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Lucas Banzoli
São José dos Pinhais-PR
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1992
Estudante
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Evangélico
817, 819
l u c a s _ b a n z o l i
y a h o o . c o m . b r
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Olá, Marcus.
Entendo perfeitamente o seu posicionamento sobre não querer debater sobre os argumentos para a existência de Deus, embora seja algo que, em minha opinião, segue-se irremediavelmente em qualquer debate sobre agnosticismo. De qualquer modo, vou me manter apenas dentro daquilo que foi exposto por você em sua última argumentação.
Você alegou que “há uma diferença específica, que é o ônus da prova”. Porém, nem ateus nem teístas estão isentos do ônus da prova; de fato, ninguém pode se esconder e lançar o ônus da prova para os outros. O ônus da prova consiste em que a pessoa responsável por determinada proposição é também aquela que deve oferecer as provas necessárias para sustentá-la.
Por exemplo, se você se diz ateu, você tem que mostrar provas para a sua posição de que Deus não existe. Se, contudo, você for teísta, você deve fornecer evidências que possam provar a existência de Deus. Ninguém está isento do ônus da prova, e dizer somente que “não há bons motivos para crer na existência de Deus” não é um argumento contra a existência de Deus, visto que podem existir até mesmo teístas que creem puramente pela fé, mesmo pensando que não há evidências além dela para a sua existência!
Portanto, creio que o quadro que você expos, ainda que seja mais qualificável que o de Dawkins, ainda falha em admitir que alguém pode sustentar uma proposição se livrando do ônus da prova, assim como falha também em presumir que toda pessoa que acha que não existem bons motivos para acreditar em Deus seja necessariamente “ateísta”, quando na verdade existem cristãos verdadeiros que creem nesta afirmação (eu não me enquadro entre eles, é claro) mas não são ateístas, e nem por isso deixam de ser cristãos.
Portanto, apenas achar que não existem boas evidências de existência de Deus não faz uma pessoa ser necessariamente ateísta e muito menos prova que Deus não existe, visto que um ateu deve fornecer provas contra a existência de Deus que vão além da mera e simples negação de seus argumentos.
Ademais, vale ressaltar também que se alguém defende a existência de um Deus sem especificações (teísmo indefinido) ele também está sujeito ao ônus da prova, tanto quanto aqueles que pregam o teísmo definido!
É claro que as peculiaridades variam de um para outro (um cristão teria que provar a existência e ressurreição de Cristo, um espírita teria que provar a existência da reencarnação e os mulçumanos terão que provar que Maomé é o “último profeta”), mas em todos os casos ninguém está isento do ônus da prova, nem mesmo aquele que afirma um teísmo indefinido, pois este também teria que mostrar evidência da existência da “ideia de Deus”, seja por meio de argumentos cosmológicos ou ontológicos.
De qualquer forma, independente da maneira que será utilizada para tentar justificar a veracidade do teísmo que está sendo proposto, ele não poderá simplesmente fazer uma afirmação vazia sem argumentar ou no mínimo oferecer provas em favor dela! Tendo em vista isso, creio não ser válida tal diferenciação acerca do ônus da prova para quem alega um teísmo definido em detrimento dos que alegam um teísmo definido, pois tanto um quanto o outro tem a obrigação de respaldar os seus pontos de vistas com argumentos de suporte.
Além disso, alguém pode ser “ateu negativo” (de acordo com o quadro que você passou) sem necessariamente estar se referindo a uma “divindade específica”, como você disse. Alguém pode achar que “não há boas evidências para a existência de Deus” se tratando não de uma divindade específica, mas somente à “ideia de Deus”, sem especificações. Não é necessário de modo algum estar se tratando de uma divindade específica para dizer que não há boas evidências da existência de Deus!
Por fim, você afirmou que os agnósticos só estão em “incerteza TOTAL”:
“Há certezas radicais em ambos os extremos, e uma mistura de certezas e incertezas nas posições mais próximas do centro, mas no centro em si, o Agnosticismo, só há Incerteza, total!”
Eu faço questão de sublinhar a expressão usada por você mesmo em seu artigo – “TOTAL” -, ou seja, em relação a TODOS os sistemas abordados anteriormente, dentro os quais inclui-se evidentemente o teísmo definido. Sendo assim, você não poderia afirmar que é “ateu” com relação ao Deus Cristão e não ao Kardecista, nem tampouco que é totalmente descrente no demônio, pois, como você mesmo disse, deveria estar em “INCERTEZA TOTAL”!
Você se contradiz logo em seguida quando se mostra agnóstico com relação ao Deus Kardecista ou a “ideia de Deus”, mas ateu com relação ao Deus Cristão ou a outra divindade em específico (mostrando que não há TOTAL incerteza em todos os âmbitos, mas somente em relação ao “teísmo indefinido”), algo que você disse em sua última resposta para levantar objeções aos meus argumentos que, na realidade, só lhe fizeram entrar em uma OUTRA contradição, desta vez em relação àquilo que você havia dito anteriormente em seu artigo original.
Quanto aos seus argumentos contra a existência de um Deus específico (como o Deus Cristão em contraste com o Deus Kardecista), eu creio que eles falham principalmente em presumir que, por causa que algo está sujeito a refutações, então consequentemente ele já está refutado. Esta é uma falácia, pois, ainda que de fato se provassem a inexistência de Cristo o Deus Cristão seria declaradamente falso, isso não significa que ele é falso enquanto não se provarem factualmente que Jesus jamais existiu!
O simples fato de algo estar sujeito a ser falseável não significa que realmente não existe, pois a própria teoria da evolução (que você crê fortemente) é falseável e nem por isso você deixa de crer nela! Além disso, o Deus Kardecista não entra “fora” do quadro que foi por você exposto, pois se a crença fundamental do kardecismo (a reencarnação) for falsa, então consequentemente o Deus Kardecista é falso. De fato, a importância da reencarnação no espiritismo é tanto quanto a importância da existência histórica de Jesus para os cristãos!
Deste modo, creio ser inválido tentar excluir o Deus Kardecista deste quadro quando, na realidade, ele é tão sujeito a “falseabilidade” quanto o Deus dos cristãos. Finalmente, existem sólidas provas históricas da existência de Cristo atestada inclusive por escritos não-cristãos do primeiro século AD, e, portanto, seria preciso primeiramente refutar tais evidências históricas para, depois, conjecturar algo em cima disso.
Eu particularmente não vejo nenhum problema em que o mesmo Deus que criou o Universo a partir do nada (i.e, sem tempo, sem matéria) e que criou seres humanos com uma Lei Moral em vigência na humanidade, pudesse da mesma maneira expressar a mesma personalidade em se revelar através da pessoa de Jesus Cristo, ou aos hebreus por meio do nome de “Jeová”.
A não ser que existam bons argumentos para refutar a ideia de que Deus pudesse expressar personalidade e moralidade, não há razões para pensar que ele criou todo o universo e todos os seres humanos para depois abandoná-los “ao acaso”, sem interferir em mais absolutamente nada da Terra, como creem os deístas.
De fato, penso que se seguirmos uma lógica coerente, podemos presumir que o mesmo Deus (sem especificações) que interviu no acontecimento do surgimento do universo e da criação humana, criando inclusive vida a partir da não-vida, pode também continuar intervindo e interagindo com a Sua Criação, assim como fez no princípio. Negar isso seria negar a própria existência de Deus (sem especificações), ou limitando-o a não poder novamente exercer o seu poder de influência sobre os acontecimentos físicos e materiais que regem o nosso Universo.
Seu eu criasse do nada as folhas e capa que compõe um livro, nada me impede de continuar o meu “trabalho” escrevendo nas páginas deste livro. Da mesma forma, se Deus criou a matéria que deu início ao Universo e coordenou todas as coisas de forma a dar animação (vida) à sua criação, nada lhe impede de continuar escrevendo a história deste livro chamado vida.
Um grande abraço, caro Marcus, e até a próxima.
Lucas Banzoli.
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Sexta, 23 de Setembro de 2011 |
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Tema: Filosofia Teologia, Existência de Deus, Agnosticismo, Ademonismo, Teísmo
Número de Caracteres
- Mensagem: 6.687
- Resposta: 4.140
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Olá Lucas...
Bem vindo de volta, mas penso não ter muito a dizer, visto que sua mensagem orbitou no tema do ônus da prova, onde você parece ter ignorado o conteúdo do texto que estamos discutindo. Só me cabe repetir.
"Isso nos leva à questão fonte da qual emana todo o ceticismo e consequentemente agnosticismo, e que é trivial e intuitivamente óbvia para o agnóstico, mas parece estar fora do alcance da maioria das críticas ao agnosticismo.
É que Provar a Existência sempre será muito mais fácil e plausível do que Provar a Inexistência. Para provar que tenho um diamante em casa, só preciso mostrar um, para provar que não tenho, é preciso revirar a casa inteira. Dependendo do tamanho da casa, isso é impraticável.
Da mesma forma, no exemplo citado por Dawkins, não posso provar que NÃO existe um bule de chá orbitando o Sol, mas posso provar que ele existe, ou ao menos, seria muito mais fácil provar positivamente do que negativamente.
É exatamente por isso que o ônus da prova sempre cabe a quem faz a afirmação positiva. Alguém tem que mostrar o ET se quiser nos convencer que existe de fato um. Mas não faz sentido algum aquele que não acredita ser obrigado a provar a inexistência de algo que não está evidente. Até quem só leu Harry Potter na vida, se leu até o final, aprendeu isso com a bruxinha Hermione."
Por tanto, não há como concordar com sua proposição de que o ônus da prova cabe tanto ao ateísta ou agnóstico quanto ao teísta. Se eu disser à polícia que Lucas Banzolli escondeu uma bomba nuclear em uma das capitais brasileiras, e você que terá que provar que isso não é verdade?
Outra incompreensão sua se baseia em rejeitar meu argumento confundindo que a infalseabilidade implica em estar refutado. Não faço idéia de onde você tirou isso. Expliquei porque a idéia de Deus, indefinida, é por completo infalseável, não importa a circunstância. Você tem razão num ponto, de que o deus Kardecista pode não ser tão Metafisica e Infinitamente Extensível quando a idéia de deus em si, mas ainda assim ele o é muitíssimo mais do que o deus cristão tradicional.
Se a reencarnação não existir, isso desmantelaria o sistema kardecista, mas como eu disse, a idéia de deus proposta por ele é sutil demais a ponto de permitir até mesmo esse distanciamento. Mas isso é pouco relevante. Mais importa notar que a reencarnação também é muito mais difícil de verificar do que as proposições cumulativas e intermináveis da teologia tradicional.
Somando os pontos expostos acima, derivo a insustentabilidade de suas colocações adicionais que são basicamente um resumo de toda a apologética cristã, à qual não me parece ter chegado o momento de discutir, uma vez que, se o Ônus da prova cabe ao proponente, seriam os cristãos que teriam que demonstrar suas proposições iniciais, e não exigir provas de inexistências e tomar sua impossibilidade como prova de existência, para daí sair elencando, como você fez, inúmeras outras proposições, todas tão indemonstradas quando as fundamentais, que se somam e sobrepõe num autêntico castelo de improbabilidade crescente, do qual bastaria eliminar uma ou outra para desabar por completo.
É exatamente disso que procuro fugir ao discutir a idéia da Divindade. Isolá-la metafisicamente costuma torná-la irrefutável, fazer proposições muito sutis e inverificáveis pode torná-la um pouco provável, mas daí sair adicionando mil e um elementos cada qual mais arbitrário que o outro, fechando as possibilidades num teísmo definidíssimo e específico, só faz tornar a possibilidade mais e mais tendente ao absurdo.
Apelando à sua analogia do livro, até agora você não deu bons motivos sequer para crer que tenha criado-lhe a base física, como pode, daí, pressupor isso como certo para já começar a querer a crença de que escreveu o conteúdo?
Colocar "criação do nada" no assunto só complica, porque tal alegação é logicamente impossível. Não se pode derivar o Ser do Não-Ser. Pressupor uma divindade, para a qual sequer a demonstração lógica é sustentável, para empurrar outra insustentabilidade lógica só piora o problema. Com o agravante que, como
já expliquei na mensagem 275 do EVO.BIO, a
"Criação a partir do Nada" NÃO TEM BASE BÍBLICA! Na Gênese, o criador, que é um Demiurgo, cria o mundo a partir das 'Águas', que nada mais são do que um símbolo do Caos primordial.
Mas nem vou me alongar nesse assunto porque estou trabalhando com ele nesse exato momento.
Por fim, você retomou a afirmação sobre a necessidade de aplicar o agnosticismo ao demônio ignorando novamente toda minha argumentação anterior. Se continuar desse jeito vou considerar esse diálogo redundante e infrutífero. Aconselho a abordar diretamente os argumentos expostos, e se não concordar com eles, dizer exatamente por quê. O ponto nevrálgico é: Onde está a falha em minha argumentação de que, enquanto a idéia de Deus é
Metafísica e Infinitamente Extensível, e por isso é completamente intestável, o deus bíblico e ainda mais o diabo, não o são?
Amigavelmente
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3 de Outubro de 2011 |
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Lucas Banzoli
São José dos Pinhais-PR
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1992
Estudante
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Evangélico
817
l u c a s _ b a n z o l i
y a h o o . c o m . b r
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Olá, Marcus.
Também é um grande prazer de minha parte dialogar com você sobre a existência de Deus, visto que já há algum tempo estava querendo fazer isso, mas por falta de tempo e por causa de outros expedientes demorei um pouco a fazê-lo.
Primeiramente, eu sei que você estava se referindo à ideia de Deus e não a um Deus em específico. Mas é exatamente esta a questão que eu abordei, pois as características pelas quais ambos seriam (pela sua lógica) IMPOSSÍVEIS de serem provados verdadeiros são exatamente as mesmas. Creio que você não compreendeu boa parte do meu texto, pois eu em momento algum argumentei que o Deus cristão é o verdadeiro e o Kardecista é falso, nem tampouco que você estava se referindo ao Deus Cristão em seu artigo, muito menos ainda que o diabo tenha todas as características de Deus!
O que eu CLARAMENTE disse foi que, usando um mesmo critério, você deveria ser “agnóstico” ou “ateu negativo” para ambos, conforme foi claramente dito por mim em meu último texto, quando disse:
“A não ser que você alegue que É POSSÍVEL provar a existência do Deus Kardecista, e neste caso você não poderia alegar que É IMPOSSÍVEL demonstrar que Deus não existe por suas características que seriam muito semelhantes ao ‘Deus Kardecista’, ou até mesmo ao ‘Deus do AT’”
Pois o “Deus Kardecista” seria:
Auto-existente, Atemporal, Causa Primeira, Eterno, Metafisicamente extensível.
Essas são as MESMAS características da “ideia de Deus” em si, bem como também do Deus Cristão revelado nas Escrituras. Portanto, se tais características são IMPOSSÍVEIS de serem detectadas e comprovadas verdadeiras, então você deveria ser agnóstico tanto a “ideia de Deus”, como também ao “Deus Kardecista” e ao “Deus Cristão”.
Note que você não trouxe evidências pelas quais É POSSÍVEL provar a existência do Deus Kardecista mas não do Deus Cristão, visto que você nega TODAS as evidências para um Teísmo! Neste caso, eu nem sei por que você é agnóstico para o Deus espírita, segundo aquilo que você mesmo afirmou em seu artigo sobre o agnosticismo:
“O Ateísmo Positivo afirma a Inexistência de Deus, o Ateísmo Negativo afirma que não há bons motivos para crer na existência de Deus, negando a validade dos argumentos a seu favor”
Em outras palavras, se você desqualifica como ridículos todos os argumentos para um Deus Teísta (como é o Kardecista), bem como a “ideia de Deus” (sem especificação), então você não deveria ser agnóstico com relação a ele (seja à ideia de Deus, seja ao Deus Kardecista ou então ao Deus Cristão), mas sim Ateu Negativo, visto que o ateísmo negativo afirma que não há bons motivos para crer na existência de Deus, exatamente aquilo que você fez o tempo todo em sua última resposta!
Ademais, absolutamente nenhum argumento que eu passei (seja o Cosmológico, Ontológico, da Lei Moral ou o Teleológico) tem como consequência das premissas o fato de que o “Deus Cristão é o verdadeiro”. Ao contrário, eles servem apenas para provar a existência de Deus (sem especificação).
Ninguém em sã consciência vai dizer que o argumento Cosmológico Kalan prova a existência de Bhrama ou Alá. Da mesma forma, eu nunca vi alguém argumentar que o argumento teleológico presume que Deus seja “este ou aquele”. Eles servem apenas para provar a existência de Deus (sem especificações), podendo ser até deísta! Eu uso tais argumentos para provar a existência daquilo que você chama de “a ideia de Deus”, mas para provar que o Deus cristão que é o verdadeiro eu uso OUTROS argumentos, como você deve ter percebido em meu site (especialmente através dos argumentos para a existência de Cristo e sua ressurreição).
Em outras palavras, os argumentos para a existência de Deus tem relação não a um Deus específico, mas a ideia de Deus. Mas você nega todos eles! Portanto, se você diz que não há bons motivos para crer na existência de Deus, então você deveria ser ateu negativo e não agnóstico, seja com relação à ideia de Deus, seja com relação ao Deus Kardecista ou ao Deus Cristão. Isso é somente lógica e coerência, caro Marcus.
Quanto aos seus argumentos para a não-veracidade do Deus Cristão, eu sinceramente me decepcionei muito com as suas respostas, pois enquanto eu esperava ARGUMENTOS, você só veio com a “reductio ad absurdum” e a falácia do “apelo ao ridículo”, ao invés de mostrar qualquer argumento contra a existência do Deus Cristão. Ridicularizar acontecimentos de um livro não é refutação, caro Marcus. Para refutar é preciso fazer muito mais do que ridicularizar, o que resume a sua última resposta!
Por exemplo, eu nunca me basearia somente naquilo que Ron Carlson disse se quisesse refutar a teoria da evolução:
“No ensino básico, me ensinaram que um sapo transformando-se num príncipe era um conto de fadas. Na universidade, me ensinaram que um sapo transformando-se num príncipe era um fato!”
Eu poderia ridicularizar isso, dizendo ser estorinha de quadrinhos, e que portanto a teoria da evolução é falsa e ridícula. Será que este argumento da ridicularização do lado oposto pode ser considerado? É claro que não! Evidentemente eu teria que trazer algum argumento, ou senão a minha ridicularizarão não valeria absolutamente nada.
Mas infelizmente foi exatamente isto o que você fez com a fé cristã. Você a ridiculariza sem refutá-la. Talvez o único argumento real que você trouxe foi este:
“...e o próprio céu está literalmente estendido sobre a Terra”
Mas isso provavelmente deve ser resultado de uma profunda falta de discernimento das Escrituras. Para o seu conhecimento, existem três céus (2Co.12:2), sendo o primeiro o céu atmosférico, o segundo é o espaço e o terceiro é onde Deus habita, em uma outra dimensão, ao qual Paulo foi arrebatado enquanto em vida (2Co.12:2). Infelizmente você mistura tudo, e diz como se o Céu onde Deus habita é o mesmíssimo Céu que está figurativamente “estendido sobre a terra”, o que é um completo absurdo! Não saber diferenciar os “céus” é o que leva muitos que combatem o cristianismo a presunções totalmente descabidas. Infelizmente lhes sobram intelectualidade, mas lhes faltam o mais básico da exegese e hermenêutica.
Quanto ao fato da Bíblia não diferenciar entre o material e o espiritual, infelizmente isso é uma outra péssima exegese bíblica, visto que a Escritura diz:
“Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que CRISTO SEJA FORMADO EM VÓS” (Gl.4:19)
“O Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês E ESTARÁ EM VOCÊS” (Jo.14:17)
É óbvio que ninguém vai pensar que o CORPO FÍSICO de Cristo vai crescendo dentro de nós mesmos, nem tampouco que o Espírito Santo esteja fisicamente presente em nós. É óbvio que Paulo (assim como os demais) reconhecia Jesus (em sua divindade), bem como o Espírito Santo, como seres espirituais (motivo pelo qual eles podem ficar “dentro de nós”). Portanto, Deus é reconhecido sim como algo espiritual e imaterial, bem como transcendental, e a sua inferência sobre esta não-diferenciação é simplesmente falsa. Poderia passar mais CENTENAS de versículos, mas o meu objetivo aqui não é o bombardeio, mas sim o esclarecimento de coisas simples.
Você disse:
“Além do mais, não consigo acreditar que você pense, mesmo dentro do seu sistema de crenças, que o Diabo tenha as mesmas propriedades de Deus! Como poderia! Acaso o Diabo seria Onipotente? Onipresente? Eterno? Ser Necessário? Como podes equivaler uma criatura, ainda por cima corrompida, com o seu criador perfeito e atemporal?!”
Caro Marcus, onde foi que eu disse que o diabo tem todas as mesmas propriedades de Deus??? Leia novamente o que eu disse com mais atenção, pois eu simplesmente falei que ele seria igualmente “metafisicamente extensível”, NESTE SENTIDO como Deus é (pois Deus também é metafisicamente extensível). Veja o que foi que eu havia dito:
“Se a crença em Deus é impossível de ser demonstrada falsa ou verdadeira baseando-se no fato de que ele não é METAFISICAMENTE EXTENSÍVEL, então também seria igualmente impossível demonstrar a inexistência do demônio”
Veja que eu argumentei CLARAMENTE que o diabo é igualmente METAFISICAMENTE EXTENSÍVEL como Deus. Onde foi que você leu que eu disse que o diabo é “onipotente”, “onipresente” ou “eterno”??? Essas foram adições suas em cima daquilo que eu disse, totalmente por conta sua, já que eu JAMAIS afirmei tal coisa, e nem poderia fazê-lo, a não ser que eu fosse profundamente estúpido. Recomendo que refute apenas aquilo que eu disse e não aquilo que eu não disse!
Quantos às suas ridicularizações à fé cristã, creio que de todos esses “argumentos” apenas o do “arrependimento” que teria alguma consideração substancial contra a fé cristã (os outros foram simplesmente ridicularizados e não “refutados”!). Mas isso já foi refutado interminavelmente ao longo de muitos séculos, se você quiser veja o que eu disse sobre isso aqui: DEUS SE ARREPENDE?
Com relação aos argumentos para a existência de Deus, eu poderia passar aqui inúmeros debates em que nenhum ateu conseguiu dar explicação convincente para estes argumentos, como por exemplo o mico que Christopher Hitchens pagou no debate com William Lane Craig, que não foi tão feio quanto ao que Peter Atkins sofreu contra este mesmo debatedor. Em outros inúmeros outros debates a situação foi a mesma – nenhuma refutação convincente para tais argumentos que você hoje despreza.
Talvez você faça melhor do que Hitchens e Atkins (não duvido disso), mas não pode simplesmente desprezar o argumento antecipadamente, sem, contudo, apresentar qualquer tipo de refutação substancial a eles. Desprezar um argumento não é refutá-lo! Em suma, queria ver como você rebate as premissas ou a conclusão do argumento cosmológico:
1. Tudo o que tem início tem uma causa para a sua existência.
2. O Universo tem um início.
3. Portanto, o universo tem uma Causa.
Se você aceitar a validade das premissas, aí eu passo para o próximo ponto (do que é essa “Causa”). Mas o simples fato de você tratar com estes argumentos a mais tempo do que eu, não significa que OS ARGUMENTOS sejam falsos ou verdadeiros!
Bom, é isso. Novamente repito que é uma honra debater com você, com todo o respeito, ainda que eu discorde dos seus argumentos. O meu objetivo aqui jamais é ridicularizar crenças ou argumentar com base em pressupostos pessoais, mas somente de argumentar logicamente com base nas evidências acerca da existência de Deus, e especialmente com relação ao agnosticismo que, ao meu ver, não lhe dá muitas alternativas a não ser tornar-se “ateu negativo” tanto com relação a ideia de Deus, tanto com relação ao Deus Kardecista, tanto com relação ao Deus Cristão.
Em resumo:
1. Sim, é POSSÍVEL provar a inexistência de algo (até mesmo de Deus), por meio da lógica da não-contradição.
2. Sim, é POSSÍVEL provar a existência de Deus, quando os argumentos expostos a favor disso seguem-se corretamente as premissas.
3. Se tais evidências a favor da existência de Deus são todas FALSAS, então você deveria ser Ateu Negativo com relação à ideia de Deus, pois este ponto afirma que “não há bons motivos para crer na existência de Deus”, exatamente como você crê!
4. Se é POSSÍVEL provar a existência do Deus Kardecista, então também é POSSÍVEL provar a existência do Deus Cristão, visto que ambos possuem as mesmas características (imaterial, eterno, auto-existente, atemporal, onisciente, onipresente, onipotente, etc), embora divirjam em questões menores.
5. Se é IMPOSSÍVEL provar a existência do Deus Cristão, então é igualmente IMPOSSÍVEL provar a existência do Deus Kardecista, tendo em vista que tais características (já passadas acima) seriam indetectáveis PARA AMBOS.
Queria poder comentar muito mais coisas, em seus mínimos detalhes (como eu faço em minhas cartas respondidas), mas infelizmente o limite de caracteres não me permite, por conta disso tive que resumir desta maneira.
Um grande abraço e até a próxima.
Lucas Banzoli.
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Terça, 13 de Setembro de 2011 |
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Tema: Filosofia Teologia, Existência de Deus, Agnosticismo, Ademonismo, Teísmo
Número de Caracteres
- Mensagem: 9.918 (adaptada)
- Resposta: 5.466
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Olá Lucas. Seja bem vindo de volta.
Primeiro, não posso abrir exceções para o Limite de 10 mil caracteres. A mensagem que você citou foi anterior ao estabelecimento de tal regra, e por sinal foi o um dos maiores motivos para a mesma. No próprio EVO.BIO está explicado o motivo.
Se você verificar diálogos antigos, vai notar que por muito tempo abordei mensagens parágrafo por parágrafo, mas aboli esse método, pois uma discussão pequena aumenta exponencialmente até ser inviável. Quanto maior o texto maior a resposta, sucessivamente, até que alguém desista.
Hoje uso abordagem sintética. Captar a essência do que o interlocutor propõe e abordá-la diretamente, sem se perder nos detalhes semânticos.
Falando nisso, eu aceito que a distinção entre o Agnosticismo e o Ateísmo Negativo costuma ser sutil, mas há uma diferença específica, que é o ônus da prova. Se alguém propõe alguma especificidade da divindade que vá além de sua idéia mais genérica, mas não dá motivos para sua aceitação, justifica um ateísmo negativo. É diferente de uma idéia genérica que não está propondo nada específico. Sendo mais simétrico, note que há uma relação entre o Ateísmo NEGATIVO e o Teísmo INDEFINIDO, bem como o Teísmo DEFINIDO e o Ateísmo POSITIVO. Isto é, quanto mais FORTE, específica e detalhada for uma proposição teísta, mais seus opositores se moverão do ateísmo Negativo para o Positivo.
Enfim, penso que a essência de nossa divergência é o fato de que sustento que o Jeová Bíblico É UM DEUS DEFINIDO, e não uma mera idéia de Deus, do tipo que os filósofos vem sustentando ao longo de milênios. Há níveis de definição desse deus de acordo com o tipo de cristianismo, e quanto mais específico ele for, mais um descrente se moverá para o ateísmo positivo.
Já o Deus Kardecista, embora seja um pouquinho mais definido, está mais próximo da idéia genérica de Deus.
Eu dei uma série de motivos pelo qual o Deus Bíblico é mais definido e específico do que o Deus Kardecista, independente de considerá-las ridículas ou não, fato é que não se vê nenhuma dessas características no Deus Kardecista, lembrando que a interpretação kardecista da Bíblia é extremamente simbólica. Mas nem precisamos nos alongar muito, para o espiritismo, Jesus cristo é apenas um espírito extremamente evoluído, o mais evoluído na Terra, enquanto para o cristianismo tradicional ele é a encarnação do próprio Deus. Isso causa uma diferença inconciliável entre os dois sistemas.
No kardecismo, praticamente não se fala em Deus a não ser da forma genérica. Ninguém fica dizendo o que deus disse, prometeu, cumpriu ou não cumpriu, muito menos quem ele puniu ou premiou. Não vejo como é possível negar essa distância imensa entre tais concepções teológicas.
Quanto ao Diabo, nem se fala, pois ele seria muitíssimo mais definido, e limitado, que o Jeová.
Para quem insistiu tanto na questão do Metafísica e INFINITAMENTE Extensível, você não parece ter deduzido bem o seu significado. O que significa essa "extensão"? Que não importa o quanto você aumente os entes do universo, não importa o quanto você vá adiante ou atrás na história, no espaço ou nas possibilidades, a idéia de Deus SEMPRE estará além dela, estando além da totalidade do todos os fatos concebíveis.
Para exemplificar, o que aconteceria com a teologia cristã tradicional se:
Jesus jamais tivesse existido? Ou se a Terra tiver surgido e evoluído exatamente como pregam os cientistas?
Se daqui a 10 mil anos jamais tiver havido evento apocalíptico algum e o cristianismo tiver sido total e completamente esquecido por uma humanidade radicalmente distinta da nossa? Se hoje à noite a Terra for por completo aniquilada e toda a humanidade extinta irreversivelmente?
Em todos os casos, esses eventos falseariam a teologia tradicional. São exemplos de possibilidades futuras ou passadas que simplesmente refutariam qualquer pretensão de verdade do cristianismo e consequentemente a existência do deus bíblico, por que esse NÃO É INFINITAMENTE EXTENSÍVEL! Ele não suporta essa variação de possibilidades, e na verdade, suporta muitíssimo menos, o que demonstra sua especificidade, definição, e por conseguinte sua limitação.
Mas nenhuma dessas características afetaria o Deus kardecista! Poderia até afetar a doutrina espírita, que acredita na existência de Cristo, mas num plano maior, seria apenas um erro cometido pelos espíritos de um único planeta.
Claro que podemos sim estender um pouco as possibilidades até falsear algum aspecto do Deus de Kardec, mas garanto que é bem mais difícil, e a idéia de Deus genérica, a DIVINDADE com "D" MAIÚSCULO a que me refiro, é exatamente aquela a qual possibilidade nenhuma poderia refutar, exatamente por ser vaga e por demais indefinida além do fato de ser mais vasto que todo o universo.
Também, em momento algum falei em Causa Primeira, Atemporalidade / Eternidade ou Auto-Existência. A única coisa que falo é do fato de ele ser maior que o universo, e mais vasto do que o tempo deste universo, não me atrevendo a maiores afirmações que estejam fora de nossas categorias mentais.
Bem, eu debaterei com prazer qualquer conteúdo que tenha uma relação direta com meus textos originais Em Defesa do Agnosticismo e Ademonismo, ou qualquer outro que você queira incluir ou mesmo algum externo que tenha estreita relação com o assunto. Você iniciou sua abordagem muitíssimo bem em sua mensagem anterior. Mas não estou interessado em discussões gerais a respeito de argumento teológicos tradicionais porque já fiz isso milhares de vezes tanto em meus sites quanto ao vivo, tanto em debates informais quanto debates acadêmicos. Bem como isso é fartamente disponível na web.
Há excelentes motivos para que tais discussões teológicas se arrastem há milhares de anos sem qualquer conclusão razoável, e não seremos nós que mudaremos isso, e considerando que certamente não irei convencer você, e muito menos você me convencerá, e que já conhecemos bastante o assunto, não vejo cabimento em discutir algo que nos seja tão primário.
Mais vale discutir sobre algo mais específico e direcionado, e aí sim, se algum argumento em especial se mostrar mais adequado, que entre na discussão.
Fiquemos, por enquanto, com o exposto acima.
RESUMINDO:
A Idéia de Deus, à qual aplico o Agnosticismo, é muitíssimo mais ampla do que o deus bíblico tradicional, QUE NÃO É METAFÍSICA E INFINITAMENTE EXTENSÍVEL, pelo que já argumentei. Muitíssimo menos o Diabo. Já o Deus Kardecista está muito mais próximo da Idéia Genérica de Deus.
Está explicado aí em cima.
Agora é com você.
Amigavelmente
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20 de Setembro de 2011 |
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Fernando Ventura Bispo Santos
Araguápolis-AR
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1975
Militar
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Cristão
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633,
635,
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665,
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a t t h o s m a t h e u s
g m a i l . c o m
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Me expressei mal, com Leis Objetivas da Estética (bom gosto) quiz dizer o padrão aureo, o exemplo da cintura fina que você citou, e o fato de estudos com bebês pequenos levar a conclusão de que são atraidos a determinado tipo de rostos bonitos padronizados!
Segunda, 12 de Setembro
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...um rosto bonito é um rosto símetrico, proporcional, equilibrado nas dimensões, pense no Quasimodo, o corcunda de Notre Dame e saberá o inverso de proporção.Estas leis geométrica-matemáticas são as tais leis "objetivas" o ratio, a razão (pois razão é proporção) da beleza. Ainda vou ler os textos das fotos e índios... já conhece este site aqui
(Quebrando o Encanto do Neo-Ateísmo)
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... Eu não disse que não gostei dos detalhes da história (cêrebro-seios) disse que era um risco, pois a maioria das pessoas ia achar esquisito demais e refugar. Gosto de coisas bizarras, quando não são macabras e envolvam destruição e morte...o que não é o caso aqui...Mas mudando um pouco o foco... pelo mesmo principio poderiamos dizer (já que parece baseado nos últimos ensaios que você esta se aprofundando em sexualidade) que poderia-se desenvolver no conto GRADIVIND, oh céus! (Seria melhor não digitar isto!) Armas penianas, ou seja já que a reprodução teria ficado obsoleta os penis assim como os seios poderiam lançar ejetar ou melhor ejacular, liquidos mortíferos, armas químicas etc. Pense num canhão-fálico ou... sei lá.
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Terça, 13 de Setembro de 2011 |
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Tema: Ficção Científica, Estética, Bom Gosto
Objetivo e Subjetivo
Número de Caracteres
- Mensagem: 213 + 323 + 615 = 1151
- Resposta: 1.985
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Olá Fernando.
Obrigado por mais essas mensagens que eu penso que você já esperava que eu respondesse, visto colocar temas interessantes.
Vejamos. Concordo com suas colocações, mas quero só apontar que o problema está no próprio conceito de Objetividade. Quando nos referimos a fenômenos físicos, podemos invocar a dimensão objetiva. Colocar a mão no fogo irá causar queimaduras. Isso é um fato objetivo! Quer alguém discorde ou não, ou mesmo que alguém não sinta a dor, não mudará o fato de que a mão queimará. Claro que estamos falando de mãos normais e fogo normal em situação normal.
Mas a beleza é um fenômeno psicológico, mesmo que tenha base em fenômenos objetivos e naturalmente selecionáveis, ela em si, a apreciação estética, é subjetiva, porque achar bonito é um fenômeno subjetivo.
E por isso que, enquanto por a mão no fogo causará um efeito físico obrigatório, uma apreciação estética não necessariamente o fará. A mulher mais linda do mundo pode, em algum homem em especial, não causar percepção de beleza alguma!
Por isso, embora seja justo conferir alguma objetividade indireta, ou relativa, a alguns fenômenos psicológicos, elas não me parecem merecer a propriedade de objetivas, e muito menos o estatuto de "leis".
Se 85% das pessoas acham Marcela Temer bonita (provavelmente são mais, mas só pra compatibilizar com o próximo exemplo) isso significa que ela é objetivamente bonita? Não. Ela pode ser objetividade fértil, saudável, simétrica, com tal porcentagem de gordura e IMC. Todos fatos objetivos que justificam fisiologicamente a apreciação estética. Mas a beleza em si está além dessa objetividade.
Ou você teria que admitir que o fato de 85% dos brasileiros achar o Governo Lula bom ou ótimo, o torna objetivamente bom!
Quanto as armas "fálicas"... Bem. A exibição do pênis ainda é o tabu visual mais chocante. Podemos ver na TV exibições de seios, nádegas e até nus frontais femininos, mas o órgão reprodutor masculino continua sendo mais o mais censurado.
E por mim, pode continuar, porque não faço a menos questão de vê-los, o mesmo motivo porque não teria a menor disposição de escrever sobre isso tal como fiz com as armas seios.
Ademais, convenhamos. Seriam muito mais difíceis de manusear, a função primária deles, urinária, não é tão fácil de ser tornada obsoleta quanto a da amamentação.
Por fim. Obrigado pela dica do site.
Amigavelmente
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16 de Setembro de 2011 |
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Lucas Banzoli
São José dos Pinhais-PR
-
1992
Estudante
-
Evangélico
l u c a s _ b a n z o l i
y a h o o . c o m . b r
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Olá, Marcus Valério.
Queria conversar com você sobre o sua Defesa do Agnosticismo, que, por sinal, está muito bem elaborada:
Contudo, queria fazer as seguintes observações a esse respeito. Você argumentou que seria IMPOSSÍVEL demonstrar que Deus existe, assim como seria IMPOSSÍVEL demonstrar que ele não existe. Você sustentou o seu argumento sobre dois pontos principais:
“1 - Que a crença em Deus, por sua característica intrínseca, é metafísica e infinitamente extensível, diferente de outros entes específicos que se possa alegar;
2 - E que o Agnosticismo não se baseia no simples fato de não ser possível provar que Deus não existe, mas principalmente no fato de TAMBÉM SER IMPOSSÍVEL PROVAR QUE EXISTE, o que certamente, também não se aplica a outros seres específicos.”
Até aí tudo bem. O problema seria que, POR ESSA MESMA LÓGICA, poderíamos presumir também que, da mesma forma que seria impossível demonstrar que Deus existe ou não existe, também seria impossível demonstrar que o diabo existe ou não existe. Ele também não está vagando por aí neste universo para demonstrar a sua existência ou a negação de sua existência. Se a crença em Deus é impossível de ser demonstrada falsa ou verdadeira baseando-se no fato de que não ele é metafisicamente extensível, então também seria igualmente impossível demonstrar a inexistência do demônio.
Mas você é “Ateu Negativo” com relação ao demônio. É evidente que você deve ter motivações para a sua descrença no demônio, mas o fato é que seria impossível demonstrar a sua inexistência, pela mesma lógica de que seria impossível provar a existência ou não de Deus.
Agora um outro ponto importante. Eu creio que não é apenas DESTA MANEIRA que se prova a existência de algo. Você disse:
“Por exemplo. De fato, eu não posso provar que não existam unicórnios no mundo por uma questão puramente prática, tenho mais o que fazer! Mas eu posso provar que não há um unicórnio no meu quarto! E poderia fazê-lo em relação ao mundo se pudesse ter um acesso sensorial simultâneo ao planeta inteiro em todos os seus locais, ou mesmo ao universo. Portanto, um agnosticismo sobre unicórnios seria no máximo do tipo TEMPORÁRIO, para usar uma categoria sugerida pelo próprio Dawkins. Mas eu não posso provar que não há Deus no meu quarto, e nem mesmo se eu tivesse acesso a todo o universo, pelo simples fato que uma das principais propriedades típicas do Deus, com "D" maísculo, é sua amplitude maior que o próprio universo, e sua indetectabilidade por definição. Por isso esse agnosticismo é necessariamente PERMANENTE, a outra categoria sugerida por Dawkins”.
Mas a crença ou descrença em Deus pode ser demonstrada falsa ou verdadeira não APENAS a partir da lógica acima, caro Marcus. Por exemplo, eu não precisaria viajar por todo o nosso planeta para provar que não existe um “solteiro casado”. Eu não precisaria viajar por todo o Brasil, África, China, Japão, etc, e depois de rodar o mundo inteiro chegar a conclusão de que: “é verdade, não existe um solteiro casado”!
Ao contrário, eu não precisaria nem sequer sair de casa, bastando por uma lógica simples presumir isso, a partir do fato de que quem é solteiro não é casado, e quem é casado não é solteiro. Portanto, não existe um “solteiro casado”.
Isso significa que tudo aquilo que é antilógico e incoerente em sua própria natureza pode ser demonstrado falso mesmo sem sair de casa, bastando um raciocínhio lógico para tal coisa. Com Deus é a mesma coisa. Os ateus geralmente apelam para o exemplo da pedra. Deus pode criar uma pedra tão grande que nem ele mesmo é capaz de carregá-la? Se sim, então ele não é capaz de carregá-la (portanto não é onipotente). Mas, se não, então ele não é onipotente, visto que não pode criar tal pedra. Portanto, os ateus alegam por meio dessa “auto-contradição” que seria possível demonstrar a inexistência de Deus.
É claro que este exemplo é facilmente refutável; porém, ele serve para provar que É POSSÍVEL demonstrar que Deus não existe, se esta lógica fosse plausível, por exemplo. Note que eu não estou dizendo que aquele exemplo PROVA que Deus não existe, mas sim que aquele exemplo – assim como outros do mesmo tipo – PODEM provar que ele não existe, por meio da lógica da não-contradição.
Portanto, creio ser equivocado dizer que é IMPOSSÍVEL provar que Deus não existe. Da mesma forma, poderia citar aqui inúmeros bons argumentos para a existência de Deus, tais como o argumento Cosmológico Kalan, o argumento Ontológico, o argumento da Contingência, o argumento Teleológico, e o argumento da Lei Moral. Eles mostram que É POSSÍVEL provar que Deus existe, bastando seguir-se corretamente às premissas.
Também queria comentar algo que você disse aqui:
“É claro que isso pode mudar se for especificado a que Deus se está referindo. Eu sou Ateu Negativo em relação ao Deus do Velho Testamento, bem como ao Deus do Islã, mas continuo agnóstico com relação ao Deus Kardecista, por exemplo. É até razoável ser um Ateu Positivo em relação aos Deuses da maioria das grandes religiões, mas não em relação a idéia de Deus em si”
Eu gostaria de saber qual é a sua base para ser “ateu negativo” ao Deus do AT (e consequentemente ao Deus cristão também), mas entretanto “contiunua agnóstico com relação ao Deus Kardecista”. Ora, qual será a “lógica” para dizer que É POSSÍVEL demonstrar a inexistência do Deus cristão (e neste caso gostaria de ver as provas ou evidências para isso), mas que, ao contrário, é IMPOSSÍVEL demonstrar a existência ou inexistência do Deus Kardecista? Ora, ambos seriam “metafísica e infinitamente extensíveis”, e, portanto, USANDO A MESMA LÓGICA você deveria ou ser agnóstico para os dois, ou ser ateu negativo com relação aos dois.
A não ser que você alegue que É POSSÍVEL provar a existência do Deus Kardecista, e neste caso você não poderia alegar que É IMPOSSÍVEL demonstrar que Deus não existe por suas características que seriam muito semelhantes ao “Deus Kardecista”, ou até mesmo ao “Deus do AT”.
Um grande abraço, Marcus Valério, e que Deus lhe abençoe.
Lucas Banzoli.
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Terça, 6 de Setembro de 2011 |
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Tema: Filosofia Teologia, Existência de Deus, Agnosticismo, Ademonismo, Teísmo
Número de Caracteres
- Mensagem: 5.017
- Resposta: 4.220
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Caro Lucas...
É um prazer finalmente entrar em contato com você, seja bem vindo ao meu site. Como deve saber, há muito alguns visitantes tem comentado sobre seu Site de Teologia, o qual andei examinando e no geral acho bastante interessante. Ainda que discorde quase todo o seu conteúdo, principalmente devido a questões de fundamentação, penso que é bastante equilibrado em suas posições. Fico até surpreso pela sua tão tenra idade! Em meu outro site há algumas mensagens a seu respeito.
Bem, quando às questões que levantaste, acho que resultam de uma confusão que poderia ter sido facilmente evitada simplesmente com uma leitura mais atenta de EM DEFESA DO AGNOSTICISMO. Em especial, devido a trechos como os seguintes:
...estamos lamentavelmente condicionados a travar o debate sobre a existência de Deus sempre tendo em vista o Deus Monoteísta de tradição Abraâmica, ou no nosso caso particular, exclusivamente o Deus Trinitário Cristão."
(...)
O problema então continua sendo a simples incapacidade de distinguir a idéia de Deus de uma divindade específica qualquer."
Pronto. Isso deveria ser mais que suficiente para responder suas dúvidas, pois quando falei das razões de ser impossível provar ou reprovar a existência de Deus, claramente estava me referindo à idéia de Deus com "D" maiúsculo. Algo mais para um Teísmo Indefinido. O que definitivamente não é o caso do Deus Bíblico é muitíssimo menos do Diabo bíblico.
Se você acha que aquele Jeová que caminhava no Éden, apareceu na forma de um arbusto flamejante no Monte Sinai, ou inseminou uma virgem para ter um filho, é um ser realmente transcendental e imaterial, só posso lamentar, porque na Bíblia sequer há a distinção entre espiritual e material, sendo o espírito nada mais de que uma entidade gasosa, os anjos são seres nitidamente físicos e o próprio céu está literalmente estendido sobre a Terra.
Foi o trabalho árduo e criativo de teólogos muitíssimo posteriores que, conseguindo fundir o idealismo platônico com o cristianismo, criaram essa mistura absurda de um deus tribal que seria algo próximo do Deus ideal filosófico, dando saltos lógicos fantásticos que passavam de um grupo de conceitos abstratos para uma pessoa divina que tem até nome próprio. E mesmo isso foi totalmente jogado fora pelo fundamentalismo cristão início do século XX, especialmente ao tornar literal, e completamente absurda, a leitura da bíblia.
Além do mais, não consigo acreditar que você pense, mesmo dentro do seu sistema de crenças, que o Diabo tenha as mesmas propriedades de Deus! Como poderia! Acaso o Diabo seria Onipotente? Onipresente? Eterno? Ser Necessário? Como podes equivaler uma criatura, ainda por cima corrompida, com o seu criador perfeito e atemporal?!
E quanto ao Deus Kardecista, sou agnóstico porque ele corresponde à idéia mais abstrata e genérica de um Deus, muitíssimo diferente do Deus Bíblico por uma série de motivos: Não tem nome. Não intervém diretamente na história humana, não ditou livros por meio do Espírito Santo, não fica mudando de idéia e se arrependendo do que construiu, nunca encarnou na terra, não perde seu tempo com apostas ridículas com o diabo para testar a fé alheia, etc!
Completamente diferente.
Por fim, você certamente deve saber, todos os argumentos filosóficos para a existência de Deus são facilmente refutáveis. Então chega a soar descabido que venha a mim, que lido com essas questões há mais tempo do que você está vivo, colocando-os como se fossem provas! Não tem nem sentido em perder meu tempo aqui expondo os contra argumentos que podem ser facilmente achados em qualquer lugar. Muito menos perder meu tempo com tolices como Paradoxo da Pedra, que já comentei diversas vezes, incluindo na Mensagem 696
Devo acrescentar somente que todos os argumentos lógicos para a existência de Deus sofrem de um problema chamado Idealismo, que pressupõe a linguagem como mero veículo de conceitos perenes que podem ser traduzidos em termos precisos. Mas após um século de Filosofia Analítica não se pode ignorar ao menos a possibilidade de que todos sejam meramente redutíveis a jogos de linguagem, erros conceituais que confundem o símbolo linguístico com um suposto objeto que pode muito bem sequer existir.
O fato de haver uma representação conceitual não torna tão conceito automaticamente verdadeiro.
Portanto, em resumo.
1 - Sou agnóstico em relação à idéia de Deus pelos motivos que você mesmo reproduziu.
2 - Esse motivos, porém, NÃO SE APLICAM ao Deus mitológico bíblico e muitíssimo menos ao seu rival, o Diabo.
3 - Argumentos em favor da existência de Deus jamais foram provas. São apenas raciocínios razoavelmente coerentes baseados em premissas discutíveis que frequentemente podem ser confrontados tanto nas premissas quanto nas conclusões.
4 - O Deus Kardecista é radicalmente diferente do Deus Bíblico, a não ser que admite um grau de simbolismo e alegoria na bíblia muitíssimo além do que os cristãos, até mesmo os católicos mais sofisticados, estão dispostas a admitir.
Espero ter respondido.
Amigavelmente
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11 de Setembro de 2011 |
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Fernando Ventura Bispo Santos
Araguápolis-AR
-
1975
Policial Militar
-
Cristão
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a t t h o s m a t h e u s
g m a i l . c o m
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Boa tarde, Marcus!
É um prazer te escrever, esta mensagem é sobre a 814 :Cêrebros voadores e seios bélicos não são passíveis de preconceito dos leitores, o que ocorre no caso é que são na verdade DESconcetios, anticonceitos, são exóticos por serem anti-estéticos(é assim que se escreve?)
Eles violam as leis da arte, do gosto, do bom gosto, é um risco que o escritor corre ao colocá-los numa
história, pois a grande maioria do leitores irão desgostar, achar esquisito.
é como o canibalismo grupal que coloquei naquela historinha, até hoje quase me arrependo de te feito aquilo.
É tudo uma questão de LEIS OBJETIVAS da estética, da arte, que se forem violadas acarretarão a repulsa do
apreciadores (existe sempre um minoria que gosta do exótico é claro, mas são anormais, fogem da normalidade).
No mais, sou um fã da tua obra ficcional, quanto a parte filosofica ainda estou digerindo lentamente.
Outra coisa, sobre as viagens no tempo: Qual a classificação que você daria para aquele viagem no tempo em
que o superman (o do Christopher Reeve )faz com a terra inteira, voltando tudo no tempo pela inversão da
rotação da Terra? Têm como justificar aquilo científicamente?
E posso escrever aqui algo endereçado ao
visitante da mensagem supra mencionada? (814): “Hominis Finatis” é um título de algo que poderia ser
interessante, com pelo menos dois leitores potenciais.
Por enquanto é isso, tinha muitíssimas coisas para escrever mas deixarei para outra ocasião.
Até a próxima!
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Quinta, 18 de Agosto de 2011 |
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Tema: Ficção Científica, Estética, Bom Gosto
Viagem no Tempo
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.232
- Resposta: 3.180
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Caro Fernando...
Desculpe demorar tanto a responder, mas tenho tido problemas irritantes com o sistema do site, que tem dificultado atualizações.
Bem, sinceramente, eu não faço idéia do que você quer dizer com
Leis OBJETIVAS da Arte e do Bom Gosto no caso em questão. Embora possa sim entender parâmetros estéticos "objetivos", talvez seja melhor dizê-lo "gerais", por estarem presentes na maioria das pessoas e estarem de acordo com objetivos práticos.
Por exemplo, o fato dos homens apreciarem mulheres com quadris lardos e cintura fina. Além de ser preferência da imensa maioria, bem como reconhecidamente belo pelas próprias mulheres, ainda obedece a um propósito seletivo sexual, com vista ao sucesso reprodutivo.
Assim, esse parâmetro se aproxima do 'objetivo', mas até isso é discutível visto que continua estando imerso na subjetividade dos seres, além de não ser realmente universal, havendo as "anormalidades" citadas por você.
Fora isso, vai ser um belo trabalho explicar porque um Cérebro Móvel ou um Busto Lança-Chamas violam Leis Objetivas da Estética. Podemos explicar porque podem ser chocantes ou incômodos, mas isso também se aplica a diversos outros conceitos que outrora foram introduzidos e depois se popularizaram, em especial em filmes de terror.
O Cérebro Móvel é o melhor ponto. Ele choca porque não estamos acostumados a tamanho grau de independência do corpo. Nos habituamos a uma distinção entre corpo e espírito que mantém o corpo integrado, mas ao separarmos partes do corpo, causamos incômodo devido a nossos impulsos naturais que associam isso a, evidentemente, dor, destruição e morte.
Creio que isso está bem desenvolvido no GRADIVIND, onde o protagonista explicita bem o horror que sentiu ao se deparar com tal tecnologia. Mas depois se adapta, reconhecendo suas estupendas vantagens, em especial a quase imortalidade. Aí, nesse contexto onde se insere a aplicação do conceito, qualquer resquício de possibilidade objetiva é esvaziada, nos mostrando que os motivos que nos levavam a rejeição são totalmente subjetivos.
Você diria que é objetivamente chocante tirar fotografias?
Não são somente índios que não gostam de tirar fotos temendo perder a alma. Essa crença era disseminada nos primórdios da fotografia, e até mesmo antes, ainda com o advento dos espelhos, reverberando até hoje na forma de mitos tolos. (Dois textos interessantes sobre isso:
Alma e Fotografia e
Corpo e Imagem em Movimento)
Hoje em dia, duvido que alguém diria que fotografia é um conceito que agride uma Lei Objetiva da Arte. Bruxas e demônios também já foram extremamente chocantes, e hoje não assustam mais nem crianças.
Mas agora passo a bola para você. Se quiser falar mais sobre essa suposta objetividade de leis artísticas, esteja à vontade.
Quanto a famosa viagem no tempo de
Superman - O Filme, claro que não. Aquilo é científica e racionalmente injustificável, como qualquer Viagem no Tempo para o passado.
Curioso, é que até parece uma outra modalidade de viagem no tempo onde se "reverte" os acontecimentos mecanicamente, como em GRADIVIND, porém, como a viagem se dá por deslocamento superluminal, então isso não faria sentido.
Mesmo tendo voltado ao ponto de origem, não ficou claro o que ocorreu para mudar o estado de coisas, pois ele sequer chegou a tempo de evitar a tragédia, e sim, deixou o tempo correr de novo, e este, estranhamento, assumiu outra sequência de eventos.
De fato, essa alteração faria sentido porque ele próprio teria saído do retrocesso temporal, mas isso evidentemente leva ao velho Paradoxo de Causa e Efeito.
Amigavelmente
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6 de Setembro de 2011 |
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Mario Campos de Jesus
- 1963 -
Seropédica-RJ
Tecnico em Contabilidade
217,
[217.1,
217.2,
217.3],
228,
362,
575,
579,
622
690,
739,
742,
748,
750,
751,
756,
759,
765,
770,
776
mariocamposdejesus
u o l . c o m . b r
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Olá, Marcus, como vai você? Eu estou ótimo e satisfeito de estar voltando a escrevê-lo.
Tive uma idéia, sobre a bíblia, e gostaria de colocá-la para ter a sua opinião e dividir com os seguidores do seu sitio.
É sempre defendida pelos cristãos que a bíblia foi inspirada por Deus. No entanto as palavras de Paulo, João, Mateus, Moises e outros, são RELATOS de fatos presenciados, testemunhados - não uma inspiração divina. Eles não “sentiram” aquelas coisas que contam, não foi uma idéia que lhes ocorreu, um “insight”. Eles narram eventos e contam histórias de coisas que supostamente viram, ouviram dizer ou leram. No caso das mensagens aos profetas parece que foi através de fonemas e não uma iluminação. Parece-me que só o livro de Apocalipse, este sim, é literalmente uma inspiração (revelação). No caso do relato da criação provavelmente foi uma história contada verbalmente, de pai para filho, até a geração que a registraria em manuscritos quando do advento da escrita. Ou seja, eles não “adivinharam” aquelas histórias. E tem outra coisa, eles mesmos, os escritores bíblicos, não se dizem inspirados por Deus (eu pelo menos ainda não encontrei isso escrito na bíblia).
Então o que parece é que a bíblia não é uma escritura inspirada, mas um documentário histórico religioso, como a história da criação, a história do povo judeu, a história de Jesus e os atos dos apóstolos contados pelos seus escritores.
Pode parecer uma mera questão semântica, mas eu vejo uma grande diferença entre um documentário histórico religioso e uma inspiração divina, pois esta última tem todo o poder de com naturalidade promover uma comoção profunda nas pessoas, enquanto a primeira, no caso bíblico, se apóia em ameaças e promessas.
Cordialmente e sempre agradecido pela sua atenção e paciência.
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Terça, 9 de Agosto de 2011 |
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Tema: Teologia, Crítica do Cristianismo, Inspiração Divina da Bíblia
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.492
- Resposta: 1.896
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Olá Mario.
Antes de tudo, devo explicar que houve um problema no site, e por algum motivo desconhecido a resposta que eu havia dado, há mais de uma semana, simplesmente sumiu. Mas de qualquer modo foi bom, porque acabei por rever o que escrevi e alterar algumas partes, aliás, foi o motivo pelo qual percebi o problema.
Bem. A maioria dos crentes irá contestá-lo com II Timóteo [3:17], apelando ao termo Escritura, 'grapho' em grego, que é exaustivamente repetido ao longo de todo o Novo Testamento. Assim, fica bastante defensável a tese de que a Bíblia afirma sim sua inspiração divina.
Talvez não da forma como alguns pensam, que os escritores eram tomados por uma experiência mística que os fazia "psicografar" os textos, num arrebatador processo transcendental. Mas podemos imaginar algo mais sutil que isso, como se um escritor normal, trabalhando como qualquer um trabalharia, estivesse no entanto inspirado de modo a não ser possível o erro.
O fato de nem todo o texto se dar numa experiência simbólica radical não impediria, em tese, a inspiração divina.
Assim, me parece que não seja o caso de abordar o assunto por esse prisma. Se quiser contestar a inspiração divina na Bíblia, sugiro outros meios. Ou melhor, exigir alguma evidência maior do que a simples auto afirmação.
Ultimamente tem sido muito comum a cruzada religiosa que tem como ponto de partida da certeza absoluta na inspiração divina da Bíblia, a exemplo da investidas contra os movimentos homossexuais, espalhando manifestações explícitas em toda a parte sobre o que deus disse, quer e pensa. É claro que os crentes jamais serão capazes de dar um único argumento sequer que torne essa certeza inabalável minimamente justificável.
Como já estão completamente imunizados contra qualquer forma de bom senso, embotados pela massacrante lavagem cerebral diária em suas comunidades religiosas que jamais fornecem um minuto de silêncio para uma mínima reflexão independente, como cada mísera fagulha de pensamento livre é imediatamente sufocada por um dilúvio de emoções coletivas e toda sorte de coerção mental, não vejo a menor possibilidade de que eles possam ser sensibilizados por uma abordagem menos direta do que simplesmente lhes exigir que mostrem aquilo que não tem.
Amigavelmente
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3 de Setembro de 2011 |
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Jerson dos Santos Seling - 1988
Aceguá-RS - Bacharel em Informática Desempregado
75% Cristão + 25% Ateu = Agnóstico?
585,
593
j e r s o n s e l i n g
y a h o o . c o m . b r
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Caro senhor XR...
É com imenso prazer que volto a contatá-lo, a primeira e a última vez que o fiz foi em 2006 através de duas mensagens, a 585 e a 593, na época prometi enviar uma mensagem maior com todas as perguntas, opiniões e críticas que eu tinha sobre seu trabalho neste site. Porém minha preguiça foi maior e nunca até hoje as digitei, assim depois de quase 5 anos redigi uma nova lista, esta bem mais madura e atualizada que a primeira, embora ainda incompleta. Os itens estão ordenados por relevância, por último estão os mais relevantes.
- Sobre minhas idéias de contos/livros de FC.
Há bem mais de 10 anos eu tenho planejado e escrito alguns contos de FC, que assim como o senhor, a primeira idéia de meu universo de FC nasceu lá pelos meus 11 anos onde eu em “aventuras imaginárias na privacidade de meu quarto, usava tudo que precisava para viajar aos mais incríveis lugares e viver as mais diversas aventuras fantásticas, minha imaginação” (Citando o senhor na apresentação de Alice).
Por volta de 2004 escrevi 3 contos completos, mas que por causa da minha imaturidade na época, hoje os desconsidero. Em 2006 tive e comecei a escrever as idéias de 4 contos ao mesmo tempo, não deu certo, eu escrevia a introdução deles e travava, sem ter a menor idéia de onde ir. Um desses contos, que se chama “O Planeta dos Dragões”, possivelmente um de meus melhores, que eu ainda estou tentando dar seguimento, ele é baseado nas teorias ufólatras de Erich von Daniken, sobre uma origem da humanidade não-autócne na Terra. Outro de meus melhores contos inacabados que cheguei a colocar no recanto das Letras (e depois tirei) era sobre os últimos momentos dos últimos Homo sapiens, chamado “Hominis Finatis”. Eu queria saber se o senhor tem alguma dica para me dar para não estagnar assim, pois sei que o senhor teve esse problema como dito na mensagem 800 sobre a estória de Seinel e Traigon. Possivelmente eu tenho esse mesmo problema, porém em um nível muito maior e por enquanto permanente. Desde já agradeço alguma dica, por menor que seja.
- Sobre conceitos exóticos: Universo mentônico, peitos flamejantes e cérebros voadores.
Acredito que conceitos exóticos como esses são muitas vezes evitados na FC para que o trabalho do autor seja menos julgado com base em preconceitos dos leitores. Se o leitor não sente repulsa de uma parte de um livro, ele gostará mais dele, consequentemente mais leitores gostarão desse livro, mais livros serão vendidos e o autor e a editora vão lucrar mais. Simples. Pode até parecer triste, mas nem todas as formas de originalidade são admiradas (a mensagem 774 aborda também de certa forma o que quero dizer). Até as coisas ditas originais mais sutis podem contar, eu mesmo, por exemplo, no livro “Ao Encontro de Rama” onde Clarck descreve seres trípedes dentro da grande nave alienígena. Essas coisas não foram digeridas por mim até hoje, e olha que fazem uns 7 anos que li esse livro.
O senhor pode estar pensando: “Mas qual é o problema que esse maluco tem com meu universo mentônico?”. Bom a questão é que em geral na FC os autores adequam a estória deles ao universo real (e frequentemente tirando licenças poéticas por isso), já o senhor adequou o universo inteiro dentro da sua estória (universo DAMIATE), assim o senhor não tira licenças poéticas, pois no fim tudo já é uma espécie de grande licença poética (mas não exatamente uma, visto que está coberta por um racionalismo supra-realista). Ou seja, é um conceito exótico que pode ser julgado pelos preconceitos de muita gente. O senhor pode pensar: “Mas não é meu objetivo fugir de preconceitos, um dos propósitos de eu escrever é para fazer as pessoas refletirem e se livrarem desse tipo de coisa”. Eu acho certo esse pensamento também, mas convenhamos que provavelmente 90% dos leitores não estão muito dispostos a ceder quanto a isso. E esse é o motivo segundo minha opinião dos autores não usarem conceitos muito exóticos em larga escala, conforme o senhor se questiona no Adendum de GRADIVIND.
- Sua opinião sobre alguns filmes e livros.
GRADIVIND me fez lembrar logo de cara o filme “Idiocracia”, uma comédia FC beirando o besteirol (se não o é), mas com uma questão bem interessante capaz de nos fazer pensar sobre os rumos da humanidade. Se o senhor viu esse filme, qual sua opinião?
O senhor já leu “O Guia do Mochileiro das Galáxias”? Esse é meu livro de FC favorito, e também uma prova de que conceitos originais e exóticos podem fazer sucesso (de uma série de rádio virar uma série de tv, para uma série de livros e mais tarde um filme que não o faz jus), embora que muito bem embalados em questões superiores (críticas a estrutura da sociedade).
- Sobre o estilo narrativo de seus contos/livros virtuais.
Espero que minha sinceridade aqui não o ofenda, pois, no fim admiro seu trabalho ao todo. Em 2006 li Alice e outros contos/livros seus, há alguns dias atrás li o GRADIVIND e o que se confirmou na minha idéia sobre pelo menos essas obras, foi que seu estilo narrativo é carente quanto à descrição emocional dos personagens, tornando essas manifestações deles bem superficial, embora suas identidades sejam claras, ainda que sejam simples demais, beirando clichês (p.ex.: sabemos que Glei é um nerd órfão depressivo, Dir-Zá é carinhosa e afetuosa e Ei-Kis é meio esquentada, de difícil receptividade). No GRADIVIND, Parte 2, “sub-parte ‘Há Cinco Milênios... ’”, há o diálogo de Glei e o reitor Edmundo, nele o senhor lista frase sobre frase dos personagens, sem nenhuma descrição emocional do instante da fala, o senhor deu apenas uma descrição no início de todo o diálogo, que, porém, é insuficiente e assim que nós leitores que não estamos “por dentro” da natureza do personagem e da situação (diferentemente do senhor que é o autor) começamos a ler o diálogo, este parece ser frívolo, já que não possuem essas descrições do momento que fazem um papel ao equivalente do cinema da “pausa dramática”. Após uma fala não há um, por exemplo: “Disse Glei com os olhos lacrimejando enquanto olhava o chão”.
Em razão dessa carência, foi também que eu comecei a ler o Raio Y e parei após ler um quarto deste (embora outros fatores também tenham me influenciado, pois não admiro muito as estórias de super-heróis).
Dessa forma o seu estilo atualmente me lembra muito ao de Christopher Paolini, escritor do livro Eragon. Num paralelo, o senhor trata de FC, Paolini sobre uma epopéia épica sobre cavaleiros de dragões, você dois direcionam a maioria do seu foco para esse cerne e deixam a desejar na questão da complexidade da identidade dos personagens.
Porém, eu acho que isso é apenas uma pequena mancha nas obras que li do senhor (com exceção do Raio Y, onde ela foi maior do que pude aguentar) e que tenho certeza de que se o senhor quiser, pode mudar.
Retificando que não creio que essa crítica tenha a ver com alguma subjetividade do meu julgamento, pois já li dezenas de livros. Acredito que a complexidade dos personagens deve ser em um nível razoável para a estória não ficar infantil (não seria bem esse o termo, mas dá para entender o que quero dizer).
Para finalizar essa crítica, queria dizer que invejo no geral sua capacidade de sintetizar uma estória completamente já que não gozo de tal dom.
- Sobre Continuidade Mental: Teleporte.
Lendo o artigo Teleporte me veio uma idéia na cabeça. Se o conceito dela já existe o senhor me diga o nome, pois sou leigo em filosofia.
Materialísticamente falando, podemos também supor que não existe continuidade mental, que o ser EU é apenas um momento, onde a mente é a soma da memória e da personalidade (a maneira do ser de reagir e gerar estímulos externos e internos), estas sim contínuas e gravadas na rede neural humana. Assim o EU de agora não é o mesmo EU do momento anterior, o EU de agora só pensa que é o original por ter a rede neural compartilhada entre os momentos.
Dessa forma, numa replicação partícula por partícula, o ser replicado seria capaz de gerar momentos que compartilhariam uma rede neural idêntica a do original. Assim esse ser teria a dignidade plena de poder ser um EU, logo, não há nada de errado se houvessem múltiplos EUs.
Fortalecendo (acho eu) essa “teoria” há a tese de um cientista, que não faço idéia o nome agora, pois, li sobre isso em uma revista a muito tempo, de que a autoconsciência é o 6º sentido, sendo assim, se o tato ou a visão não qualificam uma mente como única, a autoconsciência não o deveria também?
Extrapolando esse conceito, numa situação onde houvessem dois EUs com redes neurais idênticas e um deixasse de existir, sobraria só um EU, que no fim das contas seria o mesmo EU original, logo, ninguém morreu, pois a EUdade seria um evento e não uma entidade.
Mas e se realmente houvesse um teleportador de partículas e quisessem que eu (eu Jerson) fosse cobaia? Mas nem sonhando que eu iria, pois essa idéia só me veio como fruto da “característica intrínseca humana de sintetizar conhecimento e explicações sobre o mundo” que o senhor fala na mensagem 793, conhecimento esse que é apenas especulativo! Por isso eu sou agnóstico, não faço idéia se vivemos em um mundo materialista ou não, tudo que me cabe é especular. Nunca que eu levaria a sério uma idéia niilista como essa. Embora, eu não a descarte.
Por fim seria isso, desculpe a extensão e se roubei seu tempo,
De antemão agradeço um resposta.
Abraços
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Quarta, 3 de Agosto de 2011 |
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Tema: Ficção Científica, Literatura, Escrita de Livros, Conceitos Ousados, Técnicas Literárias, Crítica, Meta-Continuidade Mental
Número de Caracteres
- Mensagem: 7.702
- Resposta: 9.631
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Prezado Jerson.
É também com prazer que recebo essa nova mensagem sua, agradecendo a oportunidade de debater esse tema tão caro. Vou direto à suas questões.
Dicas para Escrever
Parabenizo seu esforço e vejo que a se empenhou bem mais cedo que eu na escrita. Mas na idade em que deu seus primeiros passos é normal que tenha desanimado. Como a matéria prima mental, que é o mais importante, você já tem, tudo depende de conseguir adotar uma abordagem que permite tal fonte fluir sem ser interrupções técnicas, como a dificuldade de digitar ou o simples fato de nossos pensamentos serem incomensuravelmente mais rápidos que nossos dedos.
Por enquanto, ainda tenho pouca informação sobre seu estilo, mas talvez você tenha um problema similar ao meu, a dificuldade de finalizar o que começou, principalmente pelo fato da indomável imaginação rapidamente escapulir em outra direção. Se for mesmo esse caso, eu sugiro que primeiro tente escrever algo único. Não que não seja possível escrever vários textos ao mesmo tempo, é, mas no geral terminamos mais rápido quando nos empolgamos com um só. Outra dica, que para mim tem sido completamente inescapável, é experimentar o estilo que mais lhe agrada, com relação ao ponto de vista da estória e a ordem narrativa.
Do ponto de vista, há basicamente 3 estilos narrativos mais usados. Os de 1a, "2a" e 3a pessoas.
O primeiro é evidente quando o narrador é o próprio personagem principal, que narra os fatos sempre sob seu ponto de vista imediato. Isso permite uma aproximação muito grande com o personagem, uma intimidade, e é frequentemente mais adequado quando você se identifica muito com ele. Foi assim que escrevi meu primeiro livro, embora seja um estilo que depois tornei secundário. Alguns de meus exemplos são
Conversando com o Diabo,
Seculários de Um Homem Milenar e
Um Lugar ao Sol. E em todos os casos, o autor acaba encarnando o personagem, ou o inverso.
Pulando para o terceiro, trata-se do típico estilo do narrador onisciente. Ele vê e sabe coisas que os personagens não sabem, podendo dar informações externas. Ora conta sobre um protagonista, ora sobre outro, ora sobre o antagonista, ora sobre personagem algum, podendo dar apenas informações genéricas sobre a ambientação ou até mesmo divagar de uma forma totalmente impessoal. Dependendo da ousadia do estilo, o narrador pode se transformar também num crítico, capaz de refletir sobre a própria obra ou julgar os personagens ao longo do texto. Alguns de meus exemplos são A Morte Negra, Planeta Fantasma ou o fanfic
MatriXR. Em Os Progenitores, atingo minha estória mais impessoal, onde sequer há personagens, sendo basicamente uma espécie de relatório narrativo, mas em
Raio Y a narrativa frequentemente se fecha em cima de alguns personagens, ora se abre.
Deixo o segundo estilo para comentar por último por ser evidentemente um intermediário dos anteriores, e não, de fato em
2a pessoa. Embora existam sim estórias desse tipo, onde o narrador falar sobre "Você", o leitor, mas são raras. No que estou destacando, trata-se de uma narrativa em 3a pessoa mas fortemente centrada em um dos personagens, dificilmente saindo de seu raio de ação e percepção. Alguns exemplos são GRADIVIND, Quem é Deus? ou A Espada de Cristal. Talvez esse seja um estilo mais fácil de começar, pois permite uma grande intimidade com o personagem, mas também permite uma reflexão sobre o mesmo quando este não é dado a auto crítica. Por vezes é tão próximo que praticamente tem a mesma profundidade interior da narrativa em 1a pessoas, mas sem se limitar ao problema da percepção necessariamente subjetiva do personagem, que jamais poderá narrar fatos que não lhe estejam imediatamente acessíveis.
Mas é claro que frequentemente as estórias misturam esses estilos narrativos. Os Crononautas por exemplo, frequentemente está em 1a pessoa, e por vezes em 3a. Sem contar que é possível fazer uma narrativa com várias 1as pessoas se alternando ao longo do texto.
Agora quanto a ordem narrativa, está é no sentido temporal, pois a estória pode se desenvolver de forma linear, sendo contada passo a passo, gradativamente, sem saltos. Mas também pode ser contada com retrospectos, adiantamento e recuos narrativos diversos, ora explicando algo que ocorre no presente, ora explicando o passado, e por vezes até entrando num passado do passado. Além disso, ela está quase sempre mudando no enfoque do personagem, podendo sequer haver um em especial, por isso jamais poderá ser totalmente em 1a pessoa, a não ser em casos especiais, como personagens que viajam no tempo ou tem a memória fragmentada.
Pessoalmente, tenho muita dificuldade de escrever assim. Meu estilo é predominantemente linear, e é por isso que o livro sobre Traigon e Seinel tem ficado encalhado, pois é a primeira vez que tendo escrever de forma mais fragmentada. O livro não está abandonado, frequentemente adiciono alguma coisa, mas não está nada fácil. Note inclusive que as estórias que produzi mais rapidamente tendem a ser justamente as em 1a ou 2a pessoa, sempre lineares.
Enfim, escolha um estilo adequado, facilitará muito a fluência da escrita. Outro ponto: Muito cuidado ao escrever sobre temas consagrados! Como dragões. É incrivelmente comum que escritores iniciantes façam suas primeiras estórias sobre conceitos bem populares. Eu mesmo pus dragões no meu primeiro livro e me arrependo. Não havia necessidade. O principal problema é que além de tomar o lugar de alguma iniciativa mais inovadora, a possibilidade de que surja outro autor com uma idéia muito parecida é simplesmente total! Vai acontecer! Podendo fazer com que a sua pareça uma imitação. Já vi gente desanimar de escrever por causa disso.
Por último, não se preocupe se em algum momento a estória parecer fugir ao seu controle, de modo que você acaba não conseguido dar devidamente os rumos antes pretendidos. O escritor é como um Deus do universo que escreve, e todo Deus que se preze não pode ser onisciente nem onipotente. Ele criará um universo, mas suas criaturas se rebelarão e tomarão vida própria.
Conceitos Exóticos
São usados por muitos escritores. Eu até me acho um pouco original, mas não vejo nenhuma ousadia maior do que os de muitos escritores consagrados. Não creio que seja a ousadia e exoticidade do conceito o problema que você está comentando, mas sim o fato de que, diferente da maiorias dos escritores, eu decidi racionalizá-los, e essa racionalização sim, é seguramente acima da média das ficções mais ousadas.
O problema então é que muitos leitores podem ter preguiça de pensar, preferindo relaxar na baixa racionalidade e vivenciar a estória num sentimento mais próximo ao dos contos de fadas do que da ficção científica. Aliás, há muita pseudo FC por aí, onde apenas há uma roupagem de conceitos vagamente científicos e tecnológicos. Por outro lado há muitas obras que não são vistas como FC mas com níveis de coerência surpreendentes.
Por fim, eu não estou muito preocupado em submeter meu estilo literário à exigências populares com vista a maior venda possível. Se assim fosse, não estaria publicando tudo de graça na internet. Claro que ainda tenho pretensão de lançar algo no mercado editorial normal para pelo menos ter alguma experiência mais direta, mas hoje, agradeço às terras por nunca ter conseguido fazê-lo com As Senhoras de TERRANIA logo no começo, pois teria arruinado por completo todo o projeto do Universo DAMIATE. Tendo sido inicialmente escrito em 1999, de lá pra cá fiz várias adaptações, e ainda terei que fazer mais.
Opiniões
Sim. Já li todos os 5 livros do
Hitchhiker Guido to The Galaxy e também já vi Idiocracy, e gosto muito de todos. Mas tenho minhas críticas. Uma delas é exatamente o motivo pelo qual criei O SISTEMA do
GRADIVIND, sem o qual aquela civilização jamais poderia se manter, ainda que estivesse anos luz à frente da civilização de Idiocracy. O problema desta, e que aquela sociedade jamais conseguiria subsistir com tamanho luxo e recursos. Seria impossível que um universo de pessoas tão burras conseguissem manter um padrão de vida tão elevado. A civilização desabaria sobre si mesma e voltaria a barbárie, à idade da pedra. Juro que pensei ao longo do filme, que ao final surgiriam as pessoas não idiotas que estavam na realidade por trás de tudo. Mas não havia. E se não havia nenhum sistema artificial capaz de coordenar tudo, o filme se torna conceitualmente absurdo. Sorte que é uma comédia.
Já os livros de Douglas Adams sofrem apenas do problema da decadência. Não há como negar que o melhor é o primeiro. Os outros também são muito interessantes, mas entre os dois últimos, ele faz uma das coisas que considero mais detestáveis para um escritor. Inventar uma tolice qualquer para eliminar, sem sequer um mínimo de catarse, uma personagem adorável que surgiu no penúltimo livro, a Fenchurch. E admitiu que o fez apenas para manter o personagem principal na palhice de sempre, repetindo as mesmas trapalhadas e bobeiras e continuando acima de tudo um idiota, coisa que havia deixado de ser ao conhecer Fenchurch, e ainda retirando-lhe o poder de vôo. Para mim, isso foi a única coisa de depôs duramente contra a série.
Sobre meu estilo
Fique tranquilo que não sou pessoa de me ofender por opiniões e críticas bem intencionadas. Mas fico um pouco desorientado. É que além de críticas recorrente que já recebi, tenho uma lista de críticas previstas que jamais recebi, até me surpreendendo por isso. Mas a sua nunca sequer previ. Mal sei como responder suas colocações, talvez porque posto dessa forma pareça sim subjetiva. No caso que citaste de GRADIVIND, até entendo melhor, pois o trecho apontado realmente não tinha pretensão de explorar o personagem mais profundamente. Mas eu percebo muitos de meus personagens, inclusive o próprio Algleison, de um modo totalmente oposto, e aviso também que nunca recebi uma crítica sequer vagamente similar.
Façamos da seguinte forma. O melhor meio de esclarecer seu ponto de vista seria selecionar um trecho, de preferência um do Raio-Y, e então você reescrevê-lo da maneira como acharia mais interessante.
Agora, se você não gosta muito da temática de super heróis, então poderá ter dificuldade com o Universo DAMIATE, pois eles serão frequente, ainda que num estilo radicalmente distinto dos tradicionais super heróis das estórias em quadrinhos.
Meta-Continuidade Mental
Você entendeu mau o tema. Continuidade Mental existe! Não tem não existir e não vejo modo algum de negar isso, pois é exatamente o conceito usado para substituir o problemático conceito de Identidade. Este sim, é desconsiderado, porque o seu Eu, sua Mente de agora, definitivamente não é idêntica a de ontem. Ela tem conteúdos distintos, recebeu elementos novos, perdeu outros. Mas se não é idêntica, é Contínua, e é isso que garante a noção de EU, mesmo de um EU quântico, que exige uma continuidade mínima de tempo.
O que está em dúvida, e se existe META-Continuidade Mental, e nesse caso, a questão do Teletransporte de Partículas se torna relevante.
Também deixou de enfatizar a questão subjetiva. É absolutamente irrelevante o ponto de vista externo. Não se questiona a continuidade mental de outro, nesse caso, mas SOMENTE, a sua própria como você mesmo percebe ao final, admitindo que não confia na Meta-Continuidade Mental após um teleporte de partículas. É essa resistência subjetiva que importa.
Fico por aqui pra não estourar meu próprio limite. Mas gostei muito dessa mensagem, estou a disposição para dialogar,
e deixo claro que estou disposto a publicar suas estórias, caso precise deste espaço.
Amigavelmente
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9 de Agosto de 2011 |
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Fábio Duarte Ribeiro - 1986
Machado-MG - Estudante de Agronomia
Agnóstico
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Oi Marcus como esta! Estou aqui desta vez porque queria obter alguns esclarescimentos e ver sua opinião sobre uma conversa que tive com um amigo meu outro dia. Vou começar por algo bem específico que ele me disse mas que remeteu depois a assuntos mais abrangentes e de bastante importância. O que ouvi dele foi que a vacina contra a gripe H1N1, famosa gripe suína, na verdade funciona como uma "arma" de extermínio populacional a médio ou longo prazo para países subdesenvolvidos, em especial para América Latina, onde a vacina vai matando a pessoa lentamente conforme as doses anuais da mesma, e que evidência forte para isso é o fato de que os norte americanos e europeus nunca tomaram dessa vacina, pois na verdade a intenção é acabar com a população mestiça do mundo.
Posteriormente a conversa tomou outro rumo, onde ele falou de uma próvavel futura "Nova Ordem Mundial" onde o mundo se tornará praticamente um só, com apenas uma moeda, onde essa nova ordem manterá o controle da população atrávés de leis e normas um tanto invasivas como por exemplo câmeras instaladas nas nossas casas onde seremos de certa forma "vigiados", seremos mantidos sobre controle, mesmo de que maneira relativamente sutil e não tanto perturbadora. Apontou para o fato de que a própria mídia com seus inúmeros reality shows já esta causando uma manipulação na mente das pessoas como se já estivesse preparando-as de maneira bastante sutil para se sentirem familiarizadas com essa futura realidade.
Ele citou também evidências como essas câmeras redutoras de velocidade colocadas nas rodovias como suposto indício para essa tendência da nova ordem, onde essas câmeras em nada ajudam de maneira significativa na redução de acidentes nas estradas e que é apenas uma maneira do governo tirar mais dinheiro das pessoas com multas, falou também das camêras de segurança que são colocados em lugares públicos e outros similares, onde tudo isso é apenas a ponta do ice berg de um sistema de controle invasivo que esta por vir.
Daí a conversa tomou diversas ramificações em certo grau relacionadas, onde fez criticas a maçonaria dizendo que um colega seu que fez um curso de simbologia disse que a bandeira nacional trás um simbolo da maçonaria na sua figura geométrica losângo, dizendo que a frase "Ordem e Progresso" esta relacionada com essa nova ordem mundial etc.
Em fim, colocou toda uma carga negativa nisso tudo descrito até agora, tentei colocar minha opinião contrária a respeito disso tentanto ao menos me opor contra alguns excessos, mas percebi que me faltou algum conhecimento sobre o assunto e meus argumentos não foram muito consistentes.
Estou aqui atravéz dessa mensagem Marcus não para obter informações e argumentos seus para ganhar um debate com um amigo meu e muito menos tentar mudar suas convicções, sempre estive aqui e sempre recorrerei ao seu site para os mais nobres motivos, queria que me desse sua opinião sobre esse assunto, estou aqui acima de tudo para adiquirir conhecimento.
Amigavelmente.
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Sábado, 23 de Julho de 2011 |
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Tema: Teoria da Conspiração, Genocídio, Paranóia, Nova Ordem Mundial, Privacidade, Controle Social
Número de Caracteres
- Mensagem: 2.503
- Resposta: 8.675
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Caro Fábio...
Será um prazer colaborar no que for possível, e a primeira observação que faço é que para confrontar um discurso conspiratório paranóico e irresponsável (principalmente no sentido de que o proponente seguramente não se responsabiliza por essas informações) como esses, nada mais fundamental do que pedir evidências preliminares.
Por exemplo: De onde ele tirou essa idéia de que a vacina distribuída no Brasil não foi distribuída em outros países, incluindo E.U.A.?
Eu sei de onde. De uma série de hoaxes anônimas, virais e sempre fraudulentas que andaram circulando por aí nos últimos anos, e que já foram desmentidas por todos os órgãos e profissionais de saúde públicos ou privados, do Brasil e do Exterior. Não é difícil achar informações sobre isso.
Segundo, é importante apontar de imediato qualquer contradição potencial, ou atual, do discurso.
Exemplo: Se o objetivo dos conspiradores era matar "mestiços", como diabos essa vacina também não seria aplicada nas populações mestiças da Europa e dos E.U.A., que são enormes, se seriam justamente essas que mais os incomodariam?
Além disso, embora o Brasil seja sim, provavelmente, o país mais mestiço do mundo, inúmeros outros países subdesenvolvidos não o são. Os países latinos mais próximos ao equador, por exemplo, são esmagadoramente dominados por populações indígenas de ascendência étnica tradicional. O mesmo ocorre nos países africanos, onde a maioria esmagadora da população é negra, com influência caucasiana praticamente nula! Por tanto, a não ser que seu dialogante não diferencia população mestiça de população pobre, o discurso sequer faz sentido.
Quando a questão da nova ordem, é um tema mais interessante.
Penso que se tem feito um enorme estardalhaço na questão da privacidade, como se de repente esta fosse um direito natural acima de qualquer outro. Curioso é que durante a maior parte da história o próprio conceito de privacidade parecia sequer existir. A vida, para 99.99% dos humanos que já viveram sobre a terra, tinha privacidade tendente a zero, exceto aquela à qual ninguém se interessa em violar.
Com a advento do conceito de vida privada, as sociedades evoluíram mais nesse sentido até ficar claro que é preciso atingir um certo nível de proteção à liberdade individual e o simples direito de não só ir e vir, como de não ir nem vir, nem ver nem ser visto, desde que tudo isso diga respeito somente ao próprio indivíduo.
Penso que, sinceramente, a civilização ocidental não só já atingiu como passou do nível ideal nesse sentido. É óbvio que não tem cabimento que sua privacidade seja invadida quando você está no banheiro ou na intimidade sexual, em assuntos de foro íntimo ou coisa que o valha, mas é estranho que muitas pessoas parecem pensar que essa privacidade se estende à praça pública, como se alguém que estiver sendo filmado, de modo genérico por uma câmera de vigilância estivesse tendo sua privacidade violada!
What the hell?! Se você está na rua, todos podem te ver, quer seja diretamente, ou a distância, com binóculos. Qual a diferença que você seja visto por uma câmera que registra ou transmite a imagem para o mundo todo? Qual é o limite ideal para que uma imagem de uma via pública pode ser disponibilizada?
Mas é claro que as preocupações com a "privacidade pública", que é tema que tem sido de fato discutido, (uma vez que ninguém pode levar a sério a idéia de que o governo ou as Megacorps irão instalar câmeras dentro da sua casa contra a sua vontade), tem basicamente duas fontes.
A das pessoas que tem algo a esconder;
A das pessoas que temem o mau uso dessa invasão de "privacidade pública".
Querendo ou não, o fato é que quem brada contra a disponibilização de câmeras públicas de vigilância faz coro com todo e qualquer criminoso, atual ou potencial, ou pessoas que queiram praticar atos dos quais não querem assumir a responsabilidade. Se você é uma pessoa honesta, é possível que se preocupe com a vigilância pública, mas se você é alguém disposto a praticar algum tipo de conduta reprovável publicamente, VOCÊ TEM QUE se preocupar com tal vigilância.
Mas temos também a questão do temor de que tal vigilância seja mal utilizada. Como toda e qualquer coisa concebível pode ser. Em especial, o medo do controle de uma força opressora.
Sobre isso, há uma curiosa ambiguidade nas teorias de conspiração.
Se alguma entidade está tentando, e não conseguindo, instalar sistemas de vigilância pública, então é óbvio que tal entidade não pode ser opressora, caso contrário simplesmente instalaria o sistema e pronto! Ora, se um governo totalitário assumir o poder, ele VAI instalar tal sistema, sem dar satisfação a ninguém!
Mas num estado livre isso não faz sentido, e é evidente que uma ampla teia de vigilância pública trará muito mais benefício do que prejuízo. A prevenção e solução de crimes por si só já deveria ser suficiente para falar a favor disso. Ultimamente tem sido esmagadora a quantidade de benefícios que câmeras de vigilância tem feito, em especial ajudando na identificação de punição dos criminosos. Abrir mão disso em prol de uma paranóia conspiratória é incrivelmente tolo. Só sendo paranóico mesmo.
Claro que alguém pode pensar que o esforço para promover tal sistema de vigilância seja o prenúncio de um sistema ditatorial. Mas isso não faz sentido, pois jamais isso foi uma condição necessária a um estado totalitário, que caso assuma o poder, como já dito, vai instalar o sistema de qualquer jeito. Esse temor apenas nos faria abrir mão de todo os inegáveis e tangíveis benefícios da vigilância pública em prol da conservação de uma "privacidade" dúbia indissociavelmente relacionada ao crime e de um temor conspiratório inútil.
Há também uma questão curiosa com relação a confusão feita pelo conceito de vigilância pública e a pura e simples onisciência. A maioria das pessoas parece pensar que câmeras espalhadas por toda parte registram tudo em detalhes, como se um Deus estivesse as manipulando.
É curioso isso diante do fato de que mesmo quando um grande crime é praticado e flagrado pelas câmeras de vigilâncias, mesmo quando a imagem é de alta qualidade, a polícia tem um enorme trabalho para examinar, estudar, melhorar e extrair tudo que as imagens possam fornecer. Como alguém pode pensar que o estado esteja pagando alguém para se dar ao trabalho de examinar detalhes da vida de cada cidadão que passa diante das câmeras?
Para 100 milhões de pessoas serem vigiadas com um mínimo de precisão, seriam necessário no mínimo 300 milhões de vigilantes! Três para cada pessoa, que se revezariam em escala de plantão! É uma idéia completamente absurda!
Isso significa que mesmo num sistema virtualmente onipresente de vigilância, a quase totalidade das pessoas continuará passando desapercebida, exceto caso já esteja despertando o interesse de alguém em especial. O que nos leva ao outro ponto, que é quem irá se beneficiar do sistema, e aí sim temos uma problema relevante.
Para ser justo, um sistema de vigilância pública tem que ser exatamente isso, PÚBLICO! Ele só será realmente honesto se as imagens puderem ser acessadas por todos os cidadãos, livremente, caso contrário, fica configurada sim uma tendência a abuso do poder público. Infelizmente há quem defenda essa estranha assimetria.
Isso não significa dizer que uma processo de investigação tenha que se tornar público. A polícia não tem que necessariamente publicar suas investigações baseadas em imagens capturadas nas ruas, mas essas imagens em si tem que ser acessíveis por todos, até por que isso seria necessário para o detalhe obrigatório final que tornaria um sistema público de vigilância verdadeiramente decente, que é a bilateralidade.
Ora, se você quiser ficar me espionando enquanto estou na rua, tudo bem desde que eu também possa espionar você. Se o seu chefe quiser ficar te vigiando para saber onde você está, que você então possa se defender pondendo vigiá-lo também, assim neutralizaria-se a quase totalidade dos potenciais abusos, que sempre ocorrem justamente porque apenas um lado está se beneficiando da possibilidade de vigiar.
O problema dos abusos cometidos por e-mail ou redes sociais é quase sempre resultado do anonimato. Alguém tem uma identidade pública, e um anônimo covarde se beneficia de sua invisibilidade para enxovalhar. Elimine o anonimato e a quase totalidade dos crimes virtuais desaba.
Outra vantagem da vigilância pública PÚBLICA é a democratização da possibilidade de investigar. Hoje, quem tem mais dinheiro está em nítida vantagem para contratar detetives ou recursos úteis para espionar o que quer que seja, mas a proliferação tecnológica SEMPRE quebra essa vantagem dos mais poderosos, que embora também possam usar recursos caros cada vez mais sofisticados, essa vantagem não cresce na mesma proporção. Exemplo. Quem tem um jatinho particular está em nítida vantagem no tempo que leva de viagem de um local distante ao outro, mas a popularização dos vôos populares, permitindo a pessoas de baixa renda também usarem avião, não faz os jatinhos particulares voarem duas vezes mais rápido. Ou seja, o avanço tecnológico SEMPRE diminui a distância entre ricos e pobres. Enquanto só quem é minimamente abastado pode ter TV por assinatura e alugar filmes em Blu-Ray, praticamente qualquer um tem acesso quase às mesmas possibilidades na internet.
Enfim, há inúmeros motivos para comemorar o avanço tecnológico associado a onipresença de acesso público, vigilância ostensiva inclusa. Sei que fui um pouco além do escopo de sua pergunta, mas não é difícil, daqui, deduzir consequência mais diretas. Mesmo no caso absurdo de câmeras impostas dentro de casa por uma força autoritária invasiva, pense bem, vão mesmo ficar prestando atenção em tudo que você faz? É impossível! O sistema, ademais, seria um gasto inútil, inclusive porque haveria inúmeras formas de ludibriá-lo.
Por fim, é verdade que símbolos nacionais em diversos países estão repletos de influência ocultistas e que a história política sempre foi influenciada por sociedades secretas. É também verdade que sempre ouve sociedades secretas ou discretas não apenas influenciando os rumos da história, mas mesmo almejando a dominação total.
O que não se pode perder de vista é que tais sociedades ainda são constituídas por seres humanos, com tanto poder de dominar o mundo quanto qualquer outro grupo humano pode ter.
Ou seja: Quase nenhum.
Amigavelmente
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22 de Junho de 2011 |
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Andre Pessotti
Espírito Santo
-
1991
Administrador
a l p e s s o t t i
y a h o o . c o m
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Sobre o tema A FALSA INERRÂNCIA CIENTÍFICA BÍBLICA no item 2 NA BÍBLIA A TERRA É PLANA!.
Eis o que descobri:
Tal afirmação é falsa pois se baseia em traduções que variam de cada interprete. Mas ignorando este ponto temos a seguinte "prova bíblica" sobre a real ideia passada pela Bíblia com relação a sua forma.
Achei sua matéria na internet denominada A FALSA INERRÂNCIA CIENTÍFICA BÍBLICA achei muito interessante, gostei quando se referiu ao livro de Eclesiastes 1:5 (Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.) este versículo daria a entender exatamente o que você sugeriu, mas logo após em Eclesiastes 1:6 (O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.) mundo.jpg o livro de Eclesiastes foi escrito provavelmente por Salomão filho de Davi (e antes de muitas das fonte citadas por você) realmente acho que você se precipitou ao afirma/fazer afirmações usando apenas trechos (que apenas servem para apoiar sua "teoria") fazendo assim o mesmo que os "crentes" que você mesmo criticou em sua matéria.
Mas voltando ao assunto: Então segundo o texto bíblico o vento vai em direção ao Polo Sul e ao passar pelo ponto do eixo terrestre ele tecnicamente muda seu rumo que antes era em direção ao Sul e agora passa a ser em direção ao Norte, então não seria muito estranho que em uma terra plana (segundo você a qual a bíblia se refere) o vento ou seja "corrente de ar" seguisse para o sul e acabasse indo para o norte, pois se é uma terra plana, como o vento faria para ir rumo ao Norte (como o texto bíblico refere), poderia dizer que ele faria uma "curva" de no minimo 180° pois é a unica maneira de ir em um rumo totalmente oposto, o que é o caso de Sul e Norte, mesmo se (segundo as afirmações apresentadas por você) a terra bíblica fosse circular isso seria impossível.
Se você for realmente uma pessoal que preze pela verdade, o que acredito eu seja o motivo pelo qual você fez aquele artigo, inclua este breve comentário em seu artigo ou exclua dele a parte que se refere a bíblia e o conceito "esferóide".
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Sexta, 1 de Julho de 2011 |
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Tema: Teologia, Ciência, Bíblia, Inerrância, Forma da Terra
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.739
- Resposta: 7.794
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Caro André...
Desculpe lhe fazer esperara tanto, mas só agora tive tempo de ler e examinar sua mensagem.
Agradeço seu comentário sobre, e a correta citação, A FALSA INERRÂNCIA CIENTÍFICA BÍBLICA, mas devo informar-lhe que seu argumento, se é que ficou claro, não é sustentável.
Ora, o que Eclesiastes 1:6 diz é apenas que o vento faz uma CURVA, que VOLTA, RETORNA, dependendo da tradução. Em todas as acepções possíveis, tem se claramente a idéia de um fluxo de ar que vai para o sul, e de repente, VOLTA para o norte. Como é possível, daí, que você conclua que isso significa que ele passa direto pelo Pólo Sul?!?!
Pensando-se em termos de Terra Plana, é mais que evidente o sentido do texto. De que o vento sopra no sentido Sul, e ao chegar ao limite do mundo, limite de uma Terra Plana Circular, simplesmente FAZ A CURVA e retorna no sentido Norte!
Se pensássemos numa terra esferóide, faria muito mais sentido afirmar que o vento continuou seguindo em frente, sem voltar, sem retornar, e só poderia inverter seu sentido cardeal exatamente pelo fato de ter atingido um ponto de referência além do qual os sentidos se invertem. É uma tremenda extrapolação tentar deduzir isso de um texto cuja interpretação mais simples sugere o exato contrário, e que em nenhum momento sequer insinua ter noção da esfericidade da Terra, como espero ter deixado claro.
O que você cometeu foi uma petição de princípio, ou, ironicamente, um argumento circular. Partiu do pressuposto, arbitrário de que o escritor de Eclesiastes sabia sobre a esfericidade da Terra, dominando inclusive um conceito de "pólo sul", e a partir disso tentou reinterpretar a frase. E o curioso é que você se deu conta do problema, pois a partir da linha 26 percebe a interpretação mais plausível. Só que simplesmente a descarta como impossível baseado em sabe-se lá o quê?
Qual a impossibilidade de se fazer uma curva de 180° em qualquer que seja a área?
De qualquer modo, agradeço por sua mensagem, porque por acaso o texto de Eclesiastes caiu como uma luva numa outra discussão que estou tendo, que nada tem a ver com este assunto, e eu nunca havia atentado para alguns detalhes que podem ser muitos utéis.
Amigavelmente
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18 de Julho de 2011 |
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Rodrigo Lauriano
Belo Horizonte-MG
-
1984
Projetista industrial
Agnóstico
785
r l a u r i a n o r
m s n . c o m
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Volto a participar no seu site, já postei antes, li muitos de seus textos e toda semana faço uma visita pra ver se tem atualização.
Bom, dessa vez venho perguntar sua opinião sobre a Conscienciologia, termo que o médico Waldo Vieira define como ciência que estuda a consciência.
Um dia desses ouvi no rádio uma entrevista com um ex sacerdote católico chamado Marcelo da Luz a respeito de seu livro Onde a religião termina?. Ele começava falando como abandonou a religião, e como as religiões são incoerentes. Por fim ele se dizia voluntário e estudioso da conscienciologia e seu discurso começava a ficar meio estranho, ao tratar o metafísico e transcendente como premissa universal.
Pesquisando o termo, lembrei que já tinha me deparado com ele ligado ao Waldo Vieira.
Pra começo de conversa Waldo Vieira era parceiro de Chico Xavier, tendo então origem kardecista.
Ele trata da transcendência e metafísica como algo científico, porém por meio da autoexperimentação, o que eu penso ser incoerente, pois a mente nos dá falsas experiências.
À primeira vista, esse movimento me parece apenas uma ramificação do espiritismo kardecista.
Aproveitando o tema, gostaria de saber sua opinião à respeito dessa migração dos não religiosos para o kardecismo, pensando estar adotando um pensamento científico e pautado na razão.
E quanto a Chico Xavier, que tem suas experiências mediunicas tidas como quase inquestionáveis pelo senso comum e apoiado pela mídia "laica", assim como os milagres dos santos católicos.
Como agnóstico, meu maior questionamento é a respeito dessas "verdades absolutas" a respeito de assuntos que não podem ser provados verdadeiros nem falsos.
Amigavelmente,
Rodrigo
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Quarta, 29 de Junho de 2011 |
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Tema: Espiritualismo, Espiritismo, Kardecismo, Conscienciologia, Projeciologia, Projeção Astral
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.417
- Resposta: 2.550
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Prezado Rodrigo...
Bem vindo novamente, e obrigado por esse assunto, que embora eu já tenha debatido bastante, o fiz somente em mensagens, das quais sugiro
a 775, e também a 592, embora essa tenha um teor mais especulativo.
O movimento sintetizado por Waldo Vieira tem sim origens no Kardecismo, mas se afastou bastante e acabou se configurando em outra coisa, ainda que boa parte das mudanças tenha sido simplesmente semânticas. Assumiu toda uma linguagem e roupagem ainda mais racionalizadas que os do Kardecismo, ou ao menos mais atualizadas, visto que o Kardecismo se construiu sobre a linguagem científica do século XIX, ao passo que a Conscienciologia usufrui de uma linguagem bem mais atual.
Essa nova linguagem e enfoque, entretanto, não supera o mesmo problema do Kardecismo, que é o vício fundamental de sua pesquisa supostamente objetiva, mas cujo "instrumento" principal seria nada menos do que o núcleo de toda a subjetividade.
Não tendo como isolar seus fenômenos a nível físico, os projeciologistas confiam nos relatos de supostas experiências extra corpóreas que, no fundo, não ultrapassam a qualidade de sonhos, auto ilusão e toda sorte de mecanismos inconscientes de validação subjetiva.
Alegam sim ter experimentações mais objetivas, como a típica experiência que visa realizar uma suposta projeção de consciência que seria provada pelo fato de ser capaz de descrever algo que teria visto numa viagem astral. O projetista ficaria numa sala, e noutra um computador sortearia imagens aleatórias que seriam exibidas numa tela. Então o viajante, em astral, iria até tal sala, e depois de voltar ao corpo, descreveria o que viu.
Dependendo da margem de acerto, o fenômeno poderia ser fortemente endossado. Mas é claro que apesar de inúmeras alegações de sucesso em tais empreitadas, nenhum foi efetivamente demonstrada quando feita sob condições de controle de métodos verdadeiramente objetivos.
Não estou informado sobre uma migração de não religiosos para o Kardecismo maior que a que sempre ocorreu, mas como não hesito em classificá-lo como uma religião muito mais lúcida e benéfica que a maioria das tradicionais, não é algo que me cause preocupação. Embora necessária, a adesão em massa às tradições protestantes, ainda que ajude a refrear más condutas, tem os indesejáveis efeitos colaterais do fundamentalismo cristão. Coisa que não ocorrem com os espíritas.
Só lamento que isso se dê por conta de se levar demasiado a sério a idéia de que o Kardecismo, ou outras formas de espiritismo, sejam religiões que possuam uma dimensão factualmente científica, o que não possuem, ao menos num sentido estrito de ciência. O que elas possuem de fato é uma dimensão filosófica mais sofisticada, e como boa parte da população não tem noção do que seja filosofia, o que entre outras coisas a faz ser confundida com ciência, isso podem levar a esse mal entendido.
Mas menos mal, pois apesar de tudo, a filosofia garante uma racionalidade maior no sistema de pensamento. E razão é o que mais anda em falta neste mundo.
Amigavelmente
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16 de Julho de 2011 |
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Francisco Barbosa de Siqueira Neto
-
1981
-
Brasília-DF
Técnico Administrativo.
66
196
279
281
338
511
535
f r a n c i s c o _ e m a e r
h o t m a i l . c o m
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Olá, Marcos!
Fiquei satisfeito com o conteúdo que você nos trouxe depois da longa ausência. Os temas são do meu interesse, e gostaria de fazer algumas perguntas:
Sobre o texto Tele Transporte, você diz que já houveram avanços modestos no teleporte de partículas. Gostaria de ter mais informações, pois o que sei sobre o assunto é que apenas houveram experiências de teletransporte quântico, que se refere a transferência de informações, de estados quânticos, spin de elétrons, e não de matéria ou energia, de modo que os estudiosos não as veem como percussoras de meios de transporte, mas de recursos para futuras tecnologias de informação.
Quanto a sua hipótese de viagem hiperespacial, no texto As Fantásticas Viagens Espaciais, não entendi bem como o mero aumento do tamanho do objeto pode diminuir o tempo da viagem. Se o objeto é forçado a crescer porque entrou em um macro espaço, a distância neste espaço também não deveria ser "macro"? Isto é, a pessoa que dava passos de 1m está 9 vezes maior, mas o metro também não deveria ser 9 vezes maior, neste espaço? Seria o caso dizer que a distância percorrida no hiperespaço corresponde a uma distância muito maior no espaço normal?
Mesmo que a distância percorrida não seja maior, não entendi por que o tamanho maior diminuiria o tempo. Na analogia de "passos de uma pessoa gigante", é fácil, entender, mas isso se deve aos mecanismos da marcha, que dependem do tamanho dos membros inferiores e da agilidade destes. Mas eu fico pensando em um objeto em movimento uniforme no espaço, enquanto aumenta de tamanho. A menos que o crescimento seja tal que o ponto mais avançado dele acabe tocando o destino, e então, na hora de "emergir" para o espaço normal, seria este ponto que valeria para dar sua localização. É isso?
Também não sabia que o aumento da massa previsto na Teoria da Relatividade implica necessariamente em aumento de tamanho. É isso mesmo, já que no universo existem estruturas menores que a Terra que pesam mais que o Sol?
Espero que tenha conseguido expressar bem as minhas dúvidas.Eu sei que os textos não estão prontos, mas decidi perguntar mesmo assim, por que os achei instigantes.
Um abraço!
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Quarta, 15 de Junho de 2011 |
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Tema: Ficção Científica, Viagens Espaciais, Teletransporte, Macro Dimensão
Número Aproximado de Caracteres
- Mensagem: 1.799
- Resposta: 2.871
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Francisco!
Há quanto tempo?! Sua última mensagem foi mesmo a de 16 de Março de 2006!?!?
É um prazer tê-lo de volta, e obrigado por suas ótimas questões. Vamos lá.
Quanto ao Teletransporte, você tem razão. Quis me referir a isso mesmo, o transporte de informação, visto que, como alegado no texto, mesmo se houver uma tecnologia capaz de desmontar e montar objetos completos e nível de partículas, não seria necessário enviá-las, bastando apenas enviar a informação. Foi bom lembrar o termo "Teletransporte Quântico", que acrescentarei no texto, que não se trata de transportar as partículas em si.
Mas agora acabei me dando conta de outra falta em meus textos, que foi exatamente lembrar que o transporte de informação, por lidar com pareamento de partículas, seria uma forma de "viagem" superluminal, ainda que apenas viagem de informação.
Sobre a Macro Dimensão, talvez seja mais simples pensar que o nosso espaço normal seja na verdade uma micro dimensão. Imagine aquela enorme maquete de Brasília no subterrâneo da praça dos 3 Poderes! Essa maquete está num quadrilátero de cerca de uns 10m de lado. Imagine agora que estamos numa macro dimensão e aquela maquete é de fato Brasília em seu tamanho normal.
Agora imagine que você tem o poder de se reduzir e entrar na cidade ficando no tamanho normal de seus habitantes, que evidentemente não enxergam nem interagem com a macro dimensão. Ora, nessa cidade, você estaria sujeito às mesmas leis dessa micro dimensão, e andando, não poderia cruzar os 15km do Plano Piloto no sentido Sul Norte em menos de 3 horas, por exemplo.
Mas imagine que, da saída sul, você então volte para a macro dimensão, e nela pode cruzar a cidade de um extremo a outro em alguns segundos, voltando depois à micro dimensão na saída norte.
O importante é atentar que enquanto na macro dimensão, você não interagiria com a micro dimensão, como se você pudesse andar sobre a maquete, mas sem de fato pisar nela, como se ela fosse somente uma imagem etérea, e lembrando que dela, nem mesmo imagem se tem da macro dimensão.
Em síntese, a macro dimensão é realmente gigantesca, e ao aumentar de tamanho, a nave que nela entrasse, ficaria muito maior que o espaço percorrido no espaço normal! Assim, não haveria aumento do espaço a ser percorrido, pois o espaço macro dimensional já é maior que o micro dimensional.
Por fim, eu realmente não me lembro de ter visto referências a aumento de tamanho dos corpos à velocidades extremas, em Teoria da Relatividade. Mas se pensarmos bem, dependendo de nossa concepção teórica, tem que haver algum aumento, ou então algum tipo de anomalia gravitacional ainda mais exótica. Pois o que acontece se aumentarmos progressivamente a massa de um objeto sem aumentar também seu tamanho? Em algum momento, ele se tornará um Buraco Negro!
Como, a velocidades próximas a da luz, a massa passa a aumentar exponencialmente até o infinito, a nave se tornaria um buraco negro antes de que sua massa atingisse o valor de infinito! Apelando ao conceito de Hiper Vibração, essa poderia também ser uma forma de contornar esse problema exatamente por uma expansão acentuada do tamanho da nave.
É claro que há inúmeros problemas nessas concepções. Mas pensar em situações tão extremas costuma ter mesmo esses efeitos um tanto desonrientadores.
O importante é saber formular hipóteses, mesmo ad hoc que garantam a racionalidade, pois aqui o objetivo não é fazer ciência, e sim ficção, ainda que "científica"!
Amigavelmente
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25 de Junho de 2011 |
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Olá mais uma vez, caro Marcus!
Resolvi escrever para tocar novamente num tema abordado por nós há quase 4 anos atrás: a liberação das drogas. Naquela época me posicionava favoravelmente à liberação, e lhe escrevi para expor os meus motivos. Logo depois vi a sua brilhante resposta, a qual tive vontade de responder quase que imediatamente, pois possuía algumas discordâncias em alguns pontos, mas terminei por não fazê-lo. Poucos meses depois, mudei radicalmente de posição, pois me foi mostrada uma tomografia computadorizada do cérebro de um usuário de maconha por apenas dois anos. Nessa fotografia já eram enormes os buracos no cérebro do rapaz. Então passei a ser contra a liberação das drogas, mas mais por questões de saúde do que de segurança pública. Apesar de continuar com algumas reservas quanto a alguns dos argumentos por você apresentados,achei que não compensaria escrever para discutir esses argumentos, se ao final ambos advogaríamos a manutenção da proibição. Por isso meu silêncio sobre o tema por tantos anos.
Pois bem , hoje o tema vem ganhando proporções cada vez maiores com a legalização sendo defendida por diversas pernsonalidades políticas no mundo, entre elas os ex-presidentes dos EUA e Brasil, Bill Clinton e Fernando Henrique Cardoso. Em breve assistirei o documentário "Quebrando o tabu", que se propõe a defender a legalização. Se já o tiver assistido, gostaria de saber sua opinião a respeito. Acredito que dessa forma teríamos o que acrescentar ao debate.
De toda sorte, hoje em dia concordo com você que liberar as Drogas, mesmo a maconha, é uma COMPLETA INSANIDADE. Tanto que vou participar da Caminhada Nacional Contra a Liberação da Maconha, pela Vida, que ocorrerá na Avenida Paulista em São Paulo, no dia 30 de julho de 2011. O Site do movimento é www.pelavida.org e em breve entrará em funcionamento. Se possível, gostaria de saber também suas impressões sobre ele.
Forte abraço!
Diego
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Segunda, 6 de Junho de 2011 |
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Tema: Liberação das Drogas Marchas contra e a favor da liberação da Maconha
Número Aproximado de Caracteres
- Mensagem: 1.616
- Resposta: 3.966
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Olá Diego. Nossa já distante discussão foi na mensagem 631, de Outubro de 2007.
De lá para cá, não mudei minha posição, embora admita que a maconha é a única das drogas ilícitas cuja liberação é plausível, mas somente a longo prazo, após reformulações radicias não só das leis, mas da mentalidade sobre o assunto. Na verdade, defendo que o plantio caseiro para consumo próprio poderia ser liberado, mas radicalizando ainda mais a proibição do comércio, pois isso certamente enfraqueceria o narcotráfico.
Bizarro é, mantendo a proibição, liberar "cotas" de consumo, acentuando ainda mais a contradição entre punir a oferta e ser benevolente com a demanda, que é a causa primeira do problema. E quanto às demais drogas, não vejo qualquer possibilidade de liberação, exceto aquelas que sejam tão ou menos ofensivas que a própria maconha. Qualquer pessoa que fale em Liberação das Drogas indiscriminadamente só pode fazê-lo por absoluta estupidez, considerando que "drogas" é um termo genérico que envolveria substâncias capazes de matar ou enlouquecer uma pessoa instantaneamente.
Pode-se discutir a liberação de tal ou qual droga. Jamais "das drogas" em geral.
Há também uma outra confusão, essa menos condenável, mas que tem sido elevada a um nível de consenso cada vez mais equivocado. Que é tratar todo usuário de drogas como um dependente, um pobre coitado que precisa é de ajuda, não de restrição.
Ora, de fato uma pessoa nessa condição, aquela que perdeu o controle sobre o próprio vício e até tenta parar, realmente merece ser ajudada. Se ela já se deu conta de seu erro, já sabe que não pode mais suportar a dependência, e assim, já admitiu que precisa se livrar do vício e nunca mais voltar a ele.
ACONTECE QUE A GRANDE MAIORIA DOS USUÁRIOS NÃO ESTÁ NESSA CONDIÇÃO! São consumidores que poderiam deter o consumo se quisessem, sendo eventuais ou mesmo regulares, e portanto são plenamente responsáveis pelos seus próprios atos!
Agora... Quanto ao site www.pelavida.org...
PELO AMOR DA DEUSA!!! Que diabos é aquilo?!?!
Tomara que ele não influencie na decisão da questão, caso contrário, provavelmente vai levar mais pessoas para o lado oposto do que jamais faria o PLANET HEMP!!!
Já começa com o sampocentrismo infeliz de chamar de "nacional" uma passeata que será feita em São Paulo, lástima que é completamente obscurecida pela musiquinha horrível e edição lamentável que parece ter sido feita com o objetivo de espantar qualquer visitante o mais rápido possível! Depois me vem um texto absurdamente equivocado sobre o FHC, tentando desqualificá-lo pelo conteúdo de seu governo, o que, independente de qualquer opinião política ideológica, NADA TEM A VER COM O ASSUNTO! (Antes brincasse com a similaridade entre FHC e THC!)
Também nada acrescenta questionar o quanto o PSDB está envolvido! Isso só fará as pessoas se posicionarem pelo sensível, e errado, motivo do viés ideológico. É absolutamente irrelevante o interesse de políticos em busca de votos. Depois, quando o autor envereda para frases populares e perguntas em série, nem há mais prejuízo, pois nada mais há o que perder.
E que raios o tal de VEGETARIANISMO SIMBIÓTICO tem com isso?!?!
Meu amigo. Vi que você está envolvido nessa campanha, e parabenizo sua intenção. Mas estou certo de que você também não ficou satisfeito com a apresentação do site, que com deduzo, provavelmente ainda nem tinha visto.
Conselho. SE a tônica desse site caracterizar toda essa campanha, PULE FORA! Você é inteligente demais para correr o risco de se queimar no meio de tanta burrice!
Acima de tudo, há um erro fatal em associar a rejeição à liberação de drogas à religiosidade, não apenas por reduzir o dilema a uma questão de conservadorismo, ou por fortalecer ainda mais os movimentos religiosos que estão precisando é ser refreados. Mas sobre tudo por que essas posições praticamente sacramentam a contradição paralisante que tenho denunciado desde A DROGA DA INCOERÊNCIA, que é o fato de ser permissivo com as drogas lícitas ao mesmo tempo que se reprime as ilícitas, e o conservadorismo, mesmo o religioso, pouco ou nada faz quanto a isso, e antes se posicionaria contrário a qualquer restrição ao consumo de álcool, por exemplo.
Já insisto, desde DROGA DE ELITE, que o núcleo do problema, como sempre, é a mentalidade. Sobre tudo a predisposição recorrente que alguém tenha de se valer de entorpecentes, que além de ser inerente em nossa cultura, ainda por cima é retroalimentada esteticamente, e o principal combate deveria ser quanto a isso.
Por fim, seja contra. Eu também sou. Mas pelos motivos e caminhos corretos, e não marchando junto com um grupo que, se "dançar conforme a música" sugerida por aquele site, dissolverá qualquer bom senso num caos de reacionarismo alienante.
Amigavelmente
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23 de Junho de 2011 |
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Fábio Duarte Ribeiro - 1986
Machado-MG - Estudante de Agronomia
Agnóstico
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725,
788,
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801
f a b i o d r i b e i r o
y a h o o . c o m . b r
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Olá marcus como vai! Depois de algumas semanas finalmente terminei de ler o seu mais novo conto de ficção
GRADVIND, e devo lhe dar os parabéns pela obra.
GRADVIND me fez lembrar um pouco do nosso ultimo assunto que tratamos por aqui, pois faz uma abordagem de até que ponto um ser inteligente se daria por satisfeito em viver, quanto tempo precisaria para isso, se na verdade fosse mesmo necessário que nosso sistema, galáxia e universo entrasse em colapso um dia e tudo fosse "apagado", nossas memórias, nossas conquistas fazendo com que tudo começasse novamente.
Interessante pensar que se hoje a humanidade faz uso da ciência para manter sua sobrevivência, num futuro distante pode ser que ela a use para sua extinção, bem curioso, mas isso me parece apenas uma possibilidade, para isso teriamos que estar submetidos ao controle de um SISTEMA que não nos permitisse o autoextermínio, como é abordado no seu conto.
O seu conto pelo que eu pude entender tem como tema principal o INEXISTENCIALISMO. Fiz algumas reflexões sobre o assunto, e me passou pela mente algo interessante a respeito. Como vc mesmo sabe sou agnóstico, procuro me guiar não totalmente mas na maior parte pela razão, se exste um Deus isso é praticamente impossível investigar e acho que sempre será, mas vamos imaginar que exista um Deus, pessoal ou não, mas consciente. Já vi aqui em algumas de suas monografias argumentos do tipo, se Deus é essêncialmente bom como pode ter criado o mal? Se Deus é perfeito como pode ter criado a imperfeição? Mas podemos argumentar que Deus sendo perfeito, autosuficiente, vivendo uma realidade sem nenhum tipo de carência onde tudo podia ter, pode ter mergulhado num tipo de falta de sentido existencial, pois ja tinha tudo o que queria e já não havia mais um caminho a seguir, nada mais a buscar, por isso sentiu a necessidade de criar a imperfeição para haver novamente coisas a serem resolvidas, não diretamente por ele, mas por sua criação. Quero deixar claro que não estou dizendo que seria uma atitude justa e ética um Deus usar seres inteligentes e sensíveis para viverem numa realidade de dor, problemas, angustias e vários outros tipos de sofrimentos para resgatar novamente seu próprio sentido existêncial.
Mas pensando de uma maneira mais lúcida prefiro trocar o termo Deus pelo próprio Universo, talvez seje impossível ele existir em um estado de plena perfeição, o universo precisa se auto destruir ou promover a desordem para dar sentido a sua própria existência. Não estou sugerindo que exista uma "intenção do universo" em fazer isso, mas apenas para efeito de comparação. Mas afinal, o que é a consciência do universo senão os próprios seres humanos? Seremos nós Deuses de nós mesmos no futuro através de uma ciência milagrosa?
Amigavelmente
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Sábado, 12 de Março de 2011 |
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Tema: Ficção Científica, GRADIVIND, Inexistencialismo, Sentido Existencial, Teologia, Teodicéia
Número de Caracteres
- Mensagem: 2.305
- Resposta: 1.634
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Olá Fábio...
Desculpe a demora e obrigado pelos seus comentários sobre GRADVIND, que é bem mais que um conto, sendo na verdade um Livro Virtual. Também não sei se o tem principal do livro é o Inexistencialismo. É um tanto mais complexo que isso. Penso que o tema principal seja mesmo um drama pessoal, uma busca de sentido existencial que envolve outras questões.
Evidentemente já temos iniciativas no sentido do auto extermínio, mas por enquanto elas ainda são muito limitadas e restritas. Não adianta um pequeno grupo querer começar uma guerra nuclear, por exemplo, e a capacidade de investimento necessária para desenvolver uma arma biológica ou química genocida, bem como sua capacidade de usá-la, ainda não é acessível exceto a governos de países bem desenvolvidos ou mega empresas muito poderosas. Mas estes jamais teriam interesse nisso.
O risco é que o desenvolvimento tecnológico chegue a um ponto onde uma pequeno grupo de indivíduos, ou mesmo um único, tenha capacidade e recursos para fazer uso de um artefato de destruição ou morticínio maciço, isto é, a nível global. Mas é uma possibilidade remota, pois a cada avanço que em tese viabilizaria mais essa possibilidade, também há avanços no sentido de prevenir e conter tais ameaças.
Mas há um problema: Destruir é sempre mais fácil do que preservar. Por isso a prevenção tende a ser radical.
A possibilidade teística que você levantou é esboçada no interessantíssimo conto de FC
Em Solipse, de Pedro Galvão, onde a existência do mal é explicada pelas "crises" solipsistas de Deus.
E não penso que uma concepção dessas seria necessariamente anti ética, se a divindade oferecesse uma vasta compensação como prêmio. A maioria das pessoas, talvez todas, acharia que seus sofrimentos teriam valido a pena se depois lhes fossem dadas maravilhas extraordinárias.
Acabamos voltando à minha Filosofia EXERIANA e a noção de que o sentido do Universo é o auto conhecimento.
Obrigado pela mensagem.
Amigavelmente
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22 de Junho de 2011 |
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Marc Kellyson - 1996 - Rondonopolis - MT
Estudante
802,805,806
d j m a r c _ r o o
h o t m a i l . c o m
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Olá Marcus. Eu quero que você apague os comentários meus que estão abaixo aí, porque achei os meus comentários não - relevantes, então que apague. Agora eu estou aqui não com perguntas cientificas, mas sim, com perguntas dos desenhos japoneses. E é o Naruto que eu quero quero que você comente. Você assisti Naruto? Naruto Clássico(que ele pequeno) ou Naruto Shippuden(que é ele grande)? Ou será você já assistiu os dois? Ou nenhum? Aguardo resposta.
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Domingo, 15 de Maio de 2011 |
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Tema: Anime, Naruto, Saga do Herói
Número de Caracteres
- Mensagem: 376
- Resposta: 1224
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Caro Marc...
Desculpe a demora, mas espero que entenda que os textos sobre
TELE TRANSPORTE e VIAGENS ESPACIAIS deram um bocado de trabalho, e considerando que o primeiro não deixa de ser uma resposta à sua mensagem anterior, ainda que já estivesse previsto há muito tempo, entenda isso como uma das melhores respostas que alguém já teve neste site.
Quando ao Naruto, bem, eu não o assisto. Não tenho mais paciência para a maioria dos animes atuais. No entanto, minha filha, que tem a sua idade, é fã enveterada, assistindo a tudo e comprando tudo o que pode sobre o assunto, e com isso, acabei sabendo alguma coisa a respeito. Até comprei o
Naruto Ninja Storm para o Playstation 3.
Em parte aplico ao Naruto a mesma percepção que tenho sobre Dragon Ball. Embora haja uma saga heróica razoavelmente clássica, como explico em
Heróis da Areia, há também muita interferência de certos elementos e estilos culturais tipicamente japoneses que terminam por me ser um tanto irritantes. Em especial, a enrolação durante as batalhas, com falas longas, "pensamentos" longos e inúmeras repetições de frases.
Por outro lado, acho o design muito criativo e interessante. Certas concepções de técnicas e magias chegam a ser geniais, e fico especialmente impressionado com as lutas no Naruto Ninja Storm, que são belíssimas.
Bem. Até teria mais a dizer, mas cairia para questões culturais e estéticas que não sei se são de seu interesse. Caso queira saber mais alguma coisa, é só dizer.
Amigavelmente
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21 de Junho de 2011 |
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Marc Kellyson - 1996 - Rondonopolis - MT
Estudante
802,805
d j m a r c _ r o o
h o t m a i l . c o m
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Olá Marcus. Vi que você tinha apagado o meu comentário enviado a você lá em Evo. Me desculpe se violei. Agora vou começar aqui a falar sobre teletransporte. E te digo que é cientificamente possível. Você entrou no site que eu tinha te mandado?
Domingo, 8 de Maio de 2011
Eae MarcUs ValE(´?)rio, tudo bem?... Ei, o que significa esse desenho do lado da nossa mensagem? Até na sua Página inicial tá com esse desenho... é você o criador? Era só isso.
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Sexta, 13 de Maio de 2011 |
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Tema: Ficção Científica, Teletransporte, ZENTRON
Número de Caracteres
- Mensagem: (200 + 145) = 345
- Resposta: 928
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Caro Marc...
O motivo de eu ter demorado a te responder é que sua mensagem me inspirou a dar início a um antigo projeto para a parte de Ficção Científica. Ainda não está totalmente pronto, mas o que já está no texto TELETRANSPORTE é certamente bem melhor do que meramente responder sua mensagem.
E infelizmente não pude acessar o tal site. Peço que me envie o link novamente.
Sobre o símbolo, você deve estar se referindo ao ZENTRON, aqui no canto superior direito. Há muito tempo devo uma explicação detalhada sobre os símbolos que uso no site, e seus significados. A "Galáxia" está parcialmente explicada na monografia A Verdadeira Verdade, a Light Saber é minha analogia para a racionalidade, e por fim, o ZENTRON nada mais é do que minha versão pessoal do Tei-Gi do Taoísmo, integrando os conceitos de Yin e Yang.
Mais explicações em Universo X TAO.
Vi que você parece ter voltado atrás nas suas perguntas, ao dizer que não precisava respondê-las. Nada há de errado com o conteúdo delas. Eu só peço que você tente escrever com mais cuidado, pois as vezes é difícil entender o que você está tentando dizer.
Amigavelmente
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13 de Maio de 2011 |
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Marc Kellyson - 1996 - Rondonopolis - MT
Estudante
802
d j m a r c _ r o o
h o t m a i l . c o m
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Olá, Marcus Valério. Tudo bem? Bom... eu estava lendo o conto de ficção cientifa do
Raio - Y ao TODO. Luri está morto mesmo? Como um principal da ficção cientifica morre deste jeito? Não tem COMO!. E tenho que dizer que tem uma parte em que Seki está em um prepicio(não sei como é a palavra mas, tudo bem) ao qual ELE, o Divino, nem morre. Imagina você ser jogado de um prédio para baixo. Imagine! Como o Seki sobreviveu nisto? Atá, sei! O Ser Divino! Mas como, que quem lê, percebe que ele tem fisicamente corpo, o que, aliás, pode fazer telepatia, mas sobreviver em um, por exemplo, o Prédio para cair lá em baixo, mesmo que seja Divino, é IMPOSSÍVEL! Este meus "argumentos" não é uma 'ignorancia", mas sim uma CURIOSIDADE. Agora quanto as LUTAS, UAU! Mutho maneiro!. Mas voltando assunto, do Luri, digo que nunca vi um principal de um filme ou desenho, seja lá o que for, morrer. Em que dia que você vai começar, de novo, a história dos Quatro Super Divinos? Fique na paz! E desculpe pela CURIOSIDADE!
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Sexta, 29 de Março de 2011 |
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Tema: Ficção Científica, Universo DAMIATE, RAIO-Y, Luriander, Heróis, Literatura
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.004
- Resposta: 1.313
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Olá Marc...
Como você pode nunca ter visto o herói principal de uma estória morrer? Não assistiu Matrix? Gladiador? O Exterminador do Futuro?
De qualquer modo, de onde você tirou a idéia de Luri morreu? No livro é dito que ele desapareceu, com evidências de que deixou o sistema estelar. Ninguém acha que ele está morto.
Seki, ou qualquer um dos RYs, mesmo quando tendo os poderes desativados, dificilmente morreria numa queda porque seus corpos fotossilicônicos são fisicamente mais resistentes que corpos carbônicos normais, além de possuírem poderes de regeneração muitíssimo acelerados, como fica claro na estória. Seria preciso um dano muito forte para causar-lhes a morte, tal como uma decapitação.
De onde você tirou que eles são capazes de telepatia?
E por que tanta insistência no divino? Eles são apenas sobre humanos, meta naturais. O que é ser divino?
Bem, leia PLANETA FANTASMA que algumas de suas perguntas serão respondidas.
Quanto àquela sua outra mensagem, eu sou bastante ocupado. Embora tenha finalizado meu mestrado, continuo às voltas com a universidade, em reuniões, grupos, palestras etc. Além disso trabalho e tenho família. Infelizmente dedico menos tempo ao site do que gostaria. Mas daqui para a frente as coisas vão melhorar, porque estou finalmente mudando minha escala de trabalho para melhor.
Quanto ao Lucas Banzoli. Algum dia posso deixar alguma mensagem no site dele. Enquanto isso, se ele preferir não se manifestar, você pode colocar algumas questões aqui, o no EVO.BIO, de foram relativa à Criação e Evolução.
Amigavelmente
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3 de Maio de 2011 |
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Luiz Gustavo - 1993 - Juiz De fora-MG
Estudante e Trabalhador - Em busca de respostas
l g i n o v a c a o
g m a i l . c o m
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Li o seu site e parte de sua conversa com o que chamamos de diabo , queria saber se você ainda tem contato com ele , e se tem , queria pedir humildemente que me explicasse como faço faço pra ter o mesmo , estou em um momento de busca de respostas no que se refere ao mundo Espiritual ,fui ensinado em uma igreja evangelica me preparava pra futuramente ser um pastor , mas agora minha cabeça mudou passei a contestar varias coisas eu não obtive respostas por isso estou atrás delas , Estou lutanto contra a vontade de todos que me rodeiam pra concluir essa busca inclusive de minha familia,atenciosamente agradeço a atenção.
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Domingo, 27 de Março de 2011 |
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Tema: FICÇÃO Científica / Mitológica / Teológica, Diabo, Ademonismo
Número de Caracteres
- Mensagem: 510
- Resposta: 1.064
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Prezado Luiz...
Eu preferia que desse mais crédito à advertência inicial da Estória Conversando com o Diabo, que diz:
"Favor NÃO CONFUNDIR esta obra de FICÇÃO COM a REALIDADE deste autor."
Esse conto, que pode ser considerado uma fusão de Ficção Científica e Fantástica, onde nesta última pode considerar uma forma de Ficção Teológica ou Mitológica, está mais próximo do Universo DAMIATE (embora não seja) do que da Teologia.
Por isso, meu jovem, eu não falei com o Diabo, e nem falaria, pois não acredito nele. Sendo Agnóstico, não sei se algo que mereça o nome de Deus existe ou não, gostaria que existisse. Leia Em Defesa do Agnosticismo. Mas quanto ao Diabo, saio da dúvida para a anti crença, sendo então
ADEMÔNICO.
Portanto, se você está numa fase de contestação, talvez pressionado por pessoas de crenças dogmáticas, não é recomendável sustentar uma crença na existência do pilar fundamental que sustenta a mesma crença da qual você quer divergir. E garanto que você se distanciará muito mais deles se descrer do Diabo do que descrer de Deus.
Amigavelmente
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24 de Abril de 2011 |
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Azevedo - 1973 - Salvador-BA
Designer Gráfico
a z e v e d o . l c
h o t m a i l . c o m
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Gigante, eu gostaria que vc comenta-se tambem, caso seja do seu interece sobre as series de desenho animados, tais como desde patrulha estelar até os desenhos mais atuais de FC!
E eu gostaria de saber sua oinião sobre o filme AVATAR!
Vou continuar pesquisando o seu site e ler seus materiais.
Abraço!
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Sábado, 19 de Março de 2011 |
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Tema: Ficção Científica, Desenhos Animados, Animes, Patrulha Estelar, AVATAR
Número de Caracteres
- Mensagem: 249
- Resposta: 4.070
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Prezado Azevedo...
obrigado por sua mensagem e suas sugestões.
Sobre seriados de animação, é sempre preciso delimitar melhor, visto que há uma vastidão deles, a grande maioria simplesmente incomentáveis. As mais importantes distinções estão entre os desenhos animados americanos e japoneses, e entre as faixas etárias alvo. No que se refere a ficção científica, a grande maioria dos desenhos animados norte americanos, mesmo quando voltados a um público mais juvenil que infantil, jamais conseguiu me agradar o suficiente para merecer uma análise. Uma notável exceção seria Galaxy Rangers, mesmo assim não vejo muito o que abordar exceto comentários de baixa relevância.
O principal motivo é que, a exemplo da quase totalidade dos desenhos norte americanos, ele é muito descontínuo. Há pouca ou nenhuma ligação entre os episódios, um recurso, a meu ver completamente equivocado, que espera tornar a série mais atraente para espectadores eventuais por não exigir um acompanhamento mais sistemático.
Nesse sentido, os desenhos japoneses estão anos-luz à frente, isto é, aqueles voltados a um público jovem ou mesmo adulto, e que são contínuos, com episódios fortemente relacionados como se fossem novelas. No que se refere a desenhos infantis de episódios isolados, acho os americanos muito mais interessantes, como Laboratório de Dexter, Meninas Super Poderosas (detestei a versão japonesa) ou Padrinhos Mágicos. E no caso de desenhos mais contínuos, considero AVATAR - The Last Airbender, definitivamente o melhor desenho já produzido nos EUA, imitando os japoneses, claro.
Com isso, foi fundamental você citar o espetacular Yamato (Star Blazer nos EUA e Patrulha Estelar no Brasil). Certamente, uma das séries animadas mais fascinantes que já vi, ao lado de Macross. Apesar do abuso de licenças poéticas, como a das Batalhas Espaciais incrivelmente pictóricas, a série é apaixonante, recheada de personagens fortíssimos, como MacVenture, Trilena ou Deslock, e conceito inusitados, como o do Subespaço ou da Arma de Ondas. Um desenho inesquecível. Lembrando que vi apenas a saga do exílio da humanidade e a do Cometa Império.
Fora isso, eu preferia que você abordasse um tema mais específico, que poderia ser mais produtivo. Há muito o que questionar, devido a inúmeras concepções largamente equivocadas, ainda que fascinantes.
Mas agora, falando sobre o AVATAR de James Cameron, fiquei feliz que o filme tenha conseguido tanto sucesso. Se após tanto tempo e investimento, não tivesse havido um retorno, seria um choque na indústria cinematográfica estadunidense, da qual gosto muito. O filme cumpriu tudo o que prometeu em termos técnicos, e consegue ser uma bela aventura épica, envolvente e emocionante.
Apesar de tudo isso, o filme tem muitos problemas. A começar pelos inexplicáveis clichês. É inacreditável que em pleno século XXI, na produção mais cara da história, James Cameron use a piada visual exaustivamente batida de alguém encarar uma ameaça e pensar que a espantou, para depois descobrir que foi a ameaça inda maior atrás de si que na verdade o fez! Nada me convence que seria necessário também o clichê bizarramente previsível do forasteiro que se apaixona pela filha do chefe que estava prometida para o grande guerreiro da tribo que evidentemente o odeia, e que SEMPRE MORRE após fazer as pazes com o herói.
Quanto a parte de ser um forasteiro que vem para solucionar um estado de coisas, não é algo que eu condene, visto que isso costuma fazer parte de algumas estruturas literárias clássicas, e é realmente muito difícil produzir estórias marcantes sem repetir fórmulas culturais consagradas, e AVATAR ao menos sai da tradicional estrutura de herói pré anunciado por uma profecia.
E o filme também tem outros problemas, mais técnicos, embora esses ainda possam vir a ser explicados posteriormente. O principal é a anatomia dos na'vi, que é antropomórfica demais, em contraste com a anatomia das demais formas de vida do planeta. Note que todos parecem ter seis membros, sendo quatro deles superiores, ou frontais, inclusive aqueles prolemuris que aparecem num determinado momento, que tem o rosto bem parecido com o dos na'vi, sugerindo um ancestral em comum. Se é assim, por que os na'vi não têm 4 braços? Será que ficaram preocupados com o fato de ele ficar parecido demais com Krishna?
Mas AVATAR também tem concepções fantásticas. Se a idéia de pedras flutuantes é manjada, a das conexões neurais inter espécie é genial, dando uma incrível verossimilhança à noção holística da floresta.
Recomendo também, caso não o tenha feito, que veja a versão estendida, que tem não apenas 16 minutos a mais de cenas, que fazem muita falta, mas também cenas inacabadas, num total de 42 minutos, que ampliam enormemente a ambientação.
Termino por aqui, por hora. Será um prazer comentar outras questões.
Gigante?
Amigavelmente
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16 de Abril de 2011 |
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Marc Kellyson - 1996 - Rondonopolis - MT
Estudante
d j m a r c _ r o o
h o t m a i l . c o m
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Olá, Marcus Valério. Vim aqui em uma dúvida que quero muito que você me esclaresse: O que você acha da Área 51? segundo um estudante de lá(mas que saiu) disse que tem uma base cientifica de Alienigenas. O que você acha?
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Quinta, 17 de Março de 2011 |
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Tema: Ufologia, Mitologia, Misticismo, Área 51, Teoria da Conspiração
Número de Caracteres
- Mensagem: 179
- Resposta: 1.324
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Olá Marc...
Desculpe a demora em te responder.
Indo direto ao ponto, não entendi o que você quer dizer com "estudante de lá"? Saiu de onde?
De qualquer modo os mitos e rumores sobre a Área 51, seguramente incentivados pelo governo norte-americano, a meu ver são resultado de uma estratégia de acobertamento associada a fértil mitomania humana.
Em meu texto E Os ETs Viraram Deuses, conto minha história pessoal que me levou de ufólogo amador à filósofo cético, e aqui acrescento que da mitologia popular que hoje assume feições ufológicas, a Área 51 faz o papel de local idílico, uma Atlântida pós-moderna, uma Avalon tecnológica, que por essa característica mitológica jamais deixará de existir em nossa imaginação, não importa o que venha a acontecer.
Mesmo que um dia o governo dos EUA venha a público explicar e expor absolutamente tudo o que tem em seus arquivos secretos, e efetivamente mostre convincentemente toda a verdade sobre o Caso Roswell, os entusiastas ufológicos não irão abandonar suas crenças, no máximo alterando-as para acomodar toda essa exposição em mais um nível de acobertamento em suas teorias da conspiração.
Tudo isso, no entanto, interessa ao governo norte americano, porque desvia atenção dos reais segredos que eles querem guardar. Isso explica porque as declarações oficiais na época do Caso Roswell eram tão confusas e davam margem a tanta especulação. O resto fica por conta da espontânea imaginação popular. Esse tem sido o funcionamento geral da maior parte dos mitos ufológicos.
Recomendo muitíssimo o site Ceticismo Aberto.
Amigavelmente
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11 de Abril de 2011 |
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Fábio Duarte Ribeiro - 1986
Machado-MG - Estudante de Agronomia
Agnóstico
706,
709,
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f a b i o d r i b e i r o
y a h o o . c o m . b r
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Olá Marcus, estou aqui novamente para lhe agredecer por toda sua atenção e por ter esclarecido alguns pontos da nossa conversa que ficaram mal compreendidos, entendi perfeitamente a questão das vidas, ou existências que se confundiam com reencarnação e também ficou claro o sentido de prepotência colocado por você, a qual eu concordo e apoio.
Já que que estamos debatendo sobre um assunto tão instigante, acho importante aproveitar o momento para eliminar qualquer tipo de dúvida ou más compreenções e acrescentar mais algumas coisas.
No quarto parágrafo da sua mensagem esta dito que nós concordamos que tal barreira para o impedimento evolutivo não parece fazer sentido. O não parecer fazer sentido colocado por você se refere ao fato de que não haverá a destruição do nosso universo daqui alguns bilhões de anos? Nós estavamos em concordância com o fato de que o universo esta submetido a uma lei de constante movimento, o que teria como consequência um ciclo infinito de destruição e origem que levaria o mesmo a sempre se estabelecer. Esse fato possibilitaria a vida surgir novamente e evoluir, seja lá sob qual forma e local do universo. A vida sempe poderia existir, surgir novamente, olhando por esse lado é algo bom, mas toda a evolução, todo o conhecimento produzido, todas as conquistas alcançadas por civilizações que viveram na ultima "encarnação" do universo seria destruida.
Me ficou claro também o que você quis dizer ao afirmar que uma civilização é um coletivo de indivíduos. Mas queria ressaltar que minha preocupação é individual no sentido de que ela parte de mim como indivíduo, e é coletiva porque diz respeito a evolução, produção de conhecimento, que é obtido de maneira coletiva. A minha preocupação não esta na minha futura inexistência ou na inexistência futura dos indivíduos que compõe essa geração ou as muitas que ainda estão por vir mas sim esta voltada para todo o fenômeno humano, toda a produção cultural, mística e científica que temos e ainda poderemos desenvolver, algo que é para mim tão fascinante e valioso que poderia merecer um tempo e espaço indefinido pela frente, bem mais do que alguns bilhões de anos que ainda temos pela frente.
Todo o esforço voltado para pesquisas espaciais, além de fruto de muita curiosidade é também uma perspectiva praticamente certa de que nosso planeta não estará em condições habitáveis por tempo indeterminado e que o nosso sistema estelar irá entrar em colapso um dia, e se nossa civilização quiser continuar em frente terá que realizar viagens interestelares e colonizar outros mundos no futuro. Cristovão Colombo no passado descobriu um novo mundo muito além daquele que ele conhecia e podia permanecer, no final dos anos 60 o homem já pisara na lua (desconsidrando aqui especulações de que isso não passou de uma farsa), num futuro próximo talvez o homem poderá ir à marte, num futuro distante poderá ir à outros sistemas estelares, a lógica é a mesma, as colonizações extrapolarão para dimensões cada vez maiores. Não sei, dificil ter uma previsão, mas se no futuro tivermos um conhecimento mais claro de universo, tão claro e confiante como temos hoje de planetas, sistemas solares e galáxias, quem sabe não podemos, por curiosidade, viajar para um outro universo, ou por necessidade, planejar uma "fuga" para garantirmos nossa sobrevivência?
Eu particularmete penso que talvez a única coisa que possa destruir uma civilização seria ela mesma, caso seu nível de evolução consciêncial não acompanhe seu nível tecnológico e científico. Se conseguirmos sobreviver a um possível evento adverso a nível planetário, a um estelar, e até mesmo um galáctico, porque não sobrevireríamos um a nível universal?
Entendi também o que você disse do quinto ao sétimo parágrafo sobre o sentido existêncial de civilizações sem se basear na ótica do indivíduo. O memorial de uma civilização poderia dar sim um enorme sentido existencial a ela, um valor será atribuido a sua existência através da única forma de valoração possível que é a dada por um indivíduo sensciente, mas no quarto parágrafo desta minha mensagem eu deixei minha explicação a respeito da minha preocupação que é individual e ao mesmo tempo coletiva.
Mas depois de alguma reflexão sobre o assunto, eu acho que talvez por algum motivo que não consigamos entender, não seja mesmo possível uma civilização continuar para sempre, seja por motivos técnicos, pscicológicos ou por que faz parte da natureza das coisas que que elas uma dia tenham um fim. Imaginar uma civilização que existirá perpétuamente parece beirar o irracional, do mesmo modo que falar em infinito, perfeição e eternidade.
Talvez possa existir uma certa beleza e um grande sentido por trás da destruição quando esta já não pode ser mais evitada.
Amigavelmente.
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Sábado, 12 de Março de 2011 |
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Tema: Astronomia, Cosmologia, Cosmogonia, Antropologia, Sentido Existencial,
Ficção Científica
Número de Caracteres
- Mensagem: 3.983
- Resposta: 3.245
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Caro Fábio. Desculpe pela pausa e vamos aos esclarecimentos.
Estava falando sobre a destruição definitiva do universo, algo que concordamos em não fazer sentido. E quanto a renovação do mesmo destruir em definitivo uma civilização, podemos pensar de duas formas.
Primeiro, não podemos descartar a hipótese de que uma espécie inteligente consiga se preservar apesar dos ciclos universais, e nem mesmo a possibilidade de, que de algum modo, consiga acesso a informações de civilizações de ciclos anteriores, "valorizando", como já havíamos discutido, a existências das anteriores. Como isso seria possível?
Bastaria que houvesse uma instância perpétua que se mantivesse fora desse ciclo. Ora, um ciclo é, como o próprio nome sugere, uma repetição, uma volta ao redor de algo. Assim, deve haver algo no Universo que se mantenha apesar dos constantes ciclos, de algum modo conservando algum registro. É uma hipótese ousada, e não é a minha favorita, mesmo porque teríamos o problema de ser difícil imaginar um registro infinito. Mas é algo que merece ser considerado.
Já concebi, em Os Crononautas a idéia de uma ciência capaz de transpassar os ciclos do universo, mas se essa idéia não for satisfatória, podemos pensar numa outra bem distinta.
Talvez, haja um nível de desenvolvimento limítrofe para as civilizações. Algo com certeza além de nossa imaginação, mas que pode ser considerado o máximo possível de realização. Assim, não teria mais importância que uma civilização desapareça sem deixar rastros, porque tudo o que ela conquistou é de certa forma acessível às demais, tornando-se uma questão de atingir ou não tal estágio.
Por exemplo. Muitas pessoas jogaram um certo videogame, daqueles com inúmeras fases e possibilidades distintas. Alguns percorrerão somente uma fração do jogo, outros explorarão fartamente suas possibilidades, e alguns o esgotarão. De um ponto de vista externo, como o do fabricante por exemplo, é irrelevante que alguém tenha explorado 5%, ou 60% ou 100%. Mas do ponto de vista de cada jogador, trata-se de sua própria vivência, de sua experiência pessoal, para a qual também é irrelevante que outros jogadores tenham explorado x%.
Transplantando isso para nosso tema, de um ponto de vista externo, seria irrelevante que uma civilização se extinguisse, embora sua própria experiência interna tenha sido absolutamente significativa. Mas num plano mais amplo, todo aquele conhecimento que ela produziu já teria sido diversas vezes produzido por outras civilizações e o será também por outras, indefinidamente. Assim, o fato de ela ser completamente esquecida não importa para o conhecimento em si, que sempre poderá ser redescoberto, principalmente se aquela civilização viveu plenamente.
Porque lamentaríamos a morte de alguém que viveu em toda a sua plenitude e se satisfez, declarando, agora deixe-me descansar em paz? E ainda lamentaríamos menos se tudo o que ela produziu, mesmo que tenha sido perdido, ainda pode ser descoberto novamente?
Penso que nessa situação, não há o que lamentar. O universo ofereceria chances existenciais profundas a todos, e uma tragédia só seria aplicável àquelas civilizações que não conseguiram se sustentar, embora parte de seu legado ainda possa ser resgatado por outras mais poderosas. Temos vários exemplos de civilizações extintas que hoje estão sendo redescobertas e estudadas, e se nosso progresso permitir, talvez atinjamos um nível em que tudo poderá ser preservado para ser redescoberto por civilizações ainda mais potentes, e assim por diante, de modo que o montante total de nosso universo, com suas possíveis virtualmente infinitas civilizações, pode muito bem atingir o tal nível limítrofe ao qual estou me referindo, passando a ser irrelevante que tudo seja aniquilado e reiniciado, com as mesmas possibilidades.
Nada teria, enfim, sido perdido.
Amigavelmente
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21 de Março de 2011 |
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