Um dos maiores sintomas de nossa atual indigência cognitiva socializada é essa ridícula pseudodiscussão sobre a obrigatoriedade da vacina contra o COVID-19. De um extremo ao outro, pipocam "opiniões" sobre se a vacina deveria ser obrigatória ou não, com mil discursos sobre liberdade individual ou procedência do coletivo.
O problema é que não deveria haver discussão alguma porque a questão é absolutamente irrelevante! A vacinação contra o SARS-Cov2 será tão obrigatória quanto qualquer outra vacinação que se tem neste país desde antes de qualquer um ter nascido, ou mesmo tanto quanto a obrigatoriedade do voto ou do serviço militar masculino, aos quais jamais se viu qualquer preocupação similar.
Em todos esses casos, ninguém tem sua casa invadida pela polícia para ser levado sob a mira de armas para votar, ser vacinado e nem mesmo para se alistar no exército (somente após se alistar, e depois de ser incorporado, que um militar pode ser coercitivamente buscado caso não se apresente). O Estado impõe essa "obrigatoriedade" por meio de subtrações posteriores que vão desde a proibição de assumir cargos públicos ou restrições de deslocamento. Quem não se vacina contra febre amarela, por exemplo, pode ser impedido de entrar em alguns estados, problema que é fácil e normalmente resolvido por postos de saúde nas fronteiras que fazem a vacinação gratuita e imediata. Não quer? Não entra!
Escolas públicas podem negar a matrícula de uma criança caso os pais não apresentem o certificado de vacinação de seus filhos, e quem não está quite com suas obrigações eleitorais ou militares perde acesso a universidades pública, empregos públicos ou emissão de passaporte.
Visto que a obrigatoriedade eleitoral pode ser resolvida já na próxima eleição, e a vacinação pode ser feita a qualquer momento, a mais grave é a obrigatoriedade militar. Mas como só afeta homens, ninguém liga.
Quanto as demais, só atingirão dura e majoritariamente aqueles que pretendam assumir um cargo público, e é curioso notar que esse alarde todo contra a vacinação obrigatória costuma vir, adivinhe só, de liberais invariavelmente estatófobos, que não raro são profissionais liberais "phodões" que "não precisam de Estado pra nada!"
E no caso da não vacinação contra COVID-19, o passaporte não teria serventia mesmo, visto que país algum irá aceitar a entrada de quem não está vacinado. E estabelecimentos privados podem muito bem vetar a entrada de pessoas não vacinadas visto que o proprietário terá esse direito a decidir que este não podem frequentar seu estabelecimento.
Portanto, quem quiser ficar onde está, se virando com seu próprio trabalho, e não quiser ser vacinado, não sofrerá qualquer retaliação imediata, estando livre para ficar espalhando o vírus e piorando a saúde pública de sua localidade sem qualquer importunação maior do Estado. E mesmo assim ainda terá direito a SUS, polícia, bombeiro, justiça, e toda uma proteção civilizatória que demanda dinheiro obtido de impostos, que na cabeça de muitos desses, é roubo.
Por fim, dada a escassez de vacinas, não será sequer viável fazer uma cobrança mais ostensiva enquanto a pandemia continuar no estado calamitoso que já está. Quando houver vacina de sobra, e aí sim, for possível tornar o direito a ela num dever, pode apostar que a situação já estará muitíssimo menos grave, possivelmente, resolvida.
Essa discussão é completamente inútil, a não ser que se queira problematizar todas as demais obrigatoriedades perenes que já temos. Daí, notamos que o único beneficiado disto é o insano movimento antivacinação.
E é claro, a pior desgraça que já pisou no Planalto não poderia fazer outra coisa que fortalecer todo tipo de demência e perversão esquizofrênica.
(Crítica praticamente sem spoilers! E apenas sobre fatos ocorridos logo no começo do filme.)
Ontem fomos ver a Mulher Maravilha 1984 num Cinemark lotado de poltronas vazias. Não bastasse as regras de isolamento terem interditado 2/3 das poltronas, o público também não parece ter feito questão de comparecer. Ao todo, havia 4 pessoas na sala, o que tornou o evento mais seguro do que absolutamente qualquer outra coisa que possa ser feita em espaços públicos fechados.
As mulheres são as mais prejudicadas WW84 é um dos filmes mais prejudicados pela pandemia devido ao seu timing, sofrendo vários adiamentos e certamente não terá como recuperar o investimento feito. Tudo isso contribuiu para inflar expectativas a seu respeito, o que tende a atrapalhar ainda mais sua apreciação.
Trata-se de um filme muito mais 'fantasia' que o anterior, e para quem esperava algum desenvolvimento maior do universo cinematográfico DC compartilhado, esqueça! O filme dá vários passos atrás nesse sentido, sendo uma aventura completamente isolada que jamais poderia se conectar com os demais, o que é estranho, visto a conexão perfeita entre Batman Vs Superman, Mulher Maravilha (2017) e Liga da Justiça.
MM84 rompe por completo com a conexão, já problemática em Aquaman, onde teríamos que considerar que os Atlantes, com tecnologia mais avançada que a dos humanos da superfície, ficaram sentados olhando seu próprio planeta ser devastado pelos Kriptonianos em Homem de Aço. Diana então, nem se fala! Onde raios ela, que já havia matados coisas de outro mundo, estava?
E não. Não é neste filme que ela mata alguma coisa de outro mundo. WW84 é uma aventura completamente isolada que tem um impacto global colossal, com direito a eventos surreais acontecendo em toda parte, tornando absolutamente impossível que a realidade nos demais filmes da DC não fosse impactada de alguma forma por ele.
Pessoalmente fiquei muito decepcionado com o começo do filme. As duas sequências iniciais me parecem totalmente contraditórias com tudo o que foi desenvolvido até então. Na primeira, temos uma Diana criança disputando um tipo de olimpíadas amazonas, onde pela própria fala de suas tutoras, fica evidente que não deveria ser deixada participar. Primeiro por esta criança ter um grau de divindade claramente superior às demais tornando a competição injusta a seu favor, segundo por ir na contramão da lição de humildade que ela deveria aprender.
No filme anterior, a princesa Diana foi interpretada por Lilly Aspen quando criança e por Emily Carey quando adolescente. Se fosse esta última, agora com 17, a sequência faria mais sentido, se harmonizando com decisão posterior da Rainha Hipólita em colocar sua filha à prova já na idade mais apropriada. Mas fazendo isso com uma princesa de 12 anos, ainda conflita com o filme anterior, onde a rainha tentava impedi-la de treinar.
A segunda sequência, já no mundo dos homens, também contraria a assertiva, deixada clara nos filmes anteriores, de que a Mulher Maravilha passara um século vivendo discretamente entre os humanos, visto que se expõe numa sequência heróica num shopping de Washington D.C. mostrando habilidades abertamente sobrenaturais, perante centenas de testemunhas. E depois de capturar os malfeitores, que curiosamente são retratados de uma forma bastante não maléfica, os joga em cima de um carro de polícia destruindo sua capota, o que totaliza um prejuízo muito maior do que o próprio roubo em si, que note, era de ladrões roubando outros ladrões!
A terceira sequência também apresenta aquele tipo de situação cuja a improbabilidade beira ao absurdo. Num museu, perante profissionais adultos, uma mulher tropeça, cai e derruba uma pasta espalhando papéis, e os homens, doutores que lá trabalham, passam por ela não só ignorando seu pedido de ajuda como ainda por cima debochando! Isso não acontece nem em High School e não dá pra justificar nem do ponto de vista feminista! As relações sociais, especialmente num ambiente daqueles, simplesmente não funcionam assim!
Por sorte, daí pra frente (ainda estamos no começo) o filme melhora muito. O que mais me preocupava, desde que tomei conhecimento da premissa básica, que é o retorno de Steve Trevor, acaba tendo uma justificativa plausível e harmônica ao tema principal. O que não escapa a outros problemas.
(Spoilers um pouco mais relevantes daqui pra frente.)
Além do fato de, como fica evidente, não seria necessário sequer trazer o ator de volta (não se trata da ressurreição física dele), tenho dificuldade de aceitar essa ideia de que uma deusa imortal não teria conseguido superar a morte de sua brevíssima paixão mesmo 66 anos depois.
No entanto, o modo como isso foi amarrado ao tema principal é bem desenvolvido, bem como o seu desenlace, e tudo o que o filme tem de melhor é justo aquilo com o torna incompatível com os demais filmes. Ora, estamos falando de um meio divino de realizar desejos comparável ao das Jóias do Infinito nos Vingadores. Isso empresta uma essência ao filme que não o torna mais compatível com a temática de super heróis do que com qualquer outra temática. De certa forma, os super poderes se tornam irrelevantes diante da situação.
A própria Cheetah termina sendo fragilmente justificada, pois nada há que a torne essencial, visto que a personagem poderia ter desejado absolutamente qualquer outra coisa e ter se transformado em qualquer outro tipo de pessoa ou criatura, eliminando todo aquele background que a fundamenta. Imagine uma estória do Pantera Negra onde não há Wakanda e alguém se transforma no personagem sem que tenha qualquer relação com o mesmo?! Só por... querer!?
O que torna o filme bom, afinal, é o personagem e a atuação de Pedro Pascal, que estranhamente decidiram nomear de Maxwell Lord, um personagem que nos quadrinhos é bem diferente. Ele acaba dando um sentido maior à trama, justificando o uso do artefato e até fazendo a devida conexão entre os personagens. É também quem carrega a maior parte do dilema que a temática termina por desenvolver.
E essa temática pouco tem a ver com o que se esperaria de um filme de super heróis, até porque, diante da situação que se apresenta, qualquer pessoa poderia ser tornar um. WW84 termina sendo um filme sobre a questão do desejo, das armadilhas que benevolências fáceis trazem e sobre o preço que se paga por elas. Considerando que estamos diante de um poder capaz de literalmente criar qualquer coisa do nada, a sensação que me dá é aquela de Superhomem contra Mxyzptlk (em geral eu pronuncio "miksulplik" ou "mixspitlik").
Das inúmeras releituras de Superhomem, já notaram que um dos mais icônicos e antigos de seus inimigos foi praticamente abandonado? Temos aí, Lex Luthor, General Zod, Brainiac (até o Superman III de 1983 era pra ter uma versão dele), Bizarro (O que mais é Brightburn se não uma versão disso?) e outros personagens tem sido ocasionalmente retomados, se não no cinema, ao menos em séries Live Action, animações ou games.
Mas Mxyzptlk foi reduzido a easter eggs ou a ínfimas participações em episódios de séries mais isolados, por se tratar de um personagem com poderes divinos que só pode ser "derrotado" se você o convencer a ir embora (ele não é mau), e para isso pouco importa ter super poderes ou não.
É essa a sensação que tive ao ver MM84. A única relevância da Mulher Maravilha nessa estória é o fato de que ela, por acaso, esteve envolvida com a descoberta do artefato, do contrário, a Liga da Justiça inteira nada poderia fazer a mais. A solução do problema vem de uma redenção, da percepção da armadilha que é a realização irrestrita de desejos, e esse tema em si é interessante e bem desenvolvido no filme, especialmente devido a relação pai e filho.
Nesse sentido, o filme termina tendo um tom de otimismo e esperança que é realmente bem vindo nesse momento, um dos poucos pontos que concordo com a crítica especializada que tem repetido praticamente a mesma opinião sobre o filme.
Gal Gadot, Chris Pine e Kristen Wig também estão ótimos e seu carisma é o maior responsável por sustentar o filme. Ainda que sejamos obrigados a lidar com esteriótipo de "Bety - a Feia", para fingir acreditar que ninguém percebe a evidente beleza da Bárbara Minerva por trás dos óculos. Mas estamos falando de um gênero onde também ninguém percebe o Super homem por trás dos óculos de Clark Kent.
Algumas sequências também se destacam. O vôo da Mulher Maravilha, se peca do ponto de vista físico e até lógico, considerando que ela vai e volta pro mesmo lugar pra então pegar um dispositivo voador... É Sério! Bem, mas ainda assim possui uma estética incrível, que me dão vontade de fazer um vídeo clipe só com essa sequência. A participação de Trevor, em especial manifestando o deslumbre de um homem de 1918 em 84, são também ótimas, ainda que eu não creia que um homem hétero teria tanta paciência para experimentar roupas. E até a justificativa do avião invisível funcionou bem. (Seria péssimo um naquele estilo antigo.) E afinal que avião era aquele? Parece um Panavia Tornado PA-200, mas tem dois assentos lado a lado! E jamais teria autonomia para ir de Washington até o Cairo, e muito menos voltar. Onde pousaram e como reabasteceram aquele avião!?
A armadura dourada também é muito interessante, e tem até uma história por trás que merecia ser melhor discorrida. Já a cena pós-créditos, que estaria relacionada, acaba sendo puro fan service para os oldies que nem eu.
Mas apesar desses bons momentos, o fato é que WW84 ficou bem aquém do primeiro, deixando a desejar em muitos aspectos para aqueles que estão querendo ver o Universo DC no cinema progredir para algo mais amplo, como foi feito com a Marvel. Já está absolutamente claro que em nada se relaciona à visão de Zack Snyder, e sinto dizer às feministas, também em nada avança a temática de gênero que já mal era notável no primeiro filme. Filme de super heroína feminista mesmo continua sendo Capitã Marvel.
Portanto, apesar dos méritos, fiquei em grande parte desapontado. Acho que havia muito mais temas a serem explorados sem uma mudança tão radical de direcionamento. Sequer a ambientação anos 80 se justificou. No máximo, explorou muito brevemente a perspectiva de uma guerra nuclear, algo que é sempre bom lembrar, contrasta essa noção de que teria sido uma época mais otimista e "colorida". (Aliás tão exagerando um bocado nessa retratação dos 80, que eu vivi muito bem!)
Há não muito tempo, circula pela web uma imagem conhecida como Ugly Fox, que se trata do que se considera um fracasso em termos de taxidermia. Essa "stufed fox fail", reza a lenda, parece ter sido uma tentativa real de confeccionar uma raposa empalhada, mas serviu muito mais para ironizar a terrível concepção original do famoso personagem da SEGA no filme live action do SONIC, como sendo seu parceiro MILES TAILS, antes que os produtores decidissem corrigir aquela óbvia afronta. Bem como rendeu uma variedade de memes.
A mim, no entanto, tive uma reação extremamente distinta da ridicularização da maioria. Realmente acho essa raposinha algo sublime, de uma estética ímpar, não exatamente pela beleza, mas pela sensação que transmite.
Ela me passa de imediato uma profunda simpatia, um olhar profundo e compreensivo, de um ser que, conhecendo o sofrimento, está pronto para oferecer empatia e solidariedade. Imagino que ela está pronta para ouvir, para entender, oferecer consolo, um ombro amigo, capaz de aliviar qualquer dor e trazer um pouco mais de paz e felicidade para o mundo.
Ela elevaria, na marca d'água, a dignidade da nota de 200 de nosso combalido Real, a um valor análogo ao do Dinar Kuwaitiano (a moeda mais cara do mundo), e eu adoraria ter uma versão dela em minha estante, embora seja muito cético com relação à capacidade de produzirem um versão que consiga captar sua expressão mais indecifrável que o sorriso da Monaliza.
Viva a raposinha "feia"! Cuja expressão de profunda sabedoria a transforma em criatura de rara beleza. Pretendo fazer uma camisa com ela!
Quase desisti deste filme que, após uma hora péssima, termina espantosamente bem!
A DESCOBERTA (The Discovery), de 2017, disponível no NETFLIX, possui uma premissa irresistível: quais as consequências de uma confirmação científica do que chamamos "vida após a morte?"
Infelizmente, a força dessa premissa se esvai logo no começo, com uma sucessão de péssimos diálogos, roteiro aborrecido e atestados de burrice que se arrastam por cerca de um hora de filme, tornando quase heróica a paciência para insistir. Mas tal paciência é recompensada, porque na última meia hora ocorre uma súbita mudança de qualidade elevando a estória para um nível surpreendentemente alto que finaliza de forma redentora, finalmente tornando compreensível como tal obra pode ter sido tão elogiada.
Mas é preciso insistir: suportar os 2/3 iniciais não é pra qualquer um. Nesse período, não há um único diálogo realmente interessante, apenas uma ou outra frase ou ideia notável jogada de forma isolada, a fotografia aborrece pelo deprimente filtro azul que arruína as belas imagens da praia (que tem um significado crucial) e as situações são tão enervantemente sem sentido e estúpidas, que não é possível recriminar quem largue o filme pela metade.
O personagem principal demonstra uma noção infantil de ciência, contestando a afirmação de que as evidências para a realidade pós vida são "esmagadoras" (overhelming) para dizer que elas deveriam ser "definitivas"! Mas NÃO HÁ EVIDÊNCIAS DEFINITIVAS. Esse ideia dogmática é absolutamente contrária a própria essência do método científico, que pode sim, no máximo, comportar evidências... avassaladoras!
Procura seu pai, o cientista responsável pela descoberta, apelando para que ele "pare com isso", admitindo publicamente que se enganou. Ignora assim a própria ideia do que seria uma evidência acachapante, que não se resume apenas ao que um cientista, ou um equipe em si, diz. Se a descoberta foi mesmo feita de forma científica, ela necessariamente será replicada e confirmada por outros pesquisadores, e aí não adianta o descobridor se desdizer, porque todos os demais também descobrirão por si próprios!
E ele quer desdizê-la porque a descoberta provoca uma onda de suicídios. Possibilidade difícil de julgar, pois apesar de ficar claro que não se especificou coisa alguma sobre como seria exatamente esse pós-vida (fala-se apenas em "ondas cerebrais" que permanecem após o falecimento da pessoa), também não é sequer dito o que mais ou menos teria sido de fato revelado, se fosse algo que pudesse sugerir alguma crença prévia. Assim, ninguém faz ideia se essa pós realidade seria ditosa ou trágica, infernal ou paradisíaca, ou algo neutro.
Mesmo assim, o índice de suicídios mundial quintuplica (costuma ser estimado na realidade em pouco menos de um milhão de casos por ano), o que é duvidoso, levando em conta que grande parte da motivação para o suicídio é cessar definitivamente qualquer existência, e a tal descoberta iria revelar que isso sequer é possível. Por outro lado, a certeza de haver algo de certo estimularia os que querem apenas sair da existência atual sem necessariamente negar uma outra.
Mas independente disso, há algo inacreditavelmente estúpido no filme que demonstra que não se deram ao trabalho de pesquisar minimamente o assunto. Apesar de todos estarem preocupados com a onda de suicídios e haver amplas campanhas "STAY ON THIS LIFE!", decidem publicar abertamente número de suicídios ATUALIZADOS EM TEMPO REAL NUM MOSTRADOR DIGITAL GIGANTE ESPALHADO EM TODA PARTE!!!
Deixa eu repetir... as antas, que ignoram o básico sobre prevenção de suicídio, ESCANCARAM O NÚMERO EM PAINÉIS VERMELHOS ONDE SE VÊ O MONTANTE DE SUICÍDIOS SUBINDO na base de dezenas, talvez centenas, por segundo! Como se fosse uma corrida!
HELLS!!! Eu não sei realmente qual seria a variação do índice diante de uma descoberta desse naipe, mas sei muito bem, como qualquer um que entenda um mínimo sabe, que divulgar dessa forma faria o índice aumentar explosivamente!
Pra piorar, durante uns 60 minutos, o protagonista, que culpa o pai pela tragédia que se abate pelo mundo, não diz absolutamente nada que não seja simplório e fútil. A questão mais interessante, se a mente de animais ou bebês sobreviveriam, mencionada por seu interesse romântico, não é desenvolvida, e o cientista descobridor, que até faz a única coisa que seria sensata no cenário, continuar pesquisando para descobrir mais sobre essa realidade transcendente, se torna um excêntrico líder de seita que veste seus seguidores com uniformes coloridos sem qualquer propósito ou sentido, e chega o ponto de anunciar, com orgulho, que a nova máquina revela a realidade póstuma ANTES DE SEQUER TESTÁ-LA!
E ao testar, não funciona porque o imbecil do filho sabotou a máquina, para depois descobrir que ela funciona e investigar sozinho, temendo que a visualização do além vida aumentasse ainda mais o número de suicídios.
Em paralelo, qualquer tentativa de dedução do método de descoberta é impossibilitada pela incoerência. Não demora a ficar claro que envolve experiências de quase morte, o que já lança uma dúvida, pois isso implicaria no máximo em haver uma instância sutil onde a mente pode reverberar, mas que ainda assim exigiria a existência de um cérebro vivo, o que invalidaria a premissa. Mas depois se utiliza um cadáver já frio há várias horas, fazendo vista grossa que isso inutilizaria o cérebro como receptor.
Mas ainda pior é o ridículo método ilegal de obtenção de cadáver, que dá a impressão que o diretor tentou introduzir uma sequência de comédia num filme absolutamente desprovido de senso de humor. É tão nonsense, especialmente quando vão devolver o cadáver, que alguém que pegue o filme nesse momento corre o risco de ficar esperando o "punch line" da piada. E são sequências completamente desnecessárias, o filme poderia cortar do "precisamos de um cadáver" dito no laboratório, para a experiência, e depois do "temos que devolver o cadáver", para a próxima sequência. Só haveria ganho na narrativa!
Mas eis que, depois do suplício de assistir a primeira hora, de repente, há uma sacada que reinterpreta a evidência, e a sensação de "eureka" vem com tudo, e aí não dá mais pra respirar. A narrativa sai do patético para o sublime numa velocidade incrível, várias situações e citações isoladas e aparentemente sem relevância anteriores são resignificadas num nova interpretação dando a nítida sensação de que trocaram o diretor!
É sério! De repente, É OUTRO FILME! Genial em vários aspectos, envolvente, comovente, e até mesmo o horrível filtro azulado é removido deixando as imagens belas e levando a uma chave de ouro de fazer chorar!
Nunca tinha visto isso na minha vida!
Ainda mais curioso é que em 26/07/20 publiquei uma crítica da série THE OA, começando exatamente por falar da singularidade dessa série e que nada havia que se comparasse. Pois bem! Minha previsão se realizou! A DESCOBERTA é a primeira obra "Tipo THE OA" que conheço, o que até mesmo depõe contra sua originalidade, porém, revisitando o tema de um novo ponto de vista. Aliás, até mesmo a personagem feminina principal acaba lembrando a protagonista de The OA, pela figura geral.
Enfim, THE DISCOVERY termina sendo uma grata surpresa que merece ser celebrada, mas isso não apaga os inúmeros defeitos dos primeiros 60 minutos.
Poderiam lançar uma nova edição cortando boa parte das sequências modorrentas e inúteis, e sobretudo remover o infame filtro azulado que mata o contraste.
Até entendo a decisão estética de deixar o filme assim para alterar o filtro* ao final revelando as cores mais vibrantes, mas penso que a simples mudança da narrativa já garante essa nova vividez, e deixar as imagens mais belas no restante do filme ajudaria a atenuar muito o autêntico suplício que é aguentar os 2/3 iniciais.
* Aliás penso em fazer um vídeo comentando sobre bons filmes que foram prejudicados por filtros de cor, ou não cor, incluindo O Abraço da Serpente e Point Break, ambos de 2015, The Endless (2017) ou The Lost City of Z (2016), que comentei brevemente em 17/01/2020
Papai Noel: neste Natal preciso de 50 Medalhas de OURO e 19* Balas de PRATA.
* Corrigindo, são só 19 balas de prata, visto que o relatório de R$ 2,7 milhões foi feito por retardados mentais que colocaram TANTO COMO DETRATORES QUANTO FAVORÁVEIS Joel Pinheiro, Pedro Menezes e Matheus Hector. O primeiro já conheço e sei que não é favorável porcaria nenhuma, o terceiro basta uma olhadinha nos posts mais recentes para que a mesma coisa fique clara, e o terceiro já assumiu ter orgulho de estar na lista dos detratores.
Para piorar, na lista dos patifes ainda há um nome, além dos erroneamente citados acima, repetido, Camila Abdo. (Será que é 2x cretinice?)
Mas eu mesmo deixo aqui a lista do HERÓIS!
Jessé Souza
José Fernandes Junior
Guga Chacra
Nathália Rodrigues
Eduardo Moreira
Vera Magalhães
Hildegard Angel
Jones Manoel
Cynara Menezes
Silvio Almeida
João de Andrade Neto
Rachel Sheherazade
Claudio Ferraz
Emir Sader
Guilherme Caetano
Palmério Dória
Flávio VM Costa
Márcia Denser
Conrado Hubner
Gustavo Nogy
Guilherme Macalossi
Brunno Melo
Claudio Dantas
Carol Pires
Felipe Neto
Xico Sá
Rodrigo Zeidan
Luis Augusto Simon
Marco Antonio Villa
Lucas Paulino
Igor Natusch
João Carvalho
Sabrina Fernandes
Pedro Meneses (*)
Joel Pinheiro (*)
Lula Falcão
George Marques
Lucas e Aragão
Matheus Hector (*)
Renan Santos
Alberto Benett
Virginia
João Romero
Laura Carvalho
Flávio Martins
Marcos Botelho
Nildo Ouriques
Tiago Luís Pavinatto
Rubens Valente
Luis Nassif