MEU LIVRO DE VISITAS

DreamBook

Marcus Valerio XR

Nova e Revolucionária Mensagem

Francisco Barbosa de Siqueira Neto
Francisco_Emaer@hotmal.com

Visitante da Mensagem 66

Meus comentários estão em AZUL.

EVAPORAÇÃO DA FÉ

Olá, Marcus.

Olá Francisco, bom ouvir você de novo.

Acredito que uma pessoa tolerante e racional como você (digo isso sem a menor sombra de falsidade, está disposta a esquecer eventos do passado. Afinal, o que há de racional em guardar mágoas, se se pode fazer coisas bem mais grandiosas?

É claro! Um dos objetivos de meu site é oferecer às pessoas oportunidades para abrirem seus horizontes.

Seja muito bem vindo. É prefiro não interromper o restante de seu relato.

Bem, gostaria de te contar o que aconteceu com minhas certezas pessoais: Foram embora! Evaporaram-se! Morreram!

Não sei se você lembra de mim. Fui apenas mais um evangélico com comentários de intolerância e arrogância vulgar, defeitos feios, mas admito tê-los cometido. E foi mesmo, o que mais posso fazer?

Talvez você tenha julgado diferente pelos meus comentários anteriores, mas eu não era muito fanático. Eu era um evangélico pentecostal da Assembléia de Deus, do meu nascimento até os vinte anos, mas era bem liberal no que dizia respeito à interpretação da Bíblia, pelo menos com os "de dentro". A minha atitude intolerante se manifestava mais contra os "de fora", quem sabe por, no fundo, eu considerá-los "indignos" de ao menos discutir o assunto. (um sentimento maniqueísta óbvio).

Bom, eu havia ficado com o orgulho ferido com a sua resposta. Perguntei a um amigo meu, que é teólogo, sobre a questão das línguas. A resposta foi exatamente aquela que tempos depois apareceu no seu site. Mas a essa altura eu já havia começado a ler os seus textos, procurando meios de retaliar. Comecei lendo "Deus". Foi a grande "pancada". Fiquei perturbado com os argumentos...

Na verdade, vi um monte de contradições anunciadas nesses sites de ateus. Mas elas me pareceram meio fracas, isso sem falar que os teólogos sempre tinham um sofisma preparado para cada uma delas. Se eu quisesse, era apenas decorar esses sofismas e pronto, eu tinha as respostas. Mas fiquei um bocado revoltado com as chamadas antinomias. Como poderiam ser admitidos problemas sem solução? Elas representavam falhas no próprio âmago da doutrina. As antinomias apresentadas no texto "Deus" foram o pontapé inicial para que minha mente descambasse em questionamentos que eu antes evitava, por mero temor. Quando o temor deu lugar ao furor, comecei a me perguntar por que se dizia que Jesus havia dado a própria vida, se Ele estaria vivo ainda? Como poderia um imortal morrer? A doutrina evangélica passou a ser pequena, sufocante. Isso aconteceu a uns dois anos. Você tinha razão: Eu era muito inexperiente, pois se fosse diferente, tudo isso teria acontecido muito antes.

Uma amiga minha é espírita, mas apesar das minhas tentativas, ela se recusava educadamente a discutir religião, provavelmente devido a experiências anteriores em discussões com evangélicos. Ela não tem muito dom de explicar essas coisas. Talvez ela tivesse medo de se perder. Não é todo mundo que consegue manter o sangue frio enquanto conduz um debate hostil. Eu mesmo costumo perder a calma, um defeito que já amenizei bastante e pretendo erradicar, se possível. Voltando ao assunto, eu estava sentindo um leve peso de consciência com relação às outras religiões, que eu sempre julguei sem sequer conhecer, ou baseado apenas nos estudos de heresiologia, que não eram nada confiáveis, uma vez que minha própria religião estava longe de ser tudo que eupensava. . Então acabei por me "confessar" a ela, pois ela é muito tolerante. Ela me ofereceu dois livros das obras de Kardec: "O Livro dos Espíritos" e "A Gênese". Normalmente eu reagiria com um "Vade retro" do tamanho do país, mas eu estava com muita raiva das tentativas de resposta cheias de falácias que eu havia recebido dos pastores que eu procurei (sim, eu procurei pastores para falar das antinomias!), então aceitei ler e gostei muito.

Bem, mexeu tanto com meu emocional que eu fiquei umas duas semanas pensando seriamente em tornar-me espírita. Mas ao reler os livros, desisti da idéia. Eu estava meio empolgado com aquelas coisas que eu nunca tinha visto antes, mas depois acabei percebendo que não era tão diferente assim do que eu já estava acostumado. Falo sobre as "linhas amarelas", que são falhas de racionalidade que os religiosos advertem que não devem ser "ultrapassadas". Mesmo assim a experiência foi enriquecedora. Eu tornei-me mais aberto, mais tolerante. Estou ainda tentando expandir meus horizontes e desfazendo o dano psíquico da bitola do cristianismo. Acredito que melhorei muito.

Apesar de suas idéias não terem sido minha única influência, elas foram o ponto de partida. Você criou essa Home Page para, entre outras coisas, combater um pouco da ignorância que permeia nossa espécie. Bem, se você está fazendo conta dos resultados, me conte entre eles. Descobri que pensar livremente me fez até melhorar minha forma de encarar as relações interpessoais e os debates sobre idéias. Sou como você, não tenho mais certezas absolutas, mas estar sempre aberto a idéias novas e mantendo em mente que "o único conhecimento é de que nada sabemos", dá uma sensação de liberdade e leveza incríveis. Não troco isso mais por fábula nenhuma. Não quero mais promessas divinas que têm como contraparte ameaças hediondas. Quero aprender a "canalizar minha força interior", minada por uma crença que por anos me assombrou, mas que nunca me satisfez. Quero me livrar das seqüelas, corrigir os meus erros. E é por tudo isso que escrevo. Reconheço e louvo sua iniciativa, e não poderia deixar de apresentar esse desagravo corrigindo meu mau julgamento. E, por que não?, Te agradecer pelos belos textos!

Até mais.Um abraço amistoso.

Francisco Barbosa de Siqueira Neto.

Monday, September 15th 2003

Bem Francisco. Que posso dizer? É uma história e tanto. Confesso que sempre sinto um receio, e aí sim, um arrepio, quando descubro que posso ter contribuído para a mudança de paradigma de alguém, pois não sei qual a importância daquilo na vida da pessoa, e muitas vezes tal mudança pode ser problemática.

Mas não me parece ser o seu caso. Quero agora comentar alguns pontos específicos de sua mensagem.

"Na verdade, vi um monte de contradições anunciadas nesses sites de ateus. Mas elas me pareceram meio fracas,..."

É verdade. Na maioria das vezes essas contradições são expostas por pessoas sem bons conhecimentos da Bíblia, que fazem leituras superficiais. A maioria delas são solucionáveis. Como eu disse antes, sempre procurei aquelas que conflitam trechos de textos mais diretamente relacionados. Falta também à maioria dos céticos, conhecimentos básicos de Teologia.

Aquela das Línguas por exemplo, acho muito interessante. Pois ela pode ser respondida, como o fez o Edson na Mensagem 99, e o Romualdo na Mensagem 150. Se o apologenta bíblico não for capaz de dar aquela solução, melhor nem tentar prosseguir com a discussão, pois seria um mínimo exigido. Uma vez dada a resposta, entra-se num novo nível de diálogo, com novos e mais desafiadores problemas.

"...comecei a me perguntar por que se dizia que Jesus havia dado a própria vida, se Ele estaria vivo ainda? Como poderia um imortal morrer?"

Interessante! Nessa eu nunca tinha pensado. No mínimo seria um uso incorreto dos termos "morte" e "vida".

"...eu estava sentindo um leve peso de consciência com relação às outras religiões, que eu sempre julguei sem sequer conhecer, ou baseado apenas nos estudos de heresiologia, que não eram nada confiáveis,..."

É um problema de muitos "teólogos" menos preparados. Eles não estudam as religiões em si, apenas o ponto de vista previamente delineado por estudiosos que já são, de antemão, avessos a elas. É impossível fazer um estudo eficiente.

"...fiquei umas duas semanas pensando seriamente em tornar-me espírita. Mas ao reler os livros, desisti da idéia. Eu estava meio empolgado com aquelas coisas que eu nunca tinha visto antes, mas depois acabei percebendo que não era tão diferente assim do que eu já estava acostumado."

Kardec possui vantagens em relação ao Monoteísmo tradicional. Ele escapa da maior parte das Antinomias. Mas o Espiritismo também tem seus problemas, em especial sua insistência em se proclamar científico, quando qualquer tentativa de aplicar métodos científicos em seus procedimentos simplesmente destrói a doutrina. Em meu texto Hipóteses Exerianas levanto algumas questões sobre uma possível teologia do Espiritismo.

Falo sobre as "linhas amarelas", que são falhas de racionalidade que os religiosos advertem que não devem ser "ultrapassadas".

?!?! Eles usam mesmo esse termo? Pode me dizer onde posso encontrar mais informações?

Bom. Acho que posso parar por aqui. Foi muito bom ouvir você Francisco, espero que eu tenha contribuído para uma elevação em sua vida, mas recomendo cautela. É sempre complicado sair de um sistema rídigo de crenças para uma postura mais aberta.

É uma travessia é difícil, mas ao chegar à outra margem, vale a pena.

Amigavelmente

Marcus Valerio XR
20 de Setembro de 2003

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