3 de Outubro
Certa noite, ao lado de minha esposa adormecida e de meu filho recusando-se a adormecer tive mais uma oportunidade de mergulhar num sentimento que preciso vivenciar mais: a plenitude da felicidade presente.
É nessas horas que devemos nos conscientizar de que nada é mais recompensador do que viver o momento e se concentrar no sentimento de harmonia e felicidade que se pode ter gratuitamente, nas coisas mais simples. E nessas horas que percebo o quanto é fácil desperdiçar um momento tão importante e profundo para se dedicar a irrelevâncias cotidianas como ver e-mails e feeds de notíciais apenas por hábito.
Muitas mente brilhantes já notaram que ninguém lamenta a perda do noticiário, do final de campeonato ou do capítulo da novela da mesma forma como lamenta a perda de momentos de apreciação das coisas mais simples. Pacientes moribundos em hospitais nunca se preocupam com o quanto de dinheiro deixaram de ganhar, com os prazeres sensoriais não vividos ou com orgulho ou vaidade perdidas.
Se preocupam sempre com o bem estar da família, e lamentam não poder ter mais a companhia dos que amam, bem como se arrependem de ter desperdiçado momentos de simplicidade e intensidade, como o sorriso da criança, o olhar de quem se ama, a carícia de um animal de estimação ou mesmo a Lua Cheia ou o Pôr do Sol, ou em qualquer coisa que, por si só e não como um meio, você realmente goste.
E tudo isso é de graça, e pode ser vivido facilmente.
Achar que a felicidade está guardada nas conquistas futuras, presa no passado idealizado, ou no quintal do vizinho, é um dos maiores motivos para a frustração.
Ela está aqui, agora, e qualquer um pode tê-la e vive-la. E fazê-la durar.
Não as desperdice.
Pode ser as vezes suspeito ou ingênuo dizer que o dinheiro não traz felicidade. Mas pensar que ele seja a chave para ela é de uma miséria espiritual trágica.