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27 de Outubro - 23:22

Meu voto é SELENA!

Eu estive oscilando entre votar em Branco ou em Haddad, mas apenas se tivesse certeza de que ele iria perder, pois não quero ajudar a colocá-lo na presidência, e sim, apenas engrossar o voto de oposição a Bolsonaro, em quem eu jamais votaria na versão de hoje.

Mas eu realmente prefiro que o Jair ganhe, pois quem quer que assuma a presidência vai ter um mandato trágico, e é melhor que esse karma recaia sobre quem ajudou deliberadamente a colocar o país num beco sem saída, em especial por ter sido favorável a inenarrável EC 95, que inviabiliza qualquer esperança de recuperação.

Porém, parece que nem vou ter o trabalho. Pelo jeito não vou votar. Amanhã estaremos induzindo o trabalho de parto da Thais para convencer a Selena a nascer.

Portanto, não irei perder meu tempo "colocando um voto na urna", mas sim ajudando a trazer uma nova vida ao mundo. Isso sim, é uma esperança, e um jeito muito melhor de passar o domingo.

Ficando off-line em alguns minutos por tempo indefinido.


27 de Outubro - 18:45

Excelente entrevista sobre quem realmente entende, se identifica, e defende o Fascismo. ROBERTO FIORI, LÍDER DE EXTREMA DIREITA ITALIANA QUESTIONA A ASSOCIAÇÃO DE BOLSONARO AO FASCISMO

26 de Outubro

Dissidência Política do DF
26 de Outubro

OS E.U.A. SÃO A MAIOR AMEAÇA À PAZ MUNDIAL, diz pesquisa WIN/Gallup realizada em 2013 com mais de 66 mil entrevistados em 65 países. Feita tanto presencialmente quanto por telefone e pela internet, a margem de erro é de cerca de 4%.

Estranhamente, o site onde o artigo original foi publicado saiu do ar, e a pesquisa foi menos divulgada do que merecia, mesmo assim foi largamente replicada em inúmeros sites. O link mais popular é https://brilliantmaps.com/threat-to-peace

Eis o ranking de respostas espontâneas à pergunta "Qual país é a maior ameaça à paz mundial?"

1°(24%) - EUA
2° (8%) - Paquistão
3° (6%) - China
4° (5%) - Afeganistão, Coréia do Norte, Irã e Israel

8° (4%) - Índia, Iraque e Japão

12°(3%) - Síria
13°(2%) - Rússia
14°(1%) - Alemanha, Arábia Saudita, Austrália, Coréia do Sul, "Palestina", Reino Unido, Somália.

Dados extraídos de Happy new year? The world's getting slowly more cheerful

Os demais 18% não deram resposta ou elencaram países que isoladamente não obtiveram sequer 1%.

Um mapa ilustrativo com uma representação parcial pode ser visto em melhor resolução aqui

Embora a metodologia e amostragem da pesquisa possam ser questionadas, os resultados são bastante previsíveis, afora algumas surpresas como os australianos terem também eleito os EUA como maior ameaça, os italianos terem eleito Afeganistão ou os bangladenses terem eleito Israel.

Rivalidades históricas explicam a maior parte das escolhas pontuais, como o fato dos indianos com sua imensa população, terem eleito o Paquistão (que porém não retribuiu, elegendo os EUA), o Quênia ter eleito a Somália, ou a Coréia do Sul ter eleito sua irmã vizinha Coréia do Norte, bem como o Japão ter eleito a China, apesar de terem sido os japoneses que a invadiram e na qual cometeram atrocidades piores que as dos nazistas, vide a famigerada Unidade 731.

Enquanto os franceses elegeram a Síria, os alemães e espanhóis escolheram também os EUA, que por sua vez, ao lado de Canadá e Reino Unido escolheram o Irã. Previsível, visto que o Irã é o principal obstáculo ao controle total dos EUA sobre o Oriente Médio.

Os brasileiros, assim como todos os países latino americanos entrevistados (Argentina, Colômbia, Méxido e Peru) também escolheram os EUA, que foi também a escolha de 13% dos próprios norte americanos e de 17% dos canadenses.

Mas apesar das surpresas pontuais e de algumas aparentes inconsistências, os EUA receberam quase 16 mil votos, o triplo do segundo lugar e o quádruplo da China, a atual segunda potência do mundo. A Rússia, curiosamente, ficou num quase constrangedor 13° lugar, tendo recebido mais votos da Polônia, por motivos históricos óbvios. A assimetria de como cada país vê a maior ameaça mundial fica ainda mais evidente quando se vê os países que mais elegeram os EUA: Rússia, com 54% das respostas, China e Bósnia, ambas com 49%. Esta última, brutalmente invadida na década de 90.

De qualquer modo, é difícil imaginar que uma pesquisa mais ampla e detalhada desse um primeiro lugar diferente. Não foram entrevistados, por exemplo, Venezuela, Coréia do Norte, Síria, Cuba e Irã, e de qualquer modo há duas confirmações por outras pesquisas. Uma anterior, de 2006, citada em https://nypost.com/2014/01/05/us-is-the-greatest-threat-to-world-peace-poll , envolveu 17 mil entrevistados em 15 países.

Outra, mais recente, é ainda mais espantosa. Pois apesar de ter direcionado a escolha para apenas três países questionando qual devia ser mais temido por seu poder e influência, onde EUA obteve 35% e Rússia e China empataram com 31%, a maioria dos 30 países entrevistados são aliados dos EUA, e a pergunta não foi feita para os chineses!

Nesta pesquisa, de 2017, resumida, em conjunto com a de 2013, em https://www.globalresearch.ca/polls-u-s-is-the-greatest-threat-to-peace-in-the-world-today/5603342 , foram feitas questões a respeito das grandes ameaças atuais ao globo, envolvendo a mudança climática, o cyberterrorismo, as crises de refugiados, a economia e por fim, o poder e influência das três maiores potências atuais. E diferente da pesquisa anterior, está na íntegra publicada em Global Threats

Na página 5, há uma tabela com os dados resumidos, onde se pode ver, por exemplo, que em todos os países latino americanos pesquisados, Argentina, Brasil, Chile, Colombia, México, Peru e, desta vez, Venezuela, mais uma vez os EUA foram escolhidos como ameaças maiores que China ou Rússia. No Brasil 47%, contra 34% da China e 31% da Rússia. (A pesquisa admitiu mais de uma resposta, bem como foi feita em composição com os outros temas, resultado em somas percentuais finais que não inteiram 100%.)

Ainda mais impressionante foi o fato de que, destes, na Venezuela os EUA ficaram com um dos menores índices! Apenas 32% à frente dos 22% da China e 19% da Rússia.

Assim, essas três pesquisas apenas apontam um fato que só não é óbvio para países com rixas muito sérias com vizinhos e com tremenda falta de percepção da realidade mundial. Em toda a história, China e Rússia, mesmo nos tempos de URSS, jamais atacaram um país que não fosse vizinho fronteiriço.

Mas os EUA, que possuem a maior máquina de guerra do mundo, já atacaram mais de 40 países, quase todos distantes de seu próprio território e muitos do outro lado do mundo. E o mais dramático, após a Segunda Guerra Mundial, a única incursão militar da então URSS foi contra o fronteiriço Afeganistão. Já os EUA invadiram uma dezena de países em vários locais do mundo, sendo Vietnã e Coréia do Norte apenas os mais famosos, e sendo Iraque, Afeganistão, Líbia e Síria todos já no século XXI, afora incursões menores ou modalidades de Guerra Híbrida e outras formas de desestabilização e fomento de Golpes de Estado. Uma breve lista pode ser vista em How Many Coutries US Invaded

O mundo reconhecer os EUA como a maior ameaça à paz é uma simples questão de bom senso. Apesar da colossal propaganda ideológica cultural norte americana, principalmente Hollywood, é impossível contestar isso sem apelar para um voto de benevolência infantil deste ser uma espécie de "força pacificadora benigna", ignorando a totalidade das forças econômicas escusas, interesses geopolíticos obscuros e ideologias plutocráticas.


25 de Outubro

Enquanto isso, os vaquinhas achando que o problema é falta de papel higiênico ou uma "crise humanitária" e de refugiados. Há UMA GUERRA em curso, há mais de uma década, que AINDA não chegou as mais extremas vias de fato, e obviamente, absolutamente NADA tem a ver com o que se vê na mídia ou nas correntes de WhatsApp.


24 de Outubro - 14:10

Ainda no começo mas já arrebatado por esta excelente leitura. A melhor descrição do desenvolvimento do conceito de 'nação', e 'nacionalismo", que já li, com um enfoque de história das mentalidades.


24 de Outubro - 13:45

INTERVENÇÃO CELESTIAL JÁ!
Quero ruas ocupadas por anjos com espadas flamejantes!

22 de Outubro - 22:46

Com tanta "feiúra" acontecendo no nosso contexto atual, a partir de agora todos os dias publicarei ao menos uma coisa bela.


22 de Outubro - 01:44

Assunto que está sendo menos comentado do que deveria.


21 de Outubro - 21:14

Recomendando Em Defesa da Venezuela. Na iminência de uma possível campanha militar contra a Venezuela, é preciso desmascarar o discurso farsesco e corruptor que visa defender interesses de criminosos bilionários disfarçados na hipocrisia de uma defesa de "direitos humanos".

21 de Outubro - 20:33

Que o momento atual sirva ao menos para fazer os menos estúpidos entenderem que não existe isso de um governo autoritário ficar no poder sem apoio expressivo da população. Um governo impopularíssimo como o de Temer só pode se manter brevemente e com uma data de término clara, e o futuro governo autoritário de Hamilton Mourão Jair Bolsonaro, já antevendo um clima de guerra civil e até mesmo guerra externa, já conta com amplo apoio popular.

Por isso mesmo, se Stalin ou Fidel governaram por décadas, não foi por oprimirem a maior parte da população, pelo contrário, e sim por contarem com apoio explícito de uma maioria absoluta, ou, na pior das hipóteses, de uma grande minoria coesa que leva vantagem sobre uma maioria dividida e desorganizada lutando entre si.

A propaganda de que Maduro ou Kim Jon-un "escravizam" sua população cruelmente, como se todos estivessem lá implorando para serem salvos pelos heróicos norte americanos defensores da liberdade do mais puro e altruísta coração desinteressado, só serve mesmo para os soldadinhos imbecis que vão lá perder suas vidas, sua sanidade ou pedaços de seu corpo para defenderem interesses de quem nunca passaria nem perto do front, e se preocupa mais em decidir se vão pra festas de luxo numa Ferrari ou numa Lamborghini do que com o destino de quem vai ser recebido a tiros por uma população em defesa de sua própria terra.

Se essa obviedade ainda não ficou clara, basta imaginar a imprensa internacional em peso falando horrores do governo "fascista" de Bolsonaro, apontando mazelas e tragédias reais ou fictícias e mostrando uma população desesperada para ser salva, que pode muito bem ser real, mas omitindo o fato de que apesar disso a maioria ainda apóia o governo, pois o dia que esse apoio deixar de existir, não há como ele se sustentar por muito tempo.

Foi exatamente o que aconteceu no Iraque e na Líbia, governos apoiados pela grande maioria da população mas que foram derrubados por invasões norte americanas em nome da "democracia e da liberdade" e hoje estão arruinados com condições de vida incomensuravelmente piores, mas que atenderam perfeitamente os interesses das oligarquias petrolíferas e financeiras. É o que estão tentando fazer na Síria, nesse caso sem assumir a autoria e acusando o governo Assad de usar as armas químicas que a própria CIA fornece aos mercenários.

E é o que pretendem fazer na Venezuela, e dessa vez usando vizinhos energúmenos dispostos a fazer o trabalho sujo para encher os bolsos da ExxonMobil enquanto juram estar combatendo o terrível "comunismo" (e defendendo o direito ao uso de papel higiênico), contando com o apoio de indigentes mentais dispostos a engolir direitinho o que a mídia, que sabem ser fraudulenta, disser desde que seja compatível com a Fake History que já aprenderam no Whatsapp.

17 de Outubro

1) Quando eu era pequeno havia em minha casa um livro chamado "Português ao Alcance de Todos", capa dura, tamanho aproximado de um A4, que me chamava atenção apenas pelas figuras da capa, visto que eu não sabia ainda ler. O título ficava dentro de um oval similar a um Sol, como um centro brilhante irradiando raios, e abaixo havia inúmeros desenhos de pessoas nas mais diversas atividades cotidianas.

Então, minha imaginação pôs se a trabalhar, e vi o "sol" acima como algum tipo de entidade que chamava as pessoas das figuras. Dizia apenas "Ei!", de uma forma suave e profunda, um "eeeiii..." que mais parecia um suspiro. Mas todas as pessoas respondiam algo como:

- Não posso, estou lendo um livro.
- Eeeeiii...
- Não posso, estou tomando café.
- Eeeeiii...
- Não posso, estou dirigindo um carro.
- Eeeeiii...
- Não posso, estou no telefone.
- Eeeeiii...
- Não podemos, estamos fazendo planos de guerra. (Era uma imagem de militares debruçados sobre uma prancheta.)

E assim por diante, naquele tipo de brincadeira que as crianças fazem inventando pequenas estórias, sem qualquer consciência de possíveis símbolos e implicações, embora, muito anos depois, claro, uma certa interpretação pareça óbvia.

2) Para cada um de meus mais de 30 contos e livros de Ficção Científica e Fantasia disponíveis em meu site existem pelo menos dois outros que nunca foram disponibilizados, muitos jamais escritos, existindo apenas na minha mente.

Um deles é a estória de um mundo celestial onde havia um centro dourado, mais ou menos como a esfera flutuante parecendo feita de ouro líquido do filme Esfera (1998), só que mais luminosa. Mas ali, era uma cuja a simples contemplação abria a mente para níveis superiores de entendimento, beleza e felicidade. Os seres deste mundo tentavam se aproximar dela, no entanto, haviam enormes guardiões, como anjos, que evitavam qualquer aproximação permitindo apenas contemplação distante e incompleta, impedindo que os demais seres se integrassem àquele entidade superior.

Ninguém entendia o porquê dessa restrição, que gerava frustração e problemas. Até que se deram conta de que os tais "anjos" estavam sempre de costas para a esfera, e não a viam há muito tempo, se é que um dia a haviam visto, bem como se recusavam a olhar para ela. Pulando para o final, a luta é para convencê-los a se virar e enfim contemplar aquele centro divino, e quando, com muito custo, conseguem, os anjos se rendem, deixam de impedir os demais e todos se reúnem naquela celebração cósmica.

3) Visões como essa compartilham de um pano de fundo cultural trivial: a ideia do Bem, do Ser, de Deus, como um centro luminoso irradiando a existência, e quanto mais perto dele, mais plenos e felizes são os seres, assim como quanto mais distantes, piores são as condições existenciais, até que num certo limite de distanciamento temos o vazio, o Não-Ser, frequentemente imaginado como o inferno, o perpétuo afastamento do divino.

Mas essa noção está, pura e simplesmente, errada!

Não faz sentido imaginarmos isso porque pressupõe o absurdo de que, de certa forma, o Nada é maior do que o Ser, como se o divino fosse um pequeno ponto, ínfimo, comparado a vastidão aparentemente infinita do espaço à sua volta.

Contestei essa visão no Anexo 1 - Otimismo x Pessimismo de minha Tese de Mestrado EstÉtica Dourada. Nas páginas 27 e 28 apresento o que chamo de "Revolução Copernicana" na noção metafísica do Bem, onde o que está no centro, minúsculo, é justamente o Nada, o Não-Ser, que frequentemente identificamos com o Mal devido ao fato de qualquer movimento em sua direção costumar ser sofrimento, bem como o afastamento do Não-Ser aumentar nossos níveis de satisfação e plenitude.

Assim, o Bem, o Divino, o Ser, é infinitamente maior do que seu oposto, permitindo variados fenômenos enormemente distintos, porém todos imbuídos de Ser, de plenitude. Nesse universo vastíssimo de possibilidades podemos ter todas as artes, todas as ciências, todas as tradições, em riquíssimas possibilidades existenciais, ao posso que em direção ao Nada é que somos muito mais parecidos. Meu amigo Fernando Ventura até mesmo sintetizou essa minha explanação na forma Deus é o oposto de um ponto.

Analogamente, dois sábios podem ser muito distintos entre si em suas visões de mundo, apesar de terem em comum o fato de estarem em níveis elevados de Ser. Mas existe diferença significativa entre dois miseráveis? Qual a diferença do faminto nas ruas da índia medieval ou nas ruas da São Paulo moderna? Ambos estão em condições muito mais parecidas entre si do que, por exemplo, um grande astrofísico ou um grande pianista.

Somos muito mais iguais na dor que no prazer. Podemos divergir largamente sobre qual é nossa bebida favorita, mas de certo convergimos em detestar o sabor de óleo de rícino. Se eu escolher uma pessoa desconhecida aleatória e fazer uma inesperada carícia, poderei despertar emoções bem diferentes, mas se eu der uma bordoada a emoção despertada, malgrado as possibilidades distintas de reação, será basicamente a mesma. E por fim, nada nos iguala mais do que a morte.

Por isso a máxima que "tudo o que sobre converge", tão repetida por certos gurus por aí, está metafisicamente falando, errada! O Universo não é afunilado como uma pirâmide onde todo degrau galgado conduz inevitavelmente ao mesmo pico restrito. Por isso a crença antiga de que se à todos fossem dadas as mesmas ou similares condições de realização e estudos, todos chegariam às mesmas e similares conclusões. Mas o que se verifica é o oposto.

Mas minha proposição não é original, pois foi intuída pelos antigos e medievais em seu modelo cosmogônico geocêntrico onde o inferno ficava no centro da Terra, e à volta dela, as esferas celestiais, subindo a níveis cada vez mais perfeitos à cada órbita dos planetas até por fim chegar na esfera divina, obviamente, a maior de todas. Infelizmente, após concluírmos que nosso mundo não era o centro do universo e adotarmos o modelo heliocêntrico, essa noção, correta do ponto de vista metafísico ontológico, parece também ter sido descartada como quem joga fora uma taça de ouro junto com o leite estragado.

Literalmente falando, o mal não existe, ele é justamente o vazio, o nada, jamais podendo ser comparado a positividade do Bem, que é, este sim, infinito. Não precisamos olhar para um ponto específico à procura dele, pois está em toda parte. O que nos sabota é a insistência em não querer mais Ser, visto que buscar a degeneração é sempre muito mais fácil. É a entropia do universo o obstáculo a ser vencido, e não um mal positivo, um demônio intencional que a tudo controla.

O problema das religiões jamais foi pressuporem um Deus, mas obrigatoriamente empurrarem também um Diabo. Remova-o, e todos os excessos cometidos em nome da fé, se tornam impossíveis. Na realidade, em geral um ateu esclarecido não é de fato alguém que não crê num Deus, mas sobretudo um que não crê num sistema que exige a existência de Mal Supremo intencional. No fundo não é Ateísmo, mas Ademonismo.

O Ser, o Bem, ou se preferir, Deus. É o contrário de um ponto.

Achei uma capa similar do livro. Era esse mesmo título, mas uma edição diferente, pois me lembro bem que havia muito mais desenhos, todos dentro de quadrinhos.

A esfera do filme de 1998.

16 de Outubro

Talvez Bolsonaro tenha mesmo a experiência ideal para nosso atual momento econômico:
"Pára-quedismo!"

15 de Outubro

Coisas que a maior parte do eleitorado ainda não entendeu.

13) Se você gosta do PT, a última coisa que deveria desejar é que ele voltasse ao poder agora, pois isso provavelmente o sepultaria de vez. O PT tem muito mais a ganhar ficando na oposição, onde surgiu e cresceu, liderando a resistência legislativa contra as políticas temerárias que serão quase certamente continuadas pelo governo Bolsourão, ou Mouronaro. (Pra quem não lembra, faz exatamente dois anos que Bolsonaro, do dia pra noite após uma reuniãozinha com Temer, mudou por completo seus posicionamentos passando a apoiá-lo. Temer parece ter mesmo uma capacidade de persuasão diabólica.)

Mesmo antes do primeiro turno, a maior parte do eleitorado já não aceitaria uma vitória de Haddad. Se isso acontecesse agora, teríamos todo o eleitorado majoritário do 17 exigindo uma Intervenção Militar, e todas as forças político e econômicas, tanto partidárias, empresariais e midiáticas, bem como a plutocráticas nacionais e estrangeiras, que já estão um tanto desarticuladas, poderiam se mobilizar de novo com ainda mais força para destruir não só o PT, mas eliminar todas as frentes de esquerda por mais uns 20 anos.

E mesmo que assim não fosse, não há a menor possibilidade de que os próximos anos sejam outra coisa além de um agravamento econômico incontrolável. Com o novo congresso não será possível revogar a grotesca EC 95 ou as demais "deformas", e portanto não há esperança de melhora nos próximos anos. A insana narrativa de que o PT "quebrou o país" acrescentaria mais um delirante capítulo ficcional onde Temer estava salvando a economia até que o PT voltou para estragar tudo.

Ou talvez, ainda pior e mas provável, os últimos resquícios do que o PT um dia foi deixariam de existir, e ele se tornaria um novo PSDB.

Não! Não tem como isso dar certo. Votar em Haddad por fidelidade, simbolismo ou protesto é uma coisa, mas efetivamente desejar que ele ganhe causaria um mal à toda a frente progressista que coxinha algum jamais conseguiria imaginar.

É triste que as políticas natiocidas de Temer aparentem ser legitimadas eleitoralmente pela escolha de um presidente que as apoiou, dando a terrível sensação de que o processo golpista foi reconhecido pelas urnas, mas lembre-se que a maior parte do eleitorado de Bolsonaro não vota nele por isso, mas apesar disso, e que ele só será eleito porque Lula foi tirado da disputa pela mais grotesca fraude judiciária da história do país.

*

17) Se você é Bolsonaro, além de parar com a baboseira de que as urnas são fraudadas após a vitória do seu candidato, já passou da hora de se dar conta de que os próximos anos não serão nada fáceis. NÃO HÁ A MENOR CHANCE de recuperação econômica a curto ou médio prazo, e nem mesmo política ou cultural. Portanto tire da cabeça essa ideia ridícula de que o "messias" redimirá o país e salvará a pátria. E isso já valeria pra todo mundo. No máximo poderá haver algumas calmarias artificiais induzidas pelo setor financeiro manipulador e perverso, com movimentações bruscas da bolsa que a médio ou longo prazo nada significam. Embora a tendência maior é que seja o contrário, com resultados, aí sim, bem mais duradouros. Afinal a tendência natural é entrópica. Muito mais fácil arruinar tudo por anos do que realmente melhorá-las mesmo que por poucos meses.

Estão depositando nas costas de um homem a esperança de milagres divinos. Nem mesmo Lula contou com tanta expectativa assim, e olhe que conseguiu satisfazê-la em boa parte num cenário muito mais favorável (excetuando os delírios revolucionários comunistas). Os desejos de grande parte do eleitorado bolsonárico são completamente impossíveis de atender, e insistir em ver o "mito" como algo além da realidade só pode levar a duas possibilidades terríveis:

1) ignorar a degradação generalizada mesmo quando ela for absolutamente escancarada, algo fácil de fazer por quem está numa posição segura, mas com um custo intelectual e espiritual terminal, e completamente suicida de ser feita por quem for atingido diretamente pelas mazelas;

2) passar a odiar o anterior objeto de adoração na mesma proporção na qual antes o venerava.

A virada do ano promete ser melhor que a dos anos anteriores e a euforia poderá estabilizar a situação por alguns meses. Mas será preciso muitíssima paciência e estratégia para evitar que piore. Já será uma sorte se não formos envolvidos numa guerra contra a Venezuela.

Torçam para Bolsonaro mandar o Guedes às favas, pois ele está cada vez menos alinhado com as declarações cada vez mais espertas do futuro presidente e até mesmo de seu vice, que já recuaram claramente na loucura de querer privatizar setores estratégicos. Aliás Bolsonaro deveria ficar quieto e deixar pra falar só depois de eleito que Petrobrás, Eletrobrás, Correios, Banco do Brasil etc estão à salvo da privatização. Ainda dá pras plutocracias o ferrarem e aí teríamos o pior de todos os cenários possíveis combinados.

A curto prazo, a única forma de aquecer a economia é por incentivo ao consumo (por isso a ideia de retirar consumidores do SPC era promissora), a médio prazo é pela geração de empregos, que incentivam o consumo, que são mais facilmente gerados em obras de infraestrutura e construção civil, e a longo prazo somente pela industrialização em maior escala. Mas as políticas econômicas assinaladas por Guedes vão na absoluta contra mão de tudo isso.

Privatizações, por exemplo, tem como certeira e imediata consequência aumento do desemprego, e portanto diminuição do consumo, jogando não só o demitido, mas toda sua família na disputa por vagas no mercado de trabalho. A EC 95 vai paralisar não só a produção científica necessária para o desenvolvimento a longo prazo, mas diminuirá drasticamente as obras de infraestrutura, e o foco no agronegócio e no rentismo destruirá o pouco que ainda nos resta de indústria.

E se tudo isso não parece fazer sentido enquanto política econômica, só não o faz do ponto de vista interno, porque do externo, atende perfeitamente bem ao interesse de quem não quer que nossas empreiteiras os vençam em licitações no exterior nem que nossa indústria conquiste mercado global, nos delegando o cômodo papel de exportador de recursos primários e consumidor de produtos industrializados, e ainda mais de doador de energia. Afinal, está difícil fazerem a Venezuela voltar a cooperar.

E nem vou tocar aqui nas questões culturais além do fato de que fortalecer os autores dos ataques às tradições populares só pode coexistir com a preservação destas na cabeça de quem não vê problema na concepção de uma reta curva.

*

30) Enfim, vote, em quem você quiser, mas o faça sabendo o que esperar e assuma as consequências disso como se fossem suas, sem depois ficar se sentindo enganado por quem jamais lhe prometeu nada diferente ou se fazer de vítima de circunstâncias perfeitamente previsíveis.

8 de Outubro - 23:19

Pessoalmente, creio que o futuro governo Bolsonaro tem tudo para ser um estrondoso desastre, mas não se pode deixar de comemorar alguns pontos positivos. Primeiro, o fabuloso fato de Jair ter gasto uma quantia insignificante em sua campanha, menos de R$ 1 milhão, ao passo que o impraticável Henrique Meireles gastou quase R$ 40 para conseguir 1,2% dos votos. Menos que o Cabo Daciolo, que obteve 1,3%.

Também, o fato de que todo o poder midiático de Alckmin, e seu claro favoritismo pela grande mídia, foram, mais uma vez, inúteis para confrontar o fenômeno eleitoral orgânico e popular de Bolsonaro, rendendo-lhe 4,8% dos votos, quase 1/10 do obtido pelo candidato que ele mais atacou. (Eu já comentara isso em 19 de Setembro)

Ver o poder financeiro e midiático cair por terra em definitivo em sua capacidade de manipular o eleitorado é de uma beleza que merece contemplação.

Também é belo o PSDB perder quase metade de suas vagas na Câmara dos Deputados, o que associado ao desempenho de seu presidenciável, praticamente sepulta, por hora, o que ainda restava de esperança de volta ao poder deste que é, para quem não sabe, uma dissidência do PMDB, que por sua vez foi quem mais perdeu vagas caindo praticamente para metade. Mas isso já não é tão comemorável por nada significar em termos de posicionamento ideológico. Nunca é demais repetir, O PMDB NÃO TEM UMA IDEOLOGIA DEFINIDA! É praticamente um partido genérico.

O PT perdeu apenas 10% das vagas, bem menos do que eu esperava, ficando agora com 56 deputados e, pasmem, se tornando pela primeira vez na história O MAIOR partido dentro da Câmara. Mas disso derivam uma boa e uma má notícia, a boa, que somando os aliados naturais, é possível conseguir talvez até um 150 votos para se opor frontalmente à continuidade das políticas econômicas "natiocidas" que Bolsonaro promete herdar de Temer. A má, que a neoesquerda com suas políticas "etnocidas" contra a população brasileira, não exatamente com os mesmos aliados, continuarão perfeitamente viáveis.

E que ninguém se iluda que o titânico aumento do PSL de Bolsonaro, de nada menos que... 5200%, venha a ser efetiva resistência em defesa das tradições e família brasileiras. Estou avisando!

De qualquer modo, confirma-se os temores de analistas e desejosos de estabilidade política. Não será fácil para Bolsonaro controlar o congresso sem pagar mensalão. Não que o alinhamento ideológico não esteja favorável, mas se dá justo no Liberalismo Econômico, que por motivos aynrandianos não costuma votar por mera convicção idealista.

Melhor Jair se acostumando ao "toma-lá-dá-cá".

Também é um alívio que Daciolo, definitivamente o mais orgânico e legítimo representante do povo, ficou em honroso 6° lugar, deixando para baixo até Marina Silva, A Incompreensível, só não sendo melhor por ainda ter ficado abaixo do farsesco João Amoêdo e seu velhíssimo "Novo", visto que perder para Ciro Gomes e Alckmin era previsível.

Lamentável Ciro ter estagnado em 12,5% e só ter ganho no Ceará, o seu estado, sendo sempre um bom currículo que um político vença em seu reduto. Também triste que João Goulart Filho, PPL, o mais legítimo representante do Nacional Desenvolvimentismo e da tradição Vargas, Goulart e Enéas, tenha ficado em último, e ainda que gastando pífios R$ 300 mil, ainda assim foi 10 vezes mais que Vera Lúcia do PSTU. Militância faz diferença!

Por fim, a melhor coisa é a massiva rejeição à neoesquerda, a não ser pelo fato de que a grande maioria da esquerda não irá aprender com isso. Feminismo NÃO GANHA ELEIÇÃO! Boyolismo muito menos e Abortismo nem pensar! Inacreditável que um cara inteligente em tantos aspectos, como o Boulos, consiga ser noutros tão estúpido ao ponto de achar que o "Mulheres (FEMINISTAS) contra Bolsonaro" seria o "começo da derrota do machista-homofóbico-fascista". Foi até sorte terem feito só um dia de evento, mais um ou dois e teria sido vitória no primeiro turno.

Agora e só ir lá caprichar numa operação massiva de "luta revolucionária" com direito a Marcha das Vadias, Marcha da Maconha, vomitaços e bundaços, para fazer até eu votar no Bolsonaro.

8 de Outubro - 18:13

Com mais de 46% dos votos válidos contra menos de 30% de Haddad, a não ser que ocorra a improvável bizarrice ocorrida com Alckmin em 2006, é quase impossível Bolsonaro vir a perder no segundo turno.

Que ninguém se engane com o Índice de Rejeição, pois este significa apenas a recusa do eleitor em votar naquele candidato específico, mas NÃO significa que ele votaria no outro, podendo anular ou votar em branco. Os institutos de pesquisa admitem mais de uma resposta, de modo que a soma total dos índices de rejeição apenas dos 5 principais candidatos totalizou 161% numa das últimas aferições.

Ou seja, o mesmo que rejeita Bolsonaro pode muito bem rejeitar também Haddad. E os últimos índices de rejeição são respectivamente 44% e 41%. Bolsonaro já teve, no primeiro turno, votação superior ao índice de rejeição, e com Haddad deve ocorrer o contrário, o que é fatal.

Ademais, a migração de votos tende a favorecer mais Jair, que deve herdar a maioria dos votos dos demais candidatos com provável exceção de Ciro Gomes, que mesmo que migrassem totalmente para Haddad, ainda seriam insuficientes. (E eu, como eleitor de Ciro em contato com vários outros, posso garantir que a maioria irá preferir anular o voto.) A única migração 100% garantida para o PT são os insignificantes 0,6% de Boulos, PSOL.

De qualquer modo, mesmo tendo seu Vice e seu economista trabalhando contra ele, Bolsonaro sempre pode contar com o eficiente trabalho eleitoral do PT, PSOL e da maior parte da esquerda em geral, que continuarão tornando-o mais forte chamando-o de "machista" e "homofóbico", e promovendo passeatas feministas contra ele na absoluta incapacidade de distinguir o gênero da maioria da humanidade de uma panelinha vitimista e recalcada de falsificadoras da realidade que confunde o mundo com C.A. universitário.

7 de Outubro

Tenho o duvidoso hábito de, mal começar a ler um texto, ativar uns processos mentais paralelos que já vão pensando em cada palavra, frase e oração enquanto o processo principal vai dando continuidade a leitura do todo. Em geral há vantagens, mas por vezes seria como um desperdício eletroquímico se este fosse perceptível e mensurável.

Por exemplo: começo eu a ler um comentário num de meus recentes posts e após a primeira frase já tenho alguns processos sinápticos tentando entender como raios alguém pode já ter lido ou ouvido algo do que eu escrevi ou disse e ainda assim ter o espasmo cognitivo de achar que eu penso que esta "é só mais uma eleição, que se divide entre petista e antipetistas ou Bolsonaristas e anti Bolsonaro." (SIC). Ainda mais quando meus posts imediatamente anteriores contém análises justo sobre esse assunto sintetizando anos de pensamento que apontam para a excepcionalidade de nosso pós-Brasil e de um processo golpista que transcende fabulosamente nossa política interna, quando mais à reles dinâmica partidária, bem como a economia rumo a toda uma geopolítica global que desembocam para a singularidade histórica de nossa época.

(Claro que há critérios mínimos de seleção sobre o que vai ser submetido a escrutínio mesmo em paralelo. Não houve qualquer propensão a considerar a estranha noção implícita de que estaria havendo "mais uma" eleição entre petistas e bolsonaristas.)

Então me veem duas irrelevantes e ingênuas colocações a respeito de atentados à candidatos à direita (e escrevi um bocado sobre o atentado a Bolsonaro em 7 de Setembro e 14 de Setembro que obviamente ignoram atentados e até assassinatos a candidaturas ou lideranças à esquerda, ainda que tão irrelevantes quanto.

E por fim, a pérola: "2018 será marcado como as eleições da luta do bem contra o mal,"

Neste momento, o equivalente mental ao Gerenciador de Programas simplesmente mata todos os processos paralelos que estavam perdendo seu tempo tentando encontrar alguma explicação para a opinião intrínseca à primeira frase, visto que a mesma foi pronunciada por alguém que É MANIQUEÍSTA MESMO!

E o faz porque uma coisa que sei a respeito da mentalidade maniqueísta, sobre a qual já tenho décadas de reflexão (meu primeiro texto sobre isso tem quase 20 anos) é que a mesma é a negação de qualquer possibilidade de compreensão. Ora, minha principal preocupação sempre foi entender as distintas mentalidades, o que pressupõe se colocar no lugar de outrem, compartilhar seu ponto de vista e simular seu modo de pensar. Por isso não acho que quem vota ou tal ou qual candidato, ou subscreva a tal ou qual ideologia, seja só por isso um monstro ou um santo.

Mas o maniqueísmo pressupõe justamente se elencar como um legítimo agente do Bem e eleger o opositor como a encarnação do Mal absoluto e completamente indigno de qualquer consideração. Além do evidente estrago ético, o dano cognitivo dessa postura é tão profundo que alguém pensar exatamente assim e projetar o mesmo modo de pensar sobre outrem mesmo quando tudo o que ele diz pressupõe o contrário, E AO MESMO TEMPO, condenar essa projeção de si mesmo, nada tem de surpreendente, pelo contrário, é o modo de operação básico do pensamento maniqueísta.

Por fim, eu não aplicaria meu tempo a esse ocorrido não fosse o fato dele ter me lembrado de um projeto antigo de voltar a refletir sobre esse tema, e talvez o momento atual seja ideal para tal, visto que a divisão da sociedade entre uma direita e uma esquerda fajutas e a incitação de uma contra a outra, é caracterizada justo pelo fato de cada qual estar convicta de ser o Bem contra Mal. A possibilidade de diálogo é inexistente, pois se dois ideólogos adversários ainda podem dialogar sobre algum ponto em comum ou se dois filósofos antagônicos necessariamente tem que dialogar, não existe qualquer possibilidade de diálogo entre dois militantes adversários, a não ser que eles ascendam, o que é sempre possível, à qualidade do outros dois. E em sua cabeça, não importa a totalidade de sua ignorância, o maniqueísta atingiu a perfeição, isto é, nada mais tem a pensar ou a fazer. Já sabe que é do Bem e o outro é do Mal, assunto encerrado. Ascender a um estágio superior de pensamento está, nesse caso, terminantemente proibido, pois é imediatamente visto como flertar com o Mal absoluto.

Ademais, ainda que meu texto antigo nada tenha que eu considere, hoje, errado, está claramente incompleto, e uma da minhas intuições sobre isso, que tive há vários anos, nunca foi registrada, e menos ainda a outra que acabo de ter.

6 de Outubro

Se Daciolo ganhar hoje não é fraude.
É INTERVENÇÃO DIVINA!

5 de Outubro

Bolso é gasolina na fogueira petista.
Haddad gasolina na fogueira anti-PT.
CIRO pra quem sabe que fogo não se apaga com mais fogo.

4 de Outubro

Dissidente Político do DF
4 de Outubro


No dia 27 faleceu, aos 82 anos, Joaquim Domingos Roriz, que foi seguramente o político mais influente da história do Distrito Federal, tanto pelo seu ativo eleitorado e sua herança política, quanto por um eleitorado reativo e massiva oposição, praticamente rachando a política distrital meio a meio. Natural de Luziânia - GO, cidade do entorno do DF, exerceu por ela mandatos de vereador, deputado estadual, deputado federal e vice governador por Goiás. Depois, já pelo Distrito Federal, de ministro, senador e governador, cargo este que exerceu por quatro ocasiões.

A primeira, pelo PMDB, num mandato tampão de 18 meses entre 1988 e 1990, foi por indicação do então presidente José Sarney numa época em que não havia eleições para o cargo no DF, modalidade conhecida como governo biônico.

A segunda, 1991-1995, pelo extinto PTR, vencida no primeiro turno eleitoral após o DF ganhar autonomia como ente federativo, derrotando outro governador, também biônico, José Aparecido, PMDB, e tendo como vice Marcia Kubitischek, filha de JK.

Na terceira, 1999-2003, de volta ao PMDB, derrotou Cristovam Buarque, então governador pelo PT, partido ao qual Roriz também já pertencera e ajudara a fundar em Luziânia. Cristovam havia vencido eleição anterior contra o candidato Valmir Campelo, PTB, apoiado por Roriz.

Na quarta, obteve a reeleição contra Geraldo Magela, PT, governando de 2003 a 2006, quando ausentou-se do cargo para concorrer a Senador, sendo também eleito, mas posteriormente renunciando ao cargo por denúncias de corrupção

A era Roriz só se encerrou na eleição de 2010, quando, pelo PSC, sua candidatura foi impugnada pela justiça com base na Lei da Ficha Limpa. Roriz ainda tentou concorrer por meio de sua esposa Wesley, que assumiu seu lugar, mas terminou derrotada por Agnelo Queiroz, PT, em ambos os turnos com farta margem, o segundo, 66,1%.

O legado de Roriz é tão controverso quanto a polarização que protagonizou ao longo da história. Sua última vitória, em 2002, contra Magela, foi obtida com 50,62% dos votos válidos, margem inferior a de Dilma Rousseff contra Aécio Neves em 2014. E na ocasião anterior, em 1998, havia perdido no primeiro turno para Cristovam Buarque, ganhando somente no segundo com 51,74%. Situações muito diferentes da vitória em primeiro turno em 1990.

Ainda assim, é notório que até 2010 Roriz venceu todas as eleições de que participou, incluindo as ocorridas no Goiás, só saindo do poder após seus segundos mandatos como governador. Somente em suas ausências outros governadores puderam ser eleitos, Cristovam, e Roberto Arruda, do DEM, em 2006, que teve o mandato cassado em 2010 após fulminante escândalo de corrupção, e, muitos dizem, por retaliação direta do próprio Roriz.

Formado em Ciências Econômicas pela UFG (Universidade Federal de Goiás), e em Ciências Jurídicas e Sociais pelo CEUB (Centro de Ensino Unificado de Brasília), faculdade particular, Joaquim Roriz foi um político populista que inegavelmente beneficiou algumas populações carentes, por meio de assentamentos inclusive de imigrantes que passaram a vir para o DF em massa atrás da famosa disposição do governador em conceder-lhes lotes de terra, abordagem que seguramente garantiu um eleitorado fiel, embora muitos digam, também refém. Famoso por várias obras, construiu várias das outrora chamadas "cidades satélites de Brasília", sendo a cidade de Samambaia até hoje apelidada de Rorizlândia. Foi o principal executor das obras bilionárias do Metrô do DF bem como conseguiu tirar do papel, após décadas, a terceira ponte do Lago Sul, que se tornaria o novo símbolo de Brasília sendo batizada de Ponte JK, e também é um dos maiores responsáveis por um dos melhores sistemas de saneamento básico e fornecimento de água do país. Roriz também foi inegavelmente benevolente com parte do empresariado, visto ele próprio ter sido um, aplicando menos rigor na fiscalização, e dando mais liberdade inclusive para empreendedores autônomos e vendedores de rua que sempre reclamaram da maior exigência burocrática das gestões petistas.

Mas também são inquestionáveis as irregularidades cometidas em seus governos, abertamente assumidas e apoiadas pelo seu eleitorado com o famoso epíteto "Rouba mas faz". O aparelhamento escancarado das empresas públicas do DF como cabos eleitorais chegou ao ponto de usar viaturas estatais não apenas com adesivos, mas transportando materiais de campanha, e membros da Dissidência Política do DF assistiram com seus próprios olhos funcionários das estatais sendo tirados de seus cargos durante o expediente para trabalhar em sua campanha eleitoral, bem como ameaças diretas aos que se recusassem a colaborar. A própria política de assentamento gerou problemas de inchaço e falta de planejamento urbano, acelerando a eclosão de favelas e aumentando a presença de moradores de rua e mendicância. E as inúmeras obras apresentam fartas evidências de super faturamento.

Não é surpresa então que houvesse ferrenha divisão no eleitorado do DF. Em certa época, ou se era rorizista ou petista, e essa divisão se dava das formas mais inesperadas possíveis.

Por exemplo, Roriz tinha apoio amplo da Polícia Civil do DF, havendo inclusive flagrantes de policiais civis intimidando cabos eleitorais adversários. Após vencer sua segunda reeleição, chegou a agradecer publicamente, no carro do som, o apoio da Polícia Civil à sua campanha. Por outro lado, sofria forte oposição da Polícia Militar, tanto por políticas salariais prejudiciais quanto por desmantelamento da presença da PM nas ruas. As ROCANs (Rondas Ostensivas Candango), iniciativa de policiamento contínuo de vizinhança bastante elogiada durante o Governo Cristovam, foram canceladas por Roriz, sendo notória a brusca redução do policiamento nas ruas durante suas gestões.

Com maior apoio no eleitorado de baixa renda e escolaridade, outros nichos de oposição a Roriz podiam ser vistos na Fundação Educacional do DF. Era difícil encontrar um único professor que o apoiasse, sendo o SINPRO (Sindicato dos Professores), um de seus inimigos mais ferrenhos. Também a Universidade de Brasília era um reduto anti-rorizista, tendo sido até mesmo atribuída a derrota de Cristovam, ex reitor da UnB, ao fato desta ter recebido um feriado prolongado que em tese teria feito muitos universitários abandonarem a cidade na ocasião do segundo turno. Embora uma explicação melhor tenha sido o último debate entre os dois candidatos, onde ao notoriamente humilhar Roriz, Cristovam acabou inadvertidamente empurrando-lhe parte do eleitorado, que se identificava mais como um homem simples de aparência humilde que como um acadêmico de linguajar refinado.

Foram notórias comparações entre Roriz e Lula, dada a aparência de humildade, fala e modos simples de ambos, embora Roriz não fosse de origem pobre, sendo filho de Lucena Roriz, político do antigo PSD, e também fazendeiro, de quem o filho herdou várias terras em Goiás, muitas das quais ficaram na área transformada em Distrito Federal. Não era figura de linguagem, então, que se dissesse que Roriz era dono de boa parte do DF, especialmente na área que hoje é a cidade de Águas Claras, curiosamente, justo onde foi construída Residência Oficial do Governador, na qual Roriz morou por 12 anos.

Ainda assim, tal como Lula, ganhou a fama de "pai dos pobres", se identificando mais facilmente com a população. Destaque-se, porém, que em ambos os casos essa aparência superficial de homem simples e até aparentemente ignorante esconde amplas habilidades políticas e notória astúcia e perspicácia para construir alianças e promover conciliações entre setores aparentemente antagônicos.

Roriz chegou até mesmo a tentar se aproximar de Lula durante as eleições de 2002, onde o petista liderou supremo as intenções de voto durante toda a campanha vencendo o primeiro turno com mais que o dobro de votos do segundo colocado, José Serra, PSDB, e vencendo o segundo com 61,27%. Em parte isso ocorreu porque na época sofria fortes acusações de corrupção, motivo pelo qual, Serra, seu aliado natural, preferia evitar associar sua imagem a ele. Mas a aproximação com Lula não funcionou, visto que este frisou seu apoio a seu candidato Geraldo Magela, e Roriz terminou ameaçando Serra de mobilizar sua máquina de campanha contra ele caso não o apoiasse como candidato. E as ameaças de Roriz não eram do tipo que não se levasse a sério.

Sua apertadíssima vitória nessa ocasião ensejou recontagem de votos e processos que chegaram ao Tribunal Superior Eleitoral, onde foi inocentado das acusações de crimes eleitorais com o argumentos de que as evidências apresentadas eram apenas "indícios", mas não provas, ainda que fossem esmagadoramente mais claras e fortes que, por exemplo, as apresentadas contra o PT no Julgamento do Mensalão, e ainda muitíssimo mais que as convicções apresentadas contra Lula no caso do Triplex.

E em parte a vitória anterior de Roriz, em 1998, deveu-se a erros crassos da gestão petista. Cristovam Buarque chegou a declarar abertamente a intenção de demitir empregados públicos que, apesar de não concursados, foram contratados antes da Constituição de 1988, permanecendo muitos anos em situação jurídica incerta. Com isso, o petista conseguiu, da noite para o dia, se tornar inimigo de empresas estatais inteiras, algumas das quais estavam pré-dispostas a apoiar sua reeleição.

Também é válido lembrar que muitos sindicatos sofreram ataques mais duros nas gestões petistas que nas rorizistas, em parte pela experiência do PT com o mundo sindical e o domínio de métodos para melhor enfraquecê-los e neutralizá-los. Também não se esqueça a sofrível escolha de momento eleitoral, último ano de mandato, no qual o PT decidiu testar os então odiados "pardais", sistema de vigilância e multa eletrônica, sem que sequer houvesse tempo de capitalizar politicamente a redução nos índices de acidentes de trânsito.

Roriz teve três filhas, das quais Liliane e Jaqueline também adentraram a política, sendo eleitas Deputadas Distritais, e a última posteriormente eleita Deputada Federal, também sofrendo acusações de corrupção. Mas mesmo com toda a polêmica, a herança do ex governador é tão forte que até hoje muitos políticos e candidatos tentam vincular sua imagem a seu nome. Alguns de seus sobrinhos e primos se candidataram tendo como principal capital político justo o seu sobrenome, e houve até quem não lhe tivesse qualquer relação de parentesco explorando o sobrenome Roriz como forma de se associar ao mais influente político da história do DF.

Após ele, é notória uma decadência de poder no cargo político máximo do Distrito Federal, onde Arruda foi demovido por bombástico escândalo de pagamento de propinas registradas em vídeo um mês após ter sido amplamente elogiado pela Revista Veja. E Agnelo e Rollemberg, PSB, possuindo popularidades cada vez piores, este último tendo defendido abertamente privatizações na cidade com maior concentração de servidores e empregados públicos do país, pauta que Roriz jamais defendeu. Infelizmente, não parece haver perspectiva de melhora para o GDF.

Surpreendentemente, após tanto tempo de oposição ferrenha, a verdade é que a Era Roriz, seja lá porque motivos forem, deixa saudades até mesmo em grande parte de seus opositores.


4 de Outubro

Se, e isso é um grande SE, as pesquisas eleitorais forem minimamente confiáveis, então algumas coisas já podem ser ditas sobre a posição do Brasil perante o Liberalismo Global, em relação aos principais candidatos em intenções de voto.

Os globalistas, globistas inclusos, ainda não conseguiram seu sonho dourado de uma vitória total no Brasil, tal como ocorreu com a vitória de Macron na França, para compensar a derrota total que sofreram com a eleição de Trump nos EUA, ainda que o Deep State norte americano já tenha revertido parte dessa derrota.

Essa vitória total seria a eleição de Alckmin ou Marina Silva, e eu até desconfio mais dessa última. A eleição de Ciro Gomes seria a derrota total do Globalismo, temporária, claro, e sujeita a possível reversão por outros caminhos.

A meia vitória, talvez um empate, então tende a vir por Haddad ou Bolsonaro, como sempre, um pelo Liberalismo Cultural e outro pelo Econômico, algo com o qual o Globalismo está não somente acostumado, mas tendo ele próprio sido o seu criador. Mas que também é uma estratégia que, num cenário que lhes seria ideal, já deveria ter sido superada.

Claro, houve a eleição de FHC, um liberal pleno, mas ela se deu ainda num contexto histórico de ajuste, pós "ameaça" Soviética e pré "ameaça" Islâmica, onde em lugar algum as pautas liberais estavam tão estrategicamente posicionadas como estão hoje. Naquela época o Brasil ainda estava muito mais imerso na Era Vargas, e no rebote da Ditadura de 64, ambas fortemente estatistas e protecionistas, do que está hoje, de modo que FHC nem poderia sonhar com as conquistas que os liberais conseguiram agora por meio de Temer no pós Brasil na sequência de golpes similares no Paraguai e Honduras, meros aperitivos para o verdadeiro peixe grande.

Naquele tempo Rússia e China não eram ameaça, mas agora, estão cada vez mais perto de arrebatar em definitivo a liderança norte americana sobre o Globo, e os persistentes Irã, e mesmo sob ataque Venezuela e Síria, continuam a resistir, ao passo que de Cuba e Coréia do Norte aparentemente já se desistiu.

Por isso, o quadro atual exige medidas tão drásticas ao ponto de ameaçar uma invasão militar direta na Venezuela, visto que por lá as tentativas de desestabilização do governo democraticamente eleito não tiveram o mesmo resultado que no Brasil, restando então, por enquanto, as perenes propagandas midiáticas massivas e incessantes, com graus de veracidade oscilando de 0,5 a 5%.

Aqui, o sucesso foi retumbante, por comparação, e o motivo deveria ser óbvio. Diferente da Venezuela, no Brasil a pauta neosquerdista penetrou com uma profundidade (com o perdão do possível trocadilho) só comparável à Argentina e Uruguai, perante as quais a Venezuela, e Nicarágua também, continuam sendo autênticas "virgens", rebatendo qualquer cortejo do Liberalismo Cultural.

Assim, não houve como mobilizar uma parte considerável da população justamente indignada por ofensas contra suas tradições e valores mais básicos, ficando a disputa entre Esquerda e Direita muito mais próxima de sua dinâmica econômica clássica, situação onde o Liberalismo infalivelmente perde nas urnas.

No Brasil, o processo golpista nem sequer precisou manipular muita coisa nesse sentido, visto que as pautas antipopulares neoesquerdistas existem mesmo e foram sim marcantes no governo petista. Além do espetáculo da corrupção, que hoje faz, na prática, o papel que outrora fez a ameaça comunista num tempo em que tinha algo de realidade, o que precisou ser feito de fato foi deflagrar uma crise econômica. Tudo isso para fazer com que a maioria da população não tivesse o menor ânimo para defender o governo enquanto uma minoria bem organizada sob o condão globista saía às ruas para dar verniz de legitimidade popular ao Impeachment, que é apenas um dos estágios do processo golpista.

Mas, voltando ao ponto. A vitória de Fernando III, por mais que esse se assemelhe em todos os aspectos aos Fernandos anteriores, ainda traz o gosto amargo do fracasso em erradicar o PT, e muito pior, em eliminar a figura de Lula, que de dentro da cadeia, ainda consegue impor uma derrota às pretensões de quem moveu montanhas para impossibilitá-lo de ser novamente presidente. Bem ou mal, é uma resposta merecida ao processo golpista, mostrando que a brutalidade da aliança calhorda da nossa grande mídia, de um judiciário terminalmente corrompido e do Departamento de Estado Norte Americano, que para quem não sabe, é quem controla a Operação Lava Jato, ainda assim não conseguiu seu intento em sua plenitude. A população ainda resiste, a mídia tradicional está perdendo seu poder e tendo que cada vez mais apelar para o controle sobre as Redes Sociais, um tanto mais instáveis. (E por favor, sobre o Departamento de Estado Norte Americano, não tenho mais saco para ficar mostrando o óbvio ululante imediatamente acessível a qualquer um que dê uma "googlada básica" capaz de achar uma vastidão de evidência maior do que qualquer um pode apreender. Mas apenas pra não dizer que não falei de espinhos, pesquise quem é Rex Tillerson. Quem o fizer e não for capaz de seguir até a "toca do coelho", que vá aplicar seu tempo em videogames, Xvideos ou memes de gatinhos.)

Mas essa vitória de Haddad é ainda terrivelmente onerada. Os anti petistas não darão sossego. A possibilidade de golpe militar aumenta exponencialmente e mesmo que nada disso ocorra, a agenda neoesquerdista quase certamente será retomada para inevitavelmente produzir outra crise ainda pior.

Já a vitória de Bolsonaro tem como principal malefício permitir uma interpretação plausível de que as políticas "natiocidas" da junta Temer obtiveram aprovação pelas urnas. Sendo o próprio Jair um apoiador inesperado delas, contrariando todo o seu passado. A única forma de contestar isso é apontar o fato óbvio de que Bolsonaro não foi eleito por seu apoio a elas, e sim justamente por reação contra o progressivismo moral neoesquerdista, o outro braço do globalismo. Não deixa de ser também uma merecida sova de realidade na fuça de imbecis que continuam acreditando que xingar a classe trabalhadora do combo "machista - homofóbica - racista - fascista" é um caminho de libertação da opressão, e que permanecem no delírio da absurda falsificação feminista da realidade e toda sua sandice. Isso mostra, mais uma vez, que a população ainda resiste, apegada a suas tradições e valores.

Mas essa vitória também é terrivelmente onerada. Além de fortalecer os setores de esquerda que só poderiam ser parcialmente imobilizados com extrema violência, e a Ditadura de 64 nos ensinou o quanto isso é contra producente a longo prazo, ainda conseguirá a façanha bizarra de terminar dando razão também a neoesquerda, que esperta, irá penetrar ainda mais profundamente no esquerdismo econômico popular de base enquanto o Liberalismo Econômico prossegue devastado a indústria, os empregos e as condições de subsistência da maioria da população. E não haverá propaganda globista capaz de esconder a inevitável quebradeira que somente filhote de cruzamento de MBL com Instituto Mises morando no Canadá criado à base de Editora Abril conseguirá não ver.

De qualquer modo, perde o povo, perde a elite, por um lado, e ganha o povo e ganha a elite, por outro. Um empate.

A guerra continua, adiando mais uma vez a vitória plena do Globalismo.

3 de Outubro

Eu me preocupo mais com os motivos de alguém para votar em seu candidato do que com o candidato em si. Quem vota em Bolsonaro esperando políticas de enrijecimento da legislação criminal pode até ter seus equívocos com relação a essas pautas em si ou da capacidade do executivo em influenciar o congresso, mas ainda tem uma justificativa mais sensata do que aquele que o faz acreditando, sabe se lá sobre que fantasia, que ele irá acabar com a corrupção ou a imoralidade.

Ou quem vota em Haddad na expectativa de basicamente contra atacar o processo golpista, por retaliação ao Impeachement ou ao descarado partidarismo da imprensa, tem uma justificativa melhor do que simplesmente crer que seria possível trazer de volta os anos dourados do Governo Lula.

Por isso, forneço aqui um breve apanhado do posicionamento ideológico dos presidenciáveis que posso efetivamente atestar, num esquema que mesmo longe do ideal, está muito além da tacanhice irracional de uma mera linha unidimensional em equerda e direita.

Podemos falar em 4 grupos de candidatos, com o perdão dos termos escolhidos a fim de evitar maior complexidade.

PROGRESSIVISTAS (Esquerdas Cultural e Econômica): Fernando Haddad - PT 13 , Guilherme Boulos - PSOL 50, Vera Lúcia - PSTU 16.

NACIONALISTAS (Direita Cultural e Esquerda Econômica): Ciro Gomes - PDT 12, Daciolo - Patriota 51, João Goulart Filho - PPL 54.

CONSERVADORES (Direitas Cultural e Econômica): Bolsonaro - PSL 17.

LIBERAIS (Esquerda Cultural e Direita Econômica): Alckmin - PSDB 45, Meirelles - PMDB 15, Álvaro Dias - Podemos 19, João Amoedo - Novo 30

Os candidatos José Maria Eymael, da Democraria Cristã 27 e Marina Silva, da Rede Sustentabilidade 18, permanecem incertos para mim. O primeiro oscilando entre o Conservadorismo e o Nacionalismo, e a segunda sendo sistematicamente obscura e omissa em qualquer posição que a permita se decidir se fica mesmo com o Liberalismo ou se desloca para o Conservadorismo, ou no sentido oposto, ao Progressivismo, sendo, definitivamente, a mais escorregadia das candidaturas. A única coisa certa é que ela não é Nacionalista.

Isso já deveria evidenciar porque o eleitorado de Bolsonaro é tão grande, visto ser a única opção conservadora, mesmo longe de perfeita, que está disponível ao eleitor. Lembrando que o conservadorismo atual no Brasil há muito já foi cooptado pelo NEOCONservadorismo norte americano, de viés liberal econômico aparentemente contraditório ao seu intervencionismo internacional, pois os mesmos que frequentemente criticam o Estado por intervir em assuntos que deveriam ser privativos ao cidadão apoiam que os EUA assumam o papel de Estado-Policial não reconhecido do planeta inteiro intervindo em assuntos que deveriam ser privados de cada nação. Entre outras inconsistências.

Ao contrário do que possa parecer, as posições Nacionalista e Liberal são mais estáveis que a Progressivista e a Conservadora. (Acaso ficamos de pé com duas pernas esquerdas ou duas direitas?) Essas últimas já foram há muito cooptadas pelo Liberalismo, que é a posição das elites megacorporativas, financistas e banqueiras, que as manipulam facilmente a seu favor, principalmente com o objetivo de neutralizar seu verdadeiro inimigo, o Nacionalismo.

Haddad tem também um nítido pé nesse liberalismo econômico, o que enfraquece um pouco sua condição progressivista, prometendo um governo bem mais a direita do que Lula. Boulos é muito mais "puro" em seu posicionamento à esquerda econômica por mais que, como já dito, essa sempre se contradiga com as pautas elitistas de minorias determinadas por ninguém menos que as mesmas elites econômicas que ele pensa combater.

Ciro também carrega um passado associado ao neoesquerdismo, ainda que não tão marcante, que macula sua posição Nacionalista, mas apresenta a única opção desenvolvimentista verdadeiramente viável no combate ao desemprego, desindustrialização e retração econômica inevitável que as políticas prometidas pelas liberais fatalmente causarão, incluindo as do liberalismo neocon de Bolsonaro. Daciolo é bem mais nacionalista que Ciro, mas até ele tem sua pitada neocon, visto o sionismo marcante dessa posição. No entanto, conseguiu se manter imaculado do restante da pauta neoconservadora que não mais diferencia a defesa das tradições da defesa da mesma "liberdade de mercado" que as ofende. Não fosse a total impossibilidade de vitória e, mesmo se vencessem por milagre, a evidente incapacidade técnica de governar, Daciolo e Goulart Filho poderiam ser opções até mais interessantes que Ciro. Principalmente se o chamassem para compor seu governo.

Curiosamente, a candidatura mas perfeita em termos de fidelidade a sua posição ideológica é Alckmin. Esse é liberal mesmo! E justo por ser muito menos contaminado pelo neoconservadorismo que dominou os conservadores brasileiros, fica livre da contradição flagrante entre defender a liberdade de mercado ao mesmo tempo que apoia intervenções econômicas e militares anti liberais em todo o globo, como bloqueios e sanções comerciais a países não submissos ao EUA. Surpreendentemente, apesar de sua completa rendição ao interesse econômico globalista, Alckmin consegue ser menos entreguista e subalterno que Bolsonaro.

Por fim, meu candidato é Ciro, mas eu não sou do tipo que condena quem escolha candidatos diferentes como se isso fosse um crime imperdoável. Existem motivos pessoais e sociais defensáveis para o apoio a qualquer candidatura.

A grande tragédia não é existirem opiniões diferentes, e sim opiniões equivocadas, iludidas, que "escolhem" pelos motivos errados. Quer seja acreditar na paranóia debilóide de uma ameaça comunista, ser incapaz de ver a total incompatibilidade entre os interesses dos trabalhadores e as pautas hedonistas de minorias, ou achar que o combate a corrupção exija corromper a justiça ao ponto de inverter o ônus da prova.

2 de Outubro

Alguns dias atrás pela primeira vez meu filho de 2,5 anos me surpreendeu dormindo numa posição perturbadora, rosto pra cima apoiado no travesseiro, reto, braços estendidos rente ao corpo, na exata posição na qual costumamos honrar nossos falecidos em seu leito de morte.

Fiquei tão agoniado com que mexi nele até ficar numa posição diferente.

Sou certamente uma pessoa privilegiada pela sorte, destino, Deus ou seja lá o que for que dirija ou não nossas vidas, jamais me senti no direito de reclamar da vida e por isso poupo o Universo de súplicas e lamentações.

Mas se me for dado o direito a um único pedido de caráter pessoal, seria jamais sofrer a perda de um filho. Tenho 5, uma ainda a um mês de nascer. Se isso me for garantido, nada há mais que eu não enfrente sem medo.

Tenho profundo respeito e compaixão com qualquer pai ou mãe que tenha sido vítima dessa tragédia, principalmente se ocorrida em tenra idade.

E não, eu não tiraria uma foto daquela cena. Portanto seguem fotos dele em situação totalmente diferente, diante de inesperada flor que nasceu no meu gramado. (O cenário de fundo não ajuda, por isso tive que optar por ângulos desfavoráveis.) Disponíveis no Facebook.

1 de Outubro

Em 2011 Dilma Rousseff promulgou a Portaria N° 1.612, que assegura o direito ao uso do "nome social", em função de sua própria Identidade de Gênero, por livre escolha de maiores de 18 anos ou mesmo menores se a requisição for feita por meio dos pais. Ainda que tal Portaria, como mera publicação, não tenha ainda força de lei devido a não ter sido regulamentada, foi um primeiro passo relevante em favor das pautas que merecidamente levaram à maior parte do apoio popular, ainda que minoritário, ao Impeachment da Presidente, que foi apenas um dos estágios do processo golpista.

Ocorre que tal Portaria foi homologada justo no pós-Brasil do Golpe, em Janeiro de 2017 lembrando pela enésima vez, para aqueles capazes de pensar por si próprios, que jamais um governo comprometido com o Liberalismo Econômico fará algo realmente contrário ao Liberalismo Cultural, vistos serem estes os braços esquerdo e direito do mesmo Globalismo plutocrático.

O PT foi alijado do poder não por conta de seus desmandos contra a família e as tradições, desmandos esses que motivaram a grande maioria dos discursos parlamentares nas votações do Impeachment. Isso foi só a ardilosa manipulação para promover um apoio mais legítimo que a mera ganância corporativa e financeira que realmente foi a causa. E que mesmo assim, lembremos, não foi capaz de enganar a maioria da população, que permaneceu contrária ou ao menos neutra em relação à deposição da presidente por meio de uma acusação tão fajuta que, hoje, depois de complemente desmoralizada, ninguém sequer toca mais no assunto.

O PT foi derrubado pelo processo golpista, que começou em 2013, porque apoiava apenas 3/4 da pauta liberal, no caso, a totalidade do Liberalismo Cultural, mas só metade do Liberalismo Econômico. O objetivo é substituí-lo por um governo que faça esse apoio total, que no caso seria idealmente do PSDB.

Se persistir o Golpe, do qual a Operação Lava Jato é a espinha dorsal e Sérgio Moro, a nível econômico, seu principal executor, não há dúvida que essa Portaria já homologada será também regulamentada. E aliás, mesmo que o PT volte ao poder, visto que a mesma por acaso foi assinada por Fernando Haddad.

Mas o importante é frisar que tal Portaria seria completamente inócua sem um processo de subversão cultural da sociedade. Quem realmente estaria disposto a passar, oficialmente, por tamanho constrangimento? Somente aqueles casos mais graves de disforia de gênero que já estão dispostos a bater de frente com os costumes sociais e já exercem na prática costumes que tal legislação vem a oficializar, e que são uma fração insignificante da sociedade.

Por isso a tremenda importância dos órgãos de mídia, a começar pela Globo, vomitando diariamente há décadas um procedimento estratégico, sutil e contínuo de enfraquecimento das tradições e valorização de "modernismos". Por vezes de uma forma mais aberta, por vezes tão dissimulada que pode ser imperceptível a não ser para os mais perspicazes. E quem quer que tenha um mínimo de inteligência não tem como não ter percebido que a após o Impeachment a Globo hiper amplificou a disseminação de sua agenda feminista, da qual a LGBT é mero subproduto.

Quem acha que é possível conter a onda de subversão cultural sem retaliar de forma direta os grandes órgãos de mídia ignora fatos absolutamente básicos e evidentes para qualquer um que se atreva a pensar um pouco sobre o assunto. Por exemplo, é totalmente evidente que somos muito mais propensos a violar leis que costumes se isso puder ser feito impunemente. Admitimos abertamente infrações de trânsito, sonegações menores e até algumas violações mais graves, como decidir um assunto na base da lesão corporal. Uma certa celebridade até confessou publicamente na TV aberta um estupro, que na realidade não permite acusação formal de crime a não ser que a vítima se identifique e decida processá-lo.

Mas a grande maioria de nós não tem coragem de desafiar costumes sociais bobos, sem qualquer força legal, como vestir roupas unusuais em determinados locais ou mesmo algo ainda mais tolo como, na frente de todo mundo, comer a sobremesa antes do almoço.

Isso significa que os costumes tem força prescritiva muito maior que as leis, que por isso mesmo só são de fato internalizadas e majoritariamente obedecidas e respeitadas quando estão de acordo com os costumes. Por isso uma miríade de leis e políticas estatais em favor de um progressivismo moral são praticamente irrelevantes diante de grupos culturais coesos, famílias bem estruturadas ou mesmo indivíduos com sólidos valores éticos e morais. Sem a subversão cultural promovida pelos produtores de conteúdo, no fundo, o Estado não tem poder algum para reformar a sociedade.

Das inúmeras evidências de que a Esquerda Cultural e a Direita Econômica são dois braços da mesma plutocracia globalista, está o fato de que liberais econômicos se opõem ferrenhamente a iniciativas de Regulação da Mídia, que ao contrário do que dizem não é colocar a mídia sobre a censura do PT coisíssima nenhuma, mas impedir a formação de oligopólios democratizando acesso a provedores de conteúdo menores e independentes, que hoje são simplesmente processados criminalmente se tentarem criar rádios ou TVs alternativas devido ao lobby desregulado dos grandes proprietários (Fernando Collor sofreu impeachment justamente por isso, com a desculpa de um escândalo de corrupção do qual foi posteriormente inocentado), bem como fortalecer associações populares com poder de efetivamente retaliar órgãos de mídia que atentem contra os interesses populares. Afinal, falamos de concessões públicas que devem necessariamente atender o interesse público.

Liberais adoram fingir que acreditam que podemos punir a Globo simplesmente por meio de um boicote, e que o mercado se encarrega de selecionar os conteúdos de interesse popular. Isso é tão evidentemente falso que essa emissora está aí, ofendendo continuamente a população com suas pautas morais, ou infernizando nossos ouvidos com narradores/comentadores de futebol universalmente odiados, e no entanto permanece incólume inclusive praticando toda sorte de crimes. Pois ninguém precisa de respaldo popular quando se monopoliza conteúdo e se tem uma fortuna bilionária para corromper tudo o que toca.

E tragicamente, o presidenciável que compreensivelmente lidera as intenções de voto justo por em grande parte representar a rejeição a essa campanha neoesquerdista do Liberalismo Cultural, além de subscrever ao braço direito do mesmo monstro, nada pretende fazer contra a mídia, garantindo, em programa de governo, a liberdade da Globo de invadir nossas casas para pregar suas pautas anti populares. E também nada fazendo, como fizeram países como Rússia, Hungria ou Polônia ao se opor oficialmente a esses ataques, no sentido de conter o trabalho das ONGs e coletivos acadêmicos que as suportam.


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