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Marcus Valerio XR

SEXTA Mensagem de

Anelise Martins
anelisems@hotmail.com

Meus comentários estão em AZUL.

Olá, Marcus!!!Eu aqui mais uma vez....

Oi Anelise. Vamos lá.

Mas voltando ao nosso assunto, talvez você não tenho compreendido muito bem meu parâmetro estabelecido com relação a questão que engloba o certo e o errado. Será que existe o certo e o errado ou é mera questão estabelecida pela cultura para a sociedade afim de estabelecer um modo de ser e seguir determinados fundamentos? O que se deve levar em conta para decidir o que é certo ou errado, bem ou mau?

Na minha opinião... Se fóssemos criar uma linguagem perfeita, capaz de se referir a tudo sem ambiguidades, imprecisões e mal entendidos, tenho certeza que existem uma certa classe de palvras que teriam que se abolidas. Entre elas estão: Grande e Pequeno, Alto e Baixo, Quente e Frio, Certo e Errado, Bem e Mal, e etc.

Simples. Pois o que existe são os conceitos de: Tamanho, Altura, Temperatura, Adequação, e etc, (Para Bem e Mal nem isso tem!). E para esses conceitos usamos os comparativos, "Maior que", "Menor que" e similares.

Ora, porque não existe nada Grande! Uma coisa pode ser maior que outra, mas nada é Grande, ou Baixa, ou Fria, em si mesma. Uma coisa só pode ser algo em relação a outra, portanto, o Sol não é "Quente", ele apenas tem maior temperatura que a maior parte das coisas que conhecemos, ou seja, é "Mais Quente que", mas em comparação com a maioria das outras estrelas, com a explosão de uma Bomba Nuclear ou com um raio atingindo o solo, ele é "Mais frio que".

O Danny de Vito não é "Baixo", ele apenas tem menor altura que a maioria dos outros atores hollywoodianos, mais ele ainda é mais alto que a maioria dos anões, dos pigmeus ou das crianças.

Portanto, palavras, como Pesado, Fraco, Feio, Complicado e etc. NÃO FAZEM SENTIDO! Elas só funcionam porque sempre aparecem em situações onde o contexto já está dado, para que automaticamente nós façamos a comparação e consideremos como Bonito, apenas algo que tem melhor apreciação estética que muitas outras coisas que conhecemos, ou que nos agradam mais que, ou apenas que nos agradem. E se dizemos que algo é duro, apenas estamos dizendo que aquilo é mais duro que algo. Mas entenda bem, o que existem são apenas os conceitos, Dureza, Beleza, Elasticidade, e os comparadores "<" e ">".

Portanto, não existem CERTO e ERRADO. Existe o conceito de Adequação, ou Qualidade, ou Utilidade, e coisas que são "Mais adequadas que", e "Menos adequado que".

E muitíssimo menos existem BEM e MAL.

Claro que podemos dizer que o conceito de Qualidade tende a dois extremos, dos quais podemos chamar de Bom ou Ruim, assim como a Temperatura tem um dimensão que se dirige ao Quente ou ao Frio. O problema acontece quando perdemos a noção do conceito em si e nos apegamos ao extremos como se eles fossem entidades independentes, quando na verdade não passam de extremidades do mesmo fio.

É dessa ilusão de separatividade que nascem todos o equívocos com os quais nos vamos arrastando, e de todas elas, e noção maniqueísta de que há um Bem e um Mal como entidades distintas é a mais nociva de todas.

Para estudarmos esse caso teríamos que identificar o que é tradição e estudar o sistema do qual estamos inseridos. Uma coisa que se torna tradicional, se torna normal, e portanto, é seguida muitas vezes sem nenhuma indagação. Vou citar apenas um exemplo dessa questão para deixá-la bem clara. Presente dos dias dos namorados no dia 12 virou uma tradição. Se você não der a sua namorada o presentinho dela, "o bicho pega", pois isso é algo que se tornou inerente na sociedade e quem não segue o padrão pode acabar perdendo o namorado. Nesse caso então, é certo dar presente no dia dos namorados e errado não dar, a não ser que a pessoa não tenha grana, mas não vamos entrar em maiores detalhes.

Acho que esse exemplo foi confuso, mesmo porque foi muito caricato. Mas de qualquer modo serve. Vamos então substituir os termos.

A Princípio, dar presentes no Dia dos Namorados é MAIS ADEQUADO do que não dar.
Mas há vários poréns.
E dar o presente quando não se tem um mínimo de dinheiro? Depende.
Quando se está em crise financeira, gastar dinheiro com presentes do Dia dos Namorados é MENOS ADEQUADO do que gastar o dinheiro comprando comida. E se o parceiro não for capaz de compreender isso, então é muitíssimo MENOS ADEQUADO para se namorar do que a maioria das pessoas que conheço.

Como se vê, as coisas não são Certas ou Erradas em si, mas somente com relação a outras, ou seja, depende do contexto, e a tradição nada mais é do que um dos muitos níveis do contexto.

São poucos os que percebem que é obra de um contexto comercial de venda/compra, fruto de um sistema de mídia e manipulação de massas. Mas não vou me alongar nesse assunto, pois seria escrever demais e contar toda uma estória além das aparências.

Por isso que acho este exemplo confuso, pois embora seja indiscutível o contexto comercial, ele se torna algo mais que isso. Passa a ser um tipo de rito social de afirmação, todo rito tem um significado simbólico e um sentido prático, e isso não é invalidado por haver uma exploração comercial. O contexto é um tanto mais complexo do que o meramente mercadológico.

É melhor ir direto a questão do certo e do errado. O que eu acho é que cada pessoa com seu modo único de ser, de acordo com o momento da qual está passando, e com o ambiente em que viveu, levando em consideração a maneira com a qual foi educada, e de acordo com sua natureza física, social e psicológica,e outros fatores mais de ordem íntima ou externa, é quem vai considerar o que é certo ou errado, bem ou mau para ela, e assim agir de acordo com essa natureza que adquiriu em sua vida e aprendeu até aquele momento.

Você acaba de dar um ampla e bem completa explanação sobre os níveis de contexto que permitem atribuir relações claras de Adequação entre coisas.

E aí, entra uma nova abordagem, o que é o normal??Ou o que é ser normal?Será que o que é normal para mim pode não ser para você, ou vice-versa?É aí que surge um estudo detalhado do relativismo das coisas e das verdades estabelecidas.

E mais uma vez, não existe o NORMAL. Mas apenas uma relação abstrata entre duas coisas das quais uma é "mais normal" que outra. Existe apenas o conceito de Normalidade.

Bem, não sei se falei tudo, mas acho que falei o suficiente. E gostaria de te agradecer pela atenção e pela paciência em responder as minhas questões. Fiquei muito satisfeita. E adorei sua home page, por ser exótica, original, séria e voltada para explorar melhor nosso universo, para poder assim, despertar os interesses das pessoas por algo maior, fascinante, complexo e infinito que está ao redor de todos nós. Afinal de contas, o universo não seria perfeito se não fosse exato.

Friday, September 26th 2003

Bem, tudo que você falou foi "Mais do que suficiente para" desenvolver o assunto. Voltando ao linguajar coloquial, também fiquei satisfeito. Agradeço mais uma vez sua participação e esperarei a próxima mensagem.

Você também estuda na UnB? Este semestre deverei apresentar um seminário na matéria de Estética que deve falar em parte sobre esse tema. Em especial sobre Maniqueísmo.

Amigavelmente

Marcus Valerio XR
mv@xr.pro.br
03 de Outubro de 2003

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