Em 2 de Abril passado, o mundo registrava Um Milhão de Infectados e 50 mil mortos pelo COVID-19. Hoje, 2,5 meses depois, o Brasil atinge sozinho as mesmíssimas marcas. Em número absoluto de mortes, não existe mais possibilidade alguma de "perdermos" o segundo lugar, a única dúvida é se iremos passar os EUA. Pessoalmente acho que não, mas mantenho minha última estimativa de NO MÍNIMO 87 mil mortes, muito provavelmente passando de 100 mil, até setembro. Hoje, trago aqui, mais uma vez, a realização de uma previsão que fiz em 23 de Maio, de que ficaríamos, no mínimo, em 11° no quantidade proporcional de mortes, excluindo países com menos de um milhão de habitantes, como sempre faço.
Eis a lista. (Por motivos de diagramação (no Facebook) desisti de colocar também os números de mortes totais e a população como fiz em 2/6)
Em 2 de Junho também previ que passaríamos o Equador e o Canadá, e que não estava certo se entraríamos no Top 10. O motivo não expliquei na época para resistir a tentação de fazer uma infame piada com algo tão trágico, considerando que tínhamos o Peru insistentemente na "nossa cola". Como se vê, o índice é o mesmo do Brasil por arredondamento, mas também porque sendo menos populoso, o impacto é mais sério. Nosso maior "rival" nesse desgraçada "corrida" tem sido o Peru. Houve uma estranheza, pois o índice da Espanha foi diminuído, provavelmente por alguma nova metodologia de contagem. Mas o ponto é que eu continuo não crendo que cheguemos ao topo da lista. Talvez passemos a Irlanda ou a Holanda (um dos exemplos bolsonaristas a serem seguidos), talvez até mesmo os EUA (que alardeou a história da hidroxicloroquina), mas duvido que cheguemos no nível da França (que começou com a história da cloroquina) ou da Suécia (o outro exemplo a ser seguido segundo o bolsonarismo). Esta é a quinta edição dessa lista que faço desde 19 de Abril, com dados do Worldmeters. E não esqueçamos, ATÉ HOJE Bolsonaro não demonstrou NENHUMA real preocupação com essa tragédia, não moveu nenhum esforço no sentido de minimizá-la, continua a subestimando e fazendo de tudo para sabotar os esforços de contenção, desde sucatear o auxílio emergencial para pessoas físicas quanto os empréstimos para micro, pequenas e médias empresas, enquanto os bancos já foram agraciados com 1,3 Trilhão de injeção de liquidez! Até desprezar qualquer programa de saúde real, se limitando a tentar maquiar os números sem sequer a decência mínima de dar alguma satisfação à sociedade com um novo ministro da saúde, condenando o país ao repúdio internacional, ao isolamento econômico e ostracismo diplomático. Sim. BOLSONARO É UM GENOCIDA! É UM SOCIOPATA! UM CALHORDA DA PIOR ESTIRPE que, tal como o restante de sua equipe e os dementes que ainda o apoiam, é completamente indigno de respeito! O que passa na cabeça de um cineasta ao fazer um filme como AD ASTRA? Pergunto-me sinceramente. (Spoilers Leves! E os que tem, garanto, vão mais atenuar decepções do que frustrar surpresas.) 1. Não pode ser agradar aos fãs de space operas e de aventuras espaciais. Pois apesar de possuir boas cenas de ação com as quais é possível fazer um trailer eletrizante capaz de passar a impressão de se estar diante de um cruzamento entre Star Wars e Interestellar, são todas elas desconectadas entre si e concentradas no primeiro terço a primeira metade do filme. O que resulta num efeito estilo "Apocalipse Now", onde a mais famosa sequência de ação na Guerra do Vietnã está logo no primeiro terço do filme, e nada equivalente resta mais, deixando em qualquer entusiasta uma sensação de puro marasmo durante todo o restante do filme. Ademais, não há qualquer narrativa épica que dê algo mais à ação além de pirotecnia. 2. Mas também não pode ser dirigido aos fãs de produções mais High Sci-Fi, pois apesar de no começo do filme termos uma produção acurada em termos físicos que até anima os fãs de Gravidade, Perdido em Marte ou, parcialmente, os de Interestellar, esse cuidado desaba assim que se chega ao interior da base lunar, onde todos caminham normalmente como se estivessem sob gravidade terrestre ao ponto de um senhor mais idoso manifestar cansaço da mesma forma e em momento algum ninguém sequer notar que a gravidade lunar não só é 1/6 da terrestre, como ficaria ainda mais baixa numa ambiente com atmosfera pressurizada. Pra piorar, o argumento estrutural que justifica a jornada do protagonista é de uma estupidez ultrajante, ao preconizar a necessidade do mesmo se deslocar até Marte para que possa enviar uma mensagem para Netuno. Na melhor das hipóteses, isso significaria fazer uma viagem de 50 milhões de km, que demoraria semanas no mínimo, para economizar 3 ou 4 minutos numa transmissão que demora umas 6 horas para alcançar o destino. Na pior seria viajar mais de 200 milhões para economizar 10 minutos. Supondo claro, que Netuno e Marte estejam ambos em oposição à Terra, ou ambos não, caso contrário... alguém mereceria apanhar de cinta! E como se isso já não fosse ruim o suficiente, tem mais. De Marte para Netuno, diz-se que a viagem irá demorar pouco mais de 79 dias! SETENTA E NOVE DIAS!!! Esses caras aprenderam astronomia com terraplanistas?! Ad Astra se passa num breve futuro com uma tecnologia um pouco mais avançada, mas em nada essencialmente distinta da atual. Não tem o Hiperdrive de Star Wars, não tem o Alcubierre Drive de Star Trek e nem mesmo o Epstein Drive de The Expanse, que é o mais modesto mas já daria conta do recado. Só que isso implicaria em manter aceleração constante simulando gravidade terrestre por dias até chegar à velocidade média necessária de uns 2,5 milhões de Km/h, ou uma aceleração mais fraca e mais longa, e depois no meio do caminho desacelerar na mesma proporção. Mas em momento algum é sequer vagamente sugerido que o astronauta sinta qualquer aceleração, estando o tempo todo flutuando em microgravidade como se estivesse na Estação Espacial Internacional! Noção Zero de realidade! 3. E por fim, do ponto de vista filosófico e especulativo comparável a obras como 2001, The Arrival ou mesmo vários episódios de Star Trek, Ad Astra atinge um nível de insulto à inteligência absolutamente insuportável. Quando no clímax final, toda A GRANDE REVELAÇÃO do filme é que o Projeto Lima, em Netuno, PROVOU, repito, PROVOU, que não há nenhuma outra forma de inteligência no Universo ao simplesmente falhar em confirmar um suposto sinal previamente detectado. Sim! É isso mesmo! Um projeto foi enviado a Netuno, sabe-se lá por quê, para, sabe-se lá como, averiguar a existência de vida inteligente não humana, e sabe-se lá de que jeito, ao não obter qualquer resultado positivo, PROVOU QUE NÃO EXISTE, em nenhum dos infinitésimos trilhões de galáxias com quatrilhões de sistemas estelares em zilhões de planeta que nem tecnologias fictícias absurdas como a de Star Wars jamais se atreveram a chegar perto de esgotar!!! É pra isso que passamos 1:30 assistindo um desenrolar confuso de dramas existenciais focada na dificultosa relação entre um pai e um filho astronautas! 4. Não que o filme não tenha seus méritos. A sequência de abertura é fabulosa, apesar de suceder uma citação simplesmente infantil. "Num futuro próximo, um tempo tanto de esperança quanto de conflito, a humanidade olha para as estrelas procurando por vida inteligente e pela promessa de progresso." Nossa! Podiam ter pelo menos pego o vencedor, e não o prêmio de consolação, do concurso de frases do jardim de infância! Mas, voltando, visualmente é sim frequentemente espetacular, a cena do combate lunar é ótima e até compensa as cenas internas da base, e a sequência dos macacos assassinos, perfeitamente acurada, bem poderia render um filme inteiro. Brad Pitt está fleumático e inexpressivo, mas isso é perfeitamente condizente com a frieza do personagem, e as participações de Donald Shutterland e Tommy Lee Jones são enriquecedoras, apesar da pieguice da sequência final, que apesar de tudo, também tem um belo visual e fiquei pensando se alguma sequência de ação mais agitada, por mais arbitrária que fosse, não poderia ter salvo o filme para o público referido no item 1. Pena que a premissa dos "pulsos eletromagnéticos" vindos de Netuno e que estavam causando severos danos na Terra, já difíceis de levar a sério se fossem um fenômeno natural, nos levando a pensar na ação de uma estupenda tecnologia alienígena, se revelam um non sense tão imbecil que chega a rivalizar com todos as demais. (Se era só um reatorzinho pequeno porque então não fizeram um maior e dispararam de volta destruindo-o?!) Enfim, acho que o único público possível de Ad Astra é o de fãs dos atores e apreciadores de dramas existenciais e familiares que queiram variar a ambientação e não dêem a mínima para a plausibilidade física, coerência tecnológica ou e especulações típicas da Ficção Científica. Uma sessão da tarde intelectualmente pretensiosa para se ver e esquecer no dia seguinte. Mas fico com a pergunta: O que James Gray, que nunca havia dirigido FC na vida (embora tivesse feito o bom Lost City of Z, que comentei brevemente em 17 de Janeiro), tinha em mente com esse filme? QUE HÁ DE ERRADO NESSA IMAGEM? Pelo ponto de vista externo à seita bolsonarista, a simples presença das outras bandeiras, mas pelo ponto de vista da mentalidade bolsonarista, o fato da bandeira do Brasil estar em cima. Ela deveria estar, NECESSARIAMENTE, em baixo, restando discussão apenas se seria a de Israel ou dos EUA no topo. Explico. Israel é, segundo a mentalidade judaica tradicional, a representação do povo escolhido por Deus, pouco importa quantos bezerros de ouro eles construam por dia, ou quantas vezes sejam punidos, continuam sendo o povo escolhido. Do ponto de vista sionista, por mais secularizado que seja, essa pretensão permanece, garantindo o direito de invadir terras alheias, pilhar seus recursos e chacinar suas populações, porque seu Deus já lhes teria dado esse direito antes, como relatam as passagens do Antigo Testamento, onde o hebreus podiam invadir terras alheias, pilhar seus recursos e chacinar suas populações com a benção do divino. Sendo OS ESCOLHIDOS por Deus, TODAS AS NAÇÕES DA TERRA seriam seus subordinados, e assim, os próprios EUA não passariam de serviçais agindo a favor de seus interesses, COMO DE FATO AGEM na questão palestina. Porém, do ponto de vista de qualquer cristão que se preze, não é preciso sequer compreender teologias dispensacionalistas para saber que essa pretensão judacia teria sido superada pelo Primeiro Advento. Jesus teria vindo para estender a graça divina a todos os povos do mundo, não sendo mais necessário ser um judeu para ser escolhido, mas sim, somente a conversão. Israel então deixa de ser o povo escolhido e passa a ficar em pé de igualdade com quaisquer outros povos. Nesse sentido surge o Cristianismo Católico, KATA HOLOS, o que significa algo como "para todos", ou "todos juntos". O advento do protestantismo abriria porta para um retrocesso nessa visão, pois surgiriam estranhices tais como o Calvinismo e sua eleição incondicional e LIMITADA dos salvos, o que condenaria novamente a maioria da humanidade ao esquecimento, sem que houvesse qualquer coisas que os preteridos pudessem fazer para serem salvos. Bem como surgiriam doutrinas cada vez mais sectárias até o ponto de retrocesso praticamente total do Neopentecostalismo, que não passando de sionismo disfarçado, reelege novamente Israel como povo escolhido e, assim, seria mais uma vez, sua bandeira que deveria estar no topo, mas sendo os EUA seu principal, praticamente o único, apoiador, ele viria em seguida. Mas de um ponto de vista semi cristão menos degenerado, e sobretudo não-católico, os EUA foram escolhidos para serem, de certa forma, a "Nova Israel". A doutrina do Destino Manifesto e do Excepcionalismo Americano os considera como uma nação fundada sob prerrogativas especiais que tem não só o direito, mas a obrigação de assumir a liderança do mundo sob quaisquer meios disponíveis. Por isso muitos acham que os EUA podem invadir terras alheias, pilhar seus recursos e chacinar suas populações em nome da "democracia" e da "liberdade". Nesse sentido, eles estariam acima de Israel como o povo escolhido numa nova dispensação cósmica, e assim apenas respeitariam Israel como a escolha anterior, mas que guardaria sempre uma prerrogativa especial e mereceriam ser tratados com deferência. Logo, teríamos a bandeira dos EUA acima da de Israel. E o que seria o Brasil em qualquer desses casos? NADA! Capacho! Escravo! Servo! Na melhor das hipóteses, um bom empregado, sempre obediente e submisso, dedicado a defesa de seus senhores. Ter nascido brasileiro só seria tolerável enquanto houver dedicação total a atender os interesses dos EUA ou de Israel, e não importa qual deles esteja no topo, ambos estarão acima. Essa doutrina, claro, é ABSOLUTAMENTE ESTRANHA à essência da brasilidade, que além do Catolicismo, sinergicamente também se apoia em tradições africanas, indígenas, e de outras influências, como a árabe, a alemã, até mesmo japonesa, ou quaisquer outras mais ou menos presentes na formação do país, que deveria ser pautada pela essência do TODOS JUNTOS, ou PARA TODOS, e não para atender os interesses de um povo ou país estrangeiro em especial, confiante em sua prerrogativa divina. É claro que a maioria dos bolsonaristas jamais seria capaz de compreender isso. Diferente de um Olavo de Carvalho ou de um Edir Macedo, que sabem exatamente do que se trata, a maioria deles são mentecaptos incapazes de compreender as doutrinas que os controlam, e portanto reagem a símbolos e mitos mais por condicionamento comparável ao pavloviano do que por adesão consciente. Mas se colocassem as bandeiras de EUA e Israel acima da do Brasil, ganhariam em termos de ao menos um passo dado no entendimento da ideologia à qual servem, dando um passo atrás na hipocrisia, e entenderiam que há um sentido muito mais profundo no fato de seu mito bater continência para a bandeira dos EUA e reverenciar a de Israel. Ontem, meus dois meninos me deixaram orgulhoso de modos diferentes. O mais velho pegou tubos de plástico fino, uma curva de PVC, um acessório de cinto de segurança infantil e, com fita isolante, improvisou uma estilosa escopeta de brinquedo que até mesmo move o "carregador". O mais novo, por sua vez, pegou o brinquedo pronto e deu-lhe outro sentido, dizendo ser um instrumento musical, passando a tocá-lo e até obtendo, pelo soprar dos tubos, alguma sonoridade. E que ninguém pense em especular características psicológicas dos dois por isso, pois são ambos assim como o pai. Sou músico, mas também sempre tive admiração por armas e temas de guerra, embora se dependesse de mim, não existiriam armas de fogo, nem mesmo de longo alcance, tudo seria resolvido em combate direto com armas brancas. De qualquer modo, a relação entre arte e guerra não é nada estranha, e ainda menos entre armas e instrumentos musicais. É altamente provável que o primeiro instrumento de corda tenha nascido de arco para disparar flechas, que haja relação entre uma flauta e uma zarabatana, e que o som de uma bastão ou uma fita de funda se movendo em alta velocidade tenha motivado inspirações musicais. A presença dos tambores nas guerras, bem como das trombetas, é fato histórico repleto de passagens interessantes, batalhas foram vencidos no blefe de um toque de avançar uma cavalaria inexistente, e nos quarteis os soldados passam mais tempo dedicados a paradas militares com músicas empolgantes do que com exercícios de guerra. Por sinal, adoro marchas militares, aliás cresci as ouvindo. Meu pai era militar, foi Cabo no exército e Sargento no Corpo de Bombeiros, e sendo da banda, sua arma era a flauta transversal. Acho o hino da marinha, Cisne Branco, uma das mais belas composições já feitas, e Star and Stripes Forever, um hino informal dos EUA, mais belo que o hino oficial The Star-Spangled Banner, e que foi composta por John Philip Souza, um filho de português, é também de uma beleza inegável que transcende por completo questões políticas e ideológicas. Muitas das mais incríveis músicas remetem à guerra, desde a Cavalgada das Valkírias, de Richard Wagner, passando pela insuperável trilha sonora de Star Wars, de John Williams, até a Disposable Heroes, do Metallica, e até mesmo a minha própria Legião de Ataque Celestial. O reverso também se dá. Sem a música, não só as festas, mas igrejas ficariam vazias, as tropas não teriam ânimo, e não existiria sequer patriotismo. Acha que é por acaso que absolutamente todos os países tenham hinos? O mundo certamente seria um lugar melhor se cada arma fosse magicamente transformada num instrumento musical, mas infelizmente a violência é o pré-requisito da existência, e as armas não passam de um reflexo de uma ordem natural predatória engendrada desde as bactérias, pelo menos. De certa forma, a existência da música, e da arte em si, é um dos maiores pilares da disposição existencial. E se poucos são capazes de tocar um instrumento musical, enquanto qualquer um é capaz de "tocar" "um instrumento que sempre dá, a mesma nota, rá-tá-tá-tá", isso não muda o fato de que praticamente todos apreciam música (a amusia é uma raridade) que é muito mais presente em nossas vidas que a violência. Sem a violência a vida seria impossível, mas sem a música ela seria insuportável.
Apesar de ser um apreciador de Heavy Metal, não ser religioso e ter mesmo estudado religiões pagãs, incluindo Wicca, sempre tive enorme resistência ao uso de imagens facilmente associáveis à ideia de Mal. Por mais que tenha sido fã de Iron Maiden, ninguém jamais me viu usando camisas pretas com imagens horríveis. Tenho repulsa à estética estilo Hellraiser, "Piece of Mind" e H.R.Giger, e tenho resistência até mesmo ao estilo gótico clássico. Se já é assim no mundo da arte, que dizer de quando a mesma estética sinistra se manifesta abertamente num movimento político ideológico, e que ainda por cima está associado a supostos defensores da família, da religião cristã e que até mesmo se auto intitulam "do Bem!". Malgrado o fato da hipocrisia frequentemente grassar entre os que se esforçam demais para ostentar uma imagem limpa, clara e benevolente, não se pode esperar coisa melhor quando se ostenta, deliberadamente, uma estética sombria, maléfica, ameaçadora, evocando claramente símbolos que trazem tanto incômodo que os próprios adeptos fazem questão de se esconder atrás de máscaras. A mensagem que passa é a de uma Persona, uma simulação, por fora, mas que no interior do Self o que se vê é realmente aquela dimensão trevosa. Ostentam seus rostos reais às claras em momentos simbólicos mais aceitáveis, com indumentárias coloridas, mas os escondem quando assumem seus papéis mais profundos. O retrato perfeito da ruptura entre o que se quer mostrar publicamente, e o que se é interiormente. E a questão vai além de uma mera afetação estética. Quando foi, neste mundo, que algo de bom adveio de mascarados e encapuzados marchando à noite com tochas? O que se pretende simbolizar com o uso de máscaras de demoníacos assassinos seriais em massa? Como é que a defesa da família cristã, da moral, dos costumes, de repente se transforma numa alegoria cuja imagética é praticamente de um simbolismo "satânico". Isso é antigo na humanidade e a explicação é simples. Tal qual nos bailes de máscaras europeus, nas versões carnavalescas mais macabras e em muitas sociedades secretas de teor profano, essa estética remete ao inconsciente, às pulsões primitivas e violentas, que, freudianamente, o Ego prefere ocultar nas profundezas do Id, em respeito a um Superego alheio à sua natureza e compreensão, que o força a se esconder. Mas transformar isso em algo mais que um escapismo pontual que dá extravasão momentânea a impulsos primevos, ao ponto de elevá-lo a uma seita, uma sociedade secreta ou um movimento ideológico, é um sintoma claro de um desarranjo psicológico que invés de ser tratado se transforma em agente que pretende transformar a sociedade, e não rumo a um estágio mais aperfeiçoado, e sim a uma degeneração à imagem e semelhança do desarranjo que o move. Há mais de 12 anos, em resposta a um missivista deste site eu disse: "Quem nos dera que uma multidão de idiotas continuasse sempre uma mera multidão de idiotas. Não! Um único sujeito menos idiota e suficientemente perverso rapidamente os transforma num exército de fanáticos!" É questionável a culpabilidade dos ignorantes, pode ser até escusável que caiam nas artinhas dos pérfidos, mas a permanência no erro sempre tem um componente de orgulho (não admitir que errou), e o prolongamento disso, mesmo diante de evidências claras do mal que vai sendo gerado, tende a ter um componente de corrupção irreversível. Dia 11 o sociopata genocida que ocupa a presidência acrescentou mais um item ao seu infindável currículo criminal, "sugerindo" aos calhordas que o veneram a invadir hospitais. Nos dias seguintes, previsivelmente, sacripantas atenderam ao chamado. No RJ um grupo invadiu e vandalizou o mesmíssimo hospital sobre o qual bolsonaristas já haviam circulado uma de suas infindáveis mentiras, onde um áudio anônimo de um falso médico pregando "Bolsonaro Tem Razão", dizia que os leitos hospitalares estavam vazios, que não havia perigo epidêmico algum e elogiando a cloroquina, fato que comentei em 11 de Abril. No Espírito Santo, um grupo de deputados subservientes ao criminoso no poder fez o mesmo, com menor vandalismo, mas cuja prerrogativa de autoridade não torna o crime menos grave. E isso sem contar incidentes diversos que tem ocorrido em toda parte, onde, e é preciso deixar claro, BOLSONARISTAS agridem profissionais e instituições de saúde, familiares de vítimas da COVID-19 e a própria ordem pública, abertamente incentivando o alastramento da epidemia, sabotando de todas as formas possíveis as medidas sanitárias e celebrando a morte de milhares de brasileiros. Tudo isso enquanto o governo resiste de todas as formas possíveis a prestar o socorro financeiro a pessoas e empresas, como todos os países com quadro grave fizeram, lembrando que queria dar um auxílio emergencial de R$ 200, que o Congresso, que a corja quer ver fechada, aumentou para R$ 600, e que o governo sabota de todas as formas possíveis dificultando o pagamento bem como negando ajuda às empresas em necessidade, e ainda ameaçando que muitos terão que devolver o dinheiro! E isso após o mesmíssimo governo ter injetado R$ 1 TRILHÃO nos grandes bancos sem que eles sequer tenham precisado pedir, quantia muito superior a totalidade do auxílio emergencial mesmo que este fosse pago à mais da metade da população, combinado à totalidade do auxílio empresarial para micro, pequenas e médias empresas. Há muito abandonei qualquer esperança de trazer essa corja à razão. Não há mais cura. Tragicamente, o bolsonarismo já destruiu a cognição e o senso ético de milhões de brasileiros irreversivelmente. Já é questionável que um país sobreviva a uma horda tão grande de dementes psicóticos, que estariam na casa das dezenas de milhões, se for mesmo verdade que ele tenha tamanho apoio. O que nos resta agora é trazer lucidez aos tais "70%" para que ao menos saibam identificar corretamente o inimigo e, superando suas diferenças, se unir em prol da sobrevivência do país, que JÁ ESTAVA sendo devastado diplomática, econômica, e sobretudo moralmente ANTES da pandemia. Derrubar essa quadrilha assassina é a questão mais urgente do momento, e cada dia que passa com esses psicopatas no poder, PAULO GUEDES É UM DOS PIORES, significa milhares de mortes a mais e milhões de prejuízo. E que ninguém tenha a ideia infeliz de matar o desgraçado, por mais que ele mereça, pois isso fará surgir uma religião em torno dele que pode se tornar ainda mais perigosa, visto que o maior o problema é menos a desprezível pessoa em si que a mitomania alucinada e pervertida que se construiu em torno dele. Se Bolsonaro conseguir se manter no poder, e caso ocorra a tragédia de ainda ganhar a próxima eleição, tanto por ainda haver dementes e calhordas que o apoiam quanto pela estupidez de uma oposição que não consegue se organizar, isso significará a falência definitiva deste país e este merecerá mesmo ser extinto, se dissolvendo em várias republiquetas separatistas e dando fim a meio milênio da maior potência da América do Sul.
em ANIMAIS FANÁTICOS E ONDE MILITAM Primeiro, uma vítima de "transfiguração" ou da maldição "Imperio", promovida por algum bruxo praticante de Artes das Trevas, decide escrever sobre uma questão feminina usando o termo "pessoas que menstruam". A criadora da mais bem sucedida saga de magia dos últimos tempos ironiza o fato, elegantemente questionando porque não usar simplesmente 'mulheres'. Afinal, lembremos que 'pessoas que menstruam' exclui todas as humanas antes da puberdade e depois da menopausa, bem como qualquer mulher que por fatores patológicos ou contraceptivos esteja em estado de amenorreia. Então aparecem "dementadores" que não apenas dizem que foi Rowling que equivaleu "mulheres à mestruação", e ainda por cima dizendo que isso exclui "homens que menstruam". J.K. cometeu o erro ingênuo de tentar argumentar com fatos e razão, mas o que ela parece não ter se dado conta é de que analogamente à sua obra ficcional, não dá pra combater dementadores com Expelliarmus, tentando desarmá-los de suas esquizofrenias paranóides. Você tem que afugentá-los com um jorro de luz digno de um Expecto Patronum que não apenas ilumina, mas sobretudo, exorciza! Ao lidar com militantes que chegaram ao ponto de subverter o mais primário senso de ordem natural, você não pode, JAMAIS, demonstrar qualquer tipo de fraqueza nem fazer concessão conciliadora como se fosse aluno da Hufllepuff. Se você pedir desculpas e tentar se explicar para ganhar ou recuperar a empatia da horda então... meus pêsames. Os "Comensais da Morte" atacarão em massa cada qual tentando aplicar o último Crucio! no perigosíssimo transfóbico que cometeu o imperdoável crime de um deslize verbal, e cuja prostração em arrependimento implorando clemência só deixa a horda de sádicos ainda mais enfurecida. Rowling não chegou a tanto, mas ainda assim peca por tentar se manter bem relacionada num mundo completamente dominado pela sacralização da irracionalidade autoritária, que justo por ser incapaz de manejar a razão mais básica, precisa, como todo mau fanatismo religioso ou ideológico, proibir que se aponte o Hipogrifo da contradição no meio da sala. A elegância e inteligência Ravenclaw podem ser úteis (a própria Rowling já disse que essa seria a sua casa em Hogwarts). Mas a coragem da Gryffindor é indispensável. Até mesmo uma prepotência digna da Slytherin costuma funcionar bem, como forma de intimidar e deixar claro que você não vai se curvar perante a horda. E nem perante a pusilanimidade dos próprios atores que se fizeram à sombra de Harry Potter. Muitos são jovens e não tem escolha a não ser se submeter a tirania ideológica que apesar de dominar com mão de ferro a quase totalidade das megacorporações, principalmente midiáticas, tem a cara de pau de posar de oprimida e fingir estar lutando contra um todo poderoso Lorde das Trevas machista, homofóbico, racista, transfóbico, Xista, Yfóbico. Quando na realidade, seu únicos inimigos são a racionalidade, a sanidade, e a própria humanidade em si. SPOILERS leves! Só darei spoilers maiores nos comentários. Mesmo assim, se você gosta de Ficção Científica, detesta qualquer tipo de spoiler e confiar em mim, recomendo ver o filme primeiro. IN THE SHADOW OF THE MOON (2019), disponível no NETFLIX com o título SOMBRA LUNAR, promove a façanha surpreendente de inovar na exaustivamente repetida temática dos crononautas. Uma modalidade de destino imutável onde linhas temporais se cruzam, simetricamente invertidas, resultado numa dinâmica inédita entre os personagens principais. Enquanto um segue pelo fluxo de tempo normal, a outra volta em saltos temporais cada vez mais ao passado, fazendo com que seu futuro pessoal se dê em anos regressivos. Isso faz, por exemplo, que no encontro inicial, o personagem do presente nada saiba enquanto o do futuro quase tudo sabe, mas à medida que vão se reencontrando a situação tende a uma inversão que só não se totaliza devido a uma reviravolta que não convém entregar. Sinceramente não me lembro de já ter visto algo similar em uma produção audiovisual, e talvez por isso alguns críticos não tenham compreendido uma dinâmica que erroneamente consideram paradoxal. Mas não é! Malgrado o fato de ser imutável, com o futuro determinando o passado, a teia temporal é perfeitamente consistente. Basta que se imagine, tal como em todos os casos similares, que exista uma oculta instância temporal superior, um Super Tempo, pelo qual os saltos temporais cruzam. Essa é uma premissa subjacente a todos os filmes do gênero que lidam com esses ciclos fechados, a exemplo de Predestination (2015), os 12 Macacos (1996) ou a série alemã Dark (2017) ainda inacabada, e que comentei em 10 de Agosto de 2019. Nesse contexto, tenta-se mudar o passado e não se consegue, sendo que as tentativas estão previstas na malha supra temporal e na realidade são obrigatórias, pois tal qual na tragédia de Édipo Rei, é justo a tentativa deliberada de fugir do destino que o realiza. O que torna “NA SOMBRA LUNAR” diferente é o modo como isso é feito, pois o protagonista espera evitar o que ocorreu no passado tentando deter a crononauta no futuro. E a não ser que você nunca tenha visto um filme do gênero na vida, é óbvio desde o começo que não irá conseguir. Apesar disso, o filme consegue delimitar esse tema entre outros, tendo um bom tempo de drama pessoal e familiar que, mais uma vez, diferente do que se tem dito por aí, é perfeitamente harmônico com a dimensão policial, investigativa e emocional, além da dimensão suprarrealista típica das viagens no tempo. Há falhas, lacunas e alguns pontos inexplicados, mas nenhum deles derivado dessa dinâmica temporal em si. Não fica clara a necessidade do método, demonstrado logo no começo do filme, de eliminação dos alvos. Por que não simplesmente matá-los por qualquer outra abordagem comum? E se era para usar um material radioativo, por que não elementos como Polônio que poderiam fazê-lo sem sequer deixar traços e sem causar tamanho impacto que resulta em vasta caçada policial? Qual a necessidade de um processo que precisa ser “ativado” do futuro? A premissa que subjaz ao título é interessantíssima e verossímil (dentro do que permite a temática), mas infelizmente pouco desenvolvida, e os efeitos colaterais das missões acabam sendo negligenciados. O ponto mais grave, porém, não é de ordem científico ficcional, mas do ponto de vista ético e ideológico, que sucinta uma discussão totalmente em paralelo, visto que qualquer outro objeto poderia ser selecionado como o "alvo" a ser eliminado em termos históricos para se evitar uma tragédia, e nesse sentido, o filme termina abraçando uma propaganda que mesmo breve, se torna incômoda pelo modo como justifica violência letal contra futuros potenciais infratores. (Antifas amarão!) E curiosamente, desde o primeiro momento do filme, já soa um tanto "anti patriótico" para os padrões norte americanos. E isso também pode gerar uma enorme discussão a respeito dos efeitos causais de pequenos atos rumo a atos maiores que me parecem que sempre cairão numa incerteza determinística. Mas, como dito antes, temos aqui um tipo de fechamento causal irresistível Malgrado isso, o filme funciona bem, só deixando mais a desejar na aceleração narrativa final, que merecia maior desenvolvimento. Mesmo assim, trata-se de excelente abordagem da temática Viagem no Tempo. Uma das coisas mais curiosas que aconteceu recentemente foi a acusação de racismo contra a China que Abraham Weintraub sofreu por conta da infeliz tirinha da Turma da Mônica. Na vexaminosa reunião ministerial, Bolsonaro, do alto de sua estupenda ignorância, deixou claro não conseguir sequer entender a acusação. O motivo? O fato dele pensar exatamente como os esquerdistas que critica, porque eu tenho certeza que a maioria dos esquerdistas também não entende essa acusação, visto que para eles, 'racismo', se resume a algo negativo que os brancos fazem contra os negros, então, como raios um brasileiro poderia cometer, principalmente pelo twitter, racismo contra a China?! Mas é esse mesmo o entendimento dominante de 'racismo' na esquerda? Se não for, como compreender a afirmação de que não pode existir "racismo reverso"? Pois como 'reverso', entende-se um racismo praticado de negros contra brancos, caso contrário, seria apenas aquilo que de fato é: racismo! O 'reverso' de fato, não faz sentido algum! Pode-se, claro estender essa definição para abranger índios como vitimas do racismo, mas o núcleo do conceito, que aí sim, elimina qualquer possibilidade de negação, é que o racismo só faz sentido num contexto de opressão, onde uma categoria étnica, em posição de poder e privilégio, comete atos nocivos contra outra categoria em situação de submissão formal ou estrutural. Essa noção é, sim, perfeitamente compreensível e defensável, e por isso não poderia haver racismo dos oprimidos contra os opressores, ou ainda que houvesse, seria compreensível e defensável. Mas se sé assim, então volto a pergunta: em que sentido um panaca brasileiro poderia cometer racismo contra a maior economia, população e civilização mundial, de cinco mil anos, e incomensuravelmente mais potente que o Brasil jamais poderia sonhar em ser?! Quando o Brasil oprimiu a China? Das duas uma: ou admite-se que a acusação contra Weintraub não faz sentido, ao menos no Brasil (talvez fizesse na Inglaterra ou nos EUA), ou se revê a restrita definição de racismo dominante nos círculos esquerdistas. A meu ver, foi um ato de racismo sim, mas é preciso reduzir racismo a sua essência nuclear, que é a simples disposição negativa contra uma parte da humanidade em função de seu pertencimento 'étnico', para não dizer 'racial', estando mais no sentido de um etnocentrismo. Afinal, a antropologia há muito deixou de lado o termo 'raça' para focar no termo 'etnia', e é preciso entender que uma postura racista não pressupõe necessariamente uma ação direta nociva ou uma condição de superioridade, bastando haver uma postura deletéria que não possa ser justificada exceto como um preconceito étnico. Eu posso jamais expressar, e até esconder muitíssimo bem ao ponto de ninguém perceber, mas se o meu motivo pessoal para não me relacionar com uma pessoa é nenhum outro exceto o fato dela pertencer a uma certa etnia, estou sendo, sim, "etnista", no caso, 'racista'. No caso de Weintraub, ele foi muito além, ao não apenas ridicularizar, mas acusar uma civilização inteira de cometer uma impostura com base unicamente em um sentimento negativo preconceituoso contra a mesma. Se ele tivesse ao menos falado no "governo chinês", ou no "partido comunista", como teve o cuidado de fazer na reunião ministerial (até onde pudemos ver), ele poderia se desvencilhar mais facilmente dessa acusação. Mas observando o contexto da infame tirinha do Cebolinha, ao menos a intenção racista é clara, desde que se entenda devidamente o conceito. Para finalizar, eu jamais concordaria que um cidadão comum fosse condenado por isso. Mas na condição de uma autoridade, e ainda por cima de um Ministro da EDUCAÇÃO, Weintraub merece sim ser condenado não só por isso, mas pelos inúmeros desserviços prestados à pasta e ao país. Tal qual a visão sobre racismo que tem predominado publicamente também é um desserviço ao país, ao ponto de termos crimes raciais todos os dias acontecendo em vários locais do mundo, Brasil incluso, mas uma reação só acontecer quando ocorre com um negro norte americano, afinal, a morte de Marielle (14/03/18) não causou essa reação, a morte de Ágatha Félix (20/09/2019) não causou tal reação, a morte de João Pedro (18/05/20) não causou essa reação. No último domingo um menino negro de 4 anos, Enzo, foi assassinado na própria festa de aniversário por um soldado branco! Mas a esquerda brasileira está tão preocupada em copiar tanto as soluções quanto os problemas raciais estrangeiros que, aparentemente, ONLY NORTH AMERICAN Black Lives Matter! "Semi-crítica" com "Semi-spoilers", isto é, descrições gerais sobre a essência do filme, mas sem apontar nada em especial. MIDSOMMARO termo sueco 'midsommar', que significa literalmente "meio do verão" e remete às festas juninas do norte, inspirou nos "tradutores" brasileiros o lastimável subtítulo "O Mal Não Espera A Noite", os lusitanos foram mais objetivos e colocaram "Midsommar - O Ritual". Mas apesar do nosso título nacional ser ruim como quase sempre, é possível justificar algo de seu conteúdo. MidSommar não é realmente um filme de terror. Aliás, tenho sido cada vez mais crítico com o próprio conceito de "terror". Estaria mais para suspense, mas penso que possua uma singularidade. O que o torna tão exótico, é que a totalidade dos filmes que abordaram temas vagamente similares o fizeram com os clichês de sempre: cenas escuras, sempre à noite, pessoas soturnas, trilha sonora enervante, 'jump scares', gore, violência explícita, e sobretudo, vilões detestáveis. Mas MidSommar mostra rituais de sacrifício que seriam considerados macabros, só que o tempo todo às claras, sob um céu azulíssimo radiante de dias lindamente ensolarados, pessoas sorridentes e simpáticas, tudo belo, colorido, florido, sem qualquer clichê de choque sensorial, e o mais incrível, apesar de tudo, não se nota explicitamente maldade ali. Os praticantes da tal religião pagã realmente parecerem acreditar na sacralidade do que estão fazendo ao ponto de também sacrificarem a si próprios junto com os incautos que vieram de fora. Soma-se isso à dificuldade de se simpatizar com os protagonistas, que aliás são menos cativantes que os antagonistas, e que desperdiçam chances óbvias de lidar realmente com a situação, e ocorre do espectador ir sendo conduzido ao desenvolvimento da trama de um modo bem diferente do que normalmente ocorre. Observe que no começo do filme, nos EUA, grande parte ambientado no inverno, a fotografia é o tempo todo escura, em ambientes fechados, tudo um tanto depressivo. E quando se chega na Suécia, tudo muda! De certa forma, isso me lembra a estética da animação "A Noiva Cadáver", onde o mundo dos vivos é soturno, cinzento e tristonho, e o mundo dos mortos é um carnaval radiante de cores e luzes. Voltando à questão do título brasileiro, não deixa de ser interessante a referência a "não esperar a noite", visto que apesar de algumas cenas noturnas, elas são bem pouco relevantes, sendo a quase totalidade dos fatos ocorrendo sob intensa luz solar. O que estraga é 'O Mal', que remete a um elemento comum de filmes de terror simplesmente inexistente aqui, induzindo o espectador a uma falsa expectativa. Por fim, sim, há alguns personagens maliciosos ali, pra não dizer malignos. Há sim alguma tensão, algumas cenas explícitas, alguma violência gráfica. Mas tudo é feito com uma organicidade e espontaneidade que me é difícil vê-las com uma mera intenção de chocar, e sim de dar um realismo imersivo. O que me impressionou no filme é justo essa ruptura estética com o padrão do gênero, se é que deva pertencer a um gênero específico, pois cada vez mais as categorias cinematográficas me parecem insuficientes para classificar devidamente filmes que cada vez mais tem desafiado rótulos, como Parasita, O Poço, Corra ou The Vast of Night. Todos muito bons. Obs: A versão original tem 147 minutos, mas há uma versão do diretor de 171 minutos que provavelmente deve preencher algumas lacunas. A imensa e infinita briga interna do bolsonarismo é algo inédito na história brasileira, um presidente romper com o próprio partido, converter aliados em inimigos nesse ritmo, e ter dentro de seu ministério alas que se atacam incessantemente fora dos bastidores palacianos, supera qualquer obra de ficção. Diante disso, me lembro de uma frase que Olavo de Carvalho sempre usou para justificar a colocação de Nazismo e Comunismo no mesmo saco apesar de terem sido inimigos ferrenhos:"É da natureza do mal odiar a si próprio." Embora, filosoficamente, eu não acredite na existência de um Mal em si, bolsonaristas e olavetes acreditam, mas seria pedir demais que pensassem sobre isso. Ou que sequer pensem. Enquanto isso, na Rússia... Certíssimo. Seria uma excelente forma de canalizar um potencial violento incorrigível numa modalidade esportiva regulada que, por mais perigosa que fosse, ainda seria menos danosa que deixar essa galera toda sem ter outra forma de excerce-la. Na realidade, isso até já acontece informalmente. Por batalhas campais regulamentadas. Uma espécie de MMA coletivo. Sabe o que é pior? Atualmente o projeto literário pessoal que mais me ocupa é As 4 Damas do Apocalipse, cujos planos de lançamento já foram prejudicados pela pandemia. E nela, existe uma organização de resistência a uma ditadura militar que se considera "os 300 do Brasil", embora seu nome seja Águias Beta. Tem até hino!
Antifacismo é o Anticomunismo de esquerda.Só pra acrescentar, sabem por que o termo 'preto' está cada vez mais substituindo o termo 'negro'?
Não podendo ter observado o eclipse de hoje devido a invisibilidade local, retomo agora, com quase 5 anos de atraso, uma pequena série de Reflexões Lunares. Coincidentemente, está será a: REFLEXÃO LUNAR N°5 A Ilusão do Horizonte é uma dos mais interessantes e desafiadores a nos intrigar desde sempre. A impressão de que o Sol, e principalmente a Lua, sejam maiores no horizonte do que no zênite é tão universal e difundida que muitos jamais sequer a questionaram, e não são poucos os que realmente pensam poder explicá-la apelando a algum efeito de "lente atmosférica". Acontece que a Lua não é opticamente maior no horizonte. Nem o Sol. Trata-se de uma ilusão perceptual que você pode neutralizar com nada menos que um único dedo, literalmente. Quando no horizonte, estique o braço e erga o dedo mindinho, ou qualquer outro que seja mais adequado ao seu caso, e compare-o com o Lua. Eu posso cobri-la totalmente com meu dedo mínimo. Mais tarde, de preferência quando ela estiver no zênite, faça o mesmo, e notará que NÃO HÁ DIFERENÇA! Sim! É chocante para quem não o saiba. Foi espantoso para mim também. Mas é fato. Qualquer método de comparação visual que você fizer, por mais precário que seja, irá demonstrar isso. Ou seja, a ilusão é puramente subjetiva, psicológica. Não há verdadeira diferença óptica. Ao menos não perceptível, ou ela seria maior no zênite devido ao fato de estar mais próxima. Muito já se tentou explicar tal fenômeno. Um explicação infelizmente muito difundida, e a meu ver, falsa, é a que atribui à ilusão ao fato de no horizonte termos elementos como montanhas, árvores ou prédios para compará-la visualmente, dando a impressão de ser maior. Mas a ilusão permanece mesmo quando se observa numa infindável planície ou sobre o mar, bem como não se altera, quando, acima, observamos a Lua entre galhos de árvores, prédios ou postes. Outra explicação clássica que ao menos é parcialmente verdadeira é que temos a tendência natural a "valorizar" visualmente objetos na horizontal do que na vertical. Sendo seres adaptados a um mundo horizontal, nossa percepção à distância horizontal é muito mais acurada do que acima, e de certa forma nossos sentidos parecerem se amplificar. E a isso eu acrescento a desconfiança de que a alteração da coloração também possa cumprir algum papel, visto que a Lua se torna mais amarelada quando mais próxima do horizonte, assim como o Sol se torna mais avermelhado, e ao subir varia do laranja ao amarelo, se tornando visualmente insuportável antes de parecer branco. Motivo pelo qual e mais difícil testar a ilusão com o Sol do que com a Lua. Mas que é uma ilusão, é fato, porém tão arraigada que não é raro pessoas insistirem que a diferença óptica é real enquanto não puderem fazer o teste, ficando totalmente perplexas quando o fazem. Hoje é Lua Cheia. E se puder faça o teste agora, quando ela está no zênite por volta da meia noite, e compare com o poente. Ou o nascente de amanhã. As demais Reflexões Lunares: 21/09/15 - Eclipse Total da Lua 02/07/15 - Apreciação da Lua 21/04/15 - Cinderella e o Nascer da Lua 14/07/14 - Apreciar o Luar Tabela de países ordenada por mortes com COVID-19 por Milhão de habitantes, considerando somente países com população superior a um milhão, e desta vez acrescentando o número total de mortos e a população. Mortes /milhão população
Recapitulando minhas listas anteriores: - 19 de Abril, 11 mortes por milhão, 34° lugar; - 10 de Maio, 50 por milhão, 20° lugar; - 23 de Maio, 103 por milhão, 14°. (Eu disse que dificilmente iríamos subir muito mais do que isso.) Como previ, passamos Portugal, e acredito que também passaremos Equador Canadá. Não estou certo de que entraremos no Top 10 e duvido que desbanquemos os primeiros da lista. Aliás, não creio que ninguém supere a Bélgica. Dados do Worldometers. Talvez por perfeccionismo, até me desinscrevi do canal da Gabriela Priori recentemente, mas continuo acompanhando e esse vídeo é excelente. É praticamente o que eu estava prestes a dizer. Recomendadíssimo! Quer se distrair um pouco tendo a sensação de ter viajado do tempo? De ter entrado num universo alternativo? De ter passado 20 anos em coma e não ter percebido? Leia isso Kim Jong-un exige dinheiro da elite da Coreia do Norte Ou, se for barrado por não ser proprietário de uma assinatura, aproprie-se revolucionariamente por meio do OUTLINE Não importa sua orientação política ideológica, não importa o que você sabe ou pensa que sabe sobre o assunto. Você pode ser comunista, liberal, nazista, anarcocap, fascista antifa ou o escambau. Não faz diferença. A sensação será a mesma. Você pode ter ou não acreditado em tudo o que viu até hoje sobre a RPDC. A única reação possível a esse texto é... Q.P.É.E?!?! Uma explicação racional que encontro é que confundiram o 1º de Junho com o 1º de Abril. Pra quem não entendeu meu propósito no penúltimo post, que foi todo mundo, a questão é a estética simbólica. Ao contrário do que muitos ingenuamente pensam, são os símbolos, a imagética, as formas arquetípicas, que efetivamente conduzem os movimentos principalmente nas sociedades desenvolvidas contemporâneas. Bolsonaro, por sinal, é a prova viva de que mitos são mais fortes que pessoas. Esse pessoal não faz a menor ideia de que forças psicossociais estão movimentando, ou melhor, de por quais forças psicossociais estão sendo movimentados. Não adianta apelar pra Marx nem pra Mises. Numa hora dessas mais vale entender Jung ou Campbell. Gramsci foi um dos que entenderam isso. É uma hiper estrutura que vai determinando os eventos de cima pra baixo e só perde força quando a sociedade se degrada materialmente ao ponto da fome falar mais alto. Biblicamente dizendo, o Leviatã do inconsciente coletivo só para de morder quando a necessidade material primal faz o Behemote pisar-lhe a cabeça. As mitologias, as estruturas simbólicas, os ritos etc, são os verdadeiros deuses, os agentes que se digladiam na arena da psique compartilhada humana, a mais real de todas as instâncias. Pouco importa que você não os conheça ou não creia neles, pois eles não precisam disso da mesma forma como as religiões jamais precisaram realmente dos deuses. As pessoas morrem e matam por eles, a gerações passam, nações de desintegram, mas as estruturas ideológicas, simbólicas e míticas permanecem, perenes, pairando sobre todos nós esperando o momento certo de puxar as cordinhas e movimentar os marionetes com os quais se divertem. Não existe imagem melhor para a condição humana do que deuses se divertindo com jogos no tabuleiro do mundo. Maio de 2020 |
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