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Marcus Valerio XR

Terceira Mensagem de

André Maximiano Serpa

sobre o site
CRITICANDO KARDEC

Recebida em 13/01/05, publicada em 21/01/05

andremserpaig.com.br

Meus comentários estão em CIANO, após o texto.

Resposta às Mensagens I e II de Júlio Siqueira:

Caro Júlio Siqueira:
Primeiramente, gostaria de esclarecer que se te chamei de espírita foi em razão dessa afirmação ter sido feita pelo Marcus Valério, como na resposta a Paulo César na Mensagem 372.
Sinto também, pela análise de suas palavras, que te magoei, quando afirmei o seu despreparo na elaboração do site Criticando Kardec. Não teria como saber dos seus cursos e esforços empregados em todo seu processo de aprendizagem. Em vários momentos eles não estiveram presentes em sua crítica. Acho que talvez, o mesmo ideal que o moveu em seu ataque a Kardec, esteve presente comigo, porém de forma contrária, em sua defesa. Não estou anulando meus comentários anteriores os quais, acredito eu, foram corretamente embasados, mas somente reafirmando que talvez tenha, por vezes, usado um pouco mais de paixão em minhas palavras. Até porque é uma grande mentira achar que as pessoas escrevam com TOTAL imparcialidade. Por isso, peço-lhe desculpas e reitero meu respeito a ti. Agora, indo ao que importa aos demais leitores, gostaria de fazer alguns comentários relacionados às suas duas mensagens.

1- Conforme disse anteriormente o trecho de Prolegômenos não apresenta relação obrigatória com a questão 196, embora ambos figurem em O Livro Dos Espíritos. Portanto, toda a crítica por ti elaborada nesse aspecto, inclusive a ironia que você diz ter descoberto, caem por terra. Destaco que o Marcus Valério concordou comigo, como você deve ter visto.

2- Concordo com você em sua reflexão a respeito da estagnação da ciência espírita. Realmente estamos comendo moscas e essa também é uma bandeira minha. Mas isso tem uma explicação histórica. O Espiritismo surgiu na França no século XIX e lá encontrou adeptos muito afeitos ao estudo prático e ao questionamento filosófico. Porém, pouco se extraiu de conseqüências morais pelo estudo da revelação. Como a finalidade mestra do Espiritismo é a melhoria do ser humano em todos os aspectos, inclusive em seu caráter e conduta de vida, à luz do ensinamento moral fornecido pela religião, o eixo central dessa doutrina foi transportado pela espiritualidade para o Brasil. Nessa nação de povo acolhedor, solidário, sem tantos preconceitos como em outras localidades do globo e, principalmente, muito receptivo aos valores da fé e esperança, é que foi depositado o cerne desses ideais. Todavia, essa mesma religiosidade característica, muitas vezes carregada de excessos, misticismos e autoritarismos presentes no consciente e no subconsciente dos arcabouços mentais de seu povo, gerou uma valorização excessiva da vertente religiosa em detrimento da filosófica e principalmente da científica.

É preciso levar em conta também, que somente em tempos recentes, o meio acadêmico, fonte primária dos grandes avanços e descobertas, tem se despido do preconceito e permitido estudos e experiências ligados às questões transcendentais. Sem contar o grande preconceito da própria sociedade em relação aos seus adeptos. Se ser espírita já era difícil, imaginem fazer ciência espírita?! Vasculhem os arquivos ou consultem os trabalhadores mais antigos das casas espíritas de algumas décadas passadas. Conhecerão histórias escabrosas no que diz respeito à discriminação.
Uma outra grave questão é a falta de recursos financeiros. Aí temos um problema. Como somos adeptos do "daí de graça o que de graça recebeste", ou seja, não temos dízimo, contribuições obrigatórias e ainda somos, corretamente, impedidos de cobrar pelo trabalho mediúnico, muitos de nós ainda se furtam a espontaneamente ajudar a causa. Os parcos recursos que temos, os direcionamos a assistência social, construção de creches, asilos, hospitais, etc... mas quase nunca, os direcionamos para a construção de escolas e para a pesquisa científica. Mentalidade errada, pois que, educar e fomentar conhecimento também são auxílio fraterno, tão ou mais importante que as outras formas de ajudar.
Felizmente, algumas pessoas estão correndo atrás do tempo perdido como é o caso de Dora Incontri, jornalista e doutora em pedagogia, que está iniciando a 1a turma de Pós-graduação, abrindo espaço, portanto, para os espíritas na universidade (Univ. Santa Cecília em Santos-SP). Mas especificamente tenho notícia do Dr. Sérgio Felipe na USP, com trabalhos publicados e também cursos ministrados, além do projeto de criar a UNIESPIRITO. Hernani Guimarães também publicou trabalhos. Mas realmente é pouco. Esperamos melhoras.

3- "Deus: A ortodoxia científica não quer se posicionar a respeito. Sendo bastante prudentes, diríamos que é uma questão ainda em aberto (é um dos, senão o maior, questionamento de todo ser dotado de racionalidade!). Em uma última e radical análise, ninguém pode afirmar sua existência ou inexistência".(meu)

"Ou seja, você mesmo está afirmando que não é algo científico dizer que Deus é cem por cento comprovado". (Júlio Siqueira)

O que eu disse, é que em uma última e radical análise, se não se pode dizer que Deus existe, também não há nada que prove que Ele não exista. Infelizmente, o que tem acontecido, é que a ciência ortodoxa tem afirmado a sua inexistência. Alguns abertamente, outros mais veladamente. O próprio Kardec afirmou que é uma condição indispensável para o entendimento do Espiritismo, a prévia aceitação de Deus. Assim, não há nada de contraditório nessa premissa básica. Caso você afirme que ela é mal resolvida, também diria que é para ciência ortodoxa. Afinal, se não há Deus, quem criou o Universo? Como ele surgiu? Por quê ele surgiu? Para que ele surgiu? Por que estamos aqui? Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? O que é o nada? A ortodoxia pode até apresentar algumas respostas, mas certamente elas não são conclusivas e inquestionáveis. Ontem mesmo (12/01/2005), em seu último noticiário noturno, a Rede Globo noticiou que a NASA lançou um foguete de exploração que irá colidir com um cometa, penetrando o equivalente a quinze andares de um prédio, para a partir da análise do seu interior obter conclusões básicas a respeito da formação do Universo.

4- "(...) e tenho uma minunciosíssima reavaliação de um caso de reencarnação de Ian Stevenson onde demonstro a validade dos métodos de Stevenson e de suas conclusões pró-reencarnação".(Júlio)

Afinal, se os métodos do pesquisador são válidos, o que mais precisa para comprovar cientificamente a reencarnação e conseqüentemente a sobrevivência da alma? Notem que aceita a primeira não tem como negar a segunda. Serão necessários a materialização de um espírito num laboratório de cada universidade importante do planeta com dia e hora marcados?

5- Quanto à pluralidade dos mundos habitados, você, Júlio, questionou as descrições de vida em outros planetas do Sistema Solar na Revista Espírita e no Livro dos Espíritos. Certamente não as li todas, especialmente as da primeira fonte, contudo, o entendimento do conjunto da obra nos mostra claramente que essas civilizações não se encontram necessariamente no mesmo plano, ou se preferir, no mesmo grau de materialização que nós. Portanto, não quer dizer que se formos até esses locais encontraremos esses seres. A ortodoxia também não nega a possibilidade de ter no passado, ocorrido formas de vida nesses locais. Pelo contrário, muitos estudos têm sido feito nesse sentido.

Ah! Mas o Espiritismo não comprova todas essas afirmativas cientificamente. Sim. Mas se ele for sempre esperar a confirmação pela ortodoxia, não será mais Espiritismo e sim Ciência Ortodoxa!
Alguns exemplos interessantes:

-A ortodoxia do final do século XX fala da teoria das cordas, afirmando que o que fornece as diferentes apresentações da matéria é o nível de vibração de seu elemento primordial, comum a todas as coisas. Os espíritos já diziam isso a mais de cem anos atrás, apenas com outra linguagem, basta observar a descrição do fluido cósmico (universal) em O Livro Dos Espíritos.

- Albert Einstein, que, diga-se de passagem, acreditava em Deus e suas falas estão impregnadas de religiosidade, apresentou a Teoria da Relatividade por volta de 1910. Em 1868, os espíritos já traziam um esboço dessa idéia, que mais tarde foi mais minuciosamente descrita e equacionada. Ver Teoria da Presciência em A Gênese (tenho que escrever sobre esse tema!).

Concluindo: Os aspectos que você chama de mal resolvidos do Espiritismo, nem mesmo a maravilhosa ciência ortodoxa conseguiu resolver, são eles: Deus e a habitação do Universo.

Trata-se, portanto, de uma crítica injusta, pois é uma questão de evolução para todas as ciências. Quanto às conclusões equivocadas dos postulados básicos do Espiritismo, volto a perguntar: onde estão?

Acho que esses textos também respondem senão a todos, pelo menos a maioria dos questionamentos levantados por Wagner de Almeida Medina na Mensagem 404. Mas só para acrescentar, descobrir antibióticos, vacinas e medicamentos não é trabalho da ciência espírita. Para isso, tem o homem sua própria inteligência e todos os conhecimentos armazenados pela ciência tradicional.
A ciência espírita tem como ocupação o espírito. E não pense que isso é pouco. Sua comprovação representa uma mudança radical de paradigmas, especialmente com a reencarnação. A sua comprovação representa mudanças sociais, econômicas, políticas, religiosas e científicas. Imaginem a mudança de comportamento que ela pode gerar nos seres humanos. Como agirão as pessoas quando tiverem vontade de matar alguém, mas se defrontarem com a verdade inquestionável da lei de causa e efeito, como mecanismo de "punição" (prefiro reajustamento), trazendo-lhes encargos e dificuldades na vida futura? Esse tipo de questionamento valerá para todas as decisões, desde as menores até as maiores. Creio que um mundo melhor não é pouca coisa.
Abraço fraterno a todos!

André Maximiano Serpa
Enviada em 13/01/05
publicada em 21/01/05


Apesar da mensagem ser direcionada ao Júlio, quero tecer alguns comentários.

Caro Júlio Siqueira:
Primeiramente, gostaria de esclarecer que se te chamei de espírita foi em razão dessa afirmação ter sido feita pelo Marcus Valério, como na resposta a Paulo César na Mensagem 372.

De fato eu pensava isto, como dito na resposta à Mensagem 371 Paulo César.

Desculpem pelo mau entendido.

Sinto também, pela análise de suas palavras, que te magoei, quando afirmei o seu despreparo na elaboração do site Criticando Kardec. Não teria como saber dos seus cursos e esforços empregados em todo seu processo de aprendizagem. Em vários momentos eles não estiveram presentes em sua crítica. Acho que talvez, o mesmo ideal que o moveu em seu ataque a Kardec, esteve presente comigo, porém de forma contrária, em sua defesa. Não estou anulando meus comentários anteriores os quais, acredito eu, foram corretamente embasados, mas somente reafirmando que talvez tenha, por vezes, usado um pouco mais de paixão em minhas palavras. Até porque é uma grande mentira achar que as pessoas escrevam com TOTAL imparcialidade. Por isso, peço-lhe desculpas e reitero meu respeito a ti. Agora, indo ao que importa aos demais leitores, gostaria de fazer alguns comentários relacionados às suas duas mensagens.

1- Conforme disse anteriormente o trecho de Prolegômenos não apresenta relação obrigatória com a questão 196, embora ambos figurem em O Livro Dos Espíritos. Portanto, toda a crítica por ti elaborada nesse aspecto, inclusive a ironia que você diz ter descoberto, caem por terra. Destaco que o Marcus Valério concordou comigo, como você deve ter visto.

Espere! Eu disse que a crítica de fato cairia por terra "A não ser que haja na tradução de referência usada por ele algo que justifique essa confusão.". E como ele mesmo mostrou em sua Primeira Resposta, acho que o argumento está justificado, visto que no original em francês parece estar do modo como ele se referiu.

2- Concordo com você em sua reflexão a respeito da estagnação da ciência espírita. Realmente estamos comendo moscas e essa também é uma bandeira minha. Mas isso tem uma explicação histórica. O Espiritismo surgiu na França no século XIX e lá encontrou adeptos muito afeitos ao estudo prático e ao questionamento filosófico. Porém, pouco se extraiu de conseqüências morais pelo estudo da revelação. Como a finalidade mestra do Espiritismo é a melhoria do ser humano em todos os aspectos, inclusive em seu caráter e conduta de vida, à luz do ensinamento moral fornecido pela religião, o eixo central dessa doutrina foi transportado pela espiritualidade para o Brasil. Nessa nação de povo acolhedor, solidário, sem tantos preconceitos como em outras localidades do globo e, principalmente, muito receptivo aos valores da fé e esperança, é que foi depositado o cerne desses ideais. Todavia, essa mesma religiosidade característica, muitas vezes carregada de excessos, misticismos e autoritarismos presentes no consciente e no subconsciente dos arcabouços mentais de seu povo, gerou uma valorização excessiva da vertente religiosa em detrimento da filosófica e principalmente da científica.

É preciso levar em conta também, que somente em tempos recentes, o meio acadêmico, fonte primária dos grandes avanços e descobertas, tem se despido do preconceito e permitido estudos e experiências ligados às questões transcendentais. Sem contar o grande preconceito da própria sociedade em relação aos seus adeptos. Se ser espírita já era difícil, imaginem fazer ciência espírita?! Vasculhem os arquivos ou consultem os trabalhadores mais antigos das casas espíritas de algumas décadas passadas. Conhecerão histórias escabrosas no que diz respeito à discriminação.
Uma outra grave questão é a falta de recursos financeiros. Aí temos um problema. Como somos adeptos do "daí de graça o que de graça recebeste", ou seja, não temos dízimo, contribuições obrigatórias e ainda somos, corretamente, impedidos de cobrar pelo trabalho mediúnico, muitos de nós ainda se furtam a espontaneamente ajudar a causa. Os parcos recursos que temos, os direcionamos a assistência social, construção de creches, asilos, hospitais, etc... mas quase nunca, os direcionamos para a construção de escolas e para a pesquisa científica. Mentalidade errada, pois que, educar e fomentar conhecimento também são auxílio fraterno, tão ou mais importante que as outras formas de ajudar.
Felizmente, algumas pessoas estão correndo atrás do tempo perdido como é o caso de Dora Incontri, jornalista e doutora em pedagogia, que está iniciando a 1a turma de Pós-graduação, abrindo espaço, portanto, para os espíritas na universidade (Univ. Santa Cecília em Santos-SP). Mas especificamente tenho notícia do Dr. Sérgio Felipe na USP, com trabalhos publicados e também cursos ministrados, além do projeto de criar a UNIESPIRITO. Hernani Guimarães também publicou trabalhos. Mas realmente é pouco. Esperamos melhoras.

De fato isso é um problema. Não dá pra fazer ciência sem dinheiro, seria mesmo necessário uma estrutura econômica muito mais ampla para permitir estudos e experiências aprodundadas. Isso poderia mesmo explicar esse atraso na "Ciência" Espírita.

No entanto ainda há muitos outros problemas que não passam por essa situação. Um deles, como eu já disse, é que o que consideramos como Ciência propriamente dita tem uma série de características que o Kardecismo simplesmente não tem. Ele faz uma série de afirmações sobre o mundo natural, e tem uma série de concepções sobre a estrutura da matéria e do cosmos, tal como a Física, Química e Biologia, mas no entanto ele não tem nenhum método, parâmetro ou instrumento objetivo, não tem sequer Matemática!

Além do que parece imprescindível o uso de "Médiums", que são apenas pessoas, que eliminariam qualquer possibilidade de objetivação na pesquisas.

3- "Deus: A ortodoxia científica não quer se posicionar a respeito. Sendo bastante prudentes, diríamos que é uma questão ainda em aberto (é um dos, senão o maior, questionamento de todo ser dotado de racionalidade!). Em uma última e radical análise, ninguém pode afirmar sua existência ou inexistência".(meu)

"Ou seja, você mesmo está afirmando que não é algo científico dizer que Deus é cem por cento comprovado". (Júlio Siqueira)

Acho que o maior questionamento humano não é exatamente esse, mas sim o enigma de sua própria existência. A idéia de Deus é apenas uma das tentativas de explicar esse mistério. Além disso creio que a questão mais importante, num sentido prático, é saber se exista alguma Meta-Continuidade Mental.

O que eu disse, é que em uma última e radical análise, se não se pode dizer que Deus existe, também não há nada que prove que Ele não exista. Infelizmente, o que tem acontecido, é que a ciência ortodoxa tem afirmado a sua inexistência. Alguns abertamente, outros mais veladamente. O próprio Kardec afirmou que é uma condição indispensável para o entendimento do Espiritismo, a prévia aceitação de Deus. Assim, não há nada de contraditório nessa premissa básica. Caso você afirme que ela é mal resolvida, também diria que é para ciência ortodoxa. Afinal, se não há Deus, quem criou o Universo? Como ele surgiu? Por quê ele surgiu? Para que ele surgiu? Por que estamos aqui? Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? O que é o nada? A ortodoxia pode até apresentar algumas respostas, mas certamente elas não são conclusivas e inquestionáveis. Ontem mesmo (12/01/2005), em seu último noticiário noturno, a Rede Globo noticiou que a NASA lançou um foguete de exploração que irá colidir com um cometa, penetrando o equivalente a quinze andares de um prédio, para a partir da análise do seu interior obter conclusões básicas a respeito da formação do Universo.

Discordo largamente da afirmação de que a Ciência tem afirmado a inexistência de Deus! Desafio a me mostrar uma única publicação científica, estudo, pesquisa ou teoria que tem qualquer traço de ateísmo ainda que implícito. O que acontece são alguns cientistas, que nem sequer são os mais expressivos, que expressam opiniões pessoais atéias.

Confundir opiniões isoladas de alguns cientistas com afirmações "Da Ciência", se é que isso faz sentido. É simplesmente inaceitável.

4- "(...) e tenho uma minunciosíssima reavaliação de um caso de reencarnação de Ian Stevenson onde demonstro a validade dos métodos de Stevenson e de suas conclusões pró-reencarnação".(Júlio)

Afinal, se os métodos do pesquisador são válidos, o que mais precisa para comprovar cientificamente a reencarnação e conseqüentemente a sobrevivência da alma? Notem que aceita a primeira não tem como negar a segunda. Serão necessários a materialização de um espírito num laboratório de cada universidade importante do planeta com dia e hora marcados?

Esse equívoco é típico de quem não tem conhecimento de metodologia científica. Não basta uma única experiência e muito menos um ou alguns estudos de caso, por mais bem conduzidos que sejam, para estabelecer fato científico. É preciso que o resultado possa ser previsto, reproduzido e explicado por uma estrutura teórica convincente, e nada disso foi feito.

Não fosse assim, você não acreditaria no tanto de coisas bizarras que já teriam sido "cientificamente comprovadas"!

5- Quanto à pluralidade dos mundos habitados, você, Júlio, questionou as descrições de vida em outros planetas do Sistema Solar na Revista Espírita e no Livro dos Espíritos. Certamente não as li todas, especialmente as da primeira fonte, contudo, o entendimento do conjunto da obra nos mostra claramente que essas civilizações não se encontram necessariamente no mesmo plano, ou se preferir, no mesmo grau de materialização que nós. Portanto, não quer dizer que se formos até esses locais encontraremos esses seres. A ortodoxia também não nega a possibilidade de ter no passado, ocorrido formas de vida nesses locais. Pelo contrário, muitos estudos têm sido feito nesse sentido.

Ah! Mas o Espiritismo não comprova todas essas afirmativas cientificamente. Sim. Mas se ele for sempre esperar a confirmação pela ortodoxia, não será mais Espiritismo e sim Ciência Ortodoxa!

Espere aí! Quer dizer então que o Espiritismo PODE fazer afirmações baseadas em mera retórica literária, não confirmadas, e depois dizer que elas estão científicamente comprovadas!?

Vou ter que me repetir: "Para piorar, você parece não ter prestado atenção na palavra chave que desencadeou a crítica, que foi a expressão "cientificamente" usada por Emmanuel. Foi exatamente em cima desse "cientificamente" que o Júlio fez a crítica, porque "cientificamente" nós nunca detectamos vida em outros mundos, como então "podemos notar que a Terra é o local do Universo onde a vida mais encontra dificuldade de se estabelecer"?! Não conhecemos nenhum outro planeta para comparação!"

A afirmação de Emmanuel neste caso é incabível. Além do que temos que tomar muito cuidado com certas afirmações. A idéia de que a vida em outros mundos estaria numa "dimensão" diferente só se estabeleceu quanto foi demonstrada empiricamente a impossibilidade de existência de vida nos planetas próximos. Como sempre, as noções religiosas estão sempre recuando a cada avanço científico, tentando ocupar uma "Lacuna segura".

Alguns exemplos interessantes:

-A ortodoxia do final do século XX fala da teoria das cordas, afirmando que o que fornece as diferentes apresentações da matéria é o nível de vibração de seu elemento primordial, comum a todas as coisas. Os espíritos já diziam isso a mais de cem anos atrás, apenas com outra linguagem, basta observar a descrição do fluido cósmico (universal) em O Livro Dos Espíritos.

Mais uma vez o que temos aqui é uma idéia vaga, quase poética, que pode ser reinterpretada à vontade para se encaixar em qualquer contexto. O Mesmo "FCU" (como dizem alguns espíritas), já foi identificado como o "Éter", um conceito cientificamente superado.

É um conceito filosoficamente trivial que o Universo tenha uma substância primordial, que já recebeu o nome de Átomos pelos antigos gregos, de Pneuma pelos estóicos, de "Extensão" por Descartes e etc. Daí para adaptá-la para "campo quântico", quarks ou Supercordas é moleza.

Com esse mesmo raciocínio posso dizer que a Bíblia previa a "Teoria do Big-Bang" ao dizer o "Faça-se a Luz".

- Albert Einstein, que, diga-se de passagem, acreditava em Deus e suas falas estão impregnadas de religiosidade, apresentou a Teoria da Relatividade por volta de 1910. Em 1868, os espíritos já traziam um esboço dessa idéia, que mais tarde foi mais minuciosamente descrita e equacionada. Ver Teoria da Presciência em A Gênese (tenho que escrever sobre esse tema!).

Já comentei sobre isso, em sua mensagem sobreKardecismo & Filosofia EXERIANA.

Tanto este quanto o comentário anterior também são comuns para quem não tem muita intimidade com conceitos científicos mais avançados. As Supercordas e a Relatividade não são mera "idéias" que alguém teve. Essas concepções populares que se tem sobre ela são óbvias, e sempre abundaram o pensamento humano. O que as torna científicas é a construção teórico e matemática, pesadíssima por sinal, e inconcebível há menos de 300 anos atrás. E isso, meu caro, religião nenhuma jamais passou nem perto de antever.

Além disso, de fato Einstein acreditava em Deus, mas como ele mesmo disse, um Deus ao estilo de Espinosa, um tanto impessoal. Fora isso, ele não tinha essa "religiosidade" alegada.

Concluindo: Os aspectos que você chama de mal resolvidos do Espiritismo, nem mesmo a maravilhosa ciência ortodoxa conseguiu resolver, são eles: Deus e a habitação do Universo.

Além disso, o perispírito, o FCU, o ectoplasma, a reencarnação e etc, nada disso foi bem resolvido em termos científicos. Deus também não é preocupação da Ciência, mesmo porque é um conceito usualmente sem sentido.

Habitação do Universo?

Trata-se, portanto, de uma crítica injusta, pois é uma questão de evolução para todas as ciências. Quanto às conclusões equivocadas dos postulados básicos do Espiritismo, volto a perguntar: onde estão?

Mas você mesmo admitiu que enquanto as demais ciências avançaram, o Kardecismo ficou comendo poeira. Não é uma admissão tácita de que existem tais questões mal resolvidas?

Acho que esses textos também respondem senão a todos, pelo menos a maioria dos questionamentos levantados por Wagner de Almeida Medina na Mensagem 404.

Vamos então recolocar as perguntas:
1- Que investigação era alvo da Ciência no séc. XIX, que ficou sem esplicação pelo fato de ignorar o mundo espiritual ?
2- Que investigação científica teve esplicação adotando o mundo dos espíritos como causa ?
3- Que benefício prático essa investigação trouxe para a humanidade ??
4- Se a doutrina espírita possui um fundamento científico certamente ela faz parte do processo científico contemporâneo, pois a Ciência é progressiva. Sendo assim, o que é alvo, hoje, da investigação científica que necessite do Espiritismo para dar solução ?
5- Que melhoramento cietífico, em qualquer área da Ciência teve como base o Espiritismo ? ( que vacina, que antibiótico, que descoberta astronômica, arqueológica ou química).
6- Onde há hoje um médium cientista que esteja engajado em algum trabalho eminentemente científico ?

Devo dizer que as perguntas estão um pouco imprecisas, mas mesmo assim, não vi resposta a nenhuma delas. A não ser a seguinte.

Mas só para acrescentar, descobrir antibióticos, vacinas e medicamentos não é trabalho da ciência espírita. Para isso, tem o homem sua própria inteligência e todos os conhecimentos armazenados pela ciência tradicional.

Esta.

A ciência espírita tem como ocupação o espírito. E não pense que isso é pouco. Sua comprovação representa uma mudança radical de paradigmas, especialmente com a reencarnação. A sua comprovação representa mudanças sociais, econômicas, políticas, religiosas e científicas. Imaginem a mudança de comportamento que ela pode gerar nos seres humanos. Como agirão as pessoas quando tiverem vontade de matar alguém, mas se defrontarem com a verdade inquestionável da lei de causa e efeito, como mecanismo de "punição" (prefiro reajustamento), trazendo-lhes encargos e dificuldades na vida futura? Esse tipo de questionamento valerá para todas as decisões, desde as menores até as maiores. Creio que um mundo melhor não é pouca coisa.
Abraço fraterno a todos!

É fato de que a "comprovação" ou larga aceitação da Reencarnação poderia causar uma série de mudanças estruturais. Mas não creio que ela de fato fizesse alterações significativas se não ocorrerem também vários outros avanços.

Lembre-se que vivemos numa sociedade onde a maioria das pessoas acredita que há deuses vendo tudo o que fazemos, e isso não consegue evitar a criminalidade. Não raro pessoas cometem atrocidades sabendo que serão punidas, as vezes até diante de câmeras!

André Maximiano Serpa
Enviada em 13/01/05
publicada em 21/01/05

Por fim eu gostaria de acrescentar que tenho muita simpatia pela doutrina Kardecista. De todas as religiões que conheci, sem dúvida é a que eu mais gostaria que fosse verdade, por apresentar um modelo de Universo justo, inteligente e fascinante.

No entanto não posso confundir o que eu gostaria que fosse verdade com o que mais provavelmente é verdade, portanto minha opinião continua sendo cética, não no sentido de recusar a crença, mas de não abraçá-la, promovendo a típica suspensão de julgamento, e avaliação crítica.

Mais uma vez agradeço sua participação, e já estou pensando em abrir uma lista de discussão para abordar toda esta temática. Que tal? Eu, você, o Júlio, o Paulo César, Wagner Medina e quem mais quiser participar?

Amigavelmente

Marcus Valerio XR
21 de Janeiro de 2004

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