15 de Setembro, 1:45
Quando até o meu Humanismo / Antropocentrismo é superado!
(Embora eu não ache que Sagan e Hawking pensem assim. Mas isso é irrelevante, pois muita gente boa realmente pensa.)
por Gilson Antônio
Eu não gosto muito dessa filosofia niilista de muitos cosmólogos libertários, como Carl Sagan e Stephen Hawking, e que é replicada hoje por muitos divulgadores científicos "racionalistas" e neoiluministas, de rebaixar a Civilização Humana a um ponto de insignificância perante o Universo, numa forma de pensamento que beira o coitadismo vitimista.
Eu não penso que o fato de a Terra possuir um tamanho físico desprezível perante o Cosmos significa necessariamente que o nosso planeta e a nossa civilização sejam insignificantes. Um minúsculo chip de celular hoje por exemplo tem mais poder de processamento do que toda a Nasa possuía quando levou o homem à Lua. A "significância filosófica" de algo não está, necessariamente, na sua massa ou no volume de espaço que esse algo ocupe.
A Terra pode parecer um grão de areia perto da VY Canis Majoris por exemplo, mas o nosso planeta é infinitamente mais complexo.
Aqui na Terra existem moléculas orgânicas de gigantescas cadeias, proteínas de infinitos formatos, bactérias, e num relativamente minúsculo prazo de tempo cosmológico, passaram a existir protozoários, fungos, plantas, variados filos de animais, e uma espécie capaz de construir uma Civilização enormemente complexa.
Enquanto a última é basicamente uma "esfera" gigante de átomos de Hidrogênio e Hélio em estado de plasma.
Então quando eu penso sobre a infinitude física do Universo, não acho saudável sentir pena da nossa civilização, lamentando como se fôssemos seres desprezíveis e insignificantes, nesse pensamento niilista e vitimizador.
Muito pelo contrário. É justamente a enorme escala temporal e espacial do Universo que mostra como nós nos tornamos extremamente avançados e complexos numa minúscula porção de tempo e espaço. A infinitude do Universo é o que mais deveria nos fazer sentir orgulhosos de nossa existência.
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13 de Setembro
Estranho ver intelectuais conservadores e admiradores dos filósofos antigos, bradarem sua ojeriza especificamente contra a filosofia Moderna e Contemporânea em sua defesa da família e dos costumes. A idéia de revolucionar por completo a sociedade incluindo a abolição da instituição familiar, e a delegação da criação para o Estado não é originária do odiadíssimo Marx, mas sim de Platão.
Foi no Livro V de 'A República' que Platão defende a completa igualdade social entre homens e mulheres afora as questões fisiológicas, enviando-as inclusive para guerras e serviços mais perigosos. Propõe a completa abolição não apenas das famílias, mas de qualquer forma de laço afetivo entre os genitores, inclusive as mães, e seu filhos, enviando-os logo após o nascer para creches estatais onde seriam educados coletivamente. Todas as atividades públicas e privadas seriam socializadas e somente os que se destacassem na arte da guerra ou em alguma habilidade específica valiosa poderiam ter um status social mais abastado, cujos bens evidentemente não seriam transmitido por herança a seus descendentes.
Atualmente ainda há quem defenda essa utopia, mas o estranho mesmo é ver feministas fazê-lo ao mesmo tempo que se arvoram de defensoras dos direitos da mulheres.
Ocorre que o laço afetivo entre mães e filhos é o fundamento biológico da família, assim como o laço de responsabilidade paternal é o fundamento social. A eliminação da instituição Patriarcal poderia até destruir o papel do pai, mas nenhuma engenharia social permitiria eliminar o laço afetivo instintivo entre mães e filhos, ainda que o Feminismo venha tentando fazer as duas coisas há meio século.
Para que algum modelo social funcionasse em modo similar ao platônico, as mulheres teriam que estar disponíveis a engravidar e passar por todo o processo gestacional, para depois entregar o bebê para a tutela estatal para jamais voltar a vê-lo, ou saber quem ele é.
Mas é possível imaginar que mulher seria voluntária a isso?! A maioria delas iria preferir jamais engravidar ou abortar caso engravidasse, visto que é justo a perspectiva de ser mãe o principal motivador da maternidade, bem como o laço afetivo que se forma já na gestação um dos maiores compensadores dos incômodos do encargo da gravidez. Destruir esse laço logo após o parto soa de uma crueldade grotesca.
A única forma de mulheres serem voluntárias a isso seria transformá-las em parideiras profissionais, remuneradas generosamente pelo trabalho de reproduzir. Mas até isso é difícil de imaginar a não ser para quem crê no delírio de que todo o fundamento psicológico humano é socialmente construído. Sem contar que por si só esse fato já tornaria a própria noção de igualdade entre os sexos absurda.
Por fim, a tecnologia poderia ser usada para compensar uma série de obstáculos por meio do Transhumanismo. Mas não só ainda estamos muito longe disso (no mínimo um século para que tal empreitada fosse amplamente viável) bem como sabemos muito bem que há enormes forças psicossociais que se opõem a qualquer iniciativa do tipo. O mínimo que se esperaria seria uma divisão da sociedade entre os adeptos da reprodução artificial e os que se manteriam fiéis ao processo natural, que só poderiam ser eliminados por meio de uma opressiva revolução cultural.
Na verdade é mais ou menos o que forças neoesquerdistas tem tentado fazer há meio século, rumo a um projeto transhumano de longo prazo. O próprio advento de famílias homoafetivas cumpre um papel relativo a demanda por reprodução artificial, bem como a cruzada anti patriarcal e o Abortismo (que visa fundamentalmente destruir os impulsos maternais) assim como o radicalismo esquizofrênico com relação a igualdade de gêneros, tem sido tendências notáveis de nossa civilização ocidental contemporânea.
Não fosse o fato de entrarem em conflito não somente contra a própria realidade natural bem como contra a força de instituições sociais milenares, ainda acabam entrando em conflito entre si uma vez que o objetivo intrínseco dessa cruzada não pode ser amplamente declarado, que é a destruição da família conforme sugerido por Marx 2200 anos após Platão, não como objetivo por si, mas como consequência da abolição da Propriedade Privada e por conseguinte da herança.
E esse conflito interno é especialmente agravado por que os esquerdistas tradicionais radicais que o defendem francamente tem propósitos absolutamente opostos aos das oligarquias bilionárias que discretamente financiam os projeto da nova esquerda. Os primeiros visam eliminar qualquer forma de acúmulo de riqueza e de dinastia, enquanto os segundos visam maximizá-las ao extremo para si próprios enquanto as destroem no restante da sociedade, com a diferença de saberem que o objetivo final dos esquerdistas originários é nada menos que impossível.
9 de Setembro
Uma das principais formas de acobertamento do mais alto grau da exploração econômica é por a culpa naqueles que a executam ou facilitam (Estado e Governo), ocultando os mandantes e verdadeiros beneficiários, a Elite Financeira (especialmente bancária).
O poder financeiro praticamente determina os rumos eleitorais, controla a política tendo vasto benefício em troca. Quase metade do dinheiro arrecadado por impostos vai para pagar juros da Dúvida Pública diretamente, sem contar o que é consumido indiretamente, que contabilizado mostraria que é bem mais da metade. E ainda pagamos taxas de juros indiretamente em praticamente tudo o que fazemos.
O que sobra dos impostos e não é desviado por corrupção, que quase sempre envolve também grupos econômicos poderosos, é o que sustenta a infraestrutura da sociedade, que ainda sofre com problemas de má gestão.
Mas a maior parte não fica com o governo ou com corruptoszinhos porcaria nenhuma. A maior parte, MAIS DA METADE de Tudo Que A População Produz, vai para enriquecer as oligarquias financeiras que exploram a todos com indecorosas taxas de juros injustificáveis. Essa é a verdadeira origem da exploração.
Para ocultar isso e inviabilizar a popularização de qualquer forma de questionamento, essas mesmas elites investem na disseminação de ideologias, opiniões e tendências especializadas em jogar toda a culpa no Governo, Estado, na corrupção e outros focos de desvio de atenção. E numa linha de defesa mais sofisticada pagam economistas e filósofos para criar complexas cadeias de justificação e legitimação de uma das piores misérias morais humanas, a Usura, defendendo então a moralidade e até a necessidade da manutenção das taxas de juros.
Portanto toda vez que você ver alguém criticando o governo, o Estado, um partido em especial, ou mesmo todos os partidos, acusando-os de serem os maiores responsáveis pela apropriação indevida de nosso dinheiro, é quase certo que esteja testemunhando, se não um papagaio que apenas repete coisas que não entende, um dos inocentes úteis a serviço da "ideotologia" liberal que visa proteger o verdadeiro apropriador, preservando o mandante do crime e contando com o fato de que sempre haverá jagunços para levar a culpa.