FILOSOFIA - A Incansável Busca Pela Sabedoria -
"Filosofia" deriva do grego PHILOSOPHIA
SOPHIA significa "SABEDORIA"
PHILO significa "Amor Filial", ou Amizade
Literalmente, um Filósofo é um AMIGO, ou AMANTE de SOPHIA, alguém que admira, e busca, a SABEDORIA.
Esse termo foi usado pela primeira vez pelo famoso grego PITÁGORAS por volta do século V aC, ao responder a um de seus discípulos que ele não era um "Sábio", mas apenas alguém que amava a Sabedoria.
Filosofia é então a busca pelo conhecimento último e primordial, a Sabedoria Total.
Embora de um modo ou de outro o Ser Humano sempre tenha exercido seus dons filosóficos, considera-se que a Filosofia Ocidental como um campo de conhecimento definido, surge na Grécia Antiga com a figura de TALES de MILETO, que teria sido o primeiro a buscar uma explicação para os fenômenos da natureza usando a Razão e não os Mitos, como era de costume. Ao menos, candidatos anteriores nunca foram confirmados.
Assim como a Religião, ela também já teve sua morte decretada. No entanto a Filosofia Ocidental perdura há mais de 2.500 anos, tendo sido a Mãe de quase todas as Ciências: Psicologia, Antropologia, Física, Biologia e praticamente qualquer outra derivam direta ou indiretamente da Filosofia. Entretando as "filhas" ciências se ocupam de objetos de estudo específicos, e a "Mãe" costuma se ocupar também do "Todo", da interrelação entre as área, ou daquilo que não possa ser reduzido ou mensurado.
Nada escapa à investigação filosófica. A amplitude de seu campo de estudo é tão vasta que foge a compreensão de muitas pessoas, que chegam a pensar ser a Filosofia uma atividade inútil. Além disso seu significado também é muito distorcido no conhecimento popular, que muitas vezes a reduz a qualquer conjunto simplório de idéias específicas, as "filosofias de vida", ou basicamente a um exercício poético.
Entretanto como sendo praticamente o ponto de partida de todo o conhecimento humano organizado, a Filosofia estudou tudo o que pôde, estimulando e produzindo os mais vastos campos do saber, mas diferente da Ciência, a Filosofia não é empírica, ou seja, não faz Experiências. Mesmo por que geralmente seus objetos de estudo não são acessíveis à experimentação objetiva. Como poder-se-ia fazer experiências com a Virtude? Como se poderia medir a Política? Como podemos isolar a Justiça?
A RAZÃO e a INTUIÇÃO são as principais ferramentas da Filosofia, que tem como fundamento a contemplação, o deslumbramento pela realidade, a vontade de conhecer, e como método primordial a rigorosidade do raciocínio, para atingir a estruturação do pensamento e a organização do saber.
Academicamente, a Filosofia é dividida em:
ANTIGA - do século VIaC até VIdC -
Foi a era dos pré-socráticos, os filósofos da natureza, os Atomistas, os sofistas, de Pitágoras, Sócrates, Platão, Aristóteles, Plotino etc. Esses filósofos simplesmente construíram toda a estrutura de nosso conhecimento. Tudo o que temos hoje deve-se ao progresso promovido pelos gregos antigos, ainda que grande parte dele tenha permanecido adormecido por mil anos. No princípio, o maior objeto de reflexão foi a Natureza, mas aos poucos diversas outras preocupações foram surgindo.
MEDIEVAL - do século IIdC até XVdC -
A era da Filosofia Cristã, da Teologia Revelada, da tradição escolástica. A preocupação principal dos filósofos se centrou na Revelação Divina, embora tenha havido também muito desenvolvimento na lógica, retórica e dialética. Alguns deles foram canonizados, como Santo Agostinho e Santo Anselmo. Outros começariam a pavimentar os fundamentos da ciência, como Guilherme de Occam. Em paralelo, no Oriente Médio, houve um imenso avanço em áreas mais técnicas, como matemática, astronomia e química, também fundindo a tradição muçulmana com a aristotélica, resultando num legado que posteriormente viria a ser incorporado ao ocidente, especialmente por São Tomás de Aquino.
MODERNA - do século XVIIaC até XIXdC -
Surge junto com o Renascimento e o despertar científico, que recupera parte da sabedoria da Grécia Antiga. O Racionalismo Cartesiano, o Empirismo, o retorno do Ceticismo e muitos outros movimentos deram impulso a Ciência. Descartes imortalizou o "Penso Logo Existo" como um ponto de partida para a construção de um conhecimento seguro. Hume fundamenta o empirismo e Kant consolifa a Espistemologia. Adam Smith lanças as bases do Liberalismo Econômico, e Karl Marx aprofunda as ideologias socialistas. O enfoque de aí em diante se centrou na sociedade, no Ser Humano e suas possibilidades de conhecimento.
CONTEMPORÂNEA - do XIXdC até... -
Os novos desafios no mundo atual surgem sob a forma da Emancipação Feminina, o secularismo, o Existencialismo, a ênfase na Linguística, e mais recentemente o Estruturalismo, Desconstrutivismo, Bioética e diversas áreas conflitantes e entrelaçadas. Alguns nomes já se imortalizaram, como Sartre, Husserl, Heidegger, Simone de Beauvoir, Wittggestein ou Michael Foucalt.
E A FILOSOFIA ORIENTAL?
Embora não seja aceita como Filosofia pela maior parte dos acadêmicos, o pensamento produzido no Oriente, especificamente na China e Índia por Budistas e Hinduístas, possui algumas qualidades equivalentes a da Filosofia Ocidental.
A questão é basicamente a definição do que vem a ser a Filosofia e suas características principais, que da maneira como é colocada pelos acadêmicos ocidentais de fato exclui a Filosofia Oriental. Mas nada impede que se considere Filosofia num conceito mais amplo.
Sem dúvida a Filosofia Oriental é mais Intuitiva que a Ocidental, e menos Racional, o que contribui para sua inclinação mística e hermética. Mas não se pode negar os paralelos que esta possui principalmente com a Filosofia Antiga.
Ambas surgiram por volta do século VI aC, tratando de temas muito semelhantes e há de se considerar que Grécia e Índia não são tão distantes uma da outra a ponto de inviabilizar um contato.
Mesmo assim, a grande maioria dos estudiosos considera que não há qualquer relação entre os Pré-Socráticos e os filósofos Orientais. O que na realidade, pouco importa.
O fato é que assim como Ciência, a Arte e a Mística, a Filosofia sempre existiu em forma latente no ser humano. Nós sempre pensamos. Logo existimos.
A CRISE DA FILOSOFIA
Atualmente, a Filosofia passa por uma fase de perda de identidade. O principal motivo disto é a atual soberania da Ciência. Tal como a Religião já fora o expoente máximo em um passado, onde todos procuravam se aproximar do estatuto da autoridade religiosa, na atualidade a área do conhecimento humano mais destacada é a Ciência. Isso faz com que muitos filósofos prefiram se identificar como cientistas.
Basicamente todas as "Ciências Humanas" que conhecemos são Filosofia. História, Sociologia, Psicologia, Antropologia, Direito, Política e etc. Porém todas parecem querer gozar do prestígio da Ciência, tentando aparentar em sua essência uma característica de "científicamente estabelecido", o que garantiria uma maior aparência de confiabilidade.
FILOSOFIA e CIÊNCIA compartilham uma de suas bases, a RAZÃO, e nesse ponto se misturam, mas não compartilham o EMPIRISMO, que é a outra base da Ciência.
A confusão com relação a definição de Filosofia, e a desinformação geral, que permeia mesmo o meio acadêmico, chega a ponto de permitir o surgimento de propostas quiméricas no sentido de se eliminar a Filosofia.
Entretanto, Ciência alguma pode se ocupar com a Macro Realidade. O Empirismo não pode ser aplicado à Civilização Humana, à Mente, ao Total. Quem estabelece a comunicação entre todos os segmentos da conhecimento continua a ser a Filosofia. Continuamos gerando novos segmentos de investigação através da Filosofia, ao mesmo tempo que a tendência a Interdisciplinariedade exige uma visão cada vez mais holística para abordar os desafios no Terceiro Milênio.
a mesma forma que a Arte, a Mística ou a Ciência, a Filosofia nunca deixará de existir enquanto houver pessoas buscando respostas.
O FILÓSOFO
Há uma grande diferença entre ser um Filósofo e estudar Filosofia. Qualquer pessoa que tente, pela sua própria maneira de ver a realidade, entender racionalmente a vida , o sentido da existência, a sociedade, as relações humanas, o Universo, enfim, todos os eventos que o cercam, é um Filósofo em potencial, ainda que não possua qualquer instrução significativa.
Por outro lado é possível estudar a História da Filosofia, o pensamento dos filósofos, os eventos que marcaram a produção do pensamento humano e etc, sem nunca desenvolver uma postura de questionamento próprio sobre a realidade.
Via de regra porém, uma atitude leva a outra.
O verdadeiro Filósofo é antes de tudo um observador atento da realidade, um pensador dedicado, que tenta pelo seu próprio esforço desvendar o Universo que o cerca.
FILOSOFIA PRÁTICA
Embora a Filosofia em geral não seja produzida para resultados concretos e imediatos, crer que ela não tenha aplicação prática é apenas uma ilusão. A forma de compreender o mundo é que determina o modo como se produzem as coisas, se investiga a natureza, se propõe as leis.
Ética, Política, Moral, Esporte, Arte, Ciência, Religião, tudo tem a ver com Filosofia.
O pensamento humano não apenas influenciou e influencia o mundo, na verdade é ele que o determina. Todos os movimentos sociais, econômicos, políticos, religiosos da história tem origem no pensamento humano, o domínio da Filosofia. O Cristianismo não teria sido a maior religião mundial sem o legado filosófico helênico, nem mesmo o Islamismo, o Hinduísmo ou o Budismo. Todas essas grandes tradições exigiram uma parte estrutural filosofica para se sustentarem. A Ciência também depende diretamente de fundamentação filosófica, e todos os movimentos sociais dos últimos séculos, incluindo as revoluções, tem origem em reflexões filosóficas associadas à demandas sócio econômicas.
Se dedicar a Filosofia não é se abster da realidade, nada tem a ver com a alienação, antes o completo contrário. É procurar compreender a realidade, o primeiro passo para interagir com ela, ou mesmo alterá-la, da melhor forma possível.
Filosofar é examinar a realidade, e isso, de um modo ou de outro, todos fazemos constantemente. Ao se tentar resolver os problemas globais, sociais ou pessoais, é impossível se abster da Racionalidade. Entretanto há uma gama de situações onde a Razão não pode avançar por falta, ou excesso de dados, o que impossibilita decisões objetivas.
Entre em cena então a parte subjetiva humana, mais especificamente a Intuição, como meio de direcionar nosso foco de entendimento e apontar caminhos a serem trilhados pela racionalidade.
Isso é Filosofia em si.
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De certo modo, a Humanidade sempre será Amante de Sophia.
Marcus Valerio XR
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