A grande função social do marketing
NÃO É vender produtos, e sim
EMBURRECER o público. Até porque...
...na maioria dos casos é impossível convencer alguém a comprar algo sem emburrecê-la primeiro. Mas o emburrecimento não visa apenas a venda de mercadorias, mas sobretudo, de "visões" de mundo (arreios que limitam a percepção), moldes fixos de pensamento, ou a simples imposição fatalista de que a estupidez é a norma, e que então, não há problema em ser estúpido por que isso é o, nada novo, normal.
No geral, os profissionais da área não tem consciência disso, os anunciantes menos ainda, mas o resultado final é claramente mais voltado para cultivar um cenário de reforço a estupidez do que em efetivamente convencer alguém a comprar o que quer que seja.
Nas App Stores isso atingiu um nível de quase perfeição, onde já é evidente que forçar o usuário a ver anúncios é na realidade mais importante do que fazê-lo comprar o produto. Afora as honrosas exceções, os anúncios são de uma estupidez brutal, normalizando comportamentos inacreditavelmente idiotas, que tem inclusive um nível extra de eficiência e periculosidade: fazer com que o usuário se sinta um gênio só de observar o quanto são imbecis aqueles personagens que falham pateticamente tentando solucionar problemas óbvios. E nada é mais emburrecedor que a sensação de falsa superioridade intelectual.
Não à toa consolidou-se o modelo possivelmente definitivo de anúncios: os Fake Ads! Aquele que atraem atenção do usuário com um vídeo, para então entregar um produto completamente diferente, quando faria muito mais sentido vender um produto que correspondesse ao anúncio, o que seria a suposta função do marketing.
Quando se circula em massa vídeos de produtos que simplesmente não existem, quando o pressuposto auto evidente é que há uma demanda para aquele tipo de produto, cai por terra o último resquício de ilusão de que o marketing termine sendo outra coisa que engenharia social com um o perpétuo objetivo de emburrecer as massas.
E não é que consegui ser 1° Lugar mundial em alguma coisa?
Na verdade eu descobri um... "cheat", que permite paralisar apenas os inimigos indefinidamente, enquanto as torres e todos os seus recursos continuam funcionando. Mas exige algum preparo, é um pouco difícil de ativar e ainda assim você tem que prestar atenção no jogo.
Logo depois algum maluco deve ter descoberto algo ainda mais extremo, porque ele conseguiu ficar em primeiro em todos os mapas e com uma distância astronômica dos segundos lugares, e logo em seguida, suspenderam o jogo, que parou de funcionar.
Em DEMONIC (2021), Neil Blomkamp finalmente rompeu a fórmula "favelas, robôs, psicopatas e Sharlto Copley" que reinou em suas três maiores filmes anteriores: District 9, Elysium e Chappie.
Nada disso voltou, e temos agora uma inédita mistura de possessão demoníaca e exorcismo com realidade virtual. Mistura que tenho dúvidas que funcione, mas de certo é inovadora e rende bons momentos.
Malgrado um hilário erro de continuidade num diálogo ao ar livre no primeiro quarto do filme, onde o gelo de um copo de refrigerante fica sumindo e reaparecendo, a produção é bem cuidada, com visual limpo e agradável exceto nos momentos de tensão que exigem um cenário mais escuro e claustrofóbico. As dificuldades imposta pela Pandemia podem ser sentidas pelas cenas externas na cidade onde mora o diretor, onde se vê poucas pessoas e muitas ruas vazias. E até no elenco reduzido, e voltando a cena do gelo que viaja no tempo, a ventania sob a qual o diálogo foi filmado seguramente não foi desejada e deve ter rendido uma dificuldade na edição, especialmente de som.
A trama é envolvente, fluindo muito bem, com personagens com os quais é fácil se identificar e por eles torcer. Mas algumas coisas ficam dissonantes, como padres, por mais disfarçados que sejam, repletos de tatuagens ou o estranho fato de, inicialmente, a protagonista odiar a própria mãe a um nível que choca mesmo sendo ela uma assassina serial, e em massa, visto que os crimes cometidos nunca atingiram a filha diretamente, e ainda ocorreram de forma repentina e inexplicável após um evento que claramente transtornou a mãe num nível de catatonia.
Ainda mais quando é óbvio não apenas ao espectador (mesmo que não tenha visto o trailer) que se tratou de possessão demoníaca, pois um dos protagonistas já havia dito, e insistido muito, nessa explicação para a protagonista desde que ambos, ao resgatar a mãe numa situação insólita, também passaram a ser afligidos por pesadelos estranhos.
Difícil também entender o que uma milícia exorcista secreta da Igreja Católica esperava fazer contra um demônio evidentemente imaterial, utilizando equipamento típico de soldados de operações especiais, não se preocupando em explicar em que metralhadoras, lança granadas e arcos compostos ajudariam contra um ser que pode simplesmente ir pulando de corpo em corpo.
Apesar de tudo isso, ainda assim o filme me foi aprazível. As cenas no ambiente virtual onde a protagonista encontra a mãe conseguem aliar beleza, estilo videogame, e demais elementos que compõe interessante dramaticidade nos encontros. Bem como correspondem bem ao cenários reais aos quais se inspiram.
E o desfecho é bastante satisfatório, sem aqueles elementos típicos de filmes de terror que querem sempre deixar claro que mal sempre vence.
Ao menos, Neil Blomkamp ao menos fugiu de sua fixação cyberpunk e seus vilões psicopáticos asquerosos, mostrando que pode sim ser algo mais que diretor de um tema só.
Os últimos filmes que vi, com minhas avaliações de 1 a 5 estrelas.
Shepherd / Ilha Fantasma (2021)
Quase todo ambientado numa ilha isolada e focado num único protagonista, é um drama que pode ser sobrenatural (envolvendo bruxas) ou vida pós-morte, ou insanidade do protagonista, duas das alteriores, ou tudo junto. Não dá pra saber. É "terror", mas muito envolvente, "atmosférico" e interessante.
Exists / Eles Existem (2014)
Estilo "mockumentary" sobre um mal fadado e aterrorizante encontro com o Sasquatch (Pé Grande) numa cabana na floresta. Engraçado que eu vi o thumbnail desse filme no Prime Video por meses, mas por não enquadrar devidamente a imagem, pensei se tratar de algum ET com um formato bizarro, quando na verdade a imagem não passa de uma árvore arrancada e fincada de volta com as raízes para cima!
Harold And The Purple Crayon (2024)
Infantil divertidíssimo que meus filhos adoraram. Curioso é que o modo como o "Lápis" Mágico do protagonista funciona, em especial na luta final, lembra muito os Lanternas Verdes.
M3GAN (2022)
A má e nova temática da ameaça da Inteligência Artificial cujo pré requisito para ser devidamente apreciada é a desativação da própria Inteligência Natural. Aí pode-se curtir o drama, suspense e ação, com direito a luta e robôs, em um enredo "anelídeo" (sem pé nem cabeça).
Subservience / Alice (2024)
Meio que uma "M3GAN (Fox) para adultos", é mais "minhocal" ainda, levando o non-sense de uma proliferação de ginóides e andróides pela sociedade, para os mais diversos fins, ao nível da surrealidade de tão desprovido de uma mínimo de coerência e sentido. Obrigatório para fãs da Megan Fox ou daquele cara do 365 dias, e chega a parecer o prelúdio da rebelião geral das máquinas, que pode ser apreciado conquanto se reduza o pensamento crítico para menos de 10%.
Howl / O Uivo (2015)
Tem nem como dar spoilers, pois obviamente são lobisomens! Que no caso atacam um trem que "enguiça" no meio de uma floresta em noite de Lua Cheia. Talvez merecesse mais estrelas.
Lost Child / Tatterdemalion (2017)
Comentei essa joia rara de drama folclórico no post anterior. Merecidíssimo que tenha ganhado vários prêmios, e o fato de não ser muito mais celebrado e conhecido (Merecia um Oscar!) depõe muito contra o "mercado" cinematográfico. Apesar de tratar de uma drama com forte pano de fundo de crítica social, ninguém dos interessados de praxe irá dar a mínima, por focar exclusivamente em população W.A.S.P. redneck, ainda que paupérrima. A maioria vivendo como se você espalhasse as casas de uma favela por uma vasta floresta nos Montes Ozark dos EUA.
The Map of Tiny Perfect Things (2021)
Loop Temporal com notáveis inovações. A começar por já começar a estória com o personagem adaptado à exótica situação, agindo como um ser onisciente e tentando achar um sentido existencial até descobrir outra pessoa também presa no mesmo loop. Ótimo romance para a toda a família.
About Time (2013)
Divertida comédia romântica envolvendo um viajante do tempo, que por não ter a mínima noção das regras básicas para conquistar mulheres, apela para seu super poder de "rebobinar" a realidade para ir aperfeiçoando sua vida amorosa. Difícil entender as regras implícitas das viagens temporais, mas a parte do drama existencial e busca da felicidade invés de riqueza e poder são ótimas de se ver.
Há muito tempo não via um filme tão maravilhoso! Lindo de chorar! Apesar do que alguns streamings dizem, nada tem a ver com Terror, sendo na verdade um "drama folclórico" que mostra o quão profundo pode estar enraizado o pensamento mágico numa comunidade, e o quão trágico isso pode ser quando misturado com desagregação social e preconceitos. E o final é de uma beleza ímpar
No Brasil divulgado (mau) como O Garoto Perdido, o título prévio na realidade era bem mais interessante: TATTERDEMALION. Uma criatura folclórica por vezes traduzida como "Maltrapilho", que em tese seria uma espécie de "encosto" que seduz as pessoas, fazendo-as amá-lo, e suga lentamente, ao longo de dias ou meses, sua vitalidade. Porém, durante todo o tempo é mantido o suspense sobre de fato ser uma estória sobrenatural, ou apenas o resultado de um preconceito contra meninos em situação de extrema vulnerabilidade.
Disponível no Prime Video, infelizmente é difícil comentá-lo sem spoilers, visto que o modo como a estória se desenrola é repleta de viradas. Destaque também para a interpretação de jovem Landon Edwards, então com uns 10 a 12 anos, e absolutamente fascinante! Impossível não se apaixonar por esse menino!