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Marcus Valerio XR

Tréplica de

André Maximiano Serpa

sobre Minha Resposta A "CRITICANDO "Criticando Kardec"".

andremserpaig.com.br

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Caro colega Marcus:

Muito bem vinda sua análise de meu texto "Criticando Criticando Kardec". Gostaria, todavia, de aproveitar a oportunidade para esclarecer alguns pontos que não ficaram muito claros e discordar de algumas colocações suas.

Em primeiro lugar, eu nunca disse que a Doutrina Espírita é perfeita. Afirmo sim, que é o que se tem de melhor em termos de conhecimentos atuais para explicar questões básicas e inerentes a todos nós, seres humanos: quem somos? de onde viemos? para onde vamos?

Da mesma forma, em qualquer momento, disse eu que a doutrina espírita traz somente revelações inéditas e jamais pensadas anteriormente. Até porque isso é incongruente à leitura de sua obra base (O Livro dos Espíritos), onde percebemos que muitas das respostas são assinadas por pessoas que viveram anteriormente ao surgimento do Espiritismo: Sócrates, Platão, Fénelon, Santo Agostinho, São João Evangelista, etc... pessoas estas que já haviam escrito seus nomes na história muito antes do advento da doutrina. Por outro lado, muito desses conhecimentos foram aprofundados e melhor explicados com o Espiritismo.

Com relação às obras de Emmanuel, André Luiz e muitos outros, não é possível a leitura de nenhum desses autores sem que aja um conhecimento prévio das obras básicas, em especial de O Livro dos Espíritos, senão vai ficar parecendo ficção científica, romance ou contos folclóricos (sem nenhum demérito ou desrespeito a esses gêneros). Por isso, o meu comentário relacionado à vida em outros planetas. De qualquer forma, as afirmações feitas por esses autores só podem ser tomadas como verdadeiras se respeitadas o controle da universalidade do ensino dos espíritos, descritos no item II de O Evangelho Segundo o Espiritismo, o que nem sempre acontece, já que, às vezes, esses livros contém impressões de cunho pessoal e imperfeições do próprio espírito e do médium. Contudo, nada disso foi omitido ou ignorado pela Codificação.

Se o espiritismo dissesse apenas o que já foi dito e comprovado pela ortodoxia científica, estaria eliminado um dos seus maiores objetivos, que é o enriquecimento do conhecimento humano. Chegamos agora a um ponto chave de todos esses debates: a ciência espírita.

Ao contrário do que você disse, a ciência ainda não foi capaz de explicar satisfatoriamente todos esses "estranhos fenômenos", como por exemplo, o médium F.Candido Xavier psicografar uma mensagem de uma pessoa falecida, reproduzindo inclusive a assinatura da mesma de forma idêntica, a qual foi analisada e atestada como verdadeira por especialistas em grafoscopia. Essa mensagem foi utilizada para livrar um inocente da cadeia conforme amplamente noticiado pelos meios de comunicação.

Por outro lado, acho bem oportuno colocar, que a ciência espírita não se iguala à ortodoxia científica, em conformidade com o próprio Kardec em A Gênese: "O Espiritismo e a ciência se completam um pelo outro; a ciência, sem a o Espiritismo, se acha impossibilitada de explicar certos fenômenos, unicamente pelas leis da matéria; o Espiritismo, sem a ciência, ficaria sem apoio e exame."

Teríamos então uma questão grave: o que é ciência? De acordo com os gregos, ciência é um conjunto organizado de saberes não relacionado a priori com a Técne, ou seja, à técnica . Assim também o é para a lingua latina, onde fazer Scientia é criar conhecimento. Conforme relatou o próprio Júlio anteriormente, e descontando-se os exageros e apelos emocionais, não existe um consenso em torno dessa definição.Tanto é verdade, que a Psicanálise e Psicologia Cognitiva, por você citadas (Marcus) como fornecedoras de satisfatórias respostas materialistas, não são aceitas por muitos da comunidade científica. A Neurologia, por sua vez tem prestado grandes serviços à causa espírita conforme veremos neste mesmo texto mais adiante, nos trabalhos do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira.

A Estatística vem sendo veementemente questionada nos assuntos ligados às populações humanas. O ser humano não é uma criatura mecânica, um robô, um joguete de forças naturais ou da história. Por que então, muitos querem que os espíritos o sejam? Talvez porque ignorem que eles continuam sendo seres humanos, apesar de não possuirem mais suas aparelhagens biofísicas. Para exemplificarmos de maneira simples, nos lembremos dos erros da pesquisa da atual eleição presidencial norte-americana e principalmente, do primeiro turno para a prefeitura de São Paulo (esta por institutos de reconhecida respeitabilidade). Ambas se equivocaram em suas análises respaldadas por dados estatísticos. Nem por isso vamos abolir a Estatística da ciência.

Eu acho no mínimo curioso, o fato de você, Marcus, e principalmente o Júlio, acusarem os espíritas de se apossarem egoisticamente do termo "espiritismo" para depois, não quererem que os espíritas apontem a doutrina que abraçam como sendo ciência ( além de filosofia e religião). É óbvio que a ciência espírita tem diferenças para com a ciência ortodoxa, conforme claramente dito por Kardec. Quem sabe a ciência espírita não está contribuindo para uma modificação dos paradigmas da Ciência?

Não por acaso, o respeitado Ph.D. em física e professor da Universidade de Oregon, Amit Goswami disse: "Depois de quase um século de aplicação da física quântica na investigação dos segredos da matéria, ficou claro que a física quântica não é completa em si mesma; é necessário que haja um observador consciente para completá-la. Abre-se assim, a janela visionária, introduzindo na ciência a idéia de consciência como fundamento de todo o ser e a base metafísica de um novo paradigma".

Além do mais, não é muito sensato questionar o caráter científico dos estudos de Kardec sob a alegação de ser embasado na "ultrapassada" ciência do século XIX. Cada homem a seu tempo. Se seguirmos por este caminho, teremos que abolir a Teoria da Evolução das Espécies, de Charles Darwin, pois que não existe atualmente e nem nos últimos quarenta anos, um único estudo bioquímico conclusivo publicado em qualquer revista científica respeitada, que demonstre essa teoria ( ver a Caixa Preta de Darwin, de Michael Behe). Apesar disso, ela continua sendo a mais aceita pelo meio acadêmico. Antes que me chamem de Criacionista ( se é que já não fui chamado!), digo que minha posição é favorável ao Evolucionismo, embora com a séria ressalva de que muitos dos fenômenos explicados têm ainda uma causa inteligente oculta.

Mas voltando ao assunto principal, torno a perguntar: o que é Ciência? Segundo Nicola Abbagnano, em seu "Dicionário de Filosofia" (1999, pág. 163), o conceito tradicional de ciência "é aquele conhecimento que inclui uma garantia absoluta de validez e é, portanto, o conhecimento no grau máximo do saber".Já o conceito moderno, menos ortodoxo, diz que a ciência é "um conhecimento que se possui, em qualquer modo e medida, uma garantia de legitimidade". Isto porque a ciência moderna não tem a pretensão, pelo menos imediata, de conhecer o absoluto.

È bem verdade que a ciência espírita tem muito que caminhar. Mas levemos em consideração que ela é um recém nascido de apenas pouco mais de um século de vida. Infelizmente, em nosso país (a maior nação espírita do planeta), a maioria de nós espíritas ainda não concebeu a doutrina da mesma forma que Allan Kardec, ou seja: igualmente embasada e sustentada em seu tríplice aspecto _ ciência, filosofia e religião. Nosso ranço de religiosismo tem por vezes travado àqueles que se dedicam à construção dessa nova ciência. Mesmo assim, ela está avançando. Basta vermos os trabalhos do Prof. Hernani Guimarães Andrade e do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira(USP-SP). Este último em conjunto com o psicólogo Júlio Peres, monitorou médiuns ostensivos através de aparelhos de eletro-encefalograma e tomografia computadorizada, os quais foram analisados pelo especialista em estados alterados da consciência da Universidade da Pensilvânia, Dr. Andrew Newberg. Observou-se que as áreas cerebrais ativadas durante o transe mediúnico foram os lobos médio-temporal e pré-frontal, os quais se relacionam com nossas memórias passadas (não necessariamente de vidas passadas) e nossas emoções respectivamente. Destacou-se ainda, que o lobo frontal (responsável pela imaginação) não foi acionado. Por este e outros trabalhos semelhantes publicados calam--se aqueles que achavam que a mediunidade era fruto da imaginação do médium. Esta última explicação não é mais, poranto, aceita atualmente pela ciência.

Direito de Resposta:
"1-Há em seu texto um amplo uso de juízos de valor subjetivos expresso mediante principalmente o emprego de adjetivos depreciativos, coisas que não há no site Criticando Kardec".
O que são então os adjetivos "arbitrário", "autoritário", "elitista", "ingênuo" ou a expressão "e elaborava teorias claramente racistas" referidos à Kardec no texto Criticando Kardec?

"...percebe-se que, BOA PARTE DO CONTEÚDO, embora envolto de aparente lucidez e clareza, tem como objetivo a crítica descompromissada e principalmente, a MÁ FÉ." C: Eu disse boa parte do conteúdo e não o conteúdo total. Portanto, expressões suas tais como "... desprezou totalmente todo o imenso trabalho de pesquisa e todo o sólido embasamento do Júlio..." ficam por sua conta. Por favor, não coloque palavras na minha boca. Por aí já se percebe que não há nenhuma "fúria" e nem radicalismo de minha parte. Há sim uma contestação nítida que me é de direito fazê-la. Quanto ao termo "má fé", não o encare com conotação religiosa. Eu o empreguei no sentido de má intenção e leviandade. Semehante a: "é falácia irreflexionada de quem faz crítica de maneira leviana". Essa continua sendo a minha opinião atual, a qual foi embasada pelo meu artigo anterior. Não quer dizer que eu não possa modificá-la, porém, penso que o Júlio (autor do site) resolveu tratar de um assunto sério sem a responsabilidade e o cuidado necessários para tal jornada. Seu site poderia ser muito mais enxuto e suas críticas melhor direcionadas e embasadas. Não estou questionando o direito dele ou de qualquer um escrever o que quiser, mas estou no meu direito de não concordar com elas, respondendo inclusive em um tom semelhante ao que me deparei. Como você mesmo disse, "Na verdade o Júlio até complica sua crítica mais do que o necessário".

Quanto ao termo "brincadeira de mau gosto" por mim utilizado é um artifício de contraposição de idéias. De qualquer forma, peço desculpas aos leitores do site que se ofenderam com essa e todas as outras expressões de teor poético e emotivo. "Não foi intenção de ninguém abalar o Espiritismo". Peço antecipadamente mil desculpas também Marcus, mas suas colocações nesse aspecto foram carregadas de uma boa dose de ingenuidade. Dizer que um site, cuja página de abertura, que traz como um de seus enunciados: "3- O espiritismo kardecista possui, MESMO EM SEUS POSTULADOS MAIS BÁSICOS, ASPECTOS MAL RESOLVIDOS E CONCLUSÕES EQUIVOCADAS" não quer abalar o Espiritismo é altamente contraditório.

Dos postulados básicos do Espiritismo:
1- Deus: A ortodoxia científica não quer se posicionar a respeito. Sendo bastante prudentes, diríamos que é uma questão ainda em aberto.( é um dos, senão o maior, questionamento de todo ser dotado de racionalidade!) Em uma última e radical análise, ninguém pode afirmar sua existência ou inexistência.
2- Sobrevivência da alma: não há nada no texto( pelo menos que eu tenha lido) que questione esse postulado.
3- Comunicabilidade com os mortos: em alguns momentos o autor se posiciona favoravelmente a esse postulado.
4- Pluralidade das existências ou reencarnação: aceitos os itens anteriores, pela lógica, pela razão e pela observação também se aceita esse postulado. Isso sem falar nos inúmeros fatos que falam por si próprios.
5- Pluralidade dos mundos habitados: a própria ciência admite essa possibilidade, que, sinceramente, só não é ainda uma realidade admitida publicamente, por razões de manutenção do "status co"; por interesses políticos, econômicos, religiosos e salvaguarda das "soberanias nacionais". Não é à toa que bilhões de dólares são investidos, mesmo que sem muitos alardes, nesse tipo de pesquisa.
6- Lei de causa e efeito: embasada nos próprios tálamos da ciência - 3a Lei de Newton.

Pergunta: Onde estão os aspectos mal resolvidos e conclusões equivocadas dos postulados básicos do Espiritismo?

E, sobretudo, questionar um dos tríplices aspectos de uma doutrina (aspecto científico) que é inseparavelmente trina, conforme os dizeres de seu codificador, é como querer tirar um pé de uma mesa de três pés, e esperar que ela não caia. Portanto, não me parece coerente essa idéia de não querer abalar o Espiritismo.

"Você não está disposto a abrir mão da posição de que Kardec é perfeito! E um dos sintomas mais claros disto são suas últimas palavras:"Estou indo e espero não voltar mais. Pelo menos para comentar esses ABUSIVOS ATOS DE MÁ FÉ.""
Bom, Marcus, eu nunca disse que Kardec é perfeito. O que não concordo é dar a ele, atributos os quais verdadeiramente não possui, como autoritário e arbitrário, pelos motivos claramente expostos no texto anterior. E como eu disse anteriormente, você se equivocou ao dar um sentido religioso à expressão "má fé" que eu empreguei no sentido de má intenção.

De todo modo, gostaria de deixar bem claro que minhas colocações não tem por objetivo final denegrir pessoalmente a você e ao Júlio. Estou apenas debatendo idéias no intuito de crescer e fomentar conhecimento, mesmo que algumas questões pareçam se tornar pessoais ou fiquem mais acalouradas. Saibam que meu respeito a suas individualidades, como figuras humanas, sempre existirá, mesmo nos momentos em que as idéias não convergirem a um ponto comum.

Fraternalmente,
Leopoldina, 09 de novembro de 2004

Obs: Louvo a atitude do Júlio que tem, segundo minhas últimas observações, modificado, atualizado e corrigido o conteúdo do site Criticando Kardec(18/11/04).

André Maximiano Serpa


Caro André.

Sinto muito pela demora em publicar seu texto. Um dos motivos para tal, além de você ter se demorado em enviar uma versão que não fosse em DOC, foi que eu queria publicar sua nova mensagem juntamente com a Resposta do Júlio César à seus Comentários, que já está em meu poder há bem mais tempo.

Quero desde já adiantar que apreciei o teor desta sua nova mensagem, bem mais conciliador e moderado. No entanto, como sempre, devo fazer minhas observações, embora creia que em maioria elas não devam ser vistas como refutações.

Sigamos.

Da mesma forma, em qualquer momento, disse eu que a doutrina espírita traz somente revelações inéditas e jamais pensadas anteriormente. Até porque isso é incongruente à leitura de sua obra base (O Livro dos Espíritos), onde percebemos que muitas das respostas são assinadas por pessoas que viveram anteriormente ao surgimento do Espiritismo: Sócrates, Platão, Fénelon, Santo Agostinho, São João Evangelista, etc... pessoas estas que já haviam escrito seus nomes na história muito antes do advento da doutrina. Por outro lado, muito desses conhecimentos foram aprofundados e melhor explicados com o Espiritismo.

Sim. No entanto você foi muito insistente, desde sua Primeira Grande Mensagem, em ressaltar que muitas doutrinas científicas e filosóficas atuais estavam previstas em Kardec, desde A Teoria Da Relatividade Einsteiniana até a minha Filosofia EXERIANA. Chegou a acusar esta última de ser uma mera cópia mascarada da doutrina Kardecista, opinião que posteriormente você retirou. Em minhas respostas insisti bastante em exemplos que mostravam que muitas idéias de Kardec também em nada eram originais, posições que você não contestou. Portanto, ainda que não tenha dito explicitamente, você ao menos argumentou como se partisse deste pressuposto. Me causando tal impressão.

Ao contrário do que você disse, a ciência ainda não foi capaz de explicar satisfatoriamente todos esses "estranhos fenômenos", como por exemplo, o médium F.Candido Xavier psicografar uma mensagem de uma pessoa falecida, reproduzindo inclusive a assinatura da mesma de forma idêntica, a qual foi analisada e atestada como verdadeira por especialistas em grafoscopia. Essa mensagem foi utilizada para livrar um inocente da cadeia conforme amplamente noticiado pelos meios de comunicação.

Parece haver fatos, como os sugeridos pelo Júlio César, que desafiam explicações científicas tradicionais, e talvez seja apenas por isso que o Kardecismo ainda não tenha sofrido refutações mais sérias. Atente porém para o fato de que não é por tal coisa ainda não ter sido explicada pela Ciência convencional que ela automaticamente sirva como argumento a favor do Espiritismo, ainda que possa sê-lo. Vale questionar também porque os fenômenos mediúnicos não dão uma prova mais contundente. Ora, um espírito de uma pessoa falecida poderia revelar o paradeiro de seu corpo desaparecido, ou do criminoso, ou um médium poderia receber do mundo espiritual informações que levassem ao destino de crianças desaparecidas, tudo de modo que as informações pudessem ser verificadas e confirmadas. Isso sim seria uma evidência colossal. No entanto, o que temos visto mais são mensagens de vítimas inocentando possíveis culpados de modo não muito diferente do que um bom advogado de defesa faria.

Por outro lado, acho bem oportuno colocar, que a ciência espírita não se iguala à ortodoxia científica, em conformidade com o próprio Kardec em A Gênese: "O Espiritismo e a ciência se completam um pelo outro; a ciência, sem a o Espiritismo, se acha impossibilitada de explicar certos fenômenos, unicamente pelas leis da matéria; o Espiritismo, sem a ciência, ficaria sem apoio e exame."

Isso é bastante sensato, mas devemos lembrar que poderão haver situações onde um contradiga o outro. E nesse caso, como decidir?

Teríamos então uma questão grave: o que é ciência? De acordo com os gregos, ciência é um conjunto organizado de saberes não relacionado a priori com a Técne, ou seja, à técnica . Assim também o é para a lingua latina, onde fazer Scientia é criar conhecimento. Conforme relatou o próprio Júlio anteriormente, e descontando-se os exageros e apelos emocionais, não existe um consenso em torno dessa definição.Tanto é verdade, que a Psicanálise e Psicologia Cognitiva, por você citadas (Marcus) como fornecedoras de satisfatórias respostas materialistas, não são aceitas por muitos da comunidade científica. A Neurologia, por sua vez tem prestado grandes serviços à causa espírita conforme veremos neste mesmo texto mais adiante, nos trabalhos do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira.

Evidente que não há cabimento na atualidade em usar uma definição de Ciência feita por filósofos de mais de dois milênios no passado. E mesmo havendo divergências quanto ao que é Ciência hoje, há um nível de consenso bastante razoável, e que necessariamente exclui o Kardecismo. Expliquei porquê ao final de Minha resposta Anterior. Quanto a Psicologia Cognitiva, sinceramente não conheço questionamentos sobre sua posição de validade Científica, da mesma forma que são praticamente inexistentes apelações para o estatudo científico da Psicanálise. Quanto aos serviços prestados pela Neurologia à "Causa Espírita", um termo que acho um tanto incômodo, é algo que merece ser discutido.

(...)Ambas se equivocaram em suas análises respaldadas por dados estatísticos. Nem por isso vamos abolir a Estatística da ciência.

Porque você insiste tanto nesse tipo de argumento binário? Ninguém diz que erros num sistema exijam o fim do sistema, mas sim seu aperfeiçoamento. Como eu disse em minha mensagem anterior: "De fato é perfeitamente plausível admitir que exista um Mundo Espiritual que está sempre um passo a frente do Mundo Físico sobre o conhecimento deste próprio mundo físico, que este Mundo Espiritual tenha de fato uma "Ciência" que evolua como a nossa, e sendo assim, esteja sujeita a erros que a conduzem ao aperfeiçoamento."

Eu acho no mínimo curioso, o fato de você, Marcus, e principalmente o Júlio, acusarem os espíritas de se apossarem egoisticamente do termo "espiritismo" para depois, não quererem que os espíritas apontem a doutrina que abraçam como sendo ciência ( além de filosofia e religião).

?!?! Onde alguém acusou os Kardecistas de "se apossarem egoísticamente"?!?! E o que quer dizer o restante do comentário?! Por favor. Deve ter havido um engano. Essas afirmações me parecem completamente descabidas!

Não por acaso, o respeitado Ph.D. em física e professor da Universidade de Oregon, Amit Goswami disse: "Depois de quase um século de aplicação da física quântica na investigação dos segredos da matéria, ficou claro que a física quântica não é completa em si mesma; é necessário que haja um observador consciente para completá-la. Abre-se assim, a janela visionária, introduzindo na ciência a idéia de consciência como fundamento de todo o ser e a base metafísica de um novo paradigma".

Amit Goswani é um Místico. Seu livro O UNIVERSO AUTO-CONSCIENTE, um dos livros que mais me influenciou até hoje, é um excelente texto sobre religiosidade e uma boa introdução à Física Quântica. No entanto é um tanto acidentado ao estabelecer a conexão entre elas, além de convergências meramente "poéticas". A idéia de que é necessária a consciência para definir a função do Colapso de onda me parece uma má interpretação. Pois o que seguramente causa a "decisão" da dualidade onda-partícula não é a consciência, mas sim a energia injetada no sistema para que se possibilite a medição.

Além do mais, não é muito sensato questionar o caráter científico dos estudos de Kardec sob a alegação de ser embasado na "ultrapassada" ciência do século XIX. Cada homem a seu tempo. Se seguirmos por este caminho, teremos que abolir a Teoria da Evolução das Espécies, de Charles Darwin, pois que não existe atualmente e nem nos últimos quarenta anos, um único estudo bioquímico conclusivo publicado em qualquer revista científica respeitada, que demonstre essa teoria ( ver a Caixa Preta de Darwin, de Michael Behe). Apesar disso, ela continua sendo a mais aceita pelo meio acadêmico. Antes que me chamem de Criacionista ( se é que já não fui chamado!), digo que minha posição é favorável ao Evolucionismo, embora com a séria ressalva de que muitos dos fenômenos explicados têm ainda uma causa inteligente oculta.

Se alguém te chamou de Criacionista aqui, você bem que mereceu. Para começar Michael Behe é uma referência NO MÍNIMO parcial sobre o assunto. Você deveria consultar também os obras que o refutaram, como A ESCALADA DO MONTE IMPROVÁVEL, de Richard Dawkins. E mesmo que não houvessem estudos bioquímicos, há inúmeras evidências geográficas, estatísticas, anatômicas, taxonômicas e etc. Juro que eu não esperava entrar nesse assunto aqui. E por fim, o que você quis dizer com "estudo bioquímico conclusivo que demonstra a teoria"? Já não bastou a simples demonstração inequívoca do parentesco de DNA?

È bem verdade que a ciência espírita tem muito que caminhar. (...)Mesmo assim, ela está avançando. Basta vermos os trabalhos do Prof. Hernani Guimarães Andrade e do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira(USP-SP). Este último em conjunto com o psicólogo Júlio Peres, monitorou médiuns ostensivos através de aparelhos de eletro-encefalograma e tomografia computadorizada, os quais foram analisados pelo especialista em estados alterados da consciência da Universidade da Pensilvânia, Dr. Andrew Newberg. Observou-se que as áreas cerebrais ativadas durante o transe mediúnico foram os lobos médio-temporal e pré-frontal, os quais se relacionam com nossas memórias passadas (não necessariamente de vidas passadas) e nossas emoções respectivamente. Destacou-se ainda, que o lobo frontal (responsável pela imaginação) não foi acionado. Por este e outros trabalhos semelhantes publicados calam--se aqueles que achavam que a mediunidade era fruto da imaginação do médium. Esta última explicação não é mais, poranto, aceita atualmente pela ciência.

Ainda que essas informações estejam corretas, o que ainda devo verificar, isso ainda requereria muitas outras pesquisas e possíveis explicações antes de se achar que contribui para o aumento de credibilidade do Kardecismo. Nosso conhecimento sobre o cérebro ainda é muito limitado para qualquer conclusão mais forte, no caso em termos Neurológicos. O fato de uma certa área do cérebro ter sido ou não ativada num estado alterado de consciência é muito pouco. Mas tudo bem, não estou negando a validade do argumento, só peço para não haver muita empolgação com algo tão vago.

Direito de Resposta:
"1-Há em seu texto um amplo uso de juízos de valor subjetivos expresso mediante principalmente o emprego de adjetivos depreciativos, coisas que não há no site Criticando Kardec".
O que são então os adjetivos "arbitrário", "autoritário", "elitista", "ingênuo" ou a expressão "e elaborava teorias claramente racistas" referidos à Kardec no texto Criticando Kardec?

Sinceramente não vejo em todos os adjetivos citados uma subjetividade e agressividade tão grandes como em "atos abusivos de má-fé", "leviandade" e "falta de compromisso". O próprio Júlio já explicou o teor destes termos em sua Defesa. Esses termos por você citados podem ser usados de modo objetivo, inequívoco e não pejorativo, como quando dizemos que um Sargento é "arbitrário" e "autoritário" com seus soldados, quando um desfile de moda é "elitista", ou uma criança é "ingênua". Quanto a Kardec "elaborar teorias racistas", embora eu discorde que sejam "teorias", é um fato demonstrado objetivamente pelo Júlio. Não é uma "acusação leviana". Ele citou o trecho documental de modo sistemático! Está Lá! Se afirmar a superioridade inata da Etnia Branca Européia sobre a Negra Africana em nível intelectual não for um exemplo de racismo... O que seria então?!

"...percebe-se que, BOA PARTE DO CONTEÚDO, embora envolto de aparente lucidez e clareza, tem como objetivo a crítica descompromissada e principalmente, a MÁ FÉ." Eu disse boa parte do conteúdo e não o conteúdo total. Portanto, expressões suas tais como "... desprezou totalmente todo o imenso trabalho de pesquisa e todo o sólido embasamento do Júlio..." ficam por sua conta. Por favor, não coloque palavras na minha boca.

Mas o que você diz sobre a "Parte Não-Boa", que ela não tem como objetivo o descompromisso crítico e a má intenção, ou que ela não tem nem aparência de lucidez e clareza?

Em momento NENHUM você reconheceu qualquer valor na obra do Júlio. Não há um único elogio, comentário positivo, ou ao menos conciliador, nem mesmo um benefício de dúvida. Se diante de uma obra de tamanha amplitude e gabarito você ignorar todos os méritos, citar somente o que considerou defeito e usar constantemente adjetivos pejorativos não for desprezo, mais uma vez, eu não saberia dizer o que seria. Compare sua mensagem com a Resposta do Próprio Júlio para ver a diferença.

Por aí já se percebe que não há nenhuma "fúria" e nem radicalismo de minha parte. Há sim uma contestação nítida que me é de direito fazê-la. Quanto ao termo "má fé", não o encare com conotação religiosa. Eu o empreguei no sentido de má intenção e leviandade. Semehante a: "é falácia irreflexionada de quem faz crítica de maneira leviana". Essa continua sendo a minha opinião atual, a qual foi embasada pelo meu artigo anterior. Não quer dizer que eu não possa modificá-la, porém, penso que o Júlio (autor do site) resolveu tratar de um assunto sério sem a responsabilidade e o cuidado necessários para tal jornada. Seu site poderia ser muito mais enxuto e suas críticas melhor direcionadas e embasadas. Não estou questionando o direito dele ou de qualquer um escrever o que quiser, mas estou no meu direito de não concordar com elas, respondendo inclusive em um tom semelhante ao que me deparei. Como você mesmo disse, "Na verdade o Júlio até complica sua crítica mais do que o necessário".

Seguirei o exemplo do Júlio e deixarei para o leitor decidir por si próprio se há "fúria" ou "radicalismo" de sua parte.

Não tomei "Má Fé" por conotação religiosa, mas sim exatamente como você disse, o que, por Deus!, não é um ataque eufemístico à pessoa!? E também continua sendo minha opinião que os textos do Júlio são mais complicados do que o necessário. Mas não vejo como isso poderia ser uma ofensa tão grave quanto acusar alguém de Má Intenção.

"Não foi intenção de ninguém abalar o Espiritismo". Peço antecipadamente mil desculpas também Marcus, mas suas colocações nesse aspecto foram carregadas de uma boa dose de ingenuidade. Dizer que um site, cuja página de abertura, que traz como um de seus enunciados: "3- O espiritismo kardecista possui, MESMO EM SEUS POSTULADOS MAIS BÁSICOS, ASPECTOS MAL RESOLVIDOS E CONCLUSÕES EQUIVOCADAS" não quer abalar o Espiritismo é altamente contraditório.

É aqui que, realmente, eu fico intrigado com sua posição. Vejamos porquê.

Dos postulados básicos do Espiritismo:
1- Deus: A ortodoxia científica não quer se posicionar a respeito. Sendo bastante prudentes, diríamos que é uma questão ainda em aberto.( é um dos, senão o maior, questionamento de todo ser dotado de racionalidade!) Em uma última e radical análise, ninguém pode afirmar sua existência ou inexistência.
2- Sobrevivência da alma: não há nada no texto( pelo menos que eu tenha lido) que questione esse postulado.
3- Comunicabilidade com os mortos: em alguns momentos o autor se posiciona favoravelmente a esse postulado.
4- Pluralidade das existências ou reencarnação: aceitos os itens anteriores, pela lógica, pela razão e pela observação também se aceita esse postulado. Isso sem falar nos inúmeros fatos que falam por si próprios.
5- Pluralidade dos mundos habitados: a própria ciência admite essa possibilidade, que, sinceramente, só não é ainda uma realidade admitida publicamente, por razões de manutenção do "status co"; por interesses políticos, econômicos, religiosos e salvaguarda das "soberanias nacionais". Não é à toa que bilhões de dólares são investidos, mesmo que sem muitos alardes, nesse tipo de pesquisa.
6- Lei de causa e efeito: embasada nos próprios tálamos da ciência - 3a Lei de Newton.

Pergunta: Onde estão os aspectos mal resolvidos e conclusões equivocadas dos postulados básicos do Espiritismo?

Espere! Uma vez que o Kardecismo reinvindica o caráter de Ciência, e uma vez que é ponto pacífico que toda Ciência cometeu e comete erros, como então é possível defender a posição de que acusar "Erros científicos" no Kardecismo seja um ataque a seu Teor Científico!?

Seria como dizer que erros cometidos pela Física, que foram muitos, invalidam a própria Física como Ciência?! Simplesmente não dá para entender essa posição! O próprio Júlio insiste no Valor do Erro como elemento enriquecedor do conhecimento, algo que também expliquei em minha Resposta Anterior. Ele deixa claro que sua intenção é "Criticar" a pretensão Científica do Kardecismo, que ainda tem muito o que provar, e a primeira coisa a fazer seria admitir e corrigir esses erros!

Sobre os postulados enumerados por você, hipótese científica ou mesmo filosófica alguma pode dar conta do número 2. É algo empiricamente impossível de refutar e epistemologicamente impossível de confirmar. O número 3 no mínimo ainda tem quase TUDO a provar, que dizer do 4? Os tais fatos citados podem mesmo sugerir, mas afinal qual evidência conclusiva eles legaram?

Quanto ao 5, não sei de onde você tirou essa idéia de que é algo só não admitido publicamente devido a manutenção de status quo. Ora. É publicamente admitida a possibilidade. Acho que isso está fora de questão, mas como seria possível afirmá-la se ainda não se encontrou evidências positivas? Não se conseque sequer medir a probabilidade.

Agora o trecho seguinte... Só pode ter sido um descuido.

E, sobretudo, questionar um dos tríplices aspectos de uma doutrina (aspecto científico) que é inseparavelmente trina, conforme os dizeres de seu codificador, é como querer tirar um pé de uma mesa de três pés, e esperar que ela não caia. Portanto, não me parece coerente essa idéia de não querer abalar o Espiritismo.

Quer dizer então que tal aspecto NÃO PODE SER QUESTIONADO?!?! Tem que ser aceito cegamente?! O que é isso?! Nunca vi uma afirmação dessas em lugar nenhum no Kardecismo!

O Júlio em momento algum pretendeu invalidar o aspecto científico do Kardecismo, mas sim criticá-lo! Apontar-lhes os erros, sugerir mudanças e cobrar revisões e correções! Exatamente o que se espera de uma Ciência!

Já eu sim, afirmo um pouco mais duramente que o Kardecismo não pode ser Ciência, por motivos que já expliquei antes e que não foram abordados por você, que posso resumir em: 1- Afirmações sobre a Natureza demais para ser uma Ciência Social, 2 - Ausência de Matemática, o que inviabiliza sua posição como Ciência Natural. Mas isso só abalaria a doutrina se você insistir em sustentar uma concepção de Ciência ultrapassada, e/ou que a parte científica do Kardecismo tenha que se enquadrar em nossos parâmetros de Ciência tradicionais, onde espero ter deixado claro porque não se enquadra.

No entanto eu mesmo coloquei em minha resposta anterior: "...creio ser extremamente inapropriado referir-se a esse "Conhecimento Transcendente" do Mundo Espiritual como sendo cientificamente estabelecido segundo os parâmetros das nossas ciências terrestres."

O que quer dizer que eu não estou negando totalmente a possibilidade do Kardecismo ser algum tipo de Ciência, mas sim "...de que ele é uma Ciência comparável a qualquer uma daquelas que nenhum de nós nega ser Ciência."

Isso é criticar a pretensão científica do Kardecismo.

"Você não está disposto a abrir mão da posição de que Kardec é perfeito! E um dos sintomas mais claros disto são suas últimas palavras:"Estou indo e espero não voltar mais. Pelo menos para comentar esses ABUSIVOS ATOS DE MÁ FÉ.""
Bom, Marcus, eu nunca disse que Kardec é perfeito. O que não concordo é dar a ele, atributos os quais verdadeiramente não possui, como autoritário e arbitrário, pelos motivos claramente expostos no texto anterior. E como eu disse anteriormente, você se equivocou ao dar um sentido religioso à expressão "má fé" que eu empreguei no sentido de má intenção.

Sinceramente não sei que acrobacia intelectual poderia permitir a conclusão de que eu interpretei "má fé" num sentido religioso. Creio que você usou pejorativos demais, pra não dizer insultos, para denegrir não só a obra, mas mesmo a pessoa do Júlio. Dizer que alguém está errado é uma coisa, mas afirmar que foi "abusivamente mau intencionado" me parece, sem dúvida, uma ofensa.

Você pode não ter dito diretamente que Kardec é perfeito, mas negou automaticamente qualquer insinuação de que ele não fosse, rebatendo-as muitas vezes com agressões, e não percebendo os argumentos que o Júlio apresentou para isso. Sinto muito insistir nessa comparação, mas você agiu exatamente como agem os Fundamentalistas Cristãos, não fazendo nenhuma concessão, te desafio a me mostrar onde você o fez, rebatendo as afirmações aparentemente mais frágeis, ignorando as mais fortes, e ignorando também os reconhecimentos do autor aos méritos de Kardec.

Desculpe-me, talvez eu esteja tão acostumado a discutir com Literalistas e Apologistas Bíblicos Radicais que já tenha estruturado minha argumentação nesse sentido. Mesmo assim, não vejo nada que deponha contra essa minha impressão. Nem você ainda me mostrou.

Por fim, quero admitir que você elevou muito o nível de seus comentários neste último texto, e tem reagido muitíssimo bem à maioria de minhas críticas. Sendo assim, entenda que respeito sua posição e mesmo admiro sua disposição em polemizar em defesa de Kardec. Mas tenho que apontar, de acordo com minha consciência, os erros e excessos cometidos.

Espero ter feito isso da melhor maneira possível.

Amigavelmente

Marcus Valerio XR
20 de Dezembro de 2004
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