Uma câmera conseguia captar bem de frente a imagem quando no ar, Luri surgiu por trás e se juntou aos outros 3 heróis que voavam ao encalço do Robô. Seki e Doni tinham as roupas bem danificadas, pois eram de um tecido que apesar de ultra resistente não suportava muito muito mais que 7 mil graus, mas ainda assim estavam compostas.
Luri ainda apresentava danos no rosto, que pouco a pouco ia se regenerando, e Hane perdera parte dos cabelos, além de que seu visor não estava funcionando muito bem.
- “O que ele está fazendo afinal!?” - Perguntou Seki.
- “Julgando pela rota está indo pro eixo!” - Respondeu Hane.
- “O que é isso?” - Insistiu Seki. Hane fez uma pausa e respondeu.
- “No período de terraformação de Orizon precisaram reduzir a massa e a rotação do planeta. Então fizeram um furo de ponta a ponta que atravessa toda a crosta no sentido equatorial. Através dele expulsaram matéria e energia das profundezas rumo ao espaço, ao mesmo tempo que canalizaram a emissão de modo a frear a velocidade de rotação. Tudo isso para deixá-lo mais parecido com a velha Mãe-Terra.”
- “Mas eu pensei que esse túnel tinha sido fechado!” - Disse Doni.
- “É! Mas não foi! Foi apenas escondido e mantido em segredo! Pois se os Ians soubessem poderiam tentar atacá-lo.” - Respondeu Hane.
- “Quer dizer...” - Disse Seki. - “Que o Robô pretende entrar no centro do planeta e tentar destruí-lo?”
- “Para isto basta provocar uma explosão de Anti-Matéria. O núcleo do planeta é tão quente que produz Fusão nuclear, a reação seria instantânea e Orizon seria rachado no meio!” - Respondeu Hane.
- “Mas se sabiam porque nunca tentaram antes?” - Perguntou Seki.
- “Ao que parece os Ians nunca pretenderam destruir Orizon, pretendiam tomá-lo. Ninguém sabe porquê. Mas agora, como tudo parece estar perdido para eles, talvez tenham decidido acabar com tudo!”
- “Por que não nos matou?” - Perguntou Doni.
- “Talvez nos quisesse vivos!” - Respondeu Seki.
- “Temos que ir rápido!” - Interrompeu Luri. E começou a se adiantar aos colegas.
- “Espere Luri!” - Ordenou Hane. - “Ele não sabe a localização exata da entrada, sabe apenas mais ou menos onde é. Vai acabar achando mas vai levar tempo. Não tente enfrentá-lo sozinho. Temos que chegar todos juntos!”
Oportunamente a Defesa Planetária interpelou. - “Acabamos de calcular a condição do Robô. Apesar do fim da fonte de energia ele ainda tem energia acumulada no corpo para funcionar em plena carga ao menos por 32 horas! Sua capacidade de regeneração está limitada, mas ainda existe, e além do mais se tentarem destruí-lo totalmente ele pode colapsar o corpo e explodir, e a potência da explosão poderia abrir um buraco no planeta!”
- “Droga! Pensei que seria mais fácil!” - Irritou-se Seki.
- “Temos que levá-lo para o espaço!” - Disse Doni.
- “Peguem minha mão!” - Disse Luri estendendo os braços para Seki e Doni, que por sua vez estenderam os braços para Hane. E ficaram os 4 de mãos dadas formando um losango, uma corrente de energia fluiu entre eles e conseguiram aumentar a velocidade deixando as câmeras para trás.
O Robô chegara num arquipélago próximo à Primeira Cidade e começou a sondar o local. Lá ainda era dia, embora o sol vermelho já se pusesse no horizonte, emprestando ao céu uma coloração rosada. Além disso a névoa defensiva costumava apresentar um brilho branco próprio, resultando num cenário onírico.
Câmeras de TV o acompanhavam, ele as ignorava, e filmaram suas tentativas de achar algo, que a população mal desconfiava o que fosse, e a Defesa Planetária temia tocar no assunto para não dar pistas ao Robô.
O local era repleto de falésias e altas escarpas costeando o mar, e quanto o Robô pousou numa estreita torre de pedra, foi violentamente atingido por vários disparos, desabando no mar.
- É agora!!! - Gritou Seki.
O Robô não demorou a emergir da água e Luri, aparentemente ansioso para revidar, largou na frente e atacou diretamente com um potentíssimo soco que arremessou o Robô longe contra as rochas de um recife. Logo em seguida um raio rosa disparado por Hane provocou outra violenta onda de choque. O heróis então pararam e ficaram observando o Robô se regenerar, e tiveram uma surpresa.
- Mas que droga é essa!? - Irritou-se Doni ao ver o processo de reconstituição ocorrer tão eficientemente quanto antes. - Pensei que ele ia se remontar mais lent...
Foi interrompido por uma rajada de luz que espalhou os heróis pelo ar. Luri e Hane caíram no mar, Doni se chocou contra as rochas e apenas Seki conseguiu pousar acidentadamente sobre uma alta escarpa de Terra, e de pé ficou a observar o Robô se aproximar lentamente como se apreciasse o momento.
Em base de luta Seki ficou na expectativa, concentrou energia além do necessário, criando um campo de interferência e ficou como se desafiasse um oponente emotivo.
O Robô disparou um raio do tórax que Seki absorveu com as mãos convertendo em formas menos ofensivas de energia, então girou para direita e revidou com um disparo que atingiu o tórax do Robô em cheio destruindo seu emissor de raios mas por tão pouco tempo que quase não fez diferença. Seki voou em sua direção e começou a golpeá-lo furiosamente.
Pela primeira vez o Robô se comportou como se apreciasse a luta física, revidando golpes e se defendendo com os próprios braços. Por segundos uma verdadeira troca de socos ocorreu, Seki acertava vários golpes para cada um que levava do Robô, porém rodopiava no ar várias vezes sempre que atingido.
Num dado momento Seki se afastou e começou de novo a gerar energia interferente. Deu certo, distraiu o oponente enquanto Doni chegava por trás e lhe dava um violento golpe na cabeça.
Desorientado e na descendente, o Robô não conseguiu evitar quando Luri o atingiu com o próprio corpo arrancando-lhe uma das pernas e logo em seguida Hane arrancou-lhe vários pedaços em outro soco devastador.
O semi destruído Robô Fotônico se chocou contra a terra de vegetação rala desastradamente e logo em seguida foi vaporizado por raios de Hane e Doni.
As câmeras de TV filmavam tudo, eram agora mais de 30 espalhadas em vários pontos, e mais estavam chegando ao mesmo tempo que ocasionalmente algumas eram destruídas pelos efeitos da luta. Os sistemas de mídia mais sofisticados podiam montar até representações tridimensionais da batalha e mesmo nos abrigos havia aqueles que podiam selecionar quase qualquer ponto de vista.
Ver o Robô se reconstituir tão rápido era sempre um motivo de preocupação para os espectadores mais sensíveis. E desta vez antes que o Robô estivesse completo, seu braço ainda separado do corpo atingiu Hane com um raio que o fez cair no mar em chamas.
Os outros 3 abriram fogo novamente e logo em seguida partiram para a luta franca. Seki e Doni foram simplesmente rebatidos com potentíssimos golpes que o fizeram se estatelar numa parede rochosa e causar um desmoronamento que os cobriu.
Luri se desviou dos contra ataques e atingiu o Robô mais uma vez jogando-o no mar. Mergulhou na água e saiu ao seu encalço, agarrou-o e achou melhor subir para a superfície, temendo que submerso o Robô tivesse oportunidade de procurar pela entrada oculta do eixo.
Voando fora d’água travavam outro combate feroz, enquanto Seki e Doni se desvencilhavam das rochas que os soterravam até conseguirem emergir dos escombros.
Seki tinha um aspecto medonho, o rosto todo deformado e o queixo totalmente fora do lugar, porém já em franca regeneração como denunciavam a luminâncias verdes que revelavam a transparência de seus ossos.
- oin... sirub zin... dak mez a rirrizar... - Balbuciou para Doni, que se virou perguntando. - O quê?!
Então Seki agarrou o queixo e o colocou no lugar, acelerando a regeneração. E repetiu.
- Eu disse... Que esse robozinho tá começando a me irritar!
E no mesmo momento viram Luri ser jogado contra o mar aparentemente desacordado. Não hesitaram, logo em seguida gritando de fúria Seki atingiu o Robô bem no meio do corpo e foi perfurando sua estrutura com golpes energizados. Doni manteve os enormes braços ocupados e Seki conseguiu então partir o Robô em dois. Uma parte contendo metade do tronco, a cabeça e o braço direito, a outra contendo outra metade do tronco, o braço esquerdo e as pernas.
Doni agarrou a parte de baixo e Seki a de cima, enquanto gritava.
- Agora!!! Se afaste! Não vamos deixar ele se juntar. - E voaram em sentidos opostos continuado a golpear a parte que carregavam.
Doni começou a subir, lutando para enfrentar a resistência da pernas propulsoras do Robô. - Vamos levá-lo pro espaço! Eu juro que destruo esse desgraçado nem que tenha que jogá-lo em Orizon 2!
Enquanto isso Hane emergiu da água, sem a camisa, que havia sido totalmente destruída, e com a calça rasgada, só restando intactas as botas. O visor apesar de semi destruído ainda funcionava precariamente. Então recebeu uma mensagem da Defesa Planetária.
- “Reavaliamos a situação. Apesar da destruição da estrela ainda há energia vagando nas micro dimensões em quantidade suficiente para abastecer o Robô por pelo menos 20 horas, mas achamos que pode ser bem mais, talvez por vários dias. Provavelmente por isso ele não perdeu os poderes de regeneração!”
- “Então porque mudou de tática? Porque decidiu atacar o eixo? ” - Indagou Hane enquanto via seus companheiros arrastarem os pedaços do Robô para o alto, já sabendo que não iria adiantar.
- “Não temos certeza. É certo que o poder de regeneração dele agora é limitado, mas não temos como saber quanto mais ele aguenta além de 20 horas. A estrela gerava muito mais energia do que o Robô podia acumular. Foi sorte terem-na destruído logo, se permanecesse por muito mais tempo poderia estocar energia suficiente para o Robô funcionar por meses!”
- “Uma coisa é certa.” - Disse Hane. - “Ele vai aguentar muito mais do que nós.” - E então dois sois brilharam nos céus ofuscando o poente sol vermelho. As partes do Robô se desintegraram numa explosão nuclear. Seki e Doni perceberam antes e se afastaram, e agora se juntavam a Hane e a Luri que acabara de emergir das águas.
- Droga! Foi por pouco! - Esbravejou Seki.
- Por pouco a gente não morreu! - Retrucou Doni.
A energia liberada na explosão silenciou as câmeras, por sorte muitas ficavam a baixa altitude de modo a não sofrer quedas muito danosas, e puderam se recuperar pouco tempo depois. A comunicação com a Defesa Planetária foi interrompida.
- O que vamos fazer?! - Gritava Seki.
- Ele ainda pode se regenerar por dias. - Respondeu Hane, e logo em seguida puderam pressentir a energia do Robô se concentrando alguns kms a frente deles.
- Temos que dar um jeito de destruir sua capacidade de regeneração! - Disse Doni. - Mas como? - Completou ao mesmo tempo que Hane. E ficaram esperando uma idéia surgir.
- Eu sei como! - Disse Luri. Todos olharam para ele, que apesar de parecer forte e resoluto, hesitava em falar.
- Raio positrônico. - Continuou. - Modulado a nível fotônico. - E deu outra pausa. - Dose alta. Pósitrons escapam para as micro dimensões. Destroem as partículas de contato sutil.
- E ele perde o contato com a energia nas micro dimensões. - Completou Hane. - Tem razão. É possível. Mas como? Pode fazer?
- Posso! - Respondeu Luri. - Mas tenho que concentrar muita força eletromagnética e invertê-la toda de uma vez.
- Quanto tempo precisa?! - Indagou Hane.
- Pelos menos uns dois minutos! - Respondeu Luri. - E não posso ser interrompido. Tenho que me dedicar totalmente. Por outro lado não posso me afastar muito, ou não poderei atirar no Robô. Alguém tem que dar cobertura.
- Seki! Doni! Protejam ele enquanto reúne a força necessária! - Ordenou Hane, enquanto descia rumo ao Robô em reconstrução.
- Ei! - Interrompeu Seki. - Você vai enfrentar essa coisa sozinho!?
- Não temos escolha! - Respondeu. - Se eu tombar. Um de vocês toma meu lugar. - E então pousou numa ampla falésia, uma ilha torre de dezenas de metros de altura, onde o Robô já estava quase pronto.
Rasgou o que restava das roupas só restando parte da calça e as botas, e ficando com o tronco todo nu, exibindo uma atlética musculatura.
- Comecem logo! - Insistiu. E olhando fixamente para o Robô, tirou o visor do rosto, perdendo totalmente sua visão mas intensificando suas percepções eletromagnéticas, e seus olhos brilhavam como dois sóis, iluminando por dentro parte de seu crânio.
Encarou o Robô que acabava de concluir sua reconstrução e curiosamente devolveu a pose de desafio. Primeiro Hane murmurou.
- Agora é a minha vez. - E logo em seguida gritou avançando contra o Robô.
Alguns kms distante e bem mais altos, estavam Seki e Doni servindo de escudo para Luri, que estendia os braços e pernas e fechava os olhos, liberando toda a percepção para sentir todas as formas de ondas eletromagnéticas do cosmo, e as canalizando, brilhando com uma sutil aura azul e emanando discretas chispas elétricas.
Seki e Doni acompanhavam a luta, prontos para desviar ameaças que pudesse atrapalhar o companheiro. Viram, assim como as câmeras de TV, quando Hane agarrou o Robô em cheio e começou a esmagá-lo.
Fisicamente Hane era o mais forte dos RYs, embora não necessariamente o mais poderoso. No confronto corpo a corpo pegou o inimigo de surpresa, desferindo-lhe socos tão violentos que arrancavam pedaços que mal tinham tempo de se restituir.
O Robô agarrou Hane com uma das mãos e começou a girá-lo como fizera com Luri, mas Hane intensificou sua impulsão e conseguiu fixar sua posição devolvendo o rodopio ao Robô e jogando-o violentamente no chão.
Voou um pouco para o alto e desceu atingindo o Robô e afundando-o na terra. Abraçou a parte mais fina de seu tronco com as pernas e foi arrancando seu pedaços e arremessando longe.
Com os dois braços o Robô o agarrou e tentou rasgá-lo ao meio, ele revidou e puxou os braços do Robô de volta para dentro, se aproximou mais e começou a chutar-lhe a cabeça.
- Como está indo Luri!? - Perguntou Seki.
- Difícil... - Respondeu. - Pouca matéria prima. Menos ondas eletromagnéticas que o normal.
- Claro!!! - Gritou Doni. - Todas as comunicações civis estão interrompidas.
- Preciso dessa energia. - Murmurou Luri. - Ou vou demorar demais.
- Droga! Mas como? - Perguntou Seki.
- Peça a Defesa Planetária para liberar as transmissões! - Gritou Doni. - Vá! Agora! Fale com as câmeras de TV e peça para toda a população usar seus comunicadores pessoais, ativarem comunicadores caseiros, ligarem TVs e tudo o que puderem! Anda Seki! Use seu carisma! Eu seguro a situação aqui.
E Doni disse a última frase no momento em que teve que desintegrar algumas pedras que vinham em sua direção lançadas pela última explosão que Hane provocara.
Seki se afastou do grupo e mergulhou rumo a algumas câmeras de TV, e a população não ficou menos surpresa do que os editores das emissoras. Seu conhecido rosto apareceu em todas as telas, e misturando como ninguém seu charme e simpatia com uma seriedade nunca vista, iniciou seu discurso.
- “Atenção população de Orizon! Precisamos de sua ajuda para destruir esse inimigo ou ele vai acabar conosco! A Defesa Planetária deve liberar TODOS o canais de transmissão imediatamente e todos os cidadãos devem ativar seus comunicadores pessoais!”
Na sede da Defesa Planetária, que não estava conseguindo se comunicar com os heróis devido a interferência gerada por Luri, finalmente alguns cientistas entenderam o que se passava.
- Sim! - Gritou uma das cientistas! - Querem sobrecarregar o ambiente de ondas eletromagnéticas para canalizá-las contra o Robô!
- Mas como? - Perguntou um dos governadores por telepresença.
- Convertendo em anti eletricidade! - Respondeu a cientista.
- Pode dar certo! - Apoiou Ekzar. E os dirigentes não demoraram a agir, liberando imediatamente todas as transmissões e enviando para todos os abrigos a confirmação para seguirem as instruções de Seki.
As pessoas ainda demoraram a reagir. Foram pouco a pouco ativando seus comunicadores pessoais meio sem saber para quem ligar. Os abrigos também precisaram abrir canais de comunicação, mas Luri não demorou a sentir as ondas eletromagnéticas aumentarem.
- Está funcionando! - Disse ele.
Enquanto isso Hane não dava trégua ao oponente. Desmembrava-o sempre que possível e acabava de arrancar-lhe a cabeça pela segunda vez, porém não conseguiu evitar um golpe que o arremessou além da falésia para o mar derramando seu sangue luminoso para todos os lados.
O Robô se levantou e apontou o braço para Luri disparando um raio. Doni serviu de escudo e desviou a energia protegendo o colega e logo em seguida Hane voltou a cena atingindo o Robô por trás, que pareceu reagir com fúria tentando acertá-lo de volta.
- Ainda é pouco! Está longe de ser como sempre! - Reclamou Luri.
- SEKI!!! - Gritou Doni. - Precisamos de mais! MUITO MAIS!!!
- “População de Orizon!!! Por favor! Precisamos de toda a energia possível! Ativem imediatamente TODOS OS SEUS COMUNICADORES! Liguem para todos! Não economizem!!!”
Percebeu-se então que boa parte da dificuldade se dava devido ao fato de que quase toda a população de Orizon estava no subterrâneo, o que prejudicava as transmissões.
- “Atenção Defesa Planetária e abrigos de TODAS AS CIDADES!!! Enviem imediatamente a população para a superfície para que possam usar seus comunicadores! RÁPIDO!!! NÃO TEMOS MUITO TEMPO!!!”
E então os portais dos abrigos começaram a se abrir, o que já desobstruía boa parte dos canais de comunicação, e os elevadores se preparam para subir. Só a idéia de voltar à superfície já causaria uma euforia na população e todos ficaram subitamente mais animados.
Uma violenta explosão desintegrou a falésia onde Hane e o Robô lutavam. Rochas voaram para todas as partes obrigando Doni a se desdobrar para desviar todas de Luri, que brilhava intensamente e já começava a atrair relâmpagos das nuvens.
Um verdadeiro vendaval se iniciou e uma das rochas destruiu a câmera para a qual Seki falava, outra imediatamente substitui-a, e ele insistiu.
- “POPULAÇÃO DE ORIZON!!! AGORA!!! ENVIEM TUDO!!! SE FALHARMOS VAMOS TODOS MORRER!!!!!!!!!”
E do meio do fogo e do caos Hane emergiu para atacar o Robô novamente desta vez com uma fúria ainda mais intensa. Todo o seu corpo se tornara transparente e brilhante como se fosse uma escultura viva de cristal avermelhado. Arrastou o Robô para o fundo do mar, de modo a tentar diminuir a interferência que os disparos trariam a canalização de Luri, e fez evaporar toneladas de água quando atirou mais uma vez contra ele.
Depois saiu golpeando-o de toda a forma que podia até arremessá-lo ao alto novamente, seguindo-o e atingido-lhe de novo até faze-lo sumir nas rochas. Hane não teve dúvidas de que o Robô estava reagindo de modo aparentemente emotivo, antes considerava a possibilidade óbvia de um simulador emocional, mas de repente, quando o Robô agarrou novamente, ele percebeu uma frequência de onda específica entrando em seu cérebro que o deixou tão surpreso que a distração o permitiu ser atingido duramente.
Uma parte da população acabava de chegar à superfície e ativaram não só seus comunicadores pessoais como ordenaram a seus sistemas de mídia em casa que ativassem todos os canais. Várias sugestões boas surgiram e logo em seguida o ar não só estava repleto de transmissões como até os eletrodomésticos estavam sendo ativados.
Entre elas estava Ange, que aproveitou para se comunicar com Lence, e no meio da confusão geral conseguiu chegar até um veículo aéreo público e voar para casa, aproveitando-se da liberação quase total dos sistemas de segurança.
- PREPAREM-SE!!! - Gritou Luri de dentro de uma imensa bola de energia canalizada, que reunia raios cósmicos, ondas das estrelas, o próprio sinal da estrela Orizon, além do mar de frequência de TVs, telefones e redes de comunicação.
Seki se afastou das câmeras e se juntou a Doni, enquanto Hane travava o duelo final se perguntando como era possível que o Robô fotônico parecesse não só saber como irritá-lo, mas também parecesse irritado. Então intuitivamente abriu um canal de comunicação e “falou” com ele, emitindo mensagens em vários tipos de códigos.
Mesmo assim não vacilou, num descontrole do Robô ele acertou um golpe direto empurrando-o mais uma vez contra as rochas.
- ESTÁ PRONTO LURI?!?!? - Gritou Doni “olhando” para a imensa bola de energia. Mas Luri ainda estava terminando de canalizar a força e não tinha como responder.
Seki e Doni cada vez mais apreensivos, não sabiam mais o que fazer, mas estranhavam o modo como a luta se desenrolara, o Robô parecia perder a objetividade e agir de modo nervoso.
Quando o Robô vaporizou mais uma montanha, Hane, que estava com o canal de comunicação aberto à várias frequências, pode jurar que ouvira um insulto. E então, finalmente, se rendeu a uma possibilidade perturbadora.
- “Pelo Grande UNIVERSO!!! Esse Robô tem uma Mente!!!”
E foi logo em seguida golpeado, mas conseguiu resistir ao impacto segurando a enorme cabeça do inimigo, e então “falou” diretamente com ele numa linguagem que ele nem se lembrava qual era.
- “Você tem uma mente?! Você é um ser Sensciente?!”
- “sIM.”
- “Pare de nos atacar! É inútil! Vocês perderam!!!”
- “nÃO.”
- “Para quê essa guerra insana!?!?”
- “nÓS éRAMOS aNTES.”
- “O quê?!
- “eSTE sISTEMA pLANETÁRIO eRA nOSSO. nÓS o dESCOBRIMOS. vOCÊS vIERAM nOS iNVADIR.”
- “Isso não é verdade! Nunca pretendemos atacar vocês!”
- “oS dA sUA rAÇA qUE vIERAM aNTES dE vOCÊS dESTRUÍRAM nOSSA eSPÉCIE.”
- “Quê?! Nunca estivemos antes neste sistema estelar!”
- “sIM. eSTIVERAM. dIFERENTES. mAIS pODEROSOS. mAIS tECNOLOGIA. dESTRUÍRAM tERCEIRA eSTRELA. nOSSA fONTE dE fORÇA.”
E Hane ficou pasmo, tanto que vacilou e num golpe inesperado foi arremessado longe, e o Robô não demorou a avançar contra o imenso sol elétrico que Luri produzia.
- “É agora ou nunca!” - Pensou Doni, desviando logo em seguida outro raio que poderia atingir Luri e logo em seguida juntamente com Seki avançou contra o inimigo, ambos o agarraram alguns metros antes dele se chocar contra a bola de luz, e o arrastaram para baixo.
Hane voltou a tempo de impedir que o Robô disparasse de seu tórax um raio contra Luri, e se juntando aos companheiros ajudou a segurar o Robô e voltou a insistir no diálogo.
- “Esqueça o passado Por que não podemos viver em paz agora?! Você é um ser sensciente! Não é uma máquina!!! Seja razoável!!!”
Seki e Doni se entreolharam surpresos, e ficaram ainda mais quando também perceberam o Robô responder.
- “iMPOSSÍVEL. nECESSIDADES mUTUAMENTE eXCLUSIVAS. nÓS. oU vOCÊS.”
E num movimento espantosamente violento se desvencilhou dos 3 oponentes ao mesmo tempo imediatamente disparando contra Luri.
No centro da bola de luz Luri já tinha concentrado energia mais do que suficiente, mas tinha dificuldades para inverter a polaridade da matéria. Foi uma surpresa quando foi atingido por um raio de anti energia e então percebeu um caminho se abrir para o alvo.
Sintonizado com o Robô inimigo, e com o auxilio da energia que recebeu, inverteu toda a energia em eletricidade de Anti-Matéria, e disparou o raio positrônico exponenciado diretamente no centro do Robô, de onde viera o ataque.
A descarga demorou vários segundos. O Robô fotônico foi sendo preenchido de energia até brilhar intensamente e ficar sobrecarregado, os heróis mal tiveram tempo de guardar uma distância segura e então a explosão varreu centenas de kms cúbicos de área com uma violência apocalíptica.
Uma nuvem de energia arrastou cada um deles para uma direção e todas as câmeras de TV do local foram instantaneamente vaporizadas. Um dos pouco satélites sobreviventes no espaço, que possuía um sistema de filmagem químico independente de energia elétrica, pôde registrar a cena quando todos os sistemas de Orizon foram silenciados, e muitos dos quais destruídos.
Uma parte do planeta foi coberta por uma luz tão intensa quanto o fora a breve estrela que brilhara no campo de asteróides. Por sorte não havia praticamente nenhuma liberação de radiação letal.
Um breve furacão se formou no local, e a luz da explosão pôde ser vista pelos habitantes da Primeira Cidade, onde já era noite, que sentiram alguns de seus comunicadores simplesmente derreterem.
Na Quinta Cidade, onde o dia amanhecia, Ange teve uma sorte que outros não tiveram, e no momento da explosão seu veículo caiu quando já estava quase pousando no pátio da casa que Lence construíra para eles. Ela tomou apenas um susto e o veículo ficou levemente avariado.
Quase 5 minutos depois o pessoal da Defesa Planetária, após varrer todas as frequências possíveis, não teve mais dúvidas, e anunciaram em voz alta para todo o planeta.
- “Nossos rapazes conseguiram! Nós conseguimos! A ameaça foi neutralizada! ACABOU!!!”
E no planeta inteiro gritos de alegria se misturaram com silêncios de alívio. Lágrimas de tristeza pelos que morreram, e de esperança pelos que viviam, irrigaram o mesmo solo. Vozes se uniram em coro e até orações de religiões antigas da velha Terra foram recitadas.
Orizon sobrevivera.
Mais uma vez.