NUM BELO PLANETA AZUL |
Para ser discreto ao sobrevoar um povoado em plena luz do dia em um céu claro azulado, era preciso contar com as nuvens,
que devidamente exploradas, e com alguma sorte, serviam de ótima cobertura. O que era, de fato, necessário, pois aquele
planeta não estava acostumado com humanos capazes de vôo metanatural.
Por isso ele circulou um pouco mais, pulando de nuvem em nuvem, até chegar num ligeiro descampado onde suavemente
pousou sem ser notado. Não fora a ocasião mais difícil, pois o sol a pino, uma estrela um pouco menor e mais fria do que
o Sol propriamente dito, desestimulava qualquer um a olhar para cima, e não era hábito daquele povo se preocupar com outra
coisa que não o cultivo de seu solo ou a aconchegante flora e fauna local dos pequenos bosques da região.
Era uma Terra-Filha afastada, pobre, fracamente habitada por menos de um milhão de colonos que viviam tranquilos e felizes,
longes das complicações interestelares dos grandes planetas. A tecnologia, na maior parte dos povoados, era rudimentar
devido à falta de necessidade, e a um apreço estético por uma vida mais simples.
O "rapaz" que acabava de pousar trazia consigo um instrumento
musical de cordas, não muito diferente de uma guitarra. Todo vestido de preto, ele estava de certa forma escondido naquele
mundo, ou preferia pensar, de férias. Pois apesar da aparência, quase um milênio de uma vida agitada deixava uma indelével
marca de cansaço. Se bem que cerca de mais de metade desta vida ele estivera inconsciente, em mais de um sentido, ou viajando
no Hiperespaço. Mesmo assim, eram ao menos uns 400 anos de lembranças, algumas bastante sofridas.
Na humilde fazenda da qual se aproximava, ninguém tinha idéia de quem ele era, ou talvez, tivessem uma idéia melhor do que
muitos que, sabendo tudo sobre sua natureza e seu passado, pensavam conhecê-lo sem nunca ter convivido com ele.
Finalmente, ele podia exercitar uma de suas maiores paixões. Música. E se tornara um típico menestrel, violeiro, artista
andarilho que vivia a alegrar comunidades por onde passava não só com suas belas canções, mas com seu carisma tímido.
Apresentava-se como Hiul, um nome que inventara subitamente na primeira vez que lhe perguntaram quem era. E logo foi
reconhecido e bem recebido pelos anfitriões. Moças jovens, algumas belas, se alegraram ao vê-lo, e logo foi servido com
os quitutes produzidos na própria fazenda.
Ele não comia muito, apesar de, pela primeira vez em sua vida, poder viver entre uma população quase majoritária de silicônicos,
e até mesmo alguns foto silicônicos como ele próprio, que apesar disso tendiam a esconder tal peculiaridade, como ele mesmo
o fazia. Sendo em sua maioria silicônicos, os habitantes daquele planeta tinham uma dieta que não poderia ser devidamente
apreciada pela quase totalidade dos humanos da Mãe-Terra.
Afora isso, eram tão humanos quanto quaisquer outros. Calorosos, amigáveis, esperançosos e acomodados a uma vida sem
maiores preocupações.
Após cumprimentar efusivamente o líder local, que lembraria um dos velhos fazendeiros interioranos da Velha-Terra,
e trocar amistosas palavras, Hiul não demorou a pegar sua cítara, ou talvez um violão, e cantar para uma pequena platéia
que rapidamente se formou.
As moças cochichavam para decidir quem teria a oportunidade de abordá-lo intimamente assim que pudesse. Ele tivera ocasionais
envolvimentos amorosos por ali, e em outros povoados, e todos sabiam disso, mas estranhavam que ele pudesse ter muitíssimo
mais se quisesse, o que lhe dava a fama de ser comedido, cauteloso, o que reforçava uma certa timidez que só aumentava seu
charme.
Após algumas músicas, se reuniu em torno de uma mesa com pouco mais de uma dezenas de pessoas. Comiam e conversavam
despreocupadamente, e a moça que se impusesse perante as outras nos inconfessáveis arranjos que costumavam fazer, sentava
ao lado dele, que por sua vez estava ao lado do anfitrião.
Ele estava sendo, como sempre, simpático mas um tanto recatado. Essa reserva fazia parte de sua fama. Era curioso alguém
que tivesse uma voz tão bonita, e pudesse cantar por longas horas, se tornasse tão calado quando deixava de lado seu
instrumento musical. Certa vez dissera que isso fazia parte de seu talento musical, pois muitas vezes estava compondo, ou
repassando, músicas em sua mente, o que lhe deixava absorto.
Comeu, como sempre, com pouca convicção, apenas para agradar ao anfitrião, e depois, num momento de maior relaxamento,
lembrou como era bom estar ali, naquele mundo remoto, longe de Madre-Terra, longe de SOFISTIA, à salvo das SEILANS.
Mas não estava pensando nisso quando, mais tarde, ficou em súbito e prolongado silêncio, captando uma mensagem que
só ele podia ouvir.
Aguçou a curiosidade de todos, que estranharam um pouco seu grau de introspecção. A mensagem em seu cérebro foi breve, mas ele
emitiu várias perguntas que demandaram respostas. Então quando essa comunicação oculta terminou, notou que todos os olhavam
com ares de expectativa e e até de preocupação.
A espirituosidade, no entanto, se impôs numa forma criativa de quebrar o estranho clima. Dissera que tivera uma profunda
inspiração e então apresentou a todos uma canção inteiramente nova. Não fora 100% sincero, visto que apenas
rearranjara uma música que já vinha ensaiando há algum tempo.
Mas era inédita para todos os demais, e ele não poderia nem de longe sugerir o que acabara de lhe acontecer.
Mais tarde, se despediu, e sumiu pela pequena floresta rumo ao por do sol. Numa clareira, tomou todas as precauções
necessárias para decolar sem ser visto, e suavemente foi flutuando pouco acima das copas das árvores, ainda inspecionado
o local. Então, arrancou para os céus como um raio azul.
Já e sua nave, após várias horas de viagem, chegava à órbita de um planeta gasoso onde havia uma pequena estação que fornecia recursos
para viagens espaciais. Teve um problema sério para adquirir uma Clave Espacial, para que pudesse entrar no
hiperespaço.
Meses antes, alguém adquirira uma que tivera um mal funcionamento, e ao explodir causando uma ruptura no espaço que
dava acesso ao hiperespaço, o portal não se fechou, e acabou colapsando, atraindo matéria a sua volta e se tornando um
pequeno mas crescente buraco negro.
Tiveram que pedir ajudar a sistemas estelares vizinhos para sanar o problema, que só foi resolvido quando uma
nave utilizou uma séria de intensos disparos de Raio-Y para desmanchar o buraco negro. Uma operação que não foi
pouco dispendiosa.
Agora, novas regras de segurança estavam dificultando sobremaneira a aquisição de novas Clavas Espaciais,
e era impressionante como num sistema estelar tão recatado e tranquilo, e sem Anel Espacial, pudesse haver tanto protocolo
para uma se realizar uma simples viagem hiperespacial.
Ele bem que tentou evitar, mas teve que usar seus peculiares poderes eletro telepáticos para, sutilmente, remediar a
situação, o que sem dúvida preocuparia o responsável em colocá-lo tão gentilmente naquele sistema, dando-lhe tudo que
precisasse mas advertindo que cedo ou tarde precisaria dele.
Finalmente, adquiriu a Clave, e horas depois já acelerava sua nave em estágio hipervibracional para a velocidade limítrofe
da luz. Sua resistência física lhe permitia fazer uso de uma aceleração centenas de vezes maior do que a suportada para
humanos normais, incluindo os silicônicos normais.
Então, quando estava a mais de 99% da velocidade da luz, lançou a Clave, que explodiu abrindo uma fenda para o
hiperespaço, tragando a nave para uma dimensão paralela onde a imensa distância que o separava de seu destino pudesse
ser facilmente vencida.
O portal se fechou sem problemas.
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ESCAPE
Agora era Dalmana que amargava a espera sem notícias. A última comunicação que recebera permitira
apenas saber que a seilan rumava para alguma coisa que lhe chamara a atenção, e então, silêncio. Por minutos viveu uma tensa
indecisão, com ímpetos de se lançar na água, ou tentar deixar a imensa cidade fantasma, visto que não conseguia mais obter
contato algum.
Mas então um sinal veio lhe trazer esperança. Não era da GENIUS, era do ZIG! O ZIG perdido nas profundezas estava
enviando sinais, dando mostras de estar totalmente operacional. Um breve sincronismo de frequências permitiu ao antróide
obter imagens das profundezas, então ordenou à sonda que procurasse suas companheiras. Após minutos vasculhando o teto rochoso, a bolha
luminosa foi encontrada, com as duas mulheres dentro, inconscientes, mas vivas.
Dalmana instruiu ao ZIG que as trouxesse a superfície. A sonda respondeu que não estava
preparada para tal empreitada, mas o andróide teve uma idéia, e a chamou à sua presença. Uns poucos minutos, e o ZIG flutuava
fora da água. Era uma esfera de menos de um metro de diâmetro, que lembraria um olho mecânico, e que chegava a ter uma
"expressão simpática".
ZIGs, no entanto, eram totalmente computacionais, e acatou obedientemente as instruções do antróide, que removeu de seu
próprio corpo alguns mecanismos internos e os adaptou ao ZIG, enviando-o de volta às profundezas. Só então percebeu que
aquela esfera flutuante não era exatamente a que ele esperava encontrar, pois tinha uma numeração diferente, mas devido a
irrelevância de tal detalhe, se concentrou no mais importante.
Quando a sonda ZIG alcançou
novamente a bolha, já havia mais de 6 minutos desde que o contato inicial fora estabelecido, mas o artefato executou sua
tarefa com paciência. Utilizou
o pequeno cabo que se agarrou a superfície vítrea da bolha, como uma ventosa, e ao invés de puxar, o ZIG a empurrou,
lentamente, em direção ao buraco que levava à superfície.
A ascensão foi lenta. Mais de 10 minutos depois a bolha emergira. Dalmana ajudou a removê-la
da água e colocá-la sobre rocha seca, a bolha, no entanto, continuava a flutuar suavemente, de modo que foi necessário
fixá-la ao chão tal como uma âncora o faz com um navio.
Suas companheiras estavam lá dentro, adormecidas, flutuando inertes, respirando profundamente. E Dalmana
não fazia idéia alguma de como poderia abrir a esfera luminosa. Sabia, no entanto, que a esfera permaneceria ativa por
muito tempo, várias horas, ao menos, e assim, concluiu que com a ajuda do ZIG, não seria difícil removê-la, com as
duas mulheres dentro, para fora da cidade. Só que evidentemente ele não poderia pensar em subir por entre as
traiçoeiras nuvens, onde os sinais da tempestade já se faziam claros. Ele poderia simplesmente voar até a muralha, e
de lá, descer para a superfície do planeta, de onde poderia decolar até o espaço.
Comunicou seus planos para a GENIUS, embora sem esperança de que fosse respondido em tempo hábil, e então desconectou a
"âncora" do chão. Ele, o ZIG, e até as pequenas câmeras flutuantes, voaram rebocando a bolha, que não tinha peso algum embora oferecesse alguma resistência
inercial. O trabalho, no entanto, não era fácil. Era arriscado subir muito e se expor ao violento campo eletromagnético
das tempestades, e assim, voavam o mais baixo possível, tendo que se desviar dos misteriosos obstáculos pelo caminho.
Muitos dos prédios, se é que de fato o eram, possuíam não apenas centenas de metros na vertical, mas também na horizontal, fora
as inúmeras, e cada vez menos compreensíveis, esculturas que surgiam por toda parte. Ele se abstinha de divagar sobre
o estranho significado possível de tudo aquilo à sua volta, e se concentrava em prever possíveis problemas e suas
soluções.
E o primeiro não demorou a aparecer. Finalmente, estava diante da imensa muralha que provavelmente circundava toda a
cidade. Tinha mais de um km de altura, adentrando as nuvens, e embora a tempestade não estivesse exatamente sob
suas cabeças, suaves fluxos luminosos sugeriam que um raio poderia varrer a borda superior a qualquer momento.
Felizmente, Dalmana já tinha a solução, iria subir rente à parede, como se escalasse,
afixando de tantas e tantas centenas de metros um cabo de segurança, que se aderia a parede por um misto de sucção
e atração eletrostática. Caso um raio o surpreendesse e ele, e o ZIG, fossem postos fora de operação, ficariam
pendurados na parede até se recuperarem, e a esfera flutuante esperaria calmamente. Ou então Lunis
ou Viuik acordariam e tomaria suas próprias providências.
A precaução no entanto não chegou a ser testada. Após adentrar uma densa neblina, todos estavam, em cima da muralha,
rumando cautelosamente em direção à borda exterior. Não foram mais que uns 40 metros, mas o ângulo de inclinação
era de quase 30 graus descendentes, e o piso era extremamente escorregadio. Por sorte eles flutuavam ignorando
esse inconveniente, mas ficou claro que mesmo na remota possibilidade de alguém escalar os penhascos externos até
o todo da muralha, seria dificílimo caminhar por ali, mesmo porque rajadas de vento traiçoeiras surgiam com frequência.
Flutuando já sobre o vazio exterior, o antróide foi descendo lentamente, ansioso para sair da neblina, e já começava a avistar
o escuro solo negro, quase 2km abaixo.
De repente, um violento raio os atingiu.
DECISÃO
Em toda a frota Pastor-6, poucas pessoas estavam tão nervosas quanto Jerok. Discretamente,
ele acompanhava todos os passos da operação, mas a dificuldade de comunicação já havia sido suficientemente
irritante, em especial, sendo repassada por um telepata como Velek, que sempre lhe causou um
certo arrepio.
Agora, as últimas notícias eram especialmente desesperadoras. Soubera que sua adorada Lunis
havia se aventurado nas profundezas de um misterioso mar subterrâneo, e agora jazia inconsciente nas mãos de
um antróide e um ZIG.
Sua "adorada" seilan! Sim. Ele realmente disse isso para si mesmo. Já se sentia total e completamente entregue àquela
deusa, mas sentia agora um temível presságio. E se algo acontecesse a ela? Ele não tivera tempo, ou chance, ou melhor,
coragem, de se declarar a ela. Não tivera a oportunidade de se ajoelhar a seus pés e jurar fidelidade eterna.
Ela pensava que antes precisava promover uma grande demonstração de seus sentimentos. E não conseguira pensar no
que poderia ser suficientemente forte.
Agora, no entanto, algo lhe ocorria. Havia dois cientistas kluman monitorando a missão. Não era estranho que a
seilan e a dobuk estivessem fora de ação, e justamente o antróide e o ZIG estivessem agindo? Não eram os klumans
especialistas em tecnologias de qualquer tipo? Se eles quisessem fazer mal à seilan, poderiam agir agora, ordenando
ao ZIG, ou mesmo ao andróide que cometessem algum tipo de covardia.
E quem garantiria que não eram eles os responsáveis por aquela situação?
Jerok tentou se conter. Por um momento se sentiu ridículo fazendo aquelas ponderações,
os líderes da frota podiam ter seus problemas com as seilans, mas dificilmente permitiriam alguma atitude como essas.
Mas como saber se os klumans não seriam capazes de ludibriá-los?
Por um momento, ele se defrontou com dois pares de pensamentos e sentimentos distintos. Em um havia o raciocínio que
permitia crer que houvesse uma ação maléfica em andamento para se livrar de Lunis,
e esse pensamento lhe enchia de horror. Em outro, havia o raciocínio que lhe dizia que isso era paranóia demais,
e que provavelmente todos estavam fazendo o melhor para trazer a seilan de volta, sã e salva, mas ao mesmo tempo,
esse pensamento lhe enchia de decepção, pois lhe tirava a melhor oportunidade de fazer algo por sua idolatrada
feiticeira.
Era hora de agir. O primeiro passo era vasculhar os sistemas à procura de qualquer irregularidade que denunciasse uma
possível manipulação. E isso Jerok era extremamente competente em realizar. Segundo, e caso
seus temores se confirmassem, ele procuraria os servos da feiticeira, e comunicaria a eles suas descobertas. Não era
exatamente algo que lhe agradasse, mas se descobrisse que havia algo realmente ruim sendo promovido, precisaria de
aliados.
E após alguns minutos de investigação, ele foi tomado por um novo par de sentimentos. O horror da desconfiança se tornado
cada vez mais convicção, e a excitação de estar cada vez mais perto de realizar uma grande demonstração de amor.
Do tipo do que fizera, há poucos dias, em um sonho. O mais lindo que já tivera em toda sua vida.
PESADELOS E ESTRESSES
Aquilo nunca havia acontecido com ela. Acordar, de sobressalto, após um pesadelo. E o mais estranho, do qual ela não
conseguia se lembrar. Cemilion nunca tivera um autêntico pesadelo, no máximo sonhos incômodos,
e mesmo em seus sonhos mais agitados, jamais lhe ocorrera de acordar bruscamente.
Levantar quase num salto, como se estivesse lutando desesperadamente para fugir da cama, era algo que já havia acontecido
a seu irmão, Irig, e não poucas vezes, o que a interrompia em seus próprios sonhos frequentemente, visto
ter sono leve, o contrário dele, que dormia pesadamente. Por isso, ela decidiu. Passou a mão suavemente num
ponto da parede ao mesmo tempo que emitiu um suave e discreto assobio. Uma tela retangular, luminosa e transparente,
surgiu no ar. Ela tocou um ícone e esperou, mas para sua surpresa, o irmão atendeu no quarto ao lado.
- Ainda bem que você me acordou. Eu estava tendo um sonho bastante desagradável.
Surpresa, ela replicou. - Mas você não deveria estar trabalhando enquanto eu descanso?!
- Não consegui. Me senti mal e disseram para eu descansar um pouco também. Só que com esse sonho...
Ela saiu da cama e foi correndo até o quarto dele. - O que você sonhou?
- Eh... Estranho... Eu não me lembro. Sei que tive um pesadelo, mas não me lembro direito. Tem algo haver com
monstros, eu acho. E também água.
- Sim! Água! Agora que você falou em me lembrei! Eu estava mergulhando num local escuro, mas eu respirava em
baixo d'agua e...
- Você deve estar impressionada com a situação da dobuk.
- Que situação?
- Você não sabe? Ah sim. Você veio descansar antes. Alguma coisa aconteceu com ela lá embaixo. Parece que desmaiou.
A seilan desceu à procura dela mas até a hora em que eu estava lá, não tinha voltado.
- Eu vou voltar ao trabalho.
- Eu também. Desisto de dormir por hoje.
Logo haviam se aprontado, e pouco antes de se juntar à tripulação, se abraçaram, um tanto ainda perturbados
pelo sonho. Apesar de irmãos, eram "casados". Os Klumans mantem "casais" familiares para melhor conservar os patrimônios
hereditários, eles podem inclusive ter filhos, embora possam também se casar com outras pessoas e morar todos juntos,
ou configurarem triângulos, ou qualquer outro polígono afetivo que podia misturar várias famílias.
Ela preferiu ir até a sala onde a maioria se juntava, ele decidiu ficar no quarto e participar por
telepresença, mas quando estavam conectados, era como se estivessem todos juntos, numa única e ampla sala que parecia
flutuar no espaço. Cemilion assumiu logo seu assento, diante de nuvem luminosa de
ícones e gráficos flutuantes, Irig parecia ter feito o mesmo, embora nem estivesse
realmente ali.
Curiosamente, a maioria das pessoas praticamente não diferenciava os presentes reais dos tele presentes.
- Já voltou? - Perguntou Taulin. - Pensei que você precisasse descansar mais.
- Não consigo. Acho que vou engrossar as estatísticas de pesadelos. - Respondeu num tom de ironia, o kluman.
E de imediato chamou atenção de Filia, que cochichou algo a Taulin.
- Por Xantai mulher! Parece de implicar com a seilan! Não sabemos nem se ela está viva!
Cemilion e Irig perguntaram simultânea e repentinamente o que havia
acontecido, com uma expressão que ninguém saberia dizer se revelava preocupação autêntica, ou uma excitação disfarçada.
Ninguém, exceto Velek, que não pode deixar de notar a confusão mental em que ela estava,
e que de fato, revelava sim, as duas coisas, ao passo que Irig estava protegido pela distância.
Uma excitação por um possível destino trágico da seilan, sentia Cemilion, e ao mesmo tempo uma
culpa em relação a isso, sem contar a preocupação prática sobre a missão.
Mais calmo, Taulin explicou. - Não sabemos ainda. Depois que Viuik
silenciou, Lunis foi atrás dela e também sumiu. Mas Dalmana
achou um ZIG e conseguiu trazê-las para a superfície, estavam na bolha flutuante da seilan. Então, tentou sair da cidade,
mas a tempestade se intensificou e perdemos contato. Já há dois ZIGS procurando em torno da muralha da cidade.
- Enquanto isso temos nosso próprio problema aqui em cima. - Disse Filia. - Temos uma inegável
crise de estresse. Mais da metade das pessoas não está dormindo bem, por causa dos pesadelos. E nosso amigo
Velek aqui, não parece estar muito preocupado com isso.
- Eu já disse. - Respondeu o híbrido. - Tanto eu quanto todos os telepatas da frota pensamos que isso é um caso
típico de influência de um campo mental gerado por uma espécie estranha. Deveremos nos acostumar em alguns biociclos.
- Por falar em interferência... - Interpelou Eli. - Meus assistentes detectaram
algumas anomalias estranhas em nossos ZIGS.
Embora curioso, Taulin pensou advinhar do que se tratava. - Então o ZIG que Dalmana
achou realmente não é o que havia sido lançado naquela localidade?
- Realmente não é. É o que foi lançado nas nuvens mais próximas, que ficam a 1257km. Isso só pode significar que o ZIG
achou outro acesso ao mar subterrâneo, e navegou até a área da cidade onde está nossa equipe! -
Eli disse tudo apressadamente como se quisesse encerrar um assunto sem nenhuma importância, e
continuou. - Mas o que quero mostrar não é isso. São os ZIGs que acabamos de enviar para procurá-los. Não estão
funcionando segundo o programa operacional normal, estão sob outra programação a qual não temos acesso!
- Alguém tomou o controle de nossos ZIGs?! - Filia questionou, um tanto, assustada.
- Não venha me dizer que foi a Lunis! As seilans não possuem tecnologia eletromagnética! -
Ralhou Taulin. Mas a cientista chefe replicou, um tanto irritada. - Alguém usurpou o
controle de nossos ZIGs! Ou foi algo no planeta, ou foi alguém daqui! Não sei o que é pior!
A crescente tensão predominante acabou sendo interrompida por Eli, que pareceu sensível ao
clima nervoso. - Boas notícias! Dalmana acabou de se comunicar. Conseguiu pousar
com segurança! Todos estão bem!
ALGUNS MINUTOS ANTES...
O antróide apenas supunha o porquê, mas assim que pousaram, a esfera da seilan se desfez suavemente, como se estivesse se poupando
para uso futuro. Sem o apoio ativo da feiticeira, parecia estar enfraquecida, pensou Dalmana.
Melhor assim, pois podia tocar diretamente em suas companheiras com mais liberdade, e certificar-se que estavam bem.
Fisicamente não havia dano notável algum, ao contrário dele próprio, que tivera parte do corpo queimado pelo traiçoeiro
raio que os derrubara da muralha. Desacordadas e protegidas pela bolha, suas companheiras não puderam compartilhar o
pânico que se apossou do andróide enquanto despencavam paredão abaixo. Seus sistemas ficaram inoperantes por vários segundos,
suficientes para que caísse mais da metade do percurso. O ZIG sumira de vista, após arrastar a bolha centenas de metros
para baixo, e as câmeras simplesmente evaporaram.
Há pouco mais de 100m do chão, Dalmana conseguira se recuperar parcialmente, e se agarrara ao cabo
conectado à bolha, o que foi providencial para reduzir a velocidade da queda enquanto seus sistemas anti gravitacionais aos
poucos iam se reativando. Isso não o poupou de ainda precisar realizar uma manobra desesperada, puxou a bolha para a si e
ficou por cima dela, na esperança de que sua elasticidade não só poupasse as passageiras, mas aliviasse o impacto dele
próprio, que mesmo com a antigravidade parcial, ainda o atraía com cerca de metade da gravidade do planeta.
Para seu alívio a eficiência da tecnologia seilan se mostrara impressionante, a bolha na realidade reduziu a velocidade
da queda, como se ativasse automaticamente uma repulsão salvadora.
Ele agarrou o cabo que, sem a esfera, agora jazia inerte no chão, parcialmente derretido pelo calor do raio. Ficou imaginando
se o ZIG tinha sido destruído, e como se comunicaria com a nave, visto que seus transmissores pareciam inoperantes.
Na verdade, só agora podia examinar a quantidade de danos que sofrera. Embora funcionassem parcialmente, seus sistemas
antigravitacionais não lhe permitiriam voar, pois a impulsão iônica ficara totalmente inutilizável. Também tinha os sentidos prejudicados, tanto que só notou o que acontecia à sua volta quando era quase tarde demais.
Um raio elétrico azulado passou sobre sua cabeça. Olhou para o local onde o som sugeria a origem do disparo. Era o ZIG.
Por um segundo pensou que ele estivesse com mau funcionamento, então olhou para trás e viu a grotesca criatura avançar
apesar dos tiros de eletrolaser que recebia.
Os ZIGs costumavam ser programados para usar força não letal se possível, mas aquele, ao notar a baixa sensibilidade da
criatura a eletricidade, apelou para o termolaser. Um raio vermelho então atingiu o monstro em cheio, despedaçando-o antes
que se aproximasse mais do antróide e suas companheiras. O ZIG passou então a disparar em várias direções, abatendo as
assustadoras criaturas que avançavam.
Finalmente o antróide pode se dar conta da cena à sua volta. Estiveram cercados por dezenas das criaturas nativas que
eram, aparentemente, a espécie mais inteligente. Não fazia idéia de porque atacaram, mas assim que se afastaram, usou o
ZIG para se comunicar com a nave, e enviar antes de tudo a tranquilizadora mensagem de que estavam bem.
Só depois entrou em detalhes.
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19 MIL ANOS-LUZ DO SISTEMA NOVITA
O sistema estelar XINLENG, muito similar à estela NOVITA, era o que poderia ser considerado desinteressante. Dos 17 planetas,
nenhum era particularmente notável. Nenhum capaz de abrigar uma biosfera complexa, nenhum gigante joviano suficientemente
rico em gases para justificar investidas exploratórias viáveis, nenhum planeta telúrico com recursos minerais atraentes.
Para ele, isso era ótimo. Ninguém para observá-lo, a não ser sondas comuns que não teriam chance de examinar melhor o que
aconteceria. Sua nave, com recursos capazes de abrigar confortavelmente apenas uma pessoa, era naquele momento a maior
e mais sofisticada num raio de dezenas de anos-luz, mas sua saída do hiperespaço fora muito próxima à estrela para que
as sondas, ou qualquer outra coisa, pudessem ter tempo de observar melhor.
A nave abandonou o estágio hiper vibracional, e ele se preparou para sair. Dirigiu-se à câmara de descompressão, devidamente
adaptada para permitir que alguém sem o devido traje espacial adentrasse e conseguisse liberação.
Ele vestia apenas roupas finas, cinzento azuladas, de aparência frágil. Trazia apenas pequeninos equipamentos que ficavam
bem próximos ao corpo. No rosto, colocou apenas uma máscara cobrindo nariz e boca, e um visor espelhado. Mas nada que
protegeria ninguém sequer de uma atmosfera rarefeita.
Então, ele brilhou, e sua luminosidade branco azulada se espalhou por todo o tecido de suas vestes, que resplandeciam
intensamente. Seus cabelos e barba também se iluminaram, e uma aura intensa lhe envolvia todo o corpo.
Deu algumas últimas instruções à nave, e então, saiu pela escotilha, e não adentrou exatamente o vácuo do espaço, porque
já estava suficientemente próximo ao astro central para que uma densa atmosfera de quentíssimas emanações estelares o
recebessem.
Saiu voando rumo ao inferno nuclear que já era capaz de matar qualquer coisa viva normal mesmo que estivesse em ótimos trajes
de astronauta, e sua nave, já no limite da resistência, pode enfim fazer meia volta para começar o procedimento de
aceleração para entrar novamente no hiperespaço, rumo a um destino pré-programado.
E o anjo voou direto para dentro de uma explosão termonuclear, atravessando-a incólume. E passou por outra, e mais outra,
e foi acelerando, aliando a gravidade da estrela com sua própria impulsão, atingindo uma velocidade incomum mesmo para os
hiper meta naturais.
Foram horas para adentrar todas as furiosas camadas de caos termonuclear, atravessando temperaturas literalmente estelares.
Finalmente, atingira o núcleo da estrela, onde enfim desapareceu.
Nem mesmo as mais avançadas ciências da galáxia sabiam o que, de fato, havia lá dentro.
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A ALIANÇA
Jerok corria contra o tempo, por isso era difícil ter paciência com aquela situação. Ali, na
entrada dos aposentos da seilan, após conseguir driblar as restrições de acesso, aguardava que fosse atendido pelo servo da
feiticeira que ficara restrito aos aposentos. Esperava poder criar um entendimento com ele, e só então contatar o que
acompanhara Lunis até a GENIUS.
Foi convidado a entrar numa ante-sala, onde o jovem ariano o esperava. Apesar de ter se apresentado
Jerok nem sequer ouviu seu nome, e mal o rapaz terminara de perguntar quais eram seus propósitos
ali, o candidato a novo servo começou a falar, tropeçando nas palavras, ora disparando, ora gaguejando, usando idioma gaiol
mesmo sem saber se seria entendido, mas, até mesmo por tudo isso, conseguindo ser muito sincero e convincente.
Contou de sua paixão arrebatadora por Lunis, suas pesquisas sobre a cultura seilan, que envolviam
as possibilidades de conversão. Embora fosse de Madre-Terra, ele tinha o tipo físico bem próximo ao dos arianos, o que
facilitaria sua aceitação, e sua entrega incondicional ao domínio da feiticeira, e a modo de vida seilan, seriam prova de
que se tornaria um servo tal fiel quanto um seilan legítimo, que ainda acrescentaria seus conhecimentos técnicos à serviço
das seilans.
Continuou falando sobre o perigo pelo qual a seilan passava, que por sua honestidade e boa fé, terminou por ser enganada.
Levantou suspeitas sobre os klumans, sobre a cientista chefe da missão e sobre os telepatas cinzentos.
O rapaz observou-o atentamente, fazendo uso de suas capacidades telepáticas mínimas mas satisfatórias para convencê-lo não
só da viabilidade de se aliar ao estranho, bem como da urgência da situação. Não foi sem surpresa para
Jerok quando este lhe dirigiu a palavra, numa mistura de idiomas que apesar de difícil de
identificar, foi facilmente compreensível.
O ariano compartilhava, há muito tempo, de todas as desconfianças citadas, mas agora podia ter razões mais claras para saber
que sua senhora estava em perigo. Já havia se comunicado com seu colega, que estava à bordo da GENIUS, mas que não tinha
acesso satisfatório à sala onde as coisas relevantes eram de fato tratadas. Ele também estava muito desconfiado, e já
havia alertado que se preparava para, se necessário, entrar em ação.
Os homens seilans, embora em geral sejam fisicamente menos imponentes que as mulheres, e que sejam estas as grandes guerreiras,
não são, de modo algum, pouco competentes para ações perigosas. Além de fisicamente perfeitos, detentores de extrema
agilidade, resistência e capacidade técnica, também possuem algumas potencialidades metanaturais que podem ser decisivas,
ainda que primárias.
Agora, com aquele aliado especialista em tecnologia, poderia ser o momento ideal para uma atitude que não mais parecia poder
ser negligenciada. A decisão, então, foi tomada.
O primeiro passo era proteger os aposentos. O servo preparou uma espécie de mecanismo de defesa que, se violado, ou por
ordenamento remoto, ou ainda no caso de incapacidade, deflagraria uma explosão paralisante de energia vital. Então se
equipou com diversos acessórios de combate, que tinham a peculiaridade de parecer inofensivos.
Jerok providenciou que seus movimentos não fossem devidamente registrados pelos sistemas de
segurança, e com isso instalaram um artefato num ponto remoto do jardim da IANTIS. Uma esfera de cristal pronta para
explodir se condições similares à da invasão dos aposentos fossem satisfeitas. A idéia era ameaçar com a afirmação de que
a explosão abriria um rombo no casco da nave. Seria um blefe, um exagero, mas que não poderia ser seriamente desconsiderado.
Ao menos era isso que Jerok pensava, embora tivesse a impressão de que seu companheiro levasse
a ameaça mais a sério.
Embora não entendesse de artefatos bélicos seilans, era muito difícil acreditar que aquela pequena bola de cristal, artigo
vastamente utilizado pelas seilans para os mais diversos propósitos, poderia ter um poder destrutivo que ameaçasse a nave.
Coisa que ele não gostaria que acontecesse.
Mas o principal motivo pelo qual o ele não questionou mais o seilan não era de outra ordem que não a tensão típica da
situação, e o pensamento voltado para a promessa de ser contemplado com a aceitação da feiticeira.
O seilan combinou com seu colega, usando um misto de comunicação aberta em código com transmissão telempática,
que este requisitasse sua troca de lugar imediata. Enquanto ele voltaria para a IANTIS, seu conterrâneo iria para a GENIUS.
Com isso, uma nave auxiliar foi despachada, tendo Jerok como um passageiro clandestino,
devidamente ocultado por uma hábil manipulação dos sistemas de segurança.
- A boa notícia... - Disse Jerok a seu aliado. - ... é que sou o engenheiro responsável pelos
sistemas de vigilância, e consegui assumir o controle de mais alguns ZIGs. Eu já havia reprogramado alguns outros, mas
estão agora dentro do campo de invisibilidade. Não sei o que podem estar fazendo.
- Você os ordenou que protegessem a Senhora? - Perguntou o seilan. - Sim. À todo custo. Estão preparados para
eliminar os outros dois se necessário.
- Pode controlar a Espada Espacial? -
-Não. Infelizmente isso é impossível. Mas se agirmos
rápido, poderemos utilizar bem os ZIGs antes que a Espada Espacial os destrua. Além disso, foi por isso que tomamos
aquelas providências à bordo da IANTIS, não? E também, a espada espacial não irá nos atacar, estaremos numa nave cheia de
pessoas .
Finalmente, a nave chegou à GENIUS, a operação não chamou muita atenção. Mesmo porque algumas perturbações em outra nave
estavam ou acabavam de ocorrer, canalizando as atenções para outros problemas. Os seilans, então, não trocaram de lugar,
e sim se juntaram e avançaram interior adentro da nave capitânea.
Enquanto Jerok ficou para trás, se ocupando de sua parte.
SOB PRESSÃO
- Finalmente Dalmana! Estamos aliviados em falar com você. Suas companheiras estão bem? -
Taulin mal disfarçava o nervosismo. Enquanto ouviam o relato do antróide, várias conversas paralelas
ocorriam. Velek estava especialmente preocupado, pedindo detalhes sobre o estado das outras
exploradoras, especialmente preocupado com o estado da seilan, pois já desconfiava de algum tipo de estresse telepático.
- Entendido, menos mal. - Respondeu Taulin após o relato do antróide, que agora, fora da barreira
eletromagnética das nuvens, podia ser feito por uma mera conexão entre o ZIG a GENIUS que acabara de adentrar o campo de
invisibilidade na ânsia de se comunicar em tempo real com os exploradores. As nuvens ainda causavam interferência, mas
no momento era fácil de ser filtrada pelos sistemas de comunicação. Problema maior era a cobertura residual que ainda
impossibilitava que a nave avistasse diretamente os arredores da cidade fantasma.
Irig e Cemilion se concentravam nos dados que o ZIG acabara de
enviar, em especial nas espetaculares imagens que captou no mar subterrâneo. Passaram os olhos rapidamente por diversas
criaturas estranhas, sem saber exatamente no que se deter, até que de repente, uma coisa bizarra lhes chamou
a atenção. Aparecera de relance, distante numa imagem de baixa nitidez. O ZIG não se preocupara em observá-la melhor
porque foi nesse momento que estabelecera comunicação com o antróide na superfície, e recebera instruções para subir
e se preparar para resgatar as exploradoras. Restava então fazer uso de recursos de otimização de imagem.
- Estamos com problemas sérios aqui em cima Dalmana. - Dizia Taulin.
- Tivemos dois inexplicáveis desentendimentos pessoais à bordo da PROMINUS, um deles degenerou para violência. O estresse
na tripulação está aumentando. Melhor voltar o quanto antes. A nave de resgate estará chegando aí em 2,4 minutos.
Irig finalmente conseguiu melhorar a imagem a ponto de gerar um modelo tridimensional da
criatura avistada, que era gigantesca. Não precisou de muito tempo para ficar completamente espantado.
- Na verdade... - Respondeu o antróide. - Já estou vendo dois ZIGs se aproximando.
Cemilion estava em choque. Podia jurar que havia sonhado com aquela criatura.
- Os ZIGs?! - Interrompeu Eli. - Mas os ZIGs deviam estar do outro lado da cida...
Peraí! Eles deram uma localização falsa?!
- Devem ser os que estão fora do programa original. - Concluiu Filia.
- Dalmana, pode nos dizer quais são os números de identificação?
- Quase, mais alguns segundos e pod... - A comunicação foi cortada com um ruído enervante.
Os klumans tentavam chamar atenção de todos para as assustadoras imagens que haviam produzido. Não conseguiam.
- Xantai! - Gritou Taulin. - O que foi isso?!
- O nosso ZIG atacou!!! - Respondeu um dos técnicos. - Essa não! Nós o perdemos! Acho que foi destruído!
- Mande todos os ZIGs sob controle para lá! Mande também a SEDNA! - Taulin gritou sem
nem sequer se aperceber que Filia o puxava pelo braço. - Taulin!!!
Insistiu ela apontando para trás. Quando ele se virou, não podia entender o que via.
Os seilans, um agarrando e apontando uma afiada lâmina de cristal contra o pescoço de um dos técnicos que ficava do lado de
fora, e que fora obrigado a abrir a passagem para a sala de comando. O outro com dois artefatos de cristal luminoso
apontados em sentido opostos, evidentemente eram armas de energia.
- Onde ela está!?!? - Gritou um deles em perfeito gaiol.
Velek estivera absorto pensando e rastreando os estranhos sinais telepáticos que captava
do planeta, só então se deu conta de que o outro telepata estava desacordado, posto à nocaute pelos seilans, e o pequeno
antróide de combate estava parcialmente derretido. Logo atrás Sonija pedia calma, atônita,
como se sentido culpada pelo que acontecia.
O híbrido percebeu
que não eram só os sistemas normais de segurança que estavam inoperantes, caso contrário, os rapazes já teriam sido
neutralizados. Mas sim, que as tensões crescentes nas mentes à sua volta corriam o risco de deixar todos os tripulantes
fora de operação, era como se um levante assustador de fantasmas estivesse se formando para atormentar as emoções
de todos.
Com muito cuidado tentou entrar na mente de um dos seilans, esperando achar uma brecha que lhe permitisse um ataque telepático
atordoante. Mas o rapaz sentiu a intrusão mental, e reagiu imediatamente fechando ainda mais a mente.
- Nem pense nisso telepata!!! - E apontou um cristal luminoso para o híbrido. - Tragam ela de volta agora ou
vão sofrer as consequências!
FOGO CRUZADO
Embora ainda falasse com a GENIUS, Dalmana estava prestando tanta atenção nos dois ZIGs que se
aproximavam, ainda distantes, que se assustou quando o ZIG que estava próximo, sendo usado para a comunicação, apontou
para os outros que avançavam velozmente, e de modo totalmente inesperado abriu fogo com o termolaser.
Um ZIG foi atingido em cheio, sendo desintegrado, a onda de choque desorientou o outro tempo suficiente para que o ZIG
que protegia o andróide atirasse de novo. O sofisticado artefato havia percebido as intenções hostis dos outros,
detectando que estavam sob programação estranha, agindo antes que fosse tarde de acordo com seu programa que visava a proteção
da expedição.
Como o termolaser exigia uma fração de segundo para realizar um tiro tão preciso e potente quanto o anterior, o ZIG optou
por disparar antes um eletrolaser, atingindo o segundo ZIG hostil, no entanto, quase ao mesmo tempo foi atingido pelo
termolaser adversário, sendo arremesado longe em frangalhos.
Dalmana pensou rápido, agiu no pouco tempo que teria antes que o ZIG inimigo se recuperasse.
Ativou sua única coisa que poderia ser considerada uma arma, um gerador de raio elétrico que podia agir como
se fosse um eletrolaser. Disparou logo depois que o ZIG, já bem próximo, simplesmente errou o disparo em quase
15 graus de ângulo para direita, o que só poderia ser explicado pelo dano que sofrera pelo último eletrolaser disparado
pelo ZIG recém destruído.
O antróide acertou o alvo, mas o dano, se é que houve, foi bem menor que o anterior, e o ZIG voltou a disparar, erroneamente,
mas cada vez mais próximo, e cada vez com uma margem de erro menor. E mesmo se movendo rapidamente, para dificultar a
pontaria, era evidente que não poderia driblar o ZIG por muito tempo, visto que estava se reajustando, e em breve
recuperaria sua pontaria infalível, da qual é completamente impossível, a não ser para alguns supermetas, se desviar.
Os dois disparos seguintes que Dalmana realizara, além de esgotarem suas baterias, confirmaram
que não iriam deter o ZIG, que estava agora poucos metros à sua frente, fitando-o diretamente, e se ainda aparentava alguma
confusão, a julgar pelos lampejos elétricos que chispavam em sua superfície, estava prestes a deflagrar o disparo final.
Foi só então que o antróide notou Viuik, que havia se lançado ao alto e pairou
majestosamente com uma pedra afiada nas mãos. Então caiu rapidamente acertando o ZIG em cheio, levando-o ao chão e
danificando-o tempo suficiente para que o antróide conseguisse outra pedra, e com a dobuk, destruíssem o perigoso artefato
à pancadas.
Era sorte que, embora ágeis, rápidos e extremamente eficientes, os ZIGs não fossem mecanicamente muito resistentes. Mesmo
porque eram constituídos de materiais muito leves. Foi sorte também que o ZIG estivesse prejudicado pelo disparo de
eletrolaser que sofrera, caso contrário teria não só se desviado do ataque deViuik, como a
também a atingiria infalivelmente.
O antróide e a dobuk, visivelmente exaustos e assustados, ficaram se entreolhando, sem conseguir dizer qualquer coisa,
tentando entender o que podia estar acontecendo. A única coisa que ainda intrigava e aliviava
Dalmana era o fato de suas companheiras estarem à salvo, visto que o ZIG poderia ter atirado
nelas, que estavam juntas, desmaiadas, e mesmo avariado, certamente teria acertado.
Haveria alguma coisa especificamente contra ele?
INFECÇÃO AMOROSA
A bordo da PROMINUS, a situação também se agravava. Quase metade dos tripulantes não estava em condições de trabalhar.
Duas discussões, ambas envolvendo o destino dos exploradores, eclodiram de forma furiosa, e um dos lados trouxe a tona
a suspeita de que a feiticeira seilan fora vítima de um atentado deliberado.
Curiosamente, o nome Lunis, ao ser invocado, pareceu funcionar como uma palavra mágica, com
um poder devastador. Alguns tripulantes, subitamente, decidiram agir como se a defesa da feiticeira fosse uma missão
sagrada para a qual haviam se preparado a vida inteira.
Um dos revoltados, um genônico de força física super amplificada, deu bastante trabalho para os robôs de segurança, mas
por fim, os rebeldes acabaram detidos, e trancafiados numa prisão improvisada. Mas uma das mulheres que aparentemente
se mantivera fiel à comunidade da Pastor-6, sinalizou para os detidos, pedindo que se acalmassem, e dando claramente a
entender que em breve voltaria para ajudá-los.
Entre os detidos, um deles teve um lampejo de revelação sobre um tema que sempre subestimou. Ele nunca compreendera
a ameaça seilan. Achava que não devia ser motivo de tanta preocupação. Agora estava entregue a duas
descobertas similares, mas de resultados diametralmente opostos, que o desmentiam.
Se só uma feiticeira, sem intenção, conseguia gerar aquele tipo de comoção, então elas
eram mesmo terrivelmente perigosas. Mas ela era algo tão fascinante que o arrebatara completamente.
Estava completamente apaixonado, o que provava, de forma diferente, que elas eram de fato maravilhosamente
perigosas.
Marcus Valerio XR
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As tecnologias usadas por Madre-Terra, suas aliadas e a maioria da civilizações conhecidas, que tem base ZENITRON,
conhecem basicamente 5 formas de viagem espacial:
1 - Espacial Normal
2 - Hiper Vibracional
3 - Hiperespacial
4 - Portal Espacial
5 - Anel Espacial
VIAGEM ESPACIAL NORMAL
É o simples deslocamento de matéria por qualquer meio típico de impulsão, limitadas
pela inércia e velocidade terminal luminal. Nenhuma tecnologia conhecida permite acelerar naves a velocidades
próximas à da luz em períodos de tempo viáveis sem consumos proibitivos de energia. O máximo que as melhores
naves automáticas podem fazer é atingir cerca de 1/3 da velocidade da luz.
VIAGEM ESPACIAL HIPER VIBRATÓRIA
O limite imposto pela natureza à Viagem Espacial Normal só é superável com a Viagem Hiper Vibracional. Trata-se de uma tecnologia que permite induzir na estrutura
física de toda a nave, incluindo a carga e seres vivos, uma "super condutividade" da força eletromagnética que mantém a matéria
coesa. Tal alteração não resulta em instabilidade nas funções físicas comuns, de modo que todos os fenômenos naturais
permanecem normais a não ser pelo fato de que a energia cinética aplicada pelos impulsores da nave é transferida para todas
as outras partes de modo muito mais rápido do que ocorreria em situação convencional. Em resumo, a mesma impulsão brusca que
danificaria a estrutura da nave, e cuja aceleração lesaria ou mataria seus ocupantes, pode ser aplicada na mesma nave
que esteja em estágio hiper vibratório, pois a "flexibilidade" das ligações eletromagnéticas permite que a energia de impulso
seja transmitida para todos os pontos das estruturas à velocidades suficientemente elevadas para impedir danos. É
com esse recurso que se torna possível acelerar naves à velocidades superiores a 99% da velocidade da luz, e com consumo
de energia inferior ao necessário para atingir velocidades bem menores em estado normal.
VIAGEM HIPERESPACIAL
As outras formas de viagem espacial se dão pelo Hiperespaço, que
pela teoria ZENITRON, só faz sentido não como uma dimensão além das 3 comuns, mas sim como um suporte onde
as Forças Gravitacional e a "Força" Espaço/Tempo se "movem". O espaço em que vivemos nada mais é do que um efeito resultante
do equilíbrio entre a atração gravitacional e a repulsão espaço temporal, que evita que toda a matéria do universo seja
comprimida num único buraco negro. Em termos mais simples, o Hiperespaço, melhor entendido como um Subespaço, é na realidade
o "local" onde o espaço tempo e a gravidade se apóiam. Em outros termos, o "Espaço" é o resultado do equilíbrio entre
a repulsão Espaço Tempo, conhecida como Força-Y, e a gravidade, a Força-X. O Hiperespaço é o meio onde essas forças se movem.
As duas Forças fundamentais do universo transmitem sua influência numa velocidade muitíssimo superior à da Luz, e para
obter uma viagem espacial acima do limite da energia, é preciso compartilhar dessa propriedade, adentrando essa subcamada
hiperespacial. Uma vez estando no limiar da velocidade da luz, no devido estágio hiper vibracional, a nave simplesmente deve
fazer uso de um artefato denominado CLAVE ESPACIAL. Trata-se de um projétil lançado à frente da nave que ao "explodir"
causa um colapso no continuum, uma ruptura no espaço tempo normal, dando acesso à subcamada hiperespacial. Por estar em
estado hipervibracional, a nave é então puxada para o interior do "buraco" no tecido do espaço tempo, sendo arrancada
da dimensão normal e ficando num estado físico ambíguo, entre energia e matéria, flexível como uma liga elástica que
pode ser introduzida num orifício pequeno e depois retornar ao seu estado normal. Bem como pode ser expandida, o que
é literalmente o que acontece no Hiperespaço, onde finalmente a nave atinge velocidade igual à da luz.
As naves no hiperespaço cobrem distâncias espaciais maiores em menor tempo não porque exatamente se movam mais rápido em
relação ao espaço normal, mas porque se tornam maiores em relação ao tamanho do espaço normal. Uma vez no hiperespaço,
a tendência da matéria hipervibratória é se expandir de forma harmônica, literalmente assumindo proporções gigantescas.
O estágio hipervibratório, que deve ser mantido durante todo o tempo, permite que as forças de atração normais da matéria
deixem de agir normalmente, de modo que as partículas se afastam umas das outras, porém num padrão coeso e ordenado, garantido
ainda pelas mesmas forças de atração, que se não impedem o afastamento das partículas, as mantém devidamente organizadas
na mesma simetria. Como no hiperespaço as forças de atração simplesmente não agem, apenas são transmitidas para agirem
no espaço normal, a nave fica num estado dual, isto é, nem submetida plenamente às leis de atração e repulsão, nem
totalmente livre delas, o que resultaria em total desintegração.
Uma vez no hiperespaço, o tamanho relativo da nave pode aumentar milhões de vezes, e é por isso que as viagens ficam mais
curtas, da mesma forma que se uma pessoa que dá passos de 1 metro necessitaria de mil passos para percorrer um km, se fosse
aumentada 100 vezes de tamanho, mantendo todas as demais características relativamente inalteradas, precisaria dar apenas
10 passos para percorrer a mesma distância.
Uma vez percorrido o trajeto desejado, a nave sai do hiperespaço simplesmente diminuindo sua impulsão mínima, que a mantem
exatamente na velocidade da luz, até que a impulsão não seja mais suficiente para que a nave seja mantida nessa velocidade
mínima obrigatória. Nesse momento, como o hiperspaço não permite velocidades subluminais, a nave é simplesmente cuspida
de volta ao espaço normal, ainda em estágio hipervibratório. É preciso atentar que, na realidade, no hiperespaço não existe
exatamente um movimento mais rápido do que a velocidade da luz, mas sim um movimento que, por estar expandido, percorre
um espaço "menor" em relação ao seu tamanho. O estado de hiper vibração molecular deve ser mantido até que a nave
reduza sua velocidade para um padrão seguro, e então desligado. Em qualquer estágio do processo, no hiperespaço, em
que o sistema de hiper vibração falhe, a nave será imediatamente aniquilada.
Viagem por
PORTAL ESPACIAL
O Quarto modo de viagem espacial também se dá pelo hiperespaço, porém de modo instantâneo, sem a necessidade de
estado hiper vibratório nem Clave Espacial. Basta que qualquer nave, ou objeto, atravesse um Portal Espacial. Esse portal
é uma hiperligação entre dois pontos distintos do espaço, de distância indefinida, que são interconectados por um
atalho hiperespacial, de modo que ao entrar em um lado, instantaneamente sai no outro, como um movimento normal no
espaço. Existem basicamente dois tipos de Portais Espaciais:
4.1 - Portais Naturais
5.2 - Portais Artificiais, ou Anéis Espaciais Artificiais
PORTAIS NATURAIS
Quando a Galáxia se formou, há cerca de 64 bilhões de anos, segundo a ciência ZENITRON, a expansão não se deu de forma
totalmente harmônica. Alguns pontos de concentração de energia insistiam em se manter coesos, nos primeiros instantes,
não compartilhando da dispersão típica da demais e maior parte. Esses pequenos "nós" de matéria concentrada, terminaram por
gerar pequenos colapsos similares a buracos negros, porém, sob a pressão da expansão, alguns foram divididos em pares.
Os que não o foram terminaram por ser vencidos pelos processos de expansão normal e foram enfim desintegrados, os que se
dividiram passaram a resistir a pressão da expansão simplesmente trocando conteúdo um com o outro. Ou seja, ao serem
submetidos à Força-Y de repulsão, reagiam não simplesmente opondo Força-X, mas sim simplesmente transferindo a Força-Y
de um para o outro, num incessante vai e vem, desse modo, "enganando" o processo de expansão. À medida que o universo
foi se expandindo e se acalmando, esses pontos de concentração acabaram gerando rupturas no tecido espacial normal,
que ficaram conectadas. Embora a matéria concentrada seja estendida ao longo do hiperespaço, criando túneis elásticos
entre um ponto e outro, que passaram a ser os portais. Essa ligação, porém, não está no espaço normal, mas sim
no hiperespaço, livre da ação das forças fundamentais e agindo como se fosse matéria expandida em estágio hiper vibratório,
de modo que a distância entre um ponto e outra é, pelo hiperespaço, irrelevante, visto que qualquer fluxo de energia
ou matéria em estado hipervibratório que se aproxima de um portal é simplesmente puxado para o lado oposto, esticado ao
longo do trajeto se acomodando à hiper ligação e "escoando" pelo túnel até ser lançado do lado oposto. Essa transição
demora um certo período de "tempo", como a viagem hiperespacial normal, porém, praticamente desprezível, visto que
o Portal Natural mais lento conhecido transfere o conteúdo de um extremo ao outro em tempos relativos sempre inferiores
a meio minuto. Não há limite conhecido para a distância que pode ser percorrida por um Portal Espacial, e não há relação
direta entre essa velocidade de transporte e distância em si. Sabe-se que há portais que interligam um extremo ao outro
da Galáxia. Para uma nave penetrar num desses portais deve, mais uma vez, estar em estágio Hipervibratório, caso
contrário, não haverá interação alguma, e o portal pode mesmo passar desapercebido. Os portais também são móveis,
orbitando estrelas ou planetas em ciclos regulares.
Há 3 tipos:
4.1.1 - Instáveis
4.1.2 - Semi-Estáveis
4.1.3 - Estáveis
PORTAIS ESPACIAIS NATURAIS INSTÁVEIS
Se não há relação entre a distância percorrida e o tempo de transporte, há porém relação entre a distância e a estabilidade.
Os Portais Instáveis podem transportar a distâncias incomensuráveis, teoricamente, até mesmo para fora da Galáxia, porém,
em geral a transição só pode ser efetuada num único sentido, embora seja comum haver outros portais instáveis próximos
que podem fazer a transição, e normalmente é impossível prever quando e como o portal irá de fato funcionar. A maior
parte deles, também, deixa de existir após algumas transições. Alguns só permitiram uma única transição conhecida e então
sumiram. Sua instabilidade pode ser detectada enviando sinais eletromagnéticos através do mesmo, que se devidamente
transportados, desaparecem do espaço local. A instabilidade é clara quando nem sempre o sinal é de fato removido
independente da técnica usada.
PORTAIS ESPACIAIS NATURAIS SEMI-INSTÁVEIS ou SEMI-ESTÁVEIS
Também podem conectar distâncias máximas, quase de um extremo ao outro da Galáxia. O mais amplo conhecido conecta
pontos distantes 108 Mil anos-luz, quase o diâmetro Galáctico máximo. São parcialmente instáveis porque não podem ser
cruzados por qualquer procedimento, tendo sempre um ângulo e uma velocidade específica de entrada que devem ser
verificados por uma travesia correta. Costumam também apresentar ciclos de funcionalidade, em geral regulares e de
no máximo meio minuto, de modo que o feixe de energia, onda, ou matéria em estágio hipervibratório deve estar no
ângulo correto, na velocidade correta e atravessá-lo no instante correto. Embora em geral sejam resistentes, há
riscos de deixarem de funcionar, principalmente devido a tentativas infrutíferas de travessias, ou de manipulações
típicas como as descritas mais adiante.
PORTAIS ESPACIAIS NATURAIS ESTÁVEIS
Os Portais Estáveis em geral transportam energia ou matéria em estágio hipervibratório por distâncias menores. Os mais
distantes conhecidos conectam pontos de cerca de 1.360 Anos-Luz. São conhecidos como estáveis porque sempre funcionam,
sem qualquer anomalia, em qualquer sentido, em qualquer instante e independente do ângulo de entrada. Esses também
são os mais recomendados para serem manipulados em geral com fins à construção de um mais eficiente e prático sistema
de viagem, o Anel Espacial.
ANEL ESPACIAL
Finalmente, chegamos ao último modo de viagem espacial. Os Anéis Espaciais são artefatos que permitem a transição
instantânea de um ponto ao outro do espaço, também por meio de uma ligação hiperespacial. Embora sua distância seja
muito mais limitada, os mais potentes conhecidos transportam para no máximo 42 Anos-Luz, eles não exigem que a nave
esteja em estágio hipervibratório, podendo ser atravessados por qualquer nave espacial comum com total segurança.
Ademais, podem ser construídas redes de portais, próximos uns aos outros, de modo que atravessando uma sucessão deles
seja possível cobrir distâncias de milhares de Anos-Luz.
São de dois tipos:
5.1 - de Portal Natural
5.2 - Artificial
ANEL ESPACIAL DE PORTAL NATURAL
Construído sobre um Portal Natural Estável ou Semi-Estável, não há diferença no desempenho final, e
sim na dificuldade da elaboração. No caso, os anéis são construídos em torno dos portais naturais, passando a poder
ser até mesmo movidos.
ANEL ESPACIAL ARTIFICIAL
Não feitos em Portais Naturais, e sim em pares próximos em poucos kms, que são ativados gerando focos de
concentração de matéria até que se chegue ao limiar do colapso, interligando-os num processo similar ao ocorrido nos
primórdios da expansão do universo. Uma vez ativados, já permitem transições normais de um lado ao outro,
e são então afastados, tendo que ser levados, porém, pelo espaço normal, embora possam ser colocados em estágio hiper
vibratório. O movimento não afeta seu desempenho, podendo ser atravessados a qualquer momento, mesmo durante sua viagem
ao destino final. Há porém um limite de distanciamento. O maior conhecido é de 28 Anos-Luz.
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Os sistemas familiares Kluman são, em geral, bastante diferentes dos Madre-Terrestres, havendo o costume de casamentos
endogâmicos, tornados seguros graças a manipulações genéticas que eliminaram riscos relativos a aberrações cromossômicas
ou más formações fetais. Como em geral as famílias são grandes, o mais frequente é que casais de irmãos permaneçam juntos
por toda a vida, com ou sem relação sexual. Muitas vezes as mulheres tem filhos de outros parceiros, externos ao núcleo
familiar, que reconhecem o tio como a figura paterna, e em casos mais raros o pai pode trazer os próprios filhos para
a casa. É bastante comum a união de dois casais de irmãos de famílias diferentes, unindo duas linhagens de modo muito mais
rígido do que poderia o simples casamento de um homem de um família e um mulher de outra. Assim, não raro, dois irmãos
do mesmo ou de diferentes sexos, podem procurar outros dois irmãos compatíveis para obter um casamento duplo, com as
mais diversas combinações.
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