DreamBook Marcus Valerio XR Quinta Mensagem de Priscila Monteiro Esponton priscila_monteiro@yahoo.com Caro Marcus Mesmo durante o carnaval não paro de colocar a cabeça pra funcionar, então escrevo novamente. Olá Priscila. É sempre um prazer dialogar com você. A história q te contei sobre a cicatriz da menina irmã da menina falecida foi declarada pela mãe das crianças. Realmente, a mãe pode ter se influenciado pela emoção do momento e dado uma declaração crédula. Mas existem outros casos q vou comentar mais pra frente ainda nesta carta. Ok. Qto à cicatriz da irmã da menina falecida, não seria uma marca perispiritual de uma encarnação passada. De forma nenhuma disse q era isto, pois concordo com vc que se assim fosse, a garota teria uma marca muito maior da violência cometida em seu assassinato. Mas pensei q dentro do contexto kardecista, isto poderia ser um sinal, uma evidência para mostrar q ali estava reencarnada a irmã falecida. Só isto. Entendo, porém isso também pode soar um tanto estranho. Porque uma evidência neste caso e não em tantos outros? Será mesmo apropriado para o Karma dos pais, que os levou a sofreram a perda violenta da filha, que eles tivessem esse sinal? Isso não seria uma espécie de violação da evidente estrutura espiritual de nosso mundo, que claramente bloqueia o acesso direto ao mundo espiritual? Um outro caso q conheço é de irmãs gêmeas q morreram. Logo depois a mãe engravidou novamente, de gêmeas (tudo bem, aí entraria a predisposição genética para ela engravidar novamente de gêmeos). Os pais tinham deixado o quarto de suas filhas falecidas do jeito q estava, as coisas todas guardadas. Pois bem, quando as segundas gêmeas começaram a falar, abriram os móveis onde estavam muito bem guardados e escondidos os brinquedos de suas irmãs q tinha falecido, e aí disseram: "Foi aqui q nós deixamos nossos brinquedos". Este é apenas um caso. Seria muito interessante. Faz lembrar o método usado pelos budistas tibetanos
para reconhecer o novo Dalai Lama. O único problema, é saber como isso foi documentado. Não basta
a declaração dos pais. E no caso de crianças é praticamente impossível promover experiências
controladas sem ferir princípios éticos.
O testemunho dos pais e ocasionais declarações de crianças não são evidências confiáveis para
estabelecer uma possibilidade tão fantástica quanto a reencarnação.
Agora um caso famoso, que gostaria de lhe perguntar. O filho da atriz Nair Bello morreu jovem ainda, e ela foi encontrar Chico Xavier para ver se ele tinha alguma "mensagem" de seu filho. Pra surpresa dela, Chico disse coisas q nem ela nem seu marido lembravam (pra vc ter uma idéia, o marido dela teve q ir pra Limeira, no interior de sp, pra confirmar com a família e amigos de lá histórias e fatos narrados por Chico Xavier que nem eles mesmos lembravam). E os fatos e histórias estavam todos corretos. Como se explicaria isto? Seria cientificamente explicado como HIP - Hiperestesia Indireta do Pensamento? Chico Xavier conseguiria captar informações mentais de Nair Bello que nem ela mesmo lembrava, por estas informações estarem armazenadas em seu subconsciente? Sinceramente nem sei o que é Hiperestesia Indireta do Pensamento. Mas aqui,
mais uma vez, a única coisa que temos é uma estória, só isso. Há milhões de estórias no mundo,
sobre fantasmas, duendes, ETs e chupacabras. Isso não basta para estabelecer evidência sólida.
Poderia ser que as tais "lembranças" fossem fatos que jamais ocorreram, mas que os pais e
familiares, no embalo emocional, acabaram com corroborar, e a construção de memórias falsas é
fato corriqueiro na vida de quaisquer pessoas, em especial sobre forte pressão emotiva.
Sem dúvida que pode ser que seja verdade, mas não há motivos suficientemente sólidos para que
se acredite nisso além de dúvidas. Você verá que em todos os grupos que crêem no que quer que
seja, sempre há testemunhos que alegam provar o que se crê. Mas isso em geral são apenas mitos
e lendas.
E não é tão difícil imaginar um prova real. Pessoas desaparecidas e mortas poderiam muito
bem enviar mensagens revelando onde estão seus corpos. Em certos casos, médiuns poderiam até
receber informações de onde e como achar provas que incriminem ou inocentem alguém num caso
judicial complicado, ou cientistas e pesquisadores poderiam enviar informações para completar
suas teorias científicas.
Não sei de nenhum caso desses. Tudo o que se houve são informações vagas. Há muitas
experiências que poderiam confirmar esses fenômenos mas nenhuma delas é feita. Há muitas coisas
que eu poderia perguntar para uma pessoa querida recém-falecida que pudesse comprovar que de
fato ela está mesmo falando comigo, porém a maioria das pessoas, no sofrimento, não está
preocupada em buscar provas, elas querem conforto. Desmascarar uma possível fraude ou elucidar
um possível equívoco seria apenas mais sofrimento, elas preferem acreditar. Por isso não farão
perguntas difícies, irão apenas querer saber se a pessoa está bem, se está feliz, e em como
é belo o lugar onde ela está, irá querer ouvir que amada e dizer que ama, e não muito mais que
isso.
Não dá pra extrair muita coisa concreta de situações como essas.
E o que o espiritismo afirma q acontece aos espíritos q atingiram o grau máximo de evolução? Eles não precisam mais reencarnar, e então o que farão? Não mais existirão? Ou existirão pra sempre pra ajudar aos outros? Acho q isto cai um pouco naquela questão da perfeição versus dinamismo, se eles já forem espíritos puros (q chegaram ao máximo grau de perfeição do espírito), já estão prontos, completos, acabados, não tendo mais razão de existir. Se continuarem existindo, nem que seja pra ajudar as pessoas, é porque ainda têm dinamismo, estão em movimento, estão por pouco q seja aprendendo algo, então portanto não são ainda perfeitos, pois ainda estão em processo de mudança, mudando a si mesmo e aos outros. Então a reencarnação seria um processo infindável?!?!?!?! Ou então não há perfeição; mas se ela não existe, pra que evoluir então? Nesse caso não vejo muito problema. Você sabe que nunca poderá atingir um
grau máximo e absoluto em alguma atividade, mas isso não faz com que você deixe de se aperfeiçoar.
Poderia muito bem ser o simples caso de usar termos como Perfeito, Pureza e Evolução em sentidos
não tão rígidos e literais.
Pode muito bem nunca haver limites para a evolução espiritual, mas sim um limiar a partir do
qual não nos seja sequer compreensível, que nos faria ver erroneamente um limite de perfeição.
Você deve saber que o Kardecismo prega vários níveis de esferas existenciais, e cada uma delas
cumpre certas funções. Pode ser impossível para nós, de um Planeta de Provas e Expiações,
entender o que haveria num Planeta Celestial, mesmo que ambos esses planetas apresentam espíritos
nos mais variados graus de evolução.
Qto às experiências transcomunicatórias, vou me informar melhor e volto a falar no assunto. De qualquer forma, vi pouca coisa contra a transcomunicação, grande parte delas feitas pelo CLAP - grupo do padre Quevedo. Ele diziam que seriam somente fenômenos mentais e parapsicológicos. Mas, algo impediria a mente de manifestar algo espiritual? Ou seja, ser um fenômeno parapsicológico, mas tbm espiritual? O espirito conforme o kardecismo não poderia usar o máquina física cerebral pra se manifestar, como no caso da mediunidade? E outra coisa, será q já temos conhecimento suficiente sobre o cérebro pra eliminarmos certas possibilidades?? Pelo q eu saiba o cérebro é ainda cheio de mistérios para a ciência. A questão não é haver coisas contra uma alegação extraordinária, mas sim ver
o que ela tem a favor. Que evidências temos da transcomunicação? Se os espíritos estão num plano
superior, por que não nos dizem algo que poderia ser verificado?
Bastaria pedir pelo aparelho de transcomunicação, que nos seja dito que carta de baralho
estamos segurando virada para baixo, que acabamos de tirar de um jogo embaralhado e nem mesmo
nós sabemos qual é.
Bem, fenômenos mentais são fato, afinal temos Mente, ainda que não sabemos exatamente o que
seja, e tudo que nela ocorre pode ser considerado um fenômeno. Também podemos chamá-los de
fenômenos Psicológicos.
Já fenômenos Parapsicológicos envolveriam capacidades ocultas da Mente, tais como Telepatia,
Telecinésia ou Clarevidência, que jamais foram provados apesar de exaustivamente estudados nos
anos 50 a 70, inclusive para fins militares.
Fenômenos Espiritual, nesse caso, poderia ser considerado, ou estaria no mesmo grupo dos
fenômenos Parapsicológicos. Quanto a saber como o Espírito iria ativar fenômenos por meio da
Mente, é uma outra história. Pelo Kardecismo, é necessário um Médium, que faz a ligação entre
os dois planos, ou então teríamos espíritos muito poderosos.
Na época de Kardec, acreditava-se muito na ligação sutil entre a Matéria e o provável Mundo
Espiritual, e muitos achavam mesmo que se estava em vias de demonstrá-lo cientificamente. Mas
até agora nada.
Já o Cérebro é outra coisa. Trata-se de um órgão físico, eletroquímico, que podemos detectar,
medir e fazer miríades de experiências, e cujo nosso conhecimento sore tal cada vez aumenta mais,
justamente a medida que vamos descartando hipóteses fantásticas que antes pareciam válidas devido
nossa ignorância sobre os processos cerebrais.
Hoje podemos dizer quais e como são ativadas certas áreas do cérebro responsáveis por certos
fenômenos, e podemos dizer como desativá-las. Podemos saber quais as causas neuroquímicas de tais
manifestações. Antes, estávamos a mercê de acreditarmos em possessões demoníacas e fenômenos
paranormais.
Outra coisa: se os espíritos não existem, daonde saiu toda a literatura espírita que eles alegam ter sido psicografada? E as coincidências entre vários médiuns em diferentes países? Seriam todos fenômenos coletivos parapsicológicos, coincidências estranhas ou invenções das mentes dos diversos médiuns? A literatura espírita saiu do mesmo lugar de onde saíram todas e quaisquer literaturas por mais realistas ou fantásticas que sejam, da Mente Humana, essa insuperável "máquina" de criatividade. Sinceramente não sei quais são as coincidências de que você está falando, mas é fato que a maioria dos escritores são também grandes leitores exatamente do tema sobre o qual escrevem. Além disso, dependendo das questões envolvidas, não existem muitas possibilidades, de modo que a convergência é inevitável. No nosso penúltimo diálogo, perguntei se a história da pessoa ter q reencarnar, herdando um karma de acordo com o q fez numa vida passada, não seria uma outra forma da Lei de Talião, "olho por olho, dente por dente" (vc herdaria um karma de acordo com o que fez de errado). Mas conversando com um espírita, ele me disse q, enquanto na prática da lei de Talião as duas partes saem prejudicadas (ex: alguém arranca o meu olho, eu vou e arranco o olho dele, os dois saem infelizes), no Karma não é isso que ocorre, pois a pessoa tem a chance de evoluir, e isso é positivo, por isso não se constituiria num "olho por olho, dente por dente", mas sim realmente numa lógica amorosa, que dá à pessoa a chance de melhorar e evoluir. Achei interessante esta explicação. Também achei. Gostaria se possível saber mais sobre o budismo. Eu sei q existem várias formas de budismo (maometano, tibetano...), mas gostaria de conhecer em linhas gerais sua teologia, se vc souber algo ou puder me recomendar algum material, eu agradeceria. Pra começar, não existe nenhum Budismo "maometano". Um bom lugar para você procurar é o DHARMANET, mas há muitos outros lugares. Além disso, hoje em dia o que não faltam são publicações sobre o tema. Procure em livrarias e bibliotecas, mas nunca se esqueça de comparar fontes diferentes. Sobre o argumento da Navalha de Occam: será q seguindo-o, não corremos o risco de cair num simplismo demasiado?? Simplificar demais as situações e explicações não pode restringir a busca da verdade?? Depende do que você está entendendo como "Simplismo". A Ciência caminha grandes distâncias em passos pequenos, e esses passos podem ser considerados simples. É preciso avançar com cuidado. Essa "simplicidade" é decorrência inevitável do método científico, vamos examinamos as proposições por ordem de complexidade, tal como resolver numa prova as questões mais fáceis primeiro. É claro que a situação pode nos levar a uma inevitável complexidade, mas isso deve ser feito aos poucos, com cuidado. Falando de Jesus Cristo: eu já conhecia o argumento q "ausência de evidência não é evidência de ausência". Acho q será difícil provar se realmente Jesus existiu ou não. Na verdade, difícil é provar que ele existiu. Provar que não existiu é Impossível. Não faz sentido provar uma "Não-existência". Mas de qualquer forma, comentamos sobre a questão do código moral cristão, bem avançado pra época. E, vc comentou no último email: "...Mesmo assim, isso no máximo provaria que haveria um homem à frente de sua época, como sempre houveram em diversas outras ocasiões, com muito melhor comprovação inclusive..." Mas, por exemplo: Santos Dumont inventou o avião, e com certeza com o tempo houve aperfeiçoamento de sua invenção. Mas, haveria aperfeiçoamento se não houvesse a invenção?? Devemos esquecer o criador oficial de algo, só pq depois muitos outros melhoraram a aperfeiçoaram sua criação de forma mais pública?? Acho q isto talvez valha pra doutrina cristã, é claro q houve muitos outros depois que levaram a conduta cristã à frente de sua época e com muito melhor comprovação como vc disse, mas se não tivesse existido a doutrina inicial, mesmo que com falta de comprovação, como haveria os que continuassem até hj? Mas o que você entende por "Invenção"?! Inventar não é tirar algo do nada,
muito antes de Santos Dumont já se concebia o vôo humano e se tentava consequí-lo. Inúmeras
engenhocas aladas foram inventadas e testadas, e quase todas falharam, até que homens como
Santos Dumont e os Irmãos Wrigth conseguiram resultados mais satisfatórios.
Jesus também não Inventou "nada do nada". Mais de 90% de sua doutrina já estava espalhada
pelo Velho Testamento, e outros movimentos muito ateriores a ele, que por sua vez buscaram suas
inspirações em fontes mais antigas, de modo que pouco a pouco, com passos simples e modestos,
foram construindo a complexidade.
É assim que ocorre Evolução.
Paro por aki. Só uma pergunta, tem algum problema estabelecermos um longo diálogo, direto, assim como estamos fazendo? Pois se tiver algum problema, eu posso juntar mais material, e mandar aos poucos as cartas, mais pra frente. Esteja à vontade pra me falar, ok?? Não há problema algum. Mas aos poucos o diálogo deve ir se refinando. Não adianta por exemplo insistir em contar estórias sem melhores evidências para serem analisadas. Abraço Priscila Monteiro Esponton. Monday, February 23rd 2004 Esteja a vontade Priscila.
Amigavelmente
Marcus Valerio XR |
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