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Fernando Ventura Bispo Santos
Araguápolis-AR
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1975
Militar
-
Cristão Protestante
625, 633,
635, 657,
665, 674,
681, 695
699, 715,
745, 754,
761, 766,
761, 769
a t t h o s m a t h e u s
g m a i l . c o m
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Aproveitando a oportunidade gostaria de te fazer duas perguntas, uma mais ou menos pessoal e outra filosófica:
1) Você disse que após ler um livro passou três dias em êxtase místico e que desde então tudo mudou na sua vida. Que livro era este? Poderia descrever como ele te afetou assim?
2) Com respeito ao ensaio sobre o MANIQUEÍSMO na tua página, no final você diz que teu entendimento sobre o assunto mudou, mesmo tendo compreendido vagamente na monografia sobre o
OTIMISMO X PESSIMISMO esta mudança, você poderia sinteticamente explicá-la?
Mudando de assunto, que existem direitistas ateus, direitistas evolucionistas (eu mesmo sou um) eu já sabia, agora veja só este grupo que eu não tinha ciência ainda:
GAYS DE DIREITA.
Que tal?
É isso aí.
Obrigado pela atenção. Votos de felicidade e paz!
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Segunda, 20 de Setembro de 2010 |
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Tema: Conversando com Deus, Maniqueísmo, Positivação do Mal, Gays de Direita
Número de Caracteres
- Mensagem: 664
- Resposta: 1.733
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Olá Fernando...
1) Trata-se do livro
Conversando com Deus, de
Neale Donald Walsch. Não sei dizer o quanto esse excelente livro foi o responsável pela minha experiência mística, visto que eu estava numa fase especial de busca. Mas com certeza contribuiu.
2) Além de atualmente discordar da linguagem um pouco radical daquele texto, a principal mudança é o foco ser não na impropriedade da contraposição entre o Bem e Mal, que como conceito faz sentido, mas sim na rejeição da Substância do Mal. Ou seja, sigo a doutrina Agostiniana de que o Mal é uma ausência, uma falta, e não algo em si. Assim, não pode haver uma oposição essencial, que é exatamente o espírito do Maniqueísmo.
No caso do texto OTIMISMO X PESSIMISMO, isso aparece na crítica contra a positivação do Mal. Assim, o Bem pode ser uma essência, pode ser absolutizado. É possível falar num Bem Supremo, mesmo na idéia de um Deus, com propriedade. Mas não se pode fazer o mesmo com a idéia de Mal, o que ilustro nos gráficos das páginas 27 e 28.
Gays de Direita (gaysdedireita.blogspot.com). Confesso que ri um bocado quando li o título, mas pensado melhor faz sentido. Mostra como as combinações do espectro sócio-político são praticamente infindáveis.
De fato, as perseguições contra homossexuais em países comunistas já poderia ser suficiente para motivar esse movimento, mas por outro lado os conservadores quase monopolizam à rejeição às conquistas dos movimentos homossexuais no ocidente, de modo que a totalidade da hostilidade deriva exatamente de fontes religiosas.
(O Direito ao Legítimo Ataque)
Já há algum tempo tenho conhecimento de denominações cristãs homossexuais, algumas até com bons argumentos para neutralizar a possível homofobia bíblica, e nesse sentido uma vertente direitista do movimento gay não chega a ser tão surpreendente.
Resta saber como equilibrar tantos valores e conceitos divergentes, no qual a parte fácil é reinterpretar as fontes religiosas da forma mais conveniente.
E Fernando... Você não ficou de postar aqui aquela mensagem sobre o texto
Terroristas X Ditadores?
Amigavelmente
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21 de Setembro de 2010 |
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Helena Isabel
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Lisboa
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1972
Terapeuta de reiki, Cristaloterapia e Terapia da Escrita
h e l e n a t e i x e i r a 8 9
h o t m a i l . c o m
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boa noite marcus:
hoje criei uma pequena frase para editar no meu cartão pessoal que será distribuído numa feira de alternativas, onde espero divulgar o meu trabalho de reiki, terapia com cristais e terapia da escrita. costumo dizer que não penso, mas que deixo as ideias entrar. e o que entrou foi "somos infinitos como o universo". o que entrou fez tanto sentido que eu duvidei que a frase fosse minha. pensei: "provavelmente, já li ou ouvi isto em algum lado". para tirar a dúvida, escrevi no google a frase e logo no primeiro resultado encontrei um link que remetia para o universo, os homens e o infinito e encontrei o marcus. quanto à ideia que deixei entrar, ainda bem que o fiz, pois pelos vistos ainda não foi escrita exactamente assim.
tudo isto para lhe dizer que me senti muito bem aqui, embora precise de mais algum tempo para me inteirar de tudo (não quero perder nada). entretanto, gostaria de lhe colocar uma questão:
muitas vezes, sinto-me como se estivesse num outro plano que não este, ou num outro lugar que não aquele onde aparentemente estou. nessas alturas, não é fácil estar em locais com muitas pessoas, concentrar-me numa tarefa, pareço uma barata-tonta. outras vezes, tenho a sensação de desdobramento. o que pode dizer-me sobre esta experiência?
helena isabel
namasté
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Quarte, 15 de Setembro de 2010 |
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Tema: Atenção, Introspecção, Introversão, Concentração
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.075
- Resposta: 1.535
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Prezada Helena...
Obrigado por sua visita e participação.
Sobre sua pergunta, fica difícil dar alguma resposta útil com tão pouca informação, visto que não me foi possível sequer saber se algumas das características que você relata estão em sentido literal ou figurado. No entanto, me parece que você apresenta os típicos sinais de introversão, comuns em pessoas que costumam prestar atenção ao próprio interior, por vezes até mais do que ao exterior.
Também costuma ocorrer comigo, embora eu tenha me obrigado a ser muito atento a tudo à minha volta, as vezes de modo até excessivo. O que mais sinaliza isso é a dificuldade de estar em locais muito movimentados, visto que nesses somos obrigados a prestar atenção nas pessoas à nossa volta de forma um tanto passiva, bem diferente de quando prestamos atenção num ambiente tranquilo, por exemplo, onde podemos focar em qualquer coisa de modo voluntário.
O que posso dizer é que não vejo nada de errado com isso, exceto em alguns casos onde a falta de atenção pode causar problemas. Dirigir automóveis talvez seja o exemplo mais drástico. Devemos prestar muita atenção a tudo à nossa volta, e às nossas ações, mas o fato de acabarmos por realizar tais coisas de modo recorrente e mecânico, nos permite distrações intensas, em geral quando falamos com outras pessoas ou mesmo pensamos.
A questão é o meio termo. Eu nunca gostei de relaxar demais e perder a noção do ambiente, principalmente em locais onde pode haver algum perigo, mas por vezes sinto que devo me preocupar menos e me concentrar mais no que estou fazendo. Penso ter obtido um equilíbrio satisfatório.
Por fim, caso você esteja falando em "desdobramento" num sentido mais ousado, como o de sentir-se fora do próprio corpo, aí eu pediria mais detalhes. Não me é algo comum. Mas também pode ser um nível mais profundo de introspecção.
Amigavelmente
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21 de Setembro de 2010 |
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Raoni Latalisa Cozzi
- 1980 -
Belo Horizonte-MG
Bancário, estudioso de todas as ciencias
Terminando de criar uma Religião
r a o n i l c
g m a i l . c o m
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Marcus,
Li apenas um texto seu sobre relativismo cultural. Estou completamente abismado! Desculpe-me se parecer prepotente ou oportunista.
Minha capacidade de aprendizado não é boa, mas a de reflexão é bem aguçada. Por isso meu método de estudo é juntar os dados e fatos de determinado assunto e ,usando a lógica, criar uma opinião. Após isso busco outras opiniões e consigo chegar a um entendimento profundo sobre o assunto.
Só queria dizer(apesar de vc escrever muito melhor do que eu) que cada palavra sua e a própria ordem que vc usou no raciocínio é exatamente o que penso e travo milhares de discussões tentando mostrar isso aos outros. E é de uma obviedade tão grande que é difícil entender como que as pessoas não enxergam(na verdade é fácil de entender)!!
Quando vc começou seu texto, dizendo que fez uma reflexão profunda(que tb é frase que digo antes de demonstrar meu raciciocinio), eu pensei:
"Por favor!! ja que vc teve essa atitude, chegue a conclusões coerentes, pelo amor de Deus!!!!"
E foi incrível o que li, cheguei a arrepiar pois sua reflexão foi idêntica a minha. OLha que é muito raro isso pois sempre tem um detalhe que eu acho que o outro peca.
Até a analogia do meteoro! huahuha eu uso direto ela.
Bom,não vou me estender espero ter passado a essência do que senti!
Parabéns por ser, ao menos no texto que li, alguém que tenta estudar abstraindo de preconceitos!!
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Domingo, 5 de Setembro de 2010 |
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Tema: Relativismo Cultural, Humanismo, Universalismo
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.150
- Resposta: 400
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Seja bem vindo Raoni. Obrigado pela participação.
Você se refere ao longínquo texto HUMANISMO X CULTURA, de 2001, que versa exatamente sobre a tensão ente o recente humanismo secular do ocidente, com sua auto crítica e postura de não interferência, e outra culturas menores.
Fico feliz pela afinidade de pensamento que tivemos, e recomendo que leia também os trechos de minha monografia
ÉTICA X MORAL e
RELATIVISMO X UNIVERSALISMO, onde acrescento outros desenvolvimentos.
Amigavelmente
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15 de Setembro de 2010 |
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Luiz Sergio Ribeiro Alves
- 1948 -
Serra-ES
Cirurgião Dentista
n e r o s a l v e s
oi.com.br
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Gostaria de saber se pessoalmente o Sr. crê em algum Deus,o que acha de Richard Dawkins fervoroso defensor do ateísmo,me pareceu que ele não se enquadra na sua visão de que os ateus são religiosos?
Achei muito elucidativo o seu site,embora tivesse algum esclarecimento sobre o assunto,o seu pedagogismo é mais esclarecedor de todos os que já me deparei.Criado como católico,em uma época em que as igrejas eram abarrotadas de imagens de santos sempre via a contradição com a admoestação bíblica sobre a idolatria.Pelo seu site compreendi um pouco que religiãos carregam no seu bôjo sincretismo com as anteriores.Fiquei surpreso com a revelação que ateísmo é religião!!!!!!!
Saudações
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Domingo, 29 de Agosto de 2010 |
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Tema: Religião, Ateísmo, Religiões Ateístas, Richard Dawkins
Número de Caracteres
- Mensagem: 575
- Resposta: 1.210
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Prezado Sr. Luiz...
Muito obrigado por sua participação no meu site, que me agrada ter sido tão significativa. Suponho que deva ter lido o texto RELIGIÃO - Em Busca de Transcendência, e nesse caso, então, parece que ocorreu um sério mau entendimento.
Em jamais disse que ateus são religiosas nem que Ateísmo é religião. O que eu disse nesse texto é que existem Religiões Ateístas, como o Budismo ou Taoísmo, ao menos no sentido que normalmente damos ao conceito de Deus. Pode-se inferir também que o ateísmo, que na realidade é uma posição filosófica, tenda a só se disseminar, o ao menos a fazer sentido, num contexto de religiões já desenvolvidas. Muitas vezes o ateísmo é uma reação a um sistema prévio e onipresente de religiosidade.
Esse certamente é o caso de Richard Dawkins, que abordo em meu texto Em Defesa do Agnosticismo, que já declarou que seu movimento ateísta é principalmente uma reação ao males causados pela religiosidade.
Outra coisa que pode ser dito é que alguns ateus podem se comportar de similar semelhante a alguns religiosos, ao defender ferrenhamente uma opinião sobre um conceito que está além de qualquer forma de solução definitiva, no caso, uns tendo certeza positiva, e outros certeza negativa. É a tudo isso que se opõe o agnosticismo, que sendo uma forma de ceticismo, propõe exatamente a não-certeza.
Sugiro então que releia o texto, bem como conheça outros textos do site, e espero que continue apreciando os temas.
Amigavelmente
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8 de Setembro de 2010 |
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Mario Campos de Jesus
- 1963 -
Seropédica-RJ
Tecnico em Contabilidade
217,
[217.1,
217.2,
217.3],
228,
362,
575,
579,
622
690,
739,
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748,
750,
751,
756,
759,
765,
770
mariocamposdejesus
u o l . c o m . b r
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Olá, Marcus, como vai você? é um prazer, após algum tempo, estar de volta ao seu livro de visitantes. Tenho algo que pode ser interessante divulgar. Depois diga-me o que acha. Na minha sina de investigar a verdade religiosa, fiz um estudo dos três primeiros capítulos da bíblia. O meu foco é o livre arbítrio e o que ele realmente significa, e essa velha e crucial questão do pecado, da existência do Diabo e de condenação.
O REAL LIVRE ARBÍTRIO
O livre arbítrio começou já na criação do homem. Quando Deus nos criou existiam duas possibilidades de situação existencial:
1. A inocência; e
2. O conhecimento (do ‘bem’ e do ‘mal’).
Para cada uma delas havia uma conseqüência ‘negativa’. Na inocência não haveria o conhecimento. No conhecimento não haveria a imortalidade e seriam acrescentadas dificuldades para as conquistas (como, por exemplo, dores de parto e trabalho árduo para o cultivo da terra).
Para determinar qual seria a situação, Deus nos deu liberdade de escolher. E o indicativo disso é que plantou no jardim do Éden também a árvore da consciência - do conhecimento do ‘bem’ e do ‘mal’.
Mas para nos incentivar a não optar pela segunda opção, que é perigosa, ele só mostrou o lado aparentemente ‘ruim’ dela, que era a perda da imortalidade.
Genesis 2:17 "mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás".
Nota-se, como veremos a seguir, que até então a árvore da vida estava ali também para ter seu fruto consumido, assim como a do conhecimento do bem e do mal.
Genesis 2:9 "E o Senhor Deus fez brotar da terra toda qualidade de árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem como a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal"
Genesis 2:16 "Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente"
A mulher foi incentivada por um dos animais do jardim, a serpente, a comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. E esse animal, assim como Deus, também foi parcial nos seus argumentos. Só mostrou o lado aparentemente ‘bom’, negando que haveria a morte ao comer seu fruto.
Genesis 3:4 "Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis"
Genesis 3:5 "Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal"
Isso explica o porque daquela árvore, que se não fosse para ser usada não haveria razão de Deus plantá-la ali.
Embora haja a interpretação de que foi para provar a obediência do homem a Deus, eu não creio, pois pela sua onisciência Deus já podia saber o que ia acontecer, não precisando de um teste.
E após o consumo da fruta de fato houve o alvorecer da consciência, começando pela vergonha de estar nu.
Então a sensação de nudez não é apenas cultural, como imaginamos, mas oriunda do conhecimento - consciência?
Genesis 3:22 "Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda que estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente"
A partir dali o homem passou a ser como exatamente é hoje, mortal, consciente como seu criador, sujeito as contrariedades da vida e tendo que lutar bravamente pela sobrevivência e pela satisfação de suas necessidades e desejos.
Importante ressaltar que em relação a pecado, Diabo e condenação, nada foi dito a respeito no texto bíblico. Deus não se aproveitou da oportunidade para acusá-los de desobediência, pecado, que tinham sido enganados por um inimigo seu e ou que iriam para o inferno ou teriam suas almas aniquiladas ou qualquer outro tipo de retaliação, afora as naturais conseqüentes de uma vida normal, como a temos. E isso pode ser constatado com uma leitura atenta dos capítulos 2 e 3 de Genesis, onde não será encontrada uma só palavra sobre isso. Ignorando, claro, o título “A queda do homem” no capítulo 3, por não pertencer ao original, e sim ter sido acrescentado pela editora. Aliás, esses títulos acabam prejudicando a leitura isenta, pois induzem o leitor a um entendimento que pode não ser o intencionado pelo escritor bíblico.
O que ocorreu de mais drástico foi que Deus ‘amaldiçoou’ a terra (no texto a palavra terra encontra-se com inicial minúscula, significando que não estava se referindo ao planeta, ao mundo, mais sim ao solo) no sentido de torná-la trabalhosa para o cultivo. Deixou bem claro que o homem morreria e voltaria ao pó de onde tinha vindo. E finalmente o expulsou do jardim e tomou providências para que o mesmo não voltasse e pudesse acessar a árvore da vida.
Ainda falou da nova situação do réptil que teria enganado a mulher (isso segundo a mulher), que haveria de passar a rastejar, como sinal de maldição e humilhação perante os demais animais, e que o mesmo picaria o calcanhar da mulher e de seu descendente e pelos mesmos teria sua cabeça ferida.
O que inclusive é usado para fazer uma conexão com Jesus Cristo, ao interpretar que a palavra ‘descendente’ no singular só pode estar se referindo a um descendente específico, que seria o Filho de Deus no futuro a esmagar a cabeça dessa cobra supostamente representando misticamente Satanás. Mas não passa de uma conjectura, pois o texto não fala em momento algum de um inimigo de Deus e nem de um redentor. Mas concordo que aqui reside uma boa polêmica.
O fato é que temos a vida do modo como nossos antecedentes escolheram. E sinceramente não creio que essa escolha seja condenável. Primeiro que somos livres para escolher, e segundo que assumimos totalmente nossa escolha, e suas conseqüências só recaem mesmo sobre nós. E por isso, reitero, não espero uma condenação de Deus, pois não estamos fazendo nada que não tenha sido planejado, quando estamos dentro de uma das alternativas que ele mesmo nos colocou ao plantar no jardim a tal árvore.
Essa releitura dos três primeiros capítulos do livro de Genesis é perfeitamente compatível com a realidade que vivemos. Até aqui não deparamos com o problema do livre arbítrio quando a teologia o reduz a uma mera escolha entre céu e inferno, ou aquela suposta disputa de Deus com o Diabo para provar para o mesmo quem é mais capaz de convencer o homem de forma “espontânea”.
A Bíblia pode ser encarada como uma obra literária de cunho religioso, atendendo as aspirações do povo que a escreveu, o povo judeu; e a despeito de ser ou não inspirada ou autorizada por Deus, em algum momento foi declarada sagrada e dali em diante a boa fé dos que se seguiram consolidou a crença de que ela é própria palavra de Deus. E esse processo é praticamente irreversível, dado o apego de muitos que perpetua a situação.
Por essa razão se faz necessário um cuidado maior na sua interpretação, pois pressupondo que não seja a própria palavra de Deus, não podemos esperar dela uma narrativa precisa. E para os que, por não crerem na inspiração divina da Bíblia, pretendam desqualificá-la na totalidade, observe que a interpretando corretamente pode ser que se possa utilizá-la. E fica a sugestão de um desafio interessante; de tentar com outras partes da bíblia esse mesmo exercício interpretativo, guardando sempre a imparcialidade.
Então essa é mais uma maneira de encarar a bíblia. Pois não ficou claro nesses três capítulos iniciais do Livro de Genesis o que a teologia tradicionalmente prega. Ao contrário, pudemos ver uma alternativa que se alinha perfeitamente com a realidade que vivemos. Que é uma realidade existencial de plena liberdade para os seres, o real livre arbítrio.
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Quarta, 24 de Março de 2010 |
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Tema: Teologia, Gênese, Interpretação, Livre Arbítrio
Número de Caracteres
- Mensagem: 6.180
- Resposta: 400
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Olá Mario...
Bem... Não há muito o quê comentar. Achei uma abordagem interessante e sempre vejo com bons olhos iniciativas de interpretação pessoais, bem como teologias que visem resgatar a idéia de Livre Arbítrio, ainda que admita que a idéia de Determinismo é muito mais explícita na Bíblia.
Acho que você começou bem, indo por um bom caminho. Mesmo porque, para uma teologia de Livre Arbítrio coerente, faz-se necessário um grau de leitura simbólica mais elevado.
Parabéns.
Amigavelmente
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6 de Setembro de 2010 |
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Olá Marcus! Li a parte sobre Ceticismo que você me recomendou em sua última resposta e fiquei ansioso para lhe responder, mesmo sem ter lido ainda a parte sobre Antropocentrismo. A minha resposta na verdade é uma pergunta: E se houvesse um meio de se comprovar as certezas essenciais? Pergunto isto porque a base principal do seu Ceticismo, e que refuta as certezas essenciais é a impossiblidade de experimentá-las no mundo fenomênico.
Sei que a minha pergunta soaria a princípio como um paradoxo, uma vez que, se as certezas essenciais estão além do mundo fenomênico, a possiblidade de experimentação delas nesse mesmo mundo seria impossível, por uma questão lógica. Mas deixemos essa questão de lado apenas por um instante.
Se eu lhe dissesse que, a despeito de toda as conclusões lógico-racionais, existiria neste uma forma de se chegar às certezas essenciais? Sei que todas, ou pelo menos a maioria, das religiões afirma possuir essa forma. A grande questão é que qualquer tentativa de se vencer o ceticismo passará necessariamente pela própria experimentação. Não conseguiríamos criar um conceito a priori sobre as certezas essenciais uma vez que estas transcenderiam a própria racionalidade. Logo, para que se ultrapasse o ceticismo, a experimentação sempre será necessária, o que implicará numa carga de subjetividade muito grande. Contudo, creio que isto não seria um impecilho, uma vez que pelo seu sistema filosófico, a própria existência fora do EU já é impossível de ser comprovada racionalmente.
Então, na verdade, a questão que quero colocar para você é: Se houvesse uma forma de comprovar as verdades essenciais por meio de uma experiência a partir do mundo fenomênico e que comprovadamente não causasse danos à saúde física e mental do experimentador, você a experimentaria?
Um grande abraço!
Diego
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Segunda, 9 de Agosto de 2010 |
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Tema: Ceticismo, Certezas Essenciais, Experiências Fenomênicas, Comprovação
Número Aproximado de Caracteres
- Mensagem: 1.525
- Resposta: 1.764
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Olá Diego...
É claro que eu experimentaria qualquer possibilidade deste tipo. Na verdade, eu já o fiz. Durante muito tempo acreditei que a Projeção Astral, a idéia de separar de seu corpo físico uma parte espiritual, era o caminho para esse tipo de comprovação. Acreditei firmemente na idéia de que o mundo espiritual, o pós-morte e toda uma miríade de segredos do universo estavam prestes a ser desvendados por quem conseguisse lograr essas técnicas. Tanto que frequentei instituições como o Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, Centro de Estudos Gnósticos e Movimento Gnóstico Cristão Universal do Brasil na Nova Ordem (hoje com outro nome),
para citar só alguns. E até mesmo consumi o famoso Ayahuasca. Lembrando que durante muito tempo eu fui Espírita, e o Kardecismo também sustenta a realidade do fenômeno de Projeção Astral.
O resultado? Acabei descobrindo que era impossível eliminar a possibilidade de que tudo não passasse de alucinação, e qualquer convergência entre as supostas experiências de pessoas diferentes era facilmente explicável pelo sugestionamento mútuo. Ao tomar contato com qualquer desses movimentos, você recebe uma tonelada de informações que lhe delineam o que se espera experienciar no momento em que conseguir êxito em alguma experiência extra corpórea. Porém, as poucas experiências que tive tinham sempre a tendência de contrariar as informações que recebi.
Hoje entendo como isso como um típico exemplo da impossibilidade de superar a Barreira de Ilusão, e com isso, após responder que SIM, topo qualquer experiência confiável e segura que possibilite algum tipo de superação fenomênica (o que já exclui o uso de drogas), faço agora uma outra pergunta:
Você consegue conceber algum modo de superar essa Barreira de Ilusão? Não importa que tipo de experiência você tenha, como é possível ter certeza de sua factualidade?
Como a regularidade é a principal fonte de nossas certezas existenciais sobre o mundo que vivemos, a única forma de haver alguma chance seria a regularidade de tais experiências. E isso, pelo jeito é bem difícil.
Amigavelmente
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13 de Julho de 2010 |
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Samuel Leme
-
1988
-
São Paulo - SP
Professor de Desenho
Agnóstico
708, 727,
767
s a m u e l s h e e p
g m a i l . c o m
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Olá novamente, Marcus! Perdoe-me a demora...
Sobre a última mensagem, eu não chego a ser um pessimista, e tampouco um otimista, falando-se de construir um pensamento que pretenda sustentar racionalmente qualquer dos dois posicionamentos. Recentemente decidi instituir como o sentido de minha vida a busca do melhor possível, o que não é um otimismo, mas, como costumo dizer, um "otimicismo", e, conseqüentemente, a luta contra todas as coisas que tornem a vida humana pior do que ela poderia ser. Considero que todos buscamos de alguma forma a otimização de nossas vidas, até mesmo o maior dos pessimistas, mas decidi verbalizar essa tendência natural e lhe dar um corpo mais abstrato, listando, dentre as coisas que considero indesejáveis: a ignorância, a intolerância, e a desesperança em si mesmo, com tendência a universalização, desacreditando o potencial humano para tornar seu mundo melhor.
Dito isso, quero abordar novamente a questão do absurdo e do agnosticismo. Considero que um universo absurdo seja, para a vida humana, o equivalente a um deus louco e onipotente. Quero dizer que um universo assim é, por excelência, destituído de confiabilidade, já que tudo se torna possível – após a morte podemos acabar numa condição equivalente à tortura eterna apregoada por muitos cristãos, pra dar um exemplo mais drástico. Claro que o oposto também é possível, ao lado de infinitas outras possibilidades. De qualquer forma, a pior das realidades é possível, e para alguns talvez fosse preferível trocar essa condição pela certeza de que um nada nos espera após a morte, coisa que não podemos fazer (ao contrário do que muitos dizem, ao afirmar que a morte é a única certeza).
Gostaria também de fazer uma distinção entre agnosticismo e absurdismo. Acho que o absurdo se mantém para o agnóstico enquanto uma possibilidade de superação não se manifesta, coisa que pode nunca acontecer, mas que se mantém sempre como uma possibilidade - o universo pode ser, na verdade, puramente racional. Já o absurdista me parece adotar um ponto de vista de insuperabilidade, onde não existe possibilidade de eliminar as contradições presentes em qualquer concepção do universo – ele fecha a questão, afirmando uma cisão insuperável entre a razão e o mundo.
Me considero um agnóstico, e portanto deixo aberta a possibilidade do absurdo ser dissolvido algum dia. Enquanto isso, o mundo se me afigura como algo insano e destituído de um sentido universal, o que pode ser apenas uma aparência...
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Enfim, gostaria de comentar sobre coisas com que me identifico muito nesse site, começando pela tendência de criar mundos, rs! Desde criança alimento a ambição de “criar” um universo inteiro, e talvez por uma mania de originalidade, buscando nesses mundos coisas completamente diferentes do imaginário já cheio de arquétipos saturados que me irritavam, e me irritam principalmente por de alguma forma “aprisionarem” a criatividade. É incrível como o fato de alguém elaborar um vampiro com alguns elementos diferentes, como no caso do livro juvenil “Crepúsculo”, pra citar um exemplo mais popular, já seja motivo pra alguns criticarem, dizendo que “vampiros não são assim”, como se o imaginário tivesse de se restringir, ao invés de ser uma forma de libertação dos lugares comuns. Me surpreendo com a mesmice de obras que se dizem de “fantasia” ou sci-fi, mesmo quando se pretendem revolucionárias, e já perdi muito do encanto que tinha ao assistir filmes de Hollywood. Enfim, a imaginação para mim funciona justamente como uma “função do irreal”, como diria o filósofo Bachelard, tão essencial para o equilíbrio psíquico quanto a função contrária, e uma imaginação medrosa, viciada em elementos tradicionais e que “funcionam” comercialmente, me parece um tanto quanto doentia, principalmente quando as pessoas começam a combater e ridicularizar qualquer coisa que escape ao status quo. Por essas e outras, sempre tentei elaborar mundos próprios e com alguns elementos originais, incluindo universos com metafísicas próprias, nações com religiões e filosofias bizarras, seres vivos muito estranhos, dentre outras coisas que pretendo, com um certo receio, publicar algum dia. Enfim, talvez por isso a parte de Sci-Fi do seu site seja uma das minhas favoritas.
Outro ponto em comum que encontro, com relação ao pensamento, é a consideração do agnosticismo como insuperável, considerando a possibilidade solipsista e colocando as diferentes concepções como hermenêuticas em algum ponto equivalentes, ou seja, igualmente incertas. Eu partilho dessa postura, e coloco outro ponto de equivalência entre todas as concepções: considero que todas as tentativas de explicar o universo acabam em algum absurdo. Desse ponto de vista, todas as concepções se tornam equivalentes, e um ateísta que acredite num universo eterno ou “surgido” do nada, possui um paradoxo em comum com o teísmo; o que os diferencia são outros critérios considerados pela ciência, como falseabilidade, hipóteses desnecessárias, etc., critérios esses que, apesar de assegurarem uma certeza maior, não conseguem eliminar a incerteza, o que é assegurado pela dúvida metódica que conduz à esfera limitada do Eu. Gostaria de saber sua opinião sobre esse ponto.
Abraços,
Samuel Leme
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Quarta, 28 de Julho de 2010 |
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Tema: Filosofia EXERIANA, Metafísica, Paradoxo, Absurdo, Agnosticismo,
Ficção Científica, Otimismo, Pessimismo
Número de Caracteres
- Mensagem: 4.400
- Resposta: 5.590
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Olá Samuel. Pelo jeito, estamos quites na demora.
Mais uma vez devo parabenizá-lo pela ótima mensagem, que exigiu de mim algum tempo de reflexão antes de respondê-la. Vamos por parágrafos.
Bem, creio que você deu uma descrição bem similar à do Utilitarismo, que diria "maximização" no lugar de "otimização", e listaria como "úteis" as coisas opostas às que você classificou como indesejáveis. Nesse sentido, você também pode se tornar um pragmatista, que enfatiza o que "funciona" para tornar nossa vida melhor. E é nesse sentido que coloco o otimismo, pois uma postura otimista esclarecida torna a vida melhor, ao passo que o pessimismo, exceto aquele de tipo irônico, evidentemente amplifica o sofrimento e leva ao desespero.
Quanto ao Universo Absurdo, só agora percebi a delicadeza do assunto. Não penso que exista uma relação tão simples entre a absurdidade e a total possibilidade. Na Filosofia EXERIANA é possível fazer tal relação, mas creio que nem lá ela seja necessária. Ora, "absurdo" é apenas algo incompreensível, que não pode ser racionalmente apreendido. Um universo de possibilidade total provavelmente seria absurdo, mas um universo absurdo não necessariamente teria possibilidade total.
Além do mais, há uma diferença radical entre um universo absurdo, e caótico, e um regido por um deus louco onipotente. É que tal deus, mesmo sendo louco, teria intenções, e promoveria ações deliberadas. Já um universo caótico seria irracional e não intencional. Não haveria nenhuma força ativa pretendendo lhe enviar para algo similar a uma tortura eterna. Por tanto, a sua própria vontade é muito mais determinante, impondo ordem sobre o caos do universo. Um paralelo é sobre o próprio mundo natural. E possível que você caia numa mina profunda e fique preso lá, sem esperança de salvação, mas não há uma força intencional te mantendo lá dentro, e que irá deliberadamente frustrar qualquer tentativa de escape e ou de resgate. São meras contingências que te manteriam lá dentro. Porém há uma diferença. No nosso mundo material, isso provavelmente te levaria à morte, sendo sua condição temporária. Num mundo de outra ordem, onde não houvesse a possibilidade de morte, embora a situação pudesse se prolongar indefinidamente, ela não poderia ser perpétua, pois a característica fundamental de um universo caótico é sua constante mudança.
Claro que pode estar passando desapercebida a característica paradoxal dessa possibilidade total, e sua associação com o Caos e o Absurdo. Mas não vejo motivo para que isso assuste. Nossos sonhos, por exemplo, costumam ser incrivelmente caóticos, absurdos e onde tudo pode acontecer. Mas raramente temos medo de dormir. Eu pelo menos não tenho.
Você captou bem uma ambiguidade típica do Agnosticismo, que Richard Dawkins chamou de tipos Temporário e Permanente. Penso que quem afirme um Agnosticismo Permanente, como eu mesmo faço, ou dá um passo fora do ceticismo, ou condiciona essa permanência ao seu estado mental temporário. Digo, somos incapazes de conhecer tal coisa enquanto mantivermos as mesmas características mentais. Num sentido mais amplo, do Ceticismo em geral, já não posso aceitar que se coloque uma divisão similar, caso contrário entraríamos na contradição da "certeza de não ter certeza".
Assim, o ceticismo tem que admitir a possibilidade de sua superação.
Muito boas suas colocações sobre a criação de mundos e ambientações. Eu mesmo nunca havia atentado para essa questão da rigidez arbitrária que muitas vezes são colocados alguns conceitos fictícios como se devessem obedecer a cânones de base factual real.
Eu gostei muito da série Crepúsculo, mas admito que a retratação dos vampiros me incomodou em dois pontos. Primeiro pela não vulnerabilidade ao Sol, que a mim, é o elemento mais interessante, e outro, pela contradição que o fato de eles não dormirem gerou com o fato dos recém-criados serem incontroláveis. Por que eles deveriam se esconder de dia então? Principalmente sendo praticamente indestrutíveis a qualquer poder humano?
Mas concordo com você que isso não deveria desmerecer a obra, embora eu ache que cabe uma crítica que de certa forma inverte sua colocação. É que ao delinear sua ficção desta forma, pode ter sido a autora que se impôs uma limitação. Ela poderia ter inventado um novo tipo de criatura, mas acabou caindo no lugar comum dos vampiros. Pelo que sei, parece que ao começar a escrever o livro ela não sabia exatamente o que seria o Eduard, pois a idéia original era focada no romance, e só depois a estória se definiu como sendo de vampiros. Penso se ela não poderia ter ido muito mais longe se decidisse soltar sua criatividade totalmente e bolar algo completamente novo, pois se ao mesmo tempo ela criou vampiros que são imunes à luz do Sol, por outro lado ficou presa a idéia de que eles são criaturas de atividade noturna, que se alimentam de sangue e se escondem do mundo humano, como se tivessem algo a temer.
Bem. Isso foi apenas para comentar algo que ocorreu. Achei suas colocações muito boas.
Voltando ao tema, como eu disse, o agnosticismo só poderia ser considerado insuperável enquanto estiver numa certa condição de impotência cognitiva, que certamente é o caso humano. Mas insisto também que o agnosticismo é apenas parte do Ceticismo, no caso, quer seja aplicado à idéia de Deus, ou alguma outra coisa específico que impede o conhecimento pontual. Penso no Ceticismo como algo mais amplo, pois este não impede exatamente o conhecimento, este impede a certeza pura e simples. Ou seja, em termos céticos, é perfeitamente possível que tenhamos sim um ótimo conhecimento sobre a natureza divina, mas jamais saberíamos se tal conhecimento é correto. Lembrando que eu desprezo a noção de Conhecimento como "Crença Verdadeira Justificada", reduzindo-o a mera "Crença Justificada" (A Verdadeira Verdade).
Também relativizo a equivalência entre as vias de escape do Solipsismo, pois a via Materialista é, para efeitos fenomenológicos naturalistas, racionalmente superior à via Teísta, podendo ser, porém, inferior em termos de significação.
Portanto, elas seriam equivalentes num sentido mais amplo, mas não em sentidos específicos, mesmo porque termino por privilegiar a via Intersubjetiva Mentalista, por poder abranger as demais e neutralizar o solipsismo.
Há outras assimetrias, claro, mas só pra finalizar, lembro que apesar de epistemologicamente o solipsismo ser irrefutável e equivalente as suas vias de escape, ele nitidamente inferior no sentido da pragmaticidade e da pura prudência, a não ser para quem não se importe em colocar sua própria existência em probabilíssimo risco. Vide Em Solipse.
Muito obrigado pela ótima mensagem.
Amigavelmente
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4 de Setembro de 2010 |
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Saudações mais uma vez, Marcus!
Navegando pelo seu site comecei a ler alguns textos que estão me fazendo refletir bastante. Interessante é que cada um deles tratava de um tema diferente, mas que estão intimamente relacionados, talvez exatamente por serem de autoria de uma pessoa coerente. Refiro-me ao seus textos sobre Solipsimo,
Ave Terra! Salvem o Planeta e o
Em defesa da Humanidade, com destaque para este último.
Percebo que você, talvez por ser Antropocêntrico num sentido mais forte (porque afinal, o sentido mais fraco é inevitável a todo o ser humano), apresenta certa resistência contra discursos que defendem valores intrínsecos nas coisas, independentemente do ser humano. Tinha suspeitado isso de forma leve no "Ave Terra" mas aí, logo depois, lendo o "Em defesa da Humanidade", tive certeza.]
No meu caso, um pouco por questão de crença, um pouco pelas experiências que tive na vida, penso que a aparente não senciência nas coisa diversas do ser humano é realmente uma aparência. Acredito num universo 100% consciente, e mais do que isso, muticonsciente, no qual consciências maiores contém consciências menores, mas dão espaço para que essas consciências menores se manifestem com a mais ampla liberdade possível.
Seguindo esse ponto de vista, penso haver uma consciência na natureza, uma no planeta, nas estrelas e até nos átomos. Nós apenas não as conseguimos compreender ainda exatamente porque insistismos que tudo deva ser visto da perspectiva antropocêntrica forte.
O texto que desejo escrever sobre os animais, por exemplo, é baseado nessa concepção. De que há um valor instrínseco nos animais e que deve ser respeitado, não porque nós podemos conceder a eles o direito, mas porque eles já tem esse direito, independente de nós. É mais ou menos como fazemos em relação aos nossos deficientes mentais, que por não terem como expressar a sua vontade satisfatóriamente rcebem de nós uma proteção especial, em razão de seus próprios direitos. Mas isso requer mais reflexões. Gostaria apenas de dividir com você estas idéias.
Um grande abraço, meu amigo!
Diego
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Sexta, 18 de Junho de 2010 |
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Tema: Antropocentrismo, Humanismo, Humanidade
Número Aproximado de Caracteres
- Mensagem: 1.747
- Resposta: 2.931
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Olá Diego. Quase um ano de sua última mensagem. Faz falta.
Bem. Faltou você dizer qual foi o texto sobre Solipsismo, o
Núcleo da Realidade ou o
Hermenêuticas Solipsistêmicas?
De qualquer modo, agora você tem um tratamento um pouco mais sistemático sobre o Antropocentrismo, na minha Tese de Mestrado,
Antropocentrismo, embora o ideal seja você ler desde o
Ceticismo.
Pelo Ceticismo, pode-se entender que meu sistema não exclui possibilidades como as citadas por você, mas para efeitos práticos elas ficam comprometidas pela impossibilidade de serem devidamente conhecidas. Tanto faz que não existam quaisquer extra humanos, ou que existam mas não possam ser conhecidos pelos humanos. Portanto, haver-se-ia que conseguir algum tipo de acesso a tais conteúdos para que pudessem ser devidamente considerados.
Criar argumentos para sustentá-los só pode ser feito por nós mesmos, e assim, acaba sendo uma Petição de Princípio, pois estaríamos estabelecendo como não humano algo que está sendo feito por humanos, ou seja, não se pode demonstrar nada, pode-se apenas apelar para uma consideração arbitrária.
Portanto, mesmo que houvesse valores intrínsecos aos animais, estes teriam que ser validados pelos humanos, visto que não conhecemos força externa alguma a apresentá-los para nós. É o mesmo caso dos deficientes mentais. Nossa consideração por eles está em razão direta de sua humanidade, total ou parcial. Mas nada muda o fato de que se trata de uma valoração criada e praticada por nós mesmos.
Isso não significa, de modo algum, que podemos impunemente menosprezar o bem estar dos seres não humanos, pois a desconsideração para com o seu sofrimento também nos causa prejuízos. Procuramos sempre melhorar nossas condições existenciais, e uma Ética que considere todos os seres vivos claramente favorece isso, exceto quando perde de vista o seu objetivo primordial e se volta contra si mesma.
É o caso de argumentos que visam preservar os não humanos em extremo detrimento dos humanos. Que nós nos imponhamos restrições em prol de algumas condutas a favor dos animais e vegetais é válido, porque isso no trás benefícios por outro lado, mas quando, em favor deles, colocamos em risco nossa estabilidade, bem estar e a própria existência, estamos apenas expressando uma forma de Pessimismo auto destruidor, visto que teria como resultado a anulação do próprio sistema de valores em que se baseia.
Vale lembrar que o sofrimento existe no reino animal, independente de nós, e em larga escala. E que se causamos indiscutível impacto negativo sobre a fauna e a flora, frequentemente de modo desnecessário, equivocado ou mesmo por perversão, por outro lado, não devemos nos esquecer que também as beneficiamos, por meio de reflorestamentos, preservação ambiental, proteção a espécies, e até mesmo evitando a extinção de populações que desapareceriam mesmo que não por nossa influência.
Além do mais, nunca antes tivemos tanto potencial para promover a maior conservação possível da vida, visto que estamos prestes a ser capazes de não somente preservar espécies como até mesmo "ressuscitá-las". Já podemos mesmo levar fauna e flora para ambientes onde antes jamais chegariam, e podemos aperfeiçoar criaturas a ponto de eliminar muitos de seus problemas naturais.
Mas, voltando. O direito é uma criação humana. Se animais os possuem, é porque nós os concedemos. Nós mesmos os mantemos por meio de conceitos, leis e tribunais. Retire o Ser Humano, e a única coisa que resta é a Lei da Selva.
Amigavelmente
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13 de Julho de 2010 |
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Aglailton
- 1981 -
Santa Inês-MA
Geógrafo Professor
Católico
g e o a g l a
y a h o o . c o m . b r
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Olá, há muito tempo estava procurando uma resposta sobre uma pergunta que muitas pessoas não sabem, ou melhor, nao conhecem, todas as artes em ordem. Encontrei seu texto na internet e fiquei muito feliz, sou geógrafo e na minha escola me deram a disciplina de artes para fechar a carga horária, então comecei a pesquisar sobre as artes.
Minha pergunta, esse seu texto é um texto cinetifico seu ou de alguém, é um estudo com base cientifica ou apenas um ensaio sem muito rigor?
Gostei do seu texto o que me encomodou foi ver algumas pessoas dizerem que tipo a oitava arte era a viogame e no seu texto ela é a décima, por isso a confusão e minha pergunta.
Espero a resposta o mais rápido possivel, pois quero ir pra sala de aula seguro.
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Quarta, 5 de Maio de 2010 |
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Tema: Arte, As 7 Artes, Estética
Número de Caracteres
- Mensagem: 600
- Resposta: 1.594
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Prezado Professor Aglailton...
Lamento muito por demorar tanto a lhe responder, mas o senhor me pegou num momento bastante complicado de minha vida, quando finalizava minha tese de mestrado e cuidava de inúmeros afazeres pessoais.
Bem, se a informação ainda for útil, meu texto sobre Arte é uma reflexão livre, sem qualquer base bibliográfica direta, mesmo porque bibliografia neste tema é raríssima. Na verdade, só muitos depois, e muito lentamente, começaram a surgir na web materiais mais específicos como Manifesto das 7 Artes, que eu não conhecia antes de escrever meu texto, que é de 2001.
Na realidade, porém, as formas de arte não são difíceis de serem deduzidas se você seguir uma cronologia que leve em conta o desenvolvimento dos recursos humanos. Será difícil sugerir uma ordem diferente que não contradiga dados bem estabelecidos da história antropológica, ou no caso das formas mais recentes, os fatos mais elementares.
Como os Videogames poderiam ser a Oitava Arte se são quase um século mais recentes que as Histórias em Quadrinhos?
Portanto, não se preocupe tanto com as fontes bibliográficas se você tiver bons argumentos para estabelecer essa ordem, que acho difícil ser contestada. (Devo confessar também, como filósofo, que de todas as vertentes da Filosofia, a que, a meu ver, menos apresentou contribuição relevante é a ESTÉTICA, principalmente por lidar com noções de 'Arte' antiquadas, que se confundem com 'Técnica', resultando na completamente improdutiva noção de arte como 'imitação da natureza'.)
Mas há outras temáticas em aberto. Por exemplo: Há motivos para se considerar que os desfiles de Alta Costura, que muitas vezes apresentam roupas que ser humano algum usaria, sejam considerados na verdade uma modalidade de exposição artística, embora pudessem ser reduzidos à Artes Plásticas tridimensionais.
Fico por aqui. Se eu puder ajudar mais, me comunique.
Amigavelmente
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12 de Julho de 2010 |
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Edison
- 1961 -
Salto de Pirapora-SP
Trabalhador
ex-católico
edisonantunes.9
gmail.com
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Encontrei hoje, por acaso o seu site e gostei, muitas novidades encontrei, assim me aprofundei.
Gostaria de uma análise sua, sobre a Maçonaria.
Desde já fico grato, e continuarei lendo e refletindo seus artigos.
Edison
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Sexta, 9 de Abril de 2010 |
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Tema: Sociedades Secretas, Sociedades Discretas
Maçonaria, Hermetismo
Número de Caracteres
- Mensagem: 184
- Resposta: 2.016
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Prezado Edison...
Antes de tudo, desculpe a demora em responder.
Bem, eu não tenho muito a dizer sobre a Maçonaria porque se trata de uma Sociedade "Discreta" (Não saberíamos de sua existência se fosse realmente secreta!), fechada, e por isso não tenho acesso às informações necessárias para uma avaliação satisfatória. O que posso comentar é exatamente sobre esse fechamento em si.
Pessoalmente não gosto dessa postura. Outrora havia excelentes motivos para se fechar em grupos que precisavam proteger seus conteúdos de um mundo obtuso que facilmente os destruiria em nome de uma miragem qualquer. Hoje, ao menos em nossa civilização ocidental, esse preocupação não mais é necessária.
Considerando a incrível oferta de informações que possuímos, é difícil imaginar que tipo de conteúdos poderia haver numa sociedade secreta qualquer que seria de extrema periculosidade se caísse em "mãos erradas", ou que tipo de atividades eles poderiam exercer que causasse grande desconforto numa sociedade acostumada a todo tipo de excentricidade, a não ser, claro, que houvesse regulares práticas criminosas, o que não parece ser o caso.
Penso que seja instituição fortemente conservadora. Ao menos os poucos maçons que conheci são bem conservadores, e sei que há bem pouco tempo atrás não havia lugar para mulheres. Isso, associado a uma forte crença de teor provavelmente idealista, lhes inspira a se considerarem detentores de um conhecimento superior que, se divulgado, possivelmente não seria entendido (possivelmente seria visto com desdém pela maior parte da intelectualidade).
Afora tais questões mais misteriosas, há a simples questão de ser um grupo social coeso e unido, algo que sempre faz sucesso. Haja visto a multiplicação de Igrejas, cujo grande trunfo e estabelecerem laços sociais fortes entre os membros. Com isso, e a discrição típica da Maçonaria, tem-se uma fórmula eficiente de congregação, capaz de garantir a fidelidade dos membros e a força da instituição.
A mim, nunca fiquei a vontade com a idéia de ordenação em grupos, principalmente devido ao fato de nunca ter visto uma devida correlação entre a competência intelectual e dignidade, e o nível hierárquico. Já tive experiências bem desagradáveis com pessoas que acreditavam estar em posição de ensinar alguma coisa, mas antes deviam estar aprendendo, e é bem frequente certas sociedades estarem repletas disso.
É só.
Amigavelmente
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8 de Julho de 2010 |
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Mario Campos de Jesus
- 1963 -
Seropédica-RJ
Tecnico em Contabilidade
217,
[217.1,
217.2,
217.3],
228,
362,
575,
579
622,
690,
739,
742,
748,
750,
751,
756,
759,
765
mariocamposdejesus
u o l . c o m . b r
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Olá, Marcus. Prazer em tê-lo de volta! Obrigado pela resposta da minha última mensagem. E em face dela, quero acrescentar mais três coisas.
A minha intenção na comparação com o futebol foi para demonstrar também que Deus pode e é tudo, e como ele se envolve em todas as possibilidades de ser para experimenta-se em todas as suas múltiplas facetas.
Agora, o problema de acreditar ou não que o autor do livro CCD conversou com Deus nos remete à um maravilhoso dilema. Se crermos que é Deus quem está falando, magnífico! Estamos sendo visitados pela sua palavra! Já se achamos que tudo aquilo é fruto da imaginação do escritor, além das interessantes idéias que mesmo na hipótese de não serem oriundas do referido é fato que podem muito nos ser útil, obtemos uma feliz constatação de que da mente humana é possível sair coisas dignas de um deus; ou seja, percebemos que podemos muito, pois como é possível termos essas belas idéias, só ficam-nos faltando mesmo o empenho para realizá-las.
E sobre uma declaração que vi em algum lugar de que as colocações atribuídas a Deus nesse livro são apenas adaptações de idéias de antigos filósofos, não vejo que isso poderia excluir a possibilidade de serem divinas. Porque até provaria duas coisas. Que esses filósofos teriam razão e ou que a verdade só pode ser uma mesma. E por outro lado é bem razoável imaginar que Deus usa a nossa capacidade de raciocínio para de alguma forma se revelar a nós (uma vez que ele não se faz detectável aos nossos cinco sentidos naturais).
Quarta-Feira, 17 de Março de 2010
Olá, Marcus.
Descobri nesses dias na internet a fábula ‘O Barbeiro Ateu’ e não me contive em produzir uma resposta.
Julguei importante publicar isso, por que essa estória transparece com precisão onde os religiosos e os ateus erram com seus radicalismos.
Primeiro veja a referida fábula e na seqüência minha réplica.
O BARBEIRO ATEU
Um homem foi ao barbeiro. Enquanto seus cabelos eram cortados conversava com o barbeiro, falando da vida e de Deus.
Daí a pouco, o barbeiro, incrédulo, não agüentou e falou:
- Deixa disso, meu caro, Deus não existe!
- É claro que Deus existe.
- Ora, se Deus existisse não haveria tantos miseráveis passando fome! Olhe em volta e veja quanta tristeza. E só andar pelas ruas e enxergar!
O freguês pagou o corte e, quando ia sair da barbearia, avistou um maltrapilho imundo, com longos e feios cabelos, barba desgrenhada, suja, abaixo do pescoço. Deu meia volta e disse para o barbeiro:
- Sabe de uma coisa? Não acredito em barbeiros!
- Como assim…? riu-se o barbeiro.
- Se existissem barbeiros, não haveria pessoas de cabelos e barbas compridas como aquele ali, por exemplo.
- Ora, este sujeito ali está assim porque, evidentemente, faz tempo que não vai a um barbeiro.
- Que bom que agora você entendeu tudo! - respondeu o freguês.
“Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos que o receberam, aqueles que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” – João 1-12.
MINHA RESPOSTA
Deus não pode se comparado a um barbeiro que corta cabelos por dinheiro. Deus é pai, e se visse seu filho maltrapilho e passando fome vagando pelas ruas certamente que lhe ajudaria logo, ao invés de ficar esperando ele implorar, solicitar-lhe ou ir a sua casa.
É simples. Deus não ajuda os seus filhos neste mundo, não porque é inexistente, não porque é insensível ao sofrimento deles, não porque espera primeiro ser solicitado, mas porque esses percalços passageiros não são nada em comparação ao que de bom nos está reservado na eternidade.
E quanto ao versículo bíblico, ninguém viu ou ouviu Deus para poder o receber, pois se o vissem certamente que o receberia. Imagine! Você correria imediatamente para os seus braços! Com certeza! Como um filho que cresceu sem nunca ter visto o pai e um dia o encontra.
E quanto a não crer em sua existência, não é culpa nossa, mas da falta de uma revelação inequívoca. E por outro lado a falta de certeza da existência de Deus não significa que o desprezamos, muito pelo contrário, é nosso maior desejo que ele exista e seja tão amoroso quanto imaginamos.
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Quarta, 24 de Março de 2010 |
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Tema: Teologia, Conversando com Deus, Corrupção Espiritual, Egoísmo teológico
Número de Caracteres
- Mensagem: (1.249 + 2.106) = 3.355
- Resposta: 4.364
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Olá Mario...
Digo mais sobre Conversando com Deus. Ele próprio demonstra de forma clara aquilo que é no mínimo intuitivo e ao mesmo tempo mais facilmente dedutível sobre qualquer idéia sã a respeito de Deus, de que este é a soma de todas as virtudes em seu grau supremo, e assim, para se ter uma noção disso, devemos exponenciar nossas próprias qualidades. Se um ser humano é capaz de perdoar ofensas relativamente graves, como poderia ser Deus um ser que condena ao inferno perpétuo, visto que isso seria a incapacidade de perdoar?
Como o próprio Neale diz, foi preciso edificar teologias insanas para sustentar uma divindade que está mais interessada em servir de suporte a um sistema sócio político do que aproximar as pessoas da espiritualidade, é a corrupção religiosa, inevitável quando há qualquer mistura entre religião e poder terreno.
A própria Navalha de Occan nos mostra o quanto são deselegantes as construções teológicas de um Deus contraditório violento e vingativo. Ao passo que a afirmação de que a Divindade não pune, e somente perdoa, é extremamente simples, e que qualquer sofrimento é resultado do afastamento dEla, quer por meio de auto ilusão ou mera teimosia. Por outro lado, sustentar um Deus que promove massacres no mundo, e inferno noutro mundo, exige um catatau de hipóteses acumuladas que no fim ainda se contradizem, as quais nem preciso perder meu tempo em descrever aqui.
Sobre a fábula do Barbeiro Ateu, além do fato da própria analogia já ter uma falha óbvia (pois ninguém quer ser miserável passando fome enquanto muitos podem muito bem querer serem barbudos), ela já parte de uma premissa claramente problemática.
Eu não sei exatamente porque, mas de todas as dissonâncias intuitivas que podem levar a más concepções sobre o divino, há pelo menos uma da qual acho que nasci naturalmente imune. É que jamais passou por minha cabeça, nem mesmo na mais tenra infância, que a existência de Deus pudesse ser julgada com base na quantidade de bem ou mal no mundo.
Simples. Sempre pensei que Deus era evidentemente transcendente (não com essas palavra claro), ou seja, estava além do mundo, e que dava sentido ao mundo em si, e a existência das pessoas, além do mundo físico em si. Assim, não faz o menor sentido que possa ser deduzido ou não de acordo com elementos internos deste mundo.
A pessoa rica, feliz, repleta de benesses, e que por conta disso acredita em Deus por achar que tais bens são dádivas divinas, para mim sempre foram além de tolas, horrivelmente insensíveis, pois desprezam bilhões de pessoas no mundo que não compartilham de tais benefícios, e acham que somente porque ela em si é beneficiada, então Deus existe! Um egoísmo inacreditável!!!
Pelo lado oposto, aquele que devido aos próprios sofrimentos, acha que pode concluir pela não existência de Deus, também sofre do mesmo egoísmo, porque se para ele não está bom, então não existe, ignorando que existe bilhões de pessoas no mundo que estão satisfeitas.
É um dos tipos mais primários de corrupção espiritual, medir não só o mundo, mais o além mundo, pelo seu pequeno mundo pessoal. É querer reivindicar a divindade para si, pretendendo que ela só é útil se for pra beneficiá-la.
A isso, se soma a completa falta de noção de que sendo Deus um ente invisível e fisicamente indetectável, isso é naturalmente compatível com a idéia de que o mundo é um tipo de horizonte de experiências que necessariamente deveriam excluir Deus de qualquer contato direto e privilegiado, visto que é como um tipo de prova, teste, exercício etc.
Ou seja, teríamos vindo ao mundo para nos experimentar, para testar nossas virtudes, para examinar nossas qualidade e sobretudo aprender e evoluir. Se nesse mundo tivéssemos então qualquer benefício direto por parte de Deus, seria o equivalente a "colar na prova"! Ou melhor, sermos beneficiados injustamente. Seria como o organizador do Concurso Público deliberadamente beneficiar você em detrimento dos outros candidatos.
Portanto, por isso mesmo, seríamos julgados, examinados, de acordo com nosso desempenho virtuoso neste mundo, sendo mais ou menos bem sucedidos de acordo com a dificuldade de nosso exame. Sempre achei isso tão claro, tão evidente, que sempre foi escandaloso, para mim, ver tantas pessoas incapazes de perceber a simplicidade de tal noção.
Assim, fábulas como a do Barbeiro Ateu são apenas mais uma tediosa e recorrente distorção da espiritualidade, dos quais possivelmente a mais grotesca dos últimos anos tem sido a Teologia da Prosperidade, que invertendo pro completo o sentido mais fundamental do cristianismo, eleva o favorecimento de pessoas na Terra em troca da bajulação a um nível que não se via há 3 séculos.
Em suma, Deus seria a solução que a humanidade encontrou para justificar a esperança existencial, explicar o mundo e ao mesmo tempo garantir uma noção de justiça transcendental. Puxá-lo para dentro do mundo é destruir a própria premissa que permitiu sua dedução, reduzindo-o a mais um deus mitológico qualquer que servia apenas a mais uma, ou outra tribo.
Que até hoje confundam a noção transcendental de um Deus supremo, além das discrepâncias do mundo, com um deus tribal que servia Israel, é de um grau de degeneração espiritual que só posso lamentar.
Amigavelmente
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9 de Junho de 2010 |
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Fernando Ventura Bispo Santos
Araguaina-TO
-
1975
Funcionário Público Estadual
-
Cristianismo
625, 633,
635, 657,
665, 674,
681, 695,
699, 715,
745, 754,
761, 766
a t t h o s m a t h e u s
g m a i l . c o m
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Ele nunca respondeu nada, digo, Olavo de Carvalho. só uma vez no Orkut, que talvez não seja fake. Obrigado pelas respostas, estou para comprar um notebook, ai vou começar a escrever de verdade, por enquanto eu só acesso de cibers e do serviço, sem tempo para nada, nem mesmo para escrever com ortografia correta, com tempo e atenção. Nem mesmo tenho condições de responder as tuas réplicas, Eu acidentalmente destrui o blog, não foi proposital, tenho provavelmente um sistema filosófico próprio, modestia a parte, quando tiver condições "logisticas", vou virtualizá-lo. Obrigado por vc, não ser tão crítico quanto a erros menores.
A propósito, tenho um amigo ateu (ateu mesmo, não agnóstico), cujo filho o nome é KALEL. Vcs obedeceu uma programação? os filhos de religiosos todos tem nomes bíblicos.
O que tem feito nestes tempos de "ausência" do Site?
Até a próxima.
vai te interessar:
Refutando um Ateu
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Terça, 16 de Março de 2010 |
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Tema: Olavo de Carvalho, Nomes, Ateísmo
Número de Caracteres
- Mensagem: 757
- Resposta: 5.523
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Oi Fernando. Desculpe a demora. Tenho estado ausente principalmente por estar finalizando meu mestrado.
Então foi mesmo o que eu pensei (conforme me disse em outra mensagem que acabei não respondendo e por descuido deletei). O texto do Olavo No Velho Oeste (20/03/08) é mesmo, com altíssima probabilidade, uma reação a uma mensagem minha, a 649 (22/02/08).
Sempre desconfiei disso, não só devido a data aproximada dos textos, mas devido à mensagem em si, que é transparente como quase tudo em Olavo de Carvalho, quando identificado no rótulo apropriado que ele prefere negar. A resposta é como uma indireta, fazendo de conta que está falando não para um ou uns poucos, mas para muitos, o que tem a dupla função de passar a imagem de superioridade, como o velho pistoleiro que já matou inúmeros em duelos, e ao mesmo tempo se excusar de ser absolutamente impreciso em sua análise, sob o véu de que está, no fundo, falando à uma síntese de diversos autores diferentes.
Como você enviou mesmo a mensagem à ele, o que ele considerou um sadismo, numa data entre os dois textos, fica realmente difícil não considerar essa possibilidade como altamente provável. De certo que ele fala a verdade ao dizer que não é a primeira vez que sofre uma tentativa de análise, mas bem que poderia deixar ao menos uma ou outra evidência de que já foi considerado como tudo aquilo que ele listou, tendo o cuidado, seguramente honesto, de deixar "católico" em primeiro lugar.
Só lamento que, caso tudo isso seja mesmo verdade, a indireta passe tão longe de mim que é mesmo quase impossível algum que me conheça reconhecer-me entre aquele curioso "gênero" que ele criou para me classificar, como ele próprio diz
"...no grupo adversário que lhe pareça o mais repulsivo." (Desafio qualquer um a mostrar alguma ideologia pronta que tenha ao menos 3 itens que se apliquem à mim.) Por outro lado: Alguém consegue NÃO VER Olavo de Carvalho como porta voz praticamente oficial do conservadorismo católico?
Por enquanto, KALEL ainda é um nome raro, mas é possível que venha a se popularizar. E não é de hoje que tenho percebido que a disposição dos pais em dar nomes parece especialmente sensível a flutuações sociais que se transmitem de modo sutil mas determinante. Fico com a nítida impressão que essas disposições parecem transportadas telepaticamente, pelo inconsciente coletivo, o coisa que o valha, porque é realmente impressionante as "ondas" de nomes.
Lembro-me que um dos primeiros nomes que me veio à cabeça para um futuro filho, décadas atrás, era "Lucas". Poucos anos depois veio uma profusão de Lucas tão impressionante que era impossível conhecer um punhado de crianças sem ver pelo menos um, juntos com os demais evangelistas, "Tiago" e "Mateus". Tenho certeza de que houve ao menos um ou dois anos, há uma década e meia atrás, onde nomes de meninos aqui em Brasília se resumiam somente a esses 3.
Ora, é comum ateus quererem evitar nomes bíblicos ou de santos em seus filhos, o que por tabela já exclui uma enorme quantidade de nomes romanos. Isso reduz expressivamente as possibilidades. Embora eu não seja ateu, compartilho, junto com minha esposa, dessa tendência, principalmente para fugir da mesmice.
Mesmo assim, não tem cabimento falar em programação para o nome 'Kalel', que permanece raro. Programação flagrante seria aquela que faz com que os nomes de crianças mesmo de não cristãos sejam quase sempre extraídos diretamente da Bíblia.
Sobre este Refutando um Ateu, por que você acha que me interessaria? Só se for como um exemplo de patifaria argumentativa. De quem é este texto afinal?
Bem, tudo começou com o A Diferença entre Crentes e Ateus que é apenas equivocadinho mas compreensível, parecendo pressupor que o ateísmo e o teísmo são sempre resultados de opções livres e racionais sem interferência de doutrinação cultural estabelecida, não raro, desde berço. E delimitando os dois grupos com um conjunto de características que na realidade só aparecem tardiamente. A maioria esmagadora dos crentes jamais "deduziu" a existência de Deus com base numa intuição, e muito menos a maioria dos ateus acredita que o ateísmo deva se sustentar na promessa futura da ciência em explicar todas as coisas. Isso é transformar as "Lacunas" na totalidade da arena do debate.
Depois no texto Ateísmo para Principiantes, o autor até conseguiu expor algumas dessas inconsistências do texto, mas acabou dando importância demais a detalhes e se perdendo em outras divagações. Além de fazer vista grossa para o fato de que, apesar de essencialmente o ateísmo realmente não ser homogêneo, tem feito muito barulho um ateísmo materialista militante que é sim, incrivelmente homogêneo, chegando a tratar um pacote de crenças independentes como se fosse um modelo único. Aliás, isso foi um dos resultados mais nefastos das campanhas criacionistas, que insistiram tanto nesse espantalho evolutivo que alguns ateus acabaram acreditando.
E como se a situação já não estivesse ruim a ponto de ser melhor deixá-la quieta, ainda me aparece esse
Refutando um Ateu que consegue ser muitíssimo pior que a soma e multiplicação dos erros dos dois anteriores.
O autor tem a cara de pau de já partir da premissa
"O Deus cristão não é um mito, é o ser infinito e necessário." sem nem pensar em se dar ao trabalho mostrar o salto colossal entre o conceito de SER e o Deus Cristão. (Deve-se dar um desconto, pois a maioria dos teólogos faz exatamente o mesmo.) Ou ser que ele acha que Parmênides (530-460aEC) já era cristão?
Toma por analogia ontológica o comentário ingênuo, e realmente descuidado, que o Sérgio de Biasi faz sobre o Papai Noel. Realmente há quem faça tal comparação no nível de SER, coisa que eu rebato Em Defesa do Agnosticismo, mas não foi nem de longe o que o Sérgio fez. Ele apenas comparou posturas comportamentais como ilustração.
Ao analisar o "Trecho 2" do artigo, de onde diabos ele tirou aquelas proposições 2 e 3?! Tudo bem que o texto analisado é impreciso, pra dizer o mínimo, mas não há, em absoluto, nada que sustente essas proposições. A tal "NEGAÇÃO A" conseguiu atingir o fundo do poço. Sem comentários.
Daí pra frente, nem tem como piorar, mesmo porque o pretenso refutador acumula certezas em cima de certezas de seus argumentos anteriores, numa tediosa auto referência. Acho que foi o pior texto teísta que já li. Um desastre completo.
E um dos motivos, adivinhe? Confundir ateísmo com um espantalho do agnosticismo, que sendo ceticismo, não tem certezas. Mas não! Pra variar o elemental opera com aquela velha ladainha de que "quem não tem certeza tem certeza de que não tem certeza"!
Realmente não dá pra tirar nada que se aproveite.
Amigavelmente
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13 de Maio de 2010 |
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Rodrigo Marques - 1972 - Angra dos Reis - RJ
Administrador de Empresas
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Cético
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y a h o o . c o m . b r
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Olá mais uma vez Marcus. Desta vez estou aqui para além das perguntas de sempre, fazer algumas considerações a respeito dos seus textos sobre os preconceitos populares contra a ciência. O número de filmes onde se apresenta uma tecnologia nova que acaba falhando horrivelmente e o dia sendo salvo por alguém que antes avisou que aquilo iria acontecer, realmente é enorme. Se o filme é sobre um novo tipo de avião, ele vai cair, se for sobre um sofisticadíssimo trem eletromagnético, ele vai descarrilhar, se mostrar um foguete com um combustível revolucionário, ele vai explodir, e por aí vai. Creio que além das razões apontadas por você para tal preconceito, faltou apontar o naufrágio do navio Titanic e as experiências médicas nos campos de concentração alemães e japoneses na segunda guerra mundial. Estes fatos e/ou uma propaganda exagerada sobre eles contribuíram, para aumentar a idéia de uma ciência má e irresponsável na mente da maioria da população. Suas idéias sobre os heróis norte-americanos expostas nestes três artigos são muito boas e junto com sua monografia Heróis da Areia e a resposta a mensagem 754, deveriam ser lidas pelo pessoal que fez estes sites e seus simpatizantes:
Campanha Super-Herói Brasileiro,
Um 2009 de Muitos Quadrinhos,
Brazil Comics e
Projeto Continuum.
Eu não condeno tais idéias e projetos e nem li nenhuma das revistas acima, mas acho que ao se tentar adaptar à realidade brasileira um padrão cultural bastante identificado com os estrangeiros, corre-se o risco de pura e simplesmente copiar o produto cultural de fora, muitas vezes criando uma coisa insossa que não faz sentido para ninguém, e, uma maneira de evitar isso seria conhecendo por que este gênero de aventura faz sucesso e se originou nos EUA, além de aprender sobre o arquétipo clássico do herói.
Acabei de ler O Planeta Fantasma e gostei muito, não só da estória, como das informações laterais, espero que o meta-capítulo venha depressa. Então vamos para uma daquelas perguntas que um sujeito perguntador como eu, gosta de fazer:
- Você coloca a sedução feminina num patamar importante dentro de suas estórias, as Seilans conseguem dominar um homem completamente apenas com a sua presença. Da onde você tirou idéia para conceber tais personagens, já que creio seja relativamente fácil para uma mulher levar um homem para cama, mas fazê-lo se apaixonar por ela é uma outra coisa...Além disto existem também vários exemplos de homens que seduziram mulheres para se aproveitarem delas sem estas percebessem, como por exemplo Francisco de Assis Pereira, vulgo Maníaco do Parque, que com um papo furadíssimo de que era caça talentos para uma revista atraiu várias mulheres para um triste fim. Existiram também os agentes Romeu da antiga Alemanha Oriental que assediavam mulheres ocidentais para conseguir seus objetivos. Esta pergunta é porque acho que a idéia da mulher como perdição do homem, além de preconceituosa, não encontra base na realidade, pois no carnaval e nas praias por exemplo várias mulheres bonitas seminuas desfilam e ninguém perde a cabeça com isso.
Maníaco do Parque,
The Romeo Agents,
Spying for Love.
Muito obrigado e até logo.
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Quarta, 10 de Fevereiro de 2010 |
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Tema:
Heróis, Super-Heróis, Masculinidade, Feminilidade, Sedução, Encanto,
Força de Atração, Feiticeiras Seilans
Número de Caracteres
- Mensagem: 2.641
- Resposta: 4.086
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Caro Rodrigo...
Desculpe fazê-lo esperar, e mais uma vez fico muito agraciado com sua valiosa participação.
A série O Gênio do Mal, Ameaça do Gênio e O Gênio na Lâmpada, faz parte de uma preocupação minha cada vez maior, que é a influência da arte na construção de mentalidades, algo que pode ser muito mais determinante do que campanhas educacionais ou a própria formação básica que acreditamos edificar nossa cultura. É um tema capital de minha tese de mestrado, que devo publicar em breve.
Sobre o TITANIC e a questão das Experiências nos Campos de Concentração, acho que elas servem de mais exemplos ao modo distorcido com que a ciência pode ser vista pela população. Não foi um cientista que afirmou que "nem Deus afundaria o Titanic", e este nem sequer foi o maior naufrágio da história. Muito menos os carrascos da Segunda Guerra eram de fato cientistas. Note que enquanto a Alemanha nazista deixou um legado técnico e científico que não foi de modo algum ignorado, como as turbinas à jato, foguetes, e avanços nas telecomunicações, por outro lado, mesmo com uma vasta verba, apoio e liberdade total para fazer humanos de cobaias, esses "médicos" não contribuíram em absolutamente coisa alguma para o conhecimento científico! O que eles fizeram passava longe do que deveria ser ciência.
Ainda assim, há no imaginário popular tanta mitificação a esse respeito que há quem diga que a impressionante taxa de nascimento de gêmeos em Cândido Godói é resultado de experiências clandestinas de Joseph Mengele!
Dei uma olhada nos links de quadrinhos. Assim como você, não tenho conhecimento para emitir uma crítica mais embasada, mas pelo pouco que vi, tudo indica ser de uma falta de criatividade galopante. Você tem toda razão, é basicamente um Copy/Paste de materiais essencialmente norte-americanos. E que desenhos ruins! Caramba! É falta de desenhista?!Acho sinceramente que se fosse para ser desse jeito, seria melhor não termos produção de super heróis alguma. Velta tem muito mais estilo. E além do mais, o Brasil não está tão ruim de produção própria de quadrinhos em geral. Uma de minhas 5 HQs favoritas é brasileira, Lua dos Dragões.
Obrigado por comentar Planeta Fantasma, e não espere muito do Meta-Capítulo.
Ele apenas dá informações adicionais sobre os personagens, tanto anteriores quanto posteriores ao tempo da estória.
Quanto ao poder de sedução Seilan, creio que passa longe do que você parece estar observando. Não se trata, em absoluto, de mera atração física e sedução comuns pela beleza ou charme. Por isso, nada a ver com as belas mulheres em desfiles ou qualquer coisa parecida. Trata-se na realidade de uma capacidade metanatural, que alia poderes telepáticos à pura força de atração.
Em parte, é preciso explicar algo sobre a física e metafísica do Universo DAMIATE, que na realidade está abordada na Filosofia EXERIANA, e este ponto, em especial em "Força?" de REPULSÃO.
A Força Feminina é basicamente a força de atração, que envolve inclusive a Força Gravitacional. Porém, todos os seres humanos, independente do sexo, possuem tanto esta força quanto a masculina, que é a "Força" de Separação, que entre outras, gera o Espaço/Tempo. Nesse sentido, quando um homem seduz uma mulher, de certa forma, ele está usando a Força Feminina em sua dimensão psicológica. Assim, atrair, seduzir, sempre é uma manifestação da feminilidade, enquanto a masculinidade se impõe pela separação, ruptura.
Outra questão é que não se trata de uma força de sedução que domina mulheres tolas, como a que o maníaco do parque usou, que jamais convenceria uma mulher inteligente. As seilans dominaram a parte psicológica dessa natureza fundamental da atração, e podem seduzir de forma absolutamente irresistível qualquer pessoa, não importa o quanto inteligente e determinada seja. É apenas mais difícil exercer esse poder sobre outra mulheres mais determinadas, mas ainda assim é possível, ainda que algumas sejam tão resistentes que o esforço não compense.
E não são todas as seilans que tem tal poder, e sim principalmente as feiticeiras, e também é possível para homens manipular essa mesma força feminina a seu favor de modo a serem irresistíveis para as mulheres, alguns poucos podem fazê-lo. Mas como a civilização é fortemente ginocrática, constituem exceções que desenvolveram habilidades metanaturais equivalentes.
Em suma, é algo bem diferente do que podemos experimentar em nosso mundo real. Os "romeus" não seriam capazes de seduzir indiscriminadamente qualquer mulher. Nem mesmos "julietas" profissionais seriam capazes de seduzir indiscriminadamente qualquer homem. Contra as seilans, não há esse tipo de distinção. A melhor garantia contra seu poder de sedução, para aqueles que são vulneráveis, é defesa telepática, que pode impedir o contato mental, por vezes sutil, necessário.
Qualquer outra dúvida, será um prazer comentar.
Amigavelmente
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9 de Abril de 2010 |
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Samuel Leme
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1988
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São Paulo - SP
Professor de Desenho; ilustrador
Agnóstico racionalmente, mas de alguma forma, teísta...
708, 727
s a m u e l s h e e p
g m a i l . c o m
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Olá, Marcus!
Gostaria de comentar um dos princípios metafísicos de sua Filosofia Exeriana, onde: "O PARADOXO É A ÚNICA CONSTANTE DE UM UNIVERSO SEM CONSTANTES". Antes de mais nada, creio não ser muito de seu gosto imputar rótulos, ainda mais em uma filosofia que se propõe também como um exercício de liberdade intelectual e criativa. Não venho com a intenção de fazer julgamentos de valor ou denegrir, mas de argumentar e mostrar as associações que fiz nessa parte do seu site; e também vejo que foi um assunto pouco comentado no livro de visitas, ao menos até onde eu li, sendo que considero uma das partes mais legais (a da Filosofia Exeriana, no geral), juntamente com os livros e contos de Sci-Fi.
Minha proposição é a de que um universo essencialmente paradoxal, é o mesmo que um universo absurdo, onde a Filosofia Exeriana seria uma filosofia "niilista", no sentido de negar, por princípio, a possibilidade de qualquer sentido absoluto. Assim, tendo a associar sua filosofia a um absurdismo metafísico.
Pois, sendo paradoxal, é incognoscível. Sendo o paradoxo um princípio metafísico, conclui-se que o universo exeriano é essencialmente ininteligível (e não "ininteligido", rs). Estando fora de qualquer possibilidade de racionalização, mas sendo real apesar disso, conclui-se que o universo exeriano é, em essência, absurdo. A não ser que se reduza sua incognoscibilidade à relação do universo com, estritamente, a razão humana, ficando aberta, portanto, a possibilidade de não o ser para algum tipo de razão não-humana, donde se chegaria a um agnosticismo metafísico, instituindo a possibilidade de uma "razão superior", ou simplesmente diferente. No entanto, isso não mudaria em nada a absurdidade do universo em relação ao homem, pois uma "razão-outra" continuaria sendo ininteligível, ao menos no tempo presente.
De qualquer forma, pergunto se o objetivo da filosofia exeriana é ser uma postura agnóstica ou absurdista (ou nenhuma das duas, quem sabe, rs). Aliás, considero essa uma questão muito importante, e que precisa ser discutida em filosofia, pois as duas posições são bem distintas e poderosas. Considero que, numa postura cética em relação ao sentido do universo, fica aberta ao menos uma possibilidade de esperança, enquanto que a posição contrária veta qualquer possibilidade de sentido absoluto.
Considero que, para alguém que considere o universo absurdo, nem importa muito se há ou não um deus, ou se existe algum tipo de "tendência geral da existência" para, por exemplo, se auto-conhecer. Mesmo se houvesse um céu metafísico com leis e valores instituídos, num universo absurdo isso tudo, de qualquer forma, ficaria na mesma, caíndo numa indiferenciação sufocante...
Samuel Leme/Salem.
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Quarta, 10 de Fevereiro de 2010 |
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Tema: Filosofia EXERIANA, Metafísica, Paradoxo, Absurdo, Agnosticismo,
Ficção Científica
Número de Caracteres
- Mensagem: 2.289
- Resposta: 6.059
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Prezado Samuel. Antes de tudo, perdoe-me pela demora em responder, e obrigado pela interessante mensagem.
Na verdade, minha principal ocupação durante esse período de inatividade no site foi exatamente elaborar de um modo mais objetivo minha fundamentação filosófica, que consta em meu mestrado, e que devo publicar aqui no site nos próximos meses.
A primeira coisa a frisar é que minha Filosofia EXERIANA é algo muito mais difuso do que muitos podem pensar, e até do que eu gostaria, pelos simples fato de haver uma diferença possivelmente inconciliável entre os tais Primeiros Princípios e praticamente tudo mais o que se desenvolveu nos demais textos, e ainda mais as Monografias.
A Filosofia EXERIANA, que embora eu já elaborasse mentalmente a mais tempo, começou a ser de fato escrita em 1998, mas desde o surgimento já foi algo ambíguo. A microcosmologia que se inicia em
Cosmogênese Filosófica EXERIANA, passa por
Dinâmica do Universo,
"Força?" de REPULSÃO e atinge seu ápice como psicologia em
O Motivo Emocional e os 4 Poderes Humanos, foi desenvolvida inicialmente, como aliás está explícito em vários pontos do texto, para fundamentar o Universo DAMIATE, mais especificamente As Senhoras de TERRANIA, pois eu sempre quis criar uma obra de Ficção Científica cuja ambientação se assentasse numa Física e Metafísica o mais coerente possível.
Portanto, essa foi a semente do sistema, e mesmo a
Hipótese Cosmogênica é posterior. Mas ao mesmo tempo, eu já justificava toda essa exposição pela máxima de que "O UNIVERSO É INFINITO", que era uma espécie de pedra fundamental da qual se desmembra nos 3 primeiros princípios metafísicos.
Só depois, já em 2000 que fui elaborar melhor a questão do Solipsismo, em
O Solo Psíquico, que, aí sim, evoluiu para Hermenêuticas Solipsistêmicas, uma monografia acadêmica, que fundamentada no Ceticismo passou a nortear toda a minha produção, e atinge agora sua expressão máxima em minha tese de mestrado que se chama ESTÉTICA DOURADA.
Portanto, há duas coisas muito distintas, a Metafísica dos 6 Primeiros Princípios e o Ceticismo, que também me levou a outros 6 "princípios" (Ceticismo, Egocentrismo, Antropocentrismo, Humanismo, Progressismo e Otimismo), acabaram por seguir linhas diferentes. A última é minha fundamentação filosófica por excelência, a primeira é a fundamentação de minha Ficção Científica, e embora elas possuam conexões, ainda não sei se uma pode ser reduzida à outra.
Bem, dito isto, que é uma espécie de satisfação que estou devendo há algum tempo, vamos focar na questão levantada por você, visto que por uma via ou outra, minha concepção filosófica propõe sim um Universo essencialmente incognoscível. E acho que sua mensagem, da linha 19 à 32, onde destaquei, basicamente explica tudo.
Pois é exatamente. Minha filosofia é agnóstica exatamente porque entende o universo como essencialmente Absurdo. As coisas são na verdade indissociáveis, e como você mesmo destacou, pouco importa que existam outros seres que não tenham nossa limitação, pois essa limitação continuará para nós, nos impedindo de conhecer tais seres.
A defesa da idéia de um universo fundamentalmente caótico já foi feita na minha dissertação final de graduação
KOSMOS & TELOS, principalmente ao final do texto, e reverbera em diversos outros textos, além de ser meu principal projeto de doutorado, que tem o título provisório de Filosofia do CAOS.
O que discordo de você é na leitura aparentemente pessimista. Vejo o exato contrário. A impossibilidade de conhecimento final é exatamente o que nos garante a liberdade e nos permite um otimismo, visto que jamais poderemos recriminar nossas escolhas, que são, fundamentalmente, incorrigíveis. As 4 vias de escape do Solipisismo, descritas em
Hermenêuticas Solipsistêmicas, se assentam exatamente na premissa de que jamais poderemos afirmar qual delas está essencialmente correta, ou se o solipsismo é correto, e embora eu privilegia a via da Intersubjetividade, isso tem primeiramente um motivo estético. O que, aliás, se torna a base de minha teoria ética.
Não sei também se pode-se aplicar o termo Niilismo, visto que sinto que esse remete antes de tudo a uma reificação do Nada em algum aspecto, o que não é o meu caso. Niilismo e Agnosticismo não são compatíveis, pois o último, melhor visto como um Ceticismo em geral, apenas atesta a impossibilidade de afirmar uma série de coisas, ao passo que o Niilismo, a mim soa mais como um dogmatismo, que propõe que certas coisas essencialmente são inexistentes. Não há, em minha filosofia, nenhuma afirmação equivalente.
Assim, atesta que nossa escolhas, fundamentalmente subjetivas, não podem jamais ser essencialmente reprovadas. Somos totalmente livres para decidir como queremos encarar o universo. Se, por outro lado, pudéssemos ter algum acesso à Verdade por trás dos fenômenos, muito provavelmente, aí sim, teríamos algum tipo de sufocamento, pois ela excluiria uma série de possibilidades em detrimento de outras, ela restringiria o universo, e derivaria uma série de regras e normas que nos formatariam dentro de uma única mentalidade. Aliás, é facílimo ver que esse é exatamente o resultado de qualquer sistema de pensamento que acredite ter acesso a Verdades, eles se tornam dogmáticos, limitadores e em última instância, opressivos.
Não que sistemas menos dogmáticos também não possam sê-lo, mas até agora não temos exemplos de nenhum sistema de pensamento não metafisicamente absolutista que tenha perpassado a história por milênios. E mesmos os sistemas totalitários de esquerda, que rejeitam a metafísica tradicional, no fundo a substituem por um materialismo imanentista que pode ser cooptado por uma linha de pensamento qualquer, que então, na premissa de não haver Verdades sob as quais se conformar, acaba ele mesmo as fabricando e as impondo. Isso apenas inverte o movimento, pois o resultado final acaba sendo a construção de novas "verdades", de teor histórico, reificadas.
Um sistema essencialmente agnóstico não pode seguir nesse caminho. Porque ele é obrigado a admitir que não pode levar a extremos suas consequências devido a impossibilidade de sabermos se são verdadeiramente justificáveis, sendo obrigados a trabalhar no plano humano e relativo, limitado e fundamentalmente livre.
Mas isso é uma outra temática que ainda preciso desenvolver melhor. Por ora, só quero reforçar que isso não significa uma indiferenciação. Pois a liberdade aberta pela incerteza lhe força a tomar alguma decisão, e viver com ela. E ao mesmo tempo, ela lhe imuniza contra as terríveis certezas metafísicas daqueles que não são em medida alguma melhores que você, mas querem lhe empurrar sistemas de pensamento fossilizados que servem a interesses próprios como se fossem verdades absolutas.
Para esse ano, um de meus projetos é uma Filosofia EXERIANA revisitada, onde darei uma reorganizada em todo o pensamento, sem tirar nada do original, mas adicionando novas abordagens e comentando algumas partes. Deve ser mais para o fim do ano, quando meu site completará 10 anos no ar.
Fico por aqui. Espero não ter complicado demais o assunto, mas eu precisava dizer algumas dessas coisas.
Amigavelmente
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5 de Abril de 2009 |
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Fernando Ventura Bispo Santos
Araguaina-TO
-
1975
Funcionário Público Estadual
-
Cristianismo
625, 633,
635, 657,
665, 674,
681, 695,
699, 715,
745, 754,
761
a t t h o s m a t h e u s
g m a i l . c o m
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Olá Marcus, há quanto tempo, começaram então os acessos ao livro de visitantes depois de uma longa pausa. Escrevi hoje um texto e mandei para o Olavo, mas gostaria que vc também examina-se pois se trata de evolucismo x criacionismo. Me diga o que pensa sobre minha opinião, até mais!: POR QUE NÃO O FAZ?
O impulso inicial toda vez que falo nele e rasgar seda para este senhor, mas passada a fase de namoro começam as primeiras brigas conjugais. Para quem acompanha o trabalho de Olavo de Carvalho é um assombro vê-lo explicitar os erros lógicos e conceituais de filósofos e seus respectivos sistemas demonstrando as incongruências de filosofias de base marxistas e outras, as mais fraquinhas. Olavo refuta Gramsci, Marx e demais filosofias socialistas impiedosamente. Olavo destrona também as mais fortinhas de Maquiavel a Freud, passando passando pelos gigantes do Ilumismo, Descartes e Kant e mais alguns. Destrona o próprio Iluminsmo como apenas mais uma etapa da revolução gnostica contra a realidade. Para quem conheceu o filosofo recentemente é uma coisa fantástica ver um brasileiro criticar com autoridade aqueles personagens imortais que desde o ginásio ou mesmo antes, são ícones culturais da filosofia como Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud. Sem falar nos mais recentes como Noam Chomsky e Richard Dawkins. Já vi Olavo repreender o próprio Platão! E desenvolver e ampliar por dedução o que está em germe e implicito em Aristóteles é do meu ponto de vista uma façanha monstruosa. Pagina por página, linha por linha, palavra por palavra ele demole filosofias que o mundo consagrou, titãs do conhecimento. Uma ferramenta importante que ele usa é o conceito de paralaxe cognitiva, hiato entre uma abstração filosofica e as condições reais onde ela se formou demonstrando sua impossibilidade lógica. Mas como neste mundo o perfeito não tem vida e os santos tem pé de barro, de dentro de minhas insuficientes capacidades observo algo que até a ´presente data considero como um calcanhar de Áquiles em Carvalho. Existe um não mais que um que Olavo não demonstra falha, não tem exito e reprovar filosoficamente. Tenta mais não consegue, não é propriamente um filosofo, é um cientista, mais precisamente um naturalista, o ingles Charles Darwin, o criador da teoria evolutiva. Por que acho isto? Vamos por partes. A teoria evolutiva biológica não é uma filosofia é uma hipotese cientifica apenas, que não visa explicar o universo, a matéria, não é um conhecimento metafisico, não tem a pretensão de explicar a origem e o fim da realidade, não é uma tentativa de explicar a totalidade, mas como toda ciencia que é ciencia de verdade foca uma parte do todo, um objeto, neste caso o surgimento dos varios tipos de vegetais e animais, apenas a minúscula biota cibénetica na casquinha de uma diminuta esfera em comparação ao Universo infinito. A teoria da evolução não toca na teologia, não pode afirmar ou negar a existência da divindade, não diz nada sobre o cosmos, nem mesmo Darwin diz alguma coisa sobre como a vida começou, exceto a hipotese dentro da hipótese, como o proprio Olavo resalta do Designer Inteligente, que fica explicito no final de seu livro. O Evolucionismo que Carvalho critica é um espantalho, um boneco de palha da teoria evolutiva, que foi ampliada e caricaturizada para ser uma teoria evolutiva de toda a realidade! Não é esse o caso. O evolucionismo é um recorte finito sobre um objeto finito, a historia biologica até onde os fosséis podem nos mostrar no passado e apenas especulações arriscadas de como a vida ficará no futuro, especulações que os proprios cientistas dizem se tratar de probabilidades variaveis devido a não saberem as condições de tempos futuros e as variaveis infinitas que podem afetar a vida. O evolucionismo não é uma explicação metafisica, é apenas uma teoria para explicar como o título do livro de Darwin diz: A ORIGEM DAS ESPÉCIES (biologias) por meio da seleção natural. Explicar porque tem tanto bicho diferente de varios tamanhos e em diferentes habitates e formas. Explicar como a vida se moldou aos seus nichos específicos. Explicar a origem das especies, não a origem da vida, não a origem da materia, não a origem do espirito. Para a ciencia biologica e para este que escreve a hipotese evolutiva é satisfatória. E por aceitar a teoria da evolução não deixo de ser cristão. A comunidade homicida existiu antes de qualquer mensão ao evolucismo. Se esta comunidade usou até mesmo o cristiasmo para matar (inquisição, cruzadas, etc), embora neste caso em grau atenuado a massacres posteriores pelo nazicomunismo. Porque inpugnar uma teoria cientifica por ser usada como justificativa para matar pelo mesmo nazicomunismo. Não decorre que a teoria seja falsa por ser usada por assassinos, como o cristianismo não é falso por ter sido usado por assassinos como justificativa. Se o nazicomunismo é mais mortífero é porque a capa cultural foi retirada restando a penas justificativas materialistas para a realidade, sobrando o evolucismo como um fator inocuo para barrar a mortandade sacrificial, que é atenuada pela religião. Com religião e mais evolucismo não há genocidios. Explicar a historia humana nunca foi pretensão da teoria da evolução. A historia humana é coisa diversa e outra da historia biologica meramente. Os humanos, desculpe a gafe, são são apenas uma espécie se destruindo uns aos outros não estão competindo com outras espécies pela vida, já superaram isto. Os espartanos eram criacionistas bem como os Aztecas e isso não implica que a causa das execuções sacrificiais em massa de defeituosos tivesse nada haver com a teoria criacionista Por ultimo, em Darwin não ocorre o fenômeno da paralaxe cognitiva, Darwin só colheu durante anos e fez deduções baseadas em suas experiencias reais. O evolucionismo não é uma evasão gnóstica da realidade, ou uma tentativa de modificá-la mas uma etapa de conscietização de um processo real, conservador, no sentido de ser arcaicamente antigo, que por fim toma consciencia de si no proprio homem. Olavo leu a Origem das especies na juventude, e diz que tinha até mesmo um quadro do “dinosauro” Darwin acompanhado de outros dinosauros reptilianos. Por qaue então professor, não faz com Darwin como faz com o resto dos pensadores e filosofos fora da corrente conservadora-direitista? Desmonte o “A Origem da espécies por meio da seleção natural” capitulo por capítulo linha por linha. Por que não o faz?
Se quiser posso postar no Evobio.
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Sexta, 5 de Fevereiro de 2010 |
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Olá Fernando.
Finalmente venho responder sua mensagem, e faço aqui, porque o tema dela não é Evolução e Criação, mas sim Olavo de Carvalho, e outras coisas.
Em primeiro lugar, devo discordar da primeira parte de seu texto. Não concordo que OC destrone os pensadores referidos coisa nenhuma. Aliás, não creio que isso sequer faça sentido. Ele tece ótimas críticas, não há dúvida, mas essencialmente, não é possível refutar o todo da obra de um pensador, por que todas elas partem de uma visão muito particular de realidade que jamais poderá ser plenamente acessível por outra pessoa. O máximo que se pode fazer é apontar falhas pontuais, que em geral podem ser corrigidas dentro do próprio sistema.
Acreditar que é possível derrubar por completo um dos citados sistemas de pensamento, só é pensável por quem realmente acredita que já deu conta de toda a realidade, e que monopoliza toda a compreensão do universo. Bem... É meio o que filósofos como OC parecem querer fazer, ao afirmar sem nenhum pudor que A VERDADE pode ser plenamente alcançada por um ser humano normal ao longo de sua vida, embora sejam completamente incapazes de dar uma demonstração objetiva, simples ou complexa, dessa superioridade racional. Uma coisa é criticar as manifestações e fenômenos que vivenciamos, problemas de pensamento, apontar contradições e toda a sorte de "patifaria" intelectual, que de fato existe. Mas um sistema filosófico em si é, no geral, um mapa da psicologia do escritor, uma expressão legítima do funcionamento de sua mente e individualidade. Isso não se refuta, apenas de compartilha parcialmente ou não.
Não há problema algum em apontar erros nesses sistemas, mas isso apenas mostra que tais sistemas são privados, e não desvendamentos da realidade em si que valham para toda e qualquer pessoa, pois cada ser humano, se devidamente individualizado, é uma manifestação única de consciência que jamais poderá se conformar por completo à uma outra manifestação, ou a uma tradição, a não ser pela destruição completa de sua própria individualidade.
No fundo, nunca entendemos realmente o pensamento alheio, apenas aquela camada superficial pública que o envolve e permite a comunicação.
O que pode ser refutado, isso sim, são as pretensões objetivas desses sistemas, podemos mostrar que ele não funciona num ou noutro lugar, e quanto mais ele se aproximar do método científico e das evidências materiais, mais ele passa a ser, sim, vulnerável à refutação. Teorias científicas são refutáveis, Teorias Filosóficas não! É e exatamente por isso que ninguém hoje em dia sustenta a Física Aristotélica ou a Platônica, mas até hoje a Ética à Nicômanos e a República são perfeitamente defensáveis.
Sob a Teoria da Evolução, apesar de ser possível, OC não poderá refutá-la, e sabe disso, primeiro por que tem mais o que fazer do que dar uma de criacionista e se lançar numa empreitada intelectual natimorta. Pode, no máximo, criticar os problemas filosóficos envolvidos na mesma. Mas o principal motivo, creio eu, é que ele não se sente muito à vontade com isso. Na realidade, não creio realmente que ele acredite que isso seja possível, ou sequer que tenha vontade de fazê-lo.
O problema, é que por mais brilhante que seja, uma coisa que OC não é, de jeito nenhum, é um Livre Pensador! Ele tem uma agenda a cumprir, pré-definida no Conservadorismo Católico pré Concílio Vaticano II. Não é que ele, pessoalmente, tenha nada contra a Teoria da Evolução em si, ele apenas é obrigado a ter, em honra à tradição que está compelido a defender. Nesse sentido, ele não tem escolha.
Continuará falando contra ela na medida em que isso for necessário para defender a tradição que representa, mas sabe que não pode penetrar nela e confrontá-la, por que isso exigiria um empreendimento completamente fora de sua alçada, e quase certamente seria um prejuízo incalculável em termos de bom uso de tempo. E o pior, provavelmente sabe muito bem que isso teria como resultado o contrário do que pretendia, isto é, confirmar a teoria e ver que ela é muitíssimo mais coerente do que ele gostaria, o que o condenaria a rever ao menos parte de sua agenda ideológica ou o lançaria na tortura de arrastar pro resto da vida uma impostura intelectual.
Agora, falando sobre você, já há muito tempo venho querendo pedir-lhe para fazer algumas rediagramações em seu blog. Fico lisonjeado que reproduza textos meus ali, mas o problema é que eles acabam indo praticamente sem formatação alguma, dificultando muitíssimo a leitura. Perdem todas as variações de fontes e cores, imagens, tabelas e links, ficando praticamente ilegíveis até pra mim. E pelo que acabei de ver agora na reformulação do design, parece que piorou.
O blogspot permite formatações sofisticadas! Dê uma olhada, por exemplo, no
tudo-em-cima.blogspot.com
Finalizando, gostaria muito que me mandasse a resposta dele, caso responda, e aproveito para lhe perguntar uma coisa.
Você já enviou um texto meu para ele? No caso, a 649? E/ou a 657?
No mais, agora que terminei PLANETA FANTASMA, estou esperando seus comentários.
Desculpe a demora.
Amigavelmente
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13 de Março de 2010 |
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Mario Campos de Jesus
- 1963 -
Seropédica-RJ
Tecnico em Contabilidade
217,
[217.1,
217.2,
217.3],
228,
362,
575,
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622,
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mariocamposdejesus
u o l . c o m . b r
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Marcus, esta mensagem é a minha inspiração desse mês de dezembro de muitas reflexões.
O OBJETIVO DA VIDA
Comecemos com a clássica pergunta: Por que e para que existimos?
Então vamos primeiro ao início de tudo, quanto não existia absolutamente nada além do Criador, com a seguinte analogia.
No princípio existia apenas Ele.
Ele é um engenheiro, hiper competente, o único que existi; mas não precisa fabricar casas, pois não necessita de moradia ou qualquer outro tipo de edificação; e também não existe ninguém no universo para quem possa construir. Ele é um advogado, super eficiente, contudo não há causas para defender e sequer uma pessoa que necessite de assessoria jurídica. Ele é todo amor, porém não existe desamor ou alguém que precise de caridade. E por fim Ele é todo poderoso, entretanto não há nada a fazer por estar imerso na perfeição total.
Mas faltava-lhe algo, que era poder por em prática tudo aquilo que podia fazer.
Não obstante, para que e para quem realizar; trabalhar; se não existia qualquer carência e nem ninguém além Dele?
Então Ele criou o mundo material, a dimensão do relativo, o universo que conhecemos. Porque era a forma de experimentar todo poder que tinha. E além de exercer a sua capacidade de criar, realizar a sua habilidade de construtor ao edificar o Universo físico, criou também seres análogos a si, para realização de também seus atributos morais.
Fez com que esses seres se esquecessem de quem são (deuses) para que pudessem criar e experimentar o que e quem desejavam ser; e através deles pudesse exercer toda a sua capacidade potencial.
Esse é o objetivo da vida. Por intermédio dos seus filhos, nesta dimensão, Deus experimenta ser o que e quem sempre foi conceitualmente.
Mas como assim?
Ora. Se eu sou amor, mas não conheço o desamor, como posso experimentar o que é amar? Se eu sou, mas não conheço o não ser, como posso experimentar ser? Se eu sou alto, mas não conheço a experiência de ser baixo, como posso experimentar isso, como o “positivo” sem a experiência do “negativo”, a paz sem a experiência da guerra, o prazer sem a experiência da dor, ou a vida sem a experiência da morte? E mais, com que ou quem me relacionar se sou o único existente?
Então foi necessário passar a existir este mundo com todas as suas peculiaridades. É simples assim. Antes era só ELE, só um conceito, na dimensão absoluta, sem movimento. Agora somos ELE e NÓS, uma experiência, na dimensão relativa, movendo-nos entre as polaridades.
E para mais ilustrar podemos utilizar também uma situação futebolística. Veja que interessante.
Deus seria o torcedor, ou o inventor do jogo, e nós os atletas. No estádio, no mundo material, Ele se encarna nos jogadores e sente as mesmas sensações deles. Vibra nas jogadas de efeito, “enlouquece” com aquele “incrível” gol perdido e atinge a estase naquele instante apoteótico da vitória, como qualquer apreciador de futebol. Deus não está jogando, só observando, “torcendo”, “divertindo-se”, contudo sente tudo que seus filhos sentem e se realiza experimentalmente, junto com eles, a cada lance, na alegria ou na aflição. E após o último apito, perdedores e ganhadores seguem para o chuveiro, o torcedor retira-se, às vezes triste, às vezes feliz, mas sabendo que foi apenas um jogo.
No contexto teológico tradicional, de acordo com certos pensamentos religiosos, o torcedor se vingaria do time perdedor, pois estava ali “só para ganhar”, o aniquilando ou o enviando para “outro lugar” bem diferente de uma refrescante ducha.
Já no contexto que venho descrevendo, o torcedor continua amando e preservando os componentes de sua equipe, independente do resultado, pois fazem parte fundamental daquela sua emocionante experiência; e a idéia era que se ali estavam para disputar, a derrota também, naturalmente, era admissível.
Como fomos feitos com livre arbítrio e capazes de decidir todas as coisas, somos livres para escolher o que e quem queremos ser. E Ele não julga-nos, apenas observa-nos. E a autonomia que temos não é, como muitos pensam, para termos opção de ir para um lugar longe* Dele, mas para neste nível existencial assumirmos totalmente nossas vidas.
(*Até porque não há como estar longe de Deus. Por ser Ele o único alvo e também imenso, é impossível ‘errá-lo’).
Aliás, não há sentido em julgar-nos, porque estaria julgando-se, por sermos réplicas Sua; e qualquer motivo de “imperfeição” para punir-nos seria causado por Ele mesmo, estaria condenando a sua própria obra, e em conseqüência a si próprio.
Nada que façamos aqui pode frustrar seu plano macro. Foi tudo calculado, perfeito, exatamente como queria que fosse; sem arrepender-se de nada; e o que julgamos errado, ou falho, fora de controle, faz parte num nível mais elevado desse seu plano preciso. Tudo que Ele fez tem uma razão de ser e se presta ao objetivo final; que é poder ter oportunidade de, através de seus filhos, criar e experimentar quem e o que É. Ele nunca falha e seria incapaz de fazer algo que pudesse dar errado.
Faço questão de frisar bem tudo isso para argumentar que essa terrível “tragédia” Cosmológica ensinada por algumas religiões, a saber, rebelião de seres, um representante do mal, “um mundo que jaz no Mali guino”, inferno, perdição eterna, pecado, degeneração humana, que sugerem a existência de um deus que falha no seu plano, ou que o deixa com uma abertura para, uma não apenas possível, mas já sabida, pela sua presciência, contaminação com conseqüências drásticas justamente para a parte mais fraca que são seus filhos, que é injusto e sem misericórdia numa punição sem medida, a qual retrata um pensamento pequeno e por isso até desrespeitoso em relação ao próprio, é DIAMETRALMENTE contrária a essa sua personalidade irretocável e a esse seu elevado, glorioso e sublime plano.
Dessa forma podemos olhar esta vida como algo essencialmente belo, seguro. Belo pelo seu sentido que é tão grandioso. Seguro como se atuando estivéssemos numa grandiosa produção cinematográfica de amor e aventura, que embora convincente e verossímil a ponto de nos envolver totalmente, saímos incólumes ao final. E assim estando nós garantidos pelo ‘diretor’ no seu objetivo mais amplo, sem precisar temer o futuro além vida, gozamos esta dádiva suprema da vida, envolvidos pelo amor deste que é o nosso magnânimo progenitor e inventor desse hiper, mega e fascinante projeto existencial.
E independente do que fizermos o objetivo será alcançado, mais cedo ou mais tarde, sem incertezas, por advir de um projeto infalível.
E as finalidades de saber de tudo isso, do objetivo da vida, como já intuímos, são, entre outras, a obtenção da paz maior e a eliminação das incertezas e dos medos que tradições e mitos seculares nos incutiram.
MARIO CAMPOS DE JESUS
Obs.: Essa mensagem foi inspirada, em grande parte, na visão teísta do livro
Conversando Com Deus de Neale Donald Walsch.
Bem, parece que essa mensagem se enquadra numa das alternativas em que te levará a não se comprometer em responde-la.
No entanto gostaria muito de ver a sua opinião.
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Quarta, 3 de Fevereiro de 2010 |
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Tema: Teologia, Cosmogonia
Número de Caracteres
- Mensagem: 5.837
- Resposta: 859
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Olá Mario...
Bem, não há muito o que responder. É uma ótima concepção teocosmológica, sem qualquer das falhas das teologias tradicionais.
Só acho que a analogia futebolística foi um pouco confusa, pois não deveria comparar Deus com o torcedor, e sim com o Criador do jogo, ou mesmo o presidente da FIFA, que não pode manifestar preferência por um time ou outro, sendo um tipo de apreciador do futebol em si.
Mas ao menos é uma analogia melhor que a do próprio Neale Donald Walsch, que utiliza idéias do Futebol Americano (aquele que não se joga nem com o pé e nem com uma bola), que são completamente incompreensíveis para o público do resto do mundo. Taí uma coisa que depõe contra a alegação de ser uma mensagem de Deus. Como Ele poderia ignorar o fato de que tal analogia só seria compreensível para menos de 4% da população mundial?
No mais, só posso expressar meu agrado por ver alguém discorrer tão espontaneamente sobre tema tão fascinante, principalmente após se livrar dos absurdos das teologias tradicionais.
Desculpe a demora.
Amigavelmente
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11 de Março de 2011 |
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Weiner Assis Gonçalves
- 1938 -
Goiânia-GO
Aposentado
599, 637,
640, 752
w g . a s s i s
h o t m a i l . c o m
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Professor e filósofo Marcus Valerio XR
Li o comentário do Pastor Herberti Vidor Pedroso e sua esplendida resposta. Senti certo desconforto em imaginar, o Deus bíblico é onipotente, onisciente e onipresente, criador de tudo que existe, inclusive a morte! Desnecessário perguntar quem matou mais? O óbvio não se diz. Outra insistente confusão e entre comunistas assassinos que foram ateus e ateus que não são comunistas. Atheos é tão somente a negação da crença em deuses. Quanto a critica a Richard Dawkins, é ridícula. Sua indicação de DEUS um delírio, basta ver a citação como da pagina 21:
“Nos vamos morrer, e isso nos torna afortunados. A maioria das pessoas nunca vai morrer, porque nunca vai nascer. As pessoas potenciais que poderiam estar no meu lugar, mas que jamais verão a luz do dia, são mais numerosas que os grãos de areia da Arábia. Certamente esses fantasmas não nascido incluem poetas maiores que Keats, cientistas maiores que Newton. Sabemos disso porque o conjunto de pessoas possíveis permitidas pelo nosso DNA excede em muito o conjunto de pessoas reais. Apesar dessas probabilidades assombrosas, somos eu e você, com toda a nossa banalidade, que aqui estamos...”.
Aproveito o momento para lhe desejar tudo de bom que a vida possa oferecer, principalmente nos festejos de fim e começo de ano.
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Sexta, 27 de Novembro de 2009 |
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Tema: Teologia, Bíblia, Genocídio, Richard Dawkins
Meta-Continuidade Mental
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.100
- Resposta: 3.880
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Prezado Weiner...
Obrigado por sua mensagem e elogios. De fato, tem havido muita confusão nessas acusações de "quem matou mais", que procurei em parte desfazer tanto na comentário a Os Terríveis Frutos do Ateísmo quanto em minha Resposta à Mensagem 606, que basicamente chamam atenção para alguns elementos primários que devem ser considerados por qualquer um que pretenda fazer as comparações, seja lá com que intenção for.
A primeira e mais importante, tecnicamente, é a proporção populacional envolvida. É completamente estúpido dizer que a morte de 1.000 pessoas num universo de 10 milhões (0,1%) representa um contexto mais perigoso e violento do que a morte de 100 num universo de 1.000 (10%)!
E a segunda a questão tecnológica. Achar que a incapacidade técnica de matar seja sinal de virtude consegue ser mais estúpido ainda. Pusessem armas nucleares nas mãos dos cruzados e provavelmente teriam aniquilado todo o oriente médio.
Mas o mais importante não é a questão técnica, mas a ética. As brutais revoluções de esquerda, que acabei de comentar em
Revolução na Ditadura, Golpe na Democracia, foram questões assumidamente mundanas. Havia valores morais envolvidos, seguramente, mas nenhum reivindicando supremacia divina.
Por outro lado, o pensamento cristão envolvido na questão das Guerras Santas, além de toda implicação política social, tinha a pretensão de ditame divino, e o dano cognitivo e ético causado pela aceitação de massacres e violências brutais como se fossem santificadas é de uma ordem muitíssimo mais terrível do que jamais poderia ser o puro massacre em si, visto que se embrenha memeticamente na tradição cultural perpetuando uma ruptura devastadora entre a Moral e a Ética, que embora sejam distintas, deveriam ao menos se interceder, como está analisado em RÉLICA & ETIGIÃO e mesmo no ensaio 50 Milhões de Cretinos.
Lembrando das questões inquisitoriais, ocorre nesses casos, pelo pensamento cristão medieval, uma distorção de sensibilidade e racionalidade cujo dano no senso ético humano é absolutamente incomparável!
Nunca, em nenhuma hipótese, outro sistema religioso, e muito menos um sistema político ideológico, seria capaz de corromper o ser humano a tal ponto que o fizesse acreditar, sinceramente, que pode-se humilhar, ameaçar e torturar uma pessoa pelos meio mais torpes concebíveis com genuína intenção de que isso seja para seu próprio bem, pois, afinal, é melhor sofrer por um tempo limitado mas ter a alma salva, do que sofrer a eternidade no inferno!
Que tipo de sistema político totalitário, sem base religiosa, poderia almejar tamanha corrupção mental?! O torturador teria que, no mínimo, assumir pra si próprio que é um monstro! E não se considerar um santo!
É a inversão absoluta de qualquer fundamento ético, a destruição total de qualquer humanidade. Quando o indivíduo, com grau até elevado de inocência e boa intenção, tem sua mente danificada a tal ponto, não existe horror que não possa ser solto livremente no mundo. O estrago só não foi pior por que, graças à Deusa, a sensibilidade humana e o potencial intrínseco para o reconhecimento do Bem frearam essa investida do anti-pensamento, a ponto de os próprios protagonistas começarem a perceber que não havia cabimento nessa atitude. Há um grande arrependimento entre os próprios católicos por isso, e não é de hoje, e parece que isso é uma mancha superada. Assustador é ver idéias similares ressurgindo nos protestantes, em especial Norte-Americanos, a ponto de apoiarem novas cruzadas militares cristãs contra a mesmíssima região que protagonizou tal cenário há cerca de mil anos.
Quanto à frase citada no livro de Dawkins, é realmente muito interessante, faz refletir e pode até servir de consolo em alguns casos. Mas à mim, o comentário do próprio Dawkins que se segue à essa citação possui uma falha. Ele diz:
"Nós, uns poucos privilegiados que ganharam na loteria do nascimento, contrariando todas as probabilidades, como nos atrevemos a choramingar por causa do retorno inevitável àquele estado anterior, do qual a enorme maioria jamais nem saiu?"
Primeiro, ele já pressupõe a certeza da extinção da consciência, e eu nunca vou me conformar com a facilidade com que se acredita nisso. Segundo, se minha existência está mesmo limitada a esse único Horizonte Existencial, tudo bem, eu aceito isso e agradeço essa existência, mas se houver uma possibilidade de permanecer, é claro que irei querer mais!
Afinal, as necessidades humanas progridem na medida de suas possibilidades. A existência me foi dada, agradeço. Por que não agradeceria por mais? Haja visto meu projeto Meta-Continuidade Mental.
Amigavelmente
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16 de Dezembro de 2009 |
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Prezado Marcus Valerio XR.
Com respeito aos comentários postados por você no blog Arquivos do Reino, quero falar algumas poucas coisas.
1.Antes de mais nada, obrigado pela visita. É sempre agradável saber que você passa por lá de vez em quando;
2.Com relação à postagem Quem matou mais na Bíblia?: É! Infelizmente foi um mal momento. Ainda que não estava pensando em ninguém em particular e, com certeza, não em você, quero lhe pedir perdão por qualquer atitude grosseira que o post possa transparecer. Algum tempo depois de o ter publicado e voltei a lê-lo e discordei do tom. Então por que não o deletou? Por que eu me arrependo DE COMO falei, não DO QUE falei. Um sinônimo para "ameaçar" é "intimidar". Se o post alcançar intimidar uma alma que seja, creio que ele terá cumprido o seu papel. De acordo com C.S.Lewis, o medo é uma das mais eficientes ferramentas que Deus tem a sEu dispor para atrair os homens à Sí. Como você é um apreciador de ficção, quero lhe sugerir
O Grande Abismo, um dos melhores livros dele. Se você me fornecer um endereço de entrega, eu lhe mando um exemplar. Quanto a minha falha em demonstrar misericórdia para estas "pobres almas"(sic), tenho aprendido que não devemos querer ser mais amorosos do que Deus já é! A chance que eu tive para receber a verdade é a mesma que está sobre todos, e de mais a mais Jesus me instrui a amar o pecador, mas rejeitar o pecado que está nele;
3.Com relação à postagem A Ciência Desonesta Do Sr.Dawkins, imagino que um cientista intelectualmente honesto primeiro não iria manhosamente ignorar a pergunta e nem tentar subrepticiosamente desacreditar o inquiridor. Tal homem da Ciência poderia responder: "E se eu estiver errado? Bem minha jovem, imagino que nesta hipótese eu deveria saber mais acerca de deus ou dos deuses e talvez até mesmo tentar algum contato com ele ou eles. Mas é claro, isto se eu estiver errado. E eu creio firmemente que não estou. As evidências estão a meu favor, com tenho demonstrado."
Sempre cordialmente,
Herberti.
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Sexta, 13 de Novembro de 2009 |
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Tema: Teologia, Bíblia, Genocídio, Richard Dawkins
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.635
- Resposta: 3.215
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Olá Pastor Herberti.
Obrigado por voltar a meu site e responder aos questionamentos. Mas não seria interessante fazê-lo também por lá? Talvez ao menos colocando nos comentários um link para cá. Seria
http://www.xr.pro.br/Visitantes/Visitantes761.html#763, basta copiar e colar.
Bem, vamos aos tópicos.
2. O que me chama atenção nesse assunto é o modo como muitos cristãos tentam evitá-lo, não raro fingindo que não existe. O blog em questão fez a contagem, e nem sequer fez juízos de valor (embora é claro que tal juízo esteja embutido), mas isso não vem ao caso, mas sim: Como os cristãos, e judeus, lidam com esse problema?. Nem quero entrar no mérito da questão, pois Deus pode muito bem ter excelentes motivos para justificar tais atos, mas uma coisa certa: Negá-los não é a solução. Muitos menos desqualificar quem aponta a questão, e nem simplesmente replicar com construções similares à
Os Terríveis Frutos do Ateísmo, que mesmo que fosse um argumento perfeitamente coerente, e neste mesmo link já comentei que não é, ainda assim é irrelevante, pois mesmo que os ateus tivessem matado bilhões e Deus apenas uns poucos, ainda teriam a desculpa de serem meros seres humanos que já nasceram corrompidos, e não um Deus perfeito Onipotente de Infinita Bondade e Sabedoria.
O fato é que este é um assunto que tem que ser enfrentado. Como você o enfrenta? Examinando o assunto na web brasileira, por exemplo, noto que ele é quase ausente em sites e blogs cristãos, e que o comportamento desses é basicamente evasivo e nem tenta confrontá-lo. A resposta mais comum, responsabilizar o Diabo pela queda da humanidade do paraíso e por tabela atribuir todas as mortes a ele, apenas abre a caixa de pandora teológica que vai contrapondo argumento a argumento até chegar ao beco sem saída da Onipotência divina.
3. Quanto ao vídeo de Dawkins, eu acho sinceramente que está imperando muito mais um rancor contra ele em si do que com a resposta à pergunta feita. Acho que ele faz basicamente o que você sugere em sua possível resposta, que é mostrar que a probabilidade de ele estar errado é praticamente irrelevante. Ao contra perguntar "E se você estiver errado sobre a existência do Grande Juju da Montanha?", ele mostra que a pergunta original em si é retórica, não é uma pergunta, pois a única resposta possível, com variações, é aquele que você dá. "Se eu estiver errado, errei! E enfrentarei as consequências deste erro." O resto é enfeite. Sinto que o que os cristãos gostariam é que ele dissesse que se iria se ajoelhar, rezar e pedir perdão, ou se preferiria ir pro inferno. No lugar dele, talvez, o que eu faria seria exigir um detalhadamento maior da pergunta, para saber exatamente sobre o quê eu poderia estar errado.
O rancor que notei eu seu post obscurece sua própria percepção do assunto, ao dizer que o cientista "questionou o caráter da pessoa que perguntou". De onde você tirou isso? O que quer dizer com caráter? Ele apenas afirma "suponho que sua formação seja cristã"! Além disso, não é verdade que Dawkins não ataca também os muçulmanos. Ele o faz sim! Já o fez diversas vezes. A diferença é que ele nunca ataca apenas o Islã, mas insiste em afirmar que a diferença entre eles e os cristãos é bem menor do que se costuma afirmar. E ele já recebeu ameaças sim, segundo diz, e inclusive cartas furiosas, de cristãos, incluindo ameaças de morte. Dê uma olhada em
richarddawkins.net que você verá muita coisa interessante. Inclusive, suas obras foram proibidas na Turquia.
No mesmo espírito de enfrentamento de questões que manifestei no item 2, recomendo que leia o DEUS - UM DELÍRIO para que se informe melhor sobre o que realmente Dawkins prega. É um livro interessante, e útil mesmo para os cristãos, ainda que um tanto dolorido. Já publiquei algumas críticas ao mesmo aqui, que podem ser acessadas por
Em Defesa do Agnosticismo.
Continuarei visitando seu blog.
Amigavelmente
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7 de Julho de 2009 |
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Paulo
São paulo-SP
1980
Gerente comercial
Protestante
b o b s o m
h o t m a i l . c o m
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Ola marcus valério, parabéns pelo seu site. Informação e conhecimento podem estabelecer mudandas em nossas vidas. Frequento seu site regularmente e suas idéis são bem respeitosas.
Marcus,venho com um grande prazer e satisfação em ver você esclarecer atravéz do seu conhecimento algumas passagens bíblicas que a meu ver soam como uma contradição desde de muitos séculos e séculos até os dias de hoje.Umas das grandes controversia do Cristianismo.Espero que nao fere a postagem do livro de visitantes. Vamos la as escrituras:
Lucas c 24 v 36,43
"Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja convosco. Então, espantados e atemorizados, acreditavam ver um espírito. Mas Ele lhes disse: Por que estais pertubados e suscitam tais pensamentos em vosso coração?
Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho.
E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.
Não acreditando eles ainda por causa da alegria, e estando admirados, perguntou-lhes Jesus: Tendes aqui alguma coisa que comer?
Então lhe deram um pedaço de peixe assado,
o qual ele tomou e comeu diante deles."
Nessa passagem Lucas 24, literalmente convence qualquer pessoa de que Jesus Cristo ressuscitou em carne e osso, ou seja, no mesmo corpo que esteve na cruz. No entanto, no evangelho de João, nos conta o mesmo relato, mais com uma observação precisa, quando João diz que chegou Jesus as portas fechadas. Ora, corpo físico não pode atravessar paredes. vejamos:
"Oito dias depois, estavam outra vez Seus discípulos dentro, e, com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as "portas fechadas", pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco." (João c.20 v.26)
Creio que na passagem de lucas C.24 e de João C.20, merecem uma interpretação,contradizem com as seguintes passagens do evangelho. Paulo confirma isso ao dizer que: “Irmãos, garanto o seguinte: a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem o que é destrutível herdar a indestrutibilidade."(1Coríntios 15, 50)
Realmente as escrituras mostram Jesus não foi ressuscitado à vida na carne. Veja mais um exemplo: "Porque também Cristo morreu somente uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus, sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito (1 Pedro 3:18).Jesus segundos antes de morrer na cruz disse:
PAI, nas tuas mãos encomendo o meu espírito (Lucas c.23 v.46).
Jesus também corrigiu os Saduceus que era o partido aristocrático que dominava a politica dos judeus. Não acreditavam em anjos, ressurreição ou imortalidade da alma.
jesus respondeu-lhes: "Errais, por não conhecer as escrituras nem o poder de Deus. Porque, na ressureição não casam nem são dados em casamentos; mas serão como os anjos do céu. E quanto a ressurreição dos mortos, não tendes lido o que foi dito por Deus, quando disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Deus não é um Deus de mortos, e sim de vivos."Mateus 22. V 23 a 33
Se na Ressurreiçao serão como os anjos do céu, deixa bem claro e óbvio que anjos não tem corpo físico. certamente Cristo ressuscitado, só poderia ser de maneira espiritual. Isso tudo sem falar nas primeiras aparições de Jesus Cristo depois de ter ressuscitado dos mortos. Primeiro apareceu a Maria madalena incorporado num jardineiro(joão c 20 v14,15),depois a caminho de emaús apareceu Jesus a dois deles incorporado num forasteiro.(Lucas c.24 v. 13,35)e também a pesca milagrosa que cita o capítulo 21 de João Jesus usando um corpo alheio.
Marcus, apesar das escrituras terem duas afirmações LITERALMENTE mencionadas, coube a mim a escrever esse texto no sentido de eu e os demais cogitar-mos sua resposta,pois seus argumentos são fortes, consideráveis,plausíveis e na grande maioria inrrefutáveis. Um Forte abraço e obrigado pela sua dedicação.
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Quarta, 11 de Novembro de 2009 |
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Tema: Bíblia, Interpretação, Contradição, Teologia Ressurreição, Espírito, Corpo Glorioso
Número de Caracteres
- Mensagem: 3.205
- Resposta: 3.977
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Prezado Paulo...
Interessantíssima sua mensagem. Obrigado.
Embora eu já tenha discutido sobre isso, nunca o fiz por esse ponto de vista. Parece haver mesmo uma tensão entre as descrições citadas por você, o que é especialmente explorado pelos que defendem a reencarnação na Bíblia. Idéia que você pode acabar reforçando pelo modo como parece entender as últimas citações (penúltimo parágrafo).
Começarei por elas. Creio que nada impede que tais manifestações tenham sido físicas, e não apenas incorporações, que seria como se o espírito "possuísse" um outro corpo. Note que embora eles não o reconheçam de imediato, acabam terminando por fazê-lo, o que pareceria estranho caso estivesse num outro corpo. Creio que a melhor explicação é que o corpo ressuscitado tenha uma aparência suficientemente diferente para causar um estranhamento inicial, mas também similar ao ponto de permitir um reconhecimento posterior, tal qual um pessoa que reencontramos já com meia idade, e que não víamos desde a adolescência. Ela terá mudado vários aspectos mas mantendo outros. De modo análogo, o corpo ressuscitado, chamado Corpo Glorioso, apresentaria diferença equivalente.
Quanto as demais passagens, penso que podem ser entendidas pelo fato de que embora a ressurreição seja num corpo físico, isso não significa que ele tenha as mesmas limitações de nosso corpo normal. É aqui que deve entrar uma diferenciação entre o que se entende por físico e espiritual. Na realidade, físico parece estar sendo confundido com "sólido", mas o fato de uma coisa ser líquida, gasosa ou mesmo energética não significa que não seja física.
Na verdade, a distinção entre matéria e espírito na mitologia hebraica original não existia. O Céu no Velho Testamento não era visto como um tipo de dimensão fantasmagórica sutil, mas sim como o céu físico mesmo! A filosofia grega que começou a desenvolver tal distinção, por influência principal do Platonismo, que distinguia o Físico do "Ideal", que passou a ser considerado o Espiritual. Mesmo os anjos eram sim pensados como sendo físicos.
No Novo Testamento, convivem essas duas tradições, e como os evangelistas eram de diferentes formações, escrevem o mesmo relato de pontos de vista divergentes, que acabam por dificultar uma harmonização. Nos Evangelhos, concordo que parece mesmo difícil saber se o Jesus Ressuscitado se trata mesmo de um corpo sólido ou de alguma coisa mais fluídica, o que pode alimentar a controvérsia entre Reencarnação ou Ressurreição na Bíblia. Creio que somente Paulo de Tarso irá decidir essa questão em definitivo a favor da última.
Mas voltando, um corpo pode muito bem ser físico mas ter propriedades capazes de vencer as limitações típicas dos corpos normais. Ora, Jesus já fazia milagres mesmo antes de morrer, por que não poderia fazê-los depois de ressuscitado? Em termos simbólicos mitológicos, o poderes do "herói" aumentam depois de sua morte temporária.
Além de mais, vamos destacar alguns versículos de um trecho que você citou.
"Nem toda carne é uma mesma carne; mas uma é a carne dos homens, outra a carne dos animais, outra a das aves e outra a dos peixes. Também há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres."I Coríntios [15:39-40]
Ou seja, é um corpo sim. Um "Corpo Espiritual", que chamamos de Corpo Glorioso para evitar a confusão que as palavras originais poderiam fazer, sugerindo uma contradição, uma vez que nos acostumamos a distinguir físico (corpo) e espiritual de como praticamente inverso.
Esse corpo glorioso conservaria muitas características, mas mudaria outras. Se você fosse ressuscitado num novo e indestrutível corpo, não é provável que diversos defeitos do original tivessem sido corrigidos?
Claro que essa noção, de que os corpos ressuscitados seriam não apenas incorruptíveis, mas incorrompidos, pode ser pressionada pela passagem em que Jesus mostra as mãos feridas a Tomé, João [20:24-28], mas novamente lembremos que Jesus não é um ressuscitado qualquer, sendo capaz de produzir os efeitos necessários a seus propósitos. Bem como podemos pensar que a regeneração do Corpo Glorioso seja lenta, pois seria um choque para uma pessoa que morreu muito fraca e idosa, de repente ressuscitar num corpo forte e jovial. Faria mais sentido se ela ressuscitasse do modo como morreu e aos poucos fosse se fortalecendo e rejuvenescendo até o seu ápice.
Enfim, podemos pensar em inúmeras formas de superar essa questão. Em minha opinião, isso não é uma contradição, é apenas uma confusão, que é esclarecida por exame mais extenso.
Desculpe ter demorado a responder, e ter me excedido um pouco nas divagações. É que gosto muito dessa idéia da ressurreição num novo Corpo, vide meu conto Além da Ressurreição.
Amigavelmente
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25 de Novembro de 2009 |
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Fernando Ventura Bispo Santos
Araguaina-TO
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1975
Funcionário Público Estadual
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Cristianismo
625, 633,
635, 657,
665, 674,
681, 695,
699, 715,
745, 754
a t t h o s m a t h e u s
g m a i l . c o m
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É evidente que você é um Nerd. Você pertence ao genero NERDentalense mas aprensenta uma especialização para demonstrar uma certa agressividade em compensação
ao estado de passividade que os nerd apresentam em frente ao mundo, caracteristica esta inerente a propria atividade intelectual quer seja filosofica ou outra. O Rock, o visual roqueiro e rebelde e as artes marciais são apenas uma forma de reação a passividade. Outra coisa que sempre observei nos Nerds, constituindo este seu calcanhar de aquiles, que é o intem
3 - Pessoas com dificuldades de relação social com tipos distintos, especialmente timidez com o sexo oposto; Ainda não descobri o porque mas todos os nerds que conheci, incluido eu mesmo, apresentam um problema com a figura feminina, talves freudianamente falando tenha alguma coisa a ver com o relacionamento primevo com a mãe nos primeiros 05 anos de vida. Uma dificuldade de relacionamento com o sexo oposto deve-se a um grande afeto ou a um afeto embotado. Poderia escrever mais, mas não tenho certeza. Sou Ginólatra, e esta adoração me causou alguma dificuldade nas priscas eras de namorico. Jamais vi você se referir a seu pai em escrito nenhum, só o Pai contrabalança o poder atrator da mãe, da mãe-terra, feminismo, coitadismo etc, tudo é da mãe, só o pai resgata da opressão, da obcessão, da paixão desenfreada da figura da mãe. é por isto que a Blíbia traz o NOME DO PAI, por que a gente sempre cai na tentação de matar o pai (simbolicamente) e se refugiar debaixo da saia da mãe. a mãe está sempre presente, o Pai sempre foi misterioso, passava a maior parte do dia fora de casa. Estas senhoras de terranias que foram as nossas mães, são realmente as SENHORAS DA TERRA. Espero não ter sido obscuro. tchau.
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Domingo, 8 de Novembro de 2009 |
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Tema: Psicologia, Comportamento, NERD, Masculinidade, Timidez, Ginolatria
Número de Caracteres
- Mensagem: 1.441
- Resposta: 4.611
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Olá Fernando...
Bastante interessante essa mensagem. Será que poderíamos reduzir o Nerdismo à Categoria 3?
Freudianamente falando, faria sentido, visto que a energia das pulsões sexuais acumuladas sem o devido descarrego, poderia ser desviada para outro sentido, constituindo força psicológica para desenvolver a genialidade, os estudos, a concentração ou a adoração de conteúdos artísticos. O que pode incluir Rock Pesado e Artes Marciais.
Mas penso que isso pode ser muito enganoso. A dicotomia entre os "pegadores" e os "chupadores de dedo" é muito menos evidente que do os primeiros gostam de fazer parecer. Mesmo reconhecendo a existência dos Don Juans juniors desde minha mais tenra idade, também nunca deixe de notar que a maioria das estórias de meus colegas que se apresentavam como "Os Conquistadores" era mentira.
Também há o fato de que muitos desses rapazes ainda "inativos" em relacionamentos o são não por uma incompetência para conseguir o que querem, mas por vezes por realmente não quererem! Ao menos não o suficiente. Muitos demoram a despertar seus impulsos sexuais, e quando o fazem, as vezes é muito mais pela pressão dos colegas ou até da família.
Há que se considerar um certo artificialismo nessa separação entre os grupos de jovens. Na verdade, pela minha experiência, praticamente inexistem exemplos de indivíduos que desprezem por completo o universo do outro. Há sempre intercessões. Para citar exemplos óbvios, lembro que sempre foi possível delimitar grupos que eram entusiastas de futebol e outros de Star Wars. Há sim incompatibilidades, mas isso não muda o fato de que TODO MUNDO via os filmes de Star Wars assim como os jogos do Brasil. Também cansei de ver bons amigos que a princípio poderiam ser colocados em grupos totalmente distintos.
Voltando a separação entre os tímidos e os desenvoltos em matéria de relacionamento afetivo, noto as mesmas intersecções cujas distinções me parecem induzidas mais artificial do que naturalmente, principalmente por membros de destaque em alguns grupos que tem interesse em tais distinções. Como aqueles Nerds que ainda estão muito apegados aos amigos mais próximos e sentem ciúme quando um deles começa a apontar na direção de uma namorada. Ocorre um nítido processo de sabotagem, consciente ou não. Outro é aquele rapaz que bem que estava com muita vontade de ir jogar videogame com os amigos mas está sendo cooptado por outro grupo que está mais voltado para as baladas noturnas, que então começa uma campanha em prol de seu "amadurecimento".
Enfocando novamente na questão da relação com o feminino, visto que é claro que também sou um ginólatra, algo que quero acrescentar é que há uma distinção postural entre os grupos que pode ser a melhor explicação para toda a diferença.
Tomo a mim mesmo como experiência. Por toda minha vida, exceto um brevíssimo momento de desilusão, mantive uma visão muito idílica das mulheres e meninas. Eu as via como um grau de respeito e reverência que, posteriormente me "ensinaram", eram um empecilho fatal para qualquer conquista. Não demorei a admitir que a canalhice e falta de respeito pela feminilidade pareciam pré-requisitos para conquistar garotas. Todos os garanhões que conheci eram machistas ferrenhos, e por trás de toda lábia tinham autêntico desprezo pelas mulheres enquanto seres humanos.
Foi azar, em grande parte, mas continua sendo recorrente esse padrão, mesmo porque o casanova é, por excelência, um conquistador temporário que vive de partir corações, o que é impossível para um homem sensível que tenha horror a magoar mulheres. Assim, os serial 'lovers' acabam passando uma trágica lição para os rapazes mais tímidos, e especialmente para os do meio termo, ou você adota ao menos parte de tais métodos e perde sua natureza, ou é melhor esperar e amadurecer por conta própria para ser capaz de desenvolver por si mesmo suas habilidades interpessoais.
Mas enfim, como o amadurecimento está no equilíbrio (não pensar que mulheres são divinas nem desprezíveis, e sim seres humanos), só ao atingir esse estágio alguém está pronto para relacionamentos mais sadios, e isso me parece ocorrer mais ou menos na mesma idade para qualquer um. Só que até lá os "pegadores" já acumularam um saldo de experiência elevado, ainda que com experiências superficiais.
Assim, me parece que muitos nerds, ou ao menos alguns tipos, vêem no sexo feminino algo de transcendente, que os impede de uma conduta mais adequada e inviabilizando sua aproximação. Um tipo de fixação claramente edipiana. Como os que não tem tal fixação se sentem muito mais à vontade para agir, e como em geral as moças lançam seus charmes e esperem ver o reação dos rapazes, mesmo se o fizerem indiscriminadamente, é óbvio que somente os desinibidos responderão ativamente o "chamado". Como se isso não bastasse, eles ainda tomam a iniciativa e então o desequilíbrio resultante é flagrante.
Nada disso, porém, afeta o modo como as famílias acabam se constituindo, visto que as uniões sérias que envolvem reprodução ou só acontecessem quando essa fase já está superada, ou no caso de acidentes de percurso, atingem quase igualmente os tímidos, visto que sua inexperiência pode contribuir para isso.
Mas vou parar por aqui, comecei a pensar sobre isso agora, e teria que refletir mais para ter uma visão mais focada. Só quero lembrar que talvez faça muito sentido essa "ginolatria" citada por você como definidora do perfil Nerd. Afinal, como costumam pensar de Freud, no fim das contas, tudo gira em torno "daquilo".
Amigavelmente
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20 de Novembro de 2009 |
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