Íntegra da MAIS IMPORTANTE entrevista realizada este ano sobre a ação de Fundações Internacionais no Brasil, publicada no "Estado de São Paulo" em 22/11/17.
(Com adaptações.)
Obs: Cesar Benjamin foi brilhante, trazendo informações preciosíssimas. E o toque final de hipocrisia de Átila Roque, diretor da Fundação Ford, fecha com chave de ouro!
RIO - O secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro, Cesar Benjamin, causou grande polêmica nas redes sociais com expoentes do movimento negro por causa de um post que fez no Dia da Consciência Negra, na última segunda-feira, 20. Na publicação, o secretário citou uma palestra sobre o racismo no Brasil, proferida pela atriz Taís Araújo.
"Continuo detestando a racialização do Brasil, uma criação - eu vi - do Departamento de Estado dos Estados Unidos. Nossa maior conquista - o conceito de povo brasileiro - desapareceu entre os bem-pensantes. Qualquer idiotice racial prospera. A última delas é uma linda e cheirosa atriz global dizer que as pessoas mudam de calçada quando enxergam o filho dela, que também deve ser lindo e cheiroso." E concluiu: "Quero que as raças se fodam."
Em entrevista concedida ao Estado por e-mail, o secretário reafirma suas posições. "Dizer que os brasileiros mudam de calçada quando veem uma criança negra na rua é uma ofensa ao nosso País. Essa histeria tem que parar. Alguém tem que dizer que é mentira."
Roberta Jansen: O senhor causou grande polêmica junto ao movimento negro por causa da sua última postagem. O senhor esperava toda essa repercussão?
César Benjamin: Faço esse tipo de alerta sobre os perigos da racialização da nossa sociedade desde a década de 1990. Desde então sou patrulhado. O problema só se agravou. Hoje leio nos jornais, rotineiramente, expressões como "o escritor branco Fulano de Tal", "o cineasta negro Beltrano", "o professor Cicrano, branco". Naturalizamos a divisão racial dos brasileiros. Ninguém mais reage. Dizer que os brasileiros mudam de calçada quando veem uma criança negra na rua é uma ofensa ao nosso País. Essa histeria tem que parar. Alguém tem que dizer que é mentira.
RJ: O que, exatamente, o senhor quis dizer quando afirmou que a "racialização do Brasil foi uma criação do Departamento de Estado dos Estados Unidos"?
CB: Na década de 1990, amigos gaúchos pediram-me que os recebesse no Rio de Janeiro e os acompanhasse em uma reunião que teriam na sede da Fundação Ford, que ficava na Praia do Flamengo. Queriam verificar a possibilidade de obter algum financiamento para projetos de educação em áreas rurais. Fiquei chocado com o que vi. Os funcionários da fundação disseram abertamente que só financiariam projetos que destacassem a questão racial no Brasil. Exigiram que eles mudassem todo o projeto que levaram. Estabeleci ali uma conversa tensa sobre isso. Um deles disse, para todos ouvirmos: "Temos 15 milhões de dólares e vamos provar que o Brasil é racista." Entendi perfeitamente a mensagem.
Pensemos num computador. Ele tem um hardware, que são seus componentes físicos, mas para funcionar precisa de um software, um programa que lhe dá as instruções sobre o que fazer. Uma sociedade também tem componentes físicos, que são a sua infraestrutura, e componentes ideológicos, que organizam o comportamento das pessoas. A Fundação Ford, que é um braço do Departamento de Estado, mirou no coração do nosso software, o conceito de povo brasileiro. Acertou em cheio. Se não há povo brasileiro, o Brasil não vale a pena. Isso é parte importante da grande crise civilizatória que se abateu sobre nós e nos paralisa.
RJ: O senhor acha que o Brasil é um país racista? Ou o senhor acha que vivemos uma democracia racial?
CB: Há racismo no Brasil, assim como há em praticamente todo o mundo. Nunca usei e não conheço quem tenha usado a expressão democracia racial. Mas, ao contrário do que ocorre em vários outros países, o sistema de valores que a sociedade brasileira escolheu não legitima o racismo. Isso é muito importante. Um sistema de valores não descreve fielmente o que existe, mas aponta os caminhos que desejamos seguir. Sinaliza uma trajetória desejada. Os americanos transformaram essa nossa grande virtude em hipocrisia. Adestraram uma geração de militantes que detesta o Brasil.
RJ: Muitos argumentam que, em sua palestra, a atriz Taís Araújo, ao dizer que as pessoas mudam de calçada quando veem seu filho, estaria falando de forma simbólica, metafórica, sobre o racismo no Brasil. O senhor não viu desta forma?
CB: Eu não vi a palestra da atriz, por quem tenho grande afeto. O que me chamou a atenção não foi a palestra em si. Foi a quantidade de gente que replicou essa barbaridade nas redes sociais de forma completamente acrítica, como se fosse verdade literal: os brasileiros atravessam a rua quando veem uma criança negra. Francamente...
RJ: As estatísticas mostram que a discriminação racial é um fato no País. Os negros são os mais pobres, os que mais morrem, os que mais são vítimas da polícia, a maior parte da população carcerária. O senhor discorda disso?
CB: Uma grande mentira só prospera se tiver alguma aderência à realidade. Há verdade em tudo o que você diz, embora essas estatísticas sejam, em geral, de péssima qualidade. Mas são verdades seletivas, que acabam servindo a uma grande mentira: o Brasil é o País mais racista do mundo... A maior parte da população negra foi escrava até quase o final do século 19, há poucas gerações, e nossa mobilidade social não tem sido suficientemente grande para alterar posições historicamente constituídas. É um problema gravíssimo. Dedico minha vida a lutar contra ele. Mas a racialização não nos ajuda em nada. Só traz mais um problema. Impede-nos de ter uma aproximação amorosa em relação ao nosso próprio país.
RJ: O que o senhor quis dizer com "Quero que as raças se fodam"?
CB: O conceito de raças humanas, além de cientificamente inepto, é pérfido, é do mal. Foi criado para justificar o colonialismo e desde então só separa, destrói, discrimina, justifica desastres humanitários de grandes proporções. Eu não quero que o Brasil seja um País de "escritores brancos ou negros" e "cineastas negros ou brancos". Quero que seja um País de escritores e cineastas.
RJ: Como secretário de Educação, que tipo de ação o senhor tem tomado para evitar a discriminação nas escolas?
CB: Pelo visto você foi capturada pela histeria racial, pois sua pergunta pressupõe que há discriminação em nossa rede, que você sequer conhece. Afinal, o Brasil é assim, não é? Lamento decepcioná-la, mas não conheço nenhum caso que possa confirmar isso. Nossa rede é um microcosmo do Brasil, profundamente miscigenada. Se aparecer racismo, ele será tratado como deve, como uma burrice e um crime. O racista é, antes de tudo, um burro. Achar, no século 21, que as pessoas devem ser julgadas pela cor da pele é o fim da picada.
OUTRO LADO
Em nota, o diretor da Fundação Ford no Brasil, Átila Roque, disse lamentar a “ignorância histórica” do secretário. Segundo ele, Benjamin tenta atribuir a uma "entidade privada independente e sem fins lucrativos, a responsabilidade pela promoção da luta contra o racismo no País, desconhecendo toda a trajetória de resistência dos negros e negras brasileiros que antecedem em muito a própria existência da fundação". Destacou ainda que a Fundação Ford tem o compromisso de apoiar projetos que reduzam as desigualdades.
Que o GOVERNO, no caso os 3 poderes, MAIS LIBERAL de todos os tempos seja O MAIS CORRUPTO, não é coincidência! A absoluta falta de ética e desprezo pelo país são condições necessárias para a implementação das políticas defendidas pela Globo, Veja, IstoÉ, MBL, ILISP e toda a corja liberalóide.
A MP DO TRILHÃO: ENTREGUISMO, CORRUPÇÃO E A FALSA CRISE FISCAL.
No dia 19/11/2017, o jornal britânico The Guardian apresentou a denúncia de que o ministro do Comércio do Reino Unido, Greg Hands, se encontrou, em março desse ano, com Paulo Pedrosa secretario de minas e energia do governo brasileiro para defender os interesses das empresas petrolíferas BP, Shell e Premier Oil em medidas que afrouxassem regras tributárias, ambientais e de conteúdo local. A denúncia teve como base um telegrama diplomático obtido pela ONG Greenpeace.
Poucos meses depois, em agosto, o governo Temer editou a MP do Trilhão (MP 795) que trata, basicamente, da construção de um regime fiscal que traz enormes – e injustificáveis – benefícios fiscais para petroleiras multinacionais, o que, obviamente, inclui as petroleiras britânicas. A MP 795, dentre outros, traz os seguintes benefícios paras as petroleiras:
(i) A garantia de dedução integral das despesas de exploração e produção de petróleo e gás natural da base de cálculo do imposto devido pelas empresas, favorecendo a indústria estrangeira do setor.
(ii) A suspenção do pagamento do Imposto de Importação, do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e da Contribuição para o PIS/Cofins para os bens importados que ficarem definitivamente no país e que forem usados na exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e derivados.
Em outubro, o lobby do Ministro Inglês apresenta os seus primeiros resultados concretos: a BP e a Shell ganharam a maior parte das licenças de perfuração de águas profundas na 2ª e 3ª rodada dos leilões da ANP. Caso sintomático é o da britânica Shell, que saiu vencedora em duas das três áreas leiloadas na 2ª Rodada de Partilha da Produção, e em outra da 3ª Rodada. A empresa ainda concorreu por todas as áreas que receberam lance.
Somente para 2018, a previsão de renúncia de receita, decorrente dos incentivos fiscais, chegará a aproximadamente R$ 16,4 bilhões. Nos vários campos do Pré-Sal, no longo prazo, a redução de receita tributária poderá ser superior a R$ 1 trilhão (Fonte: Nota Técnica da Consultoria Legislativa da Câmara).
A prática relatada acima é mais recorrente do que se imagina. Inclusive, uma recente denúncia do SIDIPETRO apresenta bons indícios do que falamos aqui.
Há dois eixos básicos de argumentação que sustentam a denúncia apresentada pelo SINDIPETRO: o primeiro trata dos valores irrisórios arrecadados pelo governo na série de leilões que estão ocorrendo nos últimos anos. O segundo trata da suspeita de tráfico de influência entre petroleiras multinacionais de países desenvolvidos e governos de países subdesenvolvidos. Ambos os pontos serão exemplificados nos pontos “a” e “b”, apresentados abaixo:
a) Segundo informação do SINDIPETRO, o campo de CARCARÁ tem reservas que chegam a DOIS BILHÕES DE BARRIS, segundo informa a FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE GEÓLOGOS com base em dados da própria PETROBRÁS. Então, reservas de NOVENTA E SETE BILHÕES DE DÓLARES estão sendo entregues por 2,5 bilhões de dólares.
b) A Petrobras celebrou acordo com a petroleira francesa Total que trata de cessão de 22,5% dos direitos de exploração do campo de Iara e de 35% do campo de Lapa, na Bacia de Santos. Acontece que a Total subscreveu acordo de leniência, nos EUA, reconhecendo a prática de corrupção por seus executivos pagando multas que se aproxima dos 400 milhões de dólares. A denúncia – comprovada - é de que a Total teria realizado pagamentos ilegais a um funcionário do Governo do Irã para obter concessões de exploração de petróleo e gás em condições extremamente vantajosas e, portanto, imorais.
Tais atos implicam na transferência de riqueza dos países periféricos para os ricos países centrais, o que amplia a desigualdade entre nações e reforça a nossa situação de subdesenvolvimento. Aqui fica claro que o golpe de Estado implicou em entrega acelerada da riqueza nacional e também de que há indícios claros de corrupção nos leilões do nosso enorme e valioso patrimônio mineral, ou seja, por trás da ideologia neoliberal, esconde-se gravíssimos casos de corrupção.
“O subdesenvolvimento não é, como muitos pensam equivocadamente, insuficiência ou ausência de desenvolvimento. O subdesenvolvimento é um produto ou um subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração econômica colonial ou neocolonial, que continua se exercendo sobre diversas regiões do planeta.” (Josué de Castro, no livro “Geopolítica da Fome)
"Ain, start-ups, free-market, viva o capitalismo! Imposto é roubo, abaixo o Estado! Você, seu esquerdinha estatista, só está usando seu iphone por causa do livre mercado!"
Alguns pontos:
- No século XIX, com a consolidação da Revolução Industrial, podemos afirmar, sem dúvidas, que a concorrência impulsionou o desenvolvimento tecnológico de produção. E mesmo assim o Estado teve seu papel, afinal não é fácil tirar todas as posses de milhares de camponeses e transformá-los em uma massa de miseráveis que têm como única posse a sua força mecânica de trabalho, estando à disposição da burguesia para jornadas exaustivas de trabalho, ganhando salários que beiravam a subsistência mais simples, inumana até. E assim a Mão Invisível fez nascer o trabalhador assalariado livre, esse grande baluarte do discurso liberal. Além disso, o Estado fornecia crédito e investia em infraestrutura, repassando capital ao setor privado, que por sua vez podia investir em desenvolvimento tecnológico sem diminuir seu lucro (que é o que importa, não é mesmo?);
- No século XX, grande parte do desenvolvimento tecnológico, se não ele todo, está ligada direta ou indiretamente ao investimento estatal. O Vale do Silício, essa galinha dos ovos de ouro, só existe por conta do Estado. Nos anos 1960, o governo americano regou dinheiro por lá, com orçamento de defesa (que é um dos mais gordinhos nos EUA), mas quem colheu a lavoura foi o mercado (como era de se esperar), que comercializaram a tecnologia desenvolvida com dinheiro público. Não que eu ache ruim a tecnologia de defesa ser adaptada para uso doméstico e distribuída entre a população! Por mim, num mundo ideal, essas tecnologias deveriam já ser desenvolvidas fora da lógica bélica, pensadas na perspectiva de trazer melhorias para a sociedade como um todo. Enfim o ponto aqui é que basicamente toda a tecnologia informática e computacional é fruto de investimento estatal, sem falar nas tecnologias de comunicação, satélites, internet.
- Ainda hoje as empresas de tecnologia norte-americanas recebem rios de dinheiro vindos do orçamento de defesa. Tecnologias como armazenamento em nuvem não são fruto de livre concorrência. A Amazon, que recentemente chegou ao Brasil e sendo louvada pelos liberais (viva o livre mercado!), vende uma nuvem segura a mais de 600 agências governamentais dos EUA, além de possuir um contrato específico com a CIA no valor de US$ 600 milhões. Aliás, a relação Estado e mercado não se limita a financiamento: em 2010, o chefe de segurança do Facebook foi para a NSA (Agência de Segurança Nacional); ou então, no sentido inverso, o ex-conselheiro de Hillary Clinton no Departamento de Estado que se tornou responsável pela estratégia da Microsoft. A coisa é orgânica mesmo.
- O liberalismo é pregado justamente pelos países desenvolvidos, que já têm uma farta malha produtiva, tecnologia em solo, domínio de produção cultural e intelectual, tudo isso fruto de farto investimento estatal, ou seja, tudo isso fruto de dinheiro público. Adivinha por qual razão eles pregam o liberalismo? Para se manterem hegemônicos. Não querem concorrência, como pregam em teoria! Que concorram no máximo entre os que já estão nos mesmos patamares, assim fica mais fácil. Somos mercado exportador de matéria prima e importador de produtos industrializados. MBL, MamaeFalei, ILISP, essas merdas todas, ignoram completamente a historicidade do desenvolvimento tecnológico e pregam o mais puro entreguismo, a completa falta de projeto de nação. Tão cínicos que até surfam na onda conservadora, a despeito de se dizerem "liberais de verdade". Sei que muitos ali verdadeiramente acreditam no liberalismo como melhor gestão do capitalismo, mas perdoai-vos Pai, pois não sabem o que fazem (e perdoa-os Tu, porque eu não vou). Essa falação liberaleca é fruto igualmente de investimento estatal: desestabilização de governos e manutenção de agendas econômicas de seus interesses faz parte da práxis das relações internacionais dos países dominantes.
O texto Justiceiro: uma radiografia da podridão americana, dá
exemplo do que eu disse num post mais recente sobre os próprios norte americanos serem duramente críticos com a CIA. Sinceramente não conheço uma única produção ao menos das últimas 3 décadas onda a CIA seja vista de uma forma efetivamente positiva. O seriado de 1983 intitulado no Brasil de "Missão Secreta", cujo título original era MASQUERADE, seria uma parcial exceção, onde a CIA recrutava civis para missões temporárias. No entanto, mesmo lá, como o nome sugere ficava claro que muitas vezes as missões eram flagrantemente anti éticas, por exemplo promovendo falsificação de informações e destruição de reputações de pessoas honestas por meio de fraudes.
No mais, as séries Jason Bourne, Missão Impossível ou Person of Interest tem como recorrente tema um herói que até trabalhou para a CIA, mas depois foi traído e a tem como inimiga. E não é só na ficção. Não são poucos os norte-americanos que criticam e até defendem o fechamento da CIA, inclusive no próprio governo.
O motivo é simples. Quem tiver o mínimo de interesse sabe para o quê a CIA serve. Além de inteligência e informação, no que é muito boa (e aliás recomendo muito a livraria on-line da CIA, que tem muita informação excelente.), a CIA é basicamente um órgão de sabotagem, fraude, promoção de corrupção, infiltração, destruição e assassinato À SERVIÇO DAS ELITES FINANCEIRAS!
Quem é o maior traficante de drogas do mundo? Os carteis de Cali e Medellín? A Yakuza? A Cosa Nostra? Aécio Neves?
Tudo indica que a principal força organizadora central do tráfico de drogas internacional é, na verdade, a CIA, a principal agência de inteligência do governo dos EUA.
As conexões entre a inteligência americana e o crime organizado começam ainda durante a Segunda Guerra Mundial, na época da ONI e da OSS, antes da própria criação da CIA.
Na época, os chefes das famílias mafiosas italianas haviam sido presos pelo governo de Mussolini, e a inteligência americana acionou seus contatos com figuras como Lucky Luciano, Frank Costello, e outros figurões da máfia ítalo-americana, com o objetivo de adquirir informações estratégicas sobre as operações do governo italiano.
Com a conquista da Sicília pelos Aliados em 1944, o exército americano libertou todos os mafiosos italianos presos, e sob orientação da OSS, os grandes chefes foram postos no comando da sociedade civil italiana, e de forma aberta, fora das sombras.
Com o final da guerra, a recém-criada CIA começa a financiar as famílias sicilianas e corsicanas para ajudá-las a disputar com os sindicatos (em sua maioria de orientação socialista) o controle das docas. Isso garantiu a fluidez do tráfico internacional de heroína nos anos 40.
Esse modus operandi é clássico, e há quatro dúzias de exemplos históricos do envolvimento direto e harmônico da CIA com o crime organizado internacional. Em geral, a motivação inicial gira ao redor de uma preocupação com impedir o fortalecimento de organizações socialistas, comunistas, sindicalistas, enfim, anti-imperialistas e anti-americanas ao redor do mundo.
A CIA esteve por trás do fortalecimento da Cosa Nostra, da Tríade, da Yakuza, contribuiu para o surgimento do "Triângulo Dourado" do tráfico internacional de ópio, colocou no poder o ditador boliviano Hugo Banzer, que através de figuras nefastas como como Stefano Della Chiae (figura neofascista ligada à loja maçônica P2 e à Operação Gladio), construiu e institucionalizou o tráfico de cocaína na Bolívia, colocou no poder e protegeu o tráfico de cocaína de Manuel Noriega e seus auxiliares do Mossad (o famoso caso Irã-Contras), bem como todas as operações de tráfico de drogas ligadas a grupos paramilitares criados pelos EUA na América Latina, até chegarmos a explosão da produção e tráfico de heroína no Afeganistão após o país ser ocupado pelos EUA depois do 11 de Setembro.
São mais de 70 anos de envolvimento e fortalecimento do tráfico de drogas internacional, tudo tendo como centro estratégico e tático a CIA.
E aqui estamos falando apenas de UM tipo de crime, o tráfico de drogas. E quanto ao tráfico de armas para diversos governos, grupos paramilitares e organizações terroristas ao redor do mundo? E quanto aos países que tiveram governos derrubados pela CIA? Talvez seja mais fácil dizer quais países no planeta nunca tiveram governos derrubados pela CIA – afinal, o próprio Brasil sofreu com isso. E quanto à Operação MK-Ultra, de lavagem cerebral de cidadãos americanos? E quanto à espionagem e chantagem de cidadãos americanos, e de outros países, pela CIA e outras organizações de inteligência americana?
A realidade é que, no sistema internacional do crime organizado, a CIA está no fundamento e no topo da pirâmide. E é por isso que o mundo não tem tido sucesso no combate ao crime organizado. Suas raízes estão em uma agência de inteligência da potência hegemônica unipolar, os Estados Unidos da América.
A mera repressão policial não tem como resolver um problema que se origina em operações secretas de uma agência governamental estrangeira. É necessário destronar os EUA de sua posição hegemônica global e, assim, acabar com sua capacidade de financiar carteis, derrubar governos e armar terroristas.
Em 2016, a horda de corruptos assumiu diretamente o poder numa ditadura blindada declarando uma nova era de prosperidade econômica e correção dos erros da administração anterior. Entretanto, 1 a cada 3 novos desempregados no mundo naquele ano foram brasileiros (33,33% do total dos desempregados no mundo inteiro). Mais de um ano depois, a situação não melhorou - exceto por algumas pequenas oscilações ilusórias de "melhoria" e um esforço da mídia em pintar um quadro menos grave e mais otimista.
A economia continua ruim. A promessa era que, após a derrubada de Dilma e a retirada do PT do poder, viveríamos Éden na Terra, o paraíso perfeito onde todos os problemas (inclusive os mais graves) seriam resolvidos instantaneamente. Afinal, antes do PT o Brasil era um país perfeito e voltara a sê-lo depois que ele saísse, certo? Os "nobres políticos" que estabeleceram um novo regime de governo (uma ditadura de senadores), haviam prometido solucionar a economia em especial, um dos pontos mais graves do Brasil atual. Mas não fizeram isso - e não irão fazer.
Sim, dia vai dia vem, a Bolsa aumenta alguns pontos e o dólar diminui alguns centavos - para cair logo em seguida e aumentar logo depois. Essas pequenas oscilações, enxergadas pelos otimistas e pelos "especialistas de mercado" como sinais claros e proféticos de que um novo vigor econômico está por vir, não são nada mais do que mero fruto da própria natureza especulativa e artificial do mercado. Promessas de governo e sucateamento mais agravante ainda do trabalho são coisas que geram ânimo em investidores ávidos. Aliás, empresários estadunidenses reclamaram que até agora não é possível pagar salários ainda menores aos trabalhadores brasileiros - a "mão invisível" dos liberais em ação.
O governo "novo", em mais de um ano, não fez e não vai fazer absolutamente nada daquilo que realmente pode melhorar a economia. Não fizeram auditoria da dívida, investimentos em pesquisa e tecnologia, investimentos em infraestrutura, dinamização industrial, reforma real da Previdência (retirando, por exemplo, benefícios absurdos para políticos, juízes e magistrados, etc. - a "casta") e incentivos fiscais para empreendedores reais. O que o governo está fazendo é sucatear as relações de trabalho com a desculpa de "modernizá-las", criar uma "reforma da Previdência" que só vai prejudicar ainda mais os aposentados pobres sem tocar nos privilégios de políticos, altos funcionários e juízes, desmantelar a indústria nacional, aniquilar os centros de produção de pesquisa e tecnologia e vender o máximo possível daquilo que ainda temos - e, claro, reforçar o "agronegócio", inclusive reforçando o trabalho escravo no campo (as incursões contra trabalho escravo no interior diminuíram drasticamente).
Nada disso fará a economia melhorar. Todos os países no mundo que agora adotam esse neoliberalismo falido dos anos 80-90 (Itália, Grécia, França e Argentina) estão em profunda crise e não estão se recuperando. O Brasil está nessa lista. As medidas que já foram aprovadas só pioraram a situação, e aquelas que estão sendo votadas vão aprofundar ainda mais esses problemas. Todos os pontos estratégicos essenciais para fomentar o crescimento do país (infraestrutura, seguridade social, pesquisa e tecnologia, produtividade, etc.) estão sendo consistentemente destruídos e sucateados. Como esperar melhoria de um governo que está declaradamente interessado em destruir as soluções reais para a grave crise econômica?
A crise não é um acidente e um "problema" a ser resolvido. Ela é a própria estrutura útil ao governo atual, porque por meio desse contexto eles têm total liberdade para esmagar ainda mais o povo com a justificativa de "resolver" problemas que eles mesmos criam. Na realidade, não há motivação alguma em recuperar a economia e isso é visível. O único comprometimento dessa cúpula é garantir os interesses de investidores e magnatas, e isso nada tem a ver com melhoria real da economia. Os maiores lucros são feitos em crises, acima da miséria de milhões.
O EXÉRCITO AMERICANO É A MAIOR ORGANIZAÇÃO TERRORISTA DO MUNDO
O governo americano é rápido na hora de denominar uma ou outra organização anti-imperialista como "grupo terrorista", de catalogar países que se opõem a ele como "Estado Pária" e de levantar sanções contra povos que não se curvam perante seu modelo político, econômico social e cultural.
Mas quem foi o único governo na história a utilizar armas nucleares para genocidar civis? Qual país tem sido notório por invadir ou bombardear países estrangeiros que não representam ameaça ou que não o atacaram? Qual país tem gasto bilhões há décadas para financiar "revoluções", golpes e ataques terroristas contra países inimigos?
Quem criou a Al-Qaeda? Quem está por trás do surgimento do ISIS?
Quem utilizou Agente Laranja e napalm no Vietnã? Quem utilizou armas químicas e urânio empobrecido no Iraque? Quem realizou bombardeio de saturação na Coreia do Norte até não sobrar um único prédio em pé?
Quem sequestra civis nacionais e estrangeiros para aprisioná-los e torturá-los em prisões secretas, sem direito a contraditório, ampla defesa ou mesmo um advogado? Quem assassina civis americanos e estrangeiros por meio de drones sem julgamento?
Sim, o ISIS, a Frente Al-Nusra, a Al-Qaeda e vários outros grupos são, realmente, terroristas. Mas a maior organização terrorista do mundo são os EUA, seu governo e suas forças armadas.
Especialmente se tomarmos o terrorismo em sua definição mais etimológica, como a difusão de pavor entre civis inimigos por meio de ataques generalizados contra eles, com o objetivo de desestabilizar populações inimigas e enfraquecer seu apoio aos seus respectivos governos.
Os EUA têm utilizado essa tática em todas as suas intervenções militares há décadas, e ela se tornou parte da doutrina militar oficial dos EUA, sob o nome Shock and Awe (Choque e Pavor) – aplicado, por exemplo, no Iraque. E de que outra forma pode ser entendida uma doutrina militar baseada, literal e declaradamente, no "pavor", senão como terrorismo de Estado?
É impossível compreender o cenário internacional contemporâneo sem ter isso em mente. Assad já mostrou o caminho. Lutar contra o terrorismo é lutar contra os EUA, seus interesses e seus agentes.
Os fenômenos de "Histeria Coletiva" ao estilo Macartista, apelidados daquela que foi uma das piores de todas, a "Caça às Bruxas", possuem uma série de características e condições de ocorrência, uma absolutamente crucial é: Acusações fáceis de fazer.
Acusação fácil é uma que seja minimamente crível, que pode ser reinterpretada de inúmeras formas e inverta a presunção de inocência. Não se pode criar fenômenos assim sobre acusações de assassinato, por exemplo, pois estas requerem um corpo, ou até mesmo do roubo físico de bens, pois estas demandam a comprovação da posse ilícita ou ao menos da subtração efetiva da vítima.
Mas acusações de magia, traição, subversão, corrupção, assédio ou estupro, possuem essa curiosa natureza de serem perfeitamente possíveis, e portanto críveis, terem ampla elasticidade interpretativa e possuir a curiosa tendência a inverter o pressuposto de que todos são culpados até se prove o contrário.
Uma chuva de granizo ocorreu? Pode-se acusar uma "bruxa" de tê-la provocado por algum gesto trivial. O Malleus Malleficarum, que apesar de proibido pela Igreja Católica foi bastante popular, dá uma farta gama de exemplos de rituais de bruxaria que incluem circular o dedo sobre uma porção d'água.
Alguém fez uma crítica a algum aspecto da economia ou da sociedade? Comunismo! Vasculhem sua casa e um simples exemplar de O Capital pode ser prova de subversão.
Uma jovem se indispôs com algum homem? Acuse-o de estupro! Basta uma evidência de que compartilharam um mesmo espaço por algum tempo, e a "palavra da vítima" (perceba a espantosa petição de princípio no termo 'vítima', invés de 'acusadora') já pode ter valor probatório.
Um político ou empresário está oferecendo resistência a um projeto de tomada de poder ou de ataque especulativo? Acuse-o de corrupção! Esta tem credibilidade instantânea perante a maior parte da opinião pública. E se antes esse caso seria um pouco mais complexo, por exigir provas materiais, tornou-se belamente simplificado pelo advento das delações premiadas obtidas sob aprisionamento arbitrário de suspeitos. Uma versão 'light' da confissão sob tortura.
Não à toa, por exemplo, as "provas" contra os supostos crimes do governo deposto, tanto no caso do Mensalão quanto no caso da Lava-Jato, foram comparadas a acusações de estupro, onde a "palavra da vítima" pode determinar a condenação, com a diferença de que no caso do estupro pelo menos ainda há alguém dizendo que foi estuprada, ao passo que no caso análogo, é como se alguém dissesse que uma outra pessoa ausente e desconhecida foi estuprada.
Como a "bruxa" pode provar sua inocência? Até mesmo uma conclusão de inquisidores que a inocente pode ser prova de seus poderes mágicos de controle mental!
Como o "comunista" prova sua inocência? A simples posse do filme 'O Encouraçado Potenkin' não é um material subversivo probatório suficiente? Espiões são assim mesmo, dissimulados, e qualquer escassez de provas apenas demostra sua competência em se disfarçar.
Como o "estuprador" pode se livrar da acusação? Não só a palavra de quem o acusa já é prova suficiente, e não é ele representante de uma "classe" (a masculina) privilegiada que detêm todo o poder e professa a "Cultura de Estupro"? E simplesmente tocar uma mulher já não pode ser considerado estupro?
E como um petista pode provar que não é corrupto? O pressuposto da acusação da lavagem de dinheiro já não foi transformado em "ausência de evidência é evidência de capacidade de ocultação de patrimônio"? Se a 'Dúvida Razoável' costumava ensejar a absolvição, agora enseja a condenação!
Por fim, além de acusações fáceis, com pretensão de verdade pré-suposta, há um outro fato para transformar as histerias coletivas em "queima efetiva de bruxas". Grupos de poder concentrado que fazem o papel de acusador, juiz, júri, executor, e ainda se beneficiam materialmente pela "produtividade" de seu trabalho persecutório.
Quer sejam tribunais inquisitoriais que confiscam as economias das vítimas para custear os processos, divisões de repressão a "crimes de pensamento" que são condecorados por nos "livrar do comunismo", ONGs feministas demandando verbas cada vez maiores para combater "epidemias de estupros" ou um judiciário com super salários divinizado pela mídia por seu glorioso "combate à corrupção".
REFORMA TRABALHISTA É PRECARIZAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO
Estamos oficialmente sob a vigência da Lei n° 13.467/2017, rejeitada por mais de 80% da população e mesmo assim aprovada pela Presidência da República e Congresso Nacional mais corruptos das últimas gerações, deixando absolutamente fora de dúvida de que o Governo está apartado da vontade popular e plenamente entregue aos interesses de elites econômicas e ingerências internacionais.
Uma visão pontual das mudanças, no entanto, pode não deixar clara a real dimensão deste ataque ao trabalhador brasileiro, principalmente da forma como tem sido amplamente feito pela mídia, visto que muitos dos itens podem não parecer significativos para muitos trabalhadores, podendo alguns deles, isoladamente, até mesmo parecer desejáveis. Por isso é preciso apontar onde estão os reais problemas, e aqui iremos destacar apenas alguns deles, dentro da própria nova Consolidação das Leis do Trabalho, e que se isoladamente já seriam trágicos, juntos são catastróficos.
NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO COLETIVO
Uma delas é a introdução do Artigo 611-A, que dá desmedidos poderes aos Acordos Coletivos, celebrados entre o sindicato de uma categoria e sua empresa, e as Convenções Coletivas, celebradas entre sindicato da categoria e sindicato patronal. Este artigo introduz que: "A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:"
Então enumera nada menos que 15 incisos com itens que podem ser alterados, afora o misterioso "entre outros".
É certo que o Artigo 611-B enumera 30 incisos com direitos que não podem ser afetados, mas ainda assim, podem sê-lo: jornada de trabalho, banco de horas, intra jornada, plano de cargos e salários, representação sindical, sobreaviso, trabalho intermitente, prorrogação de jornada em ambientes insalubres sem licença prévia do Ministério do Trabalho, e outros, o que associado ao parágrafo primeiro, que remete ao parágrafo terceiro do Artigo 8, e que por sua vez remete ao Artigo 104 da Lei 10.406/2002, que é do Código Civil, praticamente transforma a o Acordo Coletivo em uma forma de "Negócio Jurídico".
Até essa inovação, a CLT não permitia que um acordo coletivo subtraísse direitos previstos em lei, mas com o Artigo 611-A, associado a outras inovações, como o Artigo 444 que diz respeito a negociações individuais, possibilita por exemplo que um empregado contratado originalmente para 30 horas semanais, de repente passe a cumprir jornada de 36 / 48 horas semanais, caso da infame jornada 12x36, sem qualquer aumento de salário!
O Artigo 612 ainda enfraqueceu a exigência de quórum mínimo em assembléia para celebração do acordo, reduzindo de 2/3 dos presentes em segunda chamada, para 1/3, facilitando que uma minoria aprove acordos prejudiciais à categoria.
Considerando também a política de enfraquecimento dos sindicatos, como a nova redação dada ao Artigo 545 que elimina a contribuição sindical obrigatória, bem como o enfraquecimento generalizado da Justiça do Trabalho, que inclui até sucateamento de verbas por meio da pérfida Lei de Responsabilidade Fiscal, o resultado inevitável será a proliferação ainda maior dos ditos sindicatos pelegos, que agem contra a própria categoria em favor da retirada de direitos. Que tiver experiência em negociações sindicais e for fiel aos interesses dos trabalhadores sabe muito bem o enorme estrago que isso irá causar.
JUSTIÇA PAGA
Passemos agora para o Artigo 790, que rege sobre as ações judiciais nos Tribunais do Trabalho, onde o parágrafo 3, que na prática garantia a justiça gratuita para qualquer trabalhador, foi alterado para agora permití-la apenas para os trabalhadores que percebam salário até 40% do máximo benefício pago pelo INSS, que atualmente está em R$ 5.531,31, o que faz com que qualquer trabalhador com salário acima de R$ 2.212,52 perca o benefício da justiça gratuita.
Assim, caso o trabalhador perca a ação judicial, terá que arcar com as custas processuais, o que não raro é economicamente desastroso. O Artigo 789-A enumera as custas básicas de um processo, que facilmente totalizam um mínimo superior a R$ 2.800, já bem acima do salário mensal de quem tenha direito à gratuidade, mas frequentemente vão muito além disso. Já tivemos o caso onde um magistrado, de forma controversa, baseado na recente legislação condenou um trabalhador ao pagamento de R$ 8.500.
O parágrafo 4 do Artigo 790 ainda garante o direito a gratuidade para quem comprovar insuficiência de recursos, mas essa comprovação é muitíssimo mais difícil que a anteriormente vigente, que podia ser obtida com mera declaração formal.
Quem acompanha processos trabalhistas sabe que não é raro termos decisões judiciais nada menos que surreais, tanto a favor quanto contra trabalhadores, mas outrora essa incerteza implicava no máximo em tempo perdido e desgaste emocional. Agora afetará diretamente nas economias do trabalhador, o que seguramente ira dissuadir muitos de procurarem seus direitos mesmo quando estes forem arbitrariamente violados.
FORÇANDO A DIVISÃO DE CLASSES
Existem pouquíssimos trabalhadores que possuem habilidades e conhecimentos suficientemente específicos para possuir força de negociação, e em geral esses já não costumam celebrar contratos de trabalho comuns, preferindo criar pessoas jurídicas e celebrar contratos entre empresas. Mas a falácia que embasa a Reforma Trabalhista trata milhões de trabalhadores sem qualquer especialização e com poder de negociação zero, como se fizessem parte dessa exclusiva elite, que regida pelo Artigo 444, outrora permitia apenas benefícios adicionais, mas não subtração de direitos.
Mas agora, com o parágrafo único incluído pela Lei n°13.467/2017, qualquer profissional que ganhe acima de R$ 11.062,61 (o dobro do benefício máximo do INSS), poderá "renegociar livremente" seu contrato sob as mesmas condições do Artigo 611-A, sendo então empurrado à situação análoga a de outros especialistas que em geral ganham muitíssimo acima disso, embora de modo algum isso lhe garanta qualquer acréscimo de rendimento. Pelo contrário, pois poderão até mesmo aumentar sua carga horária sem aumento de salário, (possibilidade ainda mais reforçada pela Medida Provisória 808, que visa instituir o Artigo 59-A) abrir mão de planos de cargos, banco de horas e até contrato permanente, passando a ser obrigados a trabalho intermitente.
A maioria desses profissionais está longe de possuir real poder de negociação, pois embora possa parecer muito para os que estão nivelados ao salário mínimo, fato é que um salário de R$ 12.000 pode até ser abastado para um único indivíduo, mas mantém uma família de 4 ou 5 pessoas no limiar da classe média. A simples ameaça de demissão, num mercado com milhões de desempregados, é suficiente para obrigar esse trabalhador a aceitar qualquer condição desvantajosa, até mesmo a perda de grande parte de sua renda, pelo trabalho intermitente, por exemplo, preferível a possibilidade de perdê-la toda.
Mas o ponto mais relevante não é esse, e sim que embora isso possa parecer pouco significante, ocorre que frequentemente nos períodos de Data Base, a fase de negociação entre sindicato e empresa, todos os trabalhadores costumavam estar na mesma condição independente de sua renda, de modo que em geral eram apenas os agraciados com funções especiais, cargos de confiança ou comissões tendiam ficar ao lado dos empregadores. Agora, com essa inovação, justo os trabalhadores que costumavam ficar entre a maioria e a minoria dirigente, e que possuíam melhores chances de pressionar diretamente as chefias para negociações mais favoráveis à maioria, se veem isolados, podendo ser regidos por condições diferentes da maioria.
Com isso, quebra-se a continuidade que conectava trabalhadores de menores ganhos com trabalhadores com mais ganhos, mas ainda assim, trabalhadores, e estimula-se ainda mais uma falsa ilusão de elitismo que tende a dividir as categorias em duas classes distintas, as que ganham mais, e as que ganham menos que o dobro do benefício máximo do INSS.
É um fomento direto a uma Luta de Classes! Que no caso servirá apenas como estratégia manipulatória, fazendo aos menos abastados parecer que qualquer um com um ganho acima desse limiar faça parte da elite dominante e seja visto como inimigo, e fazendo a esses um pouco mais abastados parecer que os demais sejam uma massa disposta a decapitá-los numa revolução.
DESENHANDO O QUADRO MAIOR
Se cada uma dessas mudança já seria trágica por si só, basta notar como combinadas tendem a levar a situações desesperançadas. Sindicatos enfraquecidos e dependentes de contribuições voluntárias possuem muito menos capacidade de se organizar e pressionar as direções das empresas para conquistar melhores condições, ou mesmo para garantir as que já possuem. Trabalhadores melhor remunerados podem ser facilmente coagidos a abandonar a sindicalização, visto que os Artigos 444 e 611-A podem ser usados para que ele corte seu vínculo sindical. Com isso, os maiores contribuidores tendem a ser isolados.
Os sindicatos serão obrigados a arcar com enormes custas judiciais, devido ao Artigo 789-A, uma vez que em geral serão eles que tenderão a assumí-las quando um trabalhador perder uma ação movida por seu sindicato, o que associado à perda de receita, tenderá a sufocá-los. Com isso, ficará fácil para as organizações patronais infiltrarem seus asseclas nos sindicatos ou mesmo controlá-los totalmente, forçando a aceitação de convenções e acordos deletérios aos direitos da maioria.
Com sindicatos pelegos, a tendência é os trabalhadores irem progressivamente se desvinculando a passando a ficar por conta própria, mas mesmo assim serão submetidos as decisões de grupos que não os representam, que podem mudar radicalmente suas condições de trabalho à revelia de seu contrato original ou mesmo da legislação.
E por fim, será perigosíssimo apelar para a Justiça do Trabalho, pois o risco de perder a ação e ainda ter que arcar com as custas judiciais inibirá qualquer um que ganhe acima R$ 2.212,52. Com isso, apenas trabalhadores remunerados abaixo desse limiar, aliás bem abaixo, para garantir que não o ultrapassem numa alteração salarial mínima, contarão com justiça gratuita, o que dividirá ainda mais as categorias de trabalhadores.
E esses são apenas alguns aspectos da Reforma Trabalhista, ainda que dos mais graves. Há inúmeros outros pontos prejudiciais aos trabalhadores. A Consolidação das Leis do Trabalho, sancionada por Getúlio Vargas em 1943, introduziu um mecanismo inédito de proteção trabalhista numa época que as condições de trabalho não precisavam se diferenciar muito da escravidão. Desde então, ela tem sofrido inúmeros ataques, e este é seguramente o mais nocivo, pois sem revogá-la na íntegra, a enfraquece de forma a deixá-la ainda mais vulnerável a ataques futuros.
E não se iludam aqueles que pensem que o ataque esteja perto do fim. Pelo contrário. Apesar de grandemente deletéria, essa Reforma está sendo considerada praticamente um fracasso pela maior parte de seus proponentes, de Ideologia Liberal, que visavam a uma dilapidação muito maior da legislação. Por mais reprovável que seja nosso Congresso, até mesmo ele opôs alguma resistência a muitas das propostas originais, visto a tradição tipicamente não liberal de nosso país, de modo que o Capital Financeiro Globalista não se deu por satisfeito com a ainda não completa redução do trabalhador à condição de escravidão.
Escravidão que, por essência, é tanto uma relação de trabalho quanto a maior antítese que conhecemos da ideia de Liberdade, justamente aquilo que os liberais fingem que juram defender.
No Brasil o nome pode soar mal, mas a arte marcial portuguesa conhecida como "Jogo do Pau", ou Esgrima Lusitana, é uma das tradições mais interessantes, e desconhecidas, do ocidente. Já tendo ao menos dois séculos de existência e infelizmente totalmente ausente no Brasil. A obra 'O Cortiço', de Aluísio Azevedo, parece ter nossa única referência a ela, ao descrever a luta entre um praticante desta técnica e um capoeirista.
Trata-se de modalidade de luta com bastões que pode à primeira vista lembrar o Kendô japonês, mas com movimentos muito mais amplos e frequente rotação de pulso, numa abordagem bastante distinta de outras artes marciais que utilizam armas similares. Em Portugal, e outras poucas regiões da Europa, há vários eventos esportivos e artísticos do Jogo do Pau, e seria muito interessante se a modalidade fosse trazida ao nosso país. Há uma federação dos praticantes.
esgrimalusitana.pt/federacao
Muitos vídeos interessantes também, que postarei nos comentários.
Aqui vemos uma demonstração cuja indumentária é bem similar a do Kendô, precisando ser bastante reforçada devido à periculosidade dos ataques.
Uma exibição mais artística, com os cuidados necessários para evitar acidentes.
Este curta temático é lindo! Com direito até a Jogo do Pau DE FOGO!
O Jogo do Pau, nas suas múltiplas técnicas, estilos e variantes, é
uma Arte Universal própria do ser humano como criatura eminentemente tecnológica e belicista, na sua procura incessante de afirmação, domínio e poder sobre a Natureza e os seus semelhantes. (VALENTE, 2003, p. 10).
Historicamente o bastão é utilizado como arma em várias localidades do
mundo, já que a partir de uma empiria é possível lograr sucesso com tal instrumento. Logo, o cajado de apoio do andarilho ou do pastor de ovelhas poderia ganhar o status de arma, assim como o pau que um balseiro utilizar para dar impulso à sua balsa. Esta instrumentalização de um bastão de trabalho em arma ocorreu em vários países: Japão (rokushakubô; jô; hanbô; etc.), China (bái lángan; nángùn; etc.), Coréia (bang mang ee; dan bang; jang bang; etc), França (baton), entre muitos outros, assim como Portugal. O bastão possibilita o manejador manter uma distância segura de um agressor, podendo funcionar também como um elemento compensatório contra um inimigo maior e mais forte. Por não estar muito disseminado o uso de armas de fogo na época, saber manejar armas brancas era um enorme diferencial em um combate.
O jogo do pau português surgiu, segundo a Associação Desportiva e Cultural
do Jogo do Pau Português (2014), no norte de Portugal, mais precisamente nas localidades de Fafe e Guimarães e suas circunvizinhanças. Por ser uma arma fácil de ser providenciada, o porte do pau [Bastão de cerca de 1,50 metro, podendo variar de jogador para jogador, mas sempre tendo um
comprimento mínimo que vá do chão até o nariz de quem o manuseia. De acordo com Valente (2003, p. 11), pode ser chamado de outros nomes, como bordão, vara, varapau (como também é referido n´O Cortiço), cacete, tirso, etc.] se tornou regra e seu manuseio foi ensinado dos homens mais velhos para os mais jovens, frequentemente de pai para filho de maneira tradicional, havendo frequentes relatos de varredelas [Combate de um ou dois jogadores contra um número superior.] em diversas localidades. Relativamente bastante presente também na literatura portuguesa, apesar de pouco notado pelas análises contemporâneas, o jogo do pau é mencionado também por Camilo Castelo Branco, romancista português, em seu “Memórias do Cárcere”:
É de saber que Luís Lopes, António Manuel e José Vieira, que ainda vive, foram, em anos verdes, três denodados jogadores de pau, e tamanho terror incutiram nas cercanias de Fafe que bastaria a qualquer deles, para vencer a sua, mandar o pau e não ir... (CASTELO BRANCO apud MONTEIRO, 1997. p 2).
Portugal teve como característica determinante para produzir sua arte marcial o fato de que, ainda na época da escrita do romance, constituía-se em um país ainda reconhecidamente agrícola, fazendo com que o uso do pau como instrumento de apoio para locomoção em grandes distâncias, como ferramenta auxiliar de equilíbrio em terrenos íngremes, ou para “tocar as ovelhas” fosse corriqueiro e fizesse parte do modo de vida dos aldeões portugueses – como era o caso do personagem Jerônimo em uma época de sua vida. Valente (2003, p. 12) recorda várias expressões populares portuguesas que remetem à prática arraigada, embora nem sempre sistematizada, do jogo do pau, como “põe-te a pau!” (“ponha-te em guarda” ou “fique esperto”), “jogar com um pau de dois bicos” (ser prevenido, no sentido de possuir uma segunda alternativa caso a primeira falhe), “quem dá o pau, dá o pão” (alusão à figura paterna, que promove austeridade e é provedora da família em uma sociedade patriarcal), entre outras.
São bastantes escassas as referências bibliográficas acadêmicas acerca da
antiga esgrima lusitana, contudo registros mostram que o pau foi a principal arma dos portugueses na batalha de Aljubarrota contra os castelhanos, conferindo-lhes vitória definitiva. A arma também esteve presente na reconquista cristã do território meridional do país, o qual estava sob domínio dos mouros (DUARTE, 1986).
Com as migrações internas, o jogo do pau se espalhou também para o sul de
Portugal, com destaque a Lisboa e Ribatejo. Forma-se assim duas principais escolas de jogo do pau: a escola do norte e a escola do sul, esta também conhecida como escola de Lisboa. A escola do norte, mais tradicional advinda do ambiente bucólico setentrional, caracteriza-se na prática frequente de combate entre vários jogadores ou, até mesmo, vários contra apenas um. Já a variante lisboeta, de ambiente mais urbano, é um desdobramento da primeira escola, sendo mais esportivizada e especializada no combate de um contra um. De acordo com a divulgação da prática, desdobramentos de cada escola e/ou junções entre elas originaram-se várias maneiras de jogo que atualmente reivindicam-se novas escolas.* Com a emigração portuguesa, o jogo do pau foi levada também para outros países, entre eles o Brasil,
entretanto não encontramos qualquer lugar que supostamente reivindique a prática no país. Pesquisas superficiais encontraram na Venezuela – país hispanófono que recebeu o maior contingente de imigrantes portugueses – o chamado juego de palo venezolano, também conhecido como juego de garrote, prática que muito provavelmente recebeu influência direta ou indireta portuguesa.
Atualmente, pode-se dizer que o jogo do pau “tem cada vez menos praticantes, correndo um sério risco de cair num esquecimento definitivo. Para tratar de evitar sua possível extinção e salvar esta modalidade, a federação [Nacional do Jogo do Pau Português] está promovendo a divulgação e a fundação de núcleo de praticantes da arte do jogo do pau em Portugal.” (ROSA, 2012, p. 47, tradução nossa).
Alguns praticantes, visando a modernização da prática buscando efetividade no combate e mais praticantes, adotam – para além do treino convencional – um treino moderno baseado na prática de shiai (combate livre) do kendo japonês: paus mais flexíveis e armadura protetora similar à da arte marcial japonesa.
Preocupando-se com a sobrevivência da arte marcial, alguns agrupamentos de praticantes promovem oficinas de imersão e cursos rápidos, ministrando-os inclusive para estrangeiros, a fim de que a prática se espalhe para além de Portugal.
* Valente (2003) afirma também a existência do jogo do pau no arquipélago dos Açores, sobretudo na Ilha Terceira, sendo segundo o autor desconhecida a tradição do jogo no território insular. “O jogo do pau nos Açores, nomeadamente na Ilha Terceira, continua envolta numa certa aura de
mistério, desconhecendo-se se existe tradição de jogo em alguma das outras ilhas.” (p. 30). Este excerto possibilita que Jerônimo possa ser açoriano, como suspeitava a personagem Machona em sua exclamação “Ela me parece ser gente das ilhas.” ao se referir à Piedade, esposa de Jerônimo. (AZEVEDO,).
Muitos marxistas costumam falar na abolição da propriedade privada, mas o conceito originalmente enunciado por Marx dizia respeito especificamente à propriedade dos meios de produção, caso contrário, teríamos um processo de expropriação dificílimo de justificar em muitos aspectos.
Pois um conceito primordial de 'propriedade' só pode resultar do trabalho humano. Ninguém nega que quem trabalhou para obter algo lhe tem direito. Que seja o fruto recolhido no alto da árvore, o peixe pescado ou o artefato produzido pelas próprias mãos, é implícito que o autor é seu proprietário. Essa noção intuitiva é tão forte que também legitima transferências de propriedade. Aceitamos que quem não produziu algo tenha direito a ele se o produtor originário lhe concedeu livremente, pois o proprietário inicial pode dispor como quiser daquilo que produziu, e o secundário daquilo que o originário lhe transferiu.
Disto derivam também as trocas e o comércio, numa rede de transferências legitimadas pelo trabalho originário dos produtores, bem como a herança, uma forma mais tradicional de doação espontânea por linhagem genética.
Mas há formas ilegítimas de se apropriar do produto do trabalho alheio, sendo as primeiras o roubo e o furto, bem como fraudes e golpes que convencem temporariamente alguém a ceder sua propriedade e trocá-la por algo que não era o que esperava. E numa escala maior temos as invasões e guerras, em geral usurpações em massa da propriedade alheia.
Porém a maior de todas as forma de expropriação abusiva do fruto do trabalho humano é a Exploração. Quando há uma estrutura sistemática que obriga pessoas a trabalharem em benefício de outrem, como ocorre na escravidão e nas formas de servidão que ainda que possuam um motivo originário, dívida ou espólio de guerra, se perpetuam para muito além do fato que as originou. Bem como pode aparentar ser uma troca mutuamente vantajosa de remuneração por serviços, mas que por meios equivalentes a fraude retiram muito mais benefícios do que concedem.
O grande problema é que uma única expropriação contamina toda a cadeia subsequente de transferências. Mesmo pessoas que façam comércio de boa fé serão prejudicadas se posteriormente descobrir-se que receberam produtos originalmente roubados, e assim, uma massiva exploração originária também contamina toda uma vasta cadeia comercial de trocas e heranças fazendo com que todo o nosso sistema econômico tenha sua legitimidade comprometida.
Não sendo possível sequer rastrear a origem da usurpação original, só resta a qualquer intenção benevolente ir depurando essa impureza por meio de novas produções cada vez menos maculadas por apropriação indevida. Mas isso é bastante complicado uma vez que embora todos possam dar início a um processo originário de propriedade legítimo, por meio do trabalho mais direto como cultivar uma terra ou extrair um mineral, possuímos hoje uma vasta gama de ferramentas e novos meios que maximizam nossa produção e sem os quais estaríamos todos condenados a uma sobrevivência em moldes pré-históricos.
Esses são os 'Meios de Produção', como dizem os marxistas, que possibilitam que hoje possamos atender às necessidades de bilhões de habitantes de uma sociedade de complexidade e tecnologia inéditas na história. Esses meios, porém, são propriedades maculadas do mesmo vício histórico repleto de apropriações abusivas.
É exatamente por isso que a única forma de reiniciar o sistema produtivo e ter alguma chance de reduzir drasticamente nossa tradição exploratória é a Produção Socializada, uma forma de "zerar" uma herança de legitimidade duvidosa. Sem confiscar propriedades arbitrariamente, que poderia ser tão injusto quanto perpetuar indefinidamente a já estabelecida injustiça estrutural, assim, só resta estabelecer uma nova estrutura produtiva coletiva em paralelo com as estruturas privadas, em especial focada na produção de necessidades primárias.
Um verdadeiro projeto Socialista, não exatamente marxista, deve ser focado antes de tudo na produção alimentar, de saneamento, infra estrutura, educação, saúde etc, de base coletiva, o que em nossa sociedade fatalmente será estatal. As indústrias privadas devem se focar na produção adicional desses bens, até como forma de enfrentar a concorrência da indústria coletiva, bem como se deslocar para setores de necessidade secundária. E uma vez eliminadas as condições mais extremas de pobreza e miséria, que vem diminuindo ao longo da história, ampliar a produção coletiva para dar conta de todas as necessidades primárias e parte das secundárias. No entanto, a transição para qualquer abolição da propriedade privada em geral, como os bens pessoais, configura-se impossível por questões psicológicas primordiais do ser humano. Se o Socialismo já é demonstravelmente concretizado em grande parte do mundo, o Comunismo, num sentido literal, continua uma utopia inalcançável, como as experiências socialistas revolucionárias e a simples natureza humana já apontam.
Por fim, a socialização da produção primária implica, claro, em Tolerância Zero contra qualquer iniciativa de apropriação de recursos naturais. Água, energia, solo, minérios, biodiversidade etc, não poderiam jamais estar sob o controle exclusivo de entidades privadas, que evidentemente não as tendo produzido, e pelo fato de que os trabalhadores imprescindíveis à sua exploração praticamente nunca tem propriedade compartilhada das mesmas, não podem de forma alguma invocar o princípio elementar de autoria que justifica o conceito verdadeiramente legítimo de propriedade. Aquele primordial e espontâneo, da qual a humanidade não consegue abrir mão.
Exatamente o que estava precisando: um levantamento abrangente do histórico parlamentar de Bolsonaro a fim de elucidar suas posições. Mostra que em termos econômicos ele já foi bastante alinhado ao PT no Governo Lula, embora contrário antes e depois, dando razão aos liberais para desconfiar de suas recentes inclinações.
Pessoalmente acredito que a guinada liberal de Bolsonaro seja genuína. Pois do ponto de vista puramente eleitoral não faz o menor sentido! Se deixando claro sua rejeição à Esquerda Cultural, ele demonstrasse apoio à Esquerda Econômica de Lula seu eleitorado só aumentaria!
Eu estava prestes a comentar algo assim. A canalha da IstoÉ publica uma capa anti Bolsonaro, e aí uma horda de imbecis acusam a revista exatamente disso que está citado aí em baixo, como se a IstoÉ não odiasse Lula e o PT muito mais do que o seu mito. Pra cada matéria anti Bolsonaro há dez anti Lula, Dilma e PT muito mais virulentas.
Com tal nível de ignorância não dá nem pra sonhar que eles fossem capazes de distinguir a Esquerda Econômica, que a revista odeia, da Cultural, que ela realmente apóia.
A agricultura familiar, geralmente organizada sob a forma da pequena propriedade, corresponde a 84% do total de propriedades rurais brasileiras, mas ocupa apenas apenas 24% da área destinada a agropecuária em nosso país. Ela corresponde a 40% do valor bruto de produção, bem como a 77% dos postos de trabalho na agropecuária. Ela também é responsável por mais de 50% dos produtos da cesta básica do trabalhador brasileiro.
Não obstante, além da já evidente desigualdade na concentração de terras (a média de tamanho da propriedade familiar no Brasil é de 18,37 hectares, enquanto do latifúndio é de 309,18 hectares), a realidade é que o agricultor familiar brasileiro, principal responsável pela alimentação do povo brasileiro, recebe apenas 13% dos recursos destinados pelo governo ao setor agropecuário.
Os outros 87% vão para os grandes latifúndios, menos produtivos que as propriedades familiares, que empregam menos gente que as propriedades familiares, que são utilizados majoritariamente para produzir bens primários para exportação ao contrário das propriedades familiares, que causam mais prejuízo ao meio ambiente que as propriedades familiares, e os quais pertencem, em boa parte, a estrangeiros ou a políticos brasileiros.
Vemos com clareza que essa situação atual, estruturalmente enraizada na história brasileira, que fundaciona a natureza semifeudal de nossa sociedade, além de sumamente injusta é extremamente prejudicial a nós.
Não é apenas a questão da repartição. Deve-se recordar, ainda, que a maioria esmagadora dos latifúndios foi adquirida de maneira irregular, pela tomada de posse à força por bandos armados, contratados por oligarcas, de terras pertencentes a pequenos agricultores, os quais ou eram mortos ou expulsos de suas terras.
A história da terra no Brasil é uma história regada pelo sangue do agricultor brasileiro, que apesar de garantir praticamente sozinho a alimentação do país inteiro, está sempre sob ameaça de ter suas terras tomadas por latifundiários ou por bancos, de ter sua saúde arruinada pelos agrotóxicos, de falir por causa da falta de crédito.
Essa situação não será alterada pela boa vontade dos políticos brasileiros, porque a maioria deles ou pertence a famílias de oligarcas do latifúndio ou está no bolso deles. Tão somente a construção de uma situação revolucionária poderá levar justiça ao campo e comida em abundância à mesa do trabalhador brasileiro.
Todo apoio à agricultura familiar e ao camponês brasileiro!
É fora de dúvida que o Escola Sem Partido no fundo significa "Escola SEM O SEU Partido (o Nosso pode)", e que tais posicionamentos, assim como a visão de mundo do senso comum, das tradições, igrejas etc, são ideológicas. Só que a Teoria de Gênero também o é! E esse texto peca apenas por hesitar ao admitir isso.
Talvez o nome "Ideologia de Gênero" não seja adequado, mas seguramente o Feminismo, e seus Estudos de Gênero, tem como fundamento uma Teoria já bastante consolidada que propõe a Determinação Cultural do Gênero, assim um nome mais completo seria "Ideologia DA CONSTRUÇÃO SOCIAL do Gênero".
A autora tem a sensatez de não se afetar pelo termo 'ideologia', inclusive definindo-a bem. Mas se é assim, ao admitir que a Teoria de Gênero visa mudanças na sociedade, então ela se torna forçosamente ideológica, assim como as visões de mundo conservadoras.
Seria mais válido defender a proposta dessa ideologia em si do que negar que ela exista.
Por mais que Getúlio Vargas tenha cometido vários erros ao longo de sua carreira política, não podemos contornar o fato de que foi durante seu governo que o Brasil mais avançou na direção do desenvolvimento e de se tornar uma potência mundial.
Uma parte fundamental desse processo foi a construção da Consolidação das Leis do Trabalho – uma legislação inspirada axiologicamente na Doutrina Social da Igreja. Contra o mito do trickle-down economics, ou seja, de que para que a economia se desenvolva é necessário facilitar a acumulação de capital pelos mais ricos em prejuízo dos trabalhadores, a CLT mostrou que é possível industrializar um país reduzindo, simultaneamente, as desigualdades sociais.
Não precisamos escolher “desenvolvimento ou justiça social”. É possível ter os dois e demonstrar isso foi uma contribuição importante que Vargas e o Estado Novo deram ao Brasil.
Mas a elite brasileira, rentista e compradora, está em guerra com o legado de Vargas. O golpe de 64 não foi dirigido contra Jango, contra a influência sino-soviética ou o que seja, mas contra a herança sócio-econômica varguista. O Consenso de Washington, assinado por Collor, tinha como alvo o legado público varguista. FHC declarou abertamente o desejo de sepultar o varguismo e se esforçou ao máximo para atingir tal objetivo.
E hoje, exatamente 80 anos após o estabelecimento do Estado Novo, entrou em vigor, como que em uma provocação diabólica, a Reforma Trabalhista, a maior investida já tomada até hoje contra o trabalhador brasileiro e contra o legado varguista.
Mas o legado varguista, independentemente dos erros e falhas do homem Vargas, goste-se ou não de Vargas, é exatamente a garantia mínima de que o brasileiro não será tratado como barata pelos governantes e pela alta burguesia, e de que ainda é possível acreditar em um Brasil potência.
Hienas ululantes comemoram essa derrota do Brasil, achando que vão se beneficiar, do alto de seu “status” de microempresário, com o atropelo das garantias mínimas de justiça social estabelecidas pela CLT. Os beneficiários disso serão os grandes empresários. E se isso fortalecerá ainda mais as grandes empresas, não é fato que, automaticamente, isso será pior para micro e pequenos empresários?
Mas ainda é pouco. Investidores estrangeiros em visita ao Brasil (nenhum deles do setor produtivo, todos do setor financeiro) reclamaram do fato de que essa Reforma Trabalhista ainda é “insuficiente”. O empresário brasileiro ainda não tem o poder de reduzir salários na canetada. E se os parasitas internacionais acham essa reforma insuficiente, vocês podem ter certeza de que, eventualmente, as nossas elites, perpetuamente servis, farão o possível para enfraquecer ainda mais a CLT.
O povo brasileiro ainda não se deu conta das consequências nefastas dessa depredação para seu futuro. A ficha ainda não caiu – porque ainda não doeu no bolso.
Acontecerá por aqui o que tem acontecido nos países de primeiro mundo, após reformas análogas, com a total precarização das relações de trabalho e, consequentemente, com o aumento da pobreza, aumento da desigualdade, aumento dos suicídios, etc.
Resistir a essa investida é questão de sobrevivência.
Penso algo parecido, mas com o acréscimo de que boa parte do terraplanismo (que não é um movimento novo, pesquiso isso desde o milênio passado e há textos citando terraplanismo pré-internet no EVOLUÇÃO BIOLÓGICA), também é uma forma de paródia do criacionismo ou mesmo até uma brincadeira.
No fundo, realmente não parece haver um movimento terraplanista verdadeiramente organizado como o Criacionismo.
Volta e meia eu vejo o mesmo assunto e volta e meia estou batendo na mesma tecla...
O TERRAPLANISMO é spam ideológico, prestem atenção:
Quantos de vocês conhecem um terraplanista? Vocês sabem de algum?
Como essa gente tem tanta propaganda sendo que nem um décimo de um décimo da população ocidental (e isso é um fenômeno ocidental.) acredita nisso?
Como cristãos conscientes no mundo, devemos sempre estar atentos a isso, as formas como somos atacados, para podermos trazer luz onde há trevas.
Eu não tenho certeza porque é difícil saber quem esta investindo, tanto TEMPO e DINHEIRO fazendo propaganda de tamanho absurdo como o terraplanismo, mas eu acredito, que isso seja uma forma de desacreditar indiretamente os cristãos, porque gostando ou não, esses terraplanistas usam a BÍBLIA como fundamento para suas teorias.
Eu não duvido que existam realmente muitas pessoas que acreditem nisso, a maioria por ignorância e falta de conhecimento, mas mesmo essas pessoas NÃO PODEM ser consideradas terraplanistas porque elas não se organizam e nem criam movimentos totalmente baseados nisso, e mesmo que CRIASSEM, eles mesmos não seriam capazes de PROPAGAR um movimento tão difundido quanto é o terraplanismo a ponto de ser um assunto recorrente na maioria dos grupos que discutem política, filosofia e sociologia.
Assim sendo, acredito que o terraplanismo é sim um SPAM IDEOLÓGICO manufaturado para atacar o cristianismo de forma indireta, causando assim uma situação que tem função dupla, fazer com que as pessoas fiquem mais e mais descrentes ou então empurrando elas para o fundamentalismo forçado e estúpido.
Uma das peculiaridades do terraplanismo, é o fato de que não se veem pessoas pregando isso diretamente, é algo feito para atrair pessoas pela CURIOSIDADE ao assunto, onde dessas, menos de 1% passa a acreditar nisso, geralmente alguém que já tenha alguma pré disposição para o fundamentalismo.
Outro exemplo, apesar de inverso, é o movimento PRÓ-VIDA.
Geralmente os pró-vida, são cristãos, são um movimento organizado e muito grande, maior do que a maioria das pessoas imagina, com argumentos muito objetivos acerca do que defendem,
Só que quando o movimento pró-vida ganha algum destaque, geralmente é uma nota de rodapé em alguma reportagem ou matéria, citando o mesmo com desdém e desprezo, provavelmente por estar rivalizando com movimentos pró-aborto
Conseguem perceber a sutil diferença?
O terraplanismo só não ganha mais destaque, porque como a vasta maioria das pessoas não acreditam nisso, e tão pouco perdem tempo falando ou pensando no assunto, então não é possível dar mais destaque a ele do que ele já tem, não importando o tamanho da divulgação feita quanto a isso, é o legítimo caso da propaganda que não atrai.
O movimento pró-vida entretanto, por maior que seja, não vai receber o mesmo destaque que o terraplanismo, porque não é uma pauta de interesse, seja lá de quem for que esteja investindo nisso, não quer que as ideias pró-vida se propaguem.
Em ambos os casos, são movimentos cuja a grande base de suporte é cristã, só que um deles realmente tem legitimidade, enquanto o outro não, um mostra um aspecto positivo do cristianismo, o outro um negativo, um é verdadeiro, o outro é manufaturado.
Enfim, estejam alertas, sempre que verem pessoas defendendo absurdos como o terraplanismo, questionem a veracidade e legitimidade desses movimentos.
O historiador Edward Gibbon, conhecido colosso das letras inglesas, afirmou certa vez em tom colérico que não trocaria seu amor pela leitura nem mesmo pelos exóticos tesouros das índias. O filósofo e matemático francês Rene Descartes dizia que a leitura dos bons livros era como ter o privilégio de participar das conversas entre os melhores espíritos dos séculos passados.
Um de nossos grandes críticos literários, o já infelizmente falecido Antônio Cândido, escreveu em seu ensaio “O direito à literatura”, que a leitura possibilita a vivência de nossos problemas sociais e existenciais de maneira dialética, já que a poesia, a prosa e a ação dramática constituem em si todas as formas de pensamento que atravessaram os séculos no mundo ocidental, daí uma relevância essencial para se cultivar o gosto pelas letras.
Cândido, em outro ensaio bastante conhecido, analisa a tradição literária brasileira de 1900 até 1945 e chega à devastadora conclusão que, primeiro, nunca tivemos uma elite fortalecida e verdadeiramente letrada e, segundo, que o ano de 1930 foi avassalador para qualquer pretensão de projeto literário social no Brasil.
Segundo o autor, nesse ano a queda do mercado editorial é catastrófica porque, junto com ela, o Brasil vive a ascensão da era das radionovelas e do cinema. A relação entre os escritores e o público de massa, que sempre havia sido problemática, fica ainda mais remota e difícil, já que o texto escrito, a “literatura literária” por assim dizer, começa a viver um período de relativa crise com o surgimento dos novos meios de comunicação e entretenimento – a televisão e o rádio –, que exploravam exaustivamente aquilo que no livro é limitado e se torna difícil para quem não está enquadrado dentro de certa tradição: o som, a palavra oral e a imagem.
O grupo de analfabetos havia diminuído consideravelmente neste ano e como consequência aumentado o grupo de leitores, mas à medida que o número desse último grupo crescia, eles rapidamente eram conquistados pelos novos meios de comunicação de massa. Cândido conclui que o povo brasileiro, então, tem grandes dificuldades para entender o romance, por exemplo, como forma de entretenimento, o que isola a literatura dentro de grupos restritos, elitizando-a completamente. Isso foi resultado, segundo ele, do salto que demos, pulando a fase escrita e literária, e indo diretamente para a era do rádio, da televisão e da imagem, daí a dificuldade para popularizar a leitura de livros em nosso país.
Nós, membros da dissidência política do DF, defendemos um retorno absolutamente essencial aos livros. Acreditamos que, no Brasil, a televisão tem sida inimiga do povo e deve ser combatida, sobretudo as grandes emissoras que tem cada vez mais prestígio entre nossa população, que acredita ingenuamente estar consumindo material e conteúdo puramente recreativo, sem ter nem ideia desse terrível projeto propositalmente colocado em prática no país para afastar a classe trabalhadora da leitura enquanto a aproxima sorrateiramente das formas mais baixas e pobres de fabulação artística, como novelas e filmes que falta nenhuma fariam se não existissem.
É preciso uma grande mobilização nacional, seguindo o luminoso exemplo da Venezuela de Chávez, que criou um programa de combate ao analfabetismo, incentivando a leitura costumeira e voraz entre jovens, dos clássicos aos contemporâneos, da literatura ao jornalismo político. A lista do grande líder patriota venezuelano era de fato formidável, uma dieta de clássicos espetacularmente rica e nutritiva que ia do “Dom Quixote” até a filosofia alemã.
Informados dessa nossa deficiência, é preciso que lutemos coletivamente para um retorno à era da palavra escrita! O povo precisa redescobrir seus encantos para que se fortaleça com conhecimento real e verdadeiro. É preciso popularizar o gosto pelos livros, pela nossa literatura, pelos nossos escritores, tornando-os mais essenciais ao imaginário popular do que bens materiais.
É necessário que a mentalidade nacional esteja univocamente concentrada na ideia de que os livros são os tesouros mais preciosos, as bases e os alicerces da nação, e que essa paixão deve ser passada de pai pra filho como a joia mais importante de nossa cultura.
Esse fim de semana eu tive o desprazer de ouvir uma comemoração ao comentar o corte das bolsas de pós graduação do CNPq. No momento eu fiquei extremamente consternada com essa comemoração, mas comentando essa atitude com outras pessoas, me lembraram que podia ser apenas ignorância, então como bolsista do CNPq, eu vou explicar.
No Brasil, não existe a profissão cientista. Sabe quando vc vê na TV que "cientistas da Universidade tal descobriram que o zika vírus causa microcefalia"? então, esses cientistas são os pós docs, doutorandos, mestrandos e ics, beneficiados pelas bolsas do CNPq e Professores com bolsa de produtividade . Tirando poucos institutos, como o Fio Cruz, a maioria da pesquisa no Brasil é produzida por universidades. Quem desenvolve vacinas, novas técnicas cirúrgicas, controles de qualidade, tecnologias renováveis e até mesmo foguetes pra lançamento de satélites são esses que terão suas bolsas cortadas em setembro.
Essas pesquisas são financiadas pelo governo e os cientistas, que fazem a pesquisa acontecer, também. Mas porque financiar cientistas? Se nós somos cientificamente dependentes, precisamos importar tecnologia. Um exemplo bom disso foi o meu projeto de mestrado, onde em parceria com uma empresa, desenvolvemos um método simples e barato para analise de óleo de peixe utilizado na fabricação de cápsulas de ômega-3. Antes a empresa precisava mandar pra Alemanha e o resultado levava semanas pra sair. Agora a empresa consegue fazer no mesmo dia que o material chega, economia para a empresa e mais segurança para os consumidores. Mas também serve para medicamentos, que podem ser produzidos no Brasil, sem a necessidade de comprar algo patenteado no exterior.
Estaríamos sendo "pagos pra estudar"? O trabalho em laboratório exige tempo, muito tempo. Eu trabalho diariamente 8 horas. Tem dias que eu trabalho 10, 12, 14 horas. Se o experimento ta dando errado ou enfim dando certo, não é incomum ficarmos madrugada a dentro. Trabalhar fim de semana ou em casa quando voltamos é mato. Não é possível uma pessoa ter um segundo emprego e levar a pesquisa a sério. Por isso recebemos bolsa. Porque por mais amor a ciência que nos tenhamos, amor não paga boleto e precisamos nos sustentar. Se você trabalha merece pagamento. Ninguém trabalha de graça.
Mas será que é essa bolsa que esta quebrando o Brasil? Um aluno de doutorado recebe hoje 2200 reais, os de mestrado 1500 e os ics 400 reais Lembrando que nosso trabalho consome o dia todo e não temos direito a 13o, férias, adicional de insalubridade, FGTS.... 2200 reais é o salário inicial de muitas profissões, é o salário de concurso p técnico administrativo nível ensino médio . Eu sou uma profissional com anos de experiência em pesquisa e desenvolvimento e eu e todos os meus colegas recebemos isso.
Minha (nossa) bolsa é a remuneração por um trabalho exaustivo e muitas vezes insalubre, Não é mamar nas tetas. Isso quem faz é aquele povo lá em Brasília que ta cortando a verba pra ciência.
A capa da edição 2555 da revista mais canalha do Brasil, ainda a ser lançada no dia 8, me lembrou que preciso deixar mais clara uma advertência que tenho feito apenas de passagem:
Quanto mais pessoas se derem conta de que o binarismo "Esquerda-Direita" é estúpido, MAIS A MÍDIA INSISTIRÁ NELE! Pois somente assim o maior jogo de manipulação de massas da história pode funcionar devidamente.
Entre as fotos dos dois líderes em intenções de voto, o semanário sacripanta declara: "Com Lula e Bolsonaro liderando as pesquisas, ganha fôlego a busca por nomes de centro, como Luciano Huck e Henrique Meirelles" E logo abaixo fala em entrevista com "...o estrategista de Emmanuel Macron (...) que venceu os extremos na França."
Pronto! Está sacramentada a fraude de uma imaginária linha ideológica no Brasil onde teríamos uma "Extrema Esquerda" e uma "Extrema Direita", negativamente rotuladas pela simples carga do conceito de 'extremismo', enquanto a sensatez estaria no 'centro'!
Que não se pense que trata-se apenas de incompetência energúmena, e sim de perfídia muito bem pensada que visa insinuar que as características que atraem o eleitorado, de um lado a Esquerda Econômica de Lula e do outro a Direita Cultural de Bolsonaro, seriam inconciliáveis, que é impossível ter as duas ao mesmo tempo apesar de ser exatamente essa a demanda da maioria esmagadora da população. Qualquer candidato que se aproxime dessa massiva demanda popular, a exemplo aparente de Levy Fidelix, estará condenado ao obscurecimento, ou no máximo lembrado apenas de forma negativa.
Ao mesmo tempo a hipocrisia hedionda das elites midiáticas não tarda a empurrar como "centro" justo a absoluta antítese do desejo popular, que é a Direita Econômica (Liberal), e a Esquerda Cultural (Liberal). Assim é o globista Luciano Huck, que promete trazer a reboque o "cérebro" da política econômica mais odiada de todos os tempos: Henrique Meireles.
A maior parte do povo também detesta a Direita Econômica, não quer saber de privatizações, desregulação de mercado de capitais, isenção de impostos aos mais ricos ou demolição da legislação trabalhista. E só não consegue se mobilizar em maior número para ir às ruas contra isso porque teria que se misturar justo com com a militância da esquerda cultural, indo protestar por razões econômicas mas tendo que aguentar bandeiras arco-íris e "azul, branca e rosa," se é que não terá que aguentar um cover de Pablo Vitar ao seu lado.
Só existe aparente apoio popular a uma dessas causas liberais justo pelo repúdio da outra, ou seja, quem não suporta mais a exploração econômica brutal e a desfaçatez com que a elite rouba o país chamando isso de "progresso", vota naquela que parece ser a única saída possível, uma esquerda que trás a reboque causas como casamento gay, 1001 novos gêneros e aborto. E quem não suporta essas patifarias que também são chamadas de "progresso", vota numa direita que trás amalgamada políticas que aumentam ainda mais a fortuna dos já riquíssimos e tornam mais pobre a vida da maioria da população.
E assim, crendo só ter essas duas opções, a esquerda e a direita se revezam no poder como já ocorre nos EUA, onde os Republicanos fingem se importar com os valores morais e familiares e os Democratas fingem se preocupar com as necessidades materiais da maioria, mas no fundo o que vai sendo levado adiante é a agenda do globalismo liberal, mais e mais liberdade para os mais ricos, menos e menos opções para a grande maioria vencer a pobreza, mais e mais privilégios para minorias, menos e menos respeito para as tradições culturais.
E como se isso não fosse ruim o suficiente, ainda me vem a corja mafiosa dos Civita, e dos Marinho, tentar empurrar uma coisa ainda mais nefasta, um globista safado para selecionar justo o pior dos dois cenários.
E a vejice de cada semana nos dá hoje mais um exemplo de canalhice e hipocrisia esquizofrênicas, querendo empurrar como "centro" para disputar contra candidatos populistas, um globista e outro que é o principal pivô da política econômica mais rejeitada de todos os tempos. E ainda acrescenta um "temperinho" extra com um elogio ao "centrista" Macron.
Admito. Não é fácil concentrar tanta calhordice em tão poucas frases.
Houvesse um prêmio para os maiores vira-casacas e puxa-sacos de todos os tempos, o sul coreano PARK CHUNG-HEE seria um fortíssimo candidato. Nasceu no interior da Coréia ocupada pelo Japão, mas nunca gostou de seu próprio povo e admirava os invasores a tal ponto de ingressar em escolas de guerra japonesas para lutar a favor do Império nipônico e adotar um nome japonês, graduando-se oficial em plena Segunda Guerra Mundial e indo servir no pais do Sol Nascente.
Mas com a derrota do Japão, voltou para seu país e ingressou na academia militar coreana, e seguindo os ventos da mudança passou a apoiar os comunistas até ser preso e ameaçado de morte. Depois com a intervenção norte americana que daria início à guerra, passou a trabalhar para os EUA (aquele mesmo que humilhou o Japão) a ponto de ir treinar como militar nos Estados Unidos.
Depois de eliminar qualquer dúvida de sua supremacia em vira-latice, foi empossado como "presidente" (leia-se capacho dos EUA) da Coréia do Sul, liderando uma ditadura ainda mais violenta que a de Syngman Rhee, para o qual mandar fuzilar milhares de uma vez só não era problema. E sob um regime estatista severíssimo "promoveu" o milagre econômico coreano, liderando a edificação dos fundamentos que tornaram a Coréia do Sul a potência que é hoje, apesar das inúmeras críticas da violência da ditadura que liderou.
Que milagres do tipo costumem ocorrer sob governos nada liberais tanto no oriente (vide URSS, CHINA e Japão) quando no ocidente (Brasil, Chile e Argentina) é algo que só apolegetas das fantasias liberalóides não sabem, acreditando piamente que é só "liberar o mercado" que tudo dá certo.
Sem questionar a competência técnica de Park Chung-Hee, fato é que toda sua política sempre foi voltada à subserviência ao poder maior, mesmo que seja invasor, e que o fato de ter sido assassinado pelo seu "melhor amigo desde juventude" é apenas um dos sinais do tipo de fidelidade e alianças que promoveu ao longo da vida.
Por um acaso, ele também é pai da presidente Park Geun-hye, que tem em comum com Dilma o fato de ter sido a primeira mulher no poder do país, e também ter sofrido um impeachemnt após um escândalo de corrupção envolvendo grandes empresas, que colocou até o presidente da Samsung na cadeia.
Um belo depoimento de alguém que realmente descobriu o significado de Igualdade de Gêneros. (Sem tradução em português, mas a legenda automática em inglês está ótima.)