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Marcus Valerio XR

Comentários de Júlio César Siqueira Barros
Autor do site CRITICANDO KARDEC

Sobre o texto TRÉPLICA de CRITICANDO Criticando Kardec
de André Maximiano Serpa

Os comentários de Júlio estão em "BEGE" Negrito.

Pela segundo vez venho a publicar um texto de Júlio César Siqueira Barros, em resposta ao texto Tréplica de CRITICANDO Criticando Kardec, de André Maximiano Serpa. Este texto me foi enviado ainda no dia 31/12/2004, desejando feliz 2005 para todos, no entanto, somente agora me foi viável sua publicação.

Quero mais uma vez agradecer a participação destes dois visitantes, contribuindo para esse debate de notável importância à temática Kardecismo e Ciência.

Marcus Valerio XR - 10/01/2005


Caros André e Marcus,

Gostaria de fazer alguns comentários a respeito de alguns dos trechos da mensagem de André. Meus comentários em amarelo. (Que eu passei para BEGE - Marcus Valerio XR).

Caro colega Marcus:

Eu acho no mínimo curioso, o fato de você, Marcus, e principalmente o Júlio, acusarem os espíritas de se apossarem egoisticamente do termo "espiritismo" para depois, não quererem que os espíritas apontem a doutrina que abraçam como sendo ciência ( além de filosofia e religião).

Veja, André, são duas questões distintas. A primeira é se é apropriado ou não considerarmos que "Espiritismo" é unicamente aquilo que segue Kardec à risca, excluindo coisas como Umbanda ou sincretismos de Umbanda com Kardecismo, etc. Eu considero inapropriado restringir o uso do termo "Espiritismo" apenas à ortodoxia kardecista. Mas isso a rigor é apenas uma questão de definição do uso de termos. Mesmo se for apropriado que se restrinja o termo "Espiritismo" para aquilo que segue à risca Kardec, isso não tornaria o "Kardecismo" (ou "Espiritismo", se você assim entender) mais ou menos científico do que é. Uma questão não tem nada a ver com a outra.

Além do mais, não é muito sensato questionar o caráter científico dos estudos de Kardec sob a alegação de ser embasado na "ultrapassada" ciência do século XIX. Cada homem a seu tempo.

Se estamos criticando Kardec, então devemos levar em conta essas questões que você coloca acima. E é justamente por isso que eu levo isso em consideração ao discorrer sobre ele no meu texto em kardec1.htm. Se estamos criticando o espiritismo atual, ou o kardecismo atual, em seus aspectos científicos, então temos que usar dos parâmetros atuais.

Se seguirmos por este caminho, teremos que abolir a Teoria da Evolução das Espécies, de Charles Darwin,

Na verdade, Darwin em si foi em grande medida abolido mesmo! O que sobrou foi muito mais o nome do que a obra. O que é aceito atualmente não é exatamente o "dawinismo clássico", e sim o "neo-darwinismo", também conhecido como "Síntese Moderna", que se desenvolveu e consolidou na primeira metade do século XX.

pois que não existe atualmente e nem nos últimos quarenta anos, um único estudo bioquímico conclusivo publicado em qualquer revista científica respeitada, que demonstre essa teoria ( ver a Caixa Preta de Darwin, de Michael Behe). Apesar disso, ela continua sendo a mais aceita pelo meio acadêmico. Antes que me chamem de Criacionista ( se é que já não fui chamado!), digo que minha posição é favorável ao Evolucionismo, embora com a séria ressalva de que muitos dos fenômenos explicados têm ainda uma causa inteligente oculta.

Eu considero que o "Intelligent Design", conforme eu o entendo, é uma possibilidade interessante (ou seja, a possibilidade de algum tipo de consciência universal participar do direcionamento da evolução dos seres vivos). Considero também que o neo-darwinismo ortodoxo está meio capenga (vide este link), apesar de ainda dar conta do recado muito bem em inúmeras situações teóricas e práticas. Mas acho exagero dizer que "não há estudos bioquímicos conclusivos que demonstrem essa teoria". Mas ainda tenho que ler a "Caixa Preta de Darwin". Então, até lá, me silencio sobre esse assunto.

Esclarecendo: È bem verdade que a ciência espírita tem muito que caminhar. Mas levemos em consideração que ela é um recém nascido de apenas pouco mais de um século de vida.

Esse "recém-nascido" tem mais de 140 anos. A mecânica quântica tem bem menos que isso. As teorias da relatividade tem menos que isso. A biologia evolutiva tem algo em torno disso, e os desenvolvimentos da genética tem menos que isso. A biologia molecular tem bem menos que isso. A ciência e a tecnologia da computação tem bem menos que isso. E todos esses campos têm "avançado" muito, muitíssimo mais que o kardecismo nas últimas décadas. Sem dúvida alguém está comendo mosca nessa história. É lógico que isso não invalida o kardecismo. Mas é algo que chama à reflexão.

Quanto ao termo "má fé", não o encare com conotação religiosa. Eu o empreguei no sentido de má intenção e leviandade. ...penso que o Júlio (autor do site) resolveu tratar de um assunto sério sem a responsabilidade e o cuidado necessários para tal jornada.

André, desde 1978 que estudo a fundo o Kardecismo. Para criar o site "Criticando Kardec", iniciei em 1998 um estudo sistemático e altamente atento das obras de Kardec, de todas elas (todos os livros, ou seja, o "pentateuco" mais "Obras Póstumas" e "O que é o Espiritismo"). Também adquiri a Revue Spirite de todos os anos em que Kardec esteve vivo, junto ao IDE, São Paulo (tradução de Salvador Gentile). Chequei diversos trechos potencialmente problemáticos junto às fontes originais em francês, e adquiri o Livro dos Espíritos primeira edição, que infelizmente a FEB não edita! Efetuei também muitos e dificílimos estudos adicionais, nos campos da biologia evolutiva, neurociência da cognição, estudos da consciência, parapsicologia, ceticismo, física, etc, de modo a me respaldar em minhas posições. Só iniciei o site em 2002, já com quatro anos de tais estudos intensos e metódicos. De fato, ninguém, nem mesmo eu, está livre de cometer erros ao analisar os erros dos outros. Mas confesso que é um pouco desanimador constatar que também não estamos livres de sermos avaliados pelos outros, em nosso trabalho, levianamente... (e... sem os "cuidados necessários para tal jornada"!).

"Não foi intenção de ninguém abalar o Espiritismo". Peço antecipadamente mil desculpas também Marcus, mas suas colocações nesse aspecto foram carregadas de uma boa dose de ingenuidade. Dizer que um site, cuja página de abertura, que traz como um de seus enunciados: "3- O espiritismo kardecista possui, MESMO EM SEUS POSTULADOS MAIS BÁSICOS, ASPECTOS MAL RESOLVIDOS E CONCLUSÕES EQUIVOCADAS" não quer abalar o Espiritismo é altamente contraditório.

Bom, então para dirimir qualquer dúvida: É minha intenção SIM abalar o Espiritismo! Mas não no sentido da má fé, da maldade de quem quer destruir algo que no fundo considera inválido, e sim no sentido de querer que algo que é válido se torne ainda mais válido, chegando assim mais próximo do quão válido pode vir a ser se nos dedicarmos devidamente. E uma correção: eu não disse que o kardecismo possui aspectos mal resolvidos, e sim aspectos mal avaliados!

Dos postulados básicos do Espiritismo:
1- Deus: A ortodoxia científica não quer se posicionar a respeito. Sendo bastante prudentes, diríamos que é uma questão ainda em aberto.( é um dos, senão o maior, questionamento de todo ser dotado de racionalidade!) Em uma última e radical análise, ninguém pode afirmar sua existência ou inexistência.
2- Sobrevivência da alma: não há nada no texto( pelo menos que eu tenha lido) que questione esse postulado.
3- Comunicabilidade com os mortos: em alguns momentos o autor se posiciona favoravelmente a esse postulado.
4- Pluralidade das existências ou reencarnação: aceitos os itens anteriores, pela lógica, pela razão e pela observação também se aceita esse postulado. Isso sem falar nos inúmeros fatos que falam por si próprios.
5- Pluralidade dos mundos habitados: a própria ciência admite essa possibilidade, que, sinceramente, só não é ainda uma realidade admitida publicamente, por razões de manutenção do "status co"; por interesses políticos, econômicos, religiosos e salvaguarda das "soberanias nacionais". Não é à toa que bilhões de dólares são investidos, mesmo que sem muitos alardes, nesse tipo de pesquisa.
6- Lei de causa e efeito: embasada nos próprios tálamos da ciência - 3a Lei de Newton.

Pergunta: Onde estão os aspectos mal resolvidos e conclusões equivocadas dos postulados básicos do Espiritismo?

Resposta: em parte, nos próprios itens acima! Vou colá-los abaixo e comentá-los. Lembre que estou analisando o aspecto científico do Kardecismo.

1- Deus: A ortodoxia científica não quer se posicionar a respeito. Sendo bastante prudentes, diríamos que é uma questão ainda em aberto.( é um dos, senão o maior, questionamento de todo ser dotado de racionalidade!) Em uma última e radical análise, ninguém pode afirmar sua existência ou inexistência.

Ou seja, você mesmo está afirmando que não é algo científico dizer que Deus é cem por cento comprovado!

2- Sobrevivência da alma: não há nada no texto( pelo menos que eu tenha lido) que questione esse postulado.

Não. Não em Kardec1.htm. Mas lembre-se que o Kardecismo não afirma que há apenas "sobrevivência da alma", e sim sobrevivência da alma nas condições A, B, C, etc (ou seja, existe reencarnação, reencontro com os entes queridos, sofrimento para os maus, evolução rumo ao estado de espírito puro, etc). Aceitar tais afirmações depende da confiabilidade que é dada à comunicação com os "espíritos". E sinceramente penso que tal confiabilidade é altamente questionável, à luz do que demonstro em meus textos.

Mas tenho alguns textos no meu site falando minha posição científica a respeito de tal assunto. Os links são:
geocities.yahoo.com.br/criticandokardec/debate.htm
geocities.yahoo.com.br/criticandokardec/atanasia.htm
geocities.yahoo.com.br/criticandokardec/apples.htm
geocities.yahoo.com.br/criticandokardec/psi-vs-espirit.htm

3- Comunicabilidade com os mortos: em alguns momentos o autor se posiciona favoravelmente a esse postulado.

"A favor", em parte. Já "confiar no conteúdo de tais comunicações", muitíssimo menos. Do ponto de vista científico, penso que há que se estudar mais, e se teorizar menos.

4- Pluralidade das existências ou reencarnação: aceitos os itens anteriores, pela lógica, pela razão e pela observação também se aceita esse postulado. Isso sem falar nos inúmeros fatos que falam por si próprios.

Uma coisa que atualmente rejeito é que haja alguma lógica especialmente válida para a reencarnação. Eu aceito ela como fé. Fé cega mesmo (ou seja: Eu mesmo tenho essa fé!). Mas lógica e racionalidade, ela não tem praticamente nenhuma. Mas isso ainda abordarei em textos por vir. Contudo, isso não quer dizer que a reencarnação não exista. Falo também bastante sobre isso nos links sugeridos acima, e tenho uma minuciosíssima reavaliação de um caso de "reencarnação" estudado por Ian Stevenson onde demonstro a validade dos métodos de Stevenson e de suas conclusões "pró reencarnação". No link abaixo: geocities.yahoo.com.br/criticandokardec/imad-elawar-revisited.html

5- Pluralidade dos mundos habitados: a própria ciência admite essa possibilidade, que, sinceramente, só não é ainda uma realidade admitida publicamente, por razões de manutenção do "status co"; por interesses políticos, econômicos, religiosos e salvaguarda das "soberanias nacionais". Não é à toa que bilhões de dólares são investidos, mesmo que sem muitos alardes, nesse tipo de pesquisa.

Uma coisa é admitirmos que possa haver vida em outros planetas. Outra coisa é admitirmos como fato o que está escrito no Livro dos Espíritos a respeito disso, ou pior, nos trechos da Revue Spirite que deram origem ao que Kardec colocou no Livro dos Espíritos. Muitas das afirmações kardecistas a respeito da pluraridade dos mundos habitados carecem de lógica científica. E algumas são claramente erradas. A "vida em Marte" é descrita em detalhes na Revue Spirite. Me parece impossível que tal descrição seja acertada. (seres como os homens das cavernas vivendo em ambiente inóspito e cheio de ventos, etc). Igualmente com relação a Vênus e Júpiter. E veja: fragmentos disso foram incluídos no próprio Livro dos Espíritos!

6- Lei de causa e efeito: embasada nos próprios tálamos da ciência - 3a Lei de Newton.

Essa lei não pode ser extendida para o conceito do "karma". Segundo a lei de newton, você pode matar a vontade que não vai necessariamente ter que "pagar tal débito". A lei moral de causa-efeito kardecista é uma lei religiosa, desprovida de embasamento científico. Ainda! No futuro, o próprio futuro dirá.

E, sobretudo, questionar um dos tríplices aspectos de uma doutrina (aspecto científico) que é inseparavelmente trina, conforme os dizeres de seu codificador, é como querer tirar um pé de uma mesa de três pés, e esperar que ela não caia. Portanto, não me parece coerente essa idéia de não querer abalar o Espiritismo.

Novamente, sou a favor do "abalo positivo"! Muitas coisas que são "trinas" conseguem ficar de pé se uma de suas bases for abalada. Você talvez consiga mesmo andar com uma perna só, e olha que nem trino você é...

De todo modo, gostaria de deixar bem claro que minhas colocações não tem por objetivo final denegrir pessoalmente a você e ao Júlio. Estou apenas debatendo idéias no intuito de crescer e fomentar conhecimento, mesmo que algumas questões pareçam se tornar pessoais ou fiquem mais acalouradas. Saibam que meu respeito a suas individualidades, como figuras humanas, sempre existirá, mesmo nos momentos em que as idéias não convergirem a um ponto comum.

Críticas são necessárias, André, e o meu site trata de um tema público. Tenho que estar aberto para ouvir qualquer crítica e dar a elas o tratamento mais adequado possível, dentro de minhas luzes e limitações.

Então, obrigado por suas críticas. Elas terão sempre um efeito positivo sobre o meu trabalho.

Um abraço,

Julio Siqueira

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Crítica Original de André

Livro de Visitantes
CRITICANDO KARDEC