A ONIPOTÊNCIA
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Ao longo de toda a obra a Onipotência não recebeu, a meu ver, o tratamento adequado, sendo
apenas citada com um dos atributos de Deus, mas na realidade este não seria um, mas
provavelmente o mais importante e determinante de todos os atributos, uma vez que a
Onipresença pode ser vista como "Poder para Estar" presente, ou a Onisciência como o
"Poder de Saber".
-------É basicamente a Onipotência que irá se chocar contra todo o pensamento agostiniano, medieval e toda e qualquer forma de teologia cristã toda vez que estes tentem eximir Deus de qualquer evento ocorrido no Universo. Em poucas palavras é simples, não há como retirar de um Ser Monoteísta, Onipotente e Onisciente a responsabilidade por qualquer ínfimo detalhe que ocorra no universo, neste sentido, toda a apologética agostiniana, ainda que muito valiosa em diversos aspectos, é inútil, não por qualquer problema com o filósofo, que é inegavelmente genial, mas porque o conceito de Onipotência é totalmente impossível de ser relativizado.
-------OMNIPOTÊNCIA, significaria não só TODAS AS, mas À MÁXIMA. Ou seja, todas as potências possíveis elevadas ao seu grau extremo. Esse conceito por si só é contraditório, pois é evidente que muitas das potências são mutuamente exclusivas, como Força Irresistível e Resistência Invencível, ou as questões relativas ao irritante paradoxo da pedra que não pode ser levantada, e dessa forma não pode existir Onipotência.
-------Poder-se-ia argumentar, como eu mesmo propunha há tempos atrás, que o paradoxo da pedra é uma mera confusão linguística, uma impossibilidade lógica, mas esse argumento já retira algo da Onipotência, pois Deus estaria limitado então ao logicamente possível.
-------É muito arriscado para a teologia cristã adotar essa perspectiva, primeiro porque muitos dos dogmas assumidos como Antinômicos ficariam em cheque, segundo por que isso implicaria em que Deus fosse logicamente compreensível, e assim, humanamente racionalizável, quando na verdade sua Onipotência e natureza deveria estar acima do alcance mental humano.
-------Tendo isso claro, não há como, por absolutamente nenhum tipo de acrobacia intelectual, solucionar qualquer uma das grandes antinomias como a da Imutabilidade e Eternidade em relação a criação de um Universo temporal, ou propor qualquer teodicéia triunfante, por um motivo simples, a razão simplesmente não pode admitir a contradição explícita, que é uma constante sempre que se tentam formular conceitos absolutos e relacioná-los aos relativos.
-------Vivemos num mundo de relações, não temos nada absoluto em nossa experiência concreta, só possuindo absolutos na abstração, e mesmo nela, submetidos a vários limites. Onipotência seria um universo de todos os absolutos coexistindo, algo no mínimo impossível de compreender, mas até defensável como possível embora epistemologicamente inacessível, mas o problema maior ocorre quando tentamos relacionar esse universo de abstrações absolutas ao nosso mundo relativo, o que só resulta em paradoxos e mais paradoxos incompreensíveis.
-------E o problema que permeia toda a obra agostiniana. Uma vez que se reconhece a existência do Mal, como explicá-lo num universo que teria sido criado por um Deus absoluto, Onipotente e Bom?
-------Não há como explicar! É simplesmente impossível.
-------Religiões anteriores, como a greco-romana, jamais sofreriam com problemas similares, pois as divindades dividiam suas responsabilidades pelo universo, o deus criador não é o mesmo mantenedor, que não é o mesmo ideal de justiça. No cristianismo, e no monoteísmo abrâamico em geral, um mesmo ente é Criador, Mantenedor, e Princípio do Bem, e mais, tendo todas essas características elevadas ao grau máximo!
-------Assim é o Deus Onipotente, que dessa forma é responsável por cada evento por mais ínfimo que seja. Para não se alongar demais no tema com relação a obra de Agostinho, basta citar como a idéia de Onipotência aniquila a tentativa de eximir Deus da autoria do Mal atribuindo-a ao conhecimento espontaneamente adquirido pelo Anjo que viria a cair, pelo simples motivo de que se Deus é de fato Onipotente e Onisciente, ele teria conhecimento total e absoluto de cada evento perceptivo ao qual estaria submetido o Anjo, de cada ínfimo detalhe de toda sua experiência e todas as suas inevitáveis reações. Porque então Deus, que poderia dar criação a infinitos outros Universos possíveis, escolhe este onde isso ocorreria? Uma vez que, é lógico, nem tudo o que é logicamente possível existe, porque esse universo pecador em especial? Ou será que existem infinitos universos logicamente possíveis?
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Além disso Deus não teria apenas um conhecimento imediato, mas antecipado. Deus teria
anteconhecido cada um destes detalhes desde toda a eternidade, dado sua Onisciência. Sendo
assim, e investido de sua Onipotência, ele no mínimo permitiu que tudo ocorresse, mas na
verdade nem isso, uma vez que todas as peculiaridades de cada criação e suas experiência
estão em seu poder e conhecimento, ele na verdade Determinou! Isso não pode ser mais evidente,
o problema é que o comprometimento religioso dos filósofos medievais não podem admitir aquilo
que aparentemente só Calvino viria a ter coragem de admitir em sua doutrina de Predestinação.
-------Agostinho adora usar analogias, portanto sigamos seu exemplo. Se alguém sabendo que um crime está para ocorrer, e podendo evitá-lo não o faz, não é então considerado cúmplice?
-------E isso porque estamos falando de um ser humano, limitado em vários aspectos. Não são também os pais responsáveis pelos crimes dos filhos até certa idade? Não é justo que dado a falhas de criação, os Pais também arquem com as consequências dos atos de seus filhos menores?
-------E isso porque sabemos que os pais não tem controle absoluto sobre os filhos. Deus tem! Ele não só tem o conhecimento total, como tem sobre eles o poder total, mesmo infinitamente antes de sequer dar início a criação do universo onde tais eventos se desenrolariam.
-------Esse problema não é ignorado por Agostinho, a julgar pela apologética da existência, onde fica clara uma defesa do fato de porque Deus deu existência a entes que saberia que pecariam, ou porque não lhes induziu por outro caminho. Bem como pela questão de indaga se seria justo punir algo que é no mínimo assumido como inevitável a partir do momento que se cria alguma coisa.
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Deus teria poder para influenciar mesmo sutilmente as decisões de suas criaturas, ou ao menos
reduzir-lhes os efeitos de seus atos, poderia até decidir só dar existência a seres que se
limitassem a um certo campo de atitudes. Mas uma vez que decide, livremente, por em
existência seres que sabe que a natureza lhes levará a pecar, natureza no caso de seu
Livre Arbítrio, porque puni-los? E em especial, e sem dúvida o mais agravante, porque
puni-los com o sofrimento perpétuo? Acaso um ser não preferiria não existir do que existir
em forma de indescritível sofrimento constante? Porque não é dada a esses seres a
oportunidade de decidir se preferem mesmo, de fato, existir no mundo por meras décadas e
depois sofrer perpetuamente? Porque no inferno não lhes é dada a opção de não existir? Se
ela não for aceita, então podemos inferir que o inferno não é tão ruim assim!
-------Ora, o ser inteligente escolhe de acordo com o que tem em vista, se a ele fosse conhecido que seus atos o levariam a destinos tão terríveis, escolheriam pecar?
-------Se for contra argumentado que dessa forma seu Livre Arbítrio seria afetado, como já me foi proposto, então basta replicar com o fato de que então esse Livre Arbítrio já é afetado, pois muitos recebem desde cedo orientações sobre o destino que sofrerão se escolherem tal ou qual coisa. Isso resulta num pseudo Livre Arbítrio, que é colocado acompanhado de ameaças, o que evidentemente não é aceitável.
-------Nesse sentido, o Livre Arbítrio em Agostinho, e em quase toda teologia cristã, é anulado por dois fatores, primeiro por ser condicional, "Eu lhe dou a opção de escolher X ou Y, mas se escolher Y vai sofrer tais e quais consequências que eu mesmo determino". E segundo, porque a ONISCIÊNCIA de Deus, associada a sua ONIPOTÊNCIA, não podem coexistir com a Liberdade das criaturas, pelo simples fato de que ele deu existência a seres cujo caminho já está completamente traçado, e cuja sua Onipotência não lhe permite se eximir de Determinar.
-------Por fim, Agostinho é um dos protótipos de um perfil com o qual já desenvolvi experiência em debates ao vivo, ou na internet, que são pessoas muito inteligentes que respondem pronta e objetivamente a qualquer questão respondível, mas quando submetidas a questões insolúveis como as Antinomias, ao invés de simplesmente confessarem a impossibilidade de resposta, começam a dar voltas em torno do problema, abordando vários outros aspectos que a primeira vista parecem relevantes quando na verdade são escapes tangenciais ainda que válidos e instrutivos em muitos casos.
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Me pouparei de discorrer mais sobre o assunto, mesmo porque já tratei a maior parte em
outros textos que estão disponíveis em meu site na internet, em especial:
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"DEUS?" (www.xr.pro.br/deus.html) Onde abordo os
problemas básicos do Monoteísmo Cristão, com especial destaque para os conceitos de
Eternidade, Perpetuidade, Temporalidade e Super Temporalidade, e inclusive propondo o
Aniquilacionismo e a Apocatástase como formas de solucioná-los.
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"Psicogênese da Religião"
(www.xr.pro.br/monografias/psicogen.html) Onde formulo o esboço de uma teoria psicológica
da Religião com capítulos que abordam a idéia de Deus, incluindo sua descartabilidade, e
sua desvinculação de fundamentos com a Ética.
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Diálogos (www.xr.pro.br/dialogos.html) Onde com meus visitantes
abordo vários temas relativos ao assunto.
PARTE - 3
LIBERTANDO DEUS
-------Não se trata de querer agir como Hércules ao resgatar Prometeu. Ou sim?
-------A idéia é, uma vez que não somente Santo Agostinho como nenhuma outra pessoa jamais foi capaz de propor uma solução clara e satisfatória para conciliar o Livre Arbítrio com os OMNI atributos divinos, bem como conciliar as idéias de Círculo e Quadrado, resta por força da lógica, optar por um ou outro uma vez que não se esteja obrigado a aceitar uma profissão de fé que exija a sustentação das duas.
-------Calvino optou por preservar os Omni abtributos, destruindo o Livre Arbítrio com a doutrina da Predestinação. Eu, pelos motivos que foram expostos na Primeira Parte deste trabalho optei por sustentar a crença na existência do Livre Arbítrio, e tentar garantir sua validação racional.
-------Há logo de início uma decisão fundamental, que é optar ou não pela existência de um ser que mereça ser chamado de Deus. Os existencialistas franceses em geral acreditam que eliminando Deus decorre necessariamente a Liberdade. É possível, mas vejo também a possibilidade oposta.
-------Se o Universo for um total fruto do acaso, e houver uma completa ausência de qualquer "Razão" para a nossa Existência, posso muito bem supor que justo nesse caso seríamos ainda menos livres.
-------Ora, tal idéia, o Ateísmo Existencialista, só é possível em nosso contexto contemporâneo, uma vez que só então tivemos dados de procedência científica capazes de permitir arquitetarmos uma concepção existencial capaz de prescindir das tão vitais noções de planejamento e Cosmos que embasavam o pensamento antigo e medieval.
-------Portanto o Existencialismo tem uma dívida para com a Ciência. A questão é se a credora Ciência também não deveria exigir a venda casada de um pacote de conceitos científicos mais completo, o que incluiria o indeterminismo quântico.
-------Se assim for, a idéia de que o Universo seria, como temia Einstein, um jogo de dados, me parece muito bem aniquilar o conceito de Liberdade como são constantemente aniquiladas as partículas subatômicas. Não seríamos então livres, mas na verdade instantaneamente determinados. As flutuações quânticas presentes nas estruturas elétricas e positrônicas de nossas sinapses seriam então aleatórias. Nós seríamos determinados sim, não por um plano original ou pela contingência das variáveis do Big-Bang, mas pelas flutuações caóticas da femto estrutura da matéria.
-------Se num dado momento mudamos nossas convicções ou não, isso se dá apenas porque, ao acaso, nossos impulsos cerebrais foram condicionados pelo jogo de dados do mundo quântico. Não afirmo que tenha que ser assim, mas me incomoda que os existencialistas pareçam nunca ter examinado a questão nesses termos.
-------Se não for isso, poderemos cair então no próprio Determinismo, o que mais uma vez aniquila nossa Liberdade e Livre Arbítrio.
-------Talvez, e para a mais completa ironia filosófico histórica, seja exatamente Deus que venha nos libertar dessa prisão randômica, e nos garantir a Liberdade, ao estabelecer um grau mínimo de ordem no Universo, sem que caia no extremo oposto do Determinismo, mas para isso, é necessário que esse próprio Deus seja Livre.
-------Pois, se Deus é um ser Onipotente e Onisciente, Imutável e pleno em todas as suas Perfeições, decorre que não pode ser Livre, tal ser não pode mudar, não pode decidir, já está auto decidido, seria tão escravo de sua própria potência quando o é cada uma de suas criaturas. Tal ser teria que criar seres mesmo sabendo que seus destinos estariam selados ao fracasso, e aliás, isso até explicaria muito coisa, explicaria porque ele não pode impedir o Mal, porque não tem liberdade sequer para revogar o Livre Arbítrio de sua própria criação, não por decidir mantê-lo trocando um mal maior por um menor e sim porque não pode faze-lo, uma vez que está desde sempre obrigado a não fazê-lo, obrigado por si próprio.
-------Chega a ser vertiginosa tal idéia, mas não menos do qualquer uma das antinomias inevitáveis decorrentes da tentativa de conciliar o Relativo com o Absoluto.
-------Não vejo outra alternativa que não Libertar Deus de sua própria Perfeição!
NÃO À PERFEIÇÃO
-------Por analogia, ainda que um tanto forçada, digamos que um caixa de ovos no que se refere a sua capacidade só é perfeita quando completa uma dúzia, a partir daí, qualquer mudança só pode levar a imperfeição, menos que uma dúzia.
-------Qualquer mudança em um Ser perfeito significa tirar-lhe a perfeição. O que proponho é um Deus mutável e dinâmico, e por conseguinte não perfeito, ao menos não constantemente, isto é, poderia até ter momentos de perfeição, mas que estariam fadados a ser temporários, num ciclo de perda e reconquista contínuo da perfeição, que poderia levar a um Universo Cíclico.
-------Ou isso, ou admitimos um Ser em constante evolução rumo a uma perfeição, talvez mesmo inatingível. Não importa, o que me interessa é um Deus imperfeito, que apesar disso poderia estar num grau de perfeição incomensuravelmente maior que o nosso.
-------Ora, ao néscio, ao humilde, o homem de grande cultura pode parecer infinitamente mais sábio, embora evidentemente não seja perfeito. Portanto se tivermos uma divindade que, mesmo imperfeita, esteja num grau de perfeição abissalmente maior que o nosso, esta já satisfaria nossas incorrigíveis tendências em nos dirigir para algo maior que nós, do qual sequer poderíamos pensar algo maior. Portanto o próprio Argumento Ontológico pode ser preservado, uma vez que mesmo não sendo Perfeito, tal divindade ainda estaria acima de nossa capacidade de concepção de tal nível de Perfeição.
-------Remover a perfeição de Deus não poderia ser mais simples, basta subtrair o mesmo elemento que inviabiliza o Livre Arbítrio, que é tão somente a ONISCIÊNCIA, Absoluta, que Santo Agostinho geralmente chama de Presciência, ou Onisciência Futura, mas esse termo é omisso quanto a "Ciência" do Presente e Passado, e não especifica a amplitude de tal Presciência, por isso, creio que o simples termo Onisciência, se tomado em seu sentido máximo, implica necessariamente em "Ciência" total atemporal.
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Diríamos então que Deus tem uma Onisciência Relativa, saberia tudo o que é logicamente possível dentro do horizontes de possibilidades criadas pelas múltiplas criaturas. Como Deus poderia saber o que eu farei amanhã se eu mesmo ainda não me decidi? Se sou realmente livre, eu poderia fazer algo que ele não previra com absoluta certeza. (Idéia extraída de Richard Swinburne, na obra Será que Deus Existe?)
-------É claro que Deus, tendo alguma Onisciência, conheceria melhor do que qualquer coisa as possibilidades futuras, conheceria as maiores probabilidades, e provavelmente acertaria na maioria esmagadora das vezes sobre os eventos imediatamente próximos, porém, quando maior a distância no futuro, menor seria sua precisão probabilística, e portanto o futuro iria se tornando cada vez mais nebuloso para Deus da mesma forma como o é para nós. Tenho uma altíssima probabilidade de saber o que farei amanhã, mas e quanto ao que farei daqui a anos?
-------Essa semi Onisciência resultaria em Deus não conhecer plenamente o futuro em todos os seus detalhes, ainda que tenha poder para determinar algumas de suas características gerais. E tal enfraquecimento da Onisciência também implicaria, claro, numa redução da Onipotência, pois ele não teria o poder de saber tudo.
-------Sendo assim, e considerando que se Deus não sabe absolutamente sobre todo o futuro, em contrapartida poderia saber sobre o passado, decorre que seu conhecimento iria sempre aumentando, uma vez que conceituemos que essa Divindade possua uma memória "perfeita". Se vai crescendo em conhecimento, vai mudando, evoluindo, sendo então um ser dinâmico.
-------Outra decorrência inevitável é que essa divindade teria mesmo sua característica de Eternidade comprometida, é óbvio, mas que diferença prática faria para nós um ser Eterno de um ser com a idade de uma vida de Bhramam? Ou seja 311 bilhões de anos.
-------Mais um ponto a se considerar, antes que me acusem de uma excessiva antropomorfização de Deus, se não seria mais antropomórfico querer ter um deus tão próximo, com no máximo umas 9 classes de anjos de intermediários, a ponto de acharmos que logo acima de nós está o Ser Perfeito? Ou se, por outro lado, não seria teomórfico demais queremos estar tão perto de Deus a ponto de sermos capazes de supor que a Eternidade, a Perfeição e portanto o Fim último do Universo são coisas das quais sequer remotamente podemos esboçar? Quem poderia dizer quantas miríades de seres, e quanto graus de perfeição existiriam entre nós e um ente definitivamente Terminal?
-------Essa divindade que proponho é bem menos do que o Deus que os teólogos tradicionais tenha querido crer por milênios, mas eu diria que eles talvez tenham se precipitado em achar que poderiam dizer o que quer que fosse sobre o Supremo Absoluto, do qual as inúmeras antinomias seriam o mínimo que deveríamos esperar como resultado de tão infrutíferas tentativas de elaboração.
-------Portanto, volto a insistir que talvez nos fosse mais útil, mais tratável e sensato crer que antes estamos subordinados a uma hierarquia de seres imperfeitos, embora incalculavelmente mais perfeitos que nós, sobre os quais podemos dizer algo um tanto mais plausível, do que falar em paradoxos absurdos e ininteligíveis na tentativa de versar sobre o Enésimo Céu. E nos contentar em falar sobre essa divindade como o máximo que podemos conceber sem violar os fundamentos primários de nossa racionalidade, pois não posso crer possuir qualquer relação direta e passional com um ser que exige que eu aceite que Um seja igual a Três, quando este mesmo ser teria me dado todas as faculdades mentais para concluir o contrário.
-------E não estou aqui a defender uma mera transferência de problema, pois se eu admitir um ser Perfeito e Absoluto mesmo que seja no último nível, fatalmente irei incorrer no mesmo aprisionamento, e ainda subordinando uma inumerável hierarquia de deuses ao mesmo determinismo.
-------Quis apenas argumentar que insistir em querer ver a perfeição em Deus é nada menos que contraproducente, algo que mesmo inutiliza a Teologia, que termina por fazer pouco mais que produzir miríades de insondáveis paradoxos. Concordo com a máxima "sobre o que não se pode falar é melhor calar", ou melhor, nem sequer se fala!
-------Portanto, proponho deixar de insistir em conceitos irracionais, incompatíveis com nossa Mente, e partirmos para algo que faça sentido, pois vejo que toda a Teologia nada mais tem sido do que uma tentativa custosa de relacionar tudo o que nós mesmos criamos, que é o que nós útil e plausível, com proposições simplesmente absurdas, não que eu discorde que existam aparentes absurdos intrínsecos à nossa própria existência e muitas questões primárias virtualmente insolúveis, mas insistir em associar tantos conceitos faláveis como Ética, Justiça, Bondade, Origem, Beleza, com algo totalmente infalável, como Absoluto, Eterno, Perfeição e similares, me soa quase como um suicídio conceitual, que elabora idéias tão filosoficamente ricas para por fim destruí-las na obscuridade do inexprimível.
Mais do que isso, o conceito de Perfeição pode ir diretamente contra a idéia de Infinito, pois a Perfeição é um estado ao qual nada mais pode ser acrescentado, e sendo assim, seria um limite quantitativo que colocaria fim a uma progressão. Se vista apenas como qualidade, e não quantidade, a Perfeição seria no máximo um conceito abstrato e totalmente inacessível a nossa experiência, mas ainda vago. Assim como a temperatura de um milhão de graus, que podemos abstrair assim como o podemos com temperaturas muito maiores, mas que não nos é possível sequer imaginar como uma experiência sensível, pois acima de algumas centenas ou milhares de graus nosso corpo não nos permitira perceber a diferença.
-------A Perfeição seria então, um mero conceito, tal como o de Calor, que serve como referência a uma linha unidimensional de valores. Sabemos que há a Temperatura, que tende ao Frio ou ao Calor, pela física, podemos até determinar uma temperatura mínima, 0 Kelvin, mas não exatamente uma máxima, portanto a palavra Calor não significa uma Temperatura à qual nada mais pode ser acrescentado. O mesmo poderia-se dizer sobre a Perfeição. Seria como uma linha unidimensional de valores que tende ao Perfeito ou ao Imperfeito, mas que não implica necessariamente a que haja um limite.
-------Podemos também vê-la como um mero erro linguístico. Usamos por exemplo os conceitos de Pequeno e Grande, para uma linha unidimensional de "Tamanho", mas sabemos que nada é apenas Grande ou Pequeno, mas sim "Maior que" ou "Menor que", dada a relatividade intrínseca da realidade. Dizer que um coisa é "grande" é simplesmente apelar para um contexto que dê a relação, ou dizer uma palavra vazia.
-------Dessa forma também não haveria o "Perfeito", mas apenas o "Mais perfeito que", e assim como não faz sentido afirmar que existe O Grande, ao qual nada mais pode ser acrescentado, também não haveria A Perfeição, mesmo porque contraria a idéia de Infinitude, a não ser é claro como uma abstração poética e desprovida de significância.
-------Por fim, são dois problemas que eliminamos eliminando a Perfeição de Deus, a inconciliável contradição da Onisciência e Onipotência contra o Livre Arbítrio, e todos as inúmeras antinomias resultantes de conciliar o Absoluto com o Relativo, sem destruir um dos dois. Nos livramos do mau hábito de anular tudo o que podemos conceber ao relacioná-la a uma matriz da qual nada pode ser sequer concebido, e o mais importante, nos livramos de uma vez por todas da herança arcaica de religiões pré-filosóficas que legaram paradoxos indissolúveis aos pensadores medievais e seus descendentes, o que soa quase como uma "pegadinha" macro histórica, como propor enigmas aparentemente coerentes que embaraçam os curiosos, para depois rir deles ao explicar que o problema não faz sentido, que não passa de uma brincadeira.
-------Sinceramente, é assim que eu vejo os dilemas fundamentais da Teologia, são questões que em parte derivam de problemas filosóficos legítimos, mas na maior parte, derivam simplesmente da autoridade arbitrariamente instituída a fontes literárias que jamais tiveram a intenção de fomentar discussões racionais. Os livros sagrados não deveriam ter sido levados tão a sério em termos lógicos.
-------Apesar de tudo isso, não veja a necessidade de jogar tudo fora, pois há questionamentos genuínos, que no entanto são, a exemplo de Agostinho, tornados insolúveis dado ao compromisso com os elementos poéticos e místicos da literatura religiosa.
-------Se nos livramos desses encargos e compromissos com revelações divinas incompreensíveis, temos muitíssimo mais possibilidade de formular algo mais plausível, por mais que lamentemos a perda de determinados elementos de revestimento sobrenatural.
-------Vale lembrar mais uma vez, porém, o profundo abismo epistêmico ao qual parece que sempre iremos nos deparar. Fato inegável, devo admitir, que minha proposição está longe de oferecer uma solução segura para tais dilemas existenciais, mas creio que ela ao menos tem a vantagem de não insistir no irracional, e pretender achar um meio termo razoavelmente satisfatório entre a Liberdade e o Destino.
CAOS E ORDEM
-------Pensemos em nosso Universo. Ele pode ser Determinista, Caótico, ou algo entre os dois. Em ambos extremos não vejo como poderíamos garantir qualquer liberdade, portanto a solução deve residir num óbvio meio termo.
-------Notamos Caos e Ordem no Universo, ou melhor, notamos Ordem, uma vez que algo totalmente caótico sequer nos é compreensível, mas percebemos graus de ordem. Um grau maior numa sala de aula onde as carteiras estão rigorosamente alinhadas, um menor onde as carteiras estão desalinhas, e muito menor onde estiverem ao máximo emboladas, viradas, umas sobre as outras e danificadas.
-------Ainda assim há ordem, a própria gravidade obriga que elas estejam mais próximas do chão do que do teto, e mesmo sem isso, podemos distinguir entre as carteiras e as não carteiras. O simples fato de haver matéria agrupada num determinada forma, implica em Ordem.
-------Um Caos total seria se todas as mais ínfimas partículas estivessem completamente desordenadas. Seria a total ausência de matéria coesa ou energia coerente. O Caos, em sua essência, seria um estado de tal amorfismo, de tamanha ausência de quaisquer relações previsíveis, que nem mesmo poderíamos usar nossos termos para defini-lo, pois nomear, definir, implica em estabelecer Ordem.
-------Mas o Caos seria a potência fundamental do Universo, nele estão contidas todas as possibilidades, todas as partículas necessárias a construção de qualquer ordem estão lá. Mas o que poderia ordená-lo?
-------Algo deve estabelecer a Ordem, pois me parece no mínimo contraditório que a Ordem possa emergir espontaneamente do Caos, ou este não seria Caos. Ou se tal ordem emerge de fato, teríamos então a não existência de um absoluto Caos, mas sempre de algum nível de Ordem, portanto, teríamos apenas Ordem no Universo, em graus distintos. Ou, melhor dizendo, Caos e Ordem meros extremos possíveis do estado do Universo.
-------Com isso faço um paralelo com o argumento invencível que Agostinho apresenta no Livro Segundo Capítulo XVII. O SER NÃO PODE VIR DO NÃO-SER! O ENTIFICÁVEL não pode Entificar a si próprio! Apenas correlacionei isso com A ORDEM NÃO PODE VIR DO CAOS, digamos, espontaneamente.
-------Portanto faz-se necessário estabelecer um Ente que, ou extraia a Ordem do Caos, um Demiurgo, ou uma Ordem perpétua. Simplificando, ou existe um Ser que criou o Universo, ou o Universo, de alguma forma sempre Existiu. Ou, levando a uma concepção mais ousada, Existe um Deus, ou o Universo é o próprio Deus.
-------Talvez, e muitos dados da ciência podem reforçar isso, o Universo seja uma interminável disputa entre a Ordem e o Caos. Disposições aparentemente naturais parecem dirigir tudo no sentido do Caos, como a Entropia, mas há fatores que resistem e impõem Ordem.
-------E para chegar então ao amálgama da questão, podemos simplesmente entender que não havendo Ordem Absoluta, não pode haver Pré-Determinação Absoluta, ou esta exigiria no mínimo uma Ordem intrínseca a todo o aparente Caos.
-------Por outro lado, e este bem menos amigável, a ausência de Ordem Máxima não seria favorável a possibilidade de um Caos Máximo? Ou seja, não seria isso um campo aberto para a idéia da total aleatoriedade, e portanto da aniquilação da Liberdade pelo Caos onipresente?
-------Bem, como somos seres mais inteligentes do que aqueles que só podem distinguir 0 de 1, não temos dificuldade para entender que a ausência de Ordem Absoluta não implica em Caos Absoluto, mas a um óbvio intermediário, portanto, teríamos a Ordem no Caos, ou o reverso, teríamos um incessante jogo de forças entre duas tendências de sentido antagônico.
-------Nós mesmos, como seres conscientes, somos exemplos dessa dinâmica. Nossa racionalidade exige, demanda e impõe Ordem. Sempre estaremos sujeitos aos azares do Caos e Aleatoriedade, mas temos um grau de autonomia na medida em que nossa própria Mente só funciona a partir do ordenamento dos entes.
-------Toda a existência seria uma sequência de imposições da Ordem sobre o Caos. O Universo seria a imposição sobre o Caos primordial, a vida, a vitória sobre a insuficiência organizacional incompatível com a complexidade exigida pelos organismos, seres ordenados, a Inteligência, a superação da Ordem sobre o Caos, sobre a dificuldade de se estabelecer um sistema suficientemente complexo para discernir e as relações Causais da realidade.
-------Temos vários níveis de vitória da Ordem sobre o Caos, mas até aqui, isto não parece eliminar totalmente a possibilidade de que um deles prevaleça no futuro, ou tenha prevalecido em absoluto no passado, o que corresponderia em admitir um Determinismo, a Ordem Absoluta, ou a total aleatoriedade, o Caos Inviolável.
-------A resposta que pode nos ajudar a concluir em favor da possibilidade da Liberdade é a que nos livre dos extremos da Ordem e Caos, e na verdade é extremamente simples.
-------Se houvesse Perfeição não haveria Movimento. O Eterno não muda, é intemporal, assim seria a Ordem Absoluta. Poderia-se argumentar que trata-se de uma imperfeição temporária rumo à perfeição. Mas se há então uma imperfeição, como garantir que ela necessariamente irá conduzir-se à perfeição? Um processo imperfeito jamais poderia ter garantias de chegar, mesmo retornando, a uma perfeição perdida.
-------Mais desafiador é propor que tal perfeição seria dinâmica, ou seja, uma Ordem Absoluta porém em movimento. Como um Relógio Divino em movimentos cíclicos infalíveis, com destino previsto. Porém isso implicaria necessariamente na idéia de Tempo, e portanto tal perfeição seria incompatível com a Eternidade.
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Creio que a maioria dos teólogos não deixaria de ver um problema sério aqui, o de separar a
Perfeição da Eternidade, e com razão, pois havendo movimento, decorre que o estado de coisas
num momento não é o mesmo estado de coisas de outro momento, sendo assim cada um desses
momentos não é perfeito em si, não está plenamente "Perfazido", se assim fosse, teríamos
várias perfeições em instantes diferentes, e é ainda mais problemático crer que a Perfeição
possa ter várias formas. E se cada uma destas partes não for perfeita, como o todo poderia ser?
-------Poderia-se argumentar exatamente o oposto, que a perfeição está exatamente no todo, não nas partes, e portanto o Universo seria um Ciclo Perfeito constituído por fases por si só imperfeitas. Tal Universo seria necessariamente Determinístico, ou nada poderia garantir que o Ciclo se completasse. Tais fases temporárias seriam permeadas de uma Ordem Absoluta mesmo numa aparente desordem, e sendo assim, o Caos seria mera ilusão.
-------Mas se examinarmos com mais atenção, veremos que esse argumento simplesmente nada acrescenta, pois o problema continua, como podemos afirmar que as Fases temporariamente imperfeitas poderiam garantir uma Perfeição Final, ou melhor, elas não seriam de fato imperfeitas, e voltamos então ao problema inicial. Pode a Perfeição ser Dinâmica, dissociada da Eternidade?
-------Provavelmente o problema esteja em nossos termos linguísticos, as palavras Perfeição e Eternidade não parecem apropriadas para descrevermos racionalmente o que intuitivamente entendemos, mas o questão permanece, ainda que mal expressa: Pode o Eterno se Mover? Pode o Perfeito se Perfazer?
DEMIURGOS
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Deus seria no caso nosso Demiurgo Ancestral, seria o responsável primário pelo advento de
um grau suficiente de ordem para permitir uma existência que traria o que temos, nosso
Universo. Portanto toda a Ordem emergente dependeria da ação deste Ser original.
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Antes que me adiante demais, acrescento que quanto a idéia de que um Ser possa criar Algo
do Nada, tal não passa de mais um delírio linguístico tão improcedente quanto afirmar que
Algo possa vir do Nada. Ora, o próprio Agostinho declara que o Ente não pode Entificar-se a
si mesmo, ou seja, somente Deus poderia Criar coisas, que jamais criariam-se a si próprias.
Dessa forma, que outra coisa estamos dizendo que não "A Matéria vem de Deus"!
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As coisas não procederam do Nada, elas procederam de Algo, de Deus, que as gerou. A essência
das coisas então provieram da essência de Deus, tudo deriva de Deus, e sendo assim, tudo, em
maior ou menor grau, é Deus.
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Não seria isso uma forma de Panteísmo? Acredito que sim. Me parece haver uma semelhança
muito grande em dizer que Deus é Tudo, e que Deus Está em Tudo, uma vez que é Onipresente e
Onisciente, e que toda existência depende dele.
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A diferença entre o Panteísmo e o Monoteísmo seriam meramente de concepção temporal. No
primeiro normalmente acredita-se que Universo e Deus sempre coexistiram, ainda que como
faces da mesma moeda, no segundo que Deus existia antes do Universo.
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Não importa para a questão aqui, onde antes pretendo defender que a simples necessidade de
Ordem no Universo requer a idéia de um Ser, um Ente Ordenador, ou essa Ordem é tal próprio
Ser em Si.
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Portanto, para resumir minha posição, Deus seria a Entidade que estabeleceria Ordem no
Universo, e assim, qualquer tipo de Ordem seria um Reflexo deste Ser Ordenador.
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Se há Ordem, mesmo em mínimo grau, há alternativa para a aleatoriedade, não temos que ser
joguetes de um jogo de dados imprevisível em todos os aspectos de nossa existência, embora
sempre estejamos sujeitos a tais flutuações.
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Havendo Ordem, basta que a mesmo não seja Absoluta para que a Determinação não destrua
nossa liberdade.
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A Liberdade, e consequentemente o Livre Arbítrio, seria o resultado inevitável da tensão
entre a Ordem e o Caos. Somos livre na medida em que tentamos ordenar o inordenado, ou
alterar ordens estabelecidas. Como não podemos fazê-lo de modo absoluto, somos sujeitos
a falhas, e portanto imperfeitos, de modo que nossos caminhos estão abertos e nosso
futuro indeterminado.
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Nossa Liberdade Física estaria garantida apesar das limitações que a Ordem Natural nos
impõe enquanto anuladora do Caos. A Leis Físicas que impedem o Caos possibilitam nossa
existência como Entes Ordenados. Porém tais Leis não são Absolutas, mas sim restritas a
certos âmbitos, e em suas lacunas podemos nos mover livremente.
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Nossa Liberdade Mental é garantida em parte pelos mesmos motivos, pois podemos considerar
nossas mentes como o resultado da atividade física de nossos cérebros, ou como instâncias
extra-físicas que se, são ordenadas, também obedecem a certas leis e parâmetros que porém
também não podem ser absolutas, deixando lacunas para a liberdade.
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Temos então uma curiosa inversão do "Deus das Lacunas", a "Liberdade das Lacunas" estaria
garantida exatamente pelas Lacunas que Deus não Preenche. Seríamos nós e Deus, parceiros na
aventura existencial de impor Ordem no Caos.
MEU DEUS
-------Não me importa, na verdade, que exista um Deus Panteísta ou Monoteísta, se há um Universo Perpétuo Contínuo ou Cíclico, se há um Ser Criador ou um mero Demiurgo. O que insisto é que o Universo tem que ter um Princípio Gerador ou ao menos Ordenador, e que este princípio necessariamente deve ser incriado, tendo existência Retro-Perpétua.
A esse princípio chamarei genericamente de Deus, ainda que isso não seja de meu total agrado devido à carga atribuída à esta palavra. Esse Deus está longe de ser o que os teólogos tem predominantemente defendido ao longo dos séculos, não é absolutamente ONISCIENTE, tendo Presciência restrita, e sendo assim não é ONIPOTENTE, nem ETERNO, nem IMUTÁVEL.
Uma vez como princípio ordenador, ou mesmo gerador, sobre um Universo com níveis variáveis mas sempre presentes de Caos, decorre possuir um nível de controle, e portanto liberdade de ação, porém relativo, o que mais uma vez garante a liberdade e possibilidade de mudança e evolução, não correndo o risco de ser escravizado pela sua própria Potência.
Esse Deus seria Livre.
É essa Liberdade que creio nos ser legada, como seres que compartilham com Deus o mesmo princípio de ordenamento, ainda que provavelmente numa escala muito menor. Havendo Ordem, não somos joguetes da aleatoriedade, mas não sendo essa Ordem Absoluta, não somos escravos da Pré-Determinação.
Esse Deus nos Livra. Esse Princípio de Ordem, salva nossa Liberdade e Livre Arbítrio.
Marcus Valerio XR
10 de Dezembro de 2003
BIBLIOGRAFIA
AGOSTINHO. O Livre Arbítrio. Tradução de Antonio Soares Pinheiro, Braga Faculdade de Filosofia, 1986.
SWINBURNE, Richard. Será que Deus Existe? Ed. Gradiva, Lisboa, 2002.
FEUERBACH, Ludwig. A Essência do Cristianismo. Original de 1841.
ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL