DreamBook Marcus Valerio XR Comentários de Júlio César Siqueira Barros Autor do site CRITICANDO KARDEC Sobre o texto TRÉPLICA de CRITICANDO Criticando Kardec de André Maximiano Serpa Os comentários de Júlio estão em "BEGE" Negrito.
Publicado em 21 de Fevereiro de 2005 - Marcus Valerio XR
Caros André e Marcus,
Olá André,
Obrigado por seu retorno. Vou comentar suas duas mensagens. Meus comentários serão iniciados por *** (Que no caso removi dado
ao uso do recurso de cores. - Marcus Valerio XR)
Da sua mensagem ao Marcus: Veja, André, eu não acho, e nem disse (!), que alguém se "apossou egoisticamente" de nada. Isso aí foi por sua conta.
O link onde eu discorro sobre isso está em:
kardesp.htm.
Se porém houver algo nesse meu texto que você considerar interessante criticar, rebater, ou refutar, ouvirei seus argumentos com toda a atenção e respeito.
Da sua Mensagem a Mim (vou colá-la na íntegra): Resposta às Mensagens I e II de Júlio Siqueira: Caro Júlio Siqueira: Primeiramente, gostaria de esclarecer que se te chamei de espírita foi em razão dessa afirmação ter sido feita pelo Marcus Valério, como na resposta a Paulo César na mensagem 372. Para mim, ser chamado de "espírita" (ou mesmo "kardecista") não é uma ofensa; é antes um elogio. Apenas ressalto, obviamente, uma certa imprecisão desse termo ao ser referido a mim. Sinto também, pela análise de suas palavras, que te magoei, quando afirmei o seu despreparo na elaboração do site Criticando Kardec. Isso, como dizem, "faz parte". Não há problema. Não teria como saber dos seus cursos e esforços empregados em todo seu processo de aprendizagem. Em vários momentos eles não estiveram presentes em sua crítica. Ficarei agradecido se apontar onde e como incorri em tais deslizes. Acho que talvez, o mesmo ideal que o moveu em seu ataque a Kardec, esteve presente comigo, porém de forma contrária, em sua defesa. Parodiando o super herói Chapolin Colorado (bem humoradamente, mas seriamente): "Suspeitei Desde o Princípio"! (ou seja, concordo com você). Não estou anulando meus comentários anteriores os quais, acredito eu, foram corretamente embasados, mas somente reafirmando que talvez tenha, por vezes, usado um pouco mais de paixão em minhas palavras. A causa é justa e preciosa. E a emoção conseqüentemente também. Até porque é uma grande mentira achar que as pessoas escrevam com TOTAL imparcialidade. Correto e bem sinalizado. Por isso, peço-lhe desculpas e reitero meu respeito a ti. Agora, indo ao que importa aos demais leitores, gostaria de fazer alguns comentários relacionados às suas duas mensagens. 1- Conforme disse anteriormente o trecho de Prolegômenos não apresenta relação obrigatória com a questão 196, embora ambos figurem em O Livro Dos Espíritos. Concordo. E creio que deixei clara minha concordância com isso em minha mensagem anterior. Portanto, toda a crítica por ti elaborada nesse aspecto, inclusive a ironia que você diz ter descoberto, caem por terra. Discordo desse "portanto". Minha percepção da invalidade da metáfora da videira continua, à luz do que você disse, válida. Ou seja, você não a refutou em termos técnicos. A ironia do destino, a meu ver, permanece. Basicamente, não há "licor" (etanol) algum na imagem, apesar dos "espíritos superiores" aparentemente acreditarem que há. Destaco que o Marcus Valério concordou comigo, como você deve ter visto. Ele concordou antes de eu ter explanado mais a fundo sobre o ponto. Se ele continuar concordando com você agora, respeitarei a posição dele, assim como respeito a sua. Mas, nesse caso, continuaria com a minha opinião, já que a meu ver não foi apresentada refutação ao meu raciocínio. Eu poderia transformar esse ponto em uma questão pra você: Por quê você, André, considera a metáfora da videira em prolegômenos válida? Explique essa metáfora para nós, sob sua ótica. 2- Concordo com você em sua reflexão a respeito da estagnação da ciência espírita. Realmente estamos comendo moscas e essa também é uma bandeira minha. É, mas convém não exagerarmos. Tem coisa boa sendo feita também. Você sabe disso, eu sei. Mas isso tem uma explicação histórica. Sem dúvida. E outras explicações também, além da histórica. Infelizmente os críticos ao espiritismo, (e ao kardecismo, dentro do meu uso de tais termos) e ao espiritualismo, normalmente (quase sempre) são muito ruins e exagerados em sua negatividade. O Espiritismo surgiu na França no século XIX e lá encontrou adeptos muito afeitos ao estudo prático e ao questionamento filosófico. Porém, pouco se extraiu de conseqüências morais pelo estudo da revelação. Como a finalidade mestra do Espiritismo é a melhoria do ser humano em todos os aspectos, inclusive em seu caráter e conduta de vida, à luz do ensinamento moral fornecido pela religião, o eixo central dessa doutrina foi transportado pela espiritualidade para o Brasil. Nessa nação de povo acolhedor, solidário, sem tantos preconceitos como em outras localidades do globo Olha, André, com todo o respeito, eu sou um pouco "pé atrás" com essas visões a respeito do povo brasileiro. Temos também muitos problemas, e ao comparar-nos com outros povos, não vejo necessariamente superioridade moral ou emotiva. Enfim, respeito sua posição. e, principalmente, muito receptivo aos valores da fé e esperança, é que foi depositado o cerne desses ideais. Todavia, essa mesma religiosidade característica, muitas vezes carregada de excessos, misticismos e autoritarismos presentes no consciente e no subconsciente dos arcabouços mentais de seu povo, gerou uma valorização excessiva da vertente religiosa em detrimento da filosófica e principalmente da científica. Talvez não necessariamente uma valorização excessiva da vertente religiosa, e sim um detrimento injustificado das vertentes filosóficas e científicas. O lado religioso kardecista brasileiro é de um valor imenso. E isso já me foi dito (pasme!) por um amigo católico, que ressaltou para mim que o kardecismo é a religião brasileira com talvez maior devotação a obras assistenciais. E a que menos faz alarde disso. Fantástico. E pouco conhecido! É preciso levar em conta também, que somente em tempos recentes, o meio acadêmico, fonte primária dos grandes avanços e descobertas, tem se despido do preconceito e permitido estudos e experiências ligados às questões transcendentais. Tem havido grande retrocesso nisso também, em especial através do trabalho dos "pseudo-céticos", como os do CSICOP estados-unidense. Relato e critico isso no link abaixo: criticandooceticismo.htm Sem contar o grande preconceito da própria sociedade em relação aos seus adeptos. Se ser espírita já era difícil, imaginem fazer ciência espírita?! Vasculhem os arquivos ou consultem os trabalhadores mais antigos das casas espíritas de algumas décadas passadas. Conhecerão histórias escabrosas no que diz respeito à discriminação. Uma outra grave questão é a falta de recursos financeiros. Aí temos um problema. Como somos adeptos do "daí de graça o que de graça recebeste", ou seja, não temos dízimo, contribuições obrigatórias e ainda somos, corretamente, impedidos de cobrar pelo trabalho mediúnico, muitos de nós ainda se furtam a espontaneamente ajudar a causa. Os parcos recursos que temos, os direcionamos a assistência social, construção de creches, asilos, hospitais, etc... mas quase nunca, os direcionamos para a construção de escolas e para a pesquisa científica. Mentalidade errada, pois que, educar e fomentar conhecimento também são auxílio fraterno, tão ou mais importante que as outras formas de ajudar. Felizmente, algumas pessoas estão correndo atrás do tempo perdido como é o caso de Dora Incontri, jornalista e doutora em pedagogia, que está iniciando a 1a turma de Pós-graduação, abrindo espaço, portanto, para os espíritas na universidade (Univ. Santa Cecília em Santos-SP). Mas especificamente tenho notícia do Dr. Sérgio Felipe na USP, com trabalhos publicados e também cursos ministrados, além do projeto de criar a UNIESPIRITO. Hernani Guimarães também publicou trabalhos. Mas realmente é pouco. Esperamos melhoras. 3- "Deus: A ortodoxia científica não quer se posicionar a respeito. Sendo bastante prudentes, diríamos que é uma questão ainda em aberto (é um dos, senão o maior, questionamento de todo ser dotado de racionalidade!). Em uma última e radical análise, ninguém pode afirmar sua existência ou inexistência".(meu) "Ou seja, você mesmo está afirmando que não é algo científico dizer que Deus é cem por cento comprovado". (Júlio Siqueira) O que eu disse, é que em uma última e radical análise, se não se pode dizer que Deus existe, também não há nada que prove que Ele não exista. Concordo. Infelizmente, o que tem acontecido, é que a ciência ortodoxa tem afirmado a sua inexistência. Concordo!!! E critico demais isso, principalmente em alguns foruns "céticos" que freqüento e freqüentei, como o Ceticismo Aberto e o SBCR. Alguns abertamente, outros mais veladamente. O próprio Kardec afirmou que é uma condição indispensável para o entendimento do Espiritismo, a prévia aceitação de Deus. Aí acho que Kardec, em termos científicos, pisou na bola. O fato da ciência não provar que Deus não existe, não quer dizer que Deus exista. Cientificamente, Deus pode existir ou não. Assumir uma posição taxativa, pró ou contra, é, a meu ver, anticientífico. Assim, não há nada de contraditório nessa premissa básica. Caso você afirme que ela é mal resolvida, também diria que é para ciência ortodoxa. Afinal, se não há Deus, quem criou o Universo? E se há Deus, quem criou Deus? Lembra do axioma: "Pela obra se conhece o criador", e "todo efeito tem uma causa", ?. Se você encontrar um Universo, ele é um efeito e tem um criador. Dá para, a partir daí, deduzir que esse universo foi causado e criado por um Deus prá lá de poderoso. Agora, se você encontrar um Deus (ou O Deus), ele também é um efeito (lógico: por quê universos e pessoas seriam sempre efeitos e Deuses seriam sempre causas incriadas?) e ele também é uma criação. Então, pela lógica desses dois axiomas (que Kardec adorava, mas não enxergava as conseqüências lógicas inevitáveis), Deus foi criado por um Deus ainda melhor, e assim por diante, ad infinitum. Possível? Sem dúvida. Tão possível quanto o Universo não ter sido criado por deus nenhum. O erro desse raciocínio está justamente nessa idéia de que qualquer COISA é um EFEITO. Pode ser que haja coisas que não sejam efeito de nada, sendo acausais portanto. Como ele surgiu? Por quê ele surgiu? Para que ele surgiu? Por que estamos aqui? Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? O que é o nada? A ortodoxia pode até apresentar algumas respostas, mas certamente elas não são conclusivas e inquestionáveis. Ontem mesmo (12/01/2005), em seu último noticiário noturno, a Rede Globo noticiou que a NASA lançou um foguete de exploração que irá colidir com um cometa, penetrando o equivalente a quinze andares de um prédio, para a partir da análise do seu interior obter conclusões básicas a respeito da formação do Universo. 4- "(...) e tenho uma minunciosíssima reavaliação de um caso de reencarnação de Ian Stevenson onde demonstro a validade dos métodos de Stevenson e de suas conclusões pró-reencarnação". Afinal, se os métodos do pesquisador são válidos, o que mais precisa para comprovar cientificamente a reencarnação e conseqüentemente a sobrevivência da alma? Notem que aceita a primeira não tem como negar a segunda. Serão necessários a materialização de um espírito num laboratório de cada universidade importante do planeta com dia e hora marcados? Eu diria, André, que nem isso! (materialização do espírito em laboratório). Sugiro os dois links abaixo:
apples.htm,
psi-vs-espirit.htm
Ressalto que mesmo Ian Stevenson NÃO CONSIDERA que a reencarnação esteja comprovada cientificamente. Ele apenas afirma que há evidências indicativas de paranormalidade nos casos por ele estudados (nos melhores deles, que perfazem algo em torno de 3 por cento do total de casos estudados por ele), evidências essas que seriam indicativas de paranormalidade e sugestivas de reencarnação. Daí a uma PROVA científica é um salto muito grande. A minha fé é na reencarnação. Eu acredito nela. Como fé. Mas eu não afirmo, nem acho, que ela seja uma hipótese científica já comprovada.
5- Quanto à pluralidade dos mundos habitados, você, Júlio, questionou as descrições de vida em outros planetas do Sistema Solar na Revista Espírita e no Livro dos Espíritos. Certamente não as li todas, especialmente as da primeira fonte, contudo, o entendimento do conjunto da obra nos mostra claramente que essas civilizações não se encontram necessariamente no mesmo plano, ou se preferir, no mesmo grau de materialização que nós. Não é o que dá a entender as descrições na Revue Spirite durante a vida de Kardec. Os habitantes de Marte e de Vênus, por exemplo, seriam bem similares a nós. Nada levaria a crer que eles são feitos de vento ou algo similar. As descrições da vida em Marte são de tribos bestiais e primitivas (apesar de Emmanuel asseverar o contrário!). Em Vênus, os seres se alimentariam de "laticínios"...(!) Portanto, não quer dizer que se formos até esses locais encontraremos esses seres. Pois é, né André, aí complica. É isso que os críticos vivem atirando contra algumas das "explicações espíritas": as coisas existiriam mas seriam indetectáveis. Então, na prática, é como se nem existissem. E pior, nos relatos originais, não era isso que dava a entender. Muito pelo contrário. O que parecia era que seriam seres que conseguiríamos ver. Talvez não os de Jupiter, que teriam seus corpos mais etéreos e seus perispíritos igualmente etéreos. Mas os de Vênus, que seriam pouco superiores a nós? E os de Marte, que seriam inferiores? Fica complicado isso. Mina a credibilidade das afirmações "científicas" kardecistas. A ortodoxia também não nega a possibilidade de ter no passado, ocorrido formas de vida nesses locais. Pelo contrário, muitos estudos têm sido feito nesse sentido. Ah! Mas o Espiritismo não comprova todas essas afirmativas cientificamente. Sim. Mas se ele for sempre esperar a confirmação pela ortodoxia, não será mais Espiritismo e sim Ciência Ortodoxa! A rigor, André, a vertente científica do kardecismo é ciência ortodoxa mesmo! Pelo menos a meu ver. (apesar de não ser aceita como tal pela ciência predominante; mas é uma "ciência ortodoxa" nos métodos e procedimentos). Alguns exemplos interessantes: -A ortodoxia do final do século XX fala da teoria das cordas, afirmando que o que fornece as diferentes apresentações da matéria é o nível de vibração de seu elemento primordial, comum a todas as coisas. Os espíritos já diziam isso a mais de cem anos atrás, apenas com outra linguagem, basta observar a descrição do fluido cósmico (universal) em O Livro Dos Espíritos. Como assim? Explique-se melhor. Que ponto especificamente do Livro dos Espíritos você acha que embasa a teoria das cordas (e olha que tal teoria pode nem estar certa). - Albert Einstein, que, diga-se de passagem, acreditava em Deus e suas falas estão impregnadas de religiosidade, apresentou a Teoria da Relatividade por volta de 1910. Einstein era "deísta", algo que Kardec execrava. Em 1868, os espíritos já traziam um esboço dessa idéia, Como assim? Desconheço isso. Inclusive acho que a teoria da relatividade atrapalha um bocado o kardecismo. que mais tarde foi mais minuciosamente descrita e equacionada. Ver Teoria da Presciência em A Gênese (tenho que escrever sobre esse tema!). Vou dar uma olhada... Depois digo se achei algo interessante no sentido de corroborar a teoria da relatividade. Apenas ressalto que a teoria da relatividade está calcada no princípio da relatividade de Galileu, que já era de pleno conhecimento do astrônomo Camille Flammarion, que foi talvez o principal contribuidor para o livro A Gênese (na parte da "Uranografia" e quaisquer outros textos assinados por "Galileu" em A Gênese). Concluindo: Os aspectos que você chama de mal resolvidos do Espiritismo, nem mesmo a maravilhosa ciência ortodoxa conseguiu resolver, são eles: Deus e a habitação do Universo. Quem dera fosse só isso, André. Trata-se, portanto, de uma crítica injusta, pois é uma questão de evolução para todas as ciências. Quanto às conclusões equivocadas dos postulados básicos do Espiritismo, volto a perguntar: onde estão? Acho que esses textos também respondem senão a todos, pelo menos a maioria dos questionamentos levantados por Wagner de Almeida Medina na mensagem 404. Mas só para acrescentar, descobrir antibióticos, vacinas e medicamentos não é trabalho da ciência espírita. Para isso, tem o homem sua própria inteligência e todos os conhecimentos armazenados pela ciência tradicional. A ciência espírita tem como ocupação o espírito. E não pense que isso é pouco. Sua comprovação representa uma mudança radical de paradigmas, especialmente com a reencarnação. A sua comprovação representa mudanças sociais, econômicas, políticas, religiosas e científicas. Imaginem a mudança de comportamento que ela pode gerar nos seres humanos. Como agirão as pessoas quando tiverem vontade de matar alguém, mas se defrontarem com a verdade inquestionável da lei de causa e efeito, como mecanismo de "punição" (prefiro reajustamento), trazendo-lhes encargos e dificuldades na vida futura? Esse tipo de questionamento valerá para todas as decisões, desde as menores até as maiores. Creio que um mundo melhor não é pouca coisa. Ok, André. De fato, todas essas coisas poderão de fato mudar (e esperemos que para melhor...) com a comprovação científica das afirmações kardecistas.
Mas atendendo à sua justa demanda, vou falar então um pouco sobre os "aspectos mal avaliados e conclusões equivocadas mesmo nos postulados mais básicos do kardecismo" (que é exatamente o que eu digo, ou seja, os termos que eu uso, na página de abertura do meu site).
São então duas coisas que eu devo ressaltar nos itens que enumerarei abaixo: primeiro, se um determinado item é um "postulado básico kardecista" no meu entendimento. Segundo, se o item é um "aspecto mal avaliado" ou uma "conclusão equivocada". Note que estou fazendo tais considerações a respeito da "faceta científica" do kardecismo. Se alguém considerar todas essas afirmações abaixo como válidas em termos RELIGIOSOS, então eu nada objetaria, já que estou querendo questionar (questionar, e não detonar!) apenas a cientificidade do kardecismo.
Itens (retirados de kardec1.htm):
1- Existe um mundo material e um mundo espiritual. 2- O mundo espiritual é pré-existente ao mundo material. É o mundo principal, e é, pelo menos até certo ponto, não dependente do mundo material. 3- Tudo no Universo tem uma função. 4- Todos os mundos (ou seja, planetas e objetos astronômicos similares) são habitados. 5- Possuímos o corpo físico e o espírito, sendo nosso espírito a sede de nossa consciência. 6- O espírito sobrevive à morte do corpo físico. 7- O espírito interage com a matéria através do perispírito. 8- Há apenas um tipo de "linhagem" de espíritos. 9- Os espíritos são individuais e conservam sempre tal individualidade, em substância, memória, personalidade, e história de vida. 10- Há a afinidade entre os espíritos semelhantes, e a repulsão entre os opostos. 11- A progressão dos espíritos (em conhecimento e em moralidade) tem um "início" (onde e como, não se sabe; ou seja, não foi ainda revelado ou descoberto) e um "fim" (espíritos puros). Em sua evolução, os espíritos "passam" (encarnam) pelos reinos mineral, vegetal, animal, e "hominal". 12- O espírito só progride, nunca retrograda, podendo por vezes "estacionar" durante um tempo mais ou menos longo, mas nunca infinito. O "progresso" dos espíritos se dá em conhecimento, em moralidade, e em poder anímico sobre os espíritos inferiores na hierarquia espiritual. Igualmente, em suas encarnações os espíritos habitam corpos orgânicos cada vez mais "aperfeiçoados", indo no sentido vegetais -> animais -> homem; nunca indo no sentido homem -> vegetais, ou homem -> animais. 13- Há a reencarnação. 14- Há a alternância entre a vida como espírito encarnado e como espírito desencarnado (ou "errante"). Isso até que o espírito atinja o grau de espírito puro, a partir do qual pode nunca mais reencarnar. Aparentemente, espíritos puros podem reencarnar se assim o desejarem, mas esse parece ser um ponto um pouco obscuro na teoria kardecista. 15- As encarnações procedem também de mundos (planetas) "inferiores" (planetas com civilizações menos desenvolvidas em conhecimento e em moralidade), seguindo posteriormente para mundos "superiores". 16- Há a "redenção inexorável", ou seja, nenhum espírito permanece para sempre em uma condição inferior. 17- Há o livre arbítrio e a responsabilidade pelos atos praticados, implicando em necessidade de se "pagar" pelas faltas cometidas, o que por vezes inclui a reparação dos erros junto àqueles a quem se ofendeu. Isso é por vezes chamado de Lei Moral de Causa e Efeito, e posteriormente a Kardec passou-se a se utilizar o termo indiano "Karma" (ou "Carma") para se referir a este aspecto da teoria-doutrina kardecista. 18- Há a preponderância do espírito sobre a matéria, e não há arrastamento irresistível para a prática do "mal" (o espírito sempre pode vencer, resistir, aos arrastamentos da matéria). 19- Há uma hierarquia do bem sobre o mal. 20- Há Deus. Um só! É ele o criador do Universo. Ele possui uma individualidade diferente da dos espíritos, ou seja, os espíritos provavelmente não são fragmentos de Deus, e também não são manifestações, ou emanações dele (ao contrário do que ocorre, por exemplo, com Brahman no induísmo. No induísmo, todos nós em nosso âmago mais profundo, "atma", somos o próprio Brahman). Deus é omni-potente, omni-ciente, omni-benevolente, omni-justo. O Deus kardecista é basicamente o Deus típico do que é definido como "teísmo". 21- Há a mediunidade, e amplas maneiras e graus de comunicação entre os "vivos" e os "mortos". 22- A mediunidade é mediada (perdoem a redundância), em grande parte pelo menos, pelo perispírito do médium (incluindo emanações do perispírito mais ou menos abundantes). Concluindo: Ou seja, André, para mim é claro que o kardecismo (o kardecismo enquanto ciência, ou tentativa de) é um excesso de afirmações sobre uma imensa escassez de dados empíricos. É muita teoria pra pouco fenômeno. E resumindo o que eu expus em kardec1.htm, apesar do método de Kardec ser interessante e promissor, ele possuía falhas intrínsicas de boa monta, além disso Kardec não deu mostras de o ter usado de fato, e por vezes ele claramente não usou o método. Eu acho que o kardecismo "pode" ser ciência. Ou seja, eu considero possível, válido, e fértil que se trabalhe cientificamente com algumas hipóteses kardecistas, como por exemplo a reencarnação e a vida pós morte. Mas ciência se faz com muita pesquisa, muito esforço, muita descoberta e com boa avaliação das descobertas encontradas. Não há um bom percentual de cientistas trabalhando nesse sentido com hipóteses kardecistas ou similares. Infelizmente. Mas acredito que o futuro ainda nos trará surpresas agradáveis e boas reviravoltas nesse quadro.
Mas, por enquanto, é apenas uma expectativa minha. Então, até lá, Deus, vida pós morte, e reencarnação, são muito mais crenças minhas do que verdades científicas já comprovadas.
Um grande abraço,
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