As linguagens faladas no Hades, no Tartarus, nas Trevas Exteriores ou qualquer região do mundo subterrâneo (exceção feita aos Campos Elíseos) tem a peculiaridade de inverterem o sentido das linguagens faladas na superfície, portanto, o tweet de Michel Temer ao reagir ao "não-perdão" de Dilma Rousseff deve ser traduzido para: "é tão impecavelmente racional a manifestação da ex-presidente Dilma Rousseff, que não pode ser refutada."
Pois Temer, atendendo ao melhor espírito lulista de promover conciliação onde melhor caberia um Armageddon, decidiu tecer elogios à Dilma, deixando claro que seu impeachment teve motivação exclusivamente política e frisando ser ela honestíssima, até porque as devidas instâncias legais já a inocentaram de qualquer suspeita.
Mas Dilma não perdoou a traição, e rebateu Temer de um modo equivalente a uma sequência pokeriana de cartas A, K, Q, J e 10 do mesmo naipe contra uma de 2, 4, 6, 8 e 10 de 4 naipes diferentes, frisando a escancarada natureza do golpe, em especial os crimes natiocidas das 'deformas' trabalhista, previdenciária, ou a demoníaca PEC do Teto, que como frisou nossa ex-presidente, jamais estiveram nos programas de governo vencedores e são antitéticos a qualquer projeto minimamente popular, desenvolvimentista, democrático, ou apenas, minimamente são.
Ante isso, só coube a temer voltar ao subterrêneo e tweetar, literalmente "É tão desarrazoada a manifestação da ex-presidente Dilma Rousseff que não merece resposta.", no idioma invertido típico de certos anjos caídos, incluindo um tal de "pai da mentira", que, portanto, deve ser traduzido em linguagem humana como o fiz no primeiro parágrafo.
Pelo jeito só eu entendi como será o golpe. Explico. Alas bolsonaristas evidentemente tentarão um movimento golpista, com participação de milícias, e setores das forças armadas. No entanto, a maioria das forças armadas não só não irá seguí-los como se disporá a combatê-los, e aí haverá uma Intervenção Constitucional Militar legítima CONTRA a Ameaça Bolsonarista, e essa, intervenção terá amplo apoio dos setores democráticos, incluindo da própria esquerda, bem como apoio internacional, a começar pelos EUA, afinal, o inimigo é inequivocamente perigoso e odiento.
Ocorre que uma vez no poder, os militares NÃO irão entregá-lo sem exigir extremas concessões do presidente legitimamente eleito, quase certamente Lula, e estarão em posição de impor condições extremamente deletérias para o Brasil, se é que entregarão o poder, pois poderão alegar uma ameaça interna infindável, até porque poderá ser verdade.
Sendo as Forças Armadas brasileiras inequivocamente subservientes aos EUA, o mínimo que podemos esperar é que o Brasil se submeta aos interesses da OTAN e se afaste do BRICS, passando a condenar ativamente a Rússia e concordar em impor sanções, bem como se afastar da China, e assumir posição de hostilidade aberta à Venezuela.
Eis aí como será a continuidade e intensificação do processo golpista. É o que estou dizendo desde Setembro passado em meu canal.
Quase isso. Acrescento que apesar de Lula, mesmo com Alckmin, ser incomensuravelmente preferível a Bolsonaro, está longe de ser bom, e apesar do comportamento da militância petista ser muito menos grotesca que o da bolsonarista, de fato também insiste numa polarização maniqueista, pois se um lado se vê como salvação contra o "comunismo", outro se vê como salvação contra o "fascismo", dois fantasmas que só servem para esconder que o problema real atual é o Liberalismo, que contamina ambos os lados.
Os petistas misturam propositadamente o conceito de POLARIZAÇÃO com o de EQUALIZAÇÃO. Não estamos dizendo que o Lula é tão nefasto como Bolsonaro, mas que ambos são nefastos e promovem a ideia fascista de que só há dois lados, e se você não está do lado dele, está ao lado do mal.
"A América Latina ainda está neste lento caminho, de luta, do sonho de San Martín e Bolívar, para a unidade da região. Ela sempre foi uma vítima, e será sempre uma vítima até que se liberte completamente dos imperialismos exploradores. Todos os países têm este problema. Não quero mencioná-los porque são tão evidentes que todos vêem. O sonho de San Martin e Bolivar é uma profecia, aquele encontro de todos os povos latino-americanos, para além das ideologias, com a soberania. É nisto que devemos trabalhar para alcançar a unidade latino-americana. Onde cada povo sente que tem sua própria identidade e, ao mesmo tempo, precisa da identidade do outro. Não é fácil". - Papa Francisco