Finalmente descobri o verdadeiro significado e relevância simbólica do gesto de "arminha" do Bolsonaro. Trata-se de uma "profunda" interação entre o poder e o povo.
Avisando que meu pai, há quase dois meses internado com um quadro infeccioso complicado, acaba de ir pra UTI em estado grave, estando em coma induzido.
Posso ficar offline a qualquer momento por tempo indefinido.
Tenho tentado evitar me envolver com coisas excessivamente revoltantes, mas há momentos em que não é possível deixar passar. Veja só a CANALHICE ASQUEROSA que o The Mirror decidiu publicar sobre o caso Rhuan:
Os CALHORDAS decidiram dizer que o menino foi assassinado porque "queria ser uma menina", que a mãe o matou por "transfobia"!!! Mesmo dizendo que o próprio casal lésbico havia lhe castrado antes! Só pode ser perversão!
Todos devem ter notado que este caso particularmente horrendo recebeu muito menos atenção da grande mídia do que era de se esperar, pois afinal, ele não serve para corroborar a narrativa feminista de que só homens matam, só mulheres sofrem, e que tudo é culpa do "machismo".
Afinal, toda mulher é sempre morta pelo "machismo" não é mesmo? Quando um assassino psicopata, destoando de 99% dos homens, e das pessoas em geral, comete uma atrocidade, a culpa é da sociedade patriarcal que o ensinou a ser assim. Mas e quando um casal lésbico comete alienação parental, castra um menino dizendo que ele é uma menina, odeia o pai e o filho e despreza abertamente o gênero masculino, então é o que?
Se é assim, então digo sem pestanejar: RHUAN FOI MORTO PELO FEMINISMO!
Tardio mas não falho, deixo aqui minha homenagem ao grande André Matos, um dos maiores vocalistas da história mundial do rock e cujo trabalhou acompanhei desde sempre.
Desde Soldiers of Sunrise, do Viper, era impossível não se encantar com este "Bruce Dickinson" brasileiro, e Theatre of Fate a mim é um dos maiores discos da história do Heavy Metal não só brasileiro, mas do mundo, com sua mistura sublime de clássico e rock. Aliás, na época de seu lançamento, 1989/1990, dizia a boca pequena que era incomensuravelmente melhor que o quase simultâneo No Prayer for the Dying, do monstro sagrado Iron Maiden(definitivamente o trabalho menos inspirado da história da banda).
Além de ter tido o vinil, tenho até hoje um CD com esses dois primeiros discos do Viper juntos!
André Matos "semeou" grande bandas. Mesmo saindo do Viper, este ainda realizou bons trabalhos. Fundou o magnífico Angra, e depois o Shaman, elevando a qualidade do Metal Melódico a um nível marcante. O mundo do Metal não seria o mesmo sem ele.
E jamais se pode esquecer que por pouco não realizou o maior feito possível para um músico do gênero, quase entrando no próprio Iron Maiden! Quando Bruce Dickinson decidiu tirar umas "longas férias" do maior ícone do Heavy Metal de todos os tempos. Só não o fez porque preferiram manter o puro sangue britânico da banda escolhendo Blaze Bailey, bom profissional, mas inferior a André Matos. Ele próprio viria a admitir depois de sair da banda que André devia ter sido escolhido.
Temos que dar um desconto.
Já deve ser chato serem os inventores do Futebol e sempre perder pro Brasil, tendo apenas um único título mundial ganho no quintal de casa numa das copas mais roubadas da história dos mundiais, a de 1966 (rivalizando com Argentina 78).
No STF, dois ministros se destacaram em duras críticas contra Ségrio Moro e sua conduta judicial.
O primeiro chegou a dizer que juiz de Curitiba cometeu "atos abusivos", "excessos censuráveis", que agia com "autoridade absolutista, acima da própria justiça" e prestava um "desserviço e desrespeito ao sistema jurisdicional e ao Estado de Direito."
Só que isso foi em 2013, antes da Operação Lava-Jato, na ocasião do julgamento de denúncias das desfeitas de Moro na Operação Macuco, que investigava o Caso Banestado, que desviou no mínimo 20 bilhões de contas públicas (alguns falam em mais de 100) resultantes da farra das privatizações. Montante jamais recuperado e escoado para paraísos fiscais por meio das infames contas CC5, criadas em plena Ditadura no governo do General Artur da Costa e Silva, que tinham como objetivo facilitar a vida de quem vive da "árdua tarefa" de lavar dinheiro. As CC5 só foram definitivamente extintas em 2005, facilitando muito o combate a corrupção, justamente por aquele governo que na cabeça de portadores de um tipo exótico de transtorno esquizóide, é o mais corrupto de todo o multiverso em toda a eternidade.
Embora outros ministros também tenham feitos criticas a Moro, este que foi mais incisivo foi Gilmar Mendes, o que não supreende a quem conhece suas relações, visto que os principais acusados eram do PSDB, partido que, por meio de FHC, o colocou no Supremo, e dos quais nenhum foi punido, havendo inclusive participação de um certo órgão de mídia que teria contribuído para a assepsia de ao menos uns 5 bilhões. Advinhem qual? Começa com 'Glo' e termina com 'bo'. Portanto não se surpreenda com a falta de prisões preventivas e repercussões midiáticas deste caso considerado por muitos especialistas no assunto, e não zumbizaps, como o maior escândalo de corrupção da história brasileira em montante desviado.
Mendes nunca mais se deu bem com Moro e volta e meia o alfineta, mas jamais demonstrou a mesma indignação quando as condutas ainda mais invasivas, agora na Operação Lava Jato, passaram a ser dirigidas contra outros partidos, cirurgicamente poupando o PSDB, que passou a ter excelente relação com Sérgio Moro como se verifica em maravilhosas fotografias de eventos maçônicos e empresariais, algumas das quais parecem mais uma história de amor.
O outro ministro especialmente duro contra Moro foi Teori Zavascki (que não estava no STF na época do caso Banestado), em especial na ocasião do vazamento criminoso de áudios de conversas de Lula e Dilma. Ele nem de longe foi tão dado a adjetivos e hipérboles quanto Mendes, mas foi bastante técnico e exigente na apuração dos fatos, e sempre foi visto como o maior opositor da Lava Jato no Supremo.
E possivelmente continuaria sendo se não tivesse morrido em misteriosa queda de avião particular em 2017. Tendo sido empossado por Dilma, era visto inclusive como a maior esperança de Lula, embora as boas memórias seguramente se lembrem de um outro tipo de delírio esquizofrênico que espalhou boatos que Zavascki havia sido morto numa queima de arquivo pelo PT.
Há um terceiro ministro que, embora não tão enfático, acabou se envolvendo numa acirrada disputa jurídica indireta contra Moro devido a questão da prisão em Segunda Instância, a qual já combatia muito antes do justiceiro de Curitiba virar um herói da Globo e dos tucanos. Também sempre questionou a condenação de Lula
Trata-se de Marco Aurélio Mello, primo do ex presidente Collor, que o nomeou, e que foi o primeiro a se manifestar sobre as INTERCEPTações de ontem, criticando a conduta dos envolvidos.
A essa altura dos fatos a INTERCEPTação de provas de atitudes flagrantemente ilegais de conluio entre juiz e acusador pode até animar quem há muito espera ver esse calhorda cair, mas só pode supreender, em conteúdo, energúmenos. Alguém pode até achá-lo útil para defender seus interesses, pode-se até achar que seja o homem indicado para realizar, por meios torpes, algo que poderia ser benéfico. Mas acreditar na máscara de heroísmo Sérgio Moro é atestado de estupidez. Até mesmo critiquei, mês passado, a "ingenuidade" de Lula em achar que faça sentido desmascará-lo, pois a máscara dele só engana quem quer ser enganado e estes não irão mudar de opinião pelos fatos recentes.
Fato é que isso acirra a "guerra", animando os opositores, desanimando os propensos, mas não muito convictos, a apoiar o governo, mas sem nada afetar os governistas convictos. Se houver outra marcha pró Bolsonaro e Moro, acho mais fácil ela ser maior que a do dia 26/05 do que menor.
Tecnicamente falando, Moro e Dallagnol são indefensáveis. A não ser que seja possível desvelar um contexto milagroso, o fato é que cometeram crimes evidentes de conluio entre acusador e juiz. Quem quiser uma ótima, e puramente técnica, explanação sobre o caso, ei-la, do excelente canal TV Coiote.
Mas, tecnicamente, a sentença de Moro contra Lula também é completamente inaceitável, e seu simples reconhecimento já demonstra não haver mais qualquer seriedade no judiciário brasileiro. Não é o simples fato de não haver provas, é o fato de serem, o processo e a mera acusação, desde o princípio, completamente absurdas! Embora seja apenas uma absurdidade entre inúmeras outras no processo golpista. Só não duvido da queda de Moro porque há outras forças, algumas tão calhordas quanto, tramando para isso, além do fato de que certos profissionais do judiciário e do legislativo detestam que situações assim sejam expostas, e se sentem obrigados a dar uma resposta.
Mas eu não supreenderia nem um pouco se não houvesse consequência alguma e esse patife continuasse no cargo e até viesse a concorrer à presidência, se é que não ganhe! A legião boçalminion está aí para lutar por isso, e já posso até prever os "arghjumentos" que utilizarão para se justificar, pois como o The Intercept é um jornal de esquerda e o Telegram é de uma empresa russa, estará mais do que divinamente relevado por Deus a prova de que se trata de uma conspiração comunista para implantar a ditadura do PT no Brasil.
Me daria por satisfeitíssimo se na próxima defesa pública do psicopata de Curitiba, invés de um boneco de Moro Superhomen tivéssemos um de Moro Brightburn. Máscara por máscara, capuz também deveria valer.
Sempre deixei claro que Godzilla 2014 é um de meus filmes favoritos da última década. Entendo quem tenha reclamado do baixo tempo de tela do titular ou da diferença de estilo em relação à tradição japonesa, mas a mim beirou a perfeição, tanto na parte dramática humana, o ponto de vista de quem, de baixo, se depara com monstros titânicos, quanto dos próprios kaijus e sua escala monumental. A noção dos monstros como forças brutas da natureza, e o nosso papel quase de expectador, numa leitura praticamente lovecraftiana de entidades ancestrais adormecidas. A mim foi uma dosagem ótima de inúmeros elementos distintos, temperados por trilha sonora sublime. Ver o Godzilla soltar a rajada azul contra a M.U.T.O. foi um dos meus melhores momentos cinematográficos do ano.
Amarguei uma longa espera, decepcionado pelo fato do filme, apesar de ter feito tanto sucesso, não ter inspirado de imediato uma franquia, sendo que a ideia básica do filme atual já havia sido adiantada logo após o lançamento do primeiro. Sabíamos que teríamos o acréscimo dos clássicos Mothra, Rodan e King Ghidorah, gerando enorme expectativa. Mas enquanto os planos eram indefinidamente adiados, começou-se a falar em Godzilla x King Kong, o que sempre me foi uma péssima e indefensável ideia, pois a única coisa em comum que tais personagens possuem é o prestígio cinematográfico dentro do histórico de cada país, sendo King Kong o mais famoso "monstro gigante" do cinema americano, mas ele nada tem a ver com um kaiju. (A versão mais humilde do Godzilla ainda é três vezes maior e infinitamente mais poderosa que a maior do Kong, até então.) Sim, os japoneses fizeram a sua versão, mas, que me perdoem os fãs da Toho, eu tenho dificuldade de levar a sério as produções japonesas e suas roupas de borracha.
Mas fizeram Kong - A Ilha da Caveira, que muito me surpreendeu positivamente, e o modo como foram expandindo a franquia terminou me convencendo, mas ainda assim, na forma de uma concessão em respeito ao excelente primeiro filme e o bom segundo, tudo na esperança de termos um novo filme no mesmo nível. Todavia...
Apesar de, sim, eu ter gostado de Rei dos Monstros o suficiente para o estar indo ver pela segunda vez, não é possível deixar passar a infinidade de defeitos que o permeiam.
Primeiro, na parte técnica, retorna a mesma estética escura que tanto foi justamente criticada no primeiro filme. As sequências são tão ou mais escuras, o que em 2014 era perdoável por ser uma questão pragmática. A Computação Gráfica 3D é mais convincente em cenários escuros, disfarçando quaisquer defeitos que prejudiquem o realismo. Foi assim em Godzilla 1998, em Cloverfield 2008 e em Pacific Rim 2013, continuando a sê-lo em Colossal 2016. Em todos eles as cenas são à noite, ou se de dia, mais breves, distantes, nubladas, ou por meio de imagens indiretas de TV ou vídeo.
Mas no mesmo 2016 tivemos Indepence Day - Ressurgence, que entregou uma bela sequência de criatura gigante em plena e intensa luz do Sol de um deserto sob um céu ciano radiante, tivemos, em 2017, Kong Skull Island, também com cenas claras, embora nubladas, e em 2018, Rampage, também com cenas nítidas sob luz do dia, e para coroar Pacific Rim Uprising, não apenas com cenas diurnas sob o Sol, mas mostrando destruição em massa incrivelmente realista de prédios em detalhes nítidos e cristalinos!
Das duas uma (Ou as duas?): a equipe de CG de King of Monsters é menos competente, ou temos uma escolha estética deliberada que desafiou as mais justificadas críticas ao visual do primeiro filme.
É certo que as cenas, com a exceção da primeira luta, são algo mais claras, principalmente pela presença de mais elementos luminosos. A de Rodan é certamente a mais impressionante, ainda que sob uma paleta amarelada, o que poderia ser o ponto alto do filme não fosse o fato de já ter sido integralmente entregue nos trailers. E aliás, não que o design de Rodan não tenha ficado bom, pelo contrário, está ótimo, mas há anos havia sido divulgado uma arte conceitual com uma versão muito mais impactante, certamente mais "feia", mas por isso mesmo mais impressionante e assustadora para uma criatura da qual não se espera "fofura".
Vai dizer que esse Rodan aqui não é muito mais aterrador?
Falando nesse pterodáctilo titânico, as cenas de deslocamento de ar devastadoras que ele causa no México são magníficas, embora exageradas, mas o King Ghidorah, que é muito maior, arranca para o alto com suas asas monumentais, numa feita até mesmo carregando o Godzilla, E NÃO SE PERCEBE VENTO ALGUM!!!
Claro que isso bem poderia ser debitado na conta de "fan service" do filme, aquele tipo de coisa feita só pra agradar os entendidos no assunto, por vezes esnobando ou até prejudicando o entendimento dos demais. Afinal, na tradição japonesa, os fãs são meio que obrigados a usar a própria imaginação e supor que Ghidora possui uma habilidade de levitação, visto voar quase sem bater as asas, o que não se dá por motivo estético, mas pela dificuldade técnica de mover os membros do modelo quando pendurado ao alto nos estúdios nipônicos.
Demais fan services estão em toda parte: desde o "Destruidor de Oxigênio" (que a dublagem decidiu reescrever como arma de "oxigênio líquido!"), passando pelas gêmeas orientais que veneram a Mothra (o filme original sequer é da franquia Godzilla), até instalações monumentais com direito a aeronaves improváveis. O tal USS Argo parece mais um cruzador do Império Galáctico! O tipo de coisa que em filme japonês receberia ao menos um minuto e meio de apresentação, dando até a ficha técnica. E sendo sincero, eu sinto falta de coisas assim em filmes hollywoodianos. Não se deveria apresentar tecnologias supra realistas como se fossem algo real. Os Osprey, aqueles "aviões helicópteros" de duas enormes hélices, existem mesmo! São fabricados pela Boeing, aquela que quase ganhou de presente a nossa Embraer. Mas nada há de parecido com o tal do Argo na realidade. Não existe essa de aeronave mãe que lança outras aeronaves.
Isso vem acompanhado de clichês improváveis. Também não existe essa de helicóptero entrando em túneis verticais estreitos! Numa situação como aquela da plataforma de petróleo que esconde uma massiva instalação subterrânea, o certo seria o helicóptero pousar e ser transportado por uma plataforma elevadora até os níveis inferiores. E claro, helicópteros entrando em aeronaves gigantes em pleno ar... Nem pensar!
Em suma. Diferente do filme de 2014, onde ainda temos um mundo perfeitamente normal que de repente é surpreendido pela existência de monstros gigantes, o filme atual absorve essa suprarealidade não apenas nos monstros em si, mas em tecnologias colossais que possivelmente só se justificariam em realidades extremas. Algo do qual os filmes japoneses são bem mais acostumados.
INFELIZMENTE...
Todavia, todos esses problemas técnicos e estéticos são insignificantes comparados aos problemas de argumento, roteiro e direção. O filme de 2014 é sério, tem breves e corretas reflexões naturalistas, e dramas humanos fortes e representativos do ponto de vista da população civil. Rei dos Monstros, lastimavelmente, foi maculado com os piores clichês hollywoodianos sobre ciência e natureza. Estão lá os infames "não poder brincar de Deus", tecnologia que "caiu em mãos erradas" (entenda-se como "erradas" todas as que não sejam as de quem o diz), a visão bizarra da "humanidade como um vírus", ou um câncer, e premissas ridículas como restaurar a ordem natural por meios artificiais.
E se eles até estão concentrados no começo do filme, são retomados nos créditos, com uma sequência de manchetes de jornal onde o retorno dos titãs, vejam só, é um show de ecologicamente correto, como espécies saindo da lista de ameaçadas em extinção, reflorestamento espontâneo e a bizarra descoberta de que podem combater o problema da fome! Sério! Ideia similar a do aproveitamento dos corpos e detritos de kaijus em Pacific Rim, que é perfeitamente plausível, só que em Godzilla tem um pequenino, e esquecido detalhe: OS MONTROS SÃO RADIOATIVOS!!!
Estão distribuídos pelo filme quase todo os infames "alívios cômicos", na forma de piadinhas completamente despropositadas, desde a adolescente que depois de precisar dizer que "estava com medo" após o vilão líder dos ecoterroristas promover uma massacre, simplesmente lhe dá o dedo, até dois cientistas que insistem em fazer piadas o tempo todo, um deles, o Dr Stanton ao menos alterna momentos de evidente utilidade e domínio de conhecimentos esclarecedores com piadas de tiozão, mas o tal do Dr Coleman é de uma inutilidade quase total! E qualquer distribuidora nacional faria um favor em cortar a estúpida piadinha da gonorréia.
Parece haver até uma pitada de "lacração", talvez, visto que o filme passa do Teste de Bechdel e os feitos da adolescente Madison parecem não ter função alguma a não ser empurrar um protagonismo feminino heróico, incompreensível por sinal, para contrabalançar o antagonismo feminino vilanesco. Protagonismo esse que seria muitíssimo melhor representado pela ótima personagem da Dra Graham, um dos únicos três que retornam do primeiro filme, mas que é lastimavelmente sacrificada numa cena sem sentido e tão espantosamente brusca que é possível perdê-la com um mínimo de distração.
Eu sou do tipo que quando assisto um filme no qual esteja interessado, EU OLHO PRA TELA! O tempo todo! Eu não fico mexendo no celular! Eu não fico conversando com alguém do lado. Se pudesse nem piscava! E mesmo assim eu não vi a cena direito, tive que deduzir pela reação do Dr Serizawa. Por que raios não mataram o tal do Coleman lá?
O que raios a Madisson, afinal, pretendia fazer no estádio de Boston?! Ok, atraiu o King Ghidorah pra lá. E aí? A ideia era só morrer mais rápido mudando o epicentro do apocalipse?! Ok, isso permitiu uma utilidade final, a ideia de destruir o Monstro Zero para dar tempo para o Godzilla se recuperar. Mas não havia necessidade alguma de fazer isso por meio de um drama familiar. Pelo contrário, aquilo era um trabalho para o exército. E pra piorar, ligaram o ORCA para atrair o Ghidorah, e se a ideia de fugir num Osprey já era péssima, visto que o monstro poderia pegá-lo numa esticada de pescoço, fugir num Humwee então... Céus! Quantos passos um monstro, que não é lento, com 50m de perna precisa para alcançar um jipe no meio de uma cidade devastada?
E isso me leva a outro problema, que é o modo absolutamente milagroso como tantos conseguem sobreviver debaixo de dois titãs ciclópicos no maior quebra pau. Na cena da Antártida os personagens ao menos tinham sido pegos de surpresa, mas ao final do filme eles deliberadamente pousam o helicóptero nos pés dos monstros, literalmente, tentando atitudes suicidas se desviando das pisadas enquanto Godzilla aplica Roundhouse Tail no King Ghidorah! Isso associado ao modo como as aeronaves sentem uma estranha necessidade de "tirar finos" dos monstros invés de atirar de longe, dão a impressão que simplesmente todo mundo é suicida, não sendo a toa que simplesmente TODAS as aeronaves que vão combater ou agir próximo dos titãs são rapidamente destruídas, com exceção de onde estão os protagonistas principais.
Para piorar, decidiram transformar o filme praticamente num manual de referência de diálogos inúteis e estúpidos. Imagine você num Humwee numa cidade sendo destruída procurando sua filha e discutindo com seu cônjuge, um soldado lá atrás, tentando salvar a vida de uma colega, fala "Se eu tivesse pais como vocês também fugiria de casa!" E aí a mãe mete o pé no freio, vira de costas, faz um suspense com cara feia e grita "O que foi que você disse?!" E o soldado repete a frase inteirinha para depois ela olhar para o marido por intermináveis segundos e concluírem "Ela foi pra casa!"
OH MY GODzilla! Sério! Se você não é capaz de imaginar, com um mínimo de sensatez, em como reescrever essa cena de um modo incomensuravelmente mais convincente e elegante, nem vou perder meu tempo tentando explicar!
Outra? Aplicam um procedimento que basicamente desperta e dá um upgrade no Godzilla, que está visivelmente maior. Aí me vem o Colleman: "Nossa, parece que deram uma bombada no Godzilla", e vem o Stanton: "Tá brincando? O negócio que o Serizawa fez deu nisso, naquilo e naquilo outro." Num explicação redundante sobre algo que já tinha sido evidenciado desde o primeiro filme, e aí a Foster, não satisfeita: "Oh yeah! Ô se fez!"
HELLS!!! Esse Michael Dougherty (diretor E roteirista do filme) não tem vergonha não?!
E por falar no tal procedimento, admito que o sacrifício do Dr Serizawa, disparado o melhor personagem humano, foi pelo menos justificado, emblemático, pleno de significado para ele mesmo. Mas...
Os caras descobrem Atlântida... Ou algo ainda mais colossal. Onde mora o Godzilla, "magoado" por, quando estava quase detonando o King Ghidorah, os humanos terem atrapalhado e estragado tudo, tirando lá uma sonequinha de uns mil anos para resolver o problema depois da "janta", aí, para dar-lhe uma forcinha, vão e explodem uma bomba nuclear "Na Cara Dele", literalmente, destruindo a maior descoberta arqueológica de todos os tempos menos de uma hora depois de feita!!!
Poderia passar um mês descrevendo uma infinidade de bizarrices nessa cena, a começar por contradizer o filme de 2014, onde é verdade que ele se alimenta de radiação, mas absoutamente nada sugere que a onda de choque e calor direto na fuça seria algo aprazível. E se assim é, então não existe um único motivo para desperdiçar munição de qualquer tipo contra criaturas que aguentam milhões de graus centígrados direto na cara sem sequer se incomodar, tornando, claro, a bela sequência final do Godzilla Nuclear derretendo o King Ghidorah completamente incompreensível.
E tudo isso por quê?! POR QUE ABSOLUTAMENTE NENHUM INFELIZ TEVE A IDEIA ELEMENTAR DE USAR UMA BOMBA DE NEUTRÔNS!!! C4R4LHO!!!
Qualquer fã de qualquer dos 40 filmes de Godzilla tem obrigação de conhecer o suficiente sobre o assunto para saber que esse armamento existente desde a década de 60 cumpriria o mesmíssimo papel narrativo exigido pela estória, com a mesma carga dramática, ou até melhor, mesmas exigências de ação, e em perfeita harmonia com todos os conceitos desenvolvidos até então.
APESAR DISSO, AINDA É GODZILLA
Eu precisava desabafar dizendo isso, embora pudesse dizer muito mais. Não é a toa que a crítica está dividida, pois se por um lado teve cenas de beleza cinematograficamente inéditas na história do cinema, capazes de impressionar pelo realismo e sensação de grandiosidade, há todos esses inúmeros problemas impossíveis de perdoar. Feliz de quem consegue ignorar totalmente esses defeitos e se concentrar apenas na ação titânica. Infelizmente, até mesmo fazer uma edição somente com as cenas de combates entre os monstros está mais difícil que nos filmes anteriores, visto que elas estão bem mais mescladas com as ações envolvendo os humanos.
Após um filme de altíssimo nível em 2014 e um em 2017 que nada fez de errado, é trágico ver o terceiro filme ser tão maculado de problemas injustificáveis como esses.
Por fim, só gostaria de acrescentar algo que, isso sim, até agora ninguém vi falar, e que aliás até explica boa parte dos problemas apontados.
É que o filme tem uma narrativa extremamente acelerada. Acontecem muitas coisas em pouco tempo. Há material ali pra três filmes, com folga! A ação, que transcorre toda em dois ou três dias, nos leva de um mundo ainda assustado pelos eventos do primeiro filme (os do segundo não foram públicos), para a repentina descoberta de 17 titãs, a reviravolta de descobrir que um deles na realidade é extraterrestre (nem gosto disso, considerando que King Ghidorah tem a nítida aparência de um dragão com toque chinês, os MUTOs são muito mais "alienígenas"), o que derruba por completo os planos originais dos ecoterroristas, a descoberta de túneis submarinos que permitem ao Godzilla nadar rapidamente por baixo dos continentes, mais Atlântida e uma série de outras informações que são jogadas, em parte como fan service, mas também como forma de acelerar a construção de uma ambientação que exigiria vários filmes.
Assim, foi um balde de água, se não fria, ao menos morna, na expectativa da construção do monsterverse, principalmente pelo risco desde último filme ditar a tônica dos demais, o que espero não ocorrer devido as severas críticas que vem sofrendo. Tomara que metam um Godzilla Blast nesse Michael Dougherty e sumam com ele para sempre do projeto!