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2 0 2 3 Compilação de todos os textos e vídeos sobre o conflito. 06/02/2023 2 0 2 2 Compilação de todos os posts sobre a série em página única e personalizada. 04/09/2022 O Futuro da Religião e a Religião do Futuro 03/02/2022 2 0 2 0 O Extermínio do Futuro 30/01/2020 2 0 1 8 Existe um Imperialismo Oriental? 12 / 2018 VAMPEL II Matrimonium Lamia Nocts 21/03/2018 2 0 1 7 inCompetência e Presciência da Vara de Curitiba 16/09/2017 Gladium Volantis 10/08/2017 VAMPEL Vocationem Lamia Noctis 23/06/2017 ABISMO NEGRO Um Clássico da FC 02/06/2017 Feminismo "Benevolente" e Feminismo Radical 15/02/2017 Homens e Aborto 09/02/2017 Globalização, Globalismo e Globismo 24/01/2017 2 0 1 6 Feminismo Neo Pentecostal 01/11/2016 O Feminismo Desvirtuando as Instituições 22/09/2016 Os Titereiros do Capital e suas Marionetes de Esquerda 24/08/2016 A Guerra Contra a Reprodução 03/08/2016 A Família em Desconstrução Linguística 22/07/2016 Muita Sandice numa Burrice Só 18/07/2016 As Águas Sujas da Privatização 30/06/2016 Do Pré -Sal ao Impeachment O Maravilhoso Mundo das Coincidências Fabulosas 28/06/2016 OBLIVION Obra-Prima da FC 18/06/2016 O Estupro Coletivo da Consciência Social 14/06/2016 Os 300 da Suécia 26/05/2016 À Espera de Um Milagre (econômico) 21/05/2016 2 0 1 5 5 Bobagens Planetárias da FC 26/11/2015 Sensual Kombat 08/11/2015 TELLUS X THALASSA 15/07/2015 QUARTO Esboço de uma FILOSOFIA DO CAOS 28/06/2015 A Verdade Sobre Margareth Sanger Ela NÃO Era Abortista! 28/06/2015 A Dignidade Humana Entre A Esquerda e A Direita 19/06/2015 Pode o Feminismo Não Ser Misândrico? 09/06/2015 Mad Max Fury Feminist? 28/05/2015 Batalhas Espaciais II 26/04/2015 ABORTISMO 05/03/2015 Aborto à Francesa 05/03/2015 A Queda da Lua 23/02/2015 2 0 1 4 3o Esboço de uma FILOSOFIA DO CAOS 21/12/2014 Invertendo a Igualdade 18/12/2014 Desleitura Feminista em Christine de Pizan 01/12/2014 ESTUPRISMO 18/11/2014 Disputa Semântica 18/11/2014 Por que VEJA odeia o PT? 06/11/2014 Estuprando Números 11/09/2014 rePensando o Feminismo 19/08/2014 GRIDVENCE 15/07/2014 A Fundação do Feminismo 25/06/2014 5.000% de Paranóia 10/05/2014 Pensando nELA 25/04/2014 Atacando uma Ficção 20/04/2014 Estuprando a Justiça 03/03/2014 Entendendo a MISANDRIA 18/02/2014 Heroísmo: O Outro Lado da Masculinidade 18/02/2014 Em Defesa do Patriarcado 03/02/2014 2 0 1 3 Hip tese Benevolente sobre a Cruzada Anti-Reprodutiva 31/12/2013 A Cultura do ESTUPRO 28/11/2013 O Estupro da CULTURA 28/11/2013 Expressar ou Doutrinar? 26/09/2013 Traindo o Movimento 27/08/2013 Filosofia, Ideologia e Militância 26/08/2013 Infeliciana Homofobia 17/08/2013 As Ovelhas e os Memes 13/08/2013 Complexo de Paraíso Perdido 06/08/2013 Financiamento Público de Campanha 12/07/2013 Cavalheirismo Sexismo? 10/07/2013 'DeZrazões' Para Liberar as Drogas 11/05/2013 Meta-Teoria da Conspiração 11/05/2013 O Fantasma de CHE 11/05/2013 Revolução Digital 11/05/2013 VEJA - Um Tiro na Cabeça 11/05/2013 Da ESQUERDA para TRÁS 02/04/2013 A Cara do BRASIL 15/03/2013 HIPERGAMIA - Fundamentação 02/02/2013 2 0 1 2 GenoGênese 21/12/2012 Simbolismo do Aborto 16/11/2012 O Argumento Decisivo 16/11/2012 Aborto Repensado 16/11/2012 Em Defesa do Estado 03/10/2012 Reflexões Mentalistas - Virtualidade Real 30/09/2012 2o Esboço de uma Filosofia do CAOS 04/07/2012 Hipergamia 2.5 Adendo - 1 Ídolos - 03/07/2012 O Escudo do Capitão América 13/06/2012 MARX X Marxismo 01/06/2012 Da ESQUERDA para BAIXO 13/05/2012 GINOTOPIA - Hipergamia V 03/05/2012 Lesbianismo 03/05/2012 Estado X Indivíduo 04/03/2012 Das Indestrutíveis Ideias 04/03/2012 A Revolta dos Titãs 09/02/2012 1o Esboço de uma Filosofia do CAOS 30/01/2012 Hora, Data, Temperatura 26/01/2012 Ateísmo e Relativismo 21/01/2012 2 0 1 1 Religião Musical 26/11/2011 Calendários Alternativos 22/11/2011 Voos, e Quedas, Ideológicas 10/11/2011 Horário de Verão no Brasil 07/11/2011 Hipergamia Introdução 27/09/2011 Hipergamia IV Atração Sublimada 27/09/2011 Hipergamia III Atração Social 19/09/2011 Hipergamia II Atração Imoral 11/09/2011 Hipergamia I Atração Fatal 08/09/2011 Pornografia e Machismo 25/08/2011 Viagens Espaciais 18/06/2011 Teletransporte 18/06/2011 Viagem no Tempo e Paradoxo Temporal (Finalizado) 14/06/2011 Heróis de ESQUERDA X Heróis de DIREITA 10/03/2011 ZUMBIS à Esquerda, VAMPIROS à Direita 10/03/2011 RY-5 10/03/2011 Crônica de GRADIVIND 26/11/2011 Eu Sou A Lenda 25/11/2011 Histórico de Textos Publicados |
2 0 2 4É impressionante a quantidade de pessoas que dizem tolices do tipo "na ficção vale tudo" como se nos gêneros de Ficção Científica e Fantasia não houvesse necessidade de consistência ou coerência interna. Nem sei o que é pior: que essa "opinião" seja emitida por quem jamais tentou pensar sequer um minuto sobre o assunto; ou que seja uma conclusão de um esforço desastroso de raciocínio. Mas 100% das pessoas que dizem detestar um filme irão alegar alguma contradição nele, e eu até teria mais consideração se os defensores da bobagem "ficção = irracionalidade" fossem apreciadores de Jodorowsky, David Lynch ou até Glauber Rocha, mas duvido que um deles aguente ao menos meia hora de La Montaña Sagrada, Mulholland Drive ou a metade final de Deus e o Diabo na Terra do Sol. Se você acredita que numa obra ficcional qualquer que contenha algum rompimento com a realidade, não precisa ter compromisso com o princípio da consistência, então não poderia reclamar se na sequência final Harry Potter e as "Relíquias" da Morte o vilão Voldemort fosse repentinamente derrotado porque o protagonista sacou, do nada, uma Lightsaber; se o Jason Worhees ao final de um novo Sexta-Feira 13 fosse, de repente, preso pelo Batman; ou se Vingadores Ultimato fosse subitamente solucionado com uma aparição repentina do Super-Homem mastigando um chiclete de Kriptonita e exorcizando os vilões cantando Hakuna Matata com um banjo. Afinal, na "ficção vale tudo" não é? "Não precisa ter lógica!", como dizem outros! Mas o simples fato de todas as ambientações ficcionais supra realistas tratarem sobre alguns assuntos, mas não outros, já deveria ser mais que suficiente para atestar o fato óbvio de haver uma diferença entre uma ruptura com o real como premissa, e uma ruptura absoluta com qualquer racionalidade. Tal como um jogo, uma mitologia ou mesmo uma lenda folclórica, a obra de arte, em especial a literatura ou a filmografia, também tem regras internas, sem as quais ela seria impossível de ser apreciada. E isso é tão evidente e apreendido tão espontaneamente que a quase totalidade de seus apreciadores irá perceber de imediato quando, por um descuido da autoria, houver uma violação dessa consistência, e um "furo de roteiro" ser imediatamente apontado. Não houvesse essa tendência humana irresistível a delimitar um espaço de racionalidade mesmo dentro de devaneios imaginários, a obra surrealista O Fantasma da Liberdade (1976), um filme verdadeiramente "livre" de qualquer regra, bem poderia figurar no mesmo espaço estético de Avatar (2009), que não cito por acaso, pois lidera o ranking das maiores bilheterias de todos os tempos, onde ao menos dentre as 100 primeiras, são praticamente todos obras de Ficção Científica ou Fantástica. O que mostra que o público de todo o mundo leva a Ficção Supra Realista bastante a sério! 28 de Dezembro Ok, nunca pensei que precisaria explicar isso mas, vamos lá: Por que NÃO DÁ PRA LEVAR A SÉRIO um filme com o Super Cão! Primeiro, o contexto. Quando o personagem Super-Homem foi primeiramente publicado em 1938 (Sim! Super-Homem! Me recuso a dizer "superman"!) ele ainda não tinha a maior parte das características que viriam a se consolidar mais tarde e efetivamente definir o âmago do conceito. Alguém que diga que o super-herói nesta época contenha a essência do personagem que conhecemos hoje só pode nada entender do assunto. No começo, seus poderes poderiam ser resumidos em super velocidade ("Mais rápido que uma bala,") super força ("mais "poderoso" que uma locomotiva,") inclusive nas pernas ("...capaz de transpor um edifício num pulo só!"), e por fim, super resistência, pois era, afinal, o "homem de aço". Todas essas frases em parênteses foram usadas desde o princípio e permaneceram como "slogans" do personagem até os anos 70. O poder de vôo, a visão de Raio-X, sopro congelante etc, foram sendo adicionados com o tempo. O poder canônico mais recente é a "visão" de calor, que sequer existia no seriado de TV As Aventuras do Super-Homem*, que durou de 1952 a 1958 e foi reprisado infinitas vezes, sendo, por décadas para pessoas da minha geração, o maior contato com o personagem em Live Action na TV. (*Na realidade, me lembrei que houve sim um episódio onde é utilizado um conceito parecido com o da visão de calor, quando uma coisa é aquecida à distância, mas um personagem, se não me engano Jimmy Olsen, diz que foi um uso especial da Visão de Raio-X, sem o efeito especial do raio vermelho popularizado pelos filmes de Richard Donner (1978 e 1980) nem o conceito de Heat Vision que se consolidaria depois.) Detalhe: nessa versão, nunca existiu o Super Cão. O outro contato com o Super-Homem em Live Action desta geração são, obviamente, os filmes com Cristopher Reeve, de 1978 a 1987. Posteriormente teríamos Lois & Clark: A Novas Aventuras do Superman (de 1993 a 1997) para a TV, e onde a oficialização de "Superman" como o nome do personagem mesmo no Brasil ocorreu. Aí tivemos o problemático Superman Returns (2006), e enfim o Super-Homem mais CABA-ÔMI de todos, o Homem de Aço com Henry Cavill, em filmes de 2013 a 2023, além de seriado atual Superman & Lois, desde 2021. Em todas as versões Live Action, que em geral são para o público jovem e adulto, que seja no cinema ou na TV, jamais existiu o Super Cão. Aliás, nem mesmo nos filmes mais antigos, ainda em preto e branco, das décadas de 40 e 50. Krypto, o super cão, nunca foi um personagem das histórias do Super-Homem, mas sim de suas versão spin-off, o Superboy! Lançado pela primeira vez em 1955, e a princípio como personagem temporário, até se tornar mais recorrente nas aventuras dessa versão juvenil do Super-Homem que, vale lembrar, JAMAIS FOI CANÔNICA! Sim, apesar do Superboy ter sido introduzido ainda em 1945 como sendo relativo às "aventuras do Super-Homem quando era menino", isso jamais foi adicionado a uma cronologia canônica até pelo fato de que personagens de histórias em quadrinhos em geral NÃO TEM linha do tempo definida. Na realidade, eles são representações atemporais, tais quais "arquétipos", que são sempre atualizados. É por isso que outrora o Super Homem surge na década de 40 vestindo terno, gravata e chapéu num estilo Chicago anos 30, depois é atualizado para os 60, depois os 70 etc, e tal como qualquer outro super-herói, mesmo sua origem vai sendo atualizada. Alguém poderia objetar que aparece sim um super cão no seriado Smallville (2001-2011), mas vale lembrar que este faz, ou tenta fazer, justamente uma transição inédita do Superboy para o Superman, e mesmo assim o personagem aparece brevemente, com uma história diferente, e depois perde os poderes sendo reduzido a um cãozinho normal. Aliás, nem mesmo no seriado de TV Superboy, de 1988 a 1992, tinha supercão. E afinal, por quê?! Por que É ÓBVIO que não dá pra construir nenhuma estória minimamente adulta com um personagem assim! Ele só faz sentido na versão "infantil" do Super-Homem! Por mais ousadas que sejam as ambientações de Fantasia e Ficção Científica, elas ainda precisam de uma coerência interna que desabaria ante a simples reflexão a respeito de como uma cachorro com super poderes kryptonianos agiria quando visse um gato, uma cadela no cio ou um motoboy! Não seria nada fofinho, o bicho devastaria cidades inteiras e mataria milhões de pessoas apenas brincando, e o Superboy não teria outra opção a não ser eliminá-lo. Não que não seja possível criar uma estória interessante com essa ideia, mas ela não combina com a ambientação DC em qualquer nível que não seja infantil, e nem aquele Superamigos da década de 70 com 11 super-heróis que combatia a Legião do Mal, tinha o Krypto. E isso sem sequer entrar na procedência extraterrestre do totó que torna qualquer conceituação séria de Krypton impossível. Mas, como sabemos, James Gunn é o cara que dirigiu a mais infantil trilogia do MCU, os Guardiões da Galáxia, e mesmo lá o Rocket Racoon pelo menos é inteligente. E conseguiu infantilizar ao nível de debilidade até o Esquadrão Suicida. Isso tudo porém, nada é. Não é nem um pingo do problema que há pela frente. Há uma feroz contenda ideológica envolvida, que os próprios envolvidos não compreendem. O novo filme, Superman Legacy, já nasce com uma "pegada" "poli-ideo" escancarada que nenhuma das edições anteriores chegou nem perto, a de Snyder tinha um viés filosófico, é verdade, mas muito mais estético que "ideo". Não vou comentar isso aqui porque o Livro do Rosto, que participa dessa mesma "pegada", tem tanta obsessão que esconde o post se eu me atrever a tocar no assunto, mas voltando a tocar na "essência" do personagem, ela também foi sendo definida ao longo do tempo, e o símbolo do Super-Homem como uma síntese da ética também demorou a se consolidar, e sempre passou por oscilações. Mesmo seu uso como símbolo dos valores norte-americanos foi acidentando e frequentemente vacilante, tento sido, por sinal, completamente apagado justo nos filmes do Zack Snyder. Nas primeiras edições, o Super-Homem mostrava seus poderes de um modo quase narcisista, e nem parecia se importar muito com questões morais. O personagem que muitos de nós conheceu no seriado com George Reeves, ou com Christopher Reeve, já era uma versão aprimorada que se consolidou ao longo dos 60 e 70, e o que temos hoje resulta de uma reformulação total nos quadrinhos promovido na década de 80, em especial na Crise das Infinitas Terras, que resetou o universo e que, por sinal, fez como uma das primeiras coisas eliminar o Superboy e seu supercão, e curiosamente, trazer a lume muitos dos personagens que aparecem no trailer do novo filme, a começar pelo Lanterna Verde Guy Gardener (que certamente votou no atual presidente), o bizarro Metamorfo ou a Mulher Gavião. Ao anunciar a nova temática do filme, o próprio diretor deixou claro que essa essência será mudada, que o personagem encarnará novos valores e desafios, o que em si não é um problema. O problema, pode apostar, é a solução que ele vai apresentar. Para eliminar dúvidas de que esse novo Superman do James Gunn não tem como prestar, só duas palavras: Super Cão!** É sério! Com capinha e tudo! Antes eu pensava que pudesse ser só um cachorrinho comum, que fosse uma alucinação ou qualquer outra coisa. Mas realmente tem o Krypto mesmo! Recentemente, estreou na NETFLIX o filme "Corte no Tempo" (Time Cut), cuja premissa é a acidental viagem no tempo de uma adolescente para pouco antes da morte de sua irmã, e outras vítimas, por um assassino serial. De imediato, me dei conta de ser premissa parecidíssima de "Dezesseis Facadas" (Totally Killer), de 2023, na Amazon Prime, cuja premissa é a acidental viagem no tempo de uma adolescente, pouco depois da morte de sua mãe, para pouco antes de um assassino serial fazer suas vítimas. Vendo-se os trailers, os filmes soam ainda mais... "iguais", sendo slasheres onde até a máscara do assassino parece a mesma, com a diferença de uma sorridente e a outra séria. Pensando que um fosse refilmagem do outro, assisti primeiros "16 Facadas" (um dos raros casos onde o título no Brasil é incomensuravelmente melhor que o insosso título original).
Essa mistura de comédia e "horror/suspense" slasher é bastante divertida, prendendo atenção do começo ao fim, apesar de seus inúmeros exageros e absurdos, e uma violência visual explícita desnecessária, deixando-me a sensação de uma excelente ideia subaproveitada, oscilando entre altos e baixos, com saldo positivo, mas perdendo uma oportunidade de fazer uma pérola do gênero. As avaliações me parecem justas: 3,5/5 no Google, 62 e 5.4 no Metacritic (acho que merecia mais), 6,5 no IMDB, 87% e 77% no Rotten Tomatoes. Com a referida sensação, fui então ver o posterior Corte no Tempo (2024) na esperança de que talvez tivesse feito um aperfeiçoamento da estória. Infelizmente, com a exceção do título, apenas razoável, em oposição ao péssimo título do filme anterior, de uma cena parcialmente equivalente, de menos violência desnecessária e da premissa da viagem temporal em si, o filme da Netflix é muito inferior em todos os demais aspectos, e mais uma vez, as avaliações parecem muito adequadas: 2.8/5 no Google, 36 e 3.7 no Metacritic, 5 (de 10) no tolerantíssimo IMBD, e 26% e 32% no Rotten Tomatoes. É verdadeiramente estranha a oportunidade perdida de aperfeiçoar uma narrativa tão similar, afinal, temos dois filmes onde uma adolescente viaja para o passado, uma, de 2023 para 1987, outra, de 2024 para 2003, tendo a oportunidade de impedir os assassinatos de, num, três moças de 16 anos, noutro três moças de idade similar mais um rapaz, nas mãos de um assassino serial com máscaras muitíssimo parecidas, e onde todos os crimes, jamais solucionados, foram cometidos no curto espaço de menos de uma semana, em cidades interioranas que ficaram para sempre traumatizadas. Mas ao que parece, os filmes foram praticamente simultâneos, sendo que a produção de Time Cut parece ter se iniciado antes da de Totally Killer. Como descobri por meio de um canal de vídeos especializado em viagens no tempo, que no entanto debitou ambos como inspirados em Happy Death Day (2017), ou mais especificamente Happy Death Day 2U (2019), e em parte em Triangle (2009). Já tendo visto este último, fui procurar os outros, e para minha alegria, "A Morte Lhe Dá Parabens", que eu jamais tinha ouvido falar, foi uma gratíssima surpresa, sendo muito superior a qualquer dos anteriores, algo parcialmente corroborado pelas avaliações: ótimos 4,5/5 no Google, razoáveis 58 e 6.8 no Metacritic, modestos 6.6 no IMDB e honrosos 71% e 67% no Rotten Tomatoes. Porém, é bastante diferente do par mais recente, sendo sim de viagem no tempo, mas na forma de loop temporal, onde a protagonista, uma jovem universitária, retorna para o mesmo dia toda vez que é morta por um assassino mascarado, várias vezes, até reunir as informações necessária para finalmente desvendar quem é essa ameaça e detê-la. O segundo filme, por sua vez, praticamente gira em torno do primeiro, expandindo o tema, dando a explicação "científica" para o fenômeno e aprofundando tanto na trama original quanto em novas conexões, mantendo o estilo mais comédia que "terror" do primeiro filme. Ao passo que Totally Killer oscila mais entre "terror" e comédia, e Time Cut sendo mais drama e "terror", sendo definitivamente, o menos divertido de todos, embora ainda tentando fazer suas piadas. Até mesmo Triângulo do Medo (título brasileiro do filme de 2009), este sim nada comédia e muito mais trágico e tenso, é muito superior a Time Cut no que se propõe, se você aceitar a gravidade do tom, focando num loop temporal muito mais assustador, e que me deu a ideia de uma ambientação cuja premissa seria uma "Polícia Temporal" especializada em resgatar pessoas presas em loops temporais. TIME CUT vs TOTALLY KILLERDe um modo ou de outro, nenhum desses filmes é sério o suficiente para demandar uma análise mais profunda. Porém, Totally Killer tem algo que deve ser considerado, que é um uso massivo de clichês, de forma aparentemente consciente, e mais ou menos harmônico. E não somente um uso, talvez até uma crítica. O filme abusa de vieses de época e força uma comparação entre eles, basicamente, criando uma tensão algo mais escandalosa entre a visão atual dos anos 80 e as atuais "certezas" politicamente corretas. A personagem principal está o tempo todo tentando aplicar, em 1987, conceitos ideológicos de 2023 e se surpreendendo que ninguém dá a mínima para isso. Embora todo filme de viagem no tempo para o passado faça coisas similares, "16 Facadas" se diferencia não apenas na quantidade e pelos estereótipos verbais, mas pelo uso dentro da narrativa de vieses estéticos recentíssimos, e induz a uma comparação com os vieses oitentistas, não apenas dentro do filme, mas em especial pela constante referência a Marty McFly e De Volta Para o Futuro (1985). Boa parte dessas comparações, no entanto, só podem ser devidamente apreciadas por quem efetivamente viveu ambas as épocas, de modo que, ainda que de forma muito exagerada, a viajante do tempo, em sua adolescência, representa uma imagem da juventude atual e como ela teria dificuldade de entender a geração de seus pais. Time Cut também tenta fazê-lo, mas além da distância temporal ser metade da de Totally Killer, as situações ficam quase todas restritas a um núcleo muito menor, e não há as comparações explicitas de 16 Facadas onde a adolescente está, constantemente, vendo pessoas em 1987, e imediatamente evocando flashfutures de como elas serão em 2023. É essa espécie de... sátira, a respeito do "wokismo" nosso da cada dia, que faz Totally Killer tão interessante, pois representa uma oportunidade de refletir sobre esses estereótipos de época sem correr o risco de ser... cancelado, pois a crítica às nossas certezas atuais surgem por meio da rememoração dos anos 80, ao mesmo tempo que estes mesmos 80 também são abertos para reflexão. Infelizmente, porém, isso tudo tende a passar desapercebido pela maior parte do público, e até algumas cenas mais absurdas, até esdrúxulas, parecem oscilar entre a dimensão "unwoke" no passado e os meros clichês cinematográficos que nunca representaram devidamente a realidade, aquelas decisões estúpidas típicas de filmes de terror, como ir passar uma noite numa cabana na floresta logo depois de uma assassinato brutal, ou os personagens se separaram permitindo que o assassino os pegue um a um. Mas se Totally Killer faz isso, na pior das hipóteses, de modo engraçado, Time Cut mal consegue fazer o mesmo, apesar de algumas sequências isoladas boas. TÍTULOSAntes de focar nesse problemas, vejamos primeiro suas poucas virtudes. Primeiro, o título, TIME CUT, que nada tem de especial, sendo apenas adequado, mas é muito superior ao completamente genérico, ou mesmo equivocado TOTALLY KILLER, que poderia ser aplicado a qualquer outro slasher, a um filme policial, ou mesmo algum outro uso da palavra 'killer' noutro sentido. Aliás, essa parece ser a ideia. O 'killer' em questão poderia ser referente não aos assassinatos em si, mas outros aspectos da narrativa. Talvez até um filme "matador" num sentido positivo. Mas nada disso é inferível do título, sendo o "Dezesseis Facadas" muito melhor por ao menos remeter a uma especificidade da estória, que é o fato do criminoso de fato ser conhecido como o "Assassina das 16 Facadas", pelo fato de ter dado esse exato número de golpes em todas as suas vítimas. Mesmo que não faça nenhuma referência a viagem no tempo. A meu ver, um título muito melhor seria "Time Killer", pois flertaria com a ideia, explorada no filme, de alterar fatos da história, "matá-los" apagando-os do Contínuo Espaço-Tempo.
Algo similar ao que ocorre em De Volta Para a Futuro, onde a foto trazida do futuro por Marty McFly vai mudando à medida que ele vai alterando os eventos. Pode ser absolutamente ilógico, mas ao menos é esteticamente interessante. A diferença é que Totally Killer faz isso por meio de duas narrativas, uma em 1987 e outra em 2023, que se alternam, e onde os personagens do futuro, vão se dando conta de que os eventos estão sendo alterados, se referindo até mesmo ao The Mandela Effect, o fato de muitas pessoas estarem certas da factualidade de eventos que jamais aconteceram. Enfim, nesse sentido, o filme da Netflix ao menos junto as palavras 'corte' e 'tempo', sugerindo as duas temáticas bases, e ainda fazendo um trocadilho com o próprio fato de alterar, "cortar", o tempo, pois até mesmo isso, alterar a história, os filmes tem em comum. A MÁQUINA DO TEMPOEm segundo lugar, a "technobabble" para explicar a viagem no tempo de Time Cut é incomensuravelmente superior. Não só utiliza terminologias e conceitos ao menos comuns na FC, bem como o dispositivo em si é mais verossímil por ter sido construído por um gênio que tinha acesso a uma empresa de tecnologia avançada, sem detalhar muito por quanto tempo ele trabalhou nesse dispositivo. Há uma aparente contradição, pois numa cena a máquina vai junto com o viajante, e noutra apenas o envia, o que demandaria melhor elaboração. Mas nem isso muda o fato de ser muitíssimo mais convincente que a "tecnobobagem" de 16 Facadas, que já começa com o novíssimo estereotípico politicamente inclusivo da menina negra que apesar de ser um gênio incomparável da ciência teórica e engenharia tecnológica enquanto frequenta escola em tempo integral, ainda gasta seu tempo fazendo fitagem de cabelo. Não basta romper os "preconceitos" de gênero e imagem, o problema é tentar nos convencer que alguém com a psique voltada a tamanho e revolucionário empreendimento seria visualmente indistinguível de qualquer patricinha cujo sonho máximo é ir no show da Beyonce! (Quer ver uma garota nerd com cara de cientista de verdade? Happy Death Day 2U tem uma!) E ainda por cima despreza um colega da feira de ciências ridicularizando seu projeto, ao menos realista, de fertilização de terra com minhocas. Só que isso é o de menos. A tal máquina do tempo foi construída numa cabine fotográfica cheia de fitas de led coloridas nos circuitos. Não é dada sequer a mínima explicação do princípio envolvido por trás, e ainda evocando o "problemático problema" da desassociação espaço tempo, onde alguém que viajasse no tempo em um local, se não o fizesse no espaço, acabaria ficando para trás, no vazio, enquanto o planeta se desloca pelo universo. É um problema "problemático" porque ignora o fato de que as teorias atuais consideram espaço e tempo interligados e ainda diretamente influenciados pela gravidade, de modo que é não apenas verossímil, mas até mesmo provável que a própria gravidade da Terra arraste o seu espaço tempo junto. Utilizo esse conceito em Os Crononautas, por exemplo, mas ele me parece intuitivo para a maioria dos escritores, até pelo fato de não haver um espaço independente da matéria. Mas não bastasse evocar esse problema, ele é "resolvido" por meio de... pasmem, um Wi-Fi! Q.P.E.É ? ! ? ! Se alguma coisa fosse solucionar um problema referente a posicionamento geográfico, antes fosse ao menos o GPS, não é mesmo!? Ademais, a máquina que nunca funcionou, não se sabia por quê, de repente funciona quando o assassino acidentalmente enfia um faca no painel, e, no passado, sabe-se lá porquê também, por não haver Wi-Fi, diz-se que seria necessário colocar a máquina num local que estivesse livre da gravidade, e antes que o espectador tenha tempo de pensar que raio de lugar seria esse, logo é dito que seria dentro de um centrifugador do parque de diversões! E se você acha que não entendeu a ideia, o centrifugar REALMENTE ANULA A GRAVIDADE! Visto que o assassino começa a andar nas paredes dentro dele como se a rotação gerando força centrifuga horizontal eliminasse a força gravitacional vertical! Enfim, nesse sentido, Time Cut se sai muito melhor, por não incorrer em nenhum absurdo evidente, e até pelo visual mais simples, mas ao mesmo tempo original e estiloso da máquina do tempo. Pena que uma das subtramas do filme envolve justamente a adolescente, no passado de 2003, tentando roubar o cartão de acesso do pai, que trabalha numa empresa de tecnologia avançada, para ter acesso a uma cápsula de Antimatéria, que é necessária para ativar a máquina. Como se ter um cartão de acesso para entrar numa empresa imediatamente desse total acesso às areas de segurança e ainda por cima para levar um material que seria incomensuravelmente mais perigoso do que plutônio ou Urânio-235, usado em reatores nucleares, que ao menos não abririam um rombo de um quilômetro no solo caso o invólucro se rompa. Alguém acha que com o crachá de acesso de entrada à usina nuclear de Angra dos Reis, alguém conseguiria levar um tubo de Urânio-235 sem ninguém perceber? Pior. A moça pega o cartão do pai, de manhã, e só vai usá-lo para entrar na empresa, pela porta dos fundos, à noite! Mas até aí, o desastroso Minority Report (2002), de Steven Spielberg, com Tom Cruise, comete uma burrada muitíssimo pior! (Comentado ao final de A Situação Crítica da Crítica) E talvez ainda pior, a poderia ter convencido o pai, que evidentemente não sabe que é ela, pois na linha do tempo original ela sequer nasceu, a ajudá-la simplesmente provando que veio do futuro. Como? Mostrando para ele o iPhone! O TELEFONE DO FUTUROOutra coisa presente em ambos os filmes, mas que ambos tratam mal com uma ligeira vantagem para CORTE NO TEMPO, é que um viajante do tempo de hoje, mesmo de forma acidental, tem excelentes chances de levar para o passado um dispositivo que, diferente dos possíveis viajantes de qualquer outra época, poderia ser uma prova irrefutável de que ao menos tem acesso a uma tecnologia muito além do passado para o qual viajou. A personagem de Totally Killer não teria muita dificuldade de impressionar qualquer um mostrando seu iPhone, visto que em 1987 ninguém sequer sonharia com aquilo. Mas, curiosamente, ela só faz isso com a inventora da máquina do tempo, que talvez até não precisasse disso, visto já ter maior propensão a crer nela. Porém, se abstém disso justamente na tentativa de salvar as vítimas dos assassinatos, todas adolescentes da idade dela, e invés de mostrá-las que veio do futuro, pois no celular ainda, de quebra, tinha um backup, possivelmente PDF, relatando os assassinatos inclusive com as fotos das vítimas, ela prefere tentar convencê-las de ser uma vidente! Esse é outro ponto que acaba sendo melhor em Time Cut, onde ela também mostra o iPhone para o inventor da máquina do tempo, mas porque ela não tem intenção inicial de alterar a história, e por isso, a princípio, e por conselho do próprio inventor da máquina, ela se abstém de fazer qualquer coisa. No entanto, ela acaba mudando de ideia, mas a estória flui de forma a não ser mais necessário esse tipo de convencimento. A não ser, no caso, por sequer ter tentado convencer o pai a ajudá-la. Ademais, definitivamente, devido à distância temporal menor, um telefone celular de 2024 em 2003 impressionaria menos que um de 2023 em 1987. Em 2003 já existia o iPod de terceira geração, videogames portáteis com telas coloridas já eram velhos conhecidos (o Game Gear, da sega, já havia até sido descontinuado após uma década), e o PSP da Sony estava prestes a ser lançado. Assim, poucas pessoas poderiam de fato apreciar a dimensão do avanço que um iPhone atual representaria, entre eles, claro, o inventor da máquina do tempo e o pai da viajante, por sinal. Mas em Totally Killer, mostrar um iPhone de 2023 em 1987 chocaria a NASA, a CIA e a URSS! Colocaria o mundo em polvorosa! Portanto, qualquer um que visse algo assim e tivesse um mínimo de noção da realidade, não teria como negar se tratar de dispositivo de tecnologia muito além da capacidade humana de seu tempo. E mesmo assim, a personagem se recusa a utiliza-lo (e sim, em ambos os casos fica claro que eles tinham carga na bateria ainda) mesmo quando já ocorreu o primeiro assassinato e as próximas vítimas estão agindo de forma totalmente irresponsável. Portanto, mais um ponto a favor de Time Cut, cujo subaproveitamento deste tema é mais compreensível tanto devido a distância tecnológica menor, quando pelas escolhas narrativas que o tornaram menos relevante. Por fim, há ainda um outro elemento que muitos podem considerar melhor em Time Cut que em Totally Killer, que é este ser menos graficamente violento. Na verdade, 16 Facadas é desnecessariamente explícito não só no grafismo dos assassinatos, mas até mesmo na dramaticidade de algumas cenas. O primeiro assassinato, por exemplo, é verdadeiramente chocante, causando desespero em qualquer espectador minimamente sensível, e tornando o filme inadequado para um público alvo que, não fosse por isso, seria o que melhor apreciaria o filme em sua parte meramente estética. Time Cut, por sua vez, atenua esse parte, tornando toda a estória mais leve. Algumas pessoas, claro, podem preferir o contrário, mas eu acho que a escolha de 16 Facadas, nesse sentido, contraproducente. E isso encerra todas as vantagens da produção da Netflix, que no mais, é inferior em premissa, roteiro, direção, atuação e qualquer outro quesito. Mas isso, deixo para quem quiser descobrir por si. I've kill time enough with this stuff! Esperando agora por
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