Reinaldo Santos      1988      Maringá - PR          

Estudante de Pós-Graduação em Economia           Católico

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g u e d e s . r e i n a l d o       g m a i l . c o m                  

Olá novamente Marcus Vinicius XR.

Fico feliz que a minha mensagem tenha despertado o seu interesse. A sua resposta também me clarificou muitas coisas a seu respeito e agora vejo que concordamos em muito mais aspectos do que eu imaginava. Irei tentar abordar cada um dos pontos de sua resposta assim como você o fez e acho que assim ficará mais fácil para trocarmos informações acerca do tema.

Vamos lá. Primeiramente acerca de sua posição do feminismo. Bom, realmente me sinto um pouco aliviado com sua explanação, e também menos confuso, pois sabia que um cara experiente e inteligente como você (ou ao menos com um grau de conhecimento elevado/acima da media) não poderia compactuar com os absurdos propagados pelo “feminismo moderno” (pós década de 60). Eu também sou muito mais tolerante ao feminismo clássico. Com certeza muitas dessas feministas clássicas jamais compactuariam com o que o feminismo se tornou atualmente, talvez até vindo a serem ferrenhas opositoras do movimento atual. Eu só tenho uma visão um pouco diferente acerca da importância de tal movimento para as mulheres. Talvez por ter estudado economia eu tendo a ver as coisas sob a ótica econômica, inclusive as tendências e os movimentos sociais. Em minha opinião, o feminismo teve pouco haver com a conquista das mulheres aos direitos básicos, como o direito ao voto. Na verdade, sob o prisma econômico pra mim é bem claro que as mulheres conquistaram tais direitos principalmente e primariamente por terem sido inseridas no mercado de trabalho. O feminismo só serviu como um pequeno impulso mais ou menos organizado nesse sentido, mas se o mesmo nunca tivesse existido, tampouco faria alguma diferença nas conquistas femininas.

Se você fizer uma análise histórica verá que as maiores conquistas femininas se deram a partir do advindo da revolução industrial e consequente inserção das mulheres no mercado de trabalho. À medida que as mulheres passaram a ganhar dinheiro por si próprias sem depender de um companheiro masculino, passaram a adquirir poder de barganha como “classe” e, portanto, seria apenas questão de tempo até que adquirissem os mesmos direitos básicos de que o homem já desfrutava. Esta é a ótica que permeia toda sociedade capitalista: à medida que uma classe ganha acesso ao capital é apenas questão de tempo para que ela comece a ser beneficiada, muitas vezes por direitos justos, mas também até por benefícios injustos (como começa a ocorrer na sociedade ocidental com as mulheres que, hoje em dia, claramente possuem mais direitos e benefícios em contrapartida ao homem). Mas eu compreendo perfeitamente agora o porquê de você se considera um feminista e não tenho nenhum problema quanto a isso.

Segundo, quanto ao matriarcado. Bem, discordo de você nessa. Primeiro que não é um fato que jamais houve uma sociedade matriarcal na história da humanidade. Isso é apenas uma suposição baseada no desconhecimento da história social a partir de um período específico. É correto dizer que nunca houve uma sociedade matriarcal dentro do período da história humana a que se tem conhecimento, ok. Isso sim é um fato. Outro fato histórico é que, uma vez que um modelo social é levado a cabo com sucesso por alguma civilização, ele tende a se multiplicar e ser propagado a outras civilizações, de modo que permanece até quando a civilização original que pôs em prática tal modelo desapareça por completo. É o caso do próprio patriarcado, que apesar de possuir seus defeitos, é inegável ser ao menos funcional (não quer dizer que seja bom, ou a melhor opção, mas ao menos funciona, nem que seja aos trancos e barrancos). Assim, nos deparamos com duas hipóteses: 1) nunca houveram sociedades matriarcais (como você deve supor), ou; 2) houveram sociedades matriarcais em algum período longínquo e inicial da história social da humanidade (provavelmente quando os homens desceram das árvores) e tais sociedades fracassaram de tal maneira que esse modelo social jamais foi replicado em nenhuma outra sociedade ou civilização sob a pena de que qualquer uma que voltasse a colocá-lo em voga estaria irremediavelmente fadada ao declínio e posterior desaparecimento (qualquer semelhança com o que está ocorrendo com a sociedade ocidental NÃO é mera coincidência!).

Desnecessário dizer que acredito na segunda hipótese e o motivo principal disso é justamente a mera existência do patriarcado como sistema soberano. Uma sociedade qualquer que adote o matriarcado está fadada a ser conquistada por outra sociedade qualquer que esteja sob domínio do patriarcado. É o que está a ocorrer no presente momento na Europa, em estado mais avançado na Suécia (e em termos gerais em todo o ocidente). O motivo de isso ocorrer é que uma sociedade matriarcal fragiliza demais o segmento da sociedade responsável justamente pela proteção e defesa da mesma. Esse segmento vem a ser A SUA PARCELA MASCULINA. Um matriarcado tende a emascular de certa forma os homens nele inseridos, emascular não no sentido de torná-los menos homens, mas sim de adquirir características catalisadoras comuns ao sexo feminino (como você bem sabe, afinal isso é justamente o porquê de você sonhar com uma sociedade matriarcal como saída para os problemas da humanidade, em especial a autodestruição, o que me remete ao que você disse a respeito de “y! the last man” em que eu até posso aceitar que o mundo seria um lugar um pouco mais pacífico apenas com mulheres, mas ainda acho que existiriam guerras sim, ao menos se ainda existissem alguns poucos homens. Enfim, não vou me focar muito nisso pra não alongar demais). O resultado disso é que de um lado você tem uma sociedade matriarcal com homens tentando discutir e arranjar soluções pacificas para os problemas enquanto do outro lado você tem uma sociedade patriarcal em que seus homens invadem o território da sociedade matriarcal, roubam seus recursos, matam ou afugentam os homens dessa sociedade (que ainda estão tentando resolver tudo na conversa) e estupram suas mulheres tomando-as para si (o que é justamente o que está ocorrendo na Suécia, em que a situação do matriarcado já está mais avançada, e olhe que até a parte dos estupros é equivalente visto que A SUÉCIA JÁ É O PAÍS COM A MAIOR TAXA DE ESTUPROS DO MUNDO!), para então enfim destruir a sociedade matriarcal por completo e implantar mais uma vez o soberano patriarcado.

Portanto, chego à conclusão que uma sociedade matriarcal é inviável justamente por existirem sociedades patriarcais (conclusão esta a que você já chegou também). O matriarcado só seria possível se fosse global. Porém, boa sorte em tentar convencer os muçulmanos a adotarem o matriarcado! Sempre haverão sociedades patriarcais, justamente pq elas são superiores as matriarcais no sentido existencialista. Então amigo, no fim das contas eu concordo com você no que diz respeito ao futuro do ocidente, estamos em uma encruzilhada e nenhuma das opções que podemos tomar é agradável.

Finalmente chegamos ao ponto da sublimação feminina. Bem, me parece que você entendeu o que eu queria dizer com que as mulheres não vão sublimar a hipergamia. Quando me referi às mulheres, me referi a uma generalização do gênero, ou seja, a maioria delas. É claro que as mulheres sublimam a hipergamia, mas são poucas (e somente as mais ilustres) e é por isso que há diminuta relevância de contribuições femininas para o progresso de nossa civilização. No entanto creio que me expressei mal quando usei o termo “impulso natural”, pois me referia exatamente à necessidade do impulso sexual. Como grande parte dos homens (betas) passaram grande parte do tempo com a necessidade não satisfeita de seu instinto poligâmico, eles conseguiram sublimá-lo. Logo, a necessidade funcionou como uma espécie de “impulso natural” para estes homens. É justamente essa necessidade, ou “impulso”, que falta às mulheres. Mas sua explicação de que não haveria sublimação mesmo que houvesse tal necessidade também há de ser considerada. De fato, faz muito sentido. Especialmente se levar em consideração essa pesquisa aqui. Lembrando que os homens em geral recebem mais testosterona durante a fase pré-natal. Mas isso não significa que alguns indivíduos do sexo feminino também recebam uma parcela superior desse hormônio, o que resultaria em mulheres mais inteligentes, ou seja, com uma parcela de psique masculina superior as demais, o que facilitaria a sublimação.

Tenho poucas esperanças nas demais soluções que você sugeriu. Para dizer a verdade, basta vermos a evolução para constatarmos que a hipergamia feminina está mais aguçada que nunca. Se no passado ela se voltava mais especificamente para o tipo 1 (usando a classificação que vc elaborou) hoje ela se diversificou mais para os demais tipos. Vejo a mulher moderna como sendo a mais hipergâmica da história. É quase como se a hipergamia delas tivesse se adaptado a cultura moderna. E é por isso que eu tenho poucas esperanças que a erudição e intelectualidade sejam algum dia motivo de apreço de nossas mulheres, muito pelo contrário, acredito que a tendência é apenas piorar nesse sentido, e como você mesmo admite, o esteriótipo do nerd/geek que é rejeitado pelas mulheres permanece com igual força e inalterado em nossa sociedade. Na verdade, fazendo uma confissão pessoal, esse foi e ainda é a minha maior decepção quanto às mulheres, pois nunca fui admirado devido ao meu desempenho acadêmico superior ou a minha suposta maior intelectualidade. Justo o contrário, aprendi da pior maneira que a melhor forma de espantar uma mulher é levar com ela um diálogo intelectual assim como este que estamos fazendo aqui. O pior de tudo é que se você perguntar para elas quais as características que mais lhe chamam atenção num homem, 90% com certeza ira elencar a inteligência entre elas. O que me faz concluir que ou as mulheres possuem um senso afetado do que é inteligência ou que, ao contrário do mito popular, elas mesmas não fazem a mínima ideia do que as atrai em um homem (que é a opção que eu tendo a acatar).

O que me faz chegar ao ultimo ponto abordado aqui que é NA e o masculinismo.

Olha, me decepcionei enormemente com o masculinismo. Na verdade, é importante esclarecer como eu tive contato com ele; foi logo após a perda de meu pai e o termino do meu primeiro namoro, que havia durado três anos. Como você pode notar, eu tinha tudo para virar mais um daqueles garotos misóginos que só fazem colocar a culpa de suas frustrações pessoais no sexo oposto. E é verdade, existem muitos jovens nesse meio (sim, jovens, como eu) que apesar de negarem, são misóginos e nem percebem. Mas esse nem foi o meu maior problema com o masculinismo, pois apesar dos pesares, existem sim alguns membros lá (principalmente os mais vividos e experientes) que não são misóginos. O grande problema do masculinismo é a afiliação política. É fato que o feminismo só conseguiu progredir e difundir-se tanto na nossa sociedade justamente por ser um movimento que se mescla a todos os tipos de correntes políticas, há feministas cristãs, conservadoras, ateias e até comunistas! E é engraçado pq se vc for ver, o feminismo é fundamentalmente oposto a qualquer uma dessas ideologias! Seja pela defesa do aborto, seja por ser de cunho materialista. O que o masculinismo faz é se aliar a uma ideologia política FALIDA e em pleno declínio na nossa sociedade, qual seja a extrema direita, e desse modo invés de comprar uma briga com apenas um inimigo (feminismo) compra com uma legião inteira (que é o pessoal de esquerda e anticonservador)! E é uma pena, pq eu realmente acreditava no masculinismo como um movimento que poderia realmente bater de frente contra o feminismo. E o pior é que você não pode nem falar isso pra eles sem ser execrado e enxotado, chamado de esquerdista e afins. Enfim, me decepcionei muito mesmo, não apenas com isso, mas com várias outras coisas também.

Quanto a NA não ter dado a cara a tapa, existem boatos pela internet que dizem que ele chegou a ser ameaçado, que chegaram a ir na casa dele e o ameaçar e papos assim. Não sei se é verdade, mas o sumiço repentino dele da internet é de fato intrigante. Por isso, e só por isso, eu não o julgo por não ter vindo a público (e mesmo assim é possível achar boatos sobre a sua verdadeira identidade pela internet) como eu acho que ele acabaria irremediavelmente fazendo. Na verdade, assim como você escreveu no seu estudo, eu acho que a obra dele que realmente vale a pena ler é “Como lidar com as mulheres”. Quando li essa obra eu tive uma espécie de epifania que me fez mudar de visão de mundo imediatamente. Talvez isso tenha acontecido por eu ser jovem e ter pouca experiência com relacionamentos e o sexo oposto. Talvez um homem mais experiente no assunto já saiba, mesmo que por mera inferência, a maioria das coisas que ali estão.

Enfim, queria poder dizer mais coisas, mas como já extrapolei o limite, fico por aqui mesmo. Queria levantar mais pontos acerca do seu estudo. Um em especial; o da atração sexual feminina. Tenha uma teoria que se opõe ao que você coloca no seu estudo e que, de fato, as mulheres não possuem atração pelo sexo como um fim em si mesmo, mas sim como uma maneira de massagear o próprio ego através do desejo masculino (oq não invalida a hipergamia, pois quanto mais destacado o macho que a deseja, maior será seu prazer). Talvez eu o faça em outra oportunidade , se você achar pertinente.

Au revoir

20 de Março de 2013

Tema: Hipergamia, Poligamia, Feminismo, Masculinismo, Matriarcado

Patriarcado, Ginocracia, Androcracia, Sublimação

Mensagem: 11.108 caracteres

Resposta: 30.072 caracteres

Caro Reinaldo...

Fazendo vista grossa para o "Vinícius", agradeço mais uma vez por trazer tema tão interessante. Inclusive, antes de abordar esta mensagem, gostaria de comentar aqui alguns pontos que deixei de fora na mensagem anterior por falta de espaço. Também sugiro que leia novamente a mensagem, porque fiz algumas correções. Ter esquecido de um "não" numa certa frase simplesmente inverteu seu significado!

Considerar a Monogamia uma instituição judáico-cristã é no mínimo impreciso. Pra começar, nada há na Bíblia que dê suporte à Monogamia, o judaísmo é original e escancaradamente poligâmico. Foi a Igreja Católica a força motriz da monogamia de nossa civilização, mas isso devido a influência Romana. Pode até ser uma instituição cristã, no sentido do cristianismo histórico extra bíblico, mas nada tem de judáica, e isso só não é evidente porque mesmo em sociedades poligâmicas a maioria dos homens só tem uma esposa. Só os mais abastados ou muito habilidosos conseguem mais de uma.

Não deixa de ser verdade que o enfraquecimento de instituições tradicionais cristãs está claramente relacionada ao enfraquecimento da monogamia e desregulação sexual, no entanto, os maiores movimentos em prol da poligamia são também cristãos, a exemplo do Pro-Poligamy.com.

E outra coisa. É inegável que a maioria dos homens é sexualmente receptivo à maioria das mulheres em idade reprodutiva e sem anomalias perceptivas mais graves. O inverso não ocorre, a maioria das mulheres rejeita a maioria dos homens. Mas não vamos exagerar. Não chega a ser verdade que "...nenhum homem recusa uma mulher nua em sua frente entre quatro paredes, seja ela bonita ou feia, baixa ou alta, gorda ou magra." Quanto a ser alta ou gorda, tudo bem, mas dependendo do grau de feiúra não dá!

Dito isso, passemos para mais algumas observações.

FEMINISMO

Digo que 3 fatores tornaram o feminismo clássico possível. O principal é a SUPERPOPULAÇÃO. Com ela, passa a ser menos interessante para os governos manter as mulheres na condição prioritária de reprodutoras. Tenho certeza que por mais avançada que fosse uma sociedade, se houvesse um contexto de vasta sobra de terras e recursos, pouca população e pouco desenvolvimento, esta concentraria suas mulheres na função de reprodutoras.

A isso se alia a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL por você citada, pois o advento das máquinas minimiza a necessidade da força física, "democratizando" o acesso ao trabalho. Mas veja que sem o fator anterior isso não seria suficiente para tirar o foco das funções reprodutivas, visto que sem uma vasta mão de obra disponível, um vasto mercado consumidor e demais fatores populacionais que tornam a indústria possível, mover as mulheres para o trabalho industrial em pouco tempo causaria colapso tanto na oferta de mão de obra quanto na demanda mercadológica.

Em terceiro, termos o LIBERALISMO. Visões filosóficas e políticas que já vinham sendo desenvolvidas passam a absorver a condição feminina em seu rol de preocupações. Sem esse terceiro fator, que se manifesta de modo mais direto na formulação de leis e nos movimentos emancipatórios, os dois anteriores não conseguiriam resultar em modelos sociais suficientemente aprimorados para garantir direitos e deveres mais equilibrados.

Poucas pessoas sabem, a começar pelas neofeministas, mas entre as primeiras lutas emancipatórias das mulheres, ainda no século XIX, estava a preocupação em reduzir a carga horária feminina, para que elas tivessem mais tempo para se dedicar às suas famílias. Outros se preocupavam em protegê-las das más condições de trabalho, e havia até mesmo aqueles que pretendiam removê-las totalmente do trabalho externo mandando-as de volta ao lar.

Entre outros resultados, surgiram leis para restringir o tempo de trabalho máximo das mulheres, o que teve o inevitável efeito de reduzir também seus ganhos, o que explica a maior parte da diferença de renda que de fato ocorria na virada dos séculos XIX e XX. Diferença esta que ao menos a partir da década de 60 está simplesmente extinta, mas que até hoje vive no imaginário feminista na forma do mito de que existem mulheres que ganham menos que homens apenas por serem mulheres, mesmo quando exercem a mesma função sob as mesmas condições com as mesmas qualificações. Quando o que ocorre é o absoluto contrário.

No Brasil, além de não ser possível achar sequer um único exemplo onde isso de fato ocorra, o que temos é o fato de que elas aposentam 5 anos mais cedo independente de terem sido mães ou sequer casadas. Bem como têm o direito a diversos auxílios maternidade. Feito devidamente as contas, são as mulheres que ganham mais!

Em tempo, não sou contrário aos privilégios femininos. De fato acho que isso é sim justificável em grande parte dos casos. O problema é, com toda uma teia social inequivocamente a favor das mulheres em praticamente todos os aspectos, ter que aguentar a estupidez delirante de que vivemos numa sociedade patriarcal opressora repleta de privilégios masculinos!

MATRIARCADO, PATRIARCADO e ANDROCRACIA

Outro motivo que penso que deveria reler minha resposta à mensagem anterior é que penso que deixaste escapar alguns aspectos, em especial minha insistência na distinção entre o âmbito privado do Matriarcado e o público da Androcracia.

Com isso, insisto que jamais houveram sociedades matriarcais nesse sentido público. Ao menos, claro, até onde nossos conhecimentos históricos e arqueológicos alcançam. Existiram, e ainda existem, tribos matriarcais, aldeias ou clãs. Mas uma sociedade, entendida como uma população que reúne centenas de clãs distintos organizada em torno de uma cultura comum, com uma configuração matriarcal é algo que ainda habita o imaginário.

Mas vou mais além. No que se refere a civilizações, não pode haver matriarcado social. Não podem existir civilizações matriarcais, embora elas possam, sim, ser ginocráticas, mas somente se a configuração privada for patriarcal ou ao menos algo não exatamente matriarcal.

Para entender isso é preciso estudar o que caracteriza uma família matriarcal, que se baseia na matrilinearidade, isto é, a transmissão hereditária das propriedades pela linhagem feminina, de mãe para filha, e a alienação paternal, onde os homens, vivendo em promiscuidade com as mulheres, não sabem ou não se importam em saber quem são seus filhos.

Recomendo a leitura de um livro chocante, realmente perturbador em muitos aspectos, e do qual discordo de muita coisa, mas cuja visão penetrante a análise impiedosa merecem ser examinadas com cuidado. Trata-se da obra THE GARBAGE GENERATION, que não só é inédita no Brasil mas difícil de encontrar até mesmo em seu país de origem, e seguramente é vítima de uma rigorosa censura nos meios editoriais, por ser absolutamente fatal para as agendas progressistas.

Citei esse livro para creditar devidamente a frase que diz que, na sociedade americana atual, "O Matriarcado é o Gueto"! O autor analisa tribos matriarcais ainda existentes em vários locais do mundo, e o que se vê é que a maioria dos homens pouco ou nada fazem, praticamente parasitando o trabalho feminino ou simplesmente trabalhando apenas para si próprios. Ao contrário do que as as vítimas de Complexo de Paraíso Perdido podem achar, esse contexto nada é benevolente para as mulheres, que além da sobrecarga de ter que produzir para si e para a prole, não tem garantia alguma da cooperação masculina, e proteção alguma contra a violência.

Elas podem contar com homens que as ajudem e protejam voluntariamente, parentes ou mesmo amigos, mas não há instituição social que garanta isso. Somente o advento do Patriarcado, com a patrilinearidade e pacto social implícito, isto é, que o homem passe a trabalhar em benefício das mulheres e da prole em troca da exclusividade reprodutiva sobre suas esposas, é que torna possível o desenvolvimento social.

Sem isso, os homens estão reduzidos a condição selvagem, sem compromisso algum, suas taxas de mortalidade são altíssimas, pois vivem de competir uns com os outros ou se afastam do convívio social. Não a toa, estima-se que somente após o surgimento da agricultura, já num contexto patriarcal, a maior parte dos homens passou a ser capaz de reproduzir, em especial devido a crescente tendência monogâmica das sociedades mais organizadas, enquanto antes somente uma minoria conseguia fazê-lo.

E isso ainda num sistema que permite a poligamia, pois a maioria dos homens ainda terá relações monógamas ou no máximo bígamas. O monogamia institucionalizada apenas irá eliminar oficialmente formações familiares que já são minoritárias. Até o Islã restringe a Poligamia a no máximo 4 esposas.

Em suma, embora haja matriarcado privado, no âmbito familiar, num âmbito social mais amplo é dificílimo que possa ter existido uma Sociedade Matriarcal, até por ser essa tendência a mais próximo ao estado natural, ao passo que o desenvolvimento cultural fatalmente envolve a canalização dos impulsos selvagens masculinos num força civilizatória, casando a consciência do papel reprodutivo masculino com o pacto social.

Até em termos freudianos é fácil identificar o Patriarcado com a Sublimação, e consequentemente, a Civilização.

MATRIARCADO, PATRIARCADO e ANDROCRACIA II

Autora daquilo que é tido como o mais misógino livro de todos os tempos, Esther Villar, disse que "O Mundo É um MATRIARCADO onde os Homens Brincam de Patriarcas." Embora eu tenha minhas resalvas, acho que há muita verdade nisso. Realmente acho que o nosso sistema familiar privado É Matriarcal em sua maior parte. Isto é, cabe a mulher o domínio do lar, o controle das finanças da casa, as escolhas educacionais dos filhos, até mesmo as viagens em família. Em caso de divórcio, é mais que óbvio que tudo fica sob controle prioritário da mulher. Todos os elementos legais estão a favor dela, e até mesmo as volições culturais.

A grande maioria dos homens aceita isso de bom grado. Delega à esposa a autoridade sobre essa dimensão privada da vida. Quase sempre são elas que decidem tudo, desde o local onde vão morar até a decoração. Os homens, então, trabalham para sustentar esse modelo e isso realmente não mudou.

Isso ocorre porque o Patriarcado funciona no âmbito público, tornando a sociedade funcional, para assim garantir o matriarcalismo reinante no âmbito privado. Somente nos casos de maridos violentos e opressores isso funciona de um modo diferente, havendo sim casos terríveis de abuso e submissão, mas se você pensar bem nem isso muda o fato de que, EM PRIMEIRO LUGAR, foi a mulher que escolheu esse homem, e frequentemente continua escolhendo.

Grande parte do problema atual acontece porque esse matriarcado privado está invadindo a esfera pública mas o patriarcado não está penetrando a esfera privada. O fato de mais mulheres assumirem postos de poder, mais políticas feministas serem aplicadas e mais e mais privilégios femininos serem expandidos não está sendo compensado por uma maior participação dos pais na esfera privada. Pelo contrário. A paternidade está sob um ataque devastador, inédito na história.

Na verdade, mesmo antes, nas sociedades mais tradicionais e nos períodos mais patriarcais da história, as mulheres sempre tiveram um grande poder privado, mas os pais ao menos tinham uma presença forte em casa, em especial como figura a orientar os filhos. O drama de hoje é que quase metade das crianças não tem um pai presente, e muitos sequer tem um remoto.

Isso é especialmente grave no caso dos meninos, que na falta de uma figura paterna triplicam a probabilidade de se envolverem com o crime, depressão, drogas ou suicídio, e crescem se tornando adultos disfuncionais que só irão engrossar as estatísticas de homens mal comportados e violentos. A falta de referência masculina tende a levar muitos a buscar valores masculinos na rua, onde o mais proeminente de todos é o gangster, muitos então irão emular comportamentos de machos alfa e com isso conseguir acesso privilegiado a mulheres, que os escolherão para se tornarem maridos abusivos e dar razão às políticas que demandam mais e mais proteção à mulher.

Esse circulo vicioso é difícil de ser quebrado e somente os segmentos religiosos tem tido algum sucesso em fazê-lo em larga escala.

Eu ainda preciso elaborar melhor isso, e desenvolver uma teoria mais detalhada, mas ao usar o termo Androcracia, quero dizer que esse patriarcado social frequentemente faz a nível público e exponenciado aquilo que deveria antes fazer a nível privado e restrito, isto é, ao invés de se preocupar com o desenvolvimento e a competição, por vezes violenta, entre as nações, deveria antes se preocupar com o desenvolvimento e a educação das crianças, em especial dos meninos.

Note que praticamente todo o nosso sistema educacional, há séculos, é completamente controlado por mulheres, o que é só mais um exemplo de como o matriarcado se move do privado para o público. Penso que deveria haver uma maior participação direta de homens nesse processo, pelo simples fato de que mulheres podem fazer muitas coisas, mas elas não podem ensinar meninos a serem homens.

O que eu tive maior esperança era ver que à medida que as mulheres avançassem no campo público, os homens mais iriam penetrar no privado e no educacional. Os meninos precisam de orientadores masculinos, capazes de passar-lhe aquilo que só os homens sabem, ser homem num mundo em que devem viver em função das mulheres.

Já observou que apesar de serem as mais vulneráveis à violência e ao perigo, as mulheres são péssimas em termos de segurança? Mesmo sendo as vítimas preferenciais dos assaltantes, são justo elas que conseguem andar na rua sem perceber movimentos suspeitos ao redor, e caminham diretamente para o carro ou a casa, mesmo numa noite escura, e só depois de pararem em frente à porta vão passar uma hora procurando a chave dentro da bolsa, aumentando espantosamente sua vulnerabilidade.

Quase sempre homens pressentem o perigo com mais antecedência, quer seja a ameaça de outros homens, de animais ou mesmo dos elementos da natureza. Por nenhum outro motivo os homens sempre foram os responsáveis pela segurança da civilização, e SEMPRE SERÃO!

Claro que já exceções dos dois lados, tanto mulheres que tem essa qualidade protetora quando homens que não as tem, mas o mundo é sempre orientado para o geral, não para o excepcional.

Uma educação que tente inverter esses papéis está fadada ao fracasso, e só não é pior porque é praticamente impossível evitar que os meninos espontaneamente não desenvolvam toda uma dinâmica que privilegie atitudes tipicamente masculinas como capacidade de reação, disposição para ação, coragem, ousadia etc, que se mal canalizadas terminam por resultar no contrário do que deveriam.

O desmantelamento de tais predisposições, claramente inatas, pela falta de uma apoio cultural forte a tais qualidades pode ter várias consequências, sendo a pior delas que, pela má orientação, a Androcacia acabe fazendo mau exatamente aquilo que o Patriarcado deveria garantir, que é a segurança, ao ponto de se manifestar em políticas públicas de péssima qualidade que só fazem aumentar a criminalidade.

Por mais que se desenvolva socialmente, o Brasil tem tido crescimento nas taxas criminais, o que mostra que a falha estrutural é algo mais profunda, e de certo está ligada a essa derrubada do correto papel do patriarcalismo.

HIPERGAMIA E INTELIGÊNCIA

À medida que cresce o predomínio feminino nas universidades (elas são quase 60% a população universitária mundial), creio que o desvio de foco hipergâmico para a intelectualidade funciona sim. Ter um bom nível intelectual pode ser pouco ou nada útil na balada ou no carnaval, mas no ambiente universitário ajuda bastante. É preciso focar o contexto. Intelectualidade e erudição serão completamente contraproducentes no Baile Funk!

O que não pode é achar que isso só basta, porque nada substitui a habilidade em dialogar e se comportar perante as mulheres.

Mulheres realmente inteligentes raramente aceitam se relacionar com homens menos inteligentes que elas, o problema é que o fato de ser universitária nada garante que alguém realmente esteja de fato inserido num contexto intelectual. O que tem de universitários imbecis neste planeta é assustador, mas ao menos existe um ponto de contato que pode ser explorado e intensificado.

Pode-se notar uma dramática diferença, por exemplo, entre o universo da graduação e o da pós-graduação, bem como entre os cursos em si. Não sei como é na Economia, mas na Filosofia as mulheres, que são cerca de 1/3, são bem inteligentes, e ao menos na UnB, muito bonitas! Na Sociologia elas são mais numerosas, mas frequentemente menos interessantes, principalmente devido à lavagem cerebral que o Determinismo Cultural empurra goela abaixo dos alunos. Na Psicologia as mulheres são maioria, e muuuuitooo mais interessantes!

Digo tudo isso de experiência própria, já consegui dois casamentos na universidade. Embora nem minha ex nem minha atual sejam de nenhum desses supra citados cursos. Ao menos em 3 de meus relacionamentos minha intelectualidade foi decisiva, embora eu também tenha amargado uma decepção quando fui "assediado" por uma bela moça, ainda por cima rica e que desfilava de carrão, mas como eu já era casado dispensei. Teria sido bom pro orgulho intelectual não fosse o fato de depois de desistir de mim, a beldade resolveu cair em cima de um sujeito que era, nesse quesito, pura e simplesmente minha antítese! Se bem que ela acabou casando com um cara um pouco mais parecido comigo.

Ah. E é bom lembrar que tudo isso se deu num universo supostamente "nerd"!

Mas é preciso também entender o que se quer dizer por inteligência num sentido mais geral. Ora, geralmente o galanteador experiente, aquele realmente bom de papo, consegue se passar por inteligente. É uma das melhores estratégias de sedução, bem como é um evidente sinal de inteligência linguística e sobretudo controle emocional.

Se lhe faltou o devido reconhecimento, penso que isso pode ter ocorrido por um problema de localidade indevida. Talvez num outro local isso fosse diferente, e ademais, com o crescimento cada vez maior do Nerd pride, a situação tende a melhorar significativamente para os nerds que consigam desenvolver dons de sedução, mínimos que seja, pois as meninas, por mais que tenham aumentado nessa tribo, ainda são minoria, e a maioria dos rapazes são largamente incompetentes. Não a toa a maioria delas são namoradas de alguns deles.

E eles tem que aproveitar agora, porque já há alguns "malas" se infiltrando no meio! Por que sabem que lá as moças são relativamente menos difíceis, até porque sua hipergamia não é afetada. As moças nerds, quando se interessam por algum rapaz do meio, é quase sempre um que já mostrou serviço, tendo namorado outra.

Mas voltando, quando as mulheres falam na inteligência que elas valorizam de certo se referem a habilidade em se comunicar bem e tocar em assuntos práticos. Uma coisa segura é que a maioria das mulheres não se interessa por temas abstratos e teóricos. Elas valorizam sim a inteligência, mas desde que claramente pragmática e diretamente voltada para lidar com o mundo cotidiano, principalmente em temas psicológicos e de relacionamento.

É como disse a conservadora Phyllis Schlafly: "Homens são filósofos, mulheres são pragmáticas, e assim sempre foi. Homens podem filosofar sobre como a vida começou e para onde vamos; mulheres estão preocupadas em alimentar os filhos agora."

MASCULINISMO E ANONIMATO

Tens toda a razão. Em geral os masculinistas nem sequer conseguem configurar uma direita decente, se deixando contaminar por toda sorte de reacionarismo ao ponto de flertar com o Criacionismo! E ao mesmo tempo que usam Psicologia Evolutiva! Isso é simplesmente insano!

Ainda mais estranho, e aliás acabei de dizer isso aqui, é a incapacidade de correlacionar Economia e Sexualidade, que sofrem, ambas, de concentração na mão de privilegiados na ocorrência de desregulação. A Monogamia, que a regulação da sexualidade, bem como leis rígidas de casamento, divórcio e guarda de filhos, mantém as oportunidades mais igualitárias para todos, enquanto sua desregulação privilegia os alfas, e as mulheres.

Analogamente, se considerarmos as mulheres como as riquezas do mercado de relacionamento, as desregulação da economia faz a mesma coisa, permitindo aos privilegiados concentrar mais e mais recursos em detrimento da maioria. E evidentemente as duas coisas estão interligadas, quanto mais dinheiro, e poder, mais oportunidades um homem pode ter. A única coisa que evita que as duas coisas se tornem uma é a monogamia. Assim que a poligamia for oficialmente permitida, os homens ricos terão várias esposas.

Apesar de tudo isso, esses masculinistas, em sua incrível ingenuidade, fazem uma defesa do capitalismo e atacam estados reguladores justo quando é somente uma força coerciva externa que pode exercer poder ordenador num cósmico complexo de relacionamentos.

Estranho, visto que a esquerda merece severas críticas, mas quem não diferencia movimento gay, abortismo, marcha das vadias ou da maconha, da primordial luta pelos direitos da classe trabalhadora, nunca conseguirá distinguir coisa alguma.

Mas a meu ver o problema maior dos masculinistas é o anonimato. Em Heróis de Direita X Heróis de Esquerda eu explico porque penso que a tendência dos direitistas a serem anônimos pouco ou nada tem a ver com preocupações com segurança. Temer um matriarcado opressor ou que as feministas irão a sua porta te linchar é tão tolo quanto inexistente. O máximo que já aconteceu até hoje foram protestos em eventos públicos, como este contra Warren Farrell, onde qualquer anonimato seria impossível.

Até tive uma discussão interessante com um famoso "guerreiro da Real" sobre isso, e note que afinal o anonimato não protegeu os casos por ele citados, bem como não o protegeria de uma ação da polícia federal, por exemplo, podendo até piorar.

Uma coisa seria eu de repente começar a ter meu nome associado a algum tipo de crime, e eu apenas ter que dizer que jamais me envolvi em tal coisa visto que tenho anos de material para mostrá-lo, bem como sou transparente para todos os que me conhecem. Outra totalmente diferente é alguém ter seu nome associado a crimes, e além de explicar que não é responsável por eles, ainda ter que explicar porque durante anos usou um pseudônimo sob o qual publicava coisas que seus conhecidos desconheciam, mas que tais opiniões nada tem a ver com os tais crimes, ainda que possam parecê-lo.

Penso que a transparência é a melhor defesa. A obscuridade só torna a coisa pior, visto que se ocultar por trás de pseudônimos é algo que um anônimo inofensivo tem em comum com criminosos.

Outro ponto é que assumir publicamente as próprias opiniões é a melhor forma de aperfeiçoá-las e fortalecê-las, visto que a responsabilidade te obriga a arcar com suas declarações, obrigando-o a torná-las defensáveis. O anônimo, por outro lado, não tem responsabilidade alguma, e pode ser dar ao "luxo" de argumentar mal e pseudo sustentar-se de forma precária, visto que não precisa arcar com suas colocações pessoalmente. Isso pode condená-lo a perpétua imaturidade intelectual.

O desastre final é se associar, ou mesmo se tornar, uma ideologia específica que passa a ser defendida por meio de militância.

Militante não pensa, sua função é agir para implementar o que o ideólogo pensou. Quando chega nesse nível, com uma doutrina com dogmas cristalizados, é difícil seguir algo de útil.

NESSAHAM ALITA

Se Nessaham Alita realmente sofreu retaliações, isso mais uma vez só demonstra que o anonimato foi inútil, além do fato de que ninguém pode impedir que outro autor mal intencionado comece a publicar material realmente ofensivo usando esse pseudônimo, mergulhando-o de vez em difamação irreversível.

Mas sempre digo que NA lava a alma do homem sofredor. É realmente muito difícil, após um mínimo de experiência amorosa, não concordar com muito do que ele diz. Por sorte, eu já havia chegado à percepção semelhante há uns 25 anos atrás, ainda antes da idade adulta. Pelo linguajar dos masculinistas, posso dizer que já havia caído na Real antes do surgimento da internet. Em grande parte, por ter depoimentos constantes de pegadores impiedosos, que quanto mais bem sucedidos, mais desprezavam as mulheres, e ter sentido na pele o que é estar no segundo grau em plena puberdade e ver suas colegas de idade saindo com marmanjos bem mais velhos que já tinham carro e renda própria.

Mesmo assim, eu nunca consegui ter uma raiva generalizada das mulheres, até pelo contrário, mesmo porque nunca tive muitos problemas em lidar com elas. Nunca fui pegador, mas minha facilidade em lidar com os mais diversos tipos de mulheres sempre me abriu portas. Sempre consegui ser simpático, e por vezes era o único capaz de me relacionar bem com certos tipos mais problemáticos. Aliás isso se aplica a homens também. Já levei fama de pegar a chefe, que por sinal era bonita mas insuportável, por ser o único que conseguia domar a fera.

Por tudo isso, quando finalmente li Nessaham Alita não fiquei realmente surpreso, exceto pelo modo poético e único com que ele desenvolve seus conceitos. A tal de "deusa demônio" nunca saiu da minha cabeça!

SEXUALIDADE FEMININA

Sua idéia é basicamente uma das colocadas pelo NA, de que embora as mulheres tenham algum gosto por sexo, este seria sempre contaminado, e mais determinado, por outros impulsos, inclusive egóicos. Mas é exatamente o que questionei em Atração Idólatra.

Entendo perfeitamente essa confusão porque é da natureza da feminilidade e fusão sintética de coisas. Eu até digo que essas contaminações podem ocorrer com os homens sim (Não há um apelo de contar para os amigos e até comparar escores?), mas o Masculino consegue separar com mais facilidade. O Feminino, funde, mistura, torna os entes menos discerníveis.

Apesar de tudo isso, tenho também uma outra idéia que preciso explorar melhor, mas que poderia ajudar a dirimir essa dificuldade. É que eu penso que boa parte dessa noção da baixa libido feminina pode resultar de uma confusão entre a desejabilidade pelos homens, e a desejabilidade pelo prazer sexual em si.

Ocorre que são coisas perfeitamente discerníveis, e podemos começar observando os próprios homens. Ora, você já imaginou se no meio de uma relação sexual empolgante um homem decidisse simplesmente retirar o pênis e passar a se masturbar para aumentar o prazer? É praticamente impensável, mas com as mulheres acontece regularmente, o que pode ser visto mesmo em filmes. Isso mostra que o prazer delas é muito mais voltado para si próprias do que para a interação com o parceiro.

Dito de uma forma mais grosseira, as mulheres gostam de sexo sim, o que talvez eles não gostem muito é de homem!

Não é curioso que nas Sex Shops existam incontáveis pênis artificiais, vibradores, bolinhas etc, voltadas para o prazer feminino, e pouquíssimas vaginas artificiais voltadas para o masculino?

Isso ocorre porque para os homens, parece que o prazer em si é bem menos relevante. Pergunte a si próprio o que você prefere: transar com uma bela parceira e ter um maravilhoso orgasmo, ou transar com 10 belas sem gozar nenhuma vez?! E o que você acha que uma mullher responderia a uma questão equivalente?

Há motivos fisiológicos. O prazer masculino está totalmente associado a penetração, visto a sensibilidade da glande. Já o feminino é frequentemente clitoriano, sendo mais estimulado por outras abordagens que pela penetração vaginal em si. Também, ocorre a muitas mulheres se masturbarem sem pensar em homens ou mesmo numa relação sexual em si, concentrando-se apenas no prazer. Algo quase inimaginável aos homens, que não podem ter outra coisa além de mulheres em mente ao praticar o esporte solitário.

Creio que isso, somado a outros fatores, em especial a hipergamia, e à própria tendência sintética da feminilidade pode ser usado para esclarecer o quadro. Mas devo trabalhar melhor nessa idéia.

O ÚLTIMO HOMEM

Finalmente. Um dos motivos por eu ter demorado a responder essa mensagem foi que decidi ler primeiro o Y: The Last Man. Algo que já havia me sido cobrado.

Bem. Tive uma experiência bem ambígua da série. É deveras empolgante em muitos momentos, há muito o que apreciar, o autor estudou bastante questões de gênero e expôs muitos temas que eu adoraria ver largamente debatidos. Se virar um filme de sucesso, já posso imaginar o quebra pau que haveria entre as feministas e anti-feministas, pois a estória possui elementos que podem ser tanto tido como misóginos quanto misândricos, bem como favoráveis ou contrários ao feminismo.

Mas também acho que há muitos problemas.

Para começar o estilo por demais Anime Harem da estória. (Ignore as versões inglesa e portuguesa desse verbete, são um lixo!) Um gênero de manga / anime onde um homem comum, do tipo que jamais faria muito sucesso com mulheres, acaba numa certa situação convivendo com várias delas, mas acaba não pegando nenhuma, em geral por ter alguma fixação por apenas uma delas, e vive apanhando. Aliás a influência nipônica é flagrante na série. Tem até mulher com tapa-olho! Coisa típica de japonês!

Tudo bem que não tinha que ser um pegador mala, mas sejamos objetivos. Não era óbvio que, para o futuro da humanidade, ele deveria ter sido colocado para trabalhar de imediato?! Mesmo que mantivesse seu delirante sonho de ir buscar uma remota namorada do outro lado do mundo, é ridículo que mantivesse um tipo de compromisso de fidelidade numa situação daquelas. Mais bizarro ainda tantas mulheres parecerem aceitar esse compromisso com tamanha naturalidade. E isso tudo pra no final dar no que deu!

Apesar de simpático, tem horas que o protagonista é muito irritante. Até entendo ele ter intervido quando as amazonas pichavam o obelisco. Acho que eu reagiria de forma parecida, mas aquela dele implicar com a presidiárias foi ridícula. Pior ainda a reação patética com a dominatrix.

E essa de ficar cheio de melindres com as mulheres, agindo como menininha que não quer ser assediada... Se bem que também já vi coisa parecida em seriados americanos. Mais especificamente num episódio de Sliders chamado Love Gods, onde num universo paralelo quase toda a população masculina havia desaparecido, restando umas poucas centenas de homens isolados em centros de reprodução. Um dos heróis, após quase morrer num acidente, e salvo por uma bela mulher que o acolhe e cuida dele com todo carinho, e em troca pede apenas uma chance de engravidar, e o IMBECIL, que é hétero e nem sequer tem uma namorada, fica num dilema moral!!!

Se bem que Sliders é claramente comprometido com o Determinismo Cultural, visto que em seus universos paralelos há mudanças incrivelmente arbitrárias, que ignoram toda a base física e biológica, a ponto de em um os semáforos serem de cores invertidas, como se não houvesse uma associação espontânea do vermelho, cor do sangue, ao perigo. Há até um episódio onde os papéis de gênero são invertidos.

Mas voltando ao Yorick, de Y: É estranhíssimo que ninguém tenha sequer pensado em coletar esperma dele!

Até penso que mais interessante seria exatamente trabalhar essa idéia, a reversão de tal fetiche masculino, ao ponto de que sua obrigação em repovoar o planeta se tornasse se não tediosa, até mesmo desesperadora. Mas tudo bem que o autor tenha preferido explorar o outro lado, só acho que o fez com seriedade vacilante.

Também penso que o autor concebeu a crise imediatamente posterior de modo paradoxalmente equivocado. Embora decerto fosse uma tragédia terrível, penso que a ordem social caiu rápido demais. Ocorre que em praticamente toda a cadeia de comando, e todos os postos de segurança, há mulheres. Não vejo porque a organização do estado se esfacelaria tão rapidamente. Ao mesmo tempo acho que o autor subestimou o número de mortes por acidentes e o de suicídios.

Curioso que ele tenha frisado tanto a falta de energia mas não a de água, que não só quase sempre depende da energia, como ainda por cima exige muito mais manutenção masculina bruta. Sistemas de energia podem funcionar semanas, até meses, com pouca ou nenhuma manutenção. Mas produção de água não passa sequer um dia sem trabalho manual pesado e constante. Trabalho nisso!

Também achei terrivelmente exageradas as Amazonas. Acredito que elas surgiriam sim, mas não em tão grande número e com tanta força. E ainda por cima acreditando no ridículo mito de que amazonas cortavam os seios! Algo que não passa de uma invenção totalmente infundada que se baseia apenas em grotesco erro de tradução.

Mesmo cooptando um segmento mais agressivo e forte de mulheres, duvido que elas conseguiriam se organizar e causar tanto estrago tão rapidamente. A reação das mulheres que perderam maridos e filhos diante dessas odiadoras de homens não me parece que seria das mais passivas. Lembrando que esse tipo de mentalidade Feminista Amazônica que de fato existe, é marginal demais para se consolidar e se fortalecer tão rápido.

Exagerada também a escassez de comida, considerando que os homens comem muito mais que as mulheres, e que as fêmeas, mulheres inclusas, produzem leite. Outro ponto no qual ninguém tocou. Lembrando que houve também um enorme morticínio de mulheres, o consumo de alimento cairia, creio para cerca de 1/3.

Por outro lado, embora eu pense que as consequência imediatas seriam menos drásticas que as mostradas, exceto os cadáveres que, penso, gerariam uma problema muito maior do que o mostrado, creio que a civilização demoraria muito mais para recuperar sua forma anterior. A escassez de engenheiros, técnicos, cientistas, etc, demoraria muitas décadas para ser compensada. A infra estrutura tecnológica entraria em recessão intensa, até porque teria que primeiro organizar a agricultura e indústria de base, o que por si só já seria um enorme desafio.

Também não vejo sentido algum na idéia de guerras travadas pelas sobreviventes. Aliás nem fica claro se isso de fato aconteceu na estória ou foi somente mais uma das mentiras daquela israelense maluca. Mas acho bem pouco provável. Para manter exércitos operantes não são necessários somente soldados e comandantes, mas toda uma linha de produção capaz de abastecê-los.

Algo que acho bastante interessante é que penso que surgiria sim um segmento feminino que assumiria funções masculinas, o que poderia terminar levando a uma dicotomia praticamente equivalente, com mulheres masculinizadas ao melhor estilo das lésbicas truckers. Elas assumiriam os trabalhos pesados e perigosos, e com isso poderiam terminar por replicando a demarcação de papéis sociais distintos. Mas acho que isso demoraria bem mais tempo. Primeiro teriam que levantar a mineração, a indústria pesada, a extração de recursos energéticos, etc.

Mas penso que o pior de tudo foi a explicação para "A Praga" em si.

Minha Deusa... Que idéia ruim! Até entendo que o autor preferia deixar um tanto aberta a explicação, no pior estilo LOST, mas se assim fosse, melhor não ter deixado como aparentemente mais provável aquela idéia adiantada logo no primeiro capítulo, de que a natureza decidiu eliminar o cromossomo Y no momento em que a clonagem humana foi enfim obtida.

Céus... Que bizarrice! Absoluta falta de respeito com os mais primevos conceitos de evolução e biologia, numa série que evidentemente deveria pagar algum tributo ao pensamento científico. Antes fosse uma explicação sobrenatural. Preferia mil vezes que tivesse sido mesmo o tal do Amulet of Helene e que o rapaz e o macaquinho tivessem sido protegidos pelo anel mágico.

O final também é horrivelmente frustrante.

FINALIZANDO

Mais uma vez, Reinaldo, obrigado pela mensagem. Coincidiu com uma série de pesquisas e reflexões que estou fazendo atualmente sobre o tema, e como deve ter notado, me deu oportunidade de expressar isso um pouco antes de lançar em textos mais analíticos.

Relembro que na realidade eu tinha lhe autorizado a enviar uma mensagem acima do limite, até porque pretendia já respondê-la em página à parte, portanto, se quiser trazer novas questões, esteja à vontade.

Amigavelmente
25 de Março - 2 de Abril de 2013