META-TEORIA DA CONSPIRAÇÃO

ou

Entre o QUERER e o PODER

A Camuflagem da Camuflagem

Setembro de 2012

aproximadamente 6.240 caracteres

Poderia sim considerar esse texto como uma resposta ao supracitado texto de meu Anti-mestre Olavo de Carvalho, mas ele é também o resultado de uma longa reflexão e história intelectual, apenas emergindo de forma abrupta pelo efeito catalizador do supracitado ensaio.

Sendo evidente que os processos históricos abrangem desde os mais meticulosos e bem executados planos até os mais imprevisíveis e caóticos processos impessoais, como chegarmos mais próximo ao meio termo?

Servindo de contra ponto a um viés que enfoca mais as ações intencionais de agentes específicos, para um que enfoque a perspectiva contrária sem cair na redução de um materialismo histórico por completo impessoal, vejamos as seguintes considerações.

TEORIA DA CONSPIRAÇÃO

Penso que uma das características centrais é o fato de que as teorias conspiratórias tem a natureza de transformar a própria falta de evidências na evidência em si, ou havendo evidências parciais, transformá-las em totais, ou havendo uma total, hiper dimensioná-la.

Em terminologia mais específica, Teorias da Conspiração são frequentemente similares a teorias "metafísicas", não gerando, ou minimizando ao máximo, seus falseadores, e se falseada, adicionando elementos para se imunizar ainda mais a qualquer chance de verificação.

Portanto, quando existem evidências ao menos parciais de um certo processo, é exagero chamar seus denunciadores de teóricos da conspiração. Esse rótulo só cabe quando tais evidências são extrapoladas para um âmbito muito mais amplo, e ainda são temperadas com o mais indesejável tipo de característica para uma teoria. A certeza intransigente.

Mas tudo pode ser visto de uma forma menos paranóica, visto ser uma tendência humana irresistível atribuir causalidade intencional onde pode não haver alguma.

INTENCIONALIDADE

Compartilhamos com os animais a capacidade a pressupor um efeito de uma causa. Ou seja, ao observar fatos que antecedem um acontecimento específico, costumamos então esperá-lo. Um cão, ao ver o dono apanhando um graveto, pode imediatamente se preparar para ir buscá-lo, pois é capaz de deduzir que será arremessado. Por aprendizado, ele é capaz de inferir uma coisa de outra. Assim como maioria dos mamíferos.

Mas, aparentemente, somente nós conseguimos fazer a dedução no sentido inverso, isto é, pressupor uma causa de um efeito. Pelo mesmo exemplo anterior, um cão pode ver um graveto passar voando à sua frente, vindo por trás dele, e o máximo que se pode esperar é que vá perseguir o mesmo, mas não que olhe para trás para ver de onde veio. Os animais, ao que tudo indica, não procuram as causas dos fenômenos.

Nossa predisposição natural a tentar entender porque as coisas se dão, a buscar as causas, os motivos, explicações, etc, é a força motriz de toda nossa inteligência, e não costumamos ficar satisfeitos em permanecer na ignorância. E não falo de conhecimentos avançados. Mesmo a mais tosca pessoa é curiosa para saber as razões dos fatos que lhe interessam, mesmo que sejam as mais fúteis fofocas.

Se não podemos descobrir, nos resta arriscar, tecer possibilidades, hipóteses, teorias.

Uma TEORIA é, em uma palavra, uma EXPLICAÇÃO. A usamos para tornar os eventos compreensíveis, conectados, para dar-lhes sentido e propósito. Quando as causas são claras, em geral as descobrimos e aceitamos sua simplicidade. Principalmente quando conhecendo-as, podemos nos precaver. Mas quando não conseguimos controlá-las, e estamos sempre a mercê de sua ocorrência, costumamos atribuir-lhes alguma INTENCIONALIDADE. Isto é, não serem apenas eventos mecânicos naturais, mas sim resultados de um agente intencional.

É por isso que inventamos tantos deuses para explicar fenômenos fora de nosso controle e explicação, sacramentando mitos para dar sentido ao mundo. Somos seres essencialmente intencionais, e é fortíssimo em nossa natureza projetarmos no mundo externo o que existe em nossos mundos internos. Precisamos dar vontade à natureza, destino ao acaso, razão ao caos.

Se fazemos isso até mesmo para fenômenos atmosféricos, por que, principalmente quando menos esclarecidos, não o faríamos para fenômenos claramente resultantes de ação humana?

FORÇAS OCULTAS

Que existem grandes plutocracias influenciando o destino do mundo não parece motivo de dúvida razoável. Quem tem bilhões de dólares e controle setores inteiros da economia, política e sociedade, de certo age para moldar o mundo à sua vontade, como aliás o faz qualquer pessoa, com uma diferença apenas de grau. Isto é, pode fazê-lo em nível muito mais amplo e profundo.

Assim, Maçonaria, Clube Bilderberg, Caveira e Ossos, Comissão Trilateral, Fundação Rockfeller, e todas as associações regidas por uma elite financeira tão poderosa que consegue se manter fora dos holofotes da mídia e manda no congresso dos mais poderosos países do mundo, CERTAMENTE promovem amplos esforços na forma de domar o mundo aos seus propósitos.

A questão que fica, é se eles conseguem!

E a resposta é: apenas parcialmente.

E isso se dá porque o mundo é um caos de eventos das mais diversas ordens, abrangendo desde fenômenos naturais até as mais incompreensíveis flutuações mentais individuais, tornando a ordem social e política mais abrangente um mero esforço de reação ante a geração espontânea de fatos que se acumulam e sobre os quais força humana alguma pode efetivamente controlar.

Não importa o quão mirabolante seja o plano de uma elite que quer moldar o mundo à imagem e semelhança de seus sonhos. Ele nunca funcionará devidamente. Forças psicossociais imprevisíveis são indomáveis demais para se deixar submeter por tecnocracias plutônicas.

E por isso que, como diz o anti-mestre, se o mundo está sob disputa de 3 grandes projetos globalistas: Um Meta Capitalismo regido por elites bilionárias transnacionais; um projeto comunista asiático, a o avanço do Islã rumo a um Califado Universal, se eu tivesse que apostar, o faria no último.

Pois este é o menos organizado e centralizado de todos, retirando sua força do caos social que se ordena espontaneamente por uma visão de mundo que atende necessidades inegáveis e primordiais de povos que não vêem seus desejos sendo atendidos por outros projetos. Além do simples fato de que já está aí há 1400 anos sem dar qualquer sinal de cansaço. Pelo contrário.

Não é qualquer elite de privilegiados que jamais precisaram trabalhar na vida que fará frente a essa enorme força sócio cultural, nem mesmo ideólogos continentais que almejam sonhos de sociedades sem estado e ou revoluções culturais que reprogramem uma espécie desenhada por milhões de anos de evolução apenas na base da propaganda centralizada.

O Islã passou no teste da história, e deixa claro que a pura e simples reprodução biológica ainda é imbatível.

Não que eu torça por eles. Aliás, se eu pudesse escolher dos males o menor, ficaria com os Metacapitalistas, que ao menos não esperam messias salvadores descerem dos céus após uma hecatombe nuclear. Em segundo lugar, preferiria os problemas do comunismo internacional pelo mesmo motivo, embora não simpatize nem um pouco com suas pretensões de reinventar a espécie humana sem sequer compreender do que ela é feita. Uma teocracia global que interliga políticas públicas com verdades cósmicas transcendentais seria minha última opção!

Eu não torço, mas as minhas fichas vão para o Islã!

Marcus Valerio XR

27 de Setembro de 2012

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