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29 de Outubro

Quem tem experiência com crianças conhece a intempestiva reivindicatória "Mas Eu Quero!" Você explica por que não deve, ou não pode, atende-la, por vezes devido a alguma impossibilidade absoluta, mas nada no seu discurso faz o menor efeito, e você ouve novamente "Mas Eu Quero!"

De crianças de alguns anos é algo natural e que podemos lidar. Difícil é ter que aguentar a mesma atitude por parte de marmanjões violentos que atacam em bando com a mesmíssima atitude mental.

Eles querem, ou dizem querer, o fim da corrupção, um sistema educacional e de saúde perfeitos, liberdade para depredar o que quiserem e até o fim do sistema bancário. Apesar de todos eles movimentarem contas bancárias por vezes até mesmo recendo, por elas, os financiamentos necessários para sua militância.

Não fazem a menor ideia de como funciona a economia, a política ou a administração. Não saberiam dar uma única opinião minimamente compreensível para o combate a corrupção, não tem nenhum plano ou proposta completa. Caso contrário saberiam que mais vale postarem opiniões lúcidas na web do que quebrar vidraças de agências bancárias.

Completamente alienados da realidade, não são capazes sequer de entender o que eles próprios querem, e muito menos que impulsos os movem. Dê-lhes a palavra e se calam, ou balbuciam deixando claro que era melhor mesmo se calar. Dê-lhes o poder e será uma sorte se se limitarem apenas a reproduzir o que dizem combater, invés de impor sua irracionalidade autoritariamente.

Ele exigem coisas, sem a menor ideia de como chegar a elas, exigindo que outros lhes deem. E se você lhes explicar que não é tão simples, que demanda esforço, sobretudo mental, estudo, trabalho, perseverança e virtude. Você ouvirá alguma coisa totalmente equivalente a "Mas Eu Quero!"

26 de Outubro

Ouvir o Professor Vamireh Chacon no evento da semana passada na UnB causou enorme impacto em mim. Primeiro, pela perceção do abismo que me separa de um real conhecimento da cultura brasileira. O que inclui um 50 livros no mínimo, e algumas décadas de experiência direta com sub culturas locais que talvez eu nunca venha a ter.

Mas por outro lado não deixa de ser compensador sentir que minhas intuições e compreensão do tema parecem estar, até agora, indo no caminho certo. Em especial, o estatismo inato do brasileiro, tema que já arranhei Em Defesa do Estado. Bem como num outro texto ainda inédito onde antevejo o crescimento estatal no mundo inteiro.

Àqueles que quiserem estado mínimo, recomendo mudar de país, e os que quiserem estado nenhum, ultra liberais, anarquistas, anarco capitalistas etc, recomendo sair do planeta. E não adianta ir para a Lua, onde já fincaram uma bandeira americana, nem para Marte, que já está repleto de máquinas de propriedade do E.U.A. Cujo estado é maior e mais burocrático que o brasileiro.

Um frase me impactou bastante: "Há povos que querem ter uma grandeza que não podem, e povos que podem ter uma grandeza que não querem." E este último é o caso do nosso povo, cujo tal "complexo de vira-lata" nubla a percepção de seu lugar, e seu potencial no globo.

Entendo porque. Assumir um papel de destaque no mundo, uma responsabilidade internacional maior, é algo bastante arriscado e trabalhoso, e compartilho dessa "acomodação" do brasileiro em temer dar passos maiores que a perna.

O professor Chacon escreveu, entre outros, o livro "Deus é Brasileiro". Não o li, mas partindo disso, resta-me saber: É brasileiro de onde?

A mim parece que é Baiano. Ou melhor dizendo, que nesse ponto o Brasil todo é baiano. Um povo altamente talentoso, criativo, recepetivo e adaptável, com pleno potencial para liderar e até mesmo erguer uma duradoura civilização, mas que quando confrontado com a oportunidade... Dá uma preguiça...

22 de Outubro

É incrivelmente burra a opinião de que o "Dicionário é o Pai dos Burros", visto que burros, por estarem satisfeitos com a própria ignorância, não consultam dicionários. Podem até perguntar para alguém ao lado o significado de alguma palavra que acabaram de ouvir, mas mesmo não descobrindo, esquecerão isso e não irão se dar ao trabalho de procurar conhecer.

Mas aquele que quer saber, que tem sede de informação, não se contenta em ficar no escuro. Na primeira oportunidade irá buscar aprender, quer seja na enciclopédia, no Google ou num dicionário.

O Dicionário é um Amigo dos que querem Conhecer. E nada há de mais diferente da burrice que o desejo pelo conhecimento.

19 de Outubro 23:44

Vejam só que maravilha. Lei Maria da Penha, violência contra a mulher e feminicídios. Após admitir que a Lei Maria da Penha não teve efeito na redução do "femicídio", que permanece na média de 5.250 brasileiras mortas por ano. A sapientíssima ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para Mulheres, disse que a Lei já salvou 300.000 vidas!!!

Vale lembrar que a ministra Eleonora é aquela que, além de Abortista (defensora do aborto), também já foi Aborteira (aprendeu as técnicas na Colômbia), e também Abortante (que se submete ao aborto), ou seria AbortantA? A única coisa que não foi é Abortada!

19 de Outubro 23:16

Uma "excelente" notícia para os homens razoavelmente abastados que não tiveram a oportunidade de ser pais. Senado aprova projeto que dá às mães o direito de fazer o registro dos filhos e indicar quem é o pai. Esse projeto permite a qualquer mulher colocar o nome de qualquer homem na certidão de nascimento de seu bebê, o que automaticamente o torna pai com todas as obrigações legais, pensão alimentícia inclusa!

Não é necessário ter tido qualquer relacionamento com ela, e caberá ao homem, se for o caso, provar que não é o pai da criança pagando de seu próprio bolso o exame de DNA. E mesmo que o faça, o que já tiver pago de pensão (pois se não pagar vai preso) mesmo não sendo o pai NÃO É DEVOLVIDO! (Isso já é lei.) E nem há qualquer punição para a mãe que promover tal falsa acusação.

Essa é nossa Sociedade Patriarcal Opressora!

9 de Outubro

Há alguns anos, investigando se alguém mais tentava pensar o abortismo como uma luta simbólica, deparei-me com um fórum onde uma moça pedia sugestões para criar uma tatuagem pró-escolha que representasse a sapiência de sua decisão de abortar. Algo positivo, honrando a vida que poderia ter sido, com uma imagem “boa”.

De imediato eu já sabia aquilo que a averiguação posterior só poderia confirmar. A empreitada é impossível! Não há como representar de uma forma boa aquilo que pode até ser em alguns casos um mal menor, mas ainda assim um mal. No máximo, pode-se desviar o assunto, como na sugestão de um anjinho (para expressar o amor da mãe que matou o bebê para salvá-lo da péssima existência que teria), do símbolo genérico do feminismo, a fitinha dizendo “I’m sorry” ou o famigerado cabide.

Por isso há tantas histórias pró-vida belas e com finais felizes, mas não há como haver uma pró-escolha, pois o bem e a felicidade só podem afirmar-se pela vida. Mesmo a mulher vítima de um estupro (embora eu concorde que deva ter o direito ao aborto seguro) ainda pode dar a esse evento trágico um final feliz e amar o ser que nasce em seu corpo. Há muitas formas de felicidade, e muitos caminhos para a vitória, mas todas pressupõem a Vida e o Amor.

Mas a opção pelo aborto, independente de ser legal ou não, justificável ou não, é e sempre será uma tragédia, uma vergonha e uma derrota.

Não há imagem bonita para isso.



8 de Outubro

Um motivo pelo qual peguei raiva do discurso elitista de que o povo é burro é a profunda injustiça que isso implica.

Um povo que foi submetido a um processo de emburrecimento massivo por todos os meios disponíveis: educacionais, midiáticos, artísticos etc. E ao qual não foi dada chance alguma de defesa, por ser desde sempre financeiramente explorado tanto pelo sistema econômico quanto pelo aparato estatal.

A superação disso é possível, mas o esforço é praticamente heróico, e ninguém deveria ser obrigado a ser um herói.

Informação de qualidade era rara, quase impossível de achar, e custava caro. Livros sempre foram custosos e difíceis de conseguir, mesmo revistas e jornais tem que ser pagos e quase tudo o que se recebia de graça era de completa inutilidade. Pior ainda que a informação de maior qualidade quase sempre tinha que ser importada, algo inacessível à esmagadora maioria.

Por isso, o discurso soberbo provir de uma elite privilegiada para apontar a ignorância de quem é vítima de um sistema de sua própria autoria é mais que injusto. É perverso.

Mas essa situação mudou radicalmente para grande parte da geração com menos de 40 anos. A internet veio disponibilizar das mais diversas formas o acesso a informações antes caríssimas ou mesmo inacessíveis, tudo isso quase sem qualquer ônus significativo obrigatório.

Essa nova geração só é excusável de se manter na ignorância caso tome a sensata decisão de não opinar sobre temas em que não tem interesse, o que é direito de qualquer um e pode até mesmo ser um caminho sábio para evitar ser infectado pela insanidade do mundo.

Infelizmente vivemos numa época em que todos são compelidos e ter consciência ambiental, política, de classe, de gênero etc, e praticamente obrigados a opinar em todos os temas.

Dar ou repetir opiniões sobre assunto complexos sem a menor noção do que significam, utilizando a revolucionária Internet ao mesmo tempo que despreza a facilidade de pesquisa que ela lhe proporciona, virou padrão.

Nesse caso sim, criticar a burrice digital popular passou a ser justíssimo.

7 de Outubro

Outrora pensei que a desunião político ideológica fosse um problema da esquerda, mas os quase 12 anos de governo do PT acabaram mostrando que parece ser um problema estrutural da oposição brasileira. Como sempre é mais fácil se alinhar com quem está no poder, as divergências ideológicas fora do governo parecem inviabilizar uma verdadeira coalizão oposicionista.

Disto entende-se a necessidade de eleger um inimigo todo poderoso que não seja justo um dos (senão O) governantes mais aclamados da história brasileira. E para isso é melhor um alvo um tanto escorregadio, de teor maquiavélico e incrivelmente oculto, o tal "Foro de São Paulo". Muito mais fácil de demonizar.

Não faltam boas razões para isso, apesar de que sofremos muito mais nas mãos do inimigo que o 'Foro de SP' nasceu para combater, o Neoliberalismo. Mas se há uma preocupação dos direitistas, que tem tentado alçar o FSP ao estatuto de um grande satã, que não se justifica de modo algum é que ele esteja promovendo uma ingerência externa em nossa política interna, pelo simples fato de quem o criou, e quem realmente manda nele, são os brasileiros!

Tudo bem que o Foro funciona num sistema, digamos "comuniStário", mas se houver uma medição de forças ali dentro, é óbvio que o crupiê seria o Lula! Ainda mais agora com Chavez e Fidel desta pra melhor.

Portanto, ainda que o grande pesadelo dos anticomunistas se realizasse, a criação da URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina), há de se convir que o Brasil estaria para esta assim como a Rússia sempre esteve para a URSS. Pois os únicos países capazes de rivalizar conosco, Chile e Argentina, de certo não a integrariam.

Mas não vai acontecer. Uma análise das condições sócio culturais específicas de nosso país desautorizam qualquer perspectiva nesse sentido. Não somos uma ilha, nem herdeiros de Czares terríveis, e muito menos estamos dentro de uma gigantesca muralha.

6 de Outubro

Dito de uma forma muito simplificada, há 4 instâncias existenciais humanas, duas internas: SENTIMENTO e PENSAMENTO; duas externas: DISCURSO e AÇÃO.

No SENTIMENTO estão nossas emoções e intuições profundas, nosso impulsos e apetites irracionais e inconscientes. No PENSAMENTO nossas racionalizações conscientes, nossas justificações e planos de ação.

No DISCURSO nos expressamos publicamente, forjamos nossa imagem externa, apresentamos o que queremos que pensem de nós. E na AÇÃO em geral realizamos aquilo que temos dentro de nós mesmos.

As fraquezas humanas são basicamente rupturas entre duas dessas instâncias.

O DISCURSO incompatível com a AÇÃO é hipocrisia. Bem como a ruptura entre o primeiro e o PENSAMENTO, inclusa aí a mentira. A disparidade entre este o SENTIMENTO é a falta de autoconhecimento, o auto engano, e pode chegar até a esquizofrenia.

Curiosamente, as instâncias que costumam ser mais harmônicas são o SENTIMENTO profundo e a AÇÃO privada. Isto é, quando não estamos sob olhares e portanto fazemos nossas ações mais coerentes com nossos discursos.

Penso, e Sinto, que o aperfeiçoamento humano pleno pressupõe a harmonia entre essas 4 instâncias, e que violar a si próprio para tentar satisfazer exigências externas pode ser tão ruim quanto violar o externo para satisfazer pressões internas. Quem pensa que o que sente está errado deve lutar para mudar esse sentimento, e não apenas escondê-lo.

Mas que Pense, e Sinta, muito primeiro, pois o erro pode estar no pensamento.

4 de Outubro

Minha sincera opinião: O "Paradoxo do Gato de Schrödinger", é uma das piores bobagens da ciência popular contemporânea. Usa mal a idéia de paradoxo, usa uma ilustração totalmente desnecessária, distorce o princípio da Incerteza de Heisenberg e ainda por cima tem um quê de misofelixia.

3 de Outubro

Certa noite, ao lado de minha esposa adormecida e de meu filho recusando-se a adormecer tive mais uma oportunidade de mergulhar num sentimento que preciso vivenciar mais: a plenitude da felicidade presente.

É nessas horas que devemos nos conscientizar de que nada é mais recompensador do que viver o momento e se concentrar no sentimento de harmonia e felicidade que se pode ter gratuitamente, nas coisas mais simples. E nessas horas que percebo o quanto é fácil desperdiçar um momento tão importante e profundo para se dedicar a irrelevâncias cotidianas como ver e-mails e feeds de notíciais apenas por hábito.

Muitas mente brilhantes já notaram que ninguém lamenta a perda do noticiário, do final de campeonato ou do capítulo da novela da mesma forma como lamenta a perda de momentos de apreciação das coisas mais simples. Pacientes moribundos em hospitais nunca se preocupam com o quanto de dinheiro deixaram de ganhar, com os prazeres sensoriais não vividos ou com orgulho ou vaidade perdidas.

Se preocupam sempre com o bem estar da família, e lamentam não poder ter mais a companhia dos que amam, bem como se arrependem de ter desperdiçado momentos de simplicidade e intensidade, como o sorriso da criança, o olhar de quem se ama, a carícia de um animal de estimação ou mesmo a Lua Cheia ou o Pôr do Sol, ou em qualquer coisa que, por si só e não como um meio, você realmente goste.

E tudo isso é de graça, e pode ser vivido facilmente.

Achar que a felicidade está guardada nas conquistas futuras, presa no passado idealizado, ou no quintal do vizinho, é um dos maiores motivos para a frustração.

Ela está aqui, agora, e qualquer um pode tê-la e vive-la. E fazê-la durar.

Não as desperdice.

Pode ser as vezes suspeito ou ingênuo dizer que o dinheiro não traz felicidade. Mas pensar que ele seja a chave para ela é de uma miséria espiritual trágica.


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