Paul Elam, o expoente do Movimento pelos Direitos Masculinos, num texto que foi praticamente inaugural do A Voice for Men, propôs que aceleremos e façamos a conclusão do processo de igualdade de gêneros que foi iniciado pelo Feminismo, de modo a realmente liberar ambos os sexos dos papéis tradicionais. "Se é igualdade o que querem, é o que terão!"
Isso tem muito apelo a anfifeministas porque é um tanto evidente que seria fatal para o movimento. O equivalente macro social de um avião repleto de crentes na igualdade cair numa ilha selvagem e todos terem que lutar pela sobrevivência num ambiente hostil, o que aniquilaria instantaneamente quaisquer ilusões que essa ideologia tem alimentado há décadas, fazendo a quase totalidade das mulheres repudiarem o Feminismo e quererem voltar felizes para sua "Opressão" original.
Isso na realidade aconteceu parcialmente na URSS, num grau mais elevado do que em qualquer outro lugar, não sendo por outro motivo que hoje a Rússia é, dos grandes países, o mais antifeminista do mundo.
Mas apesar da intuição acertadíssima, essa proposta só tem uma falha: Ela é ABSOLUTAMENTE irrealizável! E isso o próprio Paul Elam mostra
em outro texto, ao resumir princípios brilhantes que eu sintetizo aqui como "As Pessoas JAMAIS se oporão coletivamente a qualquer coisa que seja percebida como em benefício das mulheres e reagirão contra qualquer coisa que seja percebida como uma ameaça a elas." Isso está impresso em nosso DNA e todo o nosso arcabouço cultural. A Civilização, o Patriarcado, tem como um de seus fundamentos a proteção das mulheres, não sendo por outro motivo que após seu advento a população disparou, devido a inúmeras formas de proteger as mulheres dos perigos mesmo que às custas do descarte em massa das vidas masculinas.
E a proposta original de consumar o projeto da igualdade é notoriamente nociva às mulheres, e somente uma pequena parcela de homens estará disposta a fazer isso, pois implica em incitar a Guerra dos Sexos antes de colocar um fim nela.
Portanto, não adianta. Como forma de combater o Feminismo, e a exponenciação institucional da misandria, essa proposta não vai funcionar.
A curto ou médio prazo, o conservadorismo religioso é a única força capaz de por um freio temporário no Feminismo, mas a médio ou longo prazo apenas fará com que ele volte posteriormente com ainda mais força, se o Islam não acabar com tudo antes.
Por isso a única saída que vejo é conclamar as principais forças sociais a se dar conta de que o Feminismo não é um projeto em benefício das mulheres, pelo contrário, que é tão nocivo a elas, e as crianças, quanto aos homens, com a única diferença que o dano sobre elas é inicialmente mais discreto e tardio, mas que posteriormente é até pior que o dano causado aos homens. Na verdade é isso que tem promovido um levante feminino antifeminista tão grande, em especial nos EUA, onde a maioria dos exponentes antifeministas são mulheres Não-Religiosas.
E em especial é preciso enfocar que o Feminismo só tem utilidade para uma pequena elite muito rica que de fato consegue se manter fora do alcance dos malefícios diretos do mesmo, e que por isso mesmo é quem o financia, com impactos diversos, mas sinérgicos, na sociedade, dentre os quais:
- Incitar a Guerra dos Sexos, com objetivos inicialmente anti reprodutivos, mas posteriormente bem mais obscuros;
- Desmantelar a família como forma de tirar da população seu compromisso com outra coisa que não o Mercado, tanto no sentido de consumo quanto no sentido de peça do sistema produtivo;
- Afetar as tradições religiosas que dão sustentabilidade cultural ao povo como forma de promover a revolução cultural;
- Desmobilizar a classe trabalhadora por meio de conflitos internos enfraquecendo sua capacidade de se opor à exploração;
- Inviabilizar qualquer possibilidade de se mobilizar contra a elite financeira mundial. Em especial o sistema bancário privado, que despeja todo ano milhões de dólares nas mais variadas formas de fraudes estatísticas e engodos intelectuais em prol da Ideologia de Gênero.
Em suma, uma defesa não só da Sociedade, mas da Humanidade, o que implica uma defesa das próprias mulheres contra uma ideologia cuja consequência mais imediata é enfraquecer o fundamento da civilização, que é a instituição familiar por meio de uma hipocrisia espantosamente evidente, ainda que fartamente acobertada pela grande mídia, governos e órgãos privados a ponto de fazer a maioria das pessoas jamais perceber que políticas como a Lei Maria da Penha ou com base no delírio da "Cultura de Estupro" estão sendo aplicadas em metade do mundo há meio século Sem SEQUER UM ÚNICO resultado positivo!
Pelo contrário. As mesmas proponentes dessas políticas são as primeiras a admitir que a violência contra a mulher está aumentando em toda parte! Apesar de seguirem rigorosamente a mesmíssima cartilha desde os anos 1960.
Com isso em mente fica óbvio que o objetivo jamais foi proteger mulheres, visto que o que se consegue e o cada vez maior enfraquecimento da instituição social que de fato as protege, que é o Patriarcado.
Mas... Ora vejam só! Que a oligarquia Marinho sempre foi uma plutocracia beneficiada pelo regime militar não é passível de dúvida, e muito menos que jamais prezou pela honestidade e decência.
Mas isso aqui nem eu esperava! A concessão foi ROUBADA com o apoio da ditadura!
Um lema atual dos liberotários Libertários é: MAIS MISES, MENOS MARX.
O que significa "MENOS um Filósofo Utópico cuja proposta irrealizável promete nos levar a uma Reconquista do Paraíso Perdido, e MAIS outro Filósofo Utópico cuja proposta irrealizável promete nos levar a outra Reconquista do Paraíso Perdido."
Com a diferença de que o modelo proposto para atingir o comunismo utópico foi ao menos parcialmente executado em grande parte do mundo com resultados que variam de republiquetas bananosas a superpotências capazes de liderar a corrida espacial por décadas. Ao passo que as fantasias de Mises, Rothbard e Friedman só encontram algum lugar na literatura de Ayn Rand.
Comparado ao Libertarianismo, o Marxismo, seu maior inimigo, é um sucesso estrondoso, visto que seus derivados alcançaram resultados similares aos das grandes religiões, isto é, jamais levaram ninguém ao paraíso ou sequer fizeram a maioria de seus seguidores exercerem seus mais nobres princípios, mas ao menos converteu bilhões de pessoas ao redor do mundo produzindo defensores ferrenhos dispostos a matar ou morrer por seu ideal.
Enquanto isso, os liberalóides de internet se limitam a executar os planos traçados por quem pagou as contas de seus ídolos e hoje financiam os Institutos Mises da vida, e como liberais mesmo gostam de dizer, não existe almoço grátis.
Os titereiros que manipulam as marionetes libertárias sabem muito bem que os devaneios em questão estarão sempre presos no mundo onírico, mas os esforços de um dia trazê-lo ao menos para o plano das miragens podem cooperar com as estratégias de multiplicar ainda mais o poder do que já são capazes de derrubar governos e países inteiros com um simples ataque especulativo do capital financeiro, e não descansarão enquanto não reduzirem todos Estados Nacionais a meros fantoches de seu teatro de sombras.
Muitos confundem Teoria da Conspiração com exposição de fatos não regularmente trombeteados pela mídia. Por isso diante de dados comprobatórios de que grandes fundações internacionais doam milhões de dólares anuais para ONGs no Brasil, e que os próprios sites destas ONGs, que se consideram de esquerda, admitem e agradecem tais fundações que são notoriamente controladas pela elite do capitalismo global, a única coisa que resta a negacionistas é se refugiar na acusação de que se está diante de uma forma de conspiracionismo, como se a essência deste não fosse exatamente a absoluta falta de evidência.
Mas é ainda pior quando tal refúgio parte de feministas, que criaram A Maior Teoria Conspiratória da História da Humanidade!
O Feminismo se baseia numa espetacular teoria de que uma instituição cultural chamada Patriarcado, com uns 10 mil anos de idade e absolutamente onipresente em todo o planeta, moldou comportamentos de gênero compulsórios contrários a uma natureza humana que seria, em ambos os sexos, psicologicamente andrógina, e o tem feito persistentemente em cada ínfimo recanto do planeta penetrando em todos os níveis da sociedade e da cultura.
A evidência para tal teoria é zero, pois todos os dados da antropologia e biologia, especialmente da Psicologia Evolutiva, mostram o absoluto contrário: que os comportamentos de gênero também são naturalmente influenciados por padrões comportamentais inatos e que a maior parte das preferências e aptidões do gêneros tem forte embasamento biológico, em especial devido aos papéis reprodutivos. Mas feministas irão dizer que essas evidências partem, mais uma vez, de um viés ideológico conspiracionista Patriarcal, que induz a ciência a dar resultados consistentes a uma "ideologia" curiosamente compatível com todas as civilizações, religiões, pesquisas científicas, sistemas filosóficos e toda sorte de evidência concebível e imaginável.
Ao mesmo tempo, tal como criacionistas, jamais se deram ao trabalho de tentar promover pesquisas supostamente isentas ou mesmo enviesadas que dessem algum resultado minimamente compatível com sua ideologia. Nem um só dado antropológico ou arqueológico mostra alguma sociedade onde papéis de gênero tenham se invertido ou ao menos sejam muito diferentes do padrão universal, e parecem até mesmo negar a origem animal da espécie humana, visto que tais papéis também são claramente presentes na maioria das espécies animais, inclusive das mais próximas a nós.
Por fim, negam até mesmo a realidade corpórea, reduzindo os próprios aparelhos reprodutores a "discursos ideológicos", como se uma mudança linguística fosse capaz de engendrar a gravidez masculina ou a produção maior de testosterona feminina, ao ponto de achar que comportamentos perfeitamente condizentes com as condições físicas, como a maior inclinação feminina ao cuidado, e a própria inclinação maternal, nada tivesse a ver com a configuração corpórea dotada da capacidade de gestar e amamentar.
Em suma, segundo o Feminismo, tudo isso é resultado de construção social arbitrária do onipresente Patriarcado, a maior e mais poderosa conspiração já imaginada.
E o pior é que estão todas certas e erradas ao mesmo tempo. Nisso que dá suspender os fundamentos da racionalidade. Nada mais faz sentido!
E note que dessa mesmíssima instituição temos:
- Diane Sawyer: uma das maiores jornalistas dos EUA, apresentadora do ABC World News e que já foi secretária de imprensa do Nixon;
- Madeleine Albright: Embaixadora dos EUA na ONU durante o governo Clinton e defensora dos interesses e da hegemonia militar de seu país em todo o mundo;
- e Hillary Clinton. Além de executivas, cineastas e até uma astronauta.
Ou seja. Não estamos falando de uma faculdadezinha fundo de quintal.
Tem gente que ainda não entendeu. Explico.
1 - A Universidade é 100% Feminina. Ou seja: Só Para Mulheres!
2 - Aí uma de suas integrantes, fazendo uso da mais sofisticada Ideotologia de Gênero, se auto declara um homem.
3 - Evidenciando que não dá pra levar isso a sério, ela pôde continuar lá, o que implica que ainda está sendo considerada uma mulher.
Até aí tudo bem. Mas...
4 - Ao tentar assumir um cargo oficial de liderança, pretende-se impedí-la pelo fato dela ser um homem!
Mas se o argumento para isso for válido, então ela não poderia sequer estar na Universidade!
Das duas uma:
1 - Ou considera-se sua condição física como definidora de seu gênero, e então ela pode exercer o cargo em questão;
2 - Ou considera-se sua condição psicológica e ela fica não só impedida de assumir o cargo, como de participar da Universidade!
Mas chegamos numa situação bizarra onde estão tentando fazer OS DOIS ao mesmo tempo! Ou seja, definir gênero tanto pelo físico quanto psicológico, o que transforma todo transgênero numa contradição lógica encarnada!
De uma contradição, pode-se derivar Qualquer Coisa! E que se dane o fundamento da capacidade de raciocinar.
Há pouco mais de um mês, pela primeira vez na vida, joguei meu título em cima de alguém. Não por orgulho, visto que acho tal atitude lamentável, mas por necessidade evidencial argumentativa.
E não foi contra outro título, pelo contrário, visto que também pela primeira vez na minha vida vi alguém usar a não-titulação acadêmica como argumento de autoridade e superioridade num determinado assunto.
Basicamente, num simulacro de debate ideológico (visto que o conhecimento do sujeito sobre qualquer campo da intelectualidade era o de um repassador de "memes") o indivíduo alegou que POR TER APENAS Segundo Grau, e trabalhar num cargo operacional, tinha autoridade superior para falar sobre um tema de ordem trabalhista, política e econômica, dispensando estudos teóricos mais rebuscados porque, afinal, "quem estuda não trabalha!" (SIC)
Não teve jeito. Apelei para aquilo que jamais pretendi fazer, visto que apesar de ter Mestrado em Ética e Filosofia Política, e já ter uma bagagem de estudos que em
seu ritmo ele só atingiria com mais umas 7 encarnações, trabalho no mesmíssimo cargo operacional que ele.
Conservadores, em especial os considerados "machistas", partem do princípio da inferioridade feminina física e psicológica no que se refere a situações adversas, bem como em competência cognitivas para certos fins. Creem que mulheres são mais vulneráveis e frágeis, precisando de proteção especial contra certas condições, e quer seja numa presunção paternalista ou cavalheiresca, preferem evitar que elas se exponham a situações tidas como arriscadas.
O homem, segundo pensam, aguenta tudo. A mulher a tudo é vulnerável. Por isso está restrita a elas glória e benefício que alguns homens usufruem como recompensa por trabalhos árduos e arriscados, que exigem dedicação não adequada a quem melhor aproveita seu potencial cuidando de crianças ou do lar. Daí a tradicional educação que de cedo adapta meninas a papéis mais modestos e carinhosos, acostumando-as a proteções e restrições especiais.
Embora com nuances que dificultam percebê-lo, o Feminismo possui discurso incrivelmente parecido. Reitera que mulheres são mais vulneráveis, mais prejudicadas, as maiores vítimas, as mais oprimidas, as que tem menos oportunidades e as mais carentes. E por isso mesmo precisam de concessões especiais, cotas, proteções legais adicionais, mais verbas, mais políticas de saúde, segurança, educação, secretarias, ministérios, delegacias, leis etc.
A convergência entre Conservadores e Feministas pode ser denominada GINOCENTRISMO. Para os primeiros, a noção de que mulheres, como as rainhas do lar, devem ser o destinatário primordial dos esforços masculinos. Devem ser sustentadas e protegidas, postas em primeiro lugar na fila de preferências e sobretudo devem ser salvaguardadas com a própria vida, e ao custo da vida de quaisquer homens que ousem ameaçá-las.
Para as segundas a mesma coisa, com a diferença de um discurso vitimista que exige privilégios e legislações especiais, pois onde conservadores viam a necessidade de homens proverem para mulheres diretamente, especialmente na forma de maridos, feministas o veem indiretamente, por meio de um aparato estatal impessoal cujo poder, no entanto, depende fundamentalmente de homens dispostos a usar a força.
Em suma, tradicionalmente a mulher deve ser protegida, por homens, em especial pelos seus pais e maridos, dos perigos do mundo exterior que incluem outros homens. Enquanto para o Feminismo deve ser protegida pelo Estado, de todos os outros homens, incluindo de seus maridos e pais.
Isso explica porque no nosso congresso mais conservador em meio século foi aprovada em velocidade relâmpago uma pauta feminista polêmica, a Lei do Feminicídio, sem qualquer dos percalços que exigiriam de Eduardo Cunha suas incríveis artimanhas lobbysticas. Embora não sem críticas de violações da isonomia constitucional entre os sexos, visto implicar literalmente que a vida feminina vale mais que a masculina, o que numa época de ideal igualitário deveria ser inadmissível.
Mas isso não é problema para a mentalidade tradicional, que sempre concordou com essa superior valoração da vida feminina, sem a qual a ideia de arriscar a vida em defesa não só da segurança, mas até mesmo da honra, de uma mulher, não faria o menor sentido. Por isso Lei Maria da Penha ou Delegacia Especial da Mulher nunca foram coisas estranhas à mentalidade conservadora. O que lhes é estranho são propostas de remover a mulher de seu lugar tradicional, como da maternidade, ou da pureza sexual. Por isso a rejeição ao aborto, à promiscuidade ou a homossexualidade, visto haver um pacto implícito que amarra essa proteção especial, que restringe a força superior do homem, em troca da restrição da superioridade feminina, que é seu poder de atração sensual.
Mas ainda mais estranho é o fundamento do Feminismo, sua revolta contra a cultura Patriarcal, visto ser exatamente esta que delega tais obrigações ao homem para com a mulher, e que surgiu sobretudo para exigir deles que assumissem os frutos reprodutivos das relações sexuais, tornando-os seus filhos reconhecidos, invés de simplesmente usufruírem do prazer sexual sem se responsabilizar pelas consequências.
É a mentalidade patriarcal que exige dos homens o respeito à mulher, e o obriga a ter compromisso com ela, desde que, claro, ela esteja de acordo com os pré requisitos necessários para merecer esse respeito. Caso não o tenha, não se dá o pacto implícito, e tradicionalmente o homem não se compromete da mesma forma. Mulheres nessa situação sempre existiram, em geral associadas à prostituição, o que mostra que tal pacto é claramente voluntário, embora evidentemente haja pressão social para sua adesão.
Outrora, os corpos femininos eram conservados dos olhares masculinos pelas roupas e pela restrição em certos, e de certos, espaços. Agora, com os corpos cada vez mais expostos e cada vez mais em público, tem que ser conservados pelas leis. Pois apesar de lutar contra a tirania patriarcal, o Feminismo apela à tirania estatal ou cultural para repreender o simples olhar, quanto mais uma cantada, que um homem lance a uma das igualitárias, independentes, dinâmicas e empoderadas (e às vezes frágeis e puritanas) mulheres do Século XXI.
Vendo algumas coisas agora lembrei de dar o seguinte conselho.
"Mulheres, JAMAIS esperem que homens ignorem sua beleza. Podem ignorar a não-beleza, mas se você for bonita, independente de qualquer outra coisa, ISSO SERÁ NOTADO, será admirado, e ao menos entre eles, será comentado. Isso é tão inevitável quanto notar que o fogo queima."
Houve tempo que me considerava 50% progressista, 30% conservador, 10% liberal e uns 10% restantes de algo indefinido. Ou algo parecido.
Mas hoje penso que sou:
Versão escrita de minha fala na Assembléia sindical da CAESB em 24/09/15.
'Propriedade' resulta do trabalho. Ninguém nega que quem trabalhou para obter algo lhe tem direito. Que seja o fruto recolhido no alto da árvore, o peixe pescado ou o artefato produzido pelas próprias mãos, é implícito que o autor é seu proprietário. Essa noção intuitiva é tão forte que também legitima transferências de propriedade.
Aceitamos que quem não produziu algo tenha direito a ele se o produtor originário lhe concedeu livremente, pois o proprietário inicial pode dispor como quiser daquilo que transferiu a quem lhe aprouver.
Disto derivam também as trocas e o comércio, numa rede de transferências legitimadas pelo trabalho originário dos produtores, bem como a herança, uma forma mais tradicional de doação espontânea por linhagem genética.
Mas há formas ilegítimas de se apropriar do produto do trabalho alheio, sendo as primeiras o roubo e o furto, bem como fraudes e golpes que convencem temporariamente alguém a ceder sua propriedade e trocá-la por algo que não era o que esperava. E numa escala maior temos as invasões e guerras, em geral usurpações em massa da propriedade alheia.
Porém a maior de todas as forma de expropriação abusiva do fruto do trabalho humano é a Exploração. Quando há uma estrutura sistemática que obriga pessoas a trabalharem em benefício de outrem, como ocorre na escravidão e nas formas de servidão que ainda que possuam um motivo originário, dívida ou espólio de guerra, se perpetuam para muito além do fato que as originou. Bem como pode aparentar ser uma troca mutuamente vantajosa de remuneração por serviços, mas que por meios equivalentes a fraude retiram muito mais benefícios do que concedem.
O grande problema é que uma única expropriação contamina toda a cadeia subsequente de transferências. Mesmo pessoas que façam comércio de boa fé serão prejudicadas se posteriormente descobrir-se que receberam produtos originalmente roubados, e assim, uma massiva exploração originária também contamina toda uma vasta cadeia comercial de trocas e heranças fazendo com que todo o nosso sistema econômico tenha sua legitimidade comprometida.
Não sendo possível sequer rastrear a origem da usurpação original, só resta a qualquer intenção benevolente ir depurando essa impureza por meio de novas produções cada vez menos maculadas por apropriação indevida. Mas isso é bastante complicado uma vez que embora todos possam dar início a um processo originário de propriedade legítimo, por meio do trabalho mais direto como cultivar uma terra ou extrair um mineral, possuímos hoje uma vasta gama de ferramentas e novos meios que maximizam nossa produção e sem os quais estaríamos todos condenados a uma sobrevivência em moldes pré-históricos.
Esses são os 'Meios de Produção', como dizem os marxistas, que possibilitam que hoje possamos atender às necessidades de bilhões de habitantes de uma sociedade de complexidade e tecnologia inéditas na história. Esses meios, porém, são propriedades maculadas do mesmo vício histórico repleto de apropriações abusivas.
É exatamente por isso que a única forma de reiniciar o sistema produtivo e ter alguma chance de reduzir drasticamente nossa tradição exploratória é a Produção Socializada, uma forma de "zerar" uma herança de legitimidade duvidosa. Sem confiscar propriedades arbitrariamente, que poderia ser tão injusto quanto perpetuar indefinidamente a já estabelecida injustiça estrutural, assim, só resta estabelecer uma nova estrutura produtiva coletiva em paralelo com as estruturas privadas, em especial focada na produção de necessidades primárias.
Um verdadeiro projeto Socialista deve ser focado antes de tudo na produção alimentar, de saneamento, infra estrutura, educação, saúde etc, de base coletiva, o que em nossa sociedade fatalmente será estatal. As indústrias privadas devem se focar na produção adicional desses bens, até como forma de enfrentar a concorrência da indústria coletiva, bem como se deslocar para setores de necessidade secundária. E uma vez eliminadas as condições mais extremas de pobreza e miséria, que vem diminuindo ao longo da história, ampliar a produção coletiva para dar conta de todas as necessidades primárias e parte das secundárias.
E isso implica, claro, em Tolerância ZERO contra qualquer iniciativa de apropriação de recursos naturais primários. A começar pela Água.
De como as questões masculinas são absolutamente desprezadas pela ONU, que dá prioridade máxima até à proteção sentimental de mulheres mesmo quando o genocídio é quase exclusivamente masculino.
Tradução:
"E SE EU TE DISSESSE QUE...
A ASA ESQUERDA E A ASA DIREITA PERTENCEM AO MESMO PÁSSARO?"
O que em inglês é uma analogia ainda mais precisa, visto que se usa de fato o termo "wing" (asa) junto com 'Right' e 'Left' para se referir aos grupos ideológicos que aqui rotulamos apenas como Direita e Esquerda.
Moro no mais "tradicional" bairro nobre de Brasília. Em grande parte do DF, apenas dizer que se mora no Lago Sul já faz muita gente te olhar diferente. O que quase ninguém sabe é que apesar do Muito Elevado IDH deste bairro, ele abriga em sua maioria pessoas de classe média, C, com uma porcentagem bem inferior de classe B e pouquíssimos de classe A, havendo até alguns, devo dizer, mais próximos a classe D.
A maioria das pessoas muito ricas da região não mora realmente no Lago Sul, e sim no Setor de Mansões do Lago. Sim! O Lago Sul, assim como o Norte, tem um Setor de Mansões separado, onde se concentram a maior parte das casas realmente luxuosas. A famosa Casa da Dinda (do Collor de Mello), fica no setor de mansões do Lago Norte, bem longe da maioria das demais casas deste bairro equivalente ao Lago Sul.
A única diferença é que no caso do Lago Sul uma parte do setor de mansões fica bem mais próximo, sendo frequentemente transpassado pelos que pegam o famoso atalho que liga a QI-15 com a QI-7.
Muitos também não sabem que o preço médio de uma casa no Lago Sul, onde em geral não se paga condomínio, é mais baixo que o preço geral de apartamentos na Asa Sul, Asa Norte, Sudoeste ou Noroeste, bairros que apesar do também alto IDH, não tem a mesma fama e pompa. Até mesmo o IPTU é mais baixo!
Somando isso ao fato de que muita gente sequer tem rede de esgoto ou até mesmo usa água de poços próprios (o que por sinal é proibido), decorre que morar no Lago Sul frequentemente é mais barato que morar na maioria dos demais bairros de Brasília, que por favor, não se confunda com Distrito Federal. E não vou nem entrar no fato de que cerca de metade da área do terreno de praticamente todas as casas é invasão, algumas das quais volta e meia sendo derrubadas pela AGEFIS!
Como muitas outras, minha família se mudou para o Lago Sul num momento de crise, em 1988 logo após o famigerado Plano Cruzado, devido a impossibilidade de comprar um apartamento e de pagar o aluguel crescente onde morávamos, na Asa Sul. Pegamos um terreno grande numa das últimas quadras regularmente à venda pela Novacap por um preço bem mais baixo que qualquer quitinete em outras áreas de Brasília. Na época não existia a famosa Ponte JK e tínhamos que dar uma volta de uns 20 km para ir para a cidade. Ao nosso redor praticamente só mato, colecionando cobras, saruês e toda sorte de lagartos todos os dias, e ficamos 6 meses sem telefone numa época onde não existia telefonia celular, morando numa casa provisória sem forro e no reboco ainda molhado justo num dos mais rigorosos invernos da história da cidade. Lembrando que minha quadra, a QI-29, é uma dos pontos mais altos da região.
E eu arrisco dizer que a maioria das famílias deste bairro de menos de 25 mil habitantes tem um histórico equivalente. Muitas ganharam os terrenos de graça nos primórdios da capital, e muitos se recusaram a tomar posse dele devido a distância a ser percorrida, não vendo futuro naquele que depois se tornaria o mais afamado bairro nobre da cidade. Mesmo hoje, ainda tem gente que reclama do isolamento de vários setores do bairro, onde é impossível ir num comércio a pé, e grande parte dos meus amigos de adolescência odiavam morar lá porque ficava longe de tudo!
Mas o Lago Sul é verdadeiramente lindo, nunca lamentei a imensa distância que tinha que percorrer, principalmente antes da Ponte JK que nos havia sido prometida desde o começo "para o ano que vem", mas pela qual esperamos quase 15 anos. É um bairro chique, inequivocamente, e tenho orgulho de morar lá, mas sem nunca perder a consciência de que a aparente riqueza, ao menos em relação aos demais bairros de Brasília, está mais nos olhos de quem vê.