Criacionismo: Fatos e Fé de Rafael Augusto Borges Pavani Caro Rafael... Foi com grande prazer que li seu texto, pois representa mais uma das poucas abordagens criacionistas que recebi digna de uma discussão produtiva e sensata. Você demonstra os conhecimentos relevantes, a boa disposição e a cordialidade necessária para um diálogo interessante. Por isso, com ânimo dou início a minha réplica, pois apesar de tudo, temos visões divergentes sobre o mesmo assunto. Agradeço de imediato que tenha deixado clara a sua posição e sua história, mais uma a demonstrar a absoluta indissolubilidade entre o Criacionismo e a Religião. Isso torna o entendimento mais franco e direto, evitando maus entendidos. Portanto, com todo o respeito, passo agora para os trechos que considero mais relevantes. O senhor Mario Campos de Jesus já explicou com maestria, em uma de suas
correspondências, o objetivo da Bíblia como Palavra de Deus, acessível para todos e ambientado
numa época em que não havia os conhecimentos de hoje. Gostaria que quem lesse este texto
também leia aquela parte da mensagem. Apenas enfatizo que para Deus o que mais importa é a
fé (sem fé é impossível agradar a Deus), portanto se a Bíblia pudesse ser toda comprovada
cientificamente, inclusive a existência de Deus, todo o plano de salvação por intermédio de
Jesus Cristo seria inútil. Pois então todos nós seríamos obrigados a acreditar em Deus, ou
pelo menos os cientistas. Assim, até aqueles que dizem acreditar em Deus por não ter outra
alternativa estão sem base na Palavra do Senhor, já que não há fé nesse argumento.
Em resumo, se a criação for verdade e o criador for o Deus Vivo, isso nunca poderá ser provado.
No entanto, algumas situações bíblicas podem ser comprovadas ou consideradas possíveis, como
já ocorreu com os reis Salomão e Davi, o Templo de Salomão e fatos de precisão histórica
relatados na Bíblia, e que antes eram desconsiderados pelos cientistas. Situações hoje
improváveis podem mostrar-se possíveis.
Perfeito. Primeiramente, aqui vão os link para os textos de Mario Campos de Jesus: Nada tenho a discordar desta máxima, mas ela acrescenta algumas dificuldades. Primeiro: a simples declaração antecipada de que é impossível a "Comprovação de Deus" o coloca fora do alcance da Ciência, e lhe sendo o Criacionismo indissociável, já é uma admissão tácita da invalidade de qualquer pretensão científica. Segundo: Douglas Adams (1952-2001) foi um escritor inglês de Ficção Científica que entre outras façanhas fez uma anedota mais ou menos nesse sentido, alegando que qualquer Prova da existência de Deus seria na verdade uma Prova de sua Inexistência! Apesar do tom satírico, há um fundamento nessa idéia, pois se a Fé é imprescindível aos humanos, então qualquer coisa que a tornasse desnecessária não poderia ser permitida por Deus. Sendo ele Onipotente, eliminaria toda e qualquer ameaça à possibilidade de Fé, o que incluiria qualquer prova de sua existência, pois com provas não se precisa de Fé. Sendo assim, resta o curioso paradoxo de que se houvesse uma prova da existência de Deus, isso representaria uma violação deste princípio, e no mínimo essa concepção anterior de Deus teria que ser abandonada. Assim surge o criacionismo bíblico, fundamentado na fé e não na ciência, mas que através desta tenta provar parte das Escrituras. Lembremos que a evolução não tem todas as respostas, e nem o criacionismo as terá. Mas isso sinceramente não me preocupa, no fim tudo o que está escondido será descoberto, e a verdade será clara como a luz do dia. É curioso que você tenha dito que a Evolução NÃO TEM todas as respostas, e que o Criacionismo NÃO AS TERÁ! Isso deixa em aberto a possibilidade de que a Evolução PODERÁ TER todas as respostas. De qualquer modo, o importante é que você já admite de imediato a não-cientificidade do Criacionismo, o que acho muito sensato. E quanto ao Fim? Quando seria este "Fim" quando tudo será descoberto? O Juízo Final? Mas agora, finalmente, vamos ao que mais (ou menos, segundo você) interessa. I) Cor da pele, genética, etnias humanas, e distribuição das raças. Foi o seu maior e mais detalhado desenvolvimento e admito que ele está predominantemente correto. Afinal, é evidente que a bagagem genética que temos hoje já era potencial há milhares de anos atrás, como numa época aproximada onde teria ocorrido o Dilúvio Bíblico por exemplo. No entanto, o problema de seu argumento é que ele simplesmente não superou a maior de todas as dificuldades, o Tempo, que aqui ainda se desmembra em dois estágios, o ante e o pré-diluviano. Se admitirmos que os 3 casais "filhos" de Noé representavam a 3 "Etnias Básicas", termo que na realidade não faz muito sentido na Antropologia, teremos que deslocar a diversificação étnica rápida para o período após a Expulsão do Éden e antes do Dilúvio. Menos de 600 anos segundo a própria Bíblia [Gênesis 8:13]. A humanidade teria que ter uma capacidade de variação muitíssimo mais acelerada do que tem hoje para conseguir produzir tais etnias de um único casal em tão pouco tempo. O que é curioso visto que a julgar pelas longevidades dos personagens pré-diluvianos, seria mais razoável supor que seus metabolismos fossem menos acelerados, e que com uma longa vida reprodutiva, os descendentes tenderiam a ser ainda menos diversificados. Ainda que consideremos um período Pré-Diluviano maior, a julgar por longevidades de mais de 900 anos de personagens anteriores a Noé, bem como à possibilidade de que o ano 601 referido em Gn 8:13 seja o ano de vida de Noé, ainda assim não conseguiremos aumentar mais do que uns 2 mil anos como você mesmo sugeriu. Esse tempo seria ainda assim muito curto, e você então teria apenas transferido o problema do tempo do período pós para o período pré-diluviano, do qual, se tiver existido, parece completamente inacessível à nossos conhecimentos. Podemos ainda considerar que a diversificação deva envolver todo o tempo Bíblico. Mesmo assim, o resultado anterior praticamente não fica afetado. Se menos de 10 mil anos fosse suficiente para tamanhas variações de etnia, elas deveriam ser perceptíveis em menor escala. Você mesmo percebe esse problema e o admite: Agora, antes de prosseguirmos, é preciso refletir: isso tudo faz sentido de alguma forma? É possível nos aspectos biológicos e sociais? Me parece que não. Se houvesse tal versatilidade de variação étnica, não seria apenas no isolamento curto de etnias que deveríamos notar variações. Casos como de um casal Ariano nascer uma criança morena deveriam ser comuns, mas como sabemos são raríssimos, se não inexistentes, e em contextos primitivos a própria Seleção Natural poderia eliminar o indivíduo, ou o mais provável, a Discriminação Social. Vale lembrar também que não temos nenhum registro escrito, oral ou mesmo mitológico sugerindo que uma pessoa um dia tenha nascido com um fenótipo significativamente diferente do de sua comunidade quando homogênea. Me parece que mais uma vez a única saída seria argumentar que essa grande capacidade de variação se perdeu pouco após o Dilúvio, na verdade, isso já teria acontecido há milhares de anos, pois desde que há qualquer registro histórico tudo indica que os grupos étnicos não miscigenados são consideravelmente estáveis. Por fim, você termina sendo inconclusivo, deixando em aberto as perguntas:
- Por que é difícil encontrar originalmente brancos em locais de muito sol e negros em locais
de pouco sol? Ou seja, praticamente as mesmas perguntas que eu já deixei nas Questões Simples que o Criacionismo é Incapaz de Responder, lembrando que não é apenas difícil, mas que eu saiba, jamais houveram originalmente negros da Europa ou Brancos do sul da África antes. Por fim, apesar da útil digressão, a Questão, como sempre, NÃO FOI RESPONDIDA. II) Diferenciação dos animais e evolução.
Assim como foi retratado para os humanos, deve ocorrer com os animais. O material genético
para a diferenciação dos animais árticos, por exemplo, estaria presente desde o princípio.
Se você não conseguiu solucionar o problema nem mesmo para as etnias humanas, ainda menos para as diferentes espécies animais. A dificuldade aqui é muito maior, pois a variabilidade é bem mais extensiva do que simples variações tonais de pele e traços fisionômicos. Você explanou um pouco sobre diversificação de micro organismos em pequenos períodos de tempo, "Micro-Evolução", e depois terminou afirmando que a especiação "Macro-Evolução" não tem sido observada. Ora, pelo período de tempo de Bilhões de anos que o Evolucionismo propõe, isso era de se esperar, pois tais especiações seriam muitíssimo lentas em relação ao nosso período de vida. Mas pelo período de tempo Criacionista, que nesse caso pressupõe variações radicais em poucos milhares de anos, tais variações deveriam sim ser verificáveis. Por fim, mais uma vez, e como sempre, a questão NÃO FOI SOLUCIONADA. III) Equívocos. Você tem razão, mas quanto à minha afirmação de "bactérias que não sobrevivem nem a uma lavada de mãos", é óbvio que foi dita num contexto coloquial, uma vez que eu dialogava em termos menos precisos. A frase foi: "Quanto a bactérias, sinto muito, muitas delas não sobrevivem na água. Essa afirmação seria a única que talvez exigisse uma opinião científica mais acurada, mas se pensarmos que algumas bactérias não sobrevivem sequer a uma lavada de mãos, acho muito difícil que elas sobrevivessem na água por tanto tempo." Como se pode ver, não me comprometi com a afirmação. Foi uma mera divagação, tão imprecisa quanto a dizer que "Bactérias seriam um tipo de Animal", na verdade eu estava pensando mais em termos de "seres vivos", além é claro de que a palavra "Animal" deriva de "Anima", movimento, e bactérias se movem. Mas tudo bem. Você está certo. Quanto aos pinguins creio que você não me entendeu bem. Os exemplos citados pela Dr. Márcia não são referentes a lugares quentes, como eu disse: "Mas o Deserto de Atacama fica abaixo do Trópico de Capricórnio.
É um lugar geralmente frio apesar de seco. Um Deserto não implica necessariamente num local
quente. Além disso os pinguins vivem numa ilha, e sendo assim tem acesso constante a água do
mar, é bem diferente do que se eles vivessem no meio do Oriente Médio.
Apesar de preferirem climas frios, os pinguins demonstram certa resistência, tanto que já
foram encontrado pinguins perdidos até nas praias do Rio de Janeiro." Ela não invalidou minha afirmação de que Pinguins são animais típicos de locais gelados, ou ao menos frios, e que não nadam grandes distâncias. Da Antártida até o Rio de Janeiro é uma coisa, e ao menos metade do caminho pode ser feito em um iceberg. Mas até do Oriente Médio é o triplo da distância! E sem nenhuma corrente marítima favorável. IV) Deriva dos continentes. A deriva super acelerada é só mais uma das várias e fantásticas hipóteses adicionais que os Criacionistas inventaram para tentar mascarar a total absurdidade que é tentar explicar a diversidade geográfica das espécies por meio de Dilúvio Universal. Na concepção original, a deriva continental demorou Bilhões de anos, e isso associado à Evolução explica claramente as similaridades e diferenças entre as espécies de cada continente. Quanto a sua pergunta: Contudo, algumas perguntas me inquietam no evolucionismo: como as placas
deslizam uma sobre as outras? Que forças as movimentam? É possível todos os continentes
unirem-se novamente após milhões de anos? O meu conhecimento sobre Geologia é tão limitado quanto o seu, mas há algo que eu não me esqueci, que é o fato do planeta ser sólido somente em sua superfície e algumas dezenas ou centenas de km abaixo. A maior parte da massa da Terra não é sólida! É líquida! As placas estão simplesmente "flutuando" sobre imensos mares de magma, por isso elas podem se mover. No entanto o fazem muito lentamente, pois a densidade dos fluidos e inércia das massas é tremenda. Houve época em que as placas se moviam mais rápido, mas não havia qualquer ser vivo capaz de perceber isso. As forças que movem as placas são resultado da própria atividade energética. Aqueça uma sopa é tudo começa a se mexer. Agora tente imaginar isso num curtíssimo período de tempo, como o alegado pelos criacionistas. Imagine que a Pangéia existia há menos de 3.000 anos. Consegue perceber as consequências de um deslocamento destes e de uma busca "freada" de tal magnetude? Você sugeriu as cordilheiras como uma evidência, mas a única que satisfaria seria a dos Andes, que parece sugerir um barramento na borda ocidental da América do Sul. Mas e quanto às outras elevações? Porque haveria o Himalaia? Os Alpes Suíços? E a Dorsal Atlântica? Porque haveria uma cordilheira submarina no meio do oceano entre a América e a África? Essa geografia só pode ser explicada mediante um tempo muito mais longo e complexo de movimentos tectônicos. Pela hipótese criacionista, seria necessário um imenso freio tectônico, e não há qualquer sinal de que haja uma barreira que tenha segurado as Américas. A não ser, é claro, que estejamos falando de milagres. Afinal, com a ajuda de Deus, tudo é possível! V) Arca de Noé.
- Ovos de aves e répteis que fiquem muito tempo no escuro também podem "hibernar", eclodindo
apenas em condições certas? Como suas perguntas demonstram, você apenas sugeriu mais hipóteses, as melhores que já vi, devo admitir, mas ainda assim inconclusivas. Não tenho dúvidas que a maioria esmagadora dos cientistas irá responder NÃO à maioria dessas suposições, mesmo que você pergunte ocultando o contexto do Dilúvio. A hipótese da hibernação é boa, a dos ovos, do transporte de filhotes e etc. Mas você mesmo admitiu que a base do Criacionismo é a Bíblia, e esta não dá absolutamente nenhum suporte a qualquer uma dessas suposições. Mais uma vez, não há aqui qualquer explicação sólida para tais eventos milagrosos. E se alguém pensa que já está a par de todos os problemas de insistir em validar a lenda do Dilúvio, posso garantir que ainda não viu Nada! Tenho inúmeros outros argumentos que nunca nem mencionei, pois esperei que alguém ao menos respondesse algumas das Questões mais Simples primeiro. Uma delas, e que me impressiona nunca ver ser mencionada em outros sites, é o simples fato de como 8 pessoas construiríam uma estrutura tão colossal somente em madeira! Mesmo hoje em dia, ou nas melhores épocas da antiga navegação, nunca foram feitos navios de madeira com mais de 50m de comprimento. Segundo a Bíblia, a Arca teria 3 vezes isso! Como uma estrutura assim poderia suportar a uma tempestade agravada inclusive, segundo alguns, por quedas de centenas de meteoros na água e movimentos tectônicos devastadores? Mais uma vez, NÃO HÁ RESPOSTA CRIACIONISTA PARA A QUESTÃO. E como você mesmo já sugeriu, provavelmente nunca haverá. VI) Espalhamento dos animais pelo globo.
Passado o dilúvio, este parece ser um dos maiores desafios para o criacionismo. Afinal, a
distribuição dos animais por todo o mundo a partir de um único local parece algo fantástico,
sem nenhuma explicação plausível. De fato, por enquanto o é. Obviamente desconsiderando o
milagre da condução por Deus (possível, uma vez que Ele é onipotente), podemos procurar uma
resposta científica.
Como vê, não há como fugir do problema. É simplesmente impossível explicar a simples Distribuição Geográfica das Espécies sob a ótica do Criacionismo "Científico". Você apenas detalhou mais as hipóteses mas para suas próprias perguntas, quase idênticas as minhas, você é obrigado a admitir: Todas essas considerações trazem algumas respostas, mas muito mais dúvidas. Para os interessados, sugiro que procurem informações sobre geologia, geografia e biologia pertinentes aos assuntos tratados, e pesquisem as respostas. Evitem perguntar para cientistas formados, pois estes normalmente já têm uma concepção preconceituosa, creiam na evolução ou criação. Após a própria reflexão, nos tornamos mais críticos para as opiniões de outras pessoas, e então é hora de perguntar. É um honesto apelo a que mais criacionistas se dediquem a tentar achar explicações plausíveis para tudo isso, porque afinal até agora, TODAS as minhas Questões Simples que o Criacionismo não Responde continuam intactas! O incentivo é bem vindo, mas sinceramente... Eu não diria Impossível. Só quase. De qualquer modo você já acrescentou algo às hipóteses, se cada criacionista que me manda mensagens desse uma contribuição equivalente a sua, eu não duvidaria que cedo ou tarde teríamos algumas explicações bastante razoáveis. VII) Seres multicelulares e Embriogênese. Primeiramente eu gostaria de esclarecer o que você quis dizer com: Desconheço seres com número intermediário de células, como já foi citado em algum dos textos disponíveis em sua página. Não entendi? Como "número" intermediário de células? Que eu saiba, e corrija-me se eu estiver errado, um ser vivo é Uni, ou Pluricelular. Onde eu citei isso? Você fez uma ótima explanação sobre a divisão celular de um embrião, e contestou que eu usasse tal exemplo para simbolizar a passagem de um ser Uni Celular para um Pluri Celular, pois de certa forma o Zigoto "já é multicelular desde sua origem". É evidente que usei esse raciocínio de forma analógica, e não pretendo alegar nenhum fundamento para que isso possa ser relacionado para o salto evolutivo entre seres Uni e Pluri. Porém, acho que a analogia ainda é mais forte do que essa crítica. O Zigoto é sem dúvida Potencialmente pluricelular, mas inicialmente ele É uma Única Célula. Considerando que os Unicelulares também se dividem, vejo que a diferença maior é que o Zigoto mantém todas as suas células unidas, ao passo que o ser vivo Unicelular se separa. Me parece pequena a lacuna que separa esses dois fenômenos reprodutivos. Poderíamos considerar que os Pluricelulares surgiram quando um Unicelular sofreu algum tipo de mutação que manteve suas células filhas unidas, transmitindo então tal característica às filhas e continuando a se dividir numa continuidade única gerando seres multi celulares. Me parece uma especulação bastante razoável. E diferente do Criacionismo, o Evolucionismo tem tempo de sobra para tal possibilidade. VIII) Os cientistas e a evolução. Conclusões. Aqui, tenho que reproduzir seções maiores do texto. A maioria esmagadora dos cientistas acredita na evolução. Um fato por si só capaz de fragilizar todos os argumentos criacionistas já que isso ocorre em todas as áreas da ciência. Contudo, precisamos separar a crença racional da crença por falta de escolha ou sentimento de aversão à Bíblia (sentimento essencial para uma pessoa culta, segundo muitas pessoas cultas que conheci). Na faculdade de medicina, cansei de ouvir citações a respeito de nossos ancestrais macacos e nosso passado quadrúpede, para explicar fatos que um simples conhecimento de embriologia pode responder. Durante toda a faculdade cansamos de aprender sobre a evolução, apresentada como verdade, sem qualquer contestação. Acredito que seja assim na maioria das faculdades, e não apenas em ciências; portanto, é fácil perceber porque tantas pessoas crêem na evolução, muitas vezes sem saber conceitos básicos. Todos os meios de comunicação comuns, mesmo aqueles que não têm credenciais científicas, confirmam a evolução, e crescendo com ela na cabeça é realmente difícil analisar outras hipóteses sem preconceito. Muito bem dito. Mas veja bem, como seria possível explicá-las mediante outro ponto de vista? Não há outra opção! Como tais fatos poderiam ser explicados mediante conhecimentos de Embriologia, sem explicar o próprio objeto desta área, os embriões? Como explicar a existência dos seres vivos numa base NÃO natural? Não é difícil analisar outras hipóteses. É Impossível! E por quê? Convém reconhecer que Darwin foi muito inteligente e capaz de associar idéias de forma magnífica. Tive o prazer de ler seu esboço para A Origem das Espécies, constatando suas dúvidas com relação ao raciocínio da transformação das espécies. A rápida aceitação de suas idéias foi estranha até para ele, mas tenho o palpite de que os cientistas daquela época já procuravam uma forma de excluir Deus de tudo e mostrar a idiotice da Bíblia. Algo comum entre os cientistas. Discordo dos criacionistas que insinuam a inutilidade do pensamento evolucionista e a ignorância de Darwin, atestando sua própria cegueira. Muito bem colocado. Mas entenda que não se trata de os cientistas quererem "mostrar a idiotice da Bíblia"! Uma afirmação como essa até destoa do teor coerente e sensato de seu texto. O problema é que os cientistas estavam em busca de um mecanismo que explicasse coerentemente a diversidade das espécies, inclusive sua distribuição pelo globo. Se hoje, acrobacia intelectual alguma consegue explicar as Questões Simples sob a ótica do Criacionismo, imagine naquela época! Já havia ficado evidente que a Bíblia não era a resposta, o Criacionismo não dava resposta. Os evolucionismo surgiu como a única alternativa logicamente possível, e estava aguardando um mecanismo explicativo coerente que só viria a ser apresentado ao mundo por Darwin e Wallace. Quando tal descoberta foi feita, dada sua grande capacidade argumentativa, sua aceitação não poderia deixar de ser imediata. Por fim: crer em alguns argumentos criacionistas envolve a possibilidade remota da Bíblia estar correta, uma heresia para certos cientistas! São homens e mulheres com medo de perder o que possuem neste mundo, amigos dos prazeres da carne e que não os querem abandonar, atacando esses fatos através da ridicularização da Bíblia, e cegos para perceber. Mas Jesus Cristo pode mostrar a verdade, pois Ele a é, demonstrando a insignificância dessas discussões terrenas e o valor dos tesouros acumulados nos Céus, conseguidos pela fé e obediência às palavras do Senhor. É uma pena que você finalize um texto tão bom com um desvio desses. Sai tão fora da linha ordenada e coerente que você vinha desenvolvendo. Crer em Criacionismo envolve muito mais que possibilidade da Bíblia estar certa. Implicaria na possibilidade do mundo à nossa volta estar errado! Da natureza ser falsa, fornecendo resultados incoerentes, com Leis Naturais inconstantes. Implicaria num mundo irracional e imprevisível, tão diferente do que temos aprendido com o desenvolvimento de nosso conhecimento, que nos demonstra que as Leis Físicas são invioláveis, e que a matéria é muito harmônica em seu comportamento. O Criacionismo destrói isso tudo. Pressupõe um mundo repleto de desarmonias físicas, absurdos, milagres, incoerências. Um mundo impossível de ser entendido. Não tem nada haver com apego e medo de perder prazeres da carne! O cristianismo já vinha sendo desprestigiado muito antes, por filósofos como Hobbes, Rosseau, Nietzche, Marx e etc. Que nunca, ou mal, tomaram conhecimento do Evolucionismo. Além disso não só Darwin mas a maioria dos evolucionistas não deixaram de ser cristãos, e até hoje, posso garantir, a grande maioria dos evolucionistas continuam acreditando em Deus, ainda que nenhum deles admita a literalidade da gênese bíblica, que é apenas uma dentre inúmeras interpretações possíveis da Bíblia. Nunca foi intenção de ninguém ridicularizar a Bíblia. Até pelo contrário, os Evolucionistas é que sempre foram ridicularizados. Darwin chegou a ser desenhado em forma de chimpanzé, inventaram a galhofa ridícula de que "O Homem veio do Macaco", e até hoje ainda perguntam a certos evolucionistas se eles são descendentes de macacos por parte de mãe ou de pai. Mas mais ridículo ainda é insistir em desqualificar o Evolucionismo e a própria Ciência tendo como base nada além de crenças religiosas. Pois a eficiência da Ciência está mais que demonstrada. Por meio dela criamos as vacinas, os anti-bióticos, a engenharia genética e etc. Descobrimos a eletricidade e criamos as telecomunicações. Está tudo aí, mais do que demonstrado. Resultado de significantes discussões terrenas. Enquanto isso, o Cristianismo, em especial o fundamentalista, ainda tem tudo para demonstrar, teve milhares de anos e não foi capaz de tornar o mundo realmente melhor. É claro que possui seu mérito, e ninguem duvida da sua capacidade de trazer felicidade. Mas, sinceramente, onde está demonstrado"...o valor dos tesouros acumulados nos Céus, conseguidos pela fé e obediência às palavras do Senhor."? Mais uma vez agradeço, Marcus Valério, pela oportunidade de expor meus
comentários. Perdão pelo conteúdo extenso e qualquer confusão ocorrida, e espero que os
argumentos colocados possam auxiliar outros leitores na busca por respostas, assim como a
você também, Marcus. Seu espaço aberto e discussões demonstram o quanto você consegue tratar
com honestidade o assunto criacionismo-evolucionismo, aspecto que seria bem-vindo não apenas
para os cientistas, mas para todos nós humanos.
Com grande satisfação me despeço, esperando por comentários e contra-argumentos ou contato
de interessados.
São José do Rio Preto – 07/04/2004 rafaabpavani@hotmail.com Prezado Rafael... Também agradeço novamente por sua mensagem. Apesar de, como pudemos ver, o Criacionismo não ter respostas para essas questões, sempre é produtiva e útil a discussão, embora o discurso criacionista invariavelmente termine acabando em Apologética. Apologética esta que é única coisa que dá sentido ao Criacionismo. Marcus Valerio XR evo@xr.pro.br Sexta, 30 de Abril de 2004
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