ficção; mas a formular uma autêntica explicação alternativa filosófica do “real”, apesar de ser pura hipótese especulativa, à semelhança duma teoria científica. Claro que compreendi que você não estava a expor a “Verdade”. No entanto pareceu-me que você estava a filosofar com notável perfeição…
Portanto um criacionismo mais ou menos divino, bíblico ou não, seria o cúmulo do realismo fantástico e inteiramente consistente com a sua filosofia.
Por outro lado, diversas outras pessoas possuem essa mesma abertura, mas ao invés de situar a fantasia na literatura, situam-na em sua vida real. Pode incluir nesse grupo a grande maioria dos religiosos.
Enquanto J.K.Rowling sabe muito bem que que Hogwarts é só uma escola de magia fictícia na série Harry Potter, alguns de seus fãs podem sonhar com uma Hogwarts real, mas tem a desculpa de, em geral, serem muito jovens, e logo aprendem a situá-la também na ficção, com algumas excepções, afinal, há malucos para tudo, até para levar a sério o que eu mesmo já escrevi como ficção e já repeti mil vezes que é só ficção.
Quanto a mim, não foi só em termos de ficção que Isaac Asimov, escreveu sobre a possibilidade de existir vida inteligente noutras partes do Universo - tal como fez Carl Sagan - por essa razão, suponho eu, é que muitos leitores ficaram desiludidos com ele. Foi como se Einstein aparecesse a dizer que não acreditava mais no que escreveu sobre a relatividade e dessa forma todas as especulações sobre as viagens no tempo, perdessem o sentido…
O mesmo não acontece com os entusiastas bíblicos por exemplo, que vêem nos mitos e fábulas deste livro sagrado coisas muitíssimo mais bizarras do que aquelas de Harry Potter, e mesmo assim, acreditam nelas factualmente. Tem até a desculpa de não haver um autor vivo para lhes chamar ao bom senso, mas não tem a desculpa da idade, incluindo a idade de milhares de anos de ideias que não tem mais qualquer cabimento em nosso mundo actual.
Mas é claro que não existem filosofias à prova de questionamento! A começar pela minha, mas podem existir sim conceitos centrais irrefutáveis e a da auto evidência de própria existência, certamente é um deles!
Certeza absoluta não se aplica ao Evolucionismo ou ao Criacionismo, nem mesmo à afirmação de que Hogwarts não exista! Sei distinguir o que é uma impossibilidade prática da viabilidade de um livro como a Bíblia ser uma obra divina, da possibilidade teórica de que seja. Tudo isso é discutível e está além de nosso conhecimento VERDADEIRO. Mas isso não se aplica a própria existência.
Eu não estava propriamente a tentar questionar a sua filosofia, que aliás considero extraordinariamente razoável, mas a parecer-me que você não estava a ser completamente consequente com a mesma. A menos que afirme que se trata da mais pura ficção.
Eu não sou entusiasta bíblico de forma nenhuma, mas parece-me evidente que algum tipo de criacionismo se compatibiliza com o evolucionismo e com as suas propostas filosóficas. Apesar
de aparentemente, ser "indetectável" pelo método científico…
Amigável e especulativamente – artur.
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Quarta, 09 de Abril de 2008 |
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Olá Artur...
Bem, este é o primeiro caso de uma discussão que se inicia no EVO.BIO e termina aqui.
Mas especificamente, suas mensagens imediatamente anterior está por enquanto
Aqui, e posteriormente estará
Aqui.
É um tema limítrofe aos dois sites, mas prefiro mesmo encerrá-lo por neste Livro de Visitantes. Vejamos:
Eu de fato seria dogmático se afirmasse que é impossível haver conhecimento objetivo da realidade, ou que eu tenha certeza
de que a postura cética é a mais adequada. Mas eu não afirmo nada disso, eu afirmo apenas as velhas 3 realidades fundamentais
presentes em O Núcleo da Realidade, isto é, nunca é demais repetir:
1 - A existência do EU;
2 - do FENÔMENO com o qual interajo;
3 - e da INCONTROLABILIDADE predominante do mesmo.
O que talvez não pareça claro é que isso são minhas ÚNICAS certezas POSITIVAS, para as quais, evidentemente, não posso
possuir qualquer certeza NEGATIVA. Quanto ao resto, incluindo a natureza do fenômeno, quer seja real ou não, eu não
posso ter qualquer certeza Positiva, mas também nenhuma certeza Negativa.
Com efeito, a certeza positiva de um não implica na certeza negativa do outro.
É claro que também não posso duvidar de que seja possível que o mundo externo objetivo exista, e que seja possível,
de algum modo, conhecê-lo. O fato de eu não acreditar positivamente nessa hipótese não significa que eu tenha certeza
de que ela seja inviável. Apenas não vi, até agora, nada que me animasse a depositar uma convicção maior nisso, pelo
contrário.
Um criacionismo pressuporia uma das previstas vias de escape do solipsismo, como está explicado em
Hermenêutica Epistemológica Solipsíquica.
Quando comecei a Filosofia EXERIANA, o fiz pela Cosmogonia, sendo que
Cosmogênese Filosófica Exeriana,
Dinâmica do Universo,
Forças Fundamentais são os primeiros textos produzidos. Os outros vieram depois.
Nessa fase inicial eu queria justificar um sistema que eu considerava viável, e que pudesse explicar uma sére de possibilidades
que eu acreditava apenas parcialmente, por influência de sistemas de pensamento místico, e com o qual eu queria embasar
estórias que exploravam tal possibilidade.
A sistematização maior veio depois, quando deixei de levar a sério as possibilidades místicas, e passei a levar mais a sério
a mera ficção. Na realidade, cheguei a ficar um pouco travado por não querer ir contra crenças consagradas em sistemas
místicos como Teosofia, Gnosticismo Colombinano e Projeciologia, mas depois que me livrei dessas crenças, o sistema ficou
muito mais coerente, e digo sem pestanejar que terminei desenvolvendo uma cosmogonia mística muitíssimo mais coerente do
que qualquer uma que eu conheça, Kardecismo incluso. A maior parte de cosmogonia não está publicada, pois faz parte do
universo literário e prefiro publicá-la junto com certas estórias.
Talvez muitos leitores não entendam que qualquer mente sadia pode conviver sem problemas com um universo de afirmações
que substanciam a ficção, mas que não são de fato objetos de crença factual.
Carl Sagan
de fato escreveu
Contato
utilizando tudo aquilo que realmente acreditava,
Asimov
não, e nem eu.
Einstein,
por outro lado, nunca escreveu ficção, e por isso ele chocaria muito mais se revelasse não acreditar mais naquilo
que escreveu. Mas Asimov na verdade nunca acreditou na viabilidade factual da maior parte das obras de ficção que escreveu.
Bem como
Tolkien
ou
Frank Herbert.
Não entendi bem onde eu estaria sendo inconsequente com minha própria filosofia, mas em momento algum eu pretendi criar um
guia pessoal de conduta e pensamento completo. Há elementos que filosoficamente eu defendo de forma clara, outros não
me obrigam a lhes ser congruente em minhas ações cotidianas.
Obrigado.
O motivo porque eu declarei, que me pareceu que você não estava sendo consequente com a sua filosofia, foi baseado numa deficiente compreensão do significado preciso dos seus sentimentos como agnóstico e céptico. Daí as minhas afirmações. Entendi incorrectamente a sua autêntica postura intelectual. Não tinha nada a haver com o seu agir quotidiano.
Supus erroneamente, que os seus “seis princípios filosóficos exerianos”, correspondiam realmente ao que você intimamente acreditava.
“Num Universo infinito, onde tudo é possível e paradoxal e a Natureza procura activamente o auto-conhecimento, nomeadamente através da mente humana, pareceu-me óbvio, que você se estava excedendo no seu agnosticismo e cepticismo”.
Reconheço que o interpretei muito mal. As minhas mais sinceras desculpas.
Amigável e especulativamente - artur.
Domingo, 27 de Abril 2008
Ah! Bem. Assim está melhor.
Amigavelmente
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23 de Abril de 2008 |
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Edson de Oliveira Ataide Júnior
Rio de Janeiro-RJ
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1980
Professor de Matemática
650,
641,
638,
634,
477,
467,
463,
455,
453,
451,
444,
414,
397,
376
e d o l a t j r
g m a i l . c o m
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Olá Marcus!
Você me pediu para procurar ver a questão da busca pelo transcendental pelos pontos de vista positivo, como curiosidade, deslumbramento, contemplação ou desejo de conhecimento.
A grande questão, ao meu ver, seria o motivo que levaria uma pessoa a se desviar dessa realidade e buscar uma outra transcendental, incrivelmente bastante compatível com a satisfação de determinadas carências e necessidades.
Desejo voar como os pássaros? Esse desejo é forte o bastante para distorcer a realidade? Bom, sendo assim, criarei um sistema de pensamento, sem um necessário compromisso com os fatos, que venha a corroborar com essa necessidade específica.
Gosto de explorar perspectivas transcendentais, mas não tenho atualmente um demasiado apego por nenhuma delas. Nem sempre foi assim, você bem sabe. Tenho realmente mudado com o tempo.
Com relação à aposta numa metacontinuidade mental, creio que estamos de acordo. Se tivesse que fazer uma aposta, realmente faria uma aposta favorável. Nossa diferença talvez esteja mais relacionada ao grau de desejo em fazer uma aposta. Meu desejo não é, ao menos me parece, tão intenso quanto ao seu. A idéia de não-existir não alcançou em mim um grau de desespero a ponto de que tivesse tanta necessidade em apostar. Reconheço, no entanto que, se fosse obrigado, optaria por uma continuidade.
Tudo isso se tivesse que apostar, o que não é o caso. Posso ser um mero espectator, assistindo um jogo de futebol, observando o talento dos jogadores, o espetáculo, sem, no entanto, torcer, embora possa ter, em determinados momentos do jogo, inclinações para ambas equipes.
Da mesma forma, posso imaginar uma grande variedade de perspectivas, niilistas e não-niilistas, sem, no entanto, me comprometer, especificamente com nenhuma delas, embora possa ter, nesse processo, determinadas inclinações.
Com relação às perspectivas, podemos inverter, inclusive, sua lógica niilista. Se buscamos o transcendental e ele não existir, por exemplo, seríamos niilistas, acreditando num nada, vivendo uma vida em busca do nada, embora achássemos, em vida, que não. Neste caso, uma pessoa que não acreditasse em nada transcendental e, justamente por isso, aproveitasse ao máximo essa vida, seria não-niilista.
No meu caso, creio que canalizar minha energia naquilo que é palpável produzirá resultados bem mais práticos. O transcendental, para mim, serve apenas como exercício de imaginação, não como preenchimento de carências ou desejos pessoais.
Um grande abraço;
Edson Jr
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Quinta, 20 de Março de 2008 |
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Oi Edson...
É bom lembrar também que talvez essa separação que estamos fazendo entre a busca pelo transcendente e a vivência da realidade
é um tanto artificial, e não tem bom suporte histórico. A maior parte das religiões antigas buscava o divino não como forma
de abertura para fora do mundo, mas sim o contrário, pretendiam melhorar suas condições de vida neste mundo.
Muitas pessoas ainda pensam assim, recorrendo ao divino para obter ganhos materiais diretos, e assim, sua busca pelo
transcendente é comprometida mais com seu Horizonte Existencial atual do que com uma possível meta-existência.
Quanto à abertura para o transcendente mais legítima, creio também decorrer do fato de que a mente
humana em muito supera as expectativas pessoais próprias. Somos a única espécie cuja imaginação pode nos levar muito
além de nossa própria vida individual, projetando-se para o passado e mergulhando na história, ou para o futuro, nos
horizontes de possilidades. Podemos sonhar com mundos paralelos, planetas distantes, planos espirituais. Mas em que
medida tudo isso não cumpre também um objetivo mundano direto?
Por vezes a fé numa meta-existência preenche uma necessidade de direcionamento que pode ser difícil de ser obtida numa
visão pessoal meramente fechada no horizonte existencial atual, mas apesar desse recurso ao transcendente, o objetivo nada
mais seja do que potencializar a existência imanente.
Voltando ao que já coloquei. Qualquer sentido existencial verdadeiramente humano é necessariamente transcedente no que
se refere ao limite da própria existência. Somos a única espécie que faz planos que atingem além de nossa própria vida,
pensando em nossos descendentes e semelhantes. Até mesmo o suicida islâmico mártir, ao contrário do que se pensa, nem
sempre considera exclusivamente seu próprio futuro no paraíso, mas também em fazer algo por melhorar as condições de
vida de suas futuras gerações, acreditando estar enfraquecendo um inimigo que torna essa vida pior.
Mesmo você sacrificaria a própria vida para salvar seus filhos, tendo então uma meta além de sua existência física, ainda que
no mundo terreno.
Diante disso, como saber a que ponto a abertura do indivíduo para um transcendente pleno não envolve também escolhas que
tenham em vista algum benefício específico para este mundo?
Tudo isso, apenas para pensarmos antes de fazer julgamentos sobre a perspectiva transcendental alheia.
Sobre o niilismo, sua concepção se assemelhou à de Nietzche, mas discordo em alguns pontos, pois mesmo remetendo-se a algo
externo que poderia ser de fato inexistende, muitos resultados poderiam ser visados nesta vida, como por exemplo, se
libertar de um vício que, por outro meio, não se consegue abandonar. Assim, esse recurso ao transcendente pode ser visto
mais uma vez como um mero instrumento psicológico para benefícios nesta vida. Ademais, acusar tal pessoa de niilista pelo
fato de ela buscar algo que na realidade é nada, só faria um sentido pleno se você realmente pudesse ter certeza de que
tal realidade transcendente inexiste, não é?
Voltamos ao problema de se estar fazendo uma aposta negativa, ainda que envolvendo outra pessoa.
Amigavelmente
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11 de Abril de 2008 |
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Fernando Ventura Bispo Santos
Araguaina-TO
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1975
Militar Reformado
-
meta-cripto-cristão
625, 633, 635
atthosmatheus
gmail.com
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Olá Marcus Valério XR! Muito bom o texto sobre os gatos, talvez foi por causa do fenômeno
de ojeriza aos gatos como você colocou que o filme
Mulher-gato
foi um fracasso. Quando criança fui testemunha de violência contra gatos, e via que
algumas pessoas não podiam ver um gato que pegavam uma ”banda” de tijolo para arremessar nos felinos. Era um impulso
sistemático e repetitivo. Existe também a gíria nos meios em que existem viaturas com sirene que ao se mandar ligar a
sirene se diz: Puxa o rabo do gato(a)! Agora gostaria de acrescentar um detalhe. Embora a Bíblia não mencione gatos,
menciona felinos. Outro detalhe que você não mencionou é que os gatos são criaturas de hábitos noturnos e por isso a
associação com bruxas e coisas sobrenaturais, até mesmo seus olhos são misteriosos quando refletem a luz na noite, tal qual
os “olhos-de-gato” na sinalização de trânsito.
Agora eu pessoalmente vejo uma similaridade entre gatos e cobras, na forma
como ele abre a boca quando está agressivo, as presas e os olhos oblíquos. A serpente não seria também um símbolo de
feminilidade (lillith) como você colocou? Não seria a serpente no éden a feminilidade libertária tentando Eva a
feminilidade oprimida? Acho que mais do que um símbolo de feminilidade os gatos são também símbolos de malícia, de astúcia,
não que o sejam, como você mesmo explicou no texto, mais representam estas características, como a expressão de “dar um
tampa e esconder as unhas” uma traição ou ação má, sucedida de uma ocultação rápida. O feminino como não tem menos poder
físico, no sentido de confronto e agressividade se vale da astúcia, de manobras de estratagemas sub-reptícios, de sedução.
Por falar nisso, embora eu nunca tenha machucado um gato, eu tinha um sonho em que era perseguido implacavelmente por um
gato, que me asunhava e mordia e a única alternativa que eu tinha depois de longas e exaustivas pelejas era matar o mesmo,
que ressucitava e me atacava de novo e de novo e eu tinha que mata-lo e dividi-lo em pedaços somente para ele se juntar e
pular em meu calcanhar de novo. Será este sonha uma dificuldade de lidar com a feminilidade dominadora? Ou medo da astúcia
e malícia dos outros em geral? Qual tua análise?
Bom, o motivo de eu escrever para você novamente não era exatamente sobre
este, mais aproveito e coloco junto. O motivo é sobre Olavo de Carvalho. HÁ muito tempo eu esperava tua opinião sobre ele e
seu pensamento. (E tal qual você se fosse escrever tudo sobre o que acho e penso dele, levaria muito tempo e espaço), mais
vou tentar sintetizar, baseando-me no que você escreveu sobre ele, no que eu acho, e no que entendo do que ele realmente
escreve:
Você afirma logo de inicio que ele é um CATÓLICO CONSERVADOR, e é verdade (é certo, como você prefere), mais nem tanto,
ele não é tão conservador assim, pois ele começou pelo que sei como estudioso de astrologia algo que a igreja católica
abominava, (um herege), ele estudou muito também religiões antigas como o Islam inclusive ganhou um prêmio no oriente
médio por ter escrito um livro sobre o assunto. Embora surpreendentemente a “paranóia” conspiracionista dele recentemente
está se voltando para o islam também, como um dos criadores da Nova Ordem Mundial junto com os comunistas e os liberais
ateus.
Pelo que eu entendo do Cara, o que ele realmente defende (defende não, expõe apenas) é uma UNIDADE por trás das religiões
antigas e tradicionais, uma unidade que apresenta varias facetas na superfície, como as diversas religiões, mas que na
fonte é apenas várias maneiras de Deus se manifestar.O absoluto que se apresenta relativizado nas religiões. Tradições
religiosas e filosóficas que propõem que existe uma VERDADE final. Ele defende muito o Protestantismo Americano também,
no que há de mais tradicional. Algo que o papa não gostaria muito. Para Olavo, os comunistas, os nazistas, os mulçumanos
e a esquerda ligth democrática aliada a coisas como maçonaria, iluminath “et caterva’ levarão o mundo a um governo mundial,
a nova ordem, que implantará um reinado de totalitarismo sem precedentes, o governo do Anti-Cristo, para ser mais exato.
Uma nova idade média atéia ou no máximo adoradora de cultos ecológicos (Deusa-mãe Gaia) que na semelhança da igreja
católica na idade média, eliminará direitos de culto e liberdades de pensamentos, e tal qual o reinado de Stalin da URSS
comunista destruirá a liberdade individual numa coletividade atéia e laica, que objetivará o homem, abrindo caminho para a
Eutanásia comercial, ao aborto, a eugenia, e a eliminação da família como instituição tradicional, este último item algo
que nem mesmo na Roma e Grécia aconteceu, talvez em Sodoma. Segundo ele sobre os auspício do “estado-babá” os
revolucionários irão tentar implantar o reino de Deus na terra, criar o paraíso aqui mesmo, o que levará no mínimo a uma
Idiocracia
(veja o filme) onde a humanidade mergulhará na imbecilidade “intoxicada de desconstrucionismo, marxismo,
nova era, movimentos ecológicos”. O que ele teme é novas formas de totalitarismos, dessa vez um totalitarismo tão profundo
que dominará não só a infra-estrutura como a cultura e as consciências. Algo que quem quer FREE MIND, não desejaria.
Olavo não é homofobico ou racista ou nazista, ele teme ou prevê sei lá, que movimentos como o gayzismo, imponham o
homosexualismo, que após obterem todos os direitos em pé de igualdade com os heteros vão além disse tentar criar uma
civilização gay. Mas ninguém aqui é profeta ou adivinho. Quanto as farcs foram encontrados AK-47 no Rio... Quanto ao
Evolucionismo acho que para ele a ficha ainda não caiu... Acho que Olavo pertence a uma tradição de filosofia antiga que
pensa haver uma VERDADE absoluta no universo, ...
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Continuação da Mensagem - Segunda Parte
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...e que apenas aqueles que buscam esta VERDADE são digno de não ser xingados,
por isto ele não gosta de Focault, Nietzch, Kant, Marx, Descart, Gramsci, e todos aqueles filósofos que possuem uma vontade
negativa ou má-vontade contra a realidade (segundo ele), Querendo destruir a realidade, nega-la, sem nem mesmo compreende-la
(o lema do revolucionário: “...os filósofos antigos tentaram compreender o mundo mais nosso dever é transforma-lo), como se
uma coisa não depende-se da outra. Olavo condena todos os filósofos que negam o conhecimento objetivo, ou A VERDADE, que
para ele significa o FUNDAMENTO ÚLTIMO QUE POSSIBILITA TODO RACÍOCÍNIO, negando o conhecimento objetivo e esta verdade
absoluta tudo o que a pessoa ganhará dele serão palavrões, pois para ele não tem mais como argumentar com a Pessoa pois
ela negou a base de qualquer argumentação, deixando o discurso no terreno retórico e sujeito ao poder da vontade.
Para Olavo, a esquerda e a direita são apenas duas peças da mesma tesoura que criará um governo liberal na economia e
socialista em tudo o mais, o contrario do que eu pessoalmente desejaria. Quanto ao cristianismo eu também acho que ele é
um apologeta do mesmo, mas num sentido mais profundo, um cristão conservador não recomendaria outras religiões, o
cristianismo dele é um cristianismo filosófico, se é que você me entende. Tal como o de Tomás de Aquino. Mas descontando-se
o blábláblá repetitivo do Foro de São Paulo (que atualmente assume cada vez mais ares de verossimilhança), o anti-comunismo
obcessivo e a cigarreira, se você passar por esta barreira descobrirá que Olavo é mais do que isto, ele é o maior filósofo
vivo não só do Brasil como talvez até do Mundo! Fica esperto, quando ele se for... No que diz respeito a mentalidade
revolucionária é um ataque da vontade, uma ação da volição sobre a razão, uma cultura de animalização e objetalização das
consciências entregues ao coletivo e a um futuro incerto e sem parâmetros. Não sei se estou sendo claro.
Gostaria muito de saber a opinão dele a teu respeito, ou melhor, a respeito da tua filosofia Exeriana. Gostaria de ver
este embate, mesmo sabendo que você tem a metade da idade e experiência dele.(mas espero que ele não te xingue) Como eu
já tinha escrito, dois de meus três sites preferidos (senão os únicos) que gosto de acessar e acompanhar paripassu são
o teu e o dele. Será que com o passar do tempo e com mais experiência você não irá se inclinar cada vez mais para uma
disposição conservadora/direitista? Não vai se “endireitar” mais ainda? Não seria este o percurso normal de quem busca
o conhecimento? E por último, que negócio e este de Antimestre? Obrigado pela atenção, e continue com seu trabalho!
Até mais, de um Olavete Exeriano.
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Quarta, 19 de Março de 2008 |
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Olá Fernando. É um prazer tê-lo aqui de novo, e me desculpe a demora em responder. Muito obrigado por sua apreciação de
meu texto Os Gatos e A Feminilidade. De fato, creio mesmo que o preconceito prejudicou
mesmo o filme Mulher-gato,
mas parte deste prejuízo já se deu na produção, talvez pelo fato de que, por tratar de gatos, o filme não tenha merecido
melhor atenção, sofrendo de algumas deficiências significativas.
Pessoalmente gostei do filme, mas admito que ele ficou muito aquém do desejado, e não tiro a razão de muitas críticas que
recebeu.
Além do gato, creio que o único outro felino que compartilhe uma parte do símbolo da feminilidade seja a pantera, os demais
felinos afastam-se disso, a começar pelos leões. O Leão é simbolicamente masculino por excelência! E sobre o fato de
ter hábitos noturnos, ocorre que isso também se dá com os cães, que são visto como animais de guarda e vigilância, muitas
vezes, noturnas. Ademais conhecemos muitos animais notívagos, como a coruja, e isso parece insuficiente para uma simbologia
como a que sugeri para os gatos.
Quanto as cobras, creio que você tenha razão, elas de fato absorvem uma simbologia do feminino, mas não se trata do arquétipo,
lilith, pois este é sensual e sedutor, e as cobras não o são. Na realidade, as cobras costumam ser associadas às mulheres
velhas! Portanto, embora de fato haja uma simbologia feminina na cobra, creio que seja de uma ordem distinta da dos gatos,
ainda que haja uma intercessão na figura de lilith.
Sobre seu sonho, acho muito complicado analisá-lo, pois não creio que os símbolos dos sonhos sejam fundamentalmente universais,
mas sim, variem muito de pessoa para pessoa. Se nesse caso o gato represente mesmo o feminino, seria possível essa sua
interpretação. Mas eu nunca fui muito interessado em interpretação de sonhos, e precisaria de muito mais informações
sobre sua pessoa para tentar fazê-lo.
Agora vamos ao tema Olavo de Carvalho. Bem, quando eu o classifiquei como um católico conservador, eu disse apenas como ele
se comporta hoje, não disse que ele sempre foi assim, o que seria estranho, visto que ele afirma ter sido comunista, e
assim, não poderia ser católico conservador nesta época.
Quanto ao seu passado astrológico, isso fez parte de sua formação, mas ele não é mais um "astrólogo" atualmente, nem mesmo
no sentido especial em que era, e muitíssimo menos no sentido do senso comum. Um texto breve e esclarecedor sobre...
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...isso é Um acerto de contas com a astrologia,
que mostra que em grande parte ele deixou esse assunto meio que "encerrado", num certo sentido.
Creio que você se engana ao destacar a tensão entre catolicismo e a astrologia, ou melhor dizendo, os astrólogos.
Existem várias astrologias. A relação da Igreja Católica com os
astrólogos nunca foi abertamente hostil de uma maneira generalizada. É inevitável que haja uma tensão entre a idéia
de Livre Arbítrio, defendida pela igreja, e a de Destino, muitas vezes defendida por astrólogos, mas mesmo isso
somado a algumas passagens bíblicas que condenam artes divinatórias não foram suficientes para produzir uma tensão
severa entre o catolicismo e os astrólogos a ponto de inviabilizar a carreira destes últimos por períodos de tempo
significativos.
Caso contrário, teria sido impossível o próprio desenvolvimento científico, em especial matemático, que existiu sim
mesmo em plena idade média. Astrologia era muito útil na antiguidade, visto que eram os astrólogos que previam
os movimentos celestes em geral, incluindo eclipses e até enchentes. Eles calculavam distâncias e mediam a passagem
do tempo com precisão. É somente na atualidade que a astrologia ficou reduzida a horóscopos e mapas astrais.
Como você deve saber, eu também tenho minha cota de aborrecimento com certas "ações afirmativas", e certas linhas
"progessistas" que visam desconstruir tudo. Já vi quem defenda que o impulso sexual, heterossexual é claro, é uma
construção cultural! Já vi pessoas tentando defender que as culturas autóctones africanas ou dos índios amazonenses
são tão ricas e complexas quanto nossa histórica cultura civilizacional global, possuindo portanto, o mesmo valor!
E já vi gente dizendo que em nome dessa igualdade devemos respeitar qualquer elemento cultural específico, incluindo
clitoridectomia e o "direito" de Testemunhas de Jeová de deixar seus filhos morrerem por falta de transfusão de sangue!
Toda essa inacreditável estupidez me incomoda muito, e já deixei isso claro neste site várias vezes!
Ocorre, no entanto, que uma característica fundamental da burrice é sua fragmentação. Não existe uma Burrice central
que coordena todas as demais, mesmo porque isso seria o oposto do que se esperaria da burrice. Ela pode coordenar algumas,
como de fato ocorre, e dar espaço para outras, mas a tendência maior é que eles se anulem ou se destruam mutuamente.
A estupidez do relativista radical que acha que todas as visões de mundo são igualmente válidas é simplesmente incompatível
com a estupidez do fundamentalista religioso que acha que somente a dele é válida. A burrada dos movimentos que crêem que
implantar um Apartheid positivo para compensar o quadro de desigualdade racial é totalmente incompatível com a burrada de
quem crê que na superioridade da "raça ariana".
No entanto, observe que o Olavo parece associar diversas formas de burrice numa teia única coordenada por um movimento
comunista-gayzista-gramsciano e sei lá mais o quê, como se fosse possível a uma única estrutura de pensamento, por mais
fragmentada que fosse, responder por todos os males de nossa civilização. E quando não, tende a reduzir linhas de
ação flagrantemente inconcíliaveis a um denominador histórico comum como a Revolução Francesa, como se antes disso o mundo
não tivesse problema algum para se preocupar.
É por esse motivo que se o mundo corre o risco de mergulhar num sistema de pensamento totalitário, ele não poderia ser
uma mera "Idiocracia" como a sugerida. Porque num mundo desses, o primeiro espertinho que aparecesse manobraria as massas
num novo movimento revolucionário que, por mais externamente estúpido que fosse, bastaria um mínimo de coerência interna
para convencer a estupidez coletiva a fazer o que quisesse. Quem nos dera que uma multidão de idiotas continuasse sempre
uma mera multidão de idiotas. Não! Um único sujeito menos idiota e suficientemente perverso rapidamente os transforma
num exército de fanáticos!
Assim, é simplesmente impossível haver um único governo totalitário que implantasse uma estupidez sistemática por muito
tempo, pois onde isso ocorre, a decadência e reviravolta são inevitáveis. É muitíssimo mais provável que haja um constante
embate entre blocos antagônicos que se revezarão dando lugar a outros com sistemas de pensamento diferentes, ou seja,
como sempre foi, e talvez sempre será.
Esse medo que os conservadoradores tem do futuro não passa de simples nostalgia por um passado que jamais conheceram,
e sim, idealizaram. É, como chamo, um Complexo de Paraíso Perdido, que por sinal é a base
psicológica de maior parte das religiões. O que eles veem não é uma real e objetiva piora do estado de coisas com
perspectivas evidentes de maior deterioração, mas o simples fato inevitável de que os valores aos quais se apegaram
estão em decadência desde antes de eles nascerem, o que resulta na frustração de que jamais viverão nesse mundo
idílico que cultivaram na imaginação, desembocando no pessimismo típico do conservador.
Recentemente, concluí que alguns conservadores, os mais inteligentes, deveriam assumir para si um outro rótulo,
provavelmente o de MODERADORES. Pois é insustentável impedir às mudanças de mentalidades e
estado de coisas, mas pode-se sim, e em geral deve-se, freá-las, evitando que se dêem de modo descontrolado.
Por isso se antes eu dizia ser em parte um conservador, hoje prefiro me ver como um progressista moderado.
Você está certo sobre a questão da UNIDADE que levaria a uma Verdade, e é exatamente essa uma das coisas que deixei
de lado na minha abordagem sobre Olavo de Carvalho. E é exatamente isso que nos torna diametralmente
opostos num sentido epistemológico de segunda ordem.
Um texto interessante dele sobre isso é
Ser e Conhecer, que começa descendo o pau no ceticismo,
com razão, pois fala do ceticismo paralizante de quem usa a impossibilidade da...
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...certeza absoluta para justificar a inação
absoluta.
No entanto, ao longo do texto ele vai desenvolvendo uma explicação que leva, de uma certa forma, a emergência da certeza
do real por meio da viabilização da própria dúvida como um subproduto dessa condição realista. Ou seja, resumindo de uma
forma simplória mas aparentemente eficaz, só podemos pensar, duvidar, conhecer e etc, porque existe uma base objetiva
real que permite isso.
Mas você não vai achar essa formulação facilmente, porque o texto segue uma linha um tanto mais complexa. A palavra
Solipismo nem sequer é mencionada, mas ao final, na argumentação sobre a consciência do universo, que por sinal
se assemelha à minha na Filosofia EXERIANA embora mais elegante, verifique se a relação
entre o conhecimento contido no universo como sinal de auto-conhecimento, que se conecta a possibilidade maior de
conhecimento em potencial rumo a uma noção "teísta "de universo auto-consciente num sentido, não pode ser transplantada
quase sem alterações para um raciocínio solipsisita!
Não que o texto em si seja ruim, mas sim porque como todo texto realista, subestima a capacidade do ceticismo de reverter
absolutamente qualquer coisa, e não porque desconheça a possibilidade, pois o começo do texto cita exatamente isso, mas
porque não enfatiza que TODO e QUALQUER passo para fora do ceticismo original, É e sempre SERÁ, arbitrário! É inevitável,
e fundamentalmente necessário, todos devemos fazê-lo e quem não o fizer estará condenado à loucura e ou idiotia, mas
isso não muda o fato de que continua sendo injustificável racionalmente, sendo então, uma mera operação de uma potência
ainda mais forte do que a racionalidade, que é a vontade.
Assim, a diferença irreconciliável entre a metafísica olaviana e a minha é o simples fato de que tudo o que ele ergue em
nome do realismo, eu o faço em nome do instrumentalismo, com resultados finais absolutamente equivalentes e na quase totalidade
das vezes indistinguíveis, mas essencialmente diferentes. Assim como a imagem de um leão real e uma ilusão perfeitamente
convincente são fenomenicamente indistinguíveis, lembrando que neste caso haverá, porém, outros meios de distinção,
o que não ocorre no caso de decidir pela realidade objetiva do mundo exterior.
Citemos uma frase dele que, creio, ajuda a sintetizar melhor o ponto. Ela vem logo após um acidentado comentário
sobre Hume, que aparentemente não considerou que embora o choque de duas bolas de bilhar possa ser vista como um evento
único decomponível em duas partes, também temos experiência de um parte dele como fenômeno isolado, isto é, o do movimento
da bola de bilhar que não se choca com nenhuma outra.
Bem, a frase é:
"...a realidade em si não é nem objetiva, nem subjetiva, porque ser realidade é ter a capacidade de se desdobrar
nesses dois aspectos. O conhecer, como potência, é prévio ao sujeito e ao objeto."
Ou seja, temos uma mera declaração, na forma de definição, de que algo só pode ser conhecido uma vez que é real, e
precedente, e evidentemente externo, ao sujeito. Mais uma vez, a hipótese de que algo possa seguir o mesmo procedimento
porém sendo interno ao sujeito, é simplesmente descartada arbitrariamente, para no final afirmar qua a consciência do
universo pode conhecer aquilo que é interno ao próprio universo!
Enfim, tudo isso é apenas para atacar o conceito de VERDADE, como algo que esteja, ao estilo de
Arquivo X, LÁ FORA!
É essa certeza de que há uma verdade objetiva externa ao ser humano, que deve ser conhecida por meio de uma rigorosa disciplina
específica, que nego veementemente, pois embora seguramente eu concorde que existem parâmetros mentais comuns aos entes
racionais que guiarão nosso pensamento por caminhos compatíveis, nada garante que tais caminhos nos levem necessariamente
a um destino comum supremo além de nossos pensamentos. Claro que é possível que assim seja, mas não é certo.
E se não é certo, é ainda menos certo supor que tais caminhos já estão definidos, que tal destino já tenha sido atingido,
e agora só reste aos filósofos da caverna de plaNtão convencer os demais a trilhar os mesmíssimos, ou melhor, O
MESMÍSSIMO caminho.
Como você mesmo disse, ele considera que a "Verdade está lá Fora", e quem não admite isso é um completo imbecil. Eu
pessoalmente não creio em verdade alguma externa ao ser humano, e não acho que quem discorde de mim seja um imbecil, mas
me dou ao direito de desconfiar desta tal "busca da verdade" em questão.
Ora, como alguém pode estar em busca da verdade se já assumiu para si verdades supremas como a existência de Deus, da vida
após a morte, da factualidade histórica de supostos eventos milagrosos ancestrais ou da mera existência objetiva do mundo
exterior? O que mais está buscando afinal?
Me parece que todo entusiasta das verdades perenes apenas as reivindica para si arbitrariamente, e depois tenta ao
máximo possível justificá-las. Mas como já as reivindicou, só podemos supor que superou esotericamente dificuldades
supremas cuja superação não pode ser exposta, visto que as demonstrações de tais conquistas são tudo menos isentas de
problemas.
O toque final que quero dar sobre esse assunto é sobre a idéia de que quem nega o conhecimento objetivo negou a base de
qualquer argumentação, cessando então o diálogo. Só posso discordar, pois a própria negação do conhecimento objetivo
pressupõe alguma desenvoltura argumentativa. Negar a VERDADE externa não é negar as verdades internas da lógica e da
linguagem. É impossível negar os princípios de Identidade e Não-Contradição que fundamentam nossa capacidade cognitiva.
A não ser, nos caros casos em que alguém se esforça para aceitar que um Deus único ao mesmo tempo é Três.
Podemos discutir longamente sobre o inquestionável fenômeno, discordando somente sobre sua natureza. Não vejo onde pode
estar, aí, um impedimento para o diálogo sadio.
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Você também tem razão ao vê-lo como um cristão filosófico. É exatamente o que eu esperaria, e para mim, não é novidade.
Os religiosos mais inteligentes que já conheci foram invariavelmente católicos. Já tenho alguma intimidade com eles.
Um de meus professores favoritos na Universidade de Brasília é um padre, e não há como negar que o sujeito é brilhante!
Evidentemente eu jamais quis compará-lo a um beato de baixo escalão. De fato posso ter me expressado mal, mas ao classificá-lo
como um católico ultra conservador, eu não quis, em momento, algum, depor contra sua inteligência. Até pelo contrário.
E continuo achando um filósofo de altíssimo nível, seguramente um dos melhores que conheço.
Mas como todo bom católico, a começar por São Tomás de Aquino, eles tem comprometimentos entre os limites da racionalidade
e intuição, com os extremos da passionalidade. Isto é, onde a razão não pode alcançar eles intuem algo esteticamente
favorável, que é a idéia de uma ordem superior no universo que fornece sentido existencial.
É algo que luto para me convencer, mas ainda não consegui ir além do ceticismo a respeito da possibilidade encantadora de
que este Universo permita que nossas existências possam construir um propósito edificante além deste nosso mero
Horizonte Existencial. Também entendo que muitas pessoas temam que a perda da fé nesta possibilidade possa ser nociva
a humanidade, e até mesmo entendo que se tema ainda mais um estado de coisas que tenha como instituição enfraquecer esse
tipo de fé.
No entanto, é difícil negar o fato de que foi a situação contrária, um estado de coisas que institucionalmente
incentivou por vezes à força esta fé, que acabou gerando os efeitos colaterais de um mundo abandonado de um propósito
imanente mais digno. A Idade Média, o período onde mesmo as grandes mentes se voltaram para a contemplação dessa
possibilidade metafísica, teve a marcante característica de negligenciar a vida terrena fazendo com que milhões de
pessoas, a maioria esmagadora da civilização, jamais tivesse sequer chance de sonhar em um dia poder optar por
essa mesma vida de contemplação.
É por isso que jamais deixarei de simpatizar com o espírito do revolucionário que sonha em mudar esse quadro tenebroso
da injustiça terrestre, onde tantas pessoas são trazidas a um mundo em que jamais terão a mínima chance de sequer
excercitar sua humanidade, sendo impiedosamente massacradas por uma sistema social flagrantemente desumano.
E é por isso que me incomodo quando vejo alguém como o Olavo ser no mínimo tímido com relação a ações diretas para
a reversão progressiva desse estado de coisas, depositando excessiva confiança na iniciativa privada e na conduta individual.
Ocorre porém, que mesmo partindo destas, as grandes transformações tendem a ocorrer quando as forças se unem na coletividade.
Em última instância os Estados são indispensáveis para a progresso social e redução das desigualdades, e não estou
falando de desigualdade sutis que sempre existirão, mas das desigualdades brutais.
Acaso os E.U.A. seriam o que são hoje sem uma revolução que construiu um estado liberal mas forte? Acaso China seria o
que é hoje sem a revolução maoísta que unificou um país imenso com mais eficiência do que a linhagem dos imperadores?
Será que a Rússia seria melhor do que é hoje sem a Revolução soviética, que entre outras coisas, edificou um dos maiores
parques industriais do mundo?
E acaso haveria no mundo de hoje Liberalismo Econômico e Político, Sindicatos, Saúde Pública e etc, sem a Revolução
Francesa?
Ocorre que historicamente muitas coisas melhoraram, e todas foram resultado de movimentos político sociais coletivos de
tendências claramente revolucionária ou no mínimo progressista. A escravidão foi abolida assim, o analfabetismo da
quase totalidade da humanidade foi reduzido para menos da metade assim, o desprezo institucional pelo sofrimento de
minorias foi combatido assim. E hoje, temos um estado de coisas que, por mais que ainda tenha que melhorar, já
melhorou muito, e tudo isso foi o resultado de tudo aquilo que não costuma ser visto com bons olhos pelos conservadores.
Enfim, ainda assim reconheço a necessidade de MODERAR as transformações, até mesmo de conservar alguns valores.
Mas se não sou um revolucionário no sentido direto, sou ao menos um Evolucionário no sentido de Mentalidade, Sim!
E muita coisa tem que evoluir.
E o Anti-Mestre em questão é porque Olavo de Carvalho é, indiscutivelmente, o filósofo mais brilhante ao qual temos acesso
irrestrito, por meio de seu site. Infelizmente uma grande quantidade de ótimos pensadores ainda não se livrou da mentalidade
atrasada de viver uma vida acadêmica protegida nos muros das universidade sem precisar se comunicar diretamente com o
mundo exterior. A maior vantagem dele é essa. Que outro filósofo brasileiro você conhece que se expõe tão aberta e
francamente assim?
Isso é algo que nos conecta, pois já entrei na intelectualidade com essa abertura pública. Longe de mim querer viver só
de livros acessíveis apenas a poucos iniciados. Mas apesar disso, e de nossa concordância em alguns fundamentos,
em especial a defesa da interioridade humana contra a tirania externa [FREE MIND!!!], temos divergências inconciliáveis.
O anti-mestre é alguém que inspira, que imitamos, que admiramos, mas que estamos dispostos a também enfrentar, e como
você deve saber, eu, mais do que ninguém que eu conheça na web, tem o hábito de estar em contato direto e íntimo com
a opinião adversária. Quanto a me endireitar mais... Não sei. Meu coração continua no lado esquerdo.
Chega! Vou parar por aqui. Obrigado pela homenagem inclusa no "Olavete Exeriano". Mas recomendo que você seja você mesmo.
Um...
...Venturiano?
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9 de Abril de 2008 |
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Rodrigo Marques
-
1972
-
Angra dos Reis-RJ
Administrador
-
Cético
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603,
605,
606,
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620,
649
r o d m a r q 7 2
y a h o o . c o m . b r
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Olá Marcus, Agora deixando a realidade e voltando a ficção. Dessa vez vou voltar a perguntar sobre seus universos imaginativos.
- No glossário de Alice 3947 no verbete sobre Samtara está escrito que uma parte da humanidade terrestre foi levada há cerca de 20.000 anos, porém pensava que isso só tivesse acontecido por volta do século 21, quando Bentom viajou até lá.
- Quais são os poderes das Feiticeiras de Terrânia? Elas fazem alguma coisa parecida com o que entendemos de feitiçaria na Terra (caldeirão, pragas, vassouras voadoras)? Toda Terrânica é feiticeira? Na página que fala sobre as próprias tem dois desenhos nos quais duas feiticeiras seguram globos brilhantes e na página de Samria fala-se do Fruoom, Elas usam bolas de cristal?
- No mesmo sistema do planeta das feiticeiras existe um planeta com vida inteligente aquática. Esses são os Dobucks?
- Você já chegou a dizer que Damiate possui uma história pregressa de milhões de anos e que era um ser que apenas
simulava humanidade, em Alice, a risada dele chega a ser tachada de demoníaca. No conto
Conversando com o Diabo, o capeta diz que no passado um grupo de magos tentou fazer uma espécie de revolta ou revolução com o plano espiritual. Mesmo sabendo que as duas obras não tem uma relação literária em comum, gostaria de perguntar se Damiate no passado esteve envolvido com coisas assim.
- Nos seus universos ficcionais, você arrumou uma boa explicação para a possibilidade de viagens no tempo, é só ler
Os Crononautas. Gostaria então de provocar a sua imaginação para arrumar uma
solução para o seguinte outro dilema: se existem diversas espécies, Metiats, humanos (da Terra e de Terrânia),
Cinzas e outros (algumas até extintas como os Zenitrons e como a que ocupava originalmente Orizon 5 os Ians),
e todas elas arrumaram um jeito de se espalharem pelo espaço, como não lotaram a galáxia como se vê aqui:
Alienígenas Malthusianos,
O Paradoxo de Fermi - Uma Grande Gafe
Já pensou em usar a hipótese do Grande Filtro que silencia civilizações nas suas obras?
Paradoxo de Fermi
- Continuo esperando o resto das descrições de Terrânia...
- E quanto a Planeta Fantasma? Porque Planeta? E por que Fantasma?
Muito Obrigado e até logo.
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Sábado, 8 de Março de 2008 |
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Oi Rodrigo. É um prazer receber mais uma mensagem de alguém que está se sobresaindo como meu maior entusiasta. Até o
Jurandir anda meio sumido. Vamos lá.
- Na realidade Bentom vai a TERRANIA ainda na década de 1980. De certo há essas duas fases onde humanos são levados para lá.
- As feiticeiras de As Senhoras de TERRANIA muito pouco ou quase nada tem haver com as
feiticeiras da maioria das histórias e contos de magia que conhecemos. Lembre-se que o Universo DAMIATE é Ficção Científica,
não é Ficção Fantástica. Seus poderes não são muito diferentes dos Supermetas de Alice 3947.
- Não, mas...
- Não. Mas há coisas tão marcantes quanto.
- Acho que o próprio texto
O Paradoxo de Fermi - Uma Grande Gafe
explica porque esse "Paradoxo de Fermi" está longe de ser um argumento adequado para a questão. Há inúmeras possibilidades
que podem justificar a existência de uma civilização inteligente capaz de colonizar a galáxia que no entanto decida não
fazê-lo. Muitas dessas civilizações podem simplesmente não ter conseguido chegar à maior parte da galáxia.
No Universo DAMIATE, as distâncias interestelares são difíceis de cruzar, muitas raças se exaurem antes de conseguir atingir
locais mais distantes. Outras, apesar de terem sido extintas, deixaram sinais claros de sua existência. O mundo no Universo
DAMIATE não é um lugar onde não há evidência alguma de civilizações extraterrestres, pelo contrário.
- Quanto ao Filtro Silenciador... Talvez. Acho essa idéia muito estranha. Teria que pensar mais.
- Paciência... Juro que este ano As Senhoras de TERRANIA terá novidades.
- "Planeta" porque é um planeta. "Fantasma" porque...
Obrigado a você.
Amigavelmente
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20 de Março de 2008 |
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Xenon M Gilgul
-
1944
-
Rio de Janeiro-RJ
Funcionário do Governo
Pesquisador
645, 651
x e n o n m e n t a l i s t a 2
y a h o o . c o m . b r
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Caro Valerio:
(resposta à mensagem 651)
Muito me honra que você se disponha dialogar comigo. Com efeito, mudar alguns pontos do que antes dizia é marca do gênio, sendo exemplo dramático a luta de Einstein consigo mesmo frente às novas realidades no estudo da Física.
Em relação ao meio-ambiente social, o Mentalista usa conscientemente seus pensamentos e com isso influencia colegas de trabalho, amigos, etc, para melhorar suas relações com eles. Se você sai de casa pela manhã com a mente iluminada, as pessoas percebem isso intuitivamente e reagem favoravelmente, mudando suas atitudes para com você.
Quando o livre-arbítrio de uma pessoa renitente impede tal influência benéfica, o Mentalista sempre se depara com outra solução, por exemplo, uma mudança de local ou de atividades.
O ambiente físico também é influenciado, só que indiretamente, pois uma situação física insalubre, por exemplo, poderá ser alterada se a mentalização positiva atrair a solução, como o interesse de alguém com poderes para proceder tal modificação. Há relatos exemplificando alterações diretas, mas estas ainda não testemunhei e só falo daquilo que vivencio.
Não estou falando de magia negra, nem de invasão da vontade alheia, mas de harmonização, por isso que somos todos um, logo, sempre há um patamar de conciliação e, esse patamar, é acessado e atraído pela mente que nele se liga através da mentalização correta.
Para melhor informar, na minha Página, sobre essas alterações eu teria que entrar no
“por quê” do funcionamento do Mentalismo. Mas logo no início, na apresentação do site, descarto controvérsias para não
desanimar as pessoas que estão entrando no assunto. Digo também, além de deixar claro que se destina a novatos, que o
experimentador não deve se preocupar, por enquanto, em saber como funciona. Também deixo espaço para debates, atualmente,
através de um Grupo de Discussão, e criei o link
Além do Pensamento para quem desejar aprofundar-se na matéria.
Quanto a similaridades com tradições religiosas e esotéricas, elas se dão exatamente pelo motivo que me levou a lançar a Página: minha descoberta pessoal, fruto de muita e variegada leitura, da ABRANGÊNCIA do Mentalismo - desculpe a caixa alta – é importante. Esta abrangência não pára nestas áreas, mas se estende pelos campos da Filosofia e da Ciência. Não estou falando de unanimidade, mas que há defensores em larga escala numa e noutra, isto há, como você sabe melhor do que eu. Em todas as áreas do conhecimento você chega à conclusão, ainda que não unânime, de que o Homem é Aquilo que Pensa.
Vou estudar com prazer e interesse as Hermenêuticas Solipsistêmicas.
Grande abraço,
Xenon – o Mentalista.
www.mentalismo.net
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Sexta, 29 de Fevereiro de 2008 |
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Olá Xenon...
Obrigado por mais essa participação e por esclarecer melhor seu ponto de vista, com os quais tenho grande simpatia.
De fato, no sentido em que foi colocado, é impossível discordar do poder de uma atitude mental positiva. Ela realmente
transparece, até mesmo pela percepção de sinais sutis que se pode captar inconscientemente.
Costumo ter também esse posicionamento prático. Algo pode de fato funcionar, mas nunca sabermos exatamente 'como', ou
porquê.
Já vi frases irônicas a respeito, como a que diz que "Teoria é quando se sabe tudo e nada funciona. Prática é
quando tudo funciona e ninguém sabe porquê."
Eu próprio redigi esta: "Existem descobertas e invenções, existem os 'como' e os 'porquês'.
Os 'como' só podem ser descobertos, os 'porquês' só podem ser inventados."
No mais, meu interesse pelo assunto ainda vai mais longe. Eu tenho plena intenção de desenvolver uma teoria convincente
sobre uma hipotética substância mental. Algo que já aventei em
Projeto MCM e
MCM1-Imortalidade no Fédon de Platão.
Mais uma vez obrigado
Amigavelmente
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19 de Março de 2008 |
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Gustaf Dantas Bitencourt Florencio
1985
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Natal-RN
Estudante Universitário
449
517
527
546
576
591
607
g u s t a f d a n t a s
h o t m a i l . c o m
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Olá, Marcus.
Eu li seus artigos (além da
resposta a mensagem 630 de Diego Barros) que mostram muito a respeito sobre sua visão política e gostaria
de debater algumas de suas idéias.
Sinceramente, eu estranho a maneira como você descreve a doutrina liberal, sobretudo aquela corrente conhecida como
“Neoliberalismo”, que é um termo usado para descrever a doutrina daqueles que se auto-intitularam os seguidores mais
próximos do Liberalismo Clássico e cujo principal guru é o economista austríaco
Friedrich August von Hayek, laureado Prêmio Nobel em Economia em 1974.
Eu leio muito a respeito de liberalismo, devido à pesadíssima influência que essa doutrina exerce na disciplina que estudo na universidade (Economia). A primeira observação que quero fazer é que você não parece saber qual é a proposição principal dos neoliberais. Isso porque provavelmente não há outra declaração que seja melhor indicação que o argumentador não a compreende do que a acusação que os neoliberais pregam o enfraquecimento do Estado. Eles não pregam isso, muito menos “a produção meramente visando o lucro” e “que o Estado não deve interferir na economia”, como você já disse.
É errado interpretar que a proposição do Estado minimalista seja a de enfraquecimento do Estado, muito pelo contrário.
Os neoliberais acham que o Estado deve ser limitado e simples, só assim ele poderá manter-se forte e democrático. Estado
fraco, na visão deles, não é aquele com pequeno número de funções e sim aquele não consegue cumprir suas tarefas
constitucionais. Na visão de Hayek, o regime democrático não resiste a excessos de intervenção estatal porque o
planejamento central exige que o governo tome decisões de temas tecnicamente complexos as quais os representantes do povo
não foram preparados para tomar. Se você quer saber de forma resumida as três proposições que ele desenvolveu para
justificar o Estado minimalista, eu sugiro a você a leitura do artigo “Frenesi Liberalista” do economista brasileiro Mário
Henrique Simonsen, que está no livro
“Textos escolhidos” (Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002).
Se você acha que doutrina do evangelho hayekiano é sinônimo de laissez-faire, veja o que diz Hans H. Hoppe (economista
alemão e filósofo anarco-capitalista) sobre Hayek
“Hayek diz-se um liberal clássico. Contudo, veja o que ele diz na parte III de sua ‘Constituição da Liberdade’ e no vol
III de seu ‘Lei, Legislação e Liberdade’ e você terá uma impressão inteiramente diferente. De acordo com Hayek, o governo
é necessário para realizar certas tarefas: Não apenas para ‘garantir a lei’ e a ‘defesa contra inimigos externos’, mas diz
que ‘em uma sociedade avançada, o governo deve usar seu poder para levantar fundos através de impostos para prover um
número de serviços que por várias razões não podem ser providos pelo mercado’. Entre estes estariam ‘proteção contra
violência, epidemias, enchentes e avalanches, mas também amenidades que tornam tolerável a vida nas cidades modernas,
a maioria das estradas... a provisão de padrões de medida e muitos tipos de informações como registro de terras, mapas
e estatísticas para certificar a qualidade de certos bens e serviços oferecidos no mercado’.
O governo deveria também ‘garantir uma renda mínima para todos’ e ‘distribuir seus gastos ao longo do tempo de tal maneira que ele intervenha quando o investimento falhar’. O governo deveria financiar escolas e pesquisas científicas e ‘regulamentar a construção civil, a qualidade dos alimentos, a certificação profissional, as restrições sobre produtos perigosos (como armas, explosivos, veneno e drogas), assim como certas regulamentações de segurança e saúde no processo de produção e a provisão de instituições públicas como cinemas, estádios, etc.’; e deveria fazer uso de seu ‘eminente domínio’ para melhorar os bens públicos’.
Além disso, Hayek queria que o governo provesse ‘estabilidade monetária’, implementasse um sistema de ‘seguro compulsório’, considerasse a possibilidade de moradias subsidiadas, realizasse o ‘planejamento urbano’ e o ‘zoneamento’. E por fim, ‘a provisão de amenidades e oportunidades de lazer, a preservação das belezas naturais e de sítios históricos, lugares de interesse científico, parques, reservas naturais, etc’.
Pior ainda, Hayek insiste que reconheçamos que é irrelevante qual seja o tamanho do governo ou quão rápido ele cresce. O que importa é apenas se as ações do governo preenchem certos requerimentos formais. Segundo ele ‘É o caráter do governo, não seu tamanho, que é importante’.
A carga total de impostos não é um problema para Hayek. Impostos - e, analogamente, o serviço militar - supostamente perdem seu caráter coercitivo ‘se são previsíveis e são forçados independente de como o indivíduo iria empregar suas energias. Isto lhes retira essencialmente a natureza malévola da coerção. Se a necessidade de pagar uma certa quantia de impostos torna-se parte de meus planos, se um período de serviço militar é uma parte previsível de minha carreira, então eu posso seguir um plano geral para a minha vida e sou tão independente da vontade de outra pessoa quanto todos aprendemos a ser em sociedade’”.
Essas proposições não surpreendem porque negar o alargamento do campo de escolha livre do indivíduo seria, na visão dele,
abrir as portas para a escravidão do mesmo sobre o acaso e as circunstâncias, algo contrário a sua idéia exposta em
“Direito, Legislação e Liberdade” (volume II, p.1, 1985, Editora Visão) que postula que a ação governamental visando o bem
público ideal é “aquela que permite a garantia de condições em que indivíduos e grupos menores tenham oportunidades
favoráveis à satisfação mútua de suas respectivas necessidades” (p.2), já que “a boa sociedade é aquela em que o número
de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível” (p.156). ...
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Continuação da Mensagem - Segunda Parte
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...Aliás, nem ele deveria ficar repetindo a idéia que “segundo um axioma da tradição liberal, a coerção dos indivíduos só é
permissível quando necessária a consecução do bem-estar geral ou do bem comum" (p.1)
Você já usou a afirmação que
“o estado tem que ser forte, ainda que seja oneroso” para justificar a não-existência do Estado
mínimo. Mas eu não tenho informação que Hayek pregava que um dos requisitos do Estado mínimo fosse a existência do
princípio “quanto menos oneroso o Estado, melhor”. Lembre-se do que disse Hoppe e veja esta declaração em
O caminho da servidão
(1977, Porto Alegre: Globo, p.36):“a manutenção de concorrência também não é incompatível com um amplo sistema
de serviços sociais- desde que a organização de tais serviços não seja feita de modo a tornar ineficaz a concorrência em
largos setores da vida econômica”. Enfim, tamanho de gasto público ótimo é uma variável que apresenta um laço complexo com
o crescimento econômico e varia muito de país para país. Se é assim, Hayek fez muito bem em não dá relevância a carga total
de impostos. Um dado que desmistifica “quanto menos oneroso o Estado, melhor” é que o crescimento médio do produto por
homens-hora em uma amostra de 15 países da OCDE (países ricos) foi de 1,6% de 1870-1913, 1,8 % em 1913-1950, 4,6% de
1950-1973 e 2,8% de 1973-1979
(SACHS, Jeffrey; LARRAIN, Felipe. Macroeconomia: edição atualizada e revisada. São Paulo:
MAKRON Books, 2000., p. 600). Lembre-se: em que época o Estado era menos oneroso,mesmo?
Também é uma inverdade que Hayek não via no mercado a necessidade de regulamentação e policiamento adequado. Numa entrevista
a Veja em 1979, isso é o que ele diz sobre o mercado
“Ele necessita de uma moldura legal apropriada para funcionar eficientemente. No presente, é verdade, não se pode dizer
que essa moldura seja a mais adequada. Precisamos, por isso, trabalhar para aperfeiçoar as leis. Por exemplo, deve-se
aplicar às corporações empresariais as normas que, lentamente, foram desenvolvidas para regular a conduta dos indivíduos.”
Quanto à questão de o liberalismo defender a “produção meramente visando o lucro”, essa alegação deve ser baseada numa
análise simplista daquela famosa frase de Adam Smith que analisava que a motivação para a troca mutuamente benéfica não
necessita nada além do amor-próprio. É verdade que neste contexto, nada além do amor-próprio é preciso, mas ao tratar de
problemas como distribuição e equidade e o da observância de regras para gerir a atividade econômica, Smith explicou em
Teoria dos Sentimentos Morais
que “humanidade, generosidade e espírito público são as qualidades mais úteis aos outros”.
No século 18, Adam Smith já argumentava a favor da necessidade da “Lei dos Pobres” (uma primitiva rede de seguridade social
para os desvalidos na revolução industrial), e criticava as restrições impostas por leis às movimentações e outras
liberdades dos pobres assim sustentados. Por fim, alegava que a regulamentação do mercado de trabalho sempre tinha como
conselheiras pessoas ligadas aos empregadores; por isso, na visão dele, quando esta favorecia os empregados, esta sempre
era “justa e eqüitativa”, mas às vezes não o era quando esta favorecia os empregadores. E numa época em que educação
pública era coisa de ficção científica, ele disse que “com um gasto irrisório o governo pode facilitar, pode incentivar e
pode impor a quase todo o povo a necessidade de adquirir as partes mais essenciais da educação”. O economista e filósofo
hindu Amartya Sen reuniu uma coletânea de citações, sobretudo de
Riqueza das Nações
e
Teoria dos Sentimentos Morais
nos capítulos 5 e 11 (além de citações nas referências bibliográficas de tais capítulos) da sua obra
Desenvolvimento como Liberdade
para por a nu o mito que Smith não via as limitações do livre-mercado. Não é por acaso também que exista
um anarco-capitalista chamado Murray Rothbard criticando o escocês porque na sua lista de “heresias”, Smith advogava a
favor de taxação progressiva e de que houvesse impostos pesados sobre bebidas alcoólicas, que o Estado tinha função na
provisão de: (a) estradas, pontes e portos, sob o argumento de que a iniciativa privada não tinha os incentivos para
construi-los e mantê-los; (b) correios, devido a sua lucratividade:
The Celebrated Adam Smith
Voltando a Hayek, é óbvio que ele tinha uma confiança relativamente grande nos mercados e uma confiança relativamente
pequena nas instituições públicas. Mas também é claro que os melhores argumentos dos neoliberais ainda estão longe de
provar que o Estado minimalista é o ideal. Hoje, várias teorias modernas como a Nova Teoria Institucional, Teoria de
Assimetria de Informações e a Teoria do Design de Mecanismos, partem de pressupostos distintos dos considerados pelas
teorias da Escola Austríaca ou da Escola de Chicago liderada pelo já falecido economista americano
Milton Friedman. Uma
linha importante da pesquisa focalizou em identificar como o governo difere de outras organizações em seus poderes na
economia (e restrições, incluindo as limitações na informação que enfrentam e seus poderes e incentivos para adquirir
a informação) e, baseado nestas características distintas, em determinar os papéis econômicos apropriados dos governos
e dos mercados. Entretanto,pode-se perguntar:e daí se o Estado limitar-se às atividades típicas do Estado, deixando
todo o demais para a iniciativa privada.
Hong Kong é rica, não tem empresas estatais (ou tem?)
e 91% dos alunos estão em escolas privadas subsidiadas.
Intervencionismo (política de defesa da concorrência, proteção social, etc.) e estatização de bens e serviços não são
coisas completamente independentes, Marcus?
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Terça, 26 de Fevereiro de 2008 |
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Prezado Gustaf...
Como sempre, suas mensagem são ricas e esclarecedoras, só pecam pelo tamanho, nesse caso, maior que 10 mil caracteres.
Mas tudo bem, nesse caso é aceitável, mas devo pedir que tente evitar passar desse máximo razoável.
Creio que seu texto foi muito acertado, contribuindo eficazmente para desfazer más interpretações sobre uma das conceituações
de Neoliberalismo. No entanto, houve um problema. Você acertou no conteúdo, mas errou no alvo!
Não sou eu que mais preciso desses esclarecimentos, mas sim as pessoas que estão em condições de realmente implementar
políticas neoliberais em nosso país, e evidentemente estou falando dos políticos e partidos que abraçaram esse
discurso liberal como bandeira. Infelizmente, fazendo buscas nos sites do
PSDB e do
ex-PFL e agora Democratas, os grandes partidos de oposição do momento,
é até possível achar algum comentário sobre Marx ou Adam Smith, mas nenhum sobre Hayek. O mesmo ocorre no razoavelmente
neutro PMDB. Curiosamente no
PT, encerrando os 4 grandes partidos do Brasil, pode-se sim, achar alguma coisa,
evidentemente desfavorável.
Analisando também blogs e site pessoais dos mais destacados políticos brasileiros que se enquadram como liberais,
a tendência é a mesma. Material favorável sobre Hayek você encontrará em sites assumidamente liberais, do ponto de
vista econômico, como
Olavo de Carvalho,
Mídia Sem Máscara ou
Mídia Independente, colhendo de bandeja também
"Salma Hayek".
No entanto, nenhum deles tem qualquer influência sobre as políticas econômicas governamentais.
Eu arrisco dizer que a maioria esmagadora dos defensores da oposição nunca ouviu falar em Hayek, o economista,
e assim, creio que o seu discurso ficou um pouco deslocado, pois quando eu critico o neoliberalismo seguramente
não tenho em vista Hayek e nem qualquer outro economista específico, mas sim esse liberalismo econômico pragmático
que tem sido defendido de fora generalizada pelos partidos de oposição e detratores do governo em geral.
Eu não estou criticando os expoentes da doutrina neoliberal, mas sim a sua versão "concreta" e degenerada que é o que
de fato afeta nossa vida real. Você até começou bem sua mensagem, mas note que, de repente, está falando como se
eu tivesse citado Hayek explicitamente. Mas acredite-me, eu nunca sequer havia lido sobre ele!
Me parece que você está imerso num universo mais intelectual sobre temas econômicos. Não é o meu caso. Eu estou
falando com o senso comum, as crenças disseminadas pelo eleitorado e pelos ditos "formadores de opinião" que,
em grande parte dos casos, não tem nenhum conhecimento adequado sobre o que estão falando. Jornais e revistas
então...
Até mesmo o próprio termo neoliberalismo está tão distorcido que hoje funciona mais como um termo depreciativo do
que como um rótulo significativo de posicionamento ideológico.
Portanto, não tenho, ao menos no momento, o que comentar a respeito da filosofia de Hayek, mas devo apontar alguns pontos onde
vejo que você não me entendeu bem.
Logo no início de sua mensagem você faz citações sobre o que eu digo no texto
O Grito dos Culpados, mas há uma certa descontextualização aí. De certo eu disse
a frase que os liberais crêem que o estado não deveria interferir na economia, mas isso foi dito de modo claramente
"frouxo". É evidente que eu sei que ninguém sequer sonha que seja possível haver um estado que não interfira em
absoluto, mas que sim, interfira o mínimo possível.
Quanto a frase
"Como alguém pode pensar que a produção (...) pode atender as necessidades de progresso social e humanístico
enquanto estiver meramente visando o lucro?!", deve ser entendida no sentido de que a PRODUÇÃO funciona
assim. Ou seja, praticamente tudo que é produzido, embora possa servir para os mais variados propósitos, o é
essencialmente com um objetivo mercadológico. Ainda que o fabricante de cadernos colabore indiretamente para a
educação, seu objetivo primordial continua sendo meramente econômico. No âmago de sua produção, qualquer pretensão
sócio-educativa se dá meramente em função de uma atividade comercial.
Isso não é exatamente o problema, mas sim até que ponto é possível não haver uma intervenção direta do estado nesse
processo. Sem instrumentos regulamentadores impondo regras rígidas, simplesmente não haveria produtos realmente adequados
às necessidades que o estado visa satisfazer, pois ficaria a mercê dos produtos disponíveis que poderiam estar longe de
ser satisfatórios mas seriam os únicos. Qual seria a solução? Esperar que um concorrente mais esperto produza
um produto mais satisfatório e ao mesmo tempo mais barato? Publicar as especificações para que os interessados
decidirem se é realmente interessante se adaptar à essas novas exigências?
Ou pura e simplesmente estabelecer um órgão regulador capaz de determinar uma série de diretrizes que se não cumpridas
penalizam as empresas de imediato? Pode até não ser o ideal, mas é o que dá resultado mais rápido.
A questão não é que os liberais achem que a sociedade possa ser satisfeita por uma concorrência aleatória que apenas
vise o lucro, mas sim de muito deles defenderem que o mercado espontaneamente irá atender a todas as demandas,
se adequando, por meio da mão invisível, a qualquer necessidade que houver.
Acontece que isso pura e simplesmente não acontece. O nível de intervenção estatal, mesmo nas economias mais liberais
do mundo, é muito maior do que a maioria das pessoas parece perceber. E isso não é porque Adam Smith esteja errado
ou não, o que nem sequer vem ao caso, mas porque de certa forma...
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...são as próprias empresas, os maiores interessados,
que em qualquer oportunidade tem a tendência de sabotar o liberalismo.
O exemplo recente do "embargo" à carne brasileira na Europa é só um exemplo do que acontece quando um lobby empresarial
influente se vê confrontado por um concorrente muito mais promissor. Ao invés de permitirem a entrada da nossa carne
na Europa, e disputar mercado com ela, ficam inventando empecilhos na maior cara de pau para sabotarem a livre
concorrência. Aí, usam os estados para forçarem seus interesses econômicos.
A Microsoft é o maior exemplo de como o capitalista só é liberal mesmo quando é pequeno, quando fica grande,
não for o Estado, simplesmente faz de tudo para destruir a concorrência de toda forma desleal possível. No fundo
a lógica não é muito diferente do jogo
Banco Imobiliário, que em inglês tem um nome muito mais adequado,
Monopoly. O resultado final de um mercado totalmente livre seria o monopólio completo de uma única empresa
engolindo tudo, a não ser que haja instrumentos reguladores severos para evitá-lo.
É nesse sentido que digo que esse impreciso "Estado Mínimo" é um termo que nem sequer faz sentido, pois por mais que
se tente enxugar o estado até um nível aparentemente ideal, reduzindo ao máximo sua influência, rapidamente
começarão a surgir situações que exigirão intervenções cada vez maiores, até que novamente o estado esteja exercendo
influência cada vez mais ampla e despertando reclamações dos liberais.
Do "mercado" por si só jamais teria surgido o Inmetro, o
Procon ou o
Código de Defesa do Consumindor.
Do empresariado jamais teriam emergido direitos trabalhistas e sindicatos. Tudo isso é resultado direto da organização
das classes e da intervenção estatal.
Para citar um exemplo hipotético drástico, imagine que a
FIAT decidisse, devido ao aumento dos salários dos
trabalhadores e dos impostos, fechar suas fábricas no Brasil e abrí-las na África, onde poderiam pagar salários de fome.
Foi mais ou menos o que a GM fez, ferrando com a cidade de
Flint nos E.U.A. Situação brilhantemente documentada
no filme de Michael Moore
Roger & Eu.
Pois bem, pelo conceito do neoliberalismo o governo não poderia fazer nada, deixando metade das cidades do triângulo
mineiro simplesmente falirem. Ou reduzindo impostos e permitindo demissões e baixa de salários, o que não seria muito
diferente. O que eu realmente acho, é que o governo deveria pura e simplesmente dizer: "NEGATIVO! Vocês não vão a lugar
algum!!!"
Onze entre Dez neoliberais irão discordar totalmente, como se o sagrado liberalismo de mercado fosse mais importante que
o bem estar da população. Mas o que isso seria? No fundo, poderia evoluir para uma estatização nacionalizante do patrimônio
brasileiro da FIAT! Uma agressão devastadora contra o liberalismo
mercadológico. Só que acho que é exatamente isso que deveria ser feito.
O que isso tudo sugere. Que o liberalismo, se não for controlado a rédea curta, é auto-destrutivo. A Europa outrora fora
o berço do capitalismo, e hoje está em plena decadência, os E.U.A. dão todos os sinais de seguir o mesmo caminho. E
quem os entusiastas neoliberais elegeram para salvar o Capitalismo? O BRIC!!! Veja em
Heróis Capitais!!!
Enfim, espero que isso mostre que quando eu critico o neoliberalismo, eu não estou fazendo uma crítica ao sistema
filosófico de ninguém, mas sim as políticas econômicas baseadas em ideologias contemporâneas que mal tiveram tempo de
ser devidamente analisadas.
Se
Hayek,
Smith ou
Ricardo estão ou não certos não vem exatamente ao caso, e nem
Marx! Mas sim se os neoliberais, ao
fazerem suas propostas, estão realmente pensando no bem estar global da civilização, ou, o que é bem mais provável,
simplesmente sendo os porta vozes dos interesses dos grandes impérios econômicos do capital.
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12 de Março de 2008 |
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Pedro - 1988
Itapira - SP
Estudante
p e t e r l a n t a
y a h o o . c o m . b r
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Marcus, encontrei seu site hoje, ainda não li todos os seus artigos, mas os que li me pareceram interessantes.
Em um ou dois textos que li você me pareceu ter uma visão política mais de esquerda e, declaradamente, ser feminista.
Tendo isso como base, achei
seu texto sobre o aborto ainda muito religioso, de certa forma anacrônico e não fazendo juz à posição política adotada e ao fato de ser feminista, embora voce tenha defendido a legalizaçã do aborto.
Minha opinião é que o sentimentalismo (talvez incentivado pela sociedade cristã/religiosa) e a religiosidade deveriam ter sido deixados de lado e a defesa do feminismo - do direito da mulher escolher o que fazer com o proprio corpo- e dos movimentos de esquerda deveriam ter tido maior espaço, afinal, acredito que a grande rivalidade que há nessa discussão é : movimentos de esquerda e feminista + saúde pública X Religiões.
Outra coisa que gostaria de comentar é que no texto sobre o aborto, voce acredita que se for liberado o indice de mulheres
gravidas aumentaria, afinal
"qualquer coisa é só fazer um aborto em condições legais e seguras".
Mas voce nao acredita que o aborto é uma experiencia traumatica ? Que é doloroso para a mulher mesmo em condiçoes seguras? Que, embora legalizado, a sociedade não mudaria tão cedo a opinião que tem influenciada pela igreja e,portanto, nao iria tao cedo querer fazê-lo sem pensar muito? Voce acredita mesmo que as mulheres irao fazer um aborto atras do outro ? Voce nao acredita que assim os pobres terao acesso à saude também e nao so a elite(isso porque um aborto seguro feito clandestinamente deve custar em torno de 1500 reais e, obviamente, só a elite faz quando vê necessidade)havendo ,portanto, uma "deselitização" do aborto seguro?
Voce nao acha que deva ser incentivado que, junto com a lei de aprovação ao direito do aborto, hajam leis que determinem assistencia psicologica antes e depois do aborto, incentivo ao uso de métodos contraceptivos e planejamento familiar e outras coisas para que o aborto venha a ser a ultima opção?
em minha opiniao, essas e varias outras questoes à esse respeito deveriam ser discutidas quando se fala na legalização do direito ao aborto sem que uma dose de sentimentalismo permeie a discussão! Afinal, por mais que sejamos contra o ato, há pessoas que são a favor e necessitam fazê-lo pelos mais diversos motivos e por isso NAO DEVEMOS TIRAR O DIREITO DESSAS PESSOAS.
Até mais!
Segunda, 25 de Fevereiro de 2008
Marcus,
estou ate ficando chato com minhas criticas/comentários, mas gosto de fazê-los. Espero que nao se incomode.
Em relação ao seu texto sobre ciumes, acho que tem algumas reflexoes que se encaixam no nosso dia a dia - e para mim isso é o que realmente importa - e tem algumas que, ou nao estao presentes, ou deveriam ser mais aprofundadas como :
1) Ciume(para um casal) é uma forma de tratar o outro como objeto, já que ele vem do medo de perder-como voce disse em seu texto- porém, só perdemos aquilo que possuímos. E, pra mim, só possuimos seres humanos quando eles são escravos e, nesse caso, não são tratados como seres humanos e sim como objetos, mercadorias! Assim, ao sentir ciumes estamos tratando o outro como um objeto que pode ser perdido, ao passo que, se tratassemos como humano, saberiamos que a qualquer momento poderiamos perde-lo e, assim, aproveitariamos o momento em que estivessemos juntos!
2)O ser humano é indovamel, imprevisivel e dissumulado. Desta forma, acredito que frases adolescentes como "eu me garanto" não fazem sentido nessa situação. A mim parece ser um discurso capitalista no qual o orador se trata como um objeto vendido que garantirá a satisfação do parceiro(a) para que este nao queira trocar, ou melhor, descartar o orador- afinal estamos em uma epoca onde tudo é descartavel, nao?!
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Terça, 26 de Fevereiro de 2008 |
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Olá Pedro. (Eu gostaria muito de saber seu sobrenome). Seja bem vindo a meu site e obrigado por este tema até agora
pouco debatido por aqui.
Em primeiro lugar meu texto
O Que Penso Sobre o Aborto é um ensaio antigo, de 2001, produzido numa lista
de discussão sobre "Aspecto Feminino", e assim, não tem pretensão de ser um tratado mais objetivo, como o será quando
eu decidir realmente entrar nessa discussão. Talvez o tema venha a Plebiscito.
Pela minha própria definição de Religião, o texto não tem teor religioso, mas é sim um texto sentimental, mas principalmente,
de cunho Ético. No entanto, não é um texto que vá exatamente contra a campanha em prol da legalização do aborto, mas sim
um texto que vai contra a atitude de abortar em geral, quer por meio legal ou não. Nesse sentido, devo dizer que simplesmente
não entendi o propósito de sua mensagem. Basta ler os 3 primeiros parágrafos do texto
e não vejo em que ponto sua mensagem deveria receber qualquer informação a mais.
Em síntese, lá está claro logo no primeiro parágrafo, que embora eu possa me considerar feminista, não estou totalmente
de acordo com todos os pontos deste movimento. Da mesma forma, quem ler meus textos onde me declaro esquerdista,
em especial O Grito dos Culpados, verá que também estou longe de concordar com todas as
propostas tipicamente associadas à esquerda. Isso se dá devido a minha postura de LIBERDADE MENTAL. Eu nunca comprei,
nem vou comprar, integralmente um sistema de pensamento qualquer, caso contrário eu me destruiria como um livre pensador
e bastaria pegar a cartilha do movimento e sair repetindo item por item.
Portanto, para que fique bem explícito, EU NÃO ADOTEI posição política alguma. Eu tenho um pensamento próprio e apenas
me alinho a algumas correntes se isso for adequado. Não tenho obrigação alguma, nem vontade, de ser fiel a uma posição
específica que não aquela que for resultado direto de minha própria capacidade criadora.
Quanto a questão do aumento da ocorrência de gravidez indesejada numa possível pós liberação, é uma questão quase equacional.
A proibição é hoje um dos maiores, se não o maior, contra-incentivo à prática do aborto, bem como a alto custo de um aborto
ilegal. Se o aborto for legalizado e promovido gratuitamente no sistema público de saúde, então como seria possível que
sua ocorrência não aumentasse?! E por tabela, haveria um motivo a menos para exigir o cuidado com a gravidez indesejada,
principalmente num país com um contingente tão grande de pessoas ignorantes. Embora um aborto seja traumático para a maioria
das mulheres, so o é para quem já o fez, mas todos os dias milhões de mulheres entram em idade fértil, a maior parte delas,
com baixas condições financeiras e pouca informação.
A não ser, é claro, que essa liberação venha acompanhada de uma vasta política social e um sistema eficiente de controle,
com programa profundo de conscientização, principalmente, com a facilitação e incentivo de métodos anti-concepcionais.
Ou teríamos a situação ultrajante de sobrecarregar o sistema público em virtude da irresponsabilidade inevitável de algumas
pessoas.
E é nesse sentido que creio estarmos todos de acordo. Se houver de fato um programa de apoio eficaz, com
atendimento psicológico e todos o recursos de modo que o aborto seja a última opção, então essa legalização terá meu
total apoio, ainda que eu lamente que poderia ser feito um vasto sistema assistencial baseado na simples prevenção,
o que por decorrência poderia quase anular a necessidade de abortos, e seria muito menos polêmico.
Infelizmente, eu não sou muito otimista nesse ponto, a julgar por exemplos como o do
Sistema de Cotas para Negros nas Universidades, e pelo entusiasmo bizarro de muitos
apologistas abortistas em insistir quase que única e exclusivamente numa mesma tecla, o do direito exclusivo de decidir,
fico com a impressão que não há tanto empenho quanto deveria na criação de um sistema mais avançado de prevenção e
assistência psicológica, como de fato NÃO HÁ na maioria dos países onde o aborto é legalizado.
Também devo criticar o final de sua primeira mensagem. Não são as "pessoas" que devem ter direito ao aborto. São as
MULHERES! Uma vez que elas se encarregam de 99% do encargo da reprodução, essa decisão deve caber a elas.
É especialmente hediondo quando um homem quer que sua mulher aborte contra a vontade. Creio que um plebiscito sobre o tema
teria mais legitimidade se somente as mulheres votassem. Lamentavelmente, ainda vivemos numa cultura onde muitas mulheres
são totalmente dominadas por seus pareceiros.
Eu nunca irei apoiar um aborto, exceto nos casos previstos em lei e no caso de fetos anormais,
e espero poder ajudar a formar consensos, e o motivo que me leva a pensar assim não é de ordem religiosa, mas sim de ordem
ética. É impossível desassociar o sentimentalismo desse assunto, mesmo porque baseio, e a maioria das pessoas
também, meus princípios éticos nos sentimentos. Ele também não pode ser reduzido a mera saúde pública,
é um tema muito mais complexo e que precisa ser discutido de forma mais racional, e não por meio dos sofismas grotescos
que constituem a quase totalidade dos argumentos envolvidos.
Quanto a sua outra mensagem, sobre meu texto sobre
CIÚMES, concordo com suas colocações.
Só tenho que sugerir mais cuidado com a confusão entre comércio e capitalismo, que são
coisas distintas. Não creio que hoje tudo seja descartável, ao menos não o que mais importa, como outrora foram
seres humanos que viviam em escravidão socialmente legitimada.
Obrigado por sua mensagem.
Amigavelmente
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1 de Março de 2008 |
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Rafael Augusto Borges Pavani-1983
São José do Rio Preto - SP
Médico
-
Presbiteriano
632
396
392
387
381
358
348
343
340
329
325
323
r a f a a b p a v a n i
h o t m a i l . c o m
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Olá Marcus,
Como admirador dos felinos, não posso deixar de comentar seu novo texto.
Há um bom tempo eu me questionava o por que do ódio sem motivos de algumas pessoas para com os gatos, mas não havia pensado
sobre a sua representação da feminilidade, e devo concordar com seu texto. Ao pensar um pouco, notei que meus conhecidos
que odeiam gatos, sejam homens ou mulheres, têm no geral características machistas.
Portanto, esse ódio parece ter características inconscientes de rejeição à independência feminina, ou à associação de si
mesmo com caracteres femininos, tanto que alguns dizem ser "evidência menor" de homossexualidade masculina (apesar de eu me
lembrar apenas de homossexuais que odiavam gatos também). Certa vez um conhecido meu disse:
"Passarinho tem direito de viver, ficar livre, você não quer viver? Então, eles também querem."
Para logo após soltar:
"Eu sei o que fazer com gato, deixa passar um na minha frente, pra você ver! Gato tem que morrer!"
Aliás, minha namorada odiava gatos, até que eu a estimulei a se aproximar deles, e agora ela gosta!
Devo discordar, contudo, com o final do seu texto (como você deve ter previsto...). Sobre o Gênesis, não parece que o texto
abre oportunidade para haver outra mulher, prévia à Eva, pois em seguida ao Capítulo 1 detalha-se a formação tanto do
homem quanto da mulher, e então abriria espaço para a existência de outro homem, usando-se a mesma medida. Além disso, no
início da formação da mulher, Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só." Se já havia sido criada outra mulher, essa
frase não faria sentido.
Ainda mais, a mulher foi formada como auxiliadora do homem, e apenas após a queda tornou-se submissa a ele. (não no sentido
individual, mas como gênero mais frágil, dominada pelos homens, como aconteceu e acontece na maioria das culturas).
Portanto, não faz sentido que a suposta Lilith tenha se recusado a ser submissa ao homem, pois isso não teria sido exigido
dela. E uma consequência ainda mais estranha: essa mulher não teria cometido o pecado original, e portanto não estaria
sujeita à morte! Ou veríamos ela por aí, ou ela ainda está no Jardim do Éden!
O mais provável é que o texto sobre Lilith a que você se refere tenha sido escrito depois.
O Antigo Testamento contém a história de mulheres independentes e importantes na história hebraica, apesar de pouquíssimas.
Apesar do machismo aparente, a Bíblia com certeza era mais liberal com as mulheres do que muitas culturas da época e outras
ainda existentes, incluindo aquelas nas quais as mulheres são objetos de troca. É interessante ler Provérbios 31.10-31;
por exemplo no verso 16: "(a mulher virtuosa) examina uma propriedade e adquire-a;...", pequena demonstração da
independência feminina, tanto social quanto intelectual. Mas não vou me demorar nisso, você sabe como posso enrolar...
O curioso é que não me lembro mesmo de ler sobre gatos em parte alguma da Bíblia.
Pelo menos não incitam a matá-los ou evitá-los...
Um abraço,
Rafael.
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Terça, 26 de Fevereiro de 2008 |
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Oi Rafael,
muito obrigado por sua apreciação do texto
Os Gatos e a Feminilidade, seus comentários são muito bem vindos.
Sobre a questão de Lilith, não me tome por um defensor deste mito, mas existe uma forte corrente hebraica interpretativa que
não só o sustenta, como ainda afirma que foi Lilith que seduziu Eva, se transformando na serpente. Em geral essas tradições
ocultas, que evidentemente são controversas entre os próprios judeus, sustentam que Adão originalmente foi criado como um
híbrido, depois dividido, e que a parte masculina tentou subjugar a feminina, ironicamente, por uma mera discussão sobre quem deveria ficar
por cima no coito. Já disse! Não estou defendendo nada disso!
Então, após ser expulsa por insubmissão, Lilith se misturou aos anjos caídos, com os quais teve uma prole de demônios.
Ela de fato não sofreu os efeitos da Expulsão do Éden, mas sofreu os efeitos da Queda dos Anjos.
Daí pra frente, ela se tornou um demônio noturno regular, que sobrevive nos mitos e lendas hebráicos até hoje, e, como
demônio, até mesmo é citada na Bíblia:
"E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu companheiro;
e Lilite pousará ali, e achará lugar de repouso para si." Isaías 34:14, na versão
João Ferreira de Almeida. O termo hebráico é exatamente lee-leeth', podendo também aparecer na forma
layil, com corruptelas que variam desde lilu até lilitu.
Foi traduzida em algumas versões como lamia (mulher serpente), e em algumas traduções inglesas vem como
screech owl, ou outro tipo de pássaro noturno misterioso, de caráter fantasmagórico. Procure na internet e
você vai ver desdobramentos intrigantes, principalmente no modo como esse demônio é tido como especialmente dedicado
a atormentar os varões à noite, estando associado a lenda das Súcubos.
Devo acrescentar outro dado interessante levando de volta ao tema. Numa tradução católica do Velho Testamento
temos sim a palavra "gato", onde se seque
"Aí vão se encontrar o gato do mato e a hiena, o cabrito selvagem chamará seus companheiros; aí Lilit vai descansar,
encontrando um lugar de repouso." Isaías 34:14. Notou?! Não é no mínimo curioso que a palavra "gato", ainda que
seja na versão selvagem, apareça justamente no mesmíssimo versículo onde aparece uma Lilith?!
Não consegui achar o termo hebráico para esse "gato do mato", mas a tradução como "fera selvagem" é mais comum.
Também a Bíblia Católica, num dos livros deuterocanônicos ao falar sobre os ídolos da babilônia, declara
"Em volta deles, por cima de suas cabeças, voam morcegos, andorinhas e outros passarinhos,
e até gatos saltam." Baruc 6:21, como forma de mostrar que tais imagens não são deuses nem devem ser
temidas. Mas é claro, isso é um apócrifo.
Ao usar o mito de Lilith para criar meu sistema explicativo dos aspectos femininos, não tenho nenhum compromisso com sua
veracidade. Da mesma forma que não preciso acreditar na estória de Édipo para usar o conceito de Complexo de Édipo.
Mas o mito de Lilith é muito interessante, vale a pena estudá-lo.
Voltando aos gatos, mesmo com os exemplos acima, eles continuam sem qualquer aparição relevante na Bíblia. Mesmo a
católica. Eu queria muito saber de onde o autor do Malleus Malleficarum
tirou a idéia de que
"...eles (os demônios) usam a fantasmagoria de um gato, um animal que, nas escrituras, é um símbolo apropriado da perfídia,
assim como o cão é o símbolo dos pregadores;"
The Malleus Maleficarum Part II, Question I, Chapter IX, Page 2
Amigavelmente
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26 de Fevereiro de 2008 |
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Xenon M Gilgul
-
1944
-
Rio de Janeiro-RJ
Funcionário do Governo
Pesquisador da verdade transcendental
645
x e n o n m e n t a l i s t a 2
y a h o o . c o m . b r
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Caro Marcus:
Resposta à Mensagem 645
Agradecido por sua atenção e cuidado, devo dizer que não só compreendo sua posição como não esperava um apoio irrestrito ao meu pensamento.
Sei que você é cientista e portanto preserva as provas palpáveis antes de tudo.
Entretanto sinto-me recompensado e apoiado sim, pois suas explicações (que muito considero e respeito) ainda mais me convenceram do posicionamento que já havia adotado.
Sem dúvida o que digo é de ordem transcendental, por isso que minha Página trata de assuntos desse naipe. Não é de tratados científicos.
No mérito, Mentalismo tem origem no Princípio Hermético componente da “Tábua das Esmeraldas” segundo o qual
“O Todo é Mental”, logo, ao se tratar de efeitos mentais sobre a realidade fenomênica ocorre como você sabiamente ensina:
“Pessoalmente, eu costumo usar o termo Mentalismo como a proposição de que existe de fato uma substância mental, ou ao
menos um campo de propriedades mentais real”.
Nesse comenos, só divergimos na sua propositura seguinte na qual você não confirma a possibilidade de alterações com o uso do pensamento positivo, que você considera ficção científica. É um direito seu considerando o universo onde seus estudos se fazem. Da mesma forma é um direito meu sustentar o contrário, isto é, realmente tenho visto, não uma porém muitas vezes a realidade ser alterada junto com a alteração do modo de pensar que uma pessoa adota.
Quanto aos demais usos dos termos mentalismo e mentalista, tenho conhecimento deles, especialmente os referentes às atividades na área da Psicologia. Só não comentei para poder limitar o assunto à área esotérica onde você brilhantemente muitas vezes se aventura. Só não posso concordar é com os mágicos de palco que abiscoitaram o termo a fim de dar mais credibilidade à sua Arte, a meu ver, desnecessariamente, pois já é respeitável sem esse expediente.
No que se refere à Paranormalidade, a única diferença é que serve a alguns indivíduos que nascem e desenvolvem dons especiais. Ao passo que mudar as coisas com o poder da mente é potencialidade inerente a todo ser humanizado.
Muito obrigado,
Xenon – o Mentalista.
www.mentalismo.net
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Sábado, 23 de Fevereiro de 2008 |
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Olá novamente Xenon...
Muito bom que tenhamos um consenso, mas pensando bem, devo retificar um pouco minhas colocações.
Não é que eu não creio na capacidade do pensamento positivo de alterar um notável aspecto da realidade. Mesmo se considerarmos
a mente como um mero processo cerebral, como é comum na neurobiologia, ainda assim não podemos negar a capacidade da
somatização, benéfica ou maléfica. Nesse sentido, está demonstrado que pensamentos positivos e um atitude mental construtiva
são certamente capazes de produzir alterações favoráveis ao organismo, não apenas eliminando doenças de ordem psicosomática,
mas até mesmo ajudando a aperfeiçoar a saúde em níveis bastante sofisticados.
Assim, usar o termo mentalismo nesse sentido, principalmente na forma de uma "mentalização positiva", me parece sim muito
adequado.
Porém, em sua mensagem anterior há a idéia de que o mentalismo
"...usa conscientemente os poderes de sua mente para alterar
sua realidade de saúde, bem-estar, relacionamentos e meio ambiente.", e é nesse "meio ambiente" que fiquei na
dúvida. O que isso significa? Também não encontrei informações mais específicas no
www.mentalismo.net.
A julgar também por outros pontos que podem ser encontrados no site, nota-se uma similaridade de alguns aspectos com
tradições do tipo Seichi-No-Ie ou na doutrina da
recentemenre citada Igreja Messiânica Mundial,
na Mensagem 643, e as proposições destas doutrinas são bastante ousadas, pretendendo, em escala máxima,
até mesmo uma manipulação direta da realidade a nível divino.
Pessoalmente não sou contra esse tipo de visão, até pelo contrário, mas tenho que ser mais cauteloso. E não porque
eu seja cientista, de modo algum, eu NÃO SOU cientista. Eu sou FILÓSOFO.
Se quiser ler mais sobre minha posição, há uma explanação na monografia
Hermenêuticas Solipsistêmicas, onde considero a possibilidade de uma realidade
totalmente mental, na PRESSUPOSIÇÃO INTERSUBJETIVA.
Obrigado pela mensagem e pela compreeensão. Esteja a vontade para mais trocas de idéias.
Amigavelmente
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26 de Fevereiro de 2008 |
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Edson de Oliveira Ataide Júnior
Rio de Janeiro-RJ
-
1980
Professor
641,
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634,
477,
467,
463,
455,
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397,
376
e d o l a t j r
g m a i l . c o m
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Olá Marcus!
Recentemente tenho refletido bastante sobre essa questão de fuga e tenho percebido que a causa da fuga não é necessariamente causada pelo medo, mas também pelo tédio. Ambos, medo e tédio, soam como razões da fuga, mas são qualitativamente diferentes. Não seria o tédio desta vida o que tanto impelia o Homem Milenar a desejar a morte?! Ou, em outras palavras, fugir da própria existência?! Tipo assim: “Já estou enjoado daqui, então desejo muito ir para ali. O tédio ou desprazer desta vida se tornou tão insuportável que minha curiosidade e desejo por outro horizonte existencial crescem a cada dia, de maneira tão intensa que estou inclinado a correr o risco pela não-existência. Talvez esta não-existência seja até mesmo melhor do que o tédio de não mais existir.”
E, sinceramente, isso parece agora se encaixar muito bem com Sócrates, não!?
Bom, antes enfatizei a ligação medo-fuga-metafísica. Agora, proponho uma outra ligação: tédio-fuga-metafísica. Uma pessoa sonhadora e contemplativa se encaixaria nesse segundo tipo de associação. Boa parte dos sistemas religiosos utilizariam como estrutura de seu sistema doutrinário o primeiro tipo de associação.
Tanto o medo e o tédio são, a meu ver, aspectos humanos. Os sonhos, as fantasias, a metafísica, seriam forma para amenizar o medo e desafogar o tédio. Desta forma, seriam muito poucos aqueles (se é que existem), que viveriam uma vida de maneira puramente realista, sem necessidade de uma fuga qualquer. Talvez, o máximo que alguém possa fazer, seria nutrir o mínimo de ilusões, mas mantendo um alto grau de lucidez e alegria de viver. Um equilíbrio um tanto complicado para se manter!
Com relação ao niilismo, Marcus, não estamos lidando com uma questão com duas opções: sim ou não. Existe também uma terceira que me parece absolutamente justa: é o não sei.
Se alguém me perguntar se desejo continuar existindo e se acredito nisso, minha resposta seria: “Sim, desejo continuar a existir, mas não estou certo de que isso seja possível.” Eu não seria honesto se afirmasse algo diferente. Seria niilista por pensar assim?! Tudo bem se eu for niilista, mas não parece ser o caso não.
Também gosto muito de filmes e seriados de ficção científica. Acredito, inclusive que nossos sonhos e fantasias, embora não tenham o necessário compromisso em buscar o que é real, podem ocasionalmente revelar lampejos de verdade, de maneira que se tornem, num futuro, bastante prováveis. A fuga não seria necessariamente ruim. Afinal de contas: “Tudo é relativo, meu amigo!?”
Tudo de bom, amigão!
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Sábado, 16 de Fevereiro de 2008 |
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Oi Edson...
Hum... Bom ver que está ampliando as possibilidade que levam a um pensamento sobre o transcendental. Sim, o tédio parece
mesmo ser um motivador válido, embora me pareça minoritário.
É possível que alguém se sinta limitado em suas possibilidades neste mundo. Por mais promissores que sejam nossos recursos de
hoje, há muitas coisas que sabemos que não poderemos realizar em vida. Imagine então em certos períodos da histórica, onde
sequer havia perspectivas de avanço.
Por exemplo: Sei que não posso voar livremente neste mundo, mas quem sabe exista um plano espiritual onde eu possa voar,
atravessar paredes e etc? Seria isso um motivador para nos impulsinar na busca pelo transcendente?
De certo que sim, eu mesmo conheci vários casos (Muitos dos entusiastas gnósticos que conheci foram seduzidos pela possibilidade
de ter super-poderes!), porém, em todos há também pouca receptividade a outros elementos das
doutrinas que costumam satisfazer tais anseios. Ademais, ser motivado pelo tédio, seguramente não é tão intenso quanto ser
motivado pelo medo. E não podemos esquecer que pode existir também pouca diferença entre um certo tipo de tédio e
um maravilhamento pelo transcendente, que creio ser muito mais determinante.
Devo insistir para que você tente ver a questão não somente pelo ponto de vista negativo (medo, tédio), há outros, positivos,
como curiosidade, deslumbramento, contemplação ou desejo de conhecimento. Além do mais, também não é mera questão de pensar
no transcendente em si, mas pensar também na criatividade humana, em nossa capacidade de formular sistemas de pensamento
ousados. Não precisamos crer nas possibilidades da ficção científica para nos deliciar com suas perspectivas. Da mesma forma,
eu não preciso acreditar em nada em termos de teologia, muito menos ter fé, mas apreciar os sistemas teológicos por si.
Acho que ainda falta capturar a sutileza da incerteza típica do ceticismo. "Não sei" não é uma terceira opção
entre Sim e Não, mas sim uma postura de não se comprometer com uma resposta. Pense em termos de lógica clássica. O princípio
do terceiro excluído inviabiliza que haja outra opção além de Verdadeiro e Falso para uma sentença, e quando alegamos
desconhecimento, não estamos introduzindo um terceiro elemento, mas sim, simplesmente não respondendo.
No exemplo citado, alguém pode crer em algo transcendente (Não-Niilista), e alguém pode crer em nada (Niilista). Ser um
cético nesse caso, por sinal o meu caso, não é acrescentar uma terceira possibilidade, é simplesmente uma postura que
recusa a crença sem base em evidência, ou seja, a Fé. Podemos dizer que nesse caso específico alguém pode ter
Fé (certeza sem evidência) no Sim ou no Não, ou alguém pode não ter fé alguma, nesse caso, ser cético. Aí, mais uma vez,
temos duas opções, Acreditar ou Não.
Portanto, o simples fato de você "não estar certo" de algo já te joga no ceticismo, bem vindo, independente do conteúdo
(Sim ou Não) de sua primeira afirmação. Assim, não pode ser niilista.
Mas não confunda o caso da aposta positiva na MCM. A simples palavra
"aposta" já destrói a certeza, pois o apostador sabe que pode perder. Há também uma diferença sutil entre ser cético sobre
algo, mas esperar positivamente. Como você mesmo costuma dizer, ter esperança.
Claro. Tudo isso é muito terminológico. Tem outro jeito?
Amigavelmente
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25 de Fevereiro de 2008 |
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Rodrigo Marques
-
1972
-
Angra dos Reis-RJ
Administrador
-
Cético
549, 556,
602, 603,
605, 606,
614, 620
r o d m a r q 7 2
y a h o o . c o m . b r
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Olá Marcus, Já faz um bom tempo que não te envio uma mensagem e agora gostaria de perguntar sobre política, mais
precisamente sobre as idéias de um homem que você próprio afirmou ser seu anti-mestre e uma pessoa que pensaria duas vezes
antes de enfrentar em debate: Olavo de Carvalho.
- O nosso amigo acima citado afirma com veemência que existe um movimento de dominação comunista mundial e que na América do Sul é comandado pelo Foro de São e tem em conluio Chaves, Lula, Morales e Fidel. Existe realmente um movimento destes e com este objetivo?
- Um dos principais alvos de suas críticas é a organização supra-mencionada: O Foro de São Paulo. Este é acusado de além de fomentar uma revolução comunista continental, de se aliar a narcotraficantes guerrilheiros (as FARC), de treinar bandidos cariocas e paulistas (Comando Vermelho e PCC) estimulando a criminalidade urbana no Brasil. Na sua opinião, este Foro é tão "demoníaco" assim?
A palavra das Farc,
Artigo de Olavo de Carvalho censurado no Zero Hora
- Em vários textos seus critica a evolução chamando esta de crença do mesmo nível do design inteligente e dizendo que a última é vítima de uma perseguição de um movimento que visa destruir os valores culturais do ocidente. Se existem provas que permitem concluir que a evolução seja uma hipótese muito mais provavel que o criacionismo, porque alguém da estatura intelectual de Olavo pensa desse jeito?
A evolução da evolução
- Mas apesar de tudo isso o maior alvo do polemista é o que ele chama de
A mentalidade revolucionária, que compara ao
próprio anticristo. Gostaria de ouvir a sua opinião sobre isto, já que para mim realmente parece que quando alguém acha que
encontrou a fórmula do paraíso para a humanidade, costuma pensar que os fins justificam os meios para conseguir seus
objetivos. Não sei se é uma boa comparação, mas as 3.197 vítimas em 17 anos de governo
Pinochet, que definitivamente não era um santo,
empalidecem em confronto com as 35.000 a 40.000 guilhotinadas em um único ano da
Revolução Francesa
(Terror na Revolução Francesa).
Vou terminar dizendo que conheci Olavo através de sua página, e, não vou negar, me identifiquei com muitos dos pensamentos
dele, em especial os que falam do aborto, feminismo e movimento gay, pois acho que apesar de serem discussões legítimas que
defendem em seu nível básico causas justas, em muitos momentos exercem influência meio que intrangisente, já qualquer um
que faça uma crítica mínima aos mesmos é rotulado de preconceituoso e antiquado, quando não de criminoso. Confesso também
que fiquei meio anticomunista, já que não dá para negar os centenas de milhões de mortos dos governos que seguiam esta
ideologia. Só para comparar apenas o governo de Pol Pot no Camboja em
quatro anos matou mais gente que todas as ditaduras
Latino-americanas juntas entre 1950 e 2000, quer dizer 50 anos
(Genocídio Cambodjano).
Outro exemplo são as desigualdades sociais brasileiras que,
por mais cruéis que sejam jamais se comparam com o que aconteceu na Ucrânia no início dos anos 30
(Holomodor), e nenhum político
brasileiro por mais corrupto, retrógrado ou militarista que seja, nunca deve ter imaginado fazer o que Stalin fez entre
1934 e 1939 (Grande Expurgo). Parece que os fatos apontam que as
ditaduras de direita, por pior que sejam, são menos ruins que os governos
totalitários de esquerda.
Muito Obrigado e Até logo.
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Sexta, 15 de Fevereiro de 2008 |
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Grande Rodrigo Marques, já estava mesmo na hora de alguém tocar nesse assunto, muito obrigado por mais esse ótimo tema.
[Essa mensagem vai ser grande!]
Vamos lá. Para entender o pensamento de Olavo de Carvalho, o meu respeitável anti-mestre,
há uma coisa absolutamente fundamental, sem a qual, acredite-me, o todo será incompreensível. Ele é, antes e acima de tudo,
um Ultra CATÓLICO CONSERVADOR!
Tenha sempre isso em mente, e tudo fica mais claro. Ele até não dá muito na vista, mas defende a Igreja Católica com todas
as forças, e jamais deu um pio crítico sobre ela, não importa a atrocidade que tenha cometido, ou a asneira que tenha dito,
exceto nos raros momentos onde alguns membros da igreja desviam-se da própria ortodoxia, ou no caso da própria CNBB, segundo
ele, já desvirtuada há muito tempo. No entanto, Olavo parece preferir
não expor isso muito diretamente, de modo que raramente toca em temas específicos de sua Santa Madre Igreja, embora
permita que seus simpatizantes publiquem textos bem mais explícitos de catolicismofilia em seu site. Você não vai
precisar de mais do que fazer uma busca por "Igreja Católica", "catolicismo" ou similar, dentro do site dele, para
imediatamente confirmar isso além de qualquer dúvida.
Entendido, o resto fica mais fácil, pois é tudo secundário. O Anti-Comunismo visceral que o torna famoso é uma decorrência
inevitável da incompatibilidade letal entre entre Marxismo e Catolicismo, e o Capitalismo e Liberalismo lhe serão bem quistos
somente nos pontos onde não arrisquem qualquer atrito contra o Catolicismo. Não é difícil encontrar textos dele que critiquem
duramente tanto um quanto outro, em defesa de seu Conservadorismo.
O Conservadorismo é uma dificuldade por si próprio, pelo simples fato de ser a posição mais instável, mutante e contraditória
que pode existir. Um conservador é basicamente alguém que resiste bravamente ao fato de que o universo está em constante
mutação, por isso, terá que defender sempre aquilo que é no presente. Conservadores de hoje são capitalistas, mas os de
ontem foram escravistas, feudalistas, defensores da nobreza, do império romano e etc.
Mas observando que o conservadorismo olaviano é voltado principalmente para a manutenção do interesse e espírito do catolicismo,
fica mais fácil entender os fundamentos que ele tanto defende. Fica claro, por exemplo, porque ele gosta tanto de Platão e
Aristóteles, que foram absorvidos e respeitados pelo catolicismo, quase tanto quanto São Tomás de Aquino, o maior aristotélico
que já existiu, ao passo que o platonismo foi incorporado na doutrina fundadora da igreja.
Fica evidente seu escárnio contra toda a forma de pensamento que atrite com a religião católica, Marx, Nietzche, Kant (que
era protestante), Descartes (que apesar de católico abriu caminho para a Renascença), Hume e etc.
Por falar neste último, lembre de sua célebre frase "A Razão é Escrava das Paixões". Pronto, você já
tem quase tudo o que é preciso para entender o pensamento do Olavo, o resto é ralação. Ele é um filósofo que possui uma
paixão fortíssima, coincidente com uma razão afiadíssima, e o resultado inevitável é esse: Uma lógica impecável onde
for possível, e uma retórica brilhante onde for necessária, recheada de uma erudição invejável e de uma habilidade
literária de sintetizar e gerar explicações e teorias incrivelmente coesas, baseadas se possível numa história consensual,
ou numa obscura se necessário.
Daí pra frente, é óbvio que ele será também anti-ateísmo, anti-materialismo, anti-cientificismo onde for o caso e etc.
Como, apesar de tudo, o Evolucionismo ainda tem uma parcela de choque com o Cristianismo, Olavo não poderia ficar plenamente
a vontade com ele, principalmente pela ameaça potencial que o conceito tem para por em cheque a idéia mesma de
espiritualidade.
Perceber a passagem lógica-retórica e vice-versa é imprescindível para quem preferir não ser ofuscado pela radiância do
discurso olaviano. Uma dica: O que há de mais sublime e brilhante é dito poucas vezes, em poucos textos. Mesmo porque
uma constatação lógica imbatível não necessita de muita insistência para penetrar no pensamento. Mas quando alguma coisa
é nauseantemente repetida em quase todos os textos, pode observar que não há um bom argumento para sustentá-la. Assim,
ele é mestre em tentar cunhar "verdades" pela mera repetição insistente. Exemplos?
A brilhante explanação sobre as ideologias do século XX como sido fundadas pela revolução francesa
(ainda que contrabalançada com algumas acusações destoantes) você encontrará
no texto O que é Fascismo?, e é difícil achar onde mais
se comentou essa análise que uma vez conhecida, parece axiomática. Já a acusação de que o mensalão e outras falcatruas
do Governo Lula foram a MAIOR rede de corrupção da história empesteia no mínimo metade dos textos do site sem
NENHUMAZINHA evidência, quer sejam números, documentos, ou qualquer outra coisa. A fragilidade da idéia pode ser
exposta pelo simples fato de que, ao passo que sabemos exatamente quanto foi roubado, e de onde, em praticamente
todos os esquemas de corrupção dos governos anteriores, ninguém sabe dizer nem quanto é, nem de onde veio, o dinheiro
do mensalão, o que é explicado pelo simples fato de que o dinheiro não é público! Como um esquema de corrupção que nem
sequer desviou dinheiro público pode ser considerado o maior de todos os tempos, é algo para o qual é melhor não esperar
explicação.
Passando agora aos pontos de sua mensagem, espero poder fornecer algumas técnicas para que o contato intelectual com
Olavo de Carvalho lhe permita usufruir da luz sem padecer das queimaduras.
Ponto a ponto:
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A Aliança Rebelde é, para a
Princesa Leia, uma revolução para restaurar a liberdade e democraria
na Galáxia, e para o Imperador Palpatine é um movimento anárquico que
visa disseminar o caos e subverter ordem. Da mesma forma, o
Foro de São Paulo é para uns um movimento em prol da
reversão das desigualdades e emancipação dos povos, e para seus detratores uma conspiração para acabar com a liberdade e
subverter os valores da civilização. O Foro de São Paulo não parece ser uma "organização" no sentido comum da palavra, mas
uma reunião bi anual onde se fortalecem acordos e consensos, que teoricamente não poderiam ser mais pacíficos, visto
respeitarem ideais esquerdistas de progressismo e libertação que nada tem de polêmicos até mesmo entre muitos liberais.
Pragmaticamente, porém, seus membros, que incluem todos os citados por você, óbvio, tem extremas e quase inconciliáveis
diferenças, que são atenuadas em nome da cortesia e do sonho em comum.
=>
Pretender que o mesmo seja um movimento organizado visando dominação das américas latinas por meio do velho sonho de
disseminação infiltrada do comunismo ao melhor estilo
Body Snatchers é uma paranóia que exige
grande desenvoltura em Teoria da Conspiração. Observe bem o texto que foi censurado e veja se faz algum sentido basear
uma teoria alarmista num blog anti-petista que não deu referência confiável alguma?! Também não se deixe enganar pela
gracinha quase infantil que o Olavo gosta de fazer quando aponta o PCC como um integrante do Foro.
É mesmo! Só que não é Primeiro Comando do Capital, mas sim o PARTIDO COMUNISTA COLOMBIANO! Que o Foro integra as FARC
é óbvio, visto que é um movimento esquerdista com largo histórico político que não pode ser negligenciado,
(o próprio PCdoB já foi jogado na ilegalidade mais de uma vez, e pegou
realmente em armas) mas isso não significa apoiar as ações das FARC assim como o governo cubano certamente não apoia a
maior parte da política econômica brasileira, e nem o Governo Lula apoiou a nacionalização do gás boliviano.
Afirmar que as FARC treinam os traficantes brasileiros, mais uma acusação repetida ad nauseam sem nem um
simulacro de evidência, não sobrevive ao fato de que as FARC são um exército treinado em guerra na selva que usa como
arma principal o fuzil AK-47 russo, enquanto os traficantes brasileiros nem guerrilheiros urbanos são, e 90% de seu
armamento pesado é o AR-15 americano, totalmente diferente! Fora isso, a associção entre as FARC e os traficantes brasileiros
não é muito diferente da associação Petrobrás e Al-Qaeda, pelo fato de terem em comum o envolvimento com o comércio de
petróleo, por meio do Iraque e Emirados Árabes.
O que me parece haver de mais confiável sobre o tema está no link
PCC e CV tem vínculos com as FARC-EP
( Leia também os comentários! )
onde se levanta a possibilidade de haver membros do PCC e CV recebendo treinamento na tática de sequestros. É evidente
que as FARC tem know-how sobre isso, o MR8 também tinha, e em nome da livre iniciativa, quem poderia impedir que
alguém troque seu conhecimento por dinheiro? A questão é saber se isso é sistemático, caso contrário, se qualquer
evento isolado puder ser usado na falácia do "o que se aplica à parte se aplica ao todo", então temos que acusar o
Governo Norte-Americano de ser conivente com todas as desgraças do mundo devido ao envolvimento da CIA em quase tudo o que
é sujeira na face da Terra. Incluindo o 11 de Setembro pelo fato de ter treinado os talibãs para lutar contra a U.R.S.S.
Entenda que guerra e guerrilha nunca foram e jamais serão nada do qual se possa esperar honra, cavalheirismo e grande
valores morais. Há um caos que se entrelaça das mais diversas e inusitadas formas, em qualquer âmbito que reuna grupos
políticos em situação de tensão. Jamais foi diferente em lugar algum. Os anti-comunistas de plantão evidentemente não
tem escrúpulo algum de acusar de exclusividade da esquerda, uma mácula que sempre esteve presente em toda a qualquer
situação similar em qualquer lugar da história, inclusive na muitíssimo mais organizada contra-revolução direitista
que implantou factualmente dezenas de ditaduras na américas, e que também sempre esteve envolvida com tortura, terrorismo,
genocídio e etc. Não se trata de defender um em prol do outro, mas de atentar para o fato de que é impossível haver
guerrilha que não se suje, não importa a ideologia, mas isso não obrigatoriamente contamina tudo que tenha algum contato
com uma organização de guerrilha, ou você também estaria envolvido com as FARC, pois é impossível que não conheça alguém que
seja usuário de drogas, que por sua vez conhece um traficante que conhece um atravesador e etc, Até chegar nas FARC.
Enfim essa acusação nada mais faz do que usar uma falácia baseada no conceito de
6 graus de separação.
=>
Sobre o Design Inteligente, última esperança de manter o dedo de Deus na ciência, é evidente que contará com a
simpatia de quem defende com unhas e dentes, sobretudo, o cristianismo romano. O principal texto de Olavo sobre isso
é A Luta dos Monstros, que mistura uma notável perspicácia
sobre elementos filosóficos com um desconhecimento quase total sobre o corpo teórico do assunto, perdoável principalmente
pelo fato do embate Criação X Evolução ter consequências políticas, mas não fazendo questão de diferenciar que a aliança
entre Evolucionismo e Política não só é acidental como facilmente dissolúvel, a U.R.S.S. que o diga, mas que por sua
vez o Criacionismo é, por princípio, um recurso político impossível de sobreviver sozinho. Mas tem havido um
notável embrutecimento no discurso do Olavo sobre o tema, compare um texto mais antigo e muito sensato sobre isso
Evolucionistas e criacionistas (Que curiosamente você
não acha no site dele, embora possa encontrá-lo no meio de uma
certa confusão AQUI.), com um mais recente e no mínimo tosco em
A Evolução da Evolução.
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E agora chegamos ao melhor de todos os tópicos, algo sobre o qual tenho esperado uma oportunidade de falar há muito tempo.
Você já tomou contato com o notável conceito Olaviano chamado
A mentalidade revolucionária, também explorado em
Ainda a mentalidade revolucionária e mais
recentemente na dobradinha
A inversão revolucionária e
Como não enxergar a realidade. Todos obrigatórios.
Se você entendeu bem o conceito, e se já não tem dúvidas de que Olavo de Carvalho é um católico conservador, o que inclui
ser um apologeta do cristianismo, então nada poderá impedir a pergunta invevitável:
Mas então não é o CRISTIANISMO REVOLUCIONÁRIO?!?!?
Para a qual a resposta SIM pode ser omitida pelo simples fato de ser estelarmente óbvia.
Daí pra frente, é possível notar uma regularidade que quase dá pra chamar de esquizofrênica em alguns textos do Olavo, que
é ser um crítico feroz e impiedoso de uma estrutura de pensamento que é exatamente o caso do próprio cristianismo, que
permanece completamente imaculado da mesma abordagem crítica.
É frequentemente frisado que o "processo revolucionário em si" no caso é de mentalidade, deixando os valores tradicionais
de pernas pro ar e substituindo todo um esquema conceitual cultural, sendo esse, então, o mal maior. Mas que diabos?!?!
Não é EXATAMENTE isso que o Cristianismo fez?!?!
O cristianismo não inverteu completamente os valores do mundo helênico e romano? Não chocou por sua exentricidade tal que,
nas palavras do próprio Paulo de Tarso era
"...escândalo para os judeus, e loucura para os gregos,..." [I Co 1:23]?
Não substituiu todos os símbolos de vitalidade, força e virilidade para símbolos de tortura, castidade e morte?
Não fez de seu estandarte um símbolo cujo equivalente atual seria a Cadeira Elétrica ou a Câmara de Gás?
Também é comumente repetido o fato de que os revolucionários são em geral pessoas de uma "elite" intelectual que nunca
estiveram na condição das camadas populares às quais se propõem a libertar. Mas não é o mesmo caso do Cristianismo?
Não foi o cristianismo um movimento de intelectuais judeus e gregos que arrebanharam uma legião de escravos como massa
de manobra?
Ele acusa os revolucionários de se colocarem acima do julgamento humano, justificados pelos resultados finais de seu
novo mundo, de modo a ser insensíveis a todo o mal que porventura venham a provocar. Mas não foi EXATAMENTE a mesma
coisa, se não pior, com o Cristianismo? Que dizendo
"Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno." [I Jõao 5:19]
justificou todas as suas ações em prol de um além vida ainda mais distante e inatingível que o futuro dos revolucionários
contemporâneos? Com o agravante de que este é, por definição, imune a qualquer possibilidade de verificação e teste,
permitindo inclusive torturar um herege ou uma bruxa na melhor das intenções, pois antes sofrer agora e se converter do
que passar a eternidade no inferno!
Enfim, acusa a mentalidade revolucionária de resultar numa onda de carnificina e genocídio "sem precedentes" na história,
como se o cristianismo já não fosse o precedente por excelência, com um número de vítimas que na devida proporção seguramente
não é superável pelos recordes do século XX.
Tudo isso apenas mostra que qualquer revolução sempre é impactante, e em seu sentido material sempre é sangrenta, pois
é uma guerra. As comparações feitas entre os mortos pelos regimes esquerdistas e os dos regimes direitistas apenas
negligencia o fato de que é impossível que num estado de coisas já estabelecido possa haver mais mortes do que numa
reviravolta do próprio estado de coisas. Por mais violenta que seja a criminalidade ou mais brutal que tenha sido a repressão
das ditaduras direitistas, ela não mudam a característica policialesca, com a qual apenas mantém a sociedade do mesmo
jeito que sempre foi às custas de uma perda numericamente insignificante de vidas. Já quando ocorre uma revolução factual,
ela será uma guerra ostensiva, não dá pra comparar o número de mortos entre uma guerra intercivilizacional e uma escaramuça
civil.
Um exemplo disto é o fato de que até hoje nunca um povo foi, em números absolutos, mais chacinado do que os soviéticos na
Segunda Guerra mundial, cerca de 20 milhões, de um total de 50 milhões em todo o conflito ao redor do globo do qual os
antagonistas foram os Alemães, Italianos e Japoneses, todos governos de direita a extrema-direita. Mas isso não me permite
debitar esse número da conta dos regimes direitistas e sair por aí dizendo que a direita matou 50 milhões de pessoas.
A bem da honestidade intelectual, isso tem de ser distinguido. Mas não espere essa mesma honestidade dos anti-comunistas
que gostam de engordar seus fabulosos números, dos quais boa parte sequer tem uma fonte confiável.
É uma distorção similar àquela que diz que os 5 ou 6 milhões de judeus mortos na Segunda Guerra o foram unicamente pelo
holocausto nos campos de concentração nazista, algo nada menos que fisicamente impossível. E ainda que eu esteja admitindo
que de fato morreram de 5 a 6 milhões de judeus na Segunda Guerra, só por estar apontando uma impossibilidade
física me coloco em risco de ser chamado de anti-semita.
De uma certa forma, há quase uma ligação poética na história. Em dois momentos de seus 2.500 anos a filosofia
produziu conceitos que emergiram diretamente para a pragmática social e resultaram nas mais marcantes transformações que
o mundo já viu. A primeira foi a mistura dos elementos da filosofia grega, em especial neoplatonismo, que se fundiram com
uma heresia judáica que resultaria no cristianismo, alterando decisivamente o velho mundo.
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A segunda foi a mistura de elementos da filosofia moderna
que se fundiram com as pressões populares trabalhistas resultantes de um discreto aumento de acesso das massas a alguma
intelectualidade, resultando então nas revoluções esquerdistas que ainda estão mudando o mundo.
Curiosamente, há uma hostilidade flagrante entre uma revolução e outra, visto que por mais de mil anos o cristianismo
substanciou e justificou toda uma estrutura de dominação e opressão social. Assim, o que será que o defensor do
estado de coisas anterior, irá achar desta nova revolução?
Diante de tudo isso, o pensamento de Olavo de Carvalho se torna mais compreensível do que por meio de sua frase-chefe
"Somente a consciência individual do agente dá testemunho dos atos sem testemunha, e não há ato mais
desprovido de testemunha externa do que o ato de conhecer.", com a qual concordo totalmente, e que serve
de fundamento para uma frase ainda mais essencial sobre seu pensamento, que se proclama como
"...a defesa da interioridade humana contra a tirania da autoridade coletiva,
sobretudo quando escorada numa ideologia "científica"", com a única diferença que eu colocaria um "religiosa"
e um "filosófica" ao lado de "científica".
Penso que também sua própria
FÓRMULA DA MINHA COMPOSIÇÃO IDEOLÓGICA, de 10 anos atrás,
não dá conta de explicar o que há de mais chocante em seu pensamento, pois subjacente a tudo está um Catolicismo fortíssimo
que não é em momento algum declarado na tal fórmula, mas pode ser facilmente detectado em quase toda parte.
Sua Biografia também não me parece explicar muita coisa. Não por acaso
foi por elas que comecei, e creio que só fui começar a entender o Olavo após ler praticamente todo seu site.
É curioso que, na frase essencial, estamos indissoluvelmente ligados. Toda minha luta pode ser resumida na expressão
FREE MIND!!!, que está em inglês pelo simples fato de ser bem mais sonoro do que
"Liberte a Mente", tento me convencer de que LIVRE MENTE!!! pode ser tão bom quanto.
Isso representa meu apreço pela autonomia individual, pela liberdade inconteste de pensamento em todos os aspectos possíveis,
manifestada na liberdade total de expressão que deve ser contida apenas na elegância e compaixão, do tipo que me faz
segurar minha língua para não lançar um argumento que possa destruir totalmente as crenças de um indivíduo num momento em
que seja a única coisa que ele tem. Há momentos melhores.
Por isso repudio qualquer iniciativa no sentido de tolher a liberdade de expressão, mesmo a dos neonazistas e defensores
de absurdidades, exceto, é claro, quando estão deliberadamente incitando a algum tipo de atrocidade. Creio que nada é mais
nocivo do que expurgar do discurso posições meramente incômodas, proibindo-as de se apresentar, pois isso, a longo prazo,
só faz fortalecê-las com uma aura ilusória de invencibilidade tal que a única saída é baní-las. Temos é que trazê-las à
luz e confrontá-las.
Nesse sentido, jamais houve exemplo maior de tentativa de esmagar a individualidade e pensamento humanos do que o Monoteísmo,
onde o Catolicismo tem lugar especial, e é aí que vejo a maior contradição no pensamento de Olavo de Carvalho, inconsistência
esta apontada inclusive pelo seu ótimo verbete na wikipedia.
Por mais terrível que sejam os governos totalitários seculares do século XX, por mais que tenham tentado despir ao máximo
o ser humano de sua potência criadora para transformá-lo num autômato estatal, eles jamais poderiam esperar ser capazes de
violar sistematicamente a consciência individual e privada tal como o fizeram as teocracias ao lançar o vírus mental
da idéia de uma divindade onisciente vigiando seus próprios pensamentos, e pronta para te lançar não num porão infestado
de ratos, não no corredor da morte, mas, além de tudo isso, num inferno perpétuo de sofrimento indizível além da capacidade
maléfica de todos os artefatos terrestres capazes de causar sofrimento.
E ainda assim, eu não odeio o cristianismo. Eu não odeio o catolicismo. Qualquer um que me conheça há algum tempo terá
visto que já os defendi várias vezes, mesmo porque tenho gosto por ser advogado do diabo em qualquer situação onde um
grupo decida pegar o que quer que seja para cristo. Acho detestável quando um coletivo qualquer se reúne para
enxovalhar acriticamente, alguma coisa qualquer.
Em nome da independência mental, recuso qualquer sistema de pensamento pronto pelo fato óbvio que jamais
poderá existir um sistema prévio totalmente satisfatório para uma outra pessoa que pense livremente. O que no fundo todas
as pessoas fazem, pois sempre alteram um ou outro item do sistema que herdaram, conscientemente ou não, só que em geral
não o admitem. Me preocupa ver que Olavo de Carvalho por vezes parece ter importado a ortodoxia católica integralmente.
Não sou marxista, muito menos comunista, e me defino como esquerdista por uma questão pragmática, mas prefiro ter um
pensamento indomável e muitas vezes imprevisível, condenado a nunca ser aceito num grupo normatizante. Também não
sou anti-capitalista ou anti-liberalista, nem anti-qualquer coisa. Por isso, me assusta e me entristece ver o ódio
visceral que os anti-comunistas costumam nutrir não somente contra Pol Pots ou Stalins da vida, mas contra qualquer
guri que mostre simpatia pelos ideais revolucionários ou meramente sonhe com um outro mundo possível. Nem é tanto algo
que se veja no Olavo, mas consulte Reinaldo Azevedo,
Diogo Mainardi ou
Rodrigo Constantino e o que se vê é um ódio que chega às raias da
psicopatia.
Não posso negar que o Olavo também me "endireitou" um pouco. Foi bom perder algumas ilusões que eu ainda tinha...
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...sobre certos temas como os citados por você. Se bem que mesmo
antes disso, quem conhece este site há mais tempo sabe que
não raro apresento opiniões tidas como conservadoras, que podem ser vistas em
O que penso sobre o Aborto,
A Pílula Dourada (sobre o sistema de cotas para negros nas universidades),
Voto Certo - Tiro e Queda ou
Cultura X Humanismo onde cheguei a ser acusado de fazer uma defesa do
imperialismo Norte-Americano.
Mas isso, espero, sirva para demonstrar o fato de que não sou partidário de nenhuma linha específica de pensamento,
muito menos representante de algum clubinho, embora vivam tentando me colocar em um. Outros ensaios meus como
50 MILHÕES DE CRETINOS!!! ou a trilogia
O Silêncio dos Inocentes, O Grito dos Culpados e
Difícil pra Chuchu me jogam definitivamente à esquerda, mas sem poupar críticas à
mesma.
Olavo de Carvalho é sem dúvida um pensador brilhante, mas isso não muda o fato de que tem seus objetivos e vieses
bem definidos dentro de uma tradição ancestral reacionária por natureza. Os conservadores não podem fazer outra coisa
que não adorá-lo, os liberais, no que toca à defesa do capitalismo e liberalismo de mercado, também, desde que não
sejam entusiastas do secularismo, e que nem pensem em ser ateus, como o pessoal do STR
que são ateus liberais, muitos anti-comunistas. Digo isso com conhecimento de causa.
Já o pessoal da esquerda mais tradicional terá nele uma nêmesis, o que não é exatamente o meu caso, visto que acho inclusive
que todo esquerdista deveria ler seus textos, assim como sempre disse que todas as pessoas devem se informar não somente sobre
o seu próprio ponto de vista, mas principalmente sobre o ponto de vista adversário. Somente uma confrontação honesta com
opiniões contrárias fortes pode garantir um posicionamento honesto, firme e esclarecido.
O pessoal da esquerda mais exótica, como a turma da Teologia da Libertação, ou os que importaram a parte libertária
e emancipatória do marxismo, mas já passaram da fase de pensar em termos de revolução, nem caíram na bobagem de que
a esquerda tenha que ser anti-religiosa, terão em Carvalho uma experiência
ainda mais interessante. Acho que estou mais neste último caso. Na última vez que levei a sério a idéia de revolução
armada eu ainda não precisava de barbeador.
Nesse sentido, não sou Revolucionário, sou Evolucionário, e aposto sim numa revolução de mentalidade. A primeira coisa
que me chamou atenção no pensamento olaviano foi exatamente a detecção do fato que o fim da Cortina de Ferro nem de longe
sepultou a esquerda, algo que parecia que só eu pensava.
A paranóia anti-comunista do Olavo não deixa de ter um forte fundo de verdade, de que a esquerda está revolucionando o
mundo por meio da conquista progressiva de suas bases intelectuais, simbólicas e conceituais. Isso gera um monte de
distorções, mas é o preço a pagar para mudar uma mentalidade milenar que insiste em se manter inerte em maus hábitos
que foram notórios, em grande parte, em tornar a vida neste planeta bastante deplorável.
Assim, o que ele vê com medo e pessimismo, eu vejo com otimismo, porque não há outra saída a não ser aceitar o fato
de que o universo está em constante mutação, que as coisas mudam, evoluem, se adaptam, e, nesse caso, porque não dizer,
melhoram.
Quem quiser lamentar o progresso que o faça, quem quiser viver dos valores do passado que viva, mas que não pense que
o mundo já tem tudo o que é preciso para ser um lugar melhor, pois não há crença mais desmentida em toda história.
Uau! Eu disse que a resposta seria grande, e mesmo assim eu gostaria de falar muito mais. Tenho muito mais coisa a dizer
sobre isso, mas antes, tenho mais coisa ainda a pensar. Por isso agradeço a oportunidade surgida.
Só pra terminar, se o Olavo visse esse texto já sei até o que ele diria. (Já tentei entrar em contato com ele, mas nunca
recebi resposta, o que surpreende, pois ele responde até aquele farsante do
Enézio E. de Almeida Filho.)
Bem, ele diria provavelmente que eu criei uma versão espantalho de sua pessoa, que associada à minha explanação sobre o
caráter revolucionário do cristianismo resulta numa acusação de contraditoriedade. (Nem deveria ser surpresa,
visto ser o cristianismo o reino das contradições por excelência.)
Para contestar o primeiro ponto, acho que tentaria se desvencilhar da imagem de católico conservador, provavelmente apontando
o fato de que não costuma fazer esse papel de modo explícito. Para contestar o segundo, tenho até dificuldade de imaginar
uma boa abordagem, mas não duvido que diria que esse caráter revolucionário não se aplica ao cristianismo por ser este
um tipo de representante da Verdade.
Mas chega. Vou parar por aqui. Espero sinceramente poder ter ajudado, e mais uma vez obrigado.
OBS: Eu havia me esquecido do texto
Década de 90 no Brasil: a revolução cultural gramsciana e a filosofia edificante de Olavo de Carvalho, que para um
leitor distraído, pode parecer uma resposta à minha crítica. Mas observe que o comentário feito sobre a Mentalidade
Revolucionária como originária da decadência do cristianismo, a partir do século XVI, enfoca apenas o caráter
belicoso da revolução, não a transformação de valores, que é o objeto principal de sua preocupação. (23/02/08)
Amigavelmente
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22 de Fevereiro de 2008 |
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Olá Ariosto...
Você deve estar se referindo a meu conto Conversando com o Diabo, que trata-se de
um estória de Ficção Fantástica, sem qualquer pretensão em se passar por realidade, o mesmo ocorre com a pequenino conto
Caro Ser Humano. Ambos são totalmente de minha autoria.
Quando eu tinha sua idade também tinha plena confiança de que não era um ignorante ou um fanático, de fato não era,
mas isso não evita que hoje em dia eu me veja naquela época como no mínimo ingênuo, no entanto, eu era dono de umas
certezas e convicções que atualmente podem ser consideradas hilárias. Eu adoraria poder conversar com o meu "eu" daquela
época.
Seguramente, porém, eu não poderia ser considerado um lunático, muito menos hoje, e menos ainda sou um doido, ou um o que
quer que seja, poderoso, a ponto de poder aniquilar alguém. Do contrário eu nem estaria aqui respondendo esta mensagem,
e, espero, estaria fazendo algo mais efetivo para tornar este mundo melhor.
Digo isto tudo, porque espero ser capaz de explicar porque aquele diálogo fictício, mesmo sendo capaz de exercer fascínio
em tantas pessoas, não me impressiona mais do que mera obra de fantasia. Chega um momento em nosso histórico pessoal onde,
se tudo der certo, passa-se a ter uma visão mais ampla e profunda, capaz de entender as sub estruturas por trás da cada
sistema de pensamento, e reconhê-las em sua plenitude, inclusive com seus clássicos defeitos, normalmente intocados.
Por esse motivo é difícil eu ficar realmente surpreso com uma sistema filosófico leigo, isto é, sem um devido treinamento
no rigor lógico que a filosofia exige. Há muitos bons sistemas, alguns com vários aspectos inovadores, mas em geral eles
não superam suas dificuldades fundamentais, que vem se arrastando há milhares de anos de debates.
Apesar de tudo, posso estar enganado no seu caso, e será um prazer conhecer suas idéias se você assim o desejar, é só
me enviar algum material. Mas recomendo que você não super estime sua obra antes de ter um apanhado razoável de opiniões,
digamos, de ao menos mais de uma dezena de pessoas de pontos de vista diferentes, isto é, ateus, cristãos, espíritas,
místicos, filósofos idealistas, pessoas comuns, fás de ficção científica e etc.
Vou até arriscar um palpite: Trata-se de uma obra de teor místico, possivelmente esotérico, reencarnacionista, que mistura
elementos de kardecismo, gnosticismo e ou teosofismo. Há um ou mais heróis ou heroínas que despertam ou surgem de um
local inesperado para ajudar a mudar uma ordem de coisas, tendo sido tudo antes prenunciado por uma profecia. Acertei?
Tomara que não. Obrigado pela mensagem.
Amigavelmente
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20 de Fevereiro de 2008 |
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Prezada Luciana...
Muito obrigada pela mensagem, da qual a única coisa que eu tenho dúvidas é se paixão e razão realmente nada tem haver,
mas tudo bem.
Outrora pensei que misturar ciência com religião era prejudicial apenas para a primeira, hoje acho que seja ainda
mais para a última. Se a Fé é um valor louvável, que sentido faz em desvalorizá-la? O contato direto da fé com a ciência,
ou uma rigorosa inquirição racional, tende a ter apenas 3 resultados, todos ruins:
1 - A fé pode se extinguir, no caso de ser REFUTADA pela evidência; 2 - Pode perder o valor, no caso de ser CONFIRMADA
pela evidência; 3 - A fé tenta se manter mesmo diante da evidência contrária, o que é o pior resultado, visto que descamba
para a pura irracionalidade e teimosia.
Portanto, a Fé só poderia estar restrita aos âmbitos que não podem ser alcançados pela ciência ou a razão. A existência de
uma Divindade, a Meta-Continuidade Mental, o passo fora do
Solipsismo, etc.
Se guardados esses limites, a fé será sempre irrefutável, mas em contextos que nunca serão ofensivo à vida prática.
Religião e ciência poderão conviver sem qualquer atrito, numa dinâmica verdadeiramente universal.
Amigavelmente
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19 de Fevereiro de 2008 |
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Olá Ana, é bom receber sua mensagem e responder sua pergunta.
Há um filme que aborda diretamente essa situação descrita, é
O Buraco Negro,
também conhecido no Brasil como "O Abismo Negro". Neste filme um cientista pretende adentrar com sua nave em um
buraco negro, protegido por um campo de força anti-gravitacional.
Não vejo relevância na questão dos campos eletromagnéticos, visto que qualquer onda eletromagnética seria sugada pelo
buraco negro assim como qualquer matéria, e o buraco negro não é especialmente relevante pelo campo eletromagnético, que
aliás, não existe, havendo sim campos de outras fontes em volta do mesmo.
Para entrar num Buraco Negro (wikipedia) sem ser esmagada, a nave
teria que ter, como a Cygnus do filme, um campo Anti Gravitacional
à sua volta, provavelmente do tipo que anulasse totalmente o efeito da gravidade.
Haver um campo gravitacional artificial interno no interior da nave seria irrelevante.
Não temos como saber exatamente o que aconteceria, o que essa nave encontraria no interior desse
Buraco Negro (este também é um ótimo link).
É bem provável, porém, que ela fosse, como todo o resto, "congelada" no tempo, visto que com o incremento da gravidade,
o tempo vai passando mais devagar, até chegar a um ponto onde ele literalmente "para".
Alguns físicos, como Paul Davies, chegaram a chamar essa situação de
"Fim dos Tempos", pois se ocorrer do universo ser
totalmente engolido por buracos negros, ocorreria que toda a história cósmica estaria então congelada no interior
dos mesmos, numa espécie de versão 'eterna' de todos os tempos combinados. Seria como, ao invés de você ter um
filme sendo exibido, a história do universo, você teria todos os quadros do filme sendo exibidos juntos,
sem movimento.
Há também outras possibilidade, como a de que um buraco negro se conectaria a um
Buraco Branco, formando um par que funcionaria como um
wormhole, embora isso seja muito controverso.
Mais controversa ainda seria a hipótese de se deslocar no tempo de alguma forma viável, visto que embora um
wormhole pudesse ser usado para isso, ele também deslocaria uma distância imensa no espaço, e é pouco
produtiva a idéia de saltar, digamos, um século para o futuro, ao mesmo tempo que se vai para o outro lado da
galáxia. Mesmo que o wormhole funcione para os dois lados, permitindo inclusive voltar para o tempo
original, isso ainda faria pouca diferença com uma simples viagem para um local distante. A não ser que houvesse
uma outra forma de viajar para o mesmo local distante instantaneamente.
Um livro que aborda especificamente isso é
Como Construir uma Máquina do Tempo,
do próprio Paul Davies.
Há, porém, muitas outras implicações e questões relativas a isso. É sempre bom procurar mais informações, mas também pode
ser o caso de ousar um pouco mais e não ter medo de desafiar essas concepções científicas, desde, é claro, que se
consiga manter a coerência, que deve ser a principal característica de uma obra de Ficção Científica.
Obrigado pela participação, e esteja a vontade para participar mais.
Amigavelmente
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19 de Fevereiro de 2008 |
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Xenon M Gilgul
-
1944
-
Rio de Janeiro-RJ
Funcionário do Governo
Pesquisador da verdade transcendental
x e n o n m e n t a l i s t a 2
y a h o o . c o m . b r
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Caro Marcus:
Preciso de sua opinião sobre o meu texto abaixo:
MENTALISTA NÃO É PARANORMAL NEM MÁGICO ILUSIONISTA
A Paranormalidade é definida como a capacidade que algumas pessoas têm, ou dizem ter, relativa a poderes que vão além dos cinco sentidos;
Um mágico ilusionista se define como o artista que "produz" efeitos espantosos, grandes ou pequenos, através da ilusão dos sentidos de seus espectadores;
Ao passo que Mentalista é qualquer pessoa (qualidade normal) que tomou conhecimento de que pode mudar os fatos da sua realidade imediata, mudando seus próprios pensamentos, e põe em prática tal qualidade.
A confusão entre Mentalismo, Paranormalidade e Ilusionismo, tem levado pesquisadores sérios a tentar diminuir a importância de se ter pensamentos positivos; mas estes são fundamentais para evitar as conseqüências desastrosas que acompanham o hábito de alimentar pensamentos negativos.
Sou Xenon, autor da página Mentalismo - A Ciência do Poder da Mente,
que está no ar desde 2001. Gostaria de pedir que me ajudassem a divulgar a idéia de que Mentalismo não é Ilusionismo, como tenho solicitado em alguns lugares com o texto:
Mentalista - é todo ser humano (qualidade normal) que usa conscientemente os poderes de sua mente para alterar sua realidade de saúde, bem-estar, relacionamentos e meio ambiente. Não pode jamais ser confundido com Ilusionismo, que é a técnica utilizada por mágicos de palco para iludir os sentidos dos espectadores, nem com paranormalidade que é a capacidade que algumas pessoas têm, ou dizem ter, relativa a poderes que vão além dos cinco sentidos.
Mentalismo não é ilusionismo. Gostaria que fosse divulgado que o uso da palavra MENTALISMO é inadequado para a prática de ilusionismo. A prática de mágica ilusionista não tem nada a ver com mentalismo nem com "magick".
A mágica ilusionista lida com a capacidade (admirável, diga-se de passagem) que o mágico tem de enganar os sentidos dos espectadores.
O Mentalismo é idéia criada há muito, pois os antigos já diziam (com Hermes Trismegisto) que "O Universo é Mental" sendo isto considerado o Princípio do Mentalismo, portanto, a mágica dos mágicos é outra coisa.
Se não fosse assim poderíamos chamar de "mentalista" o menino que compra numa loja alguns truques e passa a divertir seus coleguinhas.
Claro que não podemos comparar os Coperfields e Kardinis da vida com meninos, e eles são também mentalistas, quando usam o poder da mente para produzir efeitos materiais reais, mas a prática de suas mágicas não é Mentalismo, e sim, ilusão dos sentidos.
Mentalismo, enquanto tradução, ou versão, do Universo no nosso ambiente através da Mente, não é ilusão: é o reconhecimento da realidade transcendental, já delineado há muito por esotéricos, filósofos e alguns religiosos.
Xenon - o Mentalista. www.mentalismo.net
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Quinta, 24 de Janeiro de 2008 |
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Prezado Xenon...
De certo que Mentalismo não deveria ser considerado Ilusionismo nem Paranormalidade, ou qualquer outro tipo de mágica.
Nesse sentido, pode contar comigo que sempre direi isso. No entanto, é exatamente assim que esse termo parece estar difundido.
Procurando
mentalismo no google, apesar de seu site ser
a primeira ocorrência, há vários outros que usam o termo no sentido místico e ilusionista.
Além disso, Mentalismo também não é necessariamente isso tudo que você tem descrito, visto que tem ainda outros sentidos.
Como não podemos recorrer a Wikipedia em português, porque o senhor já reproduziu seu texto lá dando exclusividade única
à sua versão pessoal da palavra, o que recomendo que desfaça, então iremos recorrer a wikipedia em Inglês, na
seção de disambiguação
Mentalism (disambiguation)
Das 5 conotações lá presentes, a primeira é exatamente esta que ambos achamos não adequada. Depois temos o termo na
Psicologia, que significa a posição que existe de fato uma "mente" que explica os fenômenos comportamentais, em oposição
ao comportamentalismo, por exemplo, que explica os mesmo por meios de processos puramente fisiológicos, que em algumas
versões mais extremas, chegam a considerar a mente uma ilusão. Essa posição extrema e bizarra é conhecida como
Behaviorismo Ontológico.
Na Filosofia a explicação também está sofrivelmente resumida, mas digo que, literalmente, MENTALISMO sendo relativo a mente,
seguramente é um nome apropriado à idéia de que a única substância real seja a mente. Essa posição no entanto é mais
conhecida por outros nomes, como Imaterialismo, Idealismo Monista, Panpsiquismo, ou, no meu caso, uso o termo Monismo
Mentalista.
Diferente de Materialismo, cujo uso consagrado é o de uma visão de universo que se restrinja unicamente à Matéria,
ou os termos muitíssimo próximos: Naturalismo e Fisicalismo, que também reduzem o universo somente a fenômenos naturais,
Mentalismo também costuma vir associado a idéia de que exista a realidade mental além da material, ou seja, pode ser um tipo
de dualismo.
Voltando à Wikipedia, as demais definições capotam na parapsicologia, psiquiatria e ficção científica.
Pessoalmente, eu costumo usar o termo Mentalismo como a proposição de que existe de fato uma substância mental, ou ao menos
um campo de propriedades mentais real. Nesse sentido, posso sustentar essa idéia sem ter que me envolver com qualquer
conteúdo relativo a alteração da realidade via pensamento positivo. Prefiro deixar essa possibilidade para a ficção científica.
É por isso, que embora concorde que usar esse termo relacionado a ilusionismo ou paranormalidade é certamente inconveniente,
também não vou endossar sua posição, que é evidentemente de teor místico, no sentido de estar relacionada a conceitos e
idéias que remetem a um transcendente.
Nada contra essa visão de natureza, mas sou sobretudo um cético filosófico, no melhor sentido da palavra, e embora eu me
incline fortemente a um Mentalismo Monista, não pretendo me embasar nessa posição para posturas práticas.
Espero que compreenda.
Amigavelmente
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18 de Fevereiro de 2008 |
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Jessica Aline G. de Moraes
-
1991
-
Tapiraí-SP
Estudante
j e h 1 8 0 6
h o t m a i l . c o m
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Oi, eu acabei de sair de uma situação totalmente constranjedoura.
Bom, não exatamente constranjedoura, mas fiquei pensando e achando que talvez estivesse certa ou errada...ok vou ser mais especifica.
Hoje de manhã eu acordei ou melhor fui acordada para ajudar descarregar as compras, tudo como um dia normal...a questão é que eu tenho medo sim de ir para o inferno, por fazer coisas erradas, por talvez não obedecer as regras impostas na bliblía.
Meu tio é ateu, e existem coisas que ele fala que fazem sentido diz que os evanjelicos são ignorantes por que nãõ estudam historia, fisica, etc... mas não adianta eu acredito em Deus...e as vezs não tenho resposta para o que ele diz, afinal tenho só 16 anos e não faço a miníma idéia do que é Deus e evolução.
Mas por outro lado eu tenho um prof° de inglês, que jã´viveu muuuita história,e é evanjelico...ele diz coisas que me tiram as duvidas e me fazem acreditar totalmente em Deus.
E hoje de tarde eu retomei muito minha fé, até chorei escutando hinos e tal, orei muito pedi que nunca tirasse a fé de mim que estou sentindo hoje.
Depois da descução toda, minha tia pediu pra eu visitar esse site.
E como filisofo ou estudante de filosofia sei lá, bom meu professor de filosofia quando eu converso com ele, ele fala, fala e eu nunca entendo nada (hehehe), espero que você possa tirar algumas duvidas ou sei lá pelomenos me dizer que isso é crise de adolescencia totalmente normal, apezar de eu não querer ler isso porque é a desculpa que todo mundo usa certo?
beijOs e até mais. =)
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Sábado, 19 de Janeiro de 2008 |
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Cara Jessica...
Como você não me fez perguntas específicas, só posso então dar algumas idéias gerais, da qual a mais importante é a
seguinte:
NÃO SE DEIXE AMEDRONTAR!!! Ser Humano algum neste mundo pode provar alguma coisa a respeito da existência ou não de
deus, e ninguém tem o privilégio da verdade. Somos todos pessoas com opiniões mais ou menos falhas, que tentamos
acomodar nosso entendimento do mundo de acordo com nossas intuições, razões, emoções e percepções.
Quando estamos em situação mais serena, é que temos maiores chances de usar melhor nossas faculdades mentais,
e é exatamente isso que o medo destrói. O medo corrompe a razão, embrutece o coração e cega a intuição, por isso,
não aceite qualquer sistema de pensamento que tenha como característica principal usar o medo contra você, principalmente
o medo de ir pro inferno.
Sem condescendência para com os usuários do terrorismo doutrinário, digo que usar a idéia de que uma moça como você irá
para o inferno pelo simples fato de não crer no que eles estão dizendo, é uma atitude estúpida, hipócrita e covarde.
Essa idéia agride todos os âmbitos da existência humana. Ela é anti-intuitiva, irracional, horrenda e sem qualquer
evidência.
Se existe uma divindade, ela não vai se submeter à estupidez humana, não importa o quanto tal estupidez apele para toda
forma de chantagem e corrupção, nem que ele use um livro "sagrado" de teor duvidos e o use da pior maneira possível.
E mesmo pelo ponto de vista bíblico, ninguém tem autoridade para dizer quem vai ou não para o inferno, visto que esse
destino seria decidio unicamente na relação íntima de Deus com cada pessoa, relação esta que é invisível para qualquer
outra pessoa. Qualquer um que diga abertamente que fulano ou siclano irá queimar no inferno, sinto muito, não
passa de um idiota! Pois não é ele que teria essa prerrogativa.
Portanto, continua aberta ao que as pessoas tem a lhe dizer, principalmente quando o fazem de boa vontade, sinceridade
e um mínimo de sensibilidade. Todos podem ter algo a ensinar, embora todos também tem muito o que aprender.
Amigavelmente
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15 de Fevereiro de 2008 |
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Daniel Olszeski Ethur
-
1977
-
Porto Alegre - RS
Analista de Sistemas
Messiânico
d a n i e l _ e t h u r
h o t m a i l . c o m
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Professor Marcus,
É com muito prazer que escrevo essa carta! Há algum tempo, procurava um site que relacionasse tantos assuntos do meu
interesse! Por sorte(?), hoje estava pesquisando, descompromissadamente, textos sobre gravitação e levitação no Google,
e surgiu um link para o seu site. Peço desculpas por não estar utilizando termos portugueses para "site" e "link".
Espero que minha carta não seja descartada por isso!
Gostaria que o senhor, se um dia tivesse algum tempo, desse uma olhada nas divagações e imaginações que pudemos discutir
numa antiga comunidade MSN que eu havia montado com meu irmão e meu tio, antes de sofrermos uma forte distração do
interesse principal do grupo. O endereço é
groups.msn.com/NOVOMUNDO.
As discussões sobre Gravidade, Infinito, etc, são muito interessantes. Claro que não se comparam à qualidade dos seus
textos, mas gostaria muito que o senhor pudesse dar uma olhada. Estou identificado com o JackD naquele site.
Tenho uma pergunta: o senhor já leu as obras de Mokiti Okada?
Encontrar o seu site é uma grande esperança para mim! Também acredito na revolução cultural que a Internet está
preparando para os próximos anos. Acredito que será algo nunca antes visto, ainda muito maior que a revolução da
imprensa ou a revolução industrial, porque sua abrangência é efetivamente Global! Mas tenho medo de não estar preparado
o suficiente para participar dessa revolução, não apenas como um espectador. Estava tentando encontrar listas de
discussões que não se prendessem apenas a paradigmas religiosos ou metodologias científicas, que permitissem o uso
da imaginação humana como um grande argumento de discussão. Quando li o seu texto sobre
Levitação e Gravitação, fiquei emocionado!
Espero, um dia, poder adquirir conhecimentos suficientes para trocar idéias com o senhor. Vou me esforçar para ler o seu
material.
Muito obrigado pela sua atenção,
Daniel O. Ethur
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Sábado, 12 de Janeiro de 2008 |
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Olá Daniel...
Obrigado por sua participação e fico contente que tenha gostado de meus textos.
Dei uma boa olhada em seu grupo de discussão, e embora eu não tenha estudado especificamente
Mokiti Okada, acredite que eu já tenho certa bagagem com
o pensamento místico em geral, incluindo tradições japonesas no mínimo similares.
Sobre as discussões que observeri em seu grupo NOVO MUNDO, sinto-me na
obrigação de dizer o seguinte: Embora seja muito louvável a disposição e interesse nesses temas, se você quiser que
haja alguma produtividade na discussão, ou quiser de fato aumentar seu conhecimento sobre os assuntos envolvidos, e
imprescindível recorrer às fontes especializadas.
Não digo extamente que se deva aprofundar nos livros científicos específicos, mas sim que é incontornável recorrer a autores
que estão fundamentalmente comprometidos com essas linhagens científicas. Ou seja, em geral, NÃO ADIANTA tentar aprender
Evolução, Física ou Filosofia por meio de autores que tem como compromisso principal a mística, pois este irão adaptar tais
tradições à suas formas pré-moldadas de pensamento, selecionando preferencialmente o que lhes for favorável e deixando
de enfatizar justamento o mais importante, que são o pontos de conflito.
Posso garantir que um espiritualista JAMAIS irá entender ciência se limitando a estudar somente textos de outros
espiritualistas. É imprescindível não só que você recorra a autores que são basicamente cientistas, e não estejam interessados
em espiritualidade, por que aí eles só terão ciência para ensinar. Além do mais, é ainda mais importante que você se
confronte exatamente com os materialistas e seus argumentos mais desfavoráveis.
Um excelente modo de começar, e quase suficiente para deflagrar uma evolução intelectual, e o livro que jamais cansarei de
recomendar é
O Mundo Assombrado pelos Demônios
de Carl Sagan. Há também uma
edição mais barata,
mas garanto que vale a pena comprar a mais cara. Ele livro já foi citado no seu fórum, e se não o leu, faça-o.
Há outros livros em linha similar que podem ser úteis, mas você também pode recorrer a própria internet e procurar textos
que confrontem diretamente suas crenças. Sem esse confronto, você nunca irá saber se quer se realmente acredita em algo,
visto que tal crença numa foi forçada a seus limites.
Novamente obrigado e fique a vontade para conversar mais.
Amigavelmente
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15 de Fevereiro de 2008 |
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José Fernandes
-
1970
-
Espera Feliz - MG
Professor
Livre pensador
escritorfernandes
yahoo.com.br
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Olá Marcus Valerio XP,
Tenho uma pergunta. Mas antes, preciso me apresentar, pois nós nunca nos falamos.
Sou professor, psicanalista e gosto de estudar espiritualidade e religiões. Acabei de conhecer seu site.
Li alguns textos seus. Gostei muito, e estou me tornando seu leitor freqüente. Desejo fazer mais contatos daqui em diante.
Ainda não o conheço bem, e gostaria de ter uma noção básica de sua biografia.
Enfim vamos à pergunta:
No final do seu texto intitulado
É a Bíblia fruto de uma inteligência sobre-humana? encontra-se o trecho "Sabemos que as estrelas não podem 'cair do Céu', mas a Lua poderia ficar vermelha como sangue em algum evento celeste inusitado." Isso está escrito num texto seu, com modificação mais recente em agosto de 2005. Com relação à "Lua vermelha" que você disse ser um fenômeno possível de acontecer, já conteceu no dia 03, (ou 04?) de março de 2007, no aclipse lunar total. O avermelhamento da lua foi, inclusive, o fato mais marcante do evento. A pergunta sobre esse dado é: Você sabe se já surgiram protestantes (ou católicos) afirmando que esse aclipse lunar foi o cumprimento da profecia bíblica? (Se você já tratou desse assunto em algum texto seu, desculpe-me, pois não li muita coisa sua ainda, pois acabei de chegar ao seu site) Um abraço, e votos de felicidade em 2008. José Fernandes.
Sábado, 5 de Janeiro de 2008
Olá Marcus Valerio XP,
Na mensagem que lhe enviei, imediatamente anterior a esta, disse-lhe que gostaria de ter uma noção básica de sua biografia. Já a tenho, pois descobria onde ela se encontra no seu site. Você é mais novo do que eu apenas 1(um) ano, e sua história de vida se parece muito com a minha. Também vim de família católica, tive uma boa educação e formação, tive uma passagem pelo protestantismo, fui palestrante espírita (kardecista), sou escritor e, com relação a religião, sou hoje um Livre-pensador. Veja como existem, mesmo, semelhanças(!) Só não sou Filósofo. Sou Pós-graduado em Letras e Psicanalista (mas o Psicanalista estuda Filososfia durante a sua formação). Acho importante que nos apresentemos, como estou fazendo agora, pois quando você estiver diante de um texto meu, já terá em mente um traço biográfico do autor, o que lhe dá uma particular predisposição para a compreender as idéias do mesmo.
Para encerrar, quero lhe dar meus parabéns pelo seu site, pela riqueza das idéias nele publicadas, pela sua postura democrática e de respeito à liberdade de expressão. E, em especial, parabéns por você, sendo ainda tão jovem, ter não só o interesse por desenvolver um trabalho como este, mas também por ter a capacidade de fazê-lo tão bem feito. Um abraço. José Fernandes.
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Segunda, 7 de Janeiro de 2008 |
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É um prazer conhecê-lo José Fernandes, seja bem vindo a este site.
Certamente, o fenômeno de
Lua Vermelha já deve ter sido muitas vezes tido como um sinal
profético, ainda que seja um fenômeno não muito raro. É mesmo possível que o próprio João, ao escrever o Apocalipse,
tivesse em mente um eclipse, visto que era um fenômeno conhecido pelos gregos.
Minha experiência pessoal me mostrou que qualquer evento celeste incomum tende a ser visto pelos entusiastas religioso
como um sinal divino, e assim, não tenha dúvidas que por aí a fora, não devem ter sido poucos os que testemunharam
o último eclipse lunar com expectativas apocalípticas, ainda que, a meu ver, neste caso, equivocadas, visto que a
lua cor de sangue na Bíblia ocorre em meio a uma série de outros eventos puramente fantásticos.
No mais, é sempre bom encontrar pessoas com históricos comparáveis ao nosso, e espero que possamos ainda ter algumas
trocas de idéias interessantes.
Agora... É bom prestar mais atenção...
QUE ESTÓRIA E ESSA DE XP?!?!
Amigavelmente
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4 de Fevereiro de 2008 |
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Edson de Oliveira Ataide Júnior
Rio de Janeiro-RJ
-
1980
Professor
638,
634,
477,
467,
463,
455,
453,
451,
444,
414,
397,
376
e d o l a t j r
g m a i l . c o m
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Olá, meu amigo!
Gostaria, inicialmente, de esclarecer algumas coisas sobre mim, para evitar possíveis mal entendidos. É que acho que, fundamentalmente nós estamos de quase inteiro acordo. As divergências não parecem ser tão grandes assim. Afinal, há quem diga que 90% das divergências possuem fortes bases semânticas.
Sobre o niilismo, você falou que um niilista é aquele que acredita no nada após a morte. E que dou todos os indícios de compartilhar dessa posição. Isso não é possível, Marcus.
Como posso dar pinta de niilista se deixei transparecer em minha mensagem o quanto meu coração deseja continuar? Meu desejo pede continuidade, mas meu intelecto diz "Eu não sei". Em outras palavras, não nego nem pelo coração, nem pela mente.
Com relação às interpretações psicológicas, sério, não faz sentido algum, Marcus. Vc diz para eu evitar negar totalmente uma interpretação, sob ameaça de estar me entregando. Bem, isso pode ser verdade, de fato, mas nem sempre. Se eu acusar uma pessoa de um crime que ela não cometeu, com certeza ela terá toda a razão em se ofender, negando tudo o o que foi dito sobre ela.
Isso, inclusive, me passou a péssima impressão dos crentes, que insistem em encaixar, num perfil problemático, qualquer pessoa que não aceite bem as suas idéias. E, quando uma pessoa nega tal encaixe, ao invés do crente assumir o erro de interpretação, ele pensa que se a pessoa se incomodou é porque o que se disse tem toda a pinta de ser verdadeiro. Estou sendo sincero, Marcus, é essa a impressão que vc me dá.
...continuarei o restante daqui a pouquinho...
Sobre a questão da fuga, para mim é um tanto óbvio. Qual sentido que uma pessoa tem em acreditar em algo do além sem atrelar isso a uma espécie de fuga?
Se se apega a idéia de MCM como uma fuga da perspectiva da morte, isso significa que estamos fugindo, por medo, de um possível aspecto da realidade. Outra coisa interessante é que, por incrível que pareça, não se tem perspectiva da morte quando se vive bem e com muita alegria. É em momentos ruins ou ameaçadores que essa perspectiva costuma ocorrer. Em alguns casos, quando estamos vivendo bem e com alegria e essa perspectiva surge de repente é, na realidade, o medo de que algo aconteça, acabando com essa alegria e felicidade.
Parece-me bastante evidente a relação medo - fuga - metafísica (nesta ordem mesmo). Vc pode não aceitar, mas é o que penso. Fazer o quê!?
Marcus, minha posição sobre a MCM é a seguinte: Não sei. Apenas isso! Nada mais. Se vou continuar existindo, legal. Vou até gostar de ter me enganado. Não vejo como encarar isso como uma decepção!
Quando tenho dúvidas de alguma coisa, Marcus, costumo deixar a idéia cozinhando em banho-maria. Se um dia isso for comprovado, tudo bem. Se for negado, tudo bem tb.
Um grande abraço, meu camarada!
E, apesar das discordâncias, saiba que vc é o cara e te admiro muito! É como lutadores de vale-tudo que, após a briga, vão tomar uma cerveja. Ou, no nosso caso, um suquinho! rsrs
Tudo de bom!
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Terça, 1 de Janeiro de 2008 |
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Ora meu camarada...
Eu não esperaria outra coisa de você a não ser o melhor, e nunca me decepcionei, e acho de fato que em geral a discordância
se dá mais no significante que no significado, embora nada tenho com discordâncias deste último tipo.
Acho que tudo, no entanto, não passa de um problema bem do tipo deste que você citou, com relação a mentalidade dos
crentes. Ora, eles tem um sistema, e uma vez que o cultivam, esperam poder explicar o máximo possível por meio dele, e não
é diferente comigo, e nem com você, visto que sempre faz uma leitura da MCM por meio de um viés que nunca concordei ser
o adequado.
Para o seu sistema, é óbvio que
"Qual sentido que uma pessoa tem em acreditar em algo do além sem atrelar isso a uma espécie de fuga?"
Para o sistema de muitos religiosos também para óbvio que não aceitar ao deus deles é uma espécie de fuga da
responsabilidade de sustentar um modo 'correto' de vida. Para o meu sistema, me parece óbvio que resistir insistentemente
a uma proposta que não tem um certo conteúdo, insistindo em ver tal conteúdo nela, também é fuga de uma derivação
aparente de tal conteúdo.
Eu também resistiria muito a uma idéia que me parece ter uma segunda intenção embutido, ao menos até me convencer de que
tal intenção não existe, que é o que estou tentando a fazer a alguns anos. Tal como você, e não gosto de uma
certa perspectiva, e me livrei de qualquer, definitivamente, de qualquer desconforto com tal perspectiva. Mas isso não
é uma fuga de uma série de outras coisas. Não tenho nada do qual fugir em minha vida, até pelo contrário.
Se você ler meu conto Seculários de um Homem Milenar, verá um exemplo de uma
pessoa cujo desejo de morte é muito mais a curiosidade sobre o além do que a fuga de sua própria existência. E sempre
defendi que o interesse pelo transcendente, embora possa ser baseado no medo, também pode ser baseado no fascínio,
bem como sempre disse que a religiosidade não é a mera reação humana aos terrores incontroláveis da natureza, mas também
do deslumbramento estético do universo.
De fato, eu não aceito que a relação "fuga-metafísica" seja necessária, nem evidente. Fazer o quê? Continuar tentanto!
Que é o que não canso de fazer. Todos esses últimos episódios de nossa diálogo derivam exatamente do fato que se:
Eu nego tal encaixe, ao invés de você assumir um erro de interpretação, pensa que se eu me incomodei
é porque o que você disse tem toda pinta de ser verdadeiro!
É claro que eu posso estar errado, mas acho que você já tem todos os elementos para entender o problema, só falta uma
pequena ligação. E o que ela irá mostrar é que é possível sim, que alguém sonhe com o além mundo sem querer fugir deste.
Que alguém estude teologia sem ser crente, quem alguém queira defender um ponto de vista bíblico mais coerente sem querer
acreditar na Bíblia, ou que alguém queira transcender a existência sem querer fugir da imanência.
Mais uma vez insisto que você faz uma certa confusão entre o racional e o emocional. Qual o problema em ser niilista
mesmo sem gostar disso? Você pode querer transcender e ao mesmo tempo não achar que isso seja possível. Eu gostaria muito
de voar, ser invisível, ter superforça, mas eu sinceramente não acho que isso seja possível.
Você parece não estar mesmo negando pela emoção, mas parece estar sim negando pela razão, porque não consegue dissociar
uma coisa da outra, quando essa dissociação, racionalmente, me parece plenamente possível. Ou você entende isso racionalmente
mas nega emocionalmente?
Tanto o culpado, quanto o inocente, quando acusados de algo, tendem a negar. Mas não raro, a qualidade de negação é
diferente. Um bom investigador pode perceber na hora qual é um certo caso, em outros pode demorar mais.
Tudo bem, não sei qual o seu caso, por isso só vou dar mais um conselho: Ainda há uma corte a ser feito. Tende dissasociar
o que por enquanto lhe parece indissociável, ou associar o que parece inassociável, e veja no que dá.
Por fim, reitero também que gosto muito de você. Deleto muitas mensagens neste livro de visitantes, mas é quase impensável
fazer isso com uma mensagem sua. A simples quantidade de mensagens que você tem aqui já mostra o grau de consideração.
Sem contar que na verdade era muito mais!
Um grande abraço.
AMIGAVELMENTE
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3 de Fevereiro de 2008 |
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