Mãe de todas as Bruxas
Mãe de todos os Demônios
Sentinela do Abismo
Senhora das Pragas




Naamaah, que também pode ser grafada Naamah, Na'amah, Namaah ou mesmo Manaah, forma, ao lado de Eisheth Zenunim, o par misterioso das Rainhas do Inferno, Concubinas de Samael. Diferente de Lilith, da qual há muita informação, e Agrat bat Mahalat, da qual embora haja menos, é bem melhor conhecida que as demais. Ainda que se observe que muitas dessas informações sobre o par mais conhecido são contraditórias.

Por vezes confundida com uma personagem da Gênese que levava seu nome, e considerada, ao lado de Lilith, uma das que visitavam Adão para corrompê-lo, tem sua melhor fonte de referências no Zohar - O Livro da Luz, que por meio de gematria, cabala, numerologia e outras técnicas do misticismo hebraico, desvenda segredos da Bíblia Judaica. Logo no começo Naamaah é descrita como "a primeira a enganar e confundir os anjos", e apresentada como "A Mãe dos Demônios." Outras referências pagãs a intitulam "A Mãe de Todas as Bruxas", relacionando-a com outros mitos tais como Baba-Yaga ou Hécate.

Talvez mais relevante que a referência à bruxas e demônios, harmônica às demais concubinas, seja a referência à maternidade. Provavelmente o conceito de 'mãe' seja o caso mais emblemático de similaridade inter linguística conhecido, pois na quase totalidade dos idiomas humanos, apesar de sua vasta diferenciação, coincide a presença dos fonemas 'm', ou ocasionalmente 'n', em geral associados às vogais 'a' ou 'e'. Com raras exceções, temos 'ma' como um som quase universal, o que evidentemente possui uma explicação fisiológica óbvia, visto ser uma das primeiras coisas que os bebês conseguem pronunciar.

Portanto, se há algo que podemos chamar de linguagem primordial na espécie humana, são os sons emitidos pelos mais jovens lactentes, um 'idioma' simplório, mas de entendimento imediato, que permeia a primeira e mais fundamental conexão interpessoal humana: a da mãe e seu bebê. Não só isso, porém, pode ser derivado das pouquíssimas informações que as tradições herméticas e cabalísticas oferecem. Se, com Lilith, Naamaah se relacionava com Adão, e sendo, pelo mito, Lilith tão antiga quanto o próprio Adão, e não havendo qualquer referência a respeito de quando Naamaah teria sido gerada, então não é descabido pressupor que seja tão, ou mais antiga que Lilith, visto ser um demônio, e portanto remontar ao mito da queda dos anjos, que antecede a criação do mundo.

O mesmo poderia ser dito sobre Agrat bat Mahalat e Eisheth Zenunim, e embora a falta de qualquer referência mais antiga, como a de Naamaah se relacionando com Adão, o torne menos evidente, ainda assim são vistas como demônios, logo, anjos caídos. Improvável que fossem prole de Lilith e Samael e isso fosse omitido. As Rainhas do Inferno, então, provavelmente são mais antigas que a própria Lilith.

O contemporâneo Howard Schwartz, escreve em sua obra A Árvore das Almas: "Outros dizem que quando os dois anjos, Shemhazai e Azazel, desceram à terra, eles ainda eram inocentes. Mas foram corrompidos pelas demônias Naamaah e Lilith. As crianças que geraram eram gigantes antigos, conhecidos como Nefilim, ou Os Caídos. Geraram seis crias a cada parto, e naquele mesmo momento sua descendência se levantou, falou a linguagem divina, e dançou à sua frente como ovelhas."

Sua obra compila várias fontes do misticismo judaico, incluindo Zohar, que em suas lições sobre a Gênese, no Capítulo III, atesta que é Naamaah que estabelece o padrão comportamental básico das súcubos, nas palavras do Rabino Simeão: "Naamaah é aquela que vaga pelo mundo à noite, roubando a virilidade dos homens, e onde quer que sejam encontrados dormindo sós em uma casa, ela adquire poder sobre eles, especialmente em tempos de fraqueza e doença, enquanto a lua mingua."

Em meio a informações conflitantes, talvez o que exista de mais certo derive justo de outras citações de seu nome, incluindo versões cristãs da Gênese, onde não se trata desta demônia primordial, mas de mulheres comuns batizadas com seu nome. E este nome, isto é inequívoco, significa 'agradável', 'gentil', 'carinhosa' ou similares. Características, além da beleza, sempre destacadas nas humanas assim batizadas.

E nesse sentido primordial, a que mais tais termos podem se referir além da mais arquetípica feminilidade?

O que mais seria a mais arquetípica feminilidade que a maternidade?